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A ÉTICA EM MGF
A medicina preventiva
ALBERTO PINTO HESPANHOL,* LUCIANA COUTO,** CARLOS MARTINS*
RESUMO
Introdução: Segundo a Carta de Ottawa (OMS, 1986) a Promoção da Saúde consiste no proces-
so que visa criar condições para que as pessoas aumentem a sua capacidade de controlar os facto-
res de risco de natureza ambiental e à
res determinantes da saúde, no sentido de a melhorar. A Prevenção é uma das principais compo-
preservação dos recursos naturais.2
nentes da promoção da saúde. Contudo, a sua aplicação pode levantar múltiplos problemas éticos
passíveis de interferir de forma significativa com o resultado final. Dado que o Objectivo Fundamental
Conteúdo: Neste contexto, à luz dos princípios da ética médica, discute-se a abordagem de alguns da Educação para a Saúde é preventivo,
tópicos relacionados com a prática clínica da Medicina Geral e Familiar actual: os factores de risco, tal como se classifica a Prevenção em
a educação para a saúde, a vacinação como forma de prevenção primária da doença, os rastreios primária, secundária ou terciária assim
como forma de prevenção secundária da doença e o modelo da consulta médica. se poderá fazer o mesmo relativamente
Conclusão: A reflexão sobre alguns dos dilemas éticos que envolvem a prática clínica da Medicina à Educação para a Saúde.2
Geral e Familiar é pertinente e espera-se que possa contribuir para melhorar a forma como se apli- Segundo Tones, enquanto que a pre-
ca a prevenção na prática clínica. Neste âmbito, assume particular importância a evolução que se venção primária pretende reduzir a in-
tem assistido no modelo da consulta e na forma como a decisão médica é tomada. cidência (número de novos casos) de
doença na população, a educação para
Palavras-chave: Ética Médica; Medicina Geral e Familiar; Medicina Preventiva; Promoção da Saúde, Educação a saúde primária diz respeito à promo-
para a Saúde. ção do comportamento que proporcio-
ne bem estar ou evite a doença, como é
o caso de encorajar os hábitos alimen-
ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL tares correctos, a vacinação, o exercício
físico e evitar os acidentes.2
Também segundo Tones, enquanto a
este artigo o termo Medi- prevenção secundária pretende reduzir
dos 50 aos 69 anos não foi ainda deter- quaternária também respeita a auto-
minada a periodicidade óptima da rea- nomia do utente ao possibilitar que adi-
lização deste rastreio.15-17 ra ou não à terapêutica prescrita ou a
E finalmente, na área oncológica a conselhos fornecidos nas áreas preven-
prevenção quaternária pode ser enten- tivas ou da doença, após ter sido devi-
dida como «prevenção do sofrimento», damente informado.20
integrando-se nos cuidados paliativos, Da definição de Promoção da Saúde
sendo a quarta fase de controlo do can- retiramos alguns aspectos e acrescen-
cro.18,19 Aparentemente parece tratar- tamos outros que nos parecem, pela
-se de um conceito diferente da preven- sua importância, merecer uma reflexão
ção quaternária anterior, ou seja da pre- especial à luz dos princípios da ética
venção da iatrogenia, contudo tal como médica: os factores de risco e princí-
nos adverte Almeida a prevenção qua- pios da ética médica, a educação para
ternária entendida como «prevenção do a saúde, a vacinação como forma de
sofrimento» orienta os cuidados de saú- prevenção primária da doença, os ras-
de no sentido de proporcionarem uma treios e a consulta médica, decisão e
melhor qualidade aos doentes termi- prevenção – do paternalismo à decisão
nais, prevenindo-se assim as interven- partilhada.
ções médicas desnecessárias.20
A pertinência deste novo tipo de pre-
venção resulta, a nível individual, da
FACTORES DE RISCO E PRINCÍPIOS
detecção de indivíduos em risco de tra- DA ÉTICA MÉDICA
tamento excessivo para os proteger de
novas intervenções médicas inapropria- Muitas das actividades preventivas
das e sugerir-lhes alternativas etica- exercidas no contexto da medicina
mente aceitáveis.6,7 A nível populacio- actual resultam de estudos que eviden-
nal, a sua relevância reside na respos- ciam a associação de determinados fac-
ta que dá ao crescimento dos gastos tores a um risco superior do indivíduo
com cuidados de saúde e que consiste sofrer determinada doença: «factores de
em proporcionar a racionalidade do tra- risco».
tamento, a utilização mais criteriosa O termo «factor de risco» diz respeito
dos recursos em saúde e finalmente a a um estilo de vida ou aspecto do com-
melhoria da qualidade do acto médico. portamento pessoal, a uma exposição
Os principais factores demográficos e ambiental ou a uma característica con-
não-demográficos responsáveis pelo génita ou hereditária, em relação ao
crescimento da despesa com saúde são qual existe evidência epidemiológica de
a inovação tecnológica, o crescimento que está associado a determinada con-
do rendimento das pessoas e o envelhe- dição relacionada com a saúde, condi-
cimento da população, embora a litera- ção essa que se considera importante
tura científica sobre a sustentabilidade prevenir.25 Numa linguagem mais sim-
financeira da saúde faça alusão a ou- ples, usa-se o termo «factor de risco»
tros factores.21-4 para descrever características (factores)
A prevenção quaternária baseia-se que estão associadas positivamente ao
em dois princípios éticos: o princípio da risco de desenvolvimento da doença,
precaução («primum non nocere») e o mas não são necessariamente factores
princípio da proporcionalidade, o qual causais.26 Um factor causal é aquele
estabelece que as eventuais vantagens que ficou estabelecido para lá de qual-
de uma intervenção devem ser pondera- quer dúvida razoável como agente cau-
dos face aos seus hipotéticos riscos, de sal de uma enfermidade.27
modo a evitar a iatrogenia. A prevenção O facto de a decisão de tratar deter-
tes últimos. Concluíram que uma série ções em que opiniões médicas, que
de factores não estavam correlaciona- mostraram estar erradas com o passar
dos com a aderência à terapêutica ou a dos tempos, foram transmitidas como
conselhos, como p.ex. a gravidade dos verdadeiras a um público insuspei-
sintomas, o tipo dos sintomas, a dura- to.31,39
ção dos sintomas, a idade do doente, o A complexidade das necessidades e
sexo do doente, o prognóstico do médi- dos problemas de saúde de utentes e fa-
co sobre a aderência do seu doente. mílias desfavorecidas bem como a inte-
Contudo encontraram correlações com racção entre os vários determinantes
a satisfação do utente com o seu médi- da saúde (físicos, psicológicos, sociais e
co, para além de outras características ambientais) obriga o CG/MF a desen-
do regime terapêutico prescrito pelo mé- volver esforços no sentido de tornar a
dico e do tipo de serviços prestados: educação para a saúde efectiva, execu-
continuidade de prestação de cuidados tando uma variedade de estratégias em
médicos, pouco tempo de espera pela colaboração com diferentes servi-
consulta, organização adequada da uni- ços.17,40,41
dade de saúde, vigilância médica con- Deve ser sempre disponibilizada ao
tínua da terapêutica, encorajamento à utente uma explicação do procedimen-
auto-vigilância do utente e regime tera- to preventivo recomendado, ou seja,
pêutico simples.31 Têm vindo a surgir na educação para a saúde que promova a
literatura médica outros factores que realização da prevenção aconselha-
aumentam a eficácia da educação para da.15,16,42,43 Isto também se aplica ao
a saúde prestada pelos CG/MF, como aconselhamento a prestar ao utente
por exemplo: sentimento de confiança para o informar que um determinado
no CG/MF por parte do utente,35 envol- procedimento não está recomendado
vimento do utente no processo de toma- como prevenção, como é o caso do ras-
da de decisão durante a consulta,36 treio do PSA (Prostate Specific Antigen)
identificação dos benefícios e dos cus- em homens assintomáticos. 15-17,42,43
tos,37 implementação de estratégias que Ultimamente, tem vindo a aumentar
visam ajudar os utentes a recordar con- a referência na literatura científica a
selhos preventivos previamente admi- factores de risco em populações saudá-
nistrados.38 veis, ao ponto de se falar numa «epide-
Assim, a educação do utente em ge- mia de riscos», que acarreta que um
ral diz respeito não só às crenças, ati- número cada vez maior de indivíduos
tudes e comportamentos perante a Saú- saudáveis seja considerado «em risco»
de e factores que os influenciam, mas e tenha necessidade de cuidados médi-
também às estratégias educacionais e cos.44 A sociedade tem vindo a evoluir
comportamentais que podem ser utili- de uma morte evitável e sem diagnósti-
zadas para as modificar. Os objectivos co para uma «cultura do risco», do medo
Gerais da Educação para a Saúde po- inevitável de morrer. Segundo Gérvas e
dem-se expressar do seguinte modo: Fernández, o risco epidemiológico, ou
1. INFORMAR OS UTENTES ACERCA DA SAÚ- seja, a simples associação estatística
DE E DOS SEUS PROBLEMAS EM GERAL OU EM entre um factor e uma doença, quase
PARTICULAR. Em primeiro lugar, antes de se converte numa doença ou numa cau-
se tentar alterar o comportamento das sa necessária e suficiente da mesma.8
pessoas, devem os profissionais envol- Segundo alguns autores trata-se da
vidos estar perfeitamente habilitados a «medicalização» dos factores de risco e
explicitar as razões que justificam os da sociedade,45,46 a que se junta o ale-
seus propósitos. Na realidade, a histó- gado «marketing de medo», da respon-
ria da medicina está repleta de situa- sabilidade de alguma indústria farma-
SAÚDE DISPONÍVEIS, PROMOVENDO A SUA UTI- tante nos nossos dias quando observa-
LIZAÇÃO ADEQUADA. Muitos dos utentes mos os progressos na convocação de
inscritos num determinado CG/MF re- utentes por meio de registos, muitos já
correm aos Serviços de Saúde sem te- computorizados, os quais podem indu-
rem motivo suficiente para o fazer, en- zir o público a pensar que o seu CG/MF
quanto que outros não o fazem, embo- tomará toda a responsabilidade pela
ra tivessem motivo de saúde justificati- correcta programação dos diversos ti-
vo. Na realidade, dado que os recursos pos de serviços preventivos, como por
não são infinitos, será necessário de- exemplo a vacinação e outros rastreios
sencorajar alguns utentes a sobre- oncológicos.15-17,42,43 Muito embora estes
-utilizarem os Serviços de Saúde com sistemas possam ser extremamente be-
vista a libertá-los para outros, manten- néficos é importante realçar que só de-
do assim a eficácia dos Serviços. É nes- vem ser interpretados como sistemas do
te sentido que se desenvolve o conceito tipo «memorando», ficando a responsa-
actual da Qualidade em saúde, ou seja, bilidade na procura dos Serviços de
satisfazer as necessidades dos que mais Saúde a cargo de quem a compete – o
necessitam do serviço, ao mais baixo utente.
custo, e respeitando os limites e di-
rectivas da profissão e do contratante A VACINAÇÃO COMO FORMA DE
(Ovretveit, 1992).48 Esta definição inclui
preocupações de equidade e de exi-
PREVENÇÃO PRIMÁRIA DA DOENÇA
gências técnicas, engloba exigências
éticas e exige obediência contratual. Na A planificação atempada e adequada da
realidade é importante não só dar sa- cobertura vacinal para cada grupo etá-
tisfação aos utentes que recebem rio populacional no âmbito dos cuida-
os serviços de saúde mas também dos de Medicina Preventiva é uma for-
assegurar que todos os que necessitam ma importante de prevenção primária
de um determinado serviço poderão da doença. A vacinação tem dois objec-
obtê-lo.49 tivos temporalmente distintos, a curto
4. PROMOVER A RESPONSABILIDADE DOS prazo propõe proteger os indivíduos e a
UTENTES PELA MANUTENÇÃO DA SUA PRÓ- comunidade contra doenças infeccio-
PRIA SAÚDE. A nível da Medicina Geral e sas graves como a poliomielite e o téta-
Familiar o aconselhamento acerca dos no, enquanto que a longo prazo preten-
estilos de vida relacionado com a saú- de erradicar, sempre que possível, a
de debate-se com algumas dificuldades doença a que se dirige.50
e que fundamentalmente são, segundo No plano de saúde individual, a ní-
Demack (1987), citado pelo Grupo de vel dos cuidados antecipatórios, a pro-
Educación Sanitaria y Promoción Sani- tecção que se pretende com a adminis-
taria y Promoción de la Salud semFYC tração das vacinas a toda a população,
(PAPPS): o CG/MF espera «sucessos te- sem olhar a classes sociais, tem um po-
rapêuticos», a curto ou a médio prazo, tencial igualitário (justiça social) sendo
ao passo que o utente espera mais um expressão do princípio da universalida-
«tratamento» do que conselhos; os pro- de. Constitui ainda uma forma de in-
fissionais receberam formação insufici- tervir oportuna e apropriada para pro-
ente para lidar com questões relaciona- mover e manter a equidade social pro-
das com estilos de vida; muitos utentes tegendo a população de doenças mais
estão pouco predispostos a assumir a graves (beneficência), ponderando sem-
responsabilidade sobre a sua própria pre a relação benefícios/riscos (não ma-
saúde.34 leficência). 51,52
Este objectivo é cada vez mais impor- A sub-imunização é um problema
QUADRO V
uma maior acessibilidade aos cuidados complexidade cada vez maior. A Medi-
de saúde terão sido alguns dos factores cina Preventiva colocar-nos-á também
motivadores desta evolução. Contudo, desafios mais complexos. Basta pensar
também terão existido aspectos éticos nos desafios que a investigação cientí-
que contribuíram para esta evolução. O fica no campo da genética nos coloca-
tradicional modelo paternalista não res- rá. Contudo, parece-nos que a melhor
peita alguns dos valores e princípios éti- prática e o respeito pelos princípios éti-
cos fundamentais como, por exemplo, cos seguirá os passos da evolução aqui
o princípio da autonomia. Immanuel apresentada.
Kant definiu a autonomia como a pos-
sibilidade do «próprio efectuar opções e
tomar decisões, sendo o próprio uma
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Neste contexto, centremos agora a
5. Ministério da Saúde. Programa Nacional
nossa reflexão sobre a componente pre- de Prevenção e Controlo das Doenças Cardio-
ventiva da Medicina Geral e Familiar. vasculares. Despacho nº 16415/2003 (II série)
Atendendo aos problemas éticos que a – D. R. nº 193, de 22 de Agosto.
Medina Preventiva pode levantar, pare- 6. Jamoulle M. Quaternary prevention: pre-
ce-nos óbvio que levar em consideração vention as you never heard before (definitions
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ABSTRACT
Introduction: According to the Ottawa Charter (WHO, 1986), Health Promotion is the process of
enabling people to increase control over, and to improve, their health. Prevention is a major com-
ponent of Health Promotion. However, applying prevention may raise multiple ethical issues which
can interfere with the final result.
Content: Under this context and based on the principles of medical ethics, we discuss some clini-
cal practice topics related with the modern Family Medicine: risk factors, health education, immu-
nization, screening and the model of consultation.
Conclusion: The reflection about some ethical dilemmas surrounding the clinical practice in Family
Medicine is expected to contribute to improve the way prevention is performed. Particular rele-
vance and attention should be given to the evolution of the consultation model and of the medi-
cal decision model.
Keywords: Medical Ethics; Family Medicine; Preventive Medicine; Health Promotion; Health Education.