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Midu Gorini
midugorinibook
A Imagem Idilista
Mídu Gorini
2003-2008
IDILISTA significa, segundo os dicionaristas: autor de idílio, utopista, fantasioso. IDÍLIO
significa pequeno poema fantasioso e utópico. Portanto A Imagem Idilista é a imagem
gerando fantasia e utopia, em forma de poema.
Primeiro vem à imagem, depois o poema, onde as palavras foram lavradas, de forma
lúdica, sem as pretensões literárias, de um Neruda, Bocage, Drummont, Pessoa ou da
vizinha ao lado, escritora poetisa.
Mídu Gorini
Povo enzoneiro,
maroto, marouço
Em movimento
com movimento
Sem-terra
Sem-teto
Sem-bingo
Sem-BMW
Êta povo sem nada!
A cidade iluminada
pela lua
Na rua
os ruídos da noite
ferem a madrugada
sem maldade
Meu pensamento Sinto o desejo nos seus lábios
acaricia o seu corpo como a tarde que arde ao sol
com malícia Sol que nunca serei
com saudade minha lembrança em sua vida
descansa doce Sol que sempre serei
nos seus lábios em seus lábios
Você me procura
como quem busca a cura
sacia os seus lábios
nos meus lábios
e parte na madrugada ferida
para o Sol de sua vida.
A flor do rosto
a falta do trabalho
e o peso do pão
as monótonas renúncias
e todos os sonhos na prece
De rua a rua
com sofrimento muito
De lua a lua
com esperança pouca
Crianças de rua
crianças de lua
Lesam a poesia
Cortam o coração
o silêncio solidão
que segura a bengala
ecoa pelas mãos
marcadas pela ação do tempo
enobrecidas pela mão de obra
humildes pela ação da sabedoria
bondosas pela ação do coração
mãos de poema com poesia
esperando o tempo passar
Parte Final
a fúria dos infernos infernais com maestria
escondida nas terras despertou a ira irracional
profundas do deserto do super cow-boy passional
adormecida em suas areias e crucificou seu pobre povo pobre
pálidas e opacas na cruz dos desesperados
sonhou com a paz sonhada depois foi dormir feliz
morta em cacos a insônia de algum infeliz
de infantil esperança verde-doce escondida nas trevas
com um cínico sorriso profundas do deserto
ofertado ao paraíso adormecida em suas areias
se vestiu de fundamentalismo pálidas e opacas
cego sonhou que mudou o mundo
afiou as armas com mão de ferro
lançou chamas pelos olhos da fé
rasgou o amor no coração de
Maomé
lambeu seu povo descente
com vil veneno incandescente
e correu como um líquido
voou em céus que não eram seus
derrubou torres com atrocísmo
bebeu sangue de gente inocente
alterou a geometria do pentágono
com fanatismo
bebeu sangue de gente inocente
um pássaro rebelde
caí do céu com heroísmo
bebeu sangue de gente inocente
cuspia na cara da humanidade
com alegria
Nina
corpo de menina
carinho de mulher
alma feminina
Linda
menina-mulher
Nina
sem a cadência do
fonema
sem o ritmo do
compasso
virei um Zumbi no
espaço
Rosa é teu nome
Margarida ou estrela
mãe da vida
foi se fazendo
serena
morena flor
morena de alfazema e açucena
de poema com poesia
flor de rima e verso
com aroma, gosto, tato e emoção
foi se fazendo poesia
que se entrega ao poema
sem alterar a natureza da água doce
que busca o sal a meio mar
sem alterar o destino da lágrima salgada
que busca o doce na esperança mansa
Rosa é teu nome
Margarida ou obra-prima
estrela mãe da vida
tua lágrima
é gota divina da natureza
O dia disse se há bingo eu vou
morrer e mais triste que envelhecer quermesse não vou
Que dia é esse dançar nem pensar
envelhecer é juventude acumulada falta o vovô
mais eu digo com todas as palavras anoitece floresce a lua
lavradas em alto e bom som as estrelas e meu versinho
hoje eu acordei com pouco ou deixa os olhos cheios de vazio
nenhum talento para acordar e o coração cheio de saudade
A velhice desliza suave sobre o tempo
mas não se iludam
mesmo ao amanhecer
não há poesia no envelhecer
há café, jornal e tédio
há médico, prevenção e médium
há pastor, promessa e remédio
dentista só para ajustar a dentadura
um sintoma
um sinal
e a suspeita do mal
consulta inevitável
com exame intolerável
A verdade inaceitável
desvelou-se sobre a vida
Diagnóstico esclarecido
o mal está bem estabelecido
prognóstico padecido
e o futuro adoecido
Descortinou-se sobre a vida
Catapora!
madrugada calada no sentimento
da poesia e da fantasia
a esperança dança perto dos olhos
procura a cura nas águas profundas
do oceano revolto e insano
busca a pétala, das rosas preciosas
a vida que vive com graça
o coração que bate sem ameaça
(posso ouvi-lo no silêncio tranqüilo)
nos beijos menos inocentes
dos lábios mais ardentes
nos amantes que transpiram
tentadores e perdidos amores
e deixam no leito o aroma de flores
que misturam deliciosas cores e dores
a vida é um mar de rosas preciosas
que foge na madrugada apiedada
do antigo e cruel castigo
do gato sobre o rato
do grave sobre o suave
da sobrevida que agoniza perdida
mas ainda há vida!
no ar louco do mar rouco
o grito aflito da esperança
dança perto dos olhos
sem fantasia e sem poesia
Paixão
é o pensar com o coração
posso ouvi-lo
no silêncio tranqüilo
é o sonhar na madrugada
apiedada com os gritos
aflitos da esperança
que dança perto dos olhos
com fantasia e poesia
é o desejar com medo
e a fúria dos oceanos
revoltos e insanos
querer estar junto
como unha e carne
beijo e abraço
corpo e alma
falar ao ouvido
que a vida passa com graça
sentir a respiração
tão próxima que parece uma só
buscando no ar louco
do mar rouco
a pétala
das rosas preciosas
é desejar sentir
os lábios quentes
nos beijos menos
inocentes
para depois sentir
o calor do corpo
transpirando tentadores
e perdidos amores
que deixam
no leito perfeito o aroma de flores
que misturam
deliciosas cores e tremores
em suas pétalas.
Paixão
é o pensar é o sonhar
é o desejar
querer estar junto
falar ao ouvido
sentir a respiração
tão próxima que parece uma só
é desejar sentir
os lábios quentes
o calor do corpo
no leito perfeito
Na hora mais incerta
subtraio do raio
a ilusão iluminada
com a esperança mansa
de quem busca a paixão
A vida respira
as cores das flores
depois de tantos
amores e desamores
deseja seus sedutores suores