Você está na página 1de 12
Vol 20 N®3 1991 229 EFEITOS DA FORMA FISICA E NIVEL DE ENERGIA DA RACAO SOBRE 0 DESEMPENHO E CARCACA DE FRANGOS DE CORTE! Ani6nio Gilberto Bertechin#2, Hordcio Santiago Rostagno3, José Brando F¢ RESUMO - Quinhentos ¢ quatro pintos de um dia de idade (HUBBARD) foram criados em 36 boxes, recebendo seis trata- mentos em delineamento experimental in- teiramente casualizado em esquema fatorial 3x2 x 2 (nfveis de energia x forma fisica da racio x sexo), com trés repetiches por tratamento e 14 aves por repeticao. As ra- gdes experimentais foram & base de milho e farelo de soja, farelo de trigo e Sleo vege tal, suplementadas com vitaminas e mine- rais e continham trés nfveis de energia me- tabolizdvel (2.800, 3.000 e 3.200 kcal/kg) nas formas fisicas farelada e peletizada. Aumentos lineares (P < 0,05) no ganho de peso e na gordura corporal foram obtidos com © aumento dos nfveis de energia da ra- poral ¢ melhoria linear (P < 0,01) na con- ‘versio alimentar no perfodo de um a 56 dias da idade das aves. O maior nfvel de energia (3.200 kcal de EM/kg) resultou em maior rendimento de carcaga (P < 0,05), quando comparado com os nfveis de ener- gia mais baixos (3.000 e 2.800 kcal de EM/kg), que nfo diferiram entre si (P > 0,05). A peletizagdo das ragées possi- bilitou_maiores de peso e consumo de rag&o sem influir (P > 0,05) na conver- ‘s&o alimentar no rendimento de carcagas ¢ 1 Parte da tose de doutorado do primeiro autor. 2— Profeasores da ESAL e pesqulsadores do CNPq. 2 Professores da UFV o pesquleadoree do CNPq. ‘onseca, ison Gomes de Olvera? nos teores de gordura, fgua e protefna cor- poral. Os efeitos da peletizag&o das ragbes + sobre 0 ganho de peso e consumo de raco foram diminuindo & medida que se aumen- taram os nfveis de energia das rages. Os aumentos no ganho de peso foram de 6,23; 6,24 e 2,79% e no consumo de ragio, 7,53; 4,75 e 3,56% para as racdes contendo 2/800, 3.000 e 3.200 kcal de EM/kg, res- pectivamente. Quanto a0 sexo, os machos foram superiores as fémeas (P < 0,05) em ganho de peso, consumo de racéo, conver- so alimentar, rendimento de carcaga e teor de gordura corporal, niio apresentando di- ferengas para os teores de gua ¢ protefna corporal (P > 0,05). Termos para indexagdo: Peletizacfo, forma fisica da ragho, nfvel de energia, frangos de corte. Effect of physical forms and diet energy evel on performance and carcass quality of broilers. ABSTRACT - This study was performed to determine ‘the effects of physical forms and energy levels on the performance of broilers. Five hundred and day old chicks (Hubbard) were allocated in a completely randomized design in 36 pens and received six experimental diets. The 230 experimental design was 3 x 2 x 2 (energy level x fisical form of ration x sex) with fourteen birds per replication. The experimental diets were base on corm, soyabean meal wheat meal and vegetable oil, vitamins and minerals with 2800, 3000 and 3200 kcal ME/kg of diet. The experimental diets were offered in two forms: mash and pelleted. In increasing the energy levels in the rations of broilers from 1 to 56 days body weight gain and body fat were increased (P < 0.05), feed comsuption and water content reduced (P < 0.05) and feed efficiency was improved (P < 0.01) linerly. The highest energy levels (3200 kcal ME/kg) results in the highest yield in dressing carcass (P < 0.05) compared to the medium and low energy levels (3000 and 2800 kcal/ME/kg). Pelleted form of diets influenced to obtain higher body weight gain and feed consumption without influencing the feed conversion ration, carcass yield, percent of protein fat and water content in the carcass. The effects of pelletization was reduced in increasing the energy levels. Body weight gain and feed consumption was increased by 6.23, 6.24, 2.79% and 7.53, 4.75 and 3.56% respectively for diets contaning 2800, 3000 and 3200 kcal ME/kg. The males had a better body weight gain, feed consumption and feed conversion than the female (P < 0.05), but no difference was observed in carcass yield, percent of protein fat and water content in the carcass (P > 0,05) between the male and female broiler. Key words: Pellets, dietary energy, broilers, physical form of diets. INTRODUCAO Os resultados desta pesquisa quanto a0 desempenho de frangos de corte alimenta- dos com dietas peletizadas séo bastante contradit6rios. Este fato talvez seja expli- cado pela grande variagio das condigées experimentais em que a diversidade de in- gredientes ¢ os nfveis nutricionais estuda- dos proporcionaram resultados pouco con- sistentes. Alguns trabalhos como os de REV. SOC, BRAS, ZOOT. REDDY et alii (1962), BUENROSTRO e KRATZER (1984) mostram maiores valo- res de energia metaboliz4vel (EM) e de dis- ponibilidade de biotina quando se faz a pe- Ietizacéo das ragdes de frangos de corte. No entanto, resultados obtidos por SIB- BALD (1977), BRUE e LATSHAW (1981) mostram que a peletizacio néo al- tera os valores de EM das dietas. JONES (1979) revisou uma série de tra- balhos envolvendo a peletizagéio de ragées de frangos de corte, encontrando desde valores depressivos de 1,4% até uma me- Ihoria de 25% no que se refere ao ganho de peso. Para converséo alimentar, estes va- lores variaram de 4,7 a 11,8%, respectiva- mente, Poucas informacdes so encontra- das quanto aos efeitos da associagéo de nf- veis de energia e forma fisica da ragso. YULE (1972) verificou melhoria no de- sempenho das aves quando peletizou as ra- bes de diversos contetidos cal6ricos, ob- tendo os maiores efeitos para ragées de baixa energia. Em trabalho semelhante, McNAUGHTON e REECE (1984) en- contraram, também, melhoria no desempe- nho das aves quando peletizaram rages com diversos nfveis de energia. Verifica- ram ainda que os efeitos da peletizago de- cresciam & medida que se aumentava o conteddo energético das ragées. Nas condi- ges brasileiras em que o uso de ragdes de alta energia nfo econémico (ROSTAG- NO et alii, 1983), & de se esperar que a pe- letizago das dietas de menor contetido energético possa resultar em melhoria no desempenho das aves. O presente trabalho visou estudar os efeitos da peletizagéo das Tagdes contendo diversos nfveis de energia sobre © desempenho e a qualidade da car- caga dos frangos de corte, bem como veri ficar as possfveis interacées entre estes fa- tores. MATERIAL E METODOS O presente experimento foi conduzido na secio de Avicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciéncias Agré- rias (C.C.A.) da Universidade Federal de Vigosa, no perfodo de trés de outubro a vinte e sete de novembro de 1984. As tem- VoL 20 NPS 1991 peraturas m4xima e mfnima registradas durante o perfodo experimental foram 28,1 © 19,6°C, respectivamente. Neste experimento foram utilizados 504 pintos de um dia (HUBBARD) sexados, distribufdos em 36 boxes (1,5 x 1,5 m)eem delineamento inteiramente casualizado. Os tratamentos foram dispostos em arranjo fatorial 3 x 2 x 2 (nfveis de energia x forma fisica da rag&0o x sexo), com seis repeticoes de 14 aves cada uma. Os tratamentos foram dietas com trés nfveis de energia metaboli- z&vel (EM), designados de baixo (2.800 kcal/kg), médio (3.000 kcal/kg) ¢ alto (3.200 kcal/kg), em duas formas fisicas da Taco (farelada ¢ peletizada). ‘As dietas experimentais foram a base de milho, farelo de soja, farelo de trigo, Sleo vegetal e sleet com vitaminas e ‘encontram-se no tm Goa I A Seca das racées foi realizada semanalmente, utilizando-se uma desenvolvimento dos frangos. No perfodo de um a 28 dias de idade, utilizou-se a ma- triz com furos de 2,0 mm de difmetro, nos perfodos subseqiientes a matriz apre- sentava furos de 4 mm de diémetro. O res- friamento dos peletes foi feito por meio de ventilagéo direta. As caracterfsticas de de- sempenho avaliadas neste experimento fo- ram: ganho de peso, consumo de racio e converséo alimentar. A qualidade da carca- ga foi avaliada através do rendimento da carcaga eviscerada (com cabeca e pés) e do seu teor em gordura, protefna ¢ 4gua. As andlises estatisticas foram realizadas, utili- zando-se o programa SAEG (Sistema para Anflises Estatfsticas ¢ Genéticas), segundo EUCLYDES (1982). RESULTADOS E DISCUSSAO Ganho de Peso de um a 28 Dias Os valores médios de ganho de peso no perfodo de um a 28 dias de idade das aves acham-se no Quadro 2. Os nfveis de ener- gia da ragéo influfram linearmente e < 0,01) no ganho de peso das aves neste perfodo (Y = 0,946 + 0.289%, R2= 231 0,99). Estes resultados esto de acordo com 08 encontrados WALDROUP et alii_ (1976) ¢ CAMPOS et alii (1979) € TRINDADE et alii (1983). As aves que receberam racées peletizadas apresentaram ganhos médios superiores (P < 0,01), inde- pendentemente do nfvel de EM da dieta em relagfo as fareladas. Estes resultados con- firmam a superioridade das rages peletiza~ das por HUSSAR e ROBBLEE (1962), REDY et alii (1962), BRUE e LATSHAW et alii. (1981)_e REECE et alii (1985). No entanto, Mc- NAUGHTON e REECE (1984) nfo verifi- caram qualquer efeito positivo no ganho de peso usando raghes peletizadas contendo 3.100 © 3.200 kcal de EM/kg de um a 28 dias de idade. ‘Os machos apresentaram superioridade de ganho de peso (P < 0,05) em relago As fémeas. A interagéo entre nfveis de energia e forma fisica da ragto para ganho de peso no foi significativa (P > 0,05) para o pe- rfodo de um a 28 dias de idade das aves. No estanto, verifica-se, pelo Quadro 2, que ra~ go farelada de média energia (3.000 kcal de EM/kg) propiciou ganho semelhante A ragfio peletizada de baixa energia (2.800 kcal de EM/kg). A peletizagao , pois, um procedimento benéfico que poderia me- Thorar 0 desempentho das aves que recebem rages com nfveis mais baixos de energia. Ganho de Peso de um a 56 Dias Os nfveis de energia das ragées (Quadro 3) afetaram, de forma linear (P < 0,01),.0 ganho de peso total das aves (Y = 1.576,42 + 0,2597X, R2 = 0,81). Estes resultados confirmam aqueles obtidos no perfodo de um a 28 dias de idade, isto é, ocorre me- Thoria no ganho de peso das aves quando se eleva o contetido calrico das ragées. Este fato foi também observado por WAL- DROUP ef alii (1976), CAMPOS et alii (1979) ¢ TRINDADE et alii (1982), dentre outros. ‘As aves que receberam as ragées peleti- zadas apresentaram ganhos superiores as que alimentaram de rag6es fareladas (P < 0,05), devido a0 maior consumo de rag6o, jf que nfo houve diferencas signifi- REV. SOC, BRAS, ZOOT. 292 ‘Bo'00s - “d-srb — eweysiaxs ‘B0"t - po} ‘80°09 — courz ‘80°08 ~ equeBueW :60'2 ~ cBq09 ‘B0'9| - 61909 *000°} - "d-e"b eqwe|djoxa @ “opesyeuy ~ 9 *(o1uep}xonue) ouenio. +xpApIH-nNG — syouousis — » “ojuglas op wd 990"| s00uI04 = & = 0110 soRSt0dwIoD ~ (ZHOOY) Sane xjwOB|oy ~ Z ‘uinbporg ‘6 01~ coulz BupEAPEG ‘8*osz 1'0- ofp9e ep oyuojes ehie0g) Buttoo 9p crovoig Swio‘09 = eunota !80%0} — cojupiawed “ay ~ :80'| ~ cali “BW ~ ‘S'Sz — coujooys “oy ‘BwO°GL — g eUUMIA 180°C q ujWOMA “DO'y ~ ous “BUA "B0'2— | SeURWEUA *80°E ~4 BUjUENA ~ 30'S) 3 BURY ‘771 000"008"t ~< BURLTA "rn 000"000'SI ~'V BUENA copdfeodg - arooL) Oslo TvI'0—zeI‘O 90 ost‘o. = OrI'o LIST.‘ OOS: 9tv0 GOED TLE‘. BHO OSb'0.(Ozh0 SES‘ ~—sTOs‘0 ~— go Tpaguodstp 010389.1 906'0 6¥8'0 79/10 0960-06080 (900'T 66610) zew'0 ony vOL'0 = 09910 9190 LL EzL'OS Su9'0tosto~ETS'O ~—6SL'0 Buns + wUMORI, L810 £90 EEO OH wHE'O LEO BBO tv'o—LI¥'0 wuruone yl Oor'st —OZELT OSE'DT —OF6'6T —OED'BT_ OLLI OSZ'ZZ—COT8'OZ ~—OFO'NT BUaOLg 1(2) og5tsoduio> 000°001 000‘00T 000'00T 000'00T 000'00T 000'00T 000'00T 0100 = 600'0 0100 = 600'0- «1100S Oll0'0~— 6000 LH S700 €z0'0 S~'0 — €20'0. L200 S00 EZO'O courz-euoEneg 0s0'0 —L¢0'0 0s0'0 = L'0 S00 SOD Lb0'0 SOLTFASOIpII00D, S800 080'0 LOO = 960'0osto = OET'0 OTT‘. (%86) eumtonsut~1q 0100 = 600'0 010 6000 TOO OTO'0 «6000 Sxqurajag 0so'0 00 Os0'0 = LeO'0.«ES0'0 = OsO'O = _Lb0'0. @srexounnosomut dng 0010 = £600 oor'o = €60'0 LOT’. §=— (O00) E60'0 Tooruyamaia “jdng sso zE€'0 4LE0 SEO BzH'0h'O ze“ ‘opevepor Tes 9180 O16'0 S680 LEGO SZB'O. SZL‘O Ops‘ OLED 6ST OPEL gsel esS'l = OvE'Z BETZ OLB'T Compo! 018 jS0] 6670 OL‘ SOUT yy OLB'Dszs'zsse‘0 T0800 0210, Lh ScO;E —000'8IOcs.O LZ (OTT 0810 op ojare OS9'EZ —OOB‘LT O8ELZ OONTZ SoE'sE OOEEE _ OIT'6z vfos op ofarey 002'89 00°09 02679 0659S QOO'0S._—«069'LS 09S oun Sei 9S— Ep SBI ty - 67 StI 8Z— 1 Ooze OOO'E—0B'Z_—— OTE —DEDE—«OO'Z_—«SsOE -—«COUTE-«S-«OB'Z (%) sowarpausuy Gay) WA ‘Sleweuedx sepdey Sep fenjusdieg OgsodWoD — 4 oupenD Vol 20 N®3 1991 233 ‘Quadro 2 ~ Ganho Médio de Peso de Machos e Fé meas, de Acordo como Nivel de Energia @ a For- ma Fisica da Rlago no Perfodo de um a 28 Dias, em Gramas? EM Ragéo (kcal/kg) Forma Fisica Sexo Média 2.800 3.000 3.200 Macho 830 905 948, 894 Farelada Fémea 744 789 856 796 Média! 787 847 902 845B Macho 883, 934 994 937 Peletizada Fémea 793 832 913 846 Média! 838 883 954 892A Médi Macho 857 920 971 916a i Fémea 769 gil 885 821b Médial 813 866 928 1 = Efelto linear (P < 0,01), 2 = Médias soguides de letras diferentes diterom, tanto maldsculas quanto mindsculas, cHterem estatisticamente (P < 0,05) pelo teste de Student-Newman-Kouls. Quadro 3 — Ganho Médio de Peso de Machos @ Fémeas, de Acordo com o Nivel de Energia @ a For- ma Fisica da Rac&o no Perfodo de um a 56 Dias, em Grat EM (Keal/kg) Forma Fisica Sexo $<". Média 2.800 3.000 3.200 Macho aus sis Gem asie Farelada Fémea 2.024 2.126 2.247 2.132 Média 2.215 2.321 2.438 2.324B Macho 2575 2.679 (2.693 (2.649 Peletizada Fémea 2131 2.253 231921234 Média 2353 2.466 «21506 2.442 A Macho 2491 2.597 2661 2.583.a ete Feémea 20078 2.190 2.283 Médial 2.285 23942471 1 Efelto tinear(P < 0,05), 2— Médias seguldas de letras diferentes, tanto maldsculas quanto mindsculas, diferem estatisticamente (P< 0,05), elo teste do StudentNewmen-keule, 234 cativas na converséo alimentar. Houve vantagem de ganho para as ragées peletiza- das de nfveis energéticos menor e médio, em relaco as fareladas de contetido caléri- co médio e alto, respectivamente. Este fato se deve ao maior diferencial de consumo (Figura 1) apresentado pelas ragées peleti- zadas de menor e médio contetido calérico quando comparadas com as dietas fareladas dos trés nfveis energéticos. Portanto, os melhores ganhos promovidos pelas ragées peletizadas néo foram devidos ao menor gasto de energia para sua ingestio (REDDY et alii, 1962) ¢ nem pela maior disponibilidade de nutrientes devido 20 Processo de peletizacio (SUTTON, 1983). Nao houve interacéo significativa @ > 0,05) entre nfveis de energia e forma fisica da ragéo, apesar de os resultados evi- denciarem que a peletizacao favorece as ra- gées de menor densidade cal6rica no que diz, respeito ao ganho de peso. Quanto a0 sexo, 0s machos ganharam mais peso (P < 0,05) que as fémeas. om to boo ba Diferenga de Consumo (%) : eee eee | tj Aes ti nN 2B00 REV, SOC, BRAS, ZOOT. Consumo de Ragdo de um a 28 Dias Houve interag&o significativa (P < 0,05) entre os nfveis de energia (Quadro 4) ¢ a forma fisica da rag&o. O consumo de rac&o farelada no foi influenciado (P > 0,05) pelo nfvel energético da ragéo no perfodo de um a 28 dias; entretanto, a ragéo peleti- zada registrou menor consumo (P < 0,05) para o nfvel alto de energia (3.200 keal de EM/kg), em comparacdo com os nfveis bai- x0 € médio (2.800 3,000 kcal de EM/kg, respectivamente), que ndo diferiram entre si (P > 0,05). Houve diferencas de consu- mo (P < 0,05) entre as formas fisicas da ago nos niveis baixo e médio energia (2.800 3.000 kcal de EM/kg), mostrando que a peletizago no favoreceu o consumo ago de maior nfvel energético (3.200 Kel de EM/kg). Os resultados médios de consumo de racdo ndo foram afetados sig- nificativamente (P > 0,05) pelos nfveis de energia estudados nesta fase. Os dados observados no perfodo de um a 28 dias es- 3500 3200 EM Rago (Kcal/kg) Figura 1 — Diferenga no Consumo de RacSes Fareladas e Peletizadas, de Acordo com o Nivel de Energla da Dieta, Vol 20 N?3 1991 235 ‘Quadro 4 — Consumo de Rago de Machos e Fémeas, de Acordo com Niveis de Energia e Forma Ff- ‘sica da Rag&o, no Perfodo de um a 28 Dias, em Gramas' EM Rago (Keal/kg) Forma Fisica Sexo Média 2.800 3.000 3.200 Macho 1.526 1547 1.556 1.543 Farelada Fémea 1.445 1.408 1.426 1.426 Média 1.486 Ab 1.478 Ab 1.491 Aa 1.485 Macho 1.652 1.655 1,525 1.611 Peletizada Fémea 1552 1.530 1.437 1.506 Média 1602Aa 1.593Aa 1481Ba 1.559 Macho 1,589 1.601 1.541 1577 a ee Fémea 1.499 1.469 1.432 1.4666 Média 1.544 «1535 1.487 1 = Médias seguidas de letras diiorentes, sendo maldsculas nas linhas came - OU, mindeculas nas colunas, diferem ostatisth ante pelo teste de Student Newman-Keuls (P< 0,05). tio de acordo com as observagées de WALDROUP et alii (1976), isto 6, que as aves na fase inicial nfo controlam muito bem 0 consumo de ragéo quando se altera 0 nivel de energia da mesma. Os machos consumiram maiores quanti- dades de ragéo (P < 0,05) que as fémeas. Consumo de Ragdo de um a 56 Dias O consumo médio de ragiio (Quadro 5) no perfodo i ae 5 56 cas) ol afta pelos nfveis de energia (efeito linear, P < 001, Y = 10.235,53 - 1,6664X, R2 = 0,95) pela forma fisica (P < 0,01) da ra~ glo e pelo sexo (P < 0,01). Os maiores consumos de ragao foram observados nas aves recebendo ragées peletizadas, sendo em média de 5,3% a mais do que as farela- das. Esta variagéo no consumo de no teve a amplitude encontrada por HUS- SAR ¢ ROBBLEE (1962), os quais encon- tram 15% a mais de consumo para as ra- g6es peletizadas. Nota-se, pela Figura 1, que houve decréscimo no diferencial de consumo entre as racdes fareladas ¢ peleti- zadas quando se elevaram os nfveis de energia das ragdes. Este fato favoreceu a peletizagio de ragées de menores contet- dos de energia, de acordo com 0 que foi observado por YULE (1972), McNAU- GHTON e REECE (1984). Converséo alimentar de um a 28 dias A converséo alimentar de um a 28 dias de idade (Quadro 6) foi afetada de forma li- near (P < 0,05) pelos nfveis de energia das ragdes (Y = 3,96 — 0,0007479X, R2 = 0,84) e pelo sexo (P < 0,05). No perfodo de um a 21 dias REECE e DEATON (1985) verificaram pequenas diferengas na converséo alimentar das aves, porém néo significativas entre as racées fareladas ¢ peletizadas. No entanto, Mc- NAUGHTON e REECE (1984) verifica~ tam melhoria na convers&o -alimentar de 0,088, 0,078 © 0,042 unidades de racdes contendo 3,100, 3.150 ¢ 3.200 kcal de EM/kg, respectivamente. A conversao alimentar dos machos foi melhor que a das fémeas (P < 0,05). N&o houve interac&o significativa (P > 0,05) entre 08 nfveis.de energia e a forma fisica da ragfo neste perfodo. No entanto, os re- sultados de MCNAUGHTON e REECE 236 REV, SOC, BRAS, ZOOT. Quadro 5 — Consumo da Rago de Machos e Fémeas, de Acordo com Niveis de Energia @ Forma FI- sica da Rago, no Perfodo de um a 56 Dias, em Gramas’ EM Rago(Kcal/kg) Forma Fisica Sexo Média 2.800 3.000 3,200 Macho 5.708 5.533 5.323 $521 Farelada Fémea 5.069 4863 4.789 4,907 Média 5,389 5.198 5.056 5.214B Macho 6.154 5.813 5.548 5.838 Peletizada Fémea 5.435 5.069 4923 5.142 Média 5.795 5.441 5.236 5.490 A Média Macho 5,931 5.673 5.436 5,680 Fémea 5.252 4.966 4856 5.025b Médial 5,592 5,320 5.146 1 = Efetto tinoar (P < 0,05). 2 — Midine sogulas de! Ietran dierent, tanto maldecules cuanto mintsculas nas oolunes, dlr eetatistica mente (P < 0,08) ‘Quadro 6 ~ Converso Alimentar de Machos @ Fémeas, de Acordo com Nivels de Energia Forma Fisica da Rago, no Perfodo de um a 28 Dias EM Rago (Keal/kg) Forma Fisica Sexo Média 2.800 3.000 3.200 Macho 1,84 171 164,73 Farelada Fémea 1194 179 167 go) Média 189 175 16677 Macho 1,87 177 153172 Peletizada Fémea 1196 184 ise 179) Média 1192 181 13676 " Macho 1,86 1,74 1,59 1,734 Média Fémea 195 1/82 163 180 Médial 191 1,78 161 1 = Efeho tinear (P < 0,05), 2 ~ Médias eoguidas de ietras diferentes, tanto maldsculas quanto minGacules, diferem extatisticamente (P < 0,05). Vol, eee a redugio dos efeitos 20 «NPS 1991 tizagio na converséo alimentar quando se elevaram os nfveis de energia da dicta. Conversao Alimentar de um a 56 Dias A conversio alimentar média de um a 56 dias (Quadro 7) somente foi afetada signi- ficativamente (P < 0,05) pelos nfveis de energia da rac&o (efeito linear, Y = 4,7415 — 0,000827X, R2 = 0,99) e pelo sexo (P < 0,05). Estes resultados sugerem que a EM da ragdo nfo foi afetada pela peletiza- gfe, jf ue a varagio dos nfves de energia da rac&o influenciou a conversio alimentar. SIBBALD (1977) no verificou_variagéo na EM da deta pela pletizao. Por outro lado, observagio de REDDY et alii ‘1962) de que haveria maior disponibi- lidade de energia produtiva para ganho em peso, assim como a de SUTTON (1983) de oe ee certos ingredientes das ragdes, nfo foi 237 maior consumo da rago. Néo houve inte- ragéo significativa (P > 0,05) entre os fa- tores estudados para conversSo alimentar total das aves. Os machos foram mais efi- cientes convertores de alimentos em ganho de peso (P < 0,05) que as fémeas,concor- dando com os trabalhos de WALDROUP et alii (1976). Rendimento da Carcaga rendimento médio da carcaga evisce- rada (com pés e cabeca) aos 56 dias de ida- de das aves foi afetado significativamente (P < 0,05) somente pelos nfveis de energia da ragdo e pelo sexo (Quadro 8). Utilizando valores de energia da ragéo semelhante a este trabalho, OMULU e OFFIONG (1980) e© MENDES et alii (1985) nfo notaram diferencas signifi- cativas no rendimento da carcaga com nf- veis mais baixos de energia da dicta. Teores de Gordura, Protetnas e Agua dos Tecidos Os valores médios de gordura, protefnas gua dos tecidos das aves aos 56 dias de Quadro 7 — Converséo Alimentar de Machos ¢ Fémeas, de Acordo com Nivels de Energia @ Forma Fisica da Rago, no Perfodo de um a 56 Dias” EM Ragfo(Keal/kg) Forma Fisica Sexo Média 2.800 3.000 3.200 Macho 2,37 2,20 210, 222 Farelada Fémea 2/50 2/29 213, 231 Média 2,44 2:25 21200 227A Macho 2,39 217 206 221 Peletizada Fémea 2:55 2,25 212 202 Média 247 221 209-227 a Macho 2,38 249 2,08 2228 Fémea 2:53 2227 213 —-232b Média! 2,46 2,24 21 1 = Efelto tinear (P< 2 T ubdita sogulgna deletes derenios, tanto mailsculas quanto mindaculas,dterem eetaticicamente (P < 0,08) 238 REV, SOC, BRAS, ZOOT. ‘Quadro 8 — Rendimento das Carcagas de Machos e Fémeas, de Acordo com os Niveis de Energia e a Forma Fisica da Rago aos 56 Dias, em Porcentagem’ EM (Keal/ke) Forma Fisica Sexo Média 2.800 3.000 3.200 Macho 80,3 81,4 82,9 81,5 Farelada Fémea 79,3 79,4 80,9 79,9 Média 7938 80,4 819 80,7 Macho 81,7 81,6 83,6 82,3 Peletizada Fémea 798 793 818 80,3 Média 80,8 80,5 82.7 813A . Macho 81,0 81,5 83,3 81,98 oe Fémea 79.6 19,4 Bi 80,1b Médial 80,3 B 80,5B 824A 1 - Médias soguidas de Jetras Nowman-Keuls (P <0,05), idade encontram-se no Quadro 9. O act- mulo de gordura na carcaga aumentou de forma linear (P_< 0,05) quando se eleva- fam 05 nfveis de energia da dicta (Y = 2,858 + 0,003625X, R2 = 0,96), ocorren- do 0 inverso com o nivel de agua dos teci- dos (Y = 77,6916 — 0,00438X, R2 = 0,97). No entanto, os teores de protefna da carcaga no foram afetados significativa- mente (P > 0,05) pelos contetidos energé- ticos das dietas, o que leva a concluir que ‘0s aumentos proporcionais da gordura da carcaca foram conseqiigncia da redugio dos teores de 4gua dos tecidos. Resultados se- melhantes foram obtidos por SEATON et alii (1978) e DALE e FULLER (1980), os quais comentam que existe uma correlagéo inversa entre os teores de gordura e gua da carcaga, 0 que nfo ocorre com 0 teor Protéico. A forma fisica da ragéo nfo teve efeitos significativos (P > 0,05) sobre os teores de gordura, protefna e Agua dos tecidos; con- fudo, BRUE e LATSHAW (1981) obse- varam maiores quantidades de energia de- positadas na carcaca de aves que receberam rages peletizadas. Estes autores verifica- 0,05) 098 teores de protefna (17,8 e 17,4%) ede Agua (65,2 © 63,9%). Os resultados de LEESON e SUMMERS (1980), DEATON et alii (1985) também mostram maior de- posicio de gordura na carcaca das fémeas. Segundo BACON et alii (1981), os nfveis de lip{deos totais no sangue das fémeas superior aos dos machos, sugerindo dife- Tentes taxas de s{ntese e, ou, mobilizacio de gordura corporal entre 0s sexos, 0 que po- deria explicar a maior deposio de gordura para as fémeas. CONCLUSOES Os resultados do presente trabalho per- mitem concluir que: « A elevacéo do nfvel de energia da ra- ‘co melhorou o desempenho das aves. + A peletizagio das racées favorece o VoL 20 N®3 1991 239 Quadro 9 — Teores de Gordura, Protefna e Agua dos Tecidos, de Acordo com Nivels de Energia e Forma Fisica da Rago aos 56 Dias de dade das Aves em Percentagem da Matéria Ort- ginal? EM (Keal/kg) Forma Fisica Sexo Média 2.800 3.000 3.200 Gordura (%) Farelada 13,2 13,3 14,4 13,6a Peletizada 13,0 13,8 14,7 138 Média! 13,1 13,6 14,6 Protefna (%) Farelada 17,0 18,0 17,5 15a Peletizada 18,0 17,4 173 1760 Média! 175A 17,7A 17,4 A Agua (%) Farelada 65,3 64,6 63,8 64,6a Peletizada 65,5 64,7 63,5 646a Média! 65,4 64,7 63,7 1 = Efolto linear (P< 0,05). 22 desempenho das aves, sendo que os maiores beneficios so obtidos com rages de me- nor contetido cal6rico. + O nivel de energia mais elevado pro- porcionou um melhor rendimento de carca- + Houve aumento linear da gordura cor- poral e redug&o também linear da 4gua cor p6rea quando se elevou a energia da aco, néo tendo sido afetado, entretanto, o con- tefido de proteina da carcaca. LITERATURA CITADA 1, BACON, W.L; CANTOR, A.H.; COLEMAN, MA. Effect of dietary energy, environmental temperature and sex of marker brollers on I= Poprotein Poultry Sci, 60: p. 1262-1286, 1981. 2 BRUE, R.N, & LATSHAW, J.D. Growth and energy retention of broilers as affected by pel- leting and by denelty of the feed, Poutry Sci., 60: p, 1639, 1981 (Abstracts). 3, BUENROSTRO, JL, & KRATLER, F.H, Use of plasma and eggs yolks biotin of white le- ghorm bens to assess blotin availablity from feedstufis. Poutry Sol, 63: p, 1563-1570, las seguides de letras maldeculas ou mindeculas dHterentes ditorom estatisticamente (P <0,05). 1984, 4, CAMPOS, Ew: COSTA, J.T.B,; NEVES, J.G Densidade de nutrlentes vs forma fisica em ra- es de acabamento para frangos de corte: Efetto do proceso de extruséo, Anais... VI Bras, de Avicultura, Belo Hortzon- 10, p. 508521, 1979, 5. DALE, NM, & FULLER, HLL. Effected of diet ‘composition on feed Intake and growth of chicks underheat stress. Il Constant vs Cy- cling temperature. Poulty Sol, 59: p. 1434-1441, 1980. 6 DEATON, J.W.; MCNAUGHTON, J.L; LOTT, B.D, The effect of dietary energy level and roller body weight on abdominal fat, Poultry Sci, 62: p, 2394-2397, 1983. 7. EUCLIDES, R.F, SAEG - Sistema de Andlise Estatistica @ Genética, Vigosa, Universidade Federal de Vicosa, CPD, 1980, 68 p. & HUSSAR, N. & ROBLE, AR, Effects of pelle~ ting on the utilization of feed by the growing chicken, Poultry Sci, 41: p. 1493, 1962. 9, JONES, F:T: Peleting - Is it worth It? Poultry Dig.; Aug: p. 454456, 1979, 10, LESSON, S. & SUMMERS, J.D, Production and carcass characteristic of the broller chic ken. Poultry Sci, 59: p. 786-798, 1980, 240 ‘11.McNAUGHTON, JL. & REECE, F.N.B, Factors affecting pelleting response. |. Influence of die~ tary energy in broiler starter diets. Poultry Sci, 63: p, 682-685, 19848, 12 MENDES, AA; HEREDIA, L; ESCOBOSA, ‘A FRANCO, J.G, Deposiggo de gordura ab- dominal em frangos de corte, 3, Efelio do nivel de energia e da relacgo calorta:protefna bruta. Anais do IX Congreso Bras. de Avicuitura, p. 6-9, 1985, OLOMU, J.M, & OFFIONG, S.A. The effects of different protein and energy levels and time ‘of change from starter to finisher ration on the performance of broller chickens In the troplos. Pouttry Sol., 59: p, 828-835, 1980, REDDY, C.V.; JENSEN, LS,; MERRILL, LH.; McGINNIS, J, Influence of mechanical altera- tion of dietary density on energy available for chick growth, J, of, Nutrition, 77: p. 428-433, 1962, REECE, F.N.; LOTT, B.D; DEATON, J.W. The effects of feed form, guindint methoud, energy level, and gender on broller perfor mance In a moderate (21°C) environmental. Pouttry Sci, 64: p, 1834-1839, 1985, 16, ROSTAGNO, H.S.; SILVA, Dil; COSTA, 13, 14, 15, 7 18, 19, 2. REV. SOC. BRAS. ZOOT., P.MA; FONSECA, uB; SOARES, P.R.; PEREIRA, JAA; SILVA, MA, Composig&o de Alimentos @ Exigéncias Nutricionais de Aves e Sulnos (Tabelas Bras.), Vicosa, ULF.V., Impr, Univ, 1983, 61 p. SEATON, K.W.; THOMAS, 0,P.; GOUS, R.M.; BOSSARD, E.H, The effect of diet on Il- ver glycogen and body composition in the chicks. Poultry Sci, 57: p, 692-698, 1978, SIBBALD, LR. The effect of steam pelleting on the true metabolizable energy value of pouttry diets. Poultry Sci,, 56: p. 1686-1688, 1977. TRINDADE, D.S,; CAVALHEIRO, ACL; OLIVEIRA, M.F.G.; OLIVEIRA, S.C, Efelto do nivel de energla da dieta e do programa all- ‘mentar sobre 0 desempenho @ composicso quimica da carcaga de frangos para abate, Anu, T&c, do LP.Z.F,O., % p. 21-37, 1982, YULE, W.J. Phisical form and energy concen- trations of brolier diets, Aust J. Exp. An, Husb,, 12: p. 604-607, 1972. WALDROUP, P.W.; MITCHELL, RiJ; PAY- NE, JR; JOHNSON, Z.B. Characterization of the response of broiler chickens fo diet varying in nutrient density content. Pouttry Sci, 55: p, 130-145, 1976,

Você também pode gostar