E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 º D E A G O S T O D E 2 0 1 0

BEMVIVER 3
MATÉRIA DE CAPA

Ao decidir fazer uma cirurgia plástica, os adolescentes

devem conhecer todas as informações que envolvem
o procedimento para não correr riscos desnecessários

Enquanto isso, na
antessala... DÉA JANUZZI
A hora certa para fazer uma cirurgia
plásticadependeprincipalmentedode-
sejo do adolescente e de ser comprova-
do seu amadurecimento físico e emo-
cional. Uma redução de mama, por
exemplo,podeserrealizadaapartirdos
14 anos, segundo o cirurgião plástico
VolneyPitombo,doRiodeJaneiro,“mas
nãomearriscoemcolocarprótesedesi-
licone antes dos 20. “Uma adolescente
tem que se habituar com a mama pe-
quena e com seu corpo, por uma ques-
tão de autoimagem e de segurança, e
não por uma questão de modismo, co-
mo vem ocorrendo. As mamas podem
seraumentadascomsucesso,deacordo
com o contorno do corpo, que inclui tó-
rax,ombrosealturadapaciente.Asma-
mas exageradas demais acabam se
transformando em aberrações.”
Lipoaspiração em adolescentes de
15 e 16 anos também está descartada
pelo cirurgião. “Sugiro que façam ree-
ducação alimentar e atividade física.
Usem outros meios para esculpir o
corpo. Nessa idade, eles devem ter ou-
tros recursos para perder volumes de
gordura”, diz. “Mesmo na rinoplastia
(cirurgia de nariz), é preciso que o ado-
lescente tenha certeza do que está fa-
zendo, inclusive que o defeito em
questão está lhe causando constrangi-
mentos. Não faço cirurgia, por exem-
plo, se é a mãe que está conduzindo a
consulta. Se o incômodo é mais dela do
que da filha. A paciente precisa mos-
trar vontade e um certo amadureci-
mento. A conversa entre médico e ado-
lescente é fundamental para operar ou
não. “Apesar de ser imprescindível a
presença dos pais ou responsáveis, é o
jovem que tem que decidir, estar dis-
posto, pois toda cirurgia envolve riscos
e consequencias.”
Disposta a ficar livre do incômodo
nariz grande, Júlia da Costa Dias, de 16
anos, fez a rinoplastia há oito dias. “Na
escola, uma vez me chamaram até de
nariz de tucano.” Antes da cirurgia, Júlia
fez uma pesquisa com os parentes e
amigos chegados. Mostrou maturidade
ao perguntar para cada um o que acha-
va de seu nariz. “Muitas pessoas só repa-
BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS

CRISTINA GRANATO/DIVULGAÇÃO raram que meu nariz era grande depois

que chamei a atenção deles. Outras dis-
seram que não o achavam feio, que eu
não precisava fazer a cirurgia.”
Ao indagar à melhor amiga, Vanes-
sa, também de 16, o que achava, ficou
surpresa com o que ela falou. “Se o ta-
manho do meu nariz me incomodas-
se, deveria fazer a cirurgia, mas não
porque as pessoas achavam que eu ti- O cirurgião me deu um sedativo,
nha que fazer. O que você acha é mais
importante do que o que as pessoas fa- contei até três e apaguei. Quando
lam”, disse a sábia amiga de Júlia.
Curiosa, Júlia ainda pesquisou entre acordei, já estava no quarto da
gente famosa. Descobriu que a Gisele
Bündchen e a Megan Fox fizeram rino- clínica com minha mãe
plastia e não se arrependeram. Pergun-
tou também para a madrinha dela e
para o avô, que foram muito conscien- ■ Júlia da Costa Dias, estudante, de 16 anos
tes. “Eles me disseram que só deveria
fazer se o tamanho do nariz me inco-
modasse muito.” mo ramo da medicina, a cirurgia curada na infância. “O ideal é procurar
Na verdade, Júlia já tinha a resposta plástica também acompanha esse um cirurgião plástico quando a criança
e resolveu operar. Em 15 de julho, en- comportamento, principalmente de- tiver 7 anos, pois nessa época o pavi-
trou firme para a sala de cirurgia e a pois da evolução da ciência. “Defeitos lhão auricular atinge seu pleno desen-
operação durou duas horas. Nem da congênitos, como lábios leporinos ou volvimento, quando alcança o tama-
anestesia reclamou. “O cirurgião me orelha de abano, podem ser corrigi- nho da orelha de um adulto. Essa fase,
deu um sedativo, contei até três e apa- dos ainda na infância, na idade pré- geralmente, coincide com a fase em
guei. Quando acordei, já estava no escolar, para não criar complexo na que a criança torna-se alvo de críticas e
quarto da clínica com minha mãe.” criança e evitar apelidos como orelha zombarias na escola. É comum que
Uma semana depois, ela retirou o ges- de morcego, de elefante.” passem a apresentar problemas psico-
so, mas ainda está com curativo e tem As deformidades congênitas cau- lógicos, de relacionamento, e até se ne-
manchas roxas em volta dos olhos. sam alterações tanto de ordem funcio- garem a frequentar a escola, o que fa-
“Ainda não vi o nariz direito. O cirur- nal como estética. A cirurgiã plástica Pa- talmente traria enormes prejuízos em
gião me disse que são seis meses para trícia Leite assegura que determinadas seu desenvolvimento intelectual e psi-
desinchar completamente e dois anos doenças ou síndromes são tão eviden- cossocial. Por isso, quando o defeito é
para ficar normal, mas sinto que já es- tes que causam desconforto nos adul- muito evidente e grosseiro, os pais po-
tou diferente”, diz. tos que convivem com a criança, e pro- dem procurar a cirurgia plástica preco-
vocam nos portadores distúrbios de cemente, por volta do 5 anos.”
DEFEITOS GENÉTICOS O cirurgião comportamento e de convívio social.
Volney Pitombo lembra que tratar A otoplastia, realizada para corrigir LEIA MAIS SOBRE CIRURGIA PLÁSTICA
dos problemas precocemente é uma as famosas e desconfortáveis orelhas EM ADOLESCENTES
tendência universal da medicina. Co- de abano, é a cirurgia plástica mais pro- PÁGINA 4

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