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Manual de npc anal dele do Dopo. eg orc ir co aie ier sep: i i patel remnant (3) 400 bap orn ets pode rrgrdai an, sina toprol ‘lc dep eres 02 iin en is et Preticio Agadecimentos rekon 2 Pricologa do despa eda eid iis: Nature, Isis edeservolimeno Jou Cuz 2 pa Psicologia do despor: Pasado, presente ituro Jose V Raposo a per Apsiceloga do desporto Como cena e como praia ‘Annis P Bao ‘ pa Desparopscolgico’ Dor Ties wanscendineia Jo como. (Gsear Goncalves 5 pot Eetoseheetcos prcclesios do exerico@ (acide kes Joe F Cru, Palo P Machioso ‘ pur Consequénis pcos fo desporo escolar Ua (pte etrior a psicolgia Francisco Sobral 7 pn ‘erence do psidlogo ho despor Crengas © xpectatias, problemas ‘cow e des fotos ued 7 Viana e Peo ‘esis neacrons Pico e160 ASSGCIRDON 2 {INDIA NEO 25 9VORTVO a pw Caracterstcas,competecias ‘proceso prices ‘iaocldr ao sesso «20 Sl endiem Jesporivo Jose Cruz 9 pan Sires ansedace na competicao desportiva Natures, fetes avaiaga0 ses F Cruz ‘reli ente aside € rendimento no cspor Teoria hipes plates Jone FC Ato-conianga»renaimento ‘a competigaodesporiva Joss F Cruze Miguel FViane 2 p.207 ‘eng ¢concentagso na competigso desoriva ‘Miguel F Viana Joe F. Coz a P.305 Mesvaeao para pica € commpetqzo desociva fone F Ce 1“ Pa Asabuigdes uss em contests despertvos ‘aio M Foresen Praessamenta da ifonaea0etomada de Gecsto no despor Jose Aves e Due Araio 16 309 rang de eas desportvas © ‘omportmento do elnasor oat Cruse. Rul Comes ‘resto wenador eta Sido Sera 18 Pas Dintmica de prupore coesso mas equipas Aesporves oat F Cha os0 M. Antes 19 pa? Os comporamentos sgresios no desporio Sian Spa 20 P45 Respetas pscogias 8 sobrecaga deine Mgt Viana 2 P67 Factores pcolopicoeastoiados sleds despots font F Cruze Maria A. Dias » Past Sone do tag rene ‘ergot: Uma abordapem picofsilogca Caras F. Sib forge M.siverio n 503 ‘O-eagotamento ’bumout” no despot Jogeme sivero 2 ps2 Rtas pesto no desporto ‘sia P Bro ILPREPARACKO MENTAL EPSICOLOGICA PARA A COMPETICAO DASPORTIVA 2s psa (© weino dss competncispsicogicas «2 preparagSo mental para acompetiao Jost Cruze Miguel F Vana 26 P567 “Técnicas eoratigias de controle doses (a ariedace na compet dsportva Joss Cruz » 601 (© tena de lonulago de bjectivos co ‘rata alcool Jour Cur 2 P02 “rina de aging vali agS0 mental Jone Cruze Moe . ona 2» Posy “rein de competénciaenconas no aeta Mie Vana ‘Ares yredimleno deporiv: Lineat ‘de itervenctn Tose M Boreta e Ana M Buen u P67 Psicologia dl deport apicada: Areas de ineveri en elacion com el enrendor Jive Me Buc 2 P69 ir ecuperagi pecoigica no desporto € fu actveade fea ese Ls P bo STRESS E ANSIEDADE NA COMPETICAO DESPORTIVA: NATUREZA, EFEITOS E AVALIACAO José Fernando A. Cruz Instituto de Educasio e Psicologia, Universidade do Minho INTRODUGAO. ‘A expeténcia de stress e ansedade na competicao desportiva constitu um problema ‘sual e preocupante para todos aqueles que, directa ou inditectamente, se ercontram envol- vidos no desporto (atlas, einadores, pas, bits, et). De facto sto ber conhecidas 2s Crescentes exigéncias que se colocam a atleas,weinadores,arbitios e drigertes, bem como { constante presao psicolgca que Ines ¢ colocada pela cmpetigao, no sendo de estranhar 'difculdade ou incapacidade de muitos agentes desprtivos em enfentarem elidarem efcaz ‘mente com as exigéncias competivas (Cruz, 1994; Mahoney, 1989; Martens tal, 1990) (Os dados de diversos estudos evidenciam a elevada incidéncia de sess ansie dade em contexios desportivs, experienciada por muitos aletas, independentemente da dade e do nivel competitive. Do mesmo modo, io também claros, multas vezes, os efeitos refastos no rendimenta (pelo menos 30 nivel subjectivo), conforme evidenciam as conclu ses de varios estudos. “Tradicionalmente, 0 stress ea ansiedade no desporto tém sido vistos como factores esadaptativos e perturbadores que, invaravelmente,prejudicam 0 rendimento dos atetas. sa ideia tem sido reforgada pelo facto de a maior parte das intervenes psicologicas em contexts desportvos integraralguma técnica ou forma de reducao da ansedade. No en- tanto, a investigacio recente tem apresentado urn “quatro” bem mals complexo para 0 pa pel do sttess e da ansiedade no endimento desportvo slientando tambérn 0s seus poten iis efeitos postivos Raglin, 1992). No capftulo seguinte analisaremos de fora mals ‘dealhada os estudose investigacio sobre os efeitos e impacto da ansiedade no rendimento desportvo. hoe Com eft, o facto de alguns factores emocionals e motivacionasfazerem com que um atleta se “ultrapasse 2 si proprio e atinja nveis maximos de rendimerto em competi- ‘¢0es da maxima importineia,enquanto um outa alleta, na mesma stuagSo competitive, f- tha ou evidencia uma “quebra” de rendimento aparentemente inexplicivel, ¢ evidente para ‘qualquer pessoa que asssia ou pantcipe em competctes desportvas. Daf gue o stress € a nsiedade parecam tr, umas vezes efeitos fcilitativos do rendimento (pelo menos nalguns atletas) e, owas vezes, efeitos debiltativos no rendimento, Mas o stress e a ansiedade parecer também afectar outros resuitades, para além do rendimenio. © abandono da competicio desportva, pelo facto de ser percepcionada poe alguns como demasiado aversiva ¢ ameacadora, assim como uma maior wunerabilidade 3s lesdes despomtivas e/ou & sua recuperacio, parecem ser também outras consequencias do stress da ansiedade associados& competicao desportva (Cruz, 1994) Seguidamente, analisaremos de forma mais detalhada a experince de stress e an- siedade na competigao desportva, nomeadamente a sua prevalénciae impacto no compor- tamento, no rendimento e nas lesBes desportvas.Além disso, abordaremos também 05 mo- elos conceptuais de stress © ansiedade que tém sido formulados e sugeridos para os contextos desportives. Por thio, abordam-se as metadolagias e medidas de avaliagso do stress e da ansiedade em contextos desportvos. [A EXPERIENCIA DE STRESS E ANSIEDADE NA COMPETICAO DESPORTIVA A investigacSo psicolégica do sess e da ansledade experienciados na competicso ‘despontiva tense limitado, quase exclusivamente, ao seu estudo nos atletas. Outros agentes. sespontvos,igualmente implicados e envolvdos de forma directa na compeiclo, como € 0 ‘caso de teinadores e drbitros,tém sido pratcamente ignorados pelos invetzadares. Com feito, de forma algo surpreendente, as centenas de estudos e vabalhos sere o sess © 2 ansiedade nos aletas, poderse-3o apenas contrapér, com alguma boa vontaée, alguns (pou os) trabalhos esporidicos com treinadores ou drbitos (Cruz, 1994), motivedos geralmente pela necessidade de expica a eleva tavas de abandono das espectvasfrfssoes. "Neste dominio, a investiga ja efectuada oferece alguma evidéncia para divesos factors associados & experiéncia de stress e ansiedade em contexts dsportives, assim ‘como para 0 seu potencial impacto no sé no comportamento e no cendimento dos alta, ‘as também no seu bem-estar fico e pricolégic. Prevaléncia ¢ impacto no comportamento e no rendimento dos ates Uma primeira drea de investigagio inical incluiy estos destnados a examinar factores pessoais€ situacionais associados a elevados nivels de sess e arsiedade. Virios estudos tm evidenciado a acentuada prevaléncia de stress e ansiedade na competcao des- portva, particularmente nos aletas mais jovens 3a) Num estudo de Scanlan e Passer (1979), 20% dos jovens jogadores de futebol ex: perienciavam nveis de anstedade demasiado elevados antes dos jogos: Stes easindade ma compegiodepotia 175 by Pierce (1980) refer que 30% de jovens praticantes & 50% de jovens que tnham abandonado 0 desporto, assinalaram que varias preocupagGes os impediam de por em pratica 0 maximo das suas capacidades; (6. Um estudo de Smith (1985) verificou que 40% dos atletas universtiris que par- ticiparam na investigagdo, relatavam niveis muitos altos de ansiedace, antes © du rante a competicao, que interfriam com 0 eu rendimento; 8) Num outro trabalho de Pierce e Stratton (1980), 44.2% dos jovers desportistas afirmaram que algumas fonts de stesso impediam de darem 0 sex melhor ren iment: ©) Gould e colaboradores (1983) verfcaram igualmente que 458 dos melhores alle tas jniores amesicanos de lua live, ficavam nervosos ou preocupados em 6% das provas que disputavam e 55% desses atletas tinham alguns ov muitos proble- mas em dormir na note anterior 3s competigdes mais importantes; {) Num trabalho realizado no nosso pals junto de allt inicladose vents, inclu dos nos trabalhos de preparacao de uma selecg30 regional de andebo}, verifcou- “se que cerca de 25% dos atltasexperienciavam niveisextremamente elevados Ge ansiedade competitiva (Cruz & Cunha, 1990) Cbviamente que um elevado nimera de factores et asociado ou subjacente 30 stress € ansedade experienciada pelos jovens atlas. As potenciais fontes de stress no des- porto compettivo io de facto numerosase incluem o comportamento dos espectadores, a incerteza acerca da titularidade, 0 confit com treinadores alletas ou a reocupagso com lestes (ver Gould, 1991; Gould etal, 1983; Keol, 1980; Passer, 1984; Pierce, 1980; Smo {& Smith, 1990). No entanto, ao nivel dos joven aletas ¢ 0 medo de falhar fou 0 medo de ter um rendimento inadequado) que parece representar a principal fonte de ansiedade ‘competitiva, ainda que © medo de avaliacao represente também uma fonte significative de ameaga (Passer, 1984). 'A importincla das avaliagSes que os atletas fazem da sua capacidace foi bem evi denciada num trabalho de Pierce (1980) 20 verficar que muitos participantes na prética “Sesportva se preocupavam essencialmente com 0 mal rendimento, com possvels eros {que podem cometere com as react3es dos seus companheiros e treinadort. Para Scanlan (1978, 1984), © desporto competitivo pode gerar stress ndo s6 por se tratar de uma impor tante tea de realizagao para muitos individuos, mas também porque implica um elevado frau de avaliacio socal das competéncias ou capacidades atléticas, sendo estas demonsta- das, testadase avaliadas em pablico. ‘Mas quando se considera o impacto da avaliacao social no desporto, 0 contexto desportivo especfico deve ser tomado em consideragio:algumas modalidales sio, por si 6, mais avalatvas que outras, podenda por isso induzirnivels mals elevados de stress {Scanlan, 1988). € 0 caso dos desportos individuals que se cena directarente no rendi- ‘mento pessoal. No entanto, a0 nivel dos desportos coectves,e apesar da responsabilidade: pelo resultado ser partlhada por todos os membros, existem situagdes que acentuam a “periormance” individual e que podem aumentar 0 potencial impacto da avaliag3o social para nivels semelhantes aos que ocorrem nos despotosindviduais. A execueSo de um livre {de 7 metros no andebol ou de um lance livre no basquetebol, io casos “pices, onde a “acgao termina reoentinamente € @ atengdo se focaliza apenas na prestacio individual do texecutate (edo guarda-redes, no caso do andebol. v6 cw |Alguns dos mais sistemsticos estudos destinados a identificar 0s facoresassociados com a expericia de stress tém vindo a ser efectuados por Scanlan e colatoradores (Scan- lan, 1975, 1977; Scanlan & Passer, 1978, 1979; Scanlan & Lewthwaite, 1962; Scanlan Stein & Ravizza, 1991), partcularmente junto de jovens atletas de futebol, lta e patinagem anita, Estes etudos permitram identificaressencialmente ts tipos de factoces que po- dem afectar 0 equilbrio ertco entre a exigencia competitiva © a capacidade pessoal: a} Factores interpessoas;b factoes sitacionais ec factoes relacionados con os adultos sig- nifiatvos. "Em relaclo aos factors interpessoaisverficou-se que os jovens alletas que manifes- taram percepcescrénicas de incapacidade e baixas expectativas de rendimento, pessoas © colectvas, parecem experienciar maior stress quando se confiontam com a situac30 com- pettva, Por outa lado, 0s os factoressituacionais que intensificam a avaliardo social e en- fatizam a “performance” bem sucedida (como, por exemplo, anatureza individual do des porto, situagbes avaliativas em modalidades coletivas, ou acontecimentoscrticos do jogo ‘ou ambiente), podem também gerarelevados niveis de stress e ansiedade antes e durante a ‘compatcso. Além dso, também alguns comportamentos de adultos signfcaives (como, por exemplo, a pressio exercida pelos pais ou treinadores} parecer estar associados com 0 “tess pré-compatitiva. Quanto ao stesse ansiedade apds a competigio parecem ser as for- tes sitvacionais aquelas que exercem maior influéncia ex: resultado da competicao\. Tamibém um estudo de Pierce e Stratton (1980), permitiy constatar que as malores preocupagtes sentidas por 62% de 543 jovens desporistas de idades comreenddas entre (95 10 €05 17 anos, ram *ndo jogar bem” e “cometer errs". Do mesmo modo a preocupa {80 com aquilo que os seus pais (11%), colegas de equipa (24.7%) e teinadores (24.9%) diam, foram também alguns factores extremamente valoizados pelos atleas. De salientar ainda que 44.2% dos jovensinquirds mencionaram que algumas fontes de stress 0s impe iam de por em pratca 0 seu melhor rendimento. ‘Uma outa investigacio, destinada a avalae os factores de stress e os pads de an decade pré-compmitiva e competitva de htaderes deel, uniones dos FTA, condrida por Gould, Hoxn e Spreemann (1983), permit verificar que as principais fntes de sess antes da competicgo eram as seguintes: a) “ter um rendimento abaixo das possbilidades"; ') “partcipagio em encontros do campeonato"; c)*ndo lutar bem”; d) “ser derrotado™. Por outro lado, foram evidents ts factoes principals de stress, nos jovensatletas: 2) medo de flhar~ sentimentos de incapacidade; b) controle externo ~ culpa e;¢) avaliagio social Por dtimo, um estudo realizado no nosso pais por Cruz e Ribelo (1985), englo- bando 43 atetas, provenientes de oto equipas de andebol,evidenciou também que os atle- tas de andebol pareciam perceber, como mais importantes, fontes de stres Jretamente re- lacionadas com o factor “medo de falar /sentimentos de incapacidade”. No entanto, fo cevidente a existéncia de grandes dierencas individuas: nenhuma font de tress au combi- nao de véras, era experienciadafrequenterente por todos os aletas. Em suma, as principals fontes de stress e ansiedade experienciadas por joven alle tas na competcSo desportva, parecer tera ver essenclalmente com és asvecos: medo de falhar, preocupagDes com avaliagées do rendimenta pelos adultos e sentinentos de inca pacidade (Gould, 1991; Scanlan, 1986; Smoll & Smith, 1990), Por auto lado, 05 elevados rivels de pressio e stress experienciados na competicao despentva, parecem também estar associados a0 abandono ou desisténcia da pritca e da competicdo desportiva (Cruz & ‘Viana, 1999; Cuz et al, 1988; Pelchkof, 1993) Sess eamiedade compete deptna 177 ‘Mas contrariamente 30 que o Senso comum ou a prtica possam suger sess a ansiedade sio também experienciados, muita vezes com efeitos nelasose pejudicais,na- {queles que obtém niveis maximos de rendimento sob a maxima pressio, Mesmo alguns dos melhores atletas do mundo parecem ter ou experienciar problemas sérios de controle e ges- 10 dos seus niveis de stress ou ansiedade na situag30 competi, Com efeito, 0 fenmeno do stress inerente 3 pressio experiencia por atletas do ‘mais alto nivel é também evident, particularmente nos principals acontecimentos desport- 0s intemnacionas (ex: Jogos olimpicos, Campeonatos © Tagas do Mundo ou da Europa, {tc}. Emborasejam muito raros 0s estudos publicados com estas populagies desporivas de lite, alguns trabalhos ja publicados nos dhimos anos, inclusive no nosso pat, permiiam ideniticar aspectos que podem, potencialmente, gerarnivels exteemamente elevados no 6 para os atletas, mas também para as equipas técnicas: a natuteza e caractersics da. ‘competic3o por s sé (preocupagdes com a auto-estima e o “ego, com as avalacGes dos ‘outros, potencaisperigos inerentes, etc), pressbes da imprensa, expectathas e niveis de rendimento (esperados e exigidos, 0 processo de teino e preparacao antern,stuagbes & acontecimentos imprevistos ou nio antecipados, as viagens, ec. (ver Cruz, 1994; Orlck & Partington, 1988; Gould, 1991; Scanlan, Stein & Ravizza, 1990, 1991), (© estudo mais aprofundado dos factores de stress experienciado pales atletas de alto nivel esti associado a uma inovacio metodolégica neste dominio, que acoreu no in ‘io da década de 90. Tala-se do recurso a metodologias de andlise qualitatva do contecdo de entrevisas aprofundadas e exaustivas a alguns dos melhores atletas do mundo, ‘Apesar de Hemery (1986) ter anteriormente recorido a tal metodlagia, embora ‘sem te 0 objectvo espectico de analsar as fontes de stress nos atltas de elte, ¢ em 1990 {que surge o primeico trabalho destinado a examinar detalhadamente e de uma forma com: reensiva as principals fontese factores de sess ern mais de 20 ex-campeder de patinagem artstica dos EUA (Scanlan, Stein & Ravizza, 1990) Os resultados das andlises de conteido permitiram identificar as seguintes fonts de stress: a) aspects negativos da competicao (ex preocupagao com o facto de teem que render a0 nivel das suas capacidades) b) relactes negativas com ouitos significativos (ex: preocupagio com problemas nas relagdes inlerpes- soais com 0s colegas,ptessOes para conesponderem as expectativas parents; c)exigén- ase custos da patinagem (ex: terem tempo e recursos financeitos necessaios para a pat rhagem de alto nivel); d)“lutas” internas pessoais (ex: serem capazes de lidar com a ansiedade,auto-dovidas acerca do seu talento); ¢) experincias traumsticas (ex: proble- mas familiares e conjugais, morte de familiares) Posteriormente, numa série de estudos efectuados por Gould e colaboradores (Gould, Jackson & Finch, 1992; Gould, Jackson & Finch, 1993; Gould, Finch & Jackson, 1993), junto de uma populacso de elite dos EUA (17 atlelasséniores, campedes nacionais de patinagem artistica no glo, entre os quals sete medalhados em campeonatos do mundo ‘0 Jogos Olimpicos), foram identiicadas as principals fontes de sress experienciadas por {este grupo de alto nivel, a longo de vérios anos: a) exigéncas fsicas nos recursos dos atl tas; b)exigtncia psicoligicas; c)exigéncias ambientas; d) expectativas e pressio pelo ren- dimento; e) aspectos de relacionamento interpessoal; 1) preocupag®es com 2 eareira-vida futra eg) outasfontes especias. ‘Mais recentemente, num estudo longitudinal de Kreiner Phillis e Orlick (1993) ‘com 17 atletas de elite (campedes do mundo e/ou olimpicos) de sete modaldades ¢ prove niente de quatro patses, oi suficientemente clara a unanimidade dos aletas para a percep. ‘edo de um aumento clara nas exigénclase das expectativa, apds a sua prireicavitria de 78 Lene nivel mundial, AS expectativas dos outros, nomeadamente dos “media”, adept, “ans” & “sponsors, foram considerados por todos como o aspecto gerador de maior siress nas suas vidas. Uma conclusto central deste estudo no oferece quaiguer dxidas: “o modo como cles lidaram com as exigénctas influenciou grandemente o seu nivel posterior de rend mento” (p. 46), Data importincia dos atletas de alto nivel serem capazes de controlar eli dar eficazmente, por um lado com com as expectatvas que formulam par st prOprios e as texpectativas de outras pessoas e, por outro lado com exigéncias externas 6 exterior, como 6 0 caso da imprensa, dos adeptos, das “exposigbes’envao pblico e dos ratrocinadores. Resultados similares foram também obtidos por Gould, Eklund & Jackson (1993; Eklund, Gould & Jackson, 1993) num estudo com os atletas da equipa de lta dos EUA, que partciparam nos Jogos Olimpicas de Seoul. Nomeadamente, foi evidenciada a natureza fundamental das competéncias de confranto com 0 stress (de uma forma automstica © bem aprendida) para lidarem com as adversidadese contrariedades que fram surgindo ao longo dos Jogos. Apesar de todos os atetas medalhados nos Jogos terem referido que o aumento ‘de exigencias que Ihes fol impostoafectou postivamente, ou de forma neural, o seu rendi= mento, ndo foi evidente a mesma uniformidade a avaliag30 que fzeram para tai expecta- tivas:enquanto alguns aletas as viram como “activadoras" ou “energizadoras, para outros las constitiram uma potencial fonte de stress 'No nosso pats, num recente estudo de Cruz (1994; no prelo) efectuado com 246 atletas de alta competigao e de elite do nosso pas nas modilidades de andebol,volebol, leis e natacio) constatou-se que: a) 0s atletas de elite (aqueles que atngram nivels su- periores de sucesso desportivo) diferenciavam-se dos retantes atletas, ente outras compe- ‘aca psicol6gcas, pelo facto de serem mais auto-confiantes e experienciarem menores ives de ansiedade compettiva (menos preocupac3o e menor perturbagio da concentra ‘co; 08 atletas de sucesso na ata competcao (atletas de elite) percepcionavam signiicatt- ‘Yamente menores niveis de ameaga na competicao pelo facto de “falharen ou cometerer ‘170s em momentos decisives”e pelo facto de “parecerem incompetentes face 20s outros" ©) 05 alletas com melhores competéncas de controle da ansiedade e nives mais baixos de Aansiedade competiva, comparaivamente a todos os oueos atietas,expenenciavam nivels signiicativamente mais baixos de percepclo de ameaga na competi desportva; ed) um ‘uimero signifieatvo de atletas de alta competicso (cerca de 20%) experienciavam dlficul dades, problemas e “deficits” mals ou menos signficativos a0 nivel das suas competéncias decontiole da ansiedade competi, ‘Assim, a investigacao efectuada até ao momento sobre as fonts de stress e gerado- ras de ansiedade nos aetas indica que todos os ales (iddependentemente da idade © do ‘escaldo e nivel competitivo) parecem experienciar um conjunto semelhante de fontes ou factoresassociados 3 competgio despotiva, embora algumas das fontesndo estjam pro- priamente inerentesna alta competiclo, Por uo lado, em diferentes modalidades eniveis ‘competitives parecem existir algumas fonts de stress especificas e caracteristcas dessas ‘modalidades ou nivels competiivos, A evidéncia para o papel das diferencas inividuais e dos processos de avaliag20 cognitva resata também da investizacSo ji efectuada: nem todos os atletas parecem experienciarsempee todas as fontes de stress (Cru, 1994), Um recente estudo de Dunn e Nielsen (1993) & partcularmente istrative a este respeito,sobretudo porque se rata talvez, do Unico estudo que, até 20 momento, procurou ‘examina de forma detalhada e exaustiva as percepgoes de ameaca (i.e, “porque & que ex- perienciavam ansiedade”) em diferentes (quinze stuagbes especifica © concretas de jogo, comm 71 atletas canadianos de futebol e hoquel no gelo. Os autores procuraram, por um ‘ies pamela a competzsodespota 179 lado, idenificar as dimensBes cognitvassubjacentes percepgdes de ameaca experienciadas pelo atletas das duas medalidades em siuacies espectficase pales “indutoras de ansie- fade". Por outa lado, procuraram vericar até que ponto os atltas de amas as madalidades percepcionavam de forma semelhant,situacbes semelhantes mas especiicas a cada modali= ade. Os resultados foram elucidatives,jé que pars ambos os desportos foram encontradas trés dimensoes cognitvas subjacentes 2s percepcbes de ameaga: siuagies de incetezacer- teza num resultado ou consequncia negtiva, situagbes de ameaca pessoa situagoes de au ‘sncia de controle pessoal, Uma andlise mais detalhada da esrtura psicoldgicasubjacente 3s dliferentessituasées, evelou stuagbes percepcionadas como ameacadoras nos alletas das ‘das modalidades:prigofisco, ameaca dos teinadoces, certeza ou inceteza num estado regativo, medo de falhare consequéncias desconhecidas dos errs cometdos, “Alem disso, dentro da mesma modalidade, os atletas baseavam as suzs percepgdes de ameaca em dimensGes cognitvas semelhantes, Além disso, atletas de amas as modali- ddades partinavam semelhantes percepcdes de ameaga em algumas stuagdes paralelas es pecticas de cada modalidade (ex: marcacao de grandes penalidades) ‘Mas um dado notivele inavador deste estud, tem a ver com a evidkncia para “as caracersticas maltidimensionais da ameaga que uma Gnica stuagdo pode possulr” ou, por tutras palavies, para a facto de “em cetas situacbes poder exis uma combinagao de posst- ‘eis factores que geram ansiedade”(p. 462). titulo lustaivo, para situagdo “esperar um “Tackle por tris, no futebol, foram evidentes ts posivels ameagas: incerta acerca de um resultado negaivo (poder perder a posse da bola), auséncia de controle pessoa (a exiséncia ‘1 nao do “tackle depende da decisio do adversirio} e potencallesdo (0 ‘ace’ no ftebo! rmuitas vezes resulta em lesfo,devido 2 elevada vulerabilidade do atleta que c sot Impacto do stress nas lesdes desportivas Nos dltimos anos, a investigag3o dos factorespsicossoctais de risao que podem predispér os atletas para lesbes tem vindo também a merecer uma atengio crescente, lum aspecto que seré abordado mais detalhadamente num outro capitulo deste livio U Crue & M4, Diae "Factores prleologicor associados 3s Ince dlesontivas. Como se tevidenciard nesse capitulo, a area de investigaczo que mais tem contrbuido para estudo dos factorespsicossociais de rsco nas lesdes desportvas€, sem divide, 0 estudo do stress associado aos acontecimentas da vida dos aletas e a sua rlacio com a ocorréncia de le ses (ver Heil, 1993; Pargman, 1993; Williams & Roepke, 1993) De um modo geral, 0 sco de sofrerlesGes na prética e competigao desportiva pa- rece estar directamenterelacionado com o nivel de stress experienciado pelos atletas nas suas vidas, dentro e fora da competicio. Em suma, a natureza, impacto © consequéncias do sess e da ansiedade no com- portamento e no bem-estar psicologico e fisico dos aletastém sido alvo de uma vasa gama {de estudos © sio bem evidenciados na literatura psicologica. Em geral, os seus efeitos © ‘consequéncias parecem manfestar-se, diecta ou Indirectamente, sobretudo em dois dom ios particulares: no rendimento e prestagto competiva, por um lado, e no bem-estar {isco e psicoligico dos atletas, por outro lado. 'R inwestigago[& ralizada parece fornecer alguma evidéncia para o facto de que todos os alletas, mesmo os atletas do mais alto nivel, experienciam stress e ansiedade na ‘Competigio desportva, Por outro lado, sugere claramente a importancia dos process de [valiagio cognitiva das situacies competitvase das esralégias de confront slizadas. MODELOS TEORICOS E CONCEPTUAIS DE STRESS E ANSIEDADE NA COMPETICAO DESPORTIVA, Seguidamente, abordam se os diferentes modelos tebicos e conceptuals que tm sido formlados para a ansiedade e para 0 stress em contextos despotivos [Um modelo conceptual de ansiedade competitiva ‘Martens (1975) conceptualizou a competicdo como um process centrado nas qua lidades do atleta(capacidades, atitudes, motivagoes e personalidade) e englobando quatro ‘componentesfundamentais: 1) a situac3o competitiva objectiva (todos os estimulos objecti- ‘vos do processo competitive, como o tipo de taela, a dificuldade do adversaro, as condi- ‘cbes€ 19305 de competicio, ou as recompensas extrnsecas); 2) a stuago competiiva sub jectiva (o modo como 0 atleta percebe, aceita ou avalia a situaczo compattiva objectiva ‘Como ameacadora ou como um desafio as suas potencalidades); 3) a reposta(respostas ‘comportamentais,Fsiolgicas ou psicoldgicas); e 4) as consequencias (sucesso ou fracas). ‘esse sentido, numa primeira conceptualizagao, Martens (1977) eefiniu a “ansie~ dade competitva, enquanto trco da personalidade, como um consracto que descreve di ferengas individuals na tendéncia para perceber as situagdes competitvas como ameacado- ras e para responder a tals stuagées com reaccbes de estados de ansiedade, de intensidade varivel”(p. 47). A concepeao de Martens (1977) do traco “ansiedade competitva’, como lima disposiglo unidimensional da personaldade, baseou-se numa impertante distingo ‘entre 0 “"trago de ansiedade”e o “estado de ansiedade” formulada por Spilberger (1972. {A ansiedade como estado ¢ “um estado emocionaltransitrio... ue vara de intensidade & tempo" e que se caracteriza por um sentimento de tensio ou apreensio e por um au- ‘mento a actvidade do sistema nervoso auténomo. Por sua vez, a anstedade como trago da personalidade reere-se a “diferencas individuas elativamenteestaveis na endéncia para a lnsiedade: ou sea, diferencas na dsposicdo para perceber como perigosa ou ameacadora luma vasta gama de stuagbes que objecivamente ndo sio perigosa e.. fara responder a ‘ais ameacas com reacgdes de ansiedade-esiado” (Spielberger, 1972, p. 3) ‘Asim, para Martens (1977), a ansiedade competitiva como trago de personalidade era um construco que descrevia as diferencasindividuais na tendénca pare peroeber a situa- ‘bes competitvas como ameacadoase para responder a tai stuacBes com reacgdes de ans- tedade-estado, de intensidade varivel”(p. 36). Deste modo, neste modelo inicial de nsiedade compettva, hipatetizava-se que o tago de ansiedade competiva era um me- ‘diador importante das respostas de ansiedade como estado, em face de stuagies competitvas ‘espectfica (Figura 1). Os atletas com elevados nveis de ansiedade competta frag) avaliam ‘a competicao desportva como mais ameagadora e experienciam estados de ansiedade mais televados, comparativamente aos ates com um traco de ansiedade competitva mas baxo. Postriormente, na sequéncia do desenvolvimento de um insrumerto de avaliagio do estado de ansiedade competitiva (0 CSAl2 ~ “Competitive State Anxiety Inventory-2”, ‘Martens e colaboradores (1983) vriam a rever este modelo conceptual de ansiedade com- peitva, nomeadamente através do reconhecimento da natureza multidimensional dos est {os de ansiedade competitiva, Nesta nova versio reconheciase aexisténca de trés dimen shes na ansiedade compeiitva:ansiedade cognitva, asiedade somsticae auto-confianga {ver Figura 2). Para Martens ¢ colaboradores (1983, p. 17) a “anstedade cognitivae a ansie ‘dade somética representam plos oposios de um continuum de avaliagao cognitiva, endo Sess eaniedsdema compsgiodesria 181 ITU PERCEPCAO REACCAO | fea uae Figura 1 — Modelo de ansiedade compettva (adapade de Martens, 1977) ‘Outros aces de renga nds {ue inflenclam esd de anstedade Oxtosfactoes ‘que infuencam T Tiago de ESTADO DE ansedade ANSIEONDE |—>] —compertamento compettva comperiiva, ado de ansiedade Estado de ansedade Estat de ‘ogeltva “omen sutoeananca Figura 2~Modslo conceptual de ansiedade competitva (Adaptada de Maren © cl, 1983), ‘a auto-confianca vista como a auséncia de ansiedade cogniiva. Ou, Inversimente, sendo a ansiedade cognitiva vista como falta de auto-conflana” ‘Mais recentemente, Martens ¢ colaboradores (1990; Vealey, 1990) apresentaram ‘uma melhor especificagdo deste modelo de ansiedade competitia, tendo subjacente 0 mo: dlo do processo competitive (Martens, 1985). Nesta extensio do modelo de arsiedade ‘competitiva(baseada num paradigma interaccional, na especfcidade das stuagdes na disingdo entre tras e estados de personalidade) 0 tago de ansiedade competitiva conti- hua a ser conceptualizado como 0 mediador entre a situaco competitiva e a reacga0 de ansiedade (estado) ‘Como € ilustrado na Figura 3, este modelo organiza-s em toxno de quatro relagoes fundamentals, O process iniciase na Relagdo 1, onde ainteracgao ene os factres situa Cionais da stuacio compettva objectva (SCO) e outros factores inra-essoais (como 0 taco de ansledade) geram uma percepso de ameaca que constitu a stuagdo compettva Subjectiva (SCS). A interacgao enzeesla percepgao de ameaca ¢ outros fctresintra-pesso- ais (Relacdo 2) influencia a respostas (estado) ndividuais (nomeadamenteo estado de an Siedade) e 0 rendimento. As eespostas (cognitiva,somaticas e comportamentas) inividuais Jnteragem entdo com factoresinra-pessoais, gerando diferentes resultados rendimentos ou FACTORES SSTURGIONAIS ‘SCO, RESULTADOS Factores DO RENDIMENTO INTRAPESSOAIS ‘Consequencis) (ago de Asiodace) = 2 esPostas ESTADO (estado de Ansedade) 'RENDIMENTO Figura 3 ~ Modelo de arsiedade competitva \Adarado de Mates, Vsley & Suton, 1880) Sess asiedaeracompeigio despriva 183 ‘consequéncias(Rela¢a0 3) 0 ciclo deste modelo completa-se através da Rela 4, que = Present a influénciarecfproca dos resultados e do rendimento nos factoesinta-pessais “Muitosestudose investigacéesefectuadas em variados contexos desportivos parecem Suge Fira validade deste modelo (ver Marten et al, 1990; Vealey, 1990), Paalelamente, este recente modelo conceptual da ansiedade compustva postula dois ‘elementos da situagao compettva abjectiva que geram a percepeao de ameaca e causam 05 ‘estados de ansedade competitva: a incerteza ea importncia do resultado. For outas pal ras, as mudangas que ocorem na siuaco competitiva objectiva (SCO) afectam a percepcio de incenteza e importnca do resuitado, 0 que por sua vee causa mudangas na percepcto de ameacae, portant, na reacgao de ansiedade (estado). Partindo do principio que a competi ‘cdo € um processo avaliativo que cra incerteza acerca do resultado antes 6a competgao ‘core, 0s autores consderam que a ameaga ser tanto maior quanto maior fr aa inceneza ‘2. importancia do resultado. Assim, hipotetizase que a ameaca é uma fungi de uma rela- <0 mukiplicatva entre incertezae importncia do resultado: se no exist incerteza ou se 0 resultado nao for importante no exists qualquer ameaca. Esta $6 exit se exis alguma incerteza acerca do resultado e se este resultado for considerado importante pa o alta Paralelamente, esta teotia postula também a influéncia do taco de arsiedade com. pattiva na percepcao de ameaca As diferencas individuals na percenca de amieaga em si- tuagbes competitivas so assim salientadas 0s alletas com niveis mais elevados no tag de nsiedade compettiva, percebem um maior grau de ameaca em situagdes competitvas, do ‘que os aletas que (devido a experiéncias anteriores ou qualidades pessoas) evidenciam ni- vis mais batios no taco de ansiedade Considerando que a incerteza acerca do resultado inevitivel antes da competicto (a competicio é a "incerteza estruturada"), Martens ecolaboradocesdistinguem as expecta tivas mais ou menos exact acerca dos resultados ants da competicao, por um lado, © 3 certeza do resultado, que s pode ser atingida no fim da competiczo, por o:to lado. Mas adantam que se aincerteza potencialmente uma fonte de ameaca, ela 6, multas vezes, ‘considerada como um importante desafio que torna a competica0 numa expetiéncia exci ‘ante. Nesse sentido, postula-se que € a percepcio individual de cada situagSo campetitva, {que permite vera incereza como algo de positvo (um desafio) ou como algo de negativo {uma ameasa). Muitas vezes procura-se masini a incatuea do resale pata ora tum desafio. Eta procura pela maximizacao da incerteza tem a ver alo s6 com a necessi= dade de termos um nivel Sptimo de activacao fe experienciarmos a satisiag30 de areduzir. ‘1 eliminar, mas também pela necessidade que temos de avaliar as nossa pépriascapaci- dades, 0 que s6 ¢realsticamente conseguide quando nos comparamos com pessoas que ‘tém capacidades semelhantes ou parecidas com as nosas ‘Assim, Martens e colaboradores (1990) conceptualizam a incerteza do resultado (perder ou ganhar) recorrendo a percepedo individual acerca da probabilidede de sucesso {ou da probabilidade de fracasso (Pf). Como iustra a Figura 4 , 2 relacao ene entre a Ps fe incereza nao ¢ linear: “a medida que aumenta a Ps a incereza também aumenta até ‘um ponto em que existe uma chance igual de 0 resultado ser positivo ou negatvo” (Ps=50 98) (p. 222); se a Ps aumenta para além deste valor, a incerteza diminul. NSo existe qual ‘quer incerteza quando a s 6 de 0 ou 100 %. Por sua vez, 0 que define a importincia da competicio & o graw de valor que os individuos atribuem & obtencao de um resultado favorivel. Este valor (percebido) que & aibuido 8 obtengo de um determinado resitado pode ser extinsaco (ex: prémio moneti- rio pela vtéria; ganhar uma medalha de auro) ou pade ser invinseco (ex: percepeao de \ 75 wo % PROBABIIOADE DE SUCESSO Figura 4~ elas entre incerteza«probabidade de meso (Adapido de Marrs, Vesey & Burton, 1990), ‘competéncia e capacidade; aumento da autoestima; satisfagao e realizacao pessoal). Neste ‘semido, “a importancia & uma combinacao de valores intinsecose exrisecos parilhados pelo ividuo para obter um resultado positive” (Martens etal 1490, p. 223). Martens e colaboradores (1990) enfaizam ainda ainflgncia tecipoca da incenteza ‘eda importincia do resutado: “quando a competicao ¢ percebida como imporantee ain certeza & méxima, aumenta a probabilidade de percep¢aa de ameaca" (2 225). Dai que muitos teinadores, na comunicagao com os alltas, pracurem promaver a probabilidade de sucesso para a “zona” dos 50% (maximizando as fraquezas do adversrio ou valrizando as suas potencialidades), onde desafio ¢elevado, mas atenuado pela percercio de que o su- .es50 poderd ser atingide através do esforgoe de um bom rendiment, Um modelo conceptual de stress competitive Um modelo conceptual de stress competitivo foi também elaboradoe superido por Smith (1985, 1986), tendo por base a toria cognitva e ransaccional de stress e confronto de Lazatus ¢ Folkman (1984), Este modelo de stress competitive, engloba quatro compo- rents principals (ver Cruz, 1989; Cruz, 1994), CConforme se iui na Figura 5, a primeira componente do modelo refere-se 8 si- ‘waco ou interacg0 ene as exigéncias ambienaise os recursos pessoa a discrepancia 6 geradora de stress). Essas exigéncias podem ser: a) internas (ex: os objectivos e metas Sosseaniedale ma competi demnena 185 FACTORES DA PERSONALIDADE. EMOTIVACIONAIS |AVALIAGAO COGNTTIVA = DASEXIGENCIAS = pos RecuRsos RESPOSTAS FIIOLOGICAS EX: ACTIVAGAO) = DAS CONSEQUENCIAS = 00 “SIGNIFICADO" DAS CONSEQUENCIAS . CCOMPORTAMENTOS SITUAGAO: (DE CONFRONTO RECURSOS /EXIGENCIAS *EORIENTADOS PARA A TAREFA Figura 5 ~ Modelo conceptual de “stress” (adapta de Sat, 1985) pessoais dos atletas, as suas mativagbes e confitos; ou b) extemas (ex: quando o atleta Ou 8 equipa se confronta com adversrios mais fortes) ‘A avaliagao cognitiva, constitui uma segunda componente, que engloba quatro as- pects dstnts: a) a avaliagso das exigéncas; ba avaliagao dos recursos cisponiveis para Tidar com as exigéncias; ¢) a avaliaglo das consequencias se as exigéncias no forem correspondidas , por timo, do significado que as consequeénciastém para o individuo, ‘ritlo ilustratvo, um atleta com baixo nivel de auto-confianga, pode perceber ums dis- ‘repincia entre o que Ihe € exigidoe as suas capacidades, Do mesmo modo, um atleta que Scredita que o seu valor pessoal & defnido peo Seu sucesso no desporto, atibui um signifi= ‘ado diferente aos resultados desportivos, comparativamente com outro att, para quem 0 Valor pessoal no passa apenas pelo eu rendimento desportvo. ‘Aterceira componente do modelo de stress compettvo refee-se 2 respostasfisio- gieas que ocortem quando a avaliagio indica ameaca ou perigo. Eta actvagio fsilé- ica, por sua vez, influencia a intensidade das emocdes experienciadas tex: 0 atleta que toma consciéncia das suas crescentes manlestacoes somaticas avalia a sfuag3o de forma ‘mais ameagadora do que aquele que, face 2 mesma situacio, experiencie menotes nivels de actvasao fsiolégica). Por dltimo, 05 comportamentos que ocortem em resposta a situagdo consituem uma outra componente. S30 comporamentos orientados para a trea, socais e outros, des. tinados a lidar com a situacdo, e que s30inluenciados, nfo x pelasexigrcias dessa situa ‘Bo, mas também pelos processos de avaliagdoe pela natureza das respastas emocionais © fisioligicas Anda de acordo com este modelo de stress competitiv, importa refrir que cada uma das components assnaladas 6, ou pode ser, afectada por varéves oufactores motiva- cionais,pessoals e da personalidade (ex: aulo-confianga, taco de ansiedade, expectatvas se auto-ficicia Parece ser assim evidente, neste modelo conceptual, 0 pape central desempenhado pelos processos de avaliagao cognitiva na compreensio do stress. Como refere Smith (1980), “através dos procestos de pensamento, as pessoas cram a realidad psicolégica a ‘que respondem”, Erase idéntcatnha sido também colocada por Martens (1977) ao conce- ‘oer a ansiedade compettiva como uma reacco emacional negatva, senda sempre que a auto-estma do aileta ¢ ameagada. Reconhece:se, assim, a importncia dos procesos capi: tivos mediadores, assumindo particular importancia 0 papel desempenhado pelas perce ‘es do atleta. A ameaga 2 auto-estima que, por sua vez, gera a reaccio de ansiedade, € Cada pela auto-avaliag3o do alleta face d stuacso competi, Um modelo de stress do treino desportivo Enquanto os modelos anteriows se cenraram na stuagio de conmpeticéo despor- tiva, propriamente dia, o estudo do stress do treino para a compelicao desportva, parece Cconstiue também uma nova drea de investigagao e de estude sstemitico no dominio da psicologia desportva (Silva, 1988,1990; Weinberg, 1990b) Silva (1988,1990) apresentou um modelo de sess do tein (SI, englcbando na desig- ‘ago “stress do tena", ndo 6 0 stress associa ao processo de tend, mas também stress associado a competiczo: “a competicaa ¢ vila como um acontecimento especti no con texto mals vasto do trina e, como tal, € uma pare do coneeita de treino” (iva, 1990, p. 6) Com eeito, na opinio deste autora competicao 6, por si s6, uma forma de tes do teind. Tendo subjacentes a concepeo de stress © o principio das adaptacdes especifcas 8s exgncias impostas ao organism desenvolvida e sugerida por Selye (1976, 1981), Sina (1988, 1990) conceptualizou duas formas de adaptacio ao stress do teino: uma. adaptaco postiva (ST positiv) e uma adaptacao negativa (ST negativo). Para este autor, 0 ST por si $6 “no deve ser visto como negativo, uma vez que é um elemento necessrio, realise func ‘onal no meio do desporto de competic30"(p. 7). Com efito, em contextos competitvos © Principio da sobrecarga fsica e psicolégica 6 utlizada para aumentar os inites das Capa. Cidade dos atetas, partido do pressuposto que essas capacidades aumertam quando os alletos se adaptam postivae eicazmente a exigéncias superiores que so impostas. A se- Ses anid a comoctiiodepotia 187 melhanca da maior parte dos programas de treino de controle do stress, nose procura aca bar pura e simplesmente com 0 stess exstete, mas sim desenvolverestratéyase capacida «es de confrontoe de resolugzo de problemas que lever os individuos a aaptaremse © 3 ‘onfrontarem-se posiivamente com as exigincias qe so colocadas pela competicio. ‘Como se poder verificar através da Fig. 6, uma adaptagao postna ao ST reflect uma metodologia de treino desejvel, adequada e cuidadosamente desensolvida, Em face dda imposicao do ST 0 organismo teage de forma adaptada; esta resposta posiiva & sobre ‘carga ga “ganhos”temporsrios do reno, que sdo mantdos quando 0 estinulo do teino & ‘ovamente imposto 20 mesmo nivel, Assim, aumentos praduais no estimulo do tino po dem também gerat“ganhos" posterores do treino. TRESS RESPOSTA/ REACGAO *GAxHos" DOTREINO |ADAPTATIVA’ 0. MaPOSTO (PSICOFSIOLAGICA) ‘RENO LE = - MANUTENGAO OU AUMENTO ‘DO ESTIMULO DO TREINO Figura 6 Adaptagio poiiva ao stress do treino {Adopt de Siva, 1990) [Mas diversosfactores podem também contribu para uma adaptscao negativa 20 ST que 6 imposto 20s atltas: demasiado ST, padktes insuficientes de tratalho e descanso, Confltos, mecanismos de confronto ineticazes, et. Neste cas0, 0 organsmo deixa de se “adapta peitivamente ao ST que imposto eacortem diversas reacctes psicoisoligicas de Caracternegativo, Fste modelo de adaptacdo negativa 20 ST € designad de Sindrome de Stess do Teeino (STD. (0 STT engloba diversos conceitos baseados no sé na investiga, mas também no trabalho prtico desenvolvido pelos autores durante dez anos, junto dealeas olimpicos ‘ede alla competicio nott-americanos. Nomeadamente,sliente-se a incusdo dos concei- tos defadiga devi a treino excessivo (stalenes),sobre-treino (overtraining) © exgotamento fu exausto (burnout, conceptualizados neste modelo como representando diferentes fases fu etapas regressivasesucessivas do Sindrome de Stress do Treino. 100 4.cue ‘Como se poderd verificar na Figura 7, no caso de uma adaptacio negativa a0 tweino, 2 imposicio de ST resuita numa reacgio ou respostapsicoisoliica negativa por parte do organismo. Apesar do ritmo de regressio e da quantidade de treno exigida para Iniciar o SST e facilitara sua evolucio variarem de atleta para aleta, “0 padrao de resposta, as causa principais eos sintomas do SST sao geralmente comuns os diferentes indviduos” (Silva, 1990, p. 10). Por sua vez, a natureza,inensidade ou grau desta resposta nepativa é ‘determinada pela fase ou etapa do SST em que o atleta se encontea: quebra de rendimento, Sobrecarga de tino ou esgotamento. Assim, este madelo do SST sugere cue a resposta 30 tteino excessivo segue um padi regressive altamenteprevisvel que seincia com a fa- fume fca exausta, para além de facos nivels de rendimento core uma evidente perda da liubestima e auto-conlanca. Como refee Siva (1990, p. 11), “a devogao excessive, conjie ada com reforgos minimos © pouce feedback postvo de rendiment, durarte vrios meses Bh anos, resulta numa resposta cogntva,afetiva efisioldgica muito poderosa e negatva” Depo's de ter atingidoe experienciado esta fase, ¢ imprevisive a entrada do abeta nos nivel ‘de rendimento proximos ds anteriores ao inicio do SST e pode ser mesmo pauco provavel o reiniio da pita competitva (levando, muitas vezes, a0 abandono da competisa0) Um estude de Silva (1990) com atletas unwerstarios de diferentes smudalidades, para avalia a prevaléncia ¢ Importancia do SST evidenciou resultados elucdativos da rele- vnc deste “Tendmeno” que ocorte em contexts compeltivos © sugeriram uma acenti- da prevaléncia de efeitos extremamente negativos do treino, como € 0 caso do sabre ‘eine ou da exaust e esgotamento,Parallamente, um estudo de Murphy ecolaboradores (1990), sobre os factors psicolicos e do rendimento associados ao aumento do volume Ue treino em judocas de elite dos EUA, evidenciaram 0 aumento dos sentimentos de inita- (ho e dos nivels de ansiedade, associados a elevadas cargas do volume de treino, bem Tomo decréscimos de rendimento,sugerindo assim as possveisconsequéncias negativas de tlevads volumes de teino espectic. UM MODELO COGNITIVO, MOTIVACIONAL E RELACIONAL, DO STRESS E DA ANSIEDADE NA COMPETICAO DESPORTIVA Muito recentemente, Cruz (1994; no pre) sugeriu um modelo conceptual tenta- tivo, que nao 46 integra esintliza os progressos mais recentes da investigagio electuada 90. cue em contextos desportivos e noutros contextos aplicados, mas também constitu uma con: ‘ceptualizagao mals compreensiva do stress, da ansiedade © outas emocdes asociadas na competica0 desportva Tendo por base nio so as recentes abordagens cognitvists ao stess ¢ ansiedade ‘em geral © 05 modelos espectficos no dominio da psicologia do desport, mas também, € Principalmente, as teorias do stress e das emogdes de Lazarus (1991a4b,¢; Lazarus & Folk ‘man, 1984), Cruz (1994; no prelo) propos recentemente uma abordagem cognitva, motiva- ional e relacional, tendo em vista uma melhor compreensio da natureza co stress e da an siedade em contextos desportivos. Paalelamente, uma tal abordagem podera também ontribuir para uma melhor compreensio outras emocbes relacionadas ef associadas,po- sivas e negativas, experenciadas de forma mals ou menos intensa em contextos desport- 0s (ex inritagdotava, culpa, tristeza, felicidade/alegria, desespero, desinimo, orgulho, lt). Emborao stress ea ansiedade continuem a ser constructs importants, recentement (0s investigadores comegaram a constatar que estes conceit sio apenas uma parte de Um tema mais amplo: as emogoes (Lazarus, 1991). A Figura 8 ilustrao esquema feral do sis- tema e dos processos varaveisimplicadas nas emacies, PROCTSSOS MEDIADORES varehvis Sage 520 55S EMOCIONAS — > UoNcoFA20 se da prtoiade Views eu denon pin core lista scone Abita mint © lpn dati (Geertz ox dan ago primis Flee etc Evaimen oo” Reportage Poencalde tno peas rat Bena copia Content (are nares do Ere nse poco ‘Cetnior tr" tos ou cpr (Gale eso ‘eden Sache cabana oa en-sar piolepeo) Figura 8 — squema gral do sistema, process varives associa implcads nas emacs (Adaptado de Lazarus & Foliman, 1984; eLazars, 1991) Pressupostos € principios fundamentais Esta abordagem inclu, entre outros, alguns peessupostos ou principos eras efur- damentas: Ses anedadena competi depotha 191 1 nase numa vansacgo ou relagdo continua entre o individu (ex atleta, te nador drt) e stuagao desportva, que determina o aparecimento, draco, intensidade qualidade das reacgbes emocionas (incluindo a ansiedade), e que engloba processos de {valiaglo cognitiva e respostas de confonto com a situagzo. O stress, @ansiedade e outas Smooes assoctadas no sao assim encaradas, nem como uma caracterstia da stuacSo, nem como uma caratarstica do tlt 2, Qualquer emacio envolvee implica um sistema complexo de variveis € proces: cos inter-dependentes que se combinam numa configuragao cognitva, motivacionale rela ‘Clonal, na qualidade de varlsveisantecedentes, de processos mediadores ¢ de respostas ou fesultados(gecando uma determinada emogao); nenhuma varsvel, por si sé, € capaz (ou fuficlente para expicar uma emocio (ex: ansiedade e, pelo contro, tomase necessiia lima cominagao de varivels da personaidade e do ambiente para geraem o significado pestoal erelacional que estésubjacente a uma determinada reacco emocional; |3, A imponncia central dos pracessas mediadores de avaiagio cogitva (aval «fo cognitiva e estratgias de confonto}, que podem alterar ou modifier signifiativa € SSrstantemente 2 ifluéncia de qualquer variével ou factor antecedente (da personalidade ‘ado ambiente) na emogdo experienciada e nos comportamentos que se seguem; “4, Uma conceptualizagdo do stress © da ansiedade como um processo dindmico, {que engloba diferentes etapas ou fasesdistntas de duragdo variével: a) antes b) durante; © opus tata-se assim de uma conceptualizagao centalizada nos pensamentos © 90s aC- tos acluas dos individuos numa dada stuacao de stress e no modo como esses pensamen tose actos mudam a0 longo das diferentes fases do processo (deste mod, dé-se particular importincia & madanga e 20 flux, contrariamente a estabilidade! ‘Assim, uma ideia fundamental desta abocdagem cognitva, motivacional ¢relacional a0 svesse 8 asiedade no desporto € que nio podemos compreender as emogiessomente do ‘onto de isa da pessoa ou do ambiente, como unidades separadas. Em cada stuacio(relagao pessoa-ambiente, estavel ou momenta e tansitra)e em cada emogio experienciada existe ven sizfendrlacional proprio subjacents, que & moldado no processo de ealiac30 Cogn tiva e que se exprime naquilo que Lazarus (1991b,c) dsigna de “temas relacionais cena". A tial stato, quando um alleta se sente ameagado ou insultado(avaliagB0 cognitvao sig- rifcado relacional da ameaga ou do insulto (que eram emotes como a ans u a iit (ava) no & um produto exclusivo do alta ou do ambient, mas sim de conjugago de Tim ambjent com deerminadascaracteisticas ede uma pessoa com certascatactersicas. Por exemplo, um atleta $6 se sentir ansioso (ameacado) se desejar algo que € posto ‘em causa numa determinada skuaco e se acreditar que no tem hipoteses deo conseguir do mesmo modo, s6 se sentir irtado (insula) se algum adversrio ou outa pessoa oofender © preudicar na sua auo-estima ("ego") e se desearo respeto e consideragso dessa pessoa. Por Pas palaras, como refer Lazarus (1991c) conceéitos relacionais como a ameaga ou insulto jerdem o seu significado relacional se forem aplicados a um ambiente, sem olharmos& pessoa mn questo, ou se forem aplicados as pessoas sem fer em conta 0 context ambiental que four esses signiicadosrelacionais nas pessoas paca as uals so relevantes (ver Cruz, 1994). TA Figura 9 apresentaeilusta as vardveise process psicoldgicos mplicados nesta abordagem cognitiva, motivacional e relacional & experiéncia de stress © ansiedade na ‘competicio desportva. thc \VARIAVEIS ANTECEDENTES VARIAVEIS AMBIENTAIS LVARIAVEIS INDIVIDUAIS Inport dicldaerovide,| Seva ade, ele ealo Ineener, mince vac np, expec competi, Nauwezaedpodesivagio ‘| “Tag de asidsde compen (trea competi; eal da Compan ona ‘amet tp de conto, ‘rosa: em} | sctiacao pre a compar: ‘arcs comple © Come de-vstuenc ‘Stns fac poco das poaapers ‘eds (oda ‘clei, de compat “aera fn Techads, decotaca oun, Exot doen fe : ‘de eficciacolctva fem despanos ‘coctvon "ORES DE AVALLAGKO COGNITIVA FEONFRONTO PERCEPGRO DE PERICO OU AMEACA (Peco de capaci de ssa clo ote eign ov) "© que et 2 acorencer vate do ora devia pea compen com cinco de ‘els psa poe om cases autoeina, ear lores ps + Aesporsie plo esata ou creole neve ati 2 indi, a pce ‘lod apaiade pesca do conor pre hs oma stung & basa eee dee [Epo ademas da stg so pons uncer EACGO EMOCIONAL /ESTADO DE ANSIEDADE Ey Congas come ni, a ee 1 4 ‘COMPORTAMENTO- RENDIMENTO | (rece ered nde calc) | Figura 9~ Stes e amsedade no desporto: Uma abordagem copia, mativacional ereacioal Cruz, 1994; pre) a 1 ik Stes eaniedade mcongstzto depot 192 \Variaveis antecedentes: Ambientais e individuais ‘As variivels antecedentes dos processos de avaliagio cognitva englebam, por um lado, varveis ambientais ou stuacionais, como 6 o caso das exigéncias elimitagbes com {que os alas tém que se confontr, ou anda 0 caso da iminnca, curacao e incerteza da ‘Suagio. Por auto lado, alguns factoes evariaveisinra-individuas, ou da rersonalidade, So também antecedentes dos processos de avaliao cogritva Uma série de vardveis ambientais esituaionais podem ser vistas como potenciais antecedentescausais das processorescognitivos mediadores das transaccoes cu elagdes in- “ividuo-compctigao desportva. €0 caso de variveis relacionadas com o cia e coeséo da ‘Sauna lem desporton colectvos) e cam os processes de comparagao socal que i opera, bem como as catactersicas e condicées de realizago das tarfas.Sobretudo em desportos Colecivos mas também individuals, Como ne caso da patcipagio de selecgdes nacionas em ‘Competigbes do mais ato nivel), expresses do tipo a “equa estava nervosa” reflectem bem | importncia do “contigio emocional” (Hatfield, Cactoppo, & Rapson, 1993) de como os fetados emocionais de um atleta, asim como 0 seu rendimento, podem ser signfcativa © Continuamentealterados em fungao dos estados e rendimentos dos seus colems. A este pro- posto a ideia subjacente & nacio de expectatvas de eficicia colectivarecentementetestada por Spink (1990) em contexts desportivos, parce se similar 35 nocbes, nunca testadas em rontextos desportvos, de arsiedade intra eine-indvidual reeridas por Hanin (1986, 198) ‘Adiclonalmente, como factors antecedentes, so partcularmente im>orantes, peto seu impacto nos processos de avaliagSo cognitva, outros aspects da situacio (Lazars & Folkman, 1984: 1) a novidade da situagdo (ex: a primeira internacionalizago, 0 primero jogo como titular primeira participagio em competicBes do mas alto nivel et.) ‘até que ponto as caractersticas situacionais podem ou nio ser predictas ou ante- ‘ions (ex: ipo de “ambiente” ou pablico, mals ou menos agressivo ou ameaga- dor, que vai presenciar 0 jo50) {6a incerteza da stuasto (ex: Incerteza ate a0 Ulimos minutes que antecedem © jogo, relativamente ao estatuto de titular ou supine), 4a iminencia da situagdo (ex: quantidade de tempo disponivel de oconéncia de lima determinada situago ou momento competitive ou, por cutras palavra, quanto tempo falta para." «a sua duracdo (ex: preparagdo durante varios anos para os Jogos Climpicos& {ha incerteza temporal (ex: te informages do treinador de que brevemente poder ‘ic a integrar a equipa principal, se continuar a trabalhar e treinar bem, mas nao saber quando isso acontecer) ‘Assim, sob esta pespectiva, a qualidade das experinclas de ansiedade na competi- a6 desportva difere de uma stuacdo para outra ¢ também com 0 decorrer do tempo (Beck, 1986; Lazarus & Folkman, 1984; Lazarus, 199120) ao longo de um ciclo de reali acto desprtve, que contempla no #6 0 proceso de teino e preparacdo. mas também a ‘competicio, propriamente dita 14 Lowe Paralelament, as varvels ou factores antocedentes,incluem também vardvels da personalidade. De facto, um outro aspecto desta conceptualizagao tem aver :om ainlugneia ‘impacto, que varios factoes da personalidade (x: motivacio, auo-confiaxg, capacidade ‘de concentragao, ec), crengas esruturas cognitivas exercem nos procesios de avaliago ‘cognitiva. Estes factores ou varléves individuais, podem ser Vistos come predisposicbes para perceber, pensar e responder, emacional e comportamentalmente, de certs formas. Sob esta perspectiva eles sio encarados como antecedentes causals ou como facores pre lispostivos au preciptantes (Beck, 1985; Beck & Clark, 1991; Lazarus & Folkman, 1984). Por outras palavras,trata-se de estilos de avaliagio cognitiva ou metécognicdes (ver Schwarzer & Jerusalem, 1992} tendéncias relaivamente estveise generaliradas do indivi ‘duo para contol as cognigBes relacionadas com o seu self” (setelated cognitions". De um modo geral, pode-se dizer que as cognigbes estuturais relacionadas com 0 “self, a esrutura motivacional ea esiratura cognitva gerl do atleta, operam nos mecanis- 'mos de processamento da informaso para oajudarem a criar © mundo psiolégico em que se inseree vive e a realidade psicolégica a que respond. Beck (1985), salentou a impor tancia de varios processos cognitivos distuncionals que podem maximizar a sensagio de \ulnerabilidade face & percepgo de ameaca (ex: abstaccio selectiva, pensamento generar lizado, et.) Do mesmo modo, o sistema de crengas pessoas pode inluenciar os significados ‘pessoaisatribudos as potenciais consequéncis do fracasso no confrnto ccm as exigéncias impostas pela competio. © atleta que acredita que o seu valor pessoal depende do su ‘esso que tver no desporto atribui aas resultados que obstém um significado bastante dif ‘ente de um outro alta, para quem o valor pessoal no passa necessariamente pelos bons resultados desportvos. O impacto de algumas crencas iracionais (ex: perfecionismo} rela- tivamente ao significado e importincia do rendimento desportvo e da aprovacio socal 6 tevidente nas reacgbes inadequadas 20 stress (Frost & Henderson, 1991; Eli, 1994). or exernplo, um atlta com balxa auto-confianca ou baixasestimatvas de auto-fi- cla pode avaliar dstorcidamente o equilbro entre as exigéncias que a competi Ihe flora # 0s seus recursos e eapacidadee pestoais por iso, 0 seu facasso despotiva yoke Parecer-the evidente. Do mesmo modo, o atletaforemente motivad pelo desejo positivo de realizagdo, aprovacao e sucesso, tende a experienciar menor ansiedade nas situagbes de stress competitive, comparativamente aquele que procura principalmente evita a desapro- vacdo eo fracas, ‘Algumas varsveis da personalidade particularmenterelevantes © moderadoras dos processos de avaliago cognitiva que ocorrem continuamente na competicso desportva, incluem, por exemplo, 0 trago de ansiedade compettva, 0 raga de auto-confianca e da Dientaci0 competitva, as crengas de auto-ficcia e controle pessoal as competéncias psi coldgicas para a pratica desportiva, as crengas iracionals de pefeccionism e a resistencia ‘menial ou psicoléica, entre outas, Os processos mediadores de avaliagio cognitiva e confronto Os processos mediadores do stress, da ansiedade e outras emogoesenglobam, por sua veo, duas vardvels fundamentas: a avaliagdo cagnitiva e 0 confron. A avaliaga cognitiva, que constitui © constucto central da teoria da stress e das emocoes (Lazarus & Folkman, 1994; Lazarus, 19913.) € entendida como “uma avaiacso do sgnificado, para

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