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O Projeto Ficha Limpa torna mais rigorosos os critérios que impedem políticos
condenados pela Justiça de se candidatarem às eleições. Apesar de ter recebido
emendas na Câmara dos Deputados e no Senado que amenizam seu impacto, ele
contribui para mudar o comportamento da classe política.
Pressão popular
A proposta chegou ao Congresso por meio do Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLP),
que é quando o projeto tem origem na sociedade civil.
No caso do Projeto Ficha Limpa, trata-se de uma lei complementar. Esse tipo de
projeto é feito para complementar ou regular uma regra já estabelecida pela
Constituição Federal de 1988. Para ser aprovado, precisa de votos da maioria absoluta
da Câmara dos Deputados e do Senado.
O Ficha Limpa proíbe que políticos condenados por órgãos colegiados, isto é, por
grupos de juízes, se candidatem às eleições. Pela lei atual, o político ficaria impedido
de se candidatar somente quando todos os recursos estivessem esgotados, o que é
chamado de decisão transitada em julgado. O problema é que o trâmite pode demorar
anos, o que acaba beneficiando os réus.
De acordo com a Lei Complementar nº 64, somente quando esgotados todos esses
recursos o político que responde a processo poderia ser impedido de se candidatar.
Já o Projeto Ficha Limpa torna inelegível o réu que for condenado por um grupo de
juízes que mantiver a condenação de primeira instância, além daqueles que tiverem
sido condenados por decisão transitada em julgado.
Quando ao prazo de inegibilidade, ele varia hoje de acordo com a infração cometida e
o cargo ocupado pelo político. Com as alterações do Ficha Limpa, o prazo é de oito
anos após o fim do mandato, incluindo as eleições que ocorrerem durante o restante
do mandato do político condenado, e independe do tipo de crime cometido.
Outra mudança diz respeito aos crimes que tornam o político inelegível, caso
condenado. O Ficha Limpa mantém todos os delitos previstos na lei em vigor (como
crimes eleitorais, contra a administração pública e tráfico), e inclui outros, tais como:
crimes contra o patrimônio privado, contra o meio ambiente e saúde, lavagem e
ocultação de bens, crimes hediondos e praticados por organização criminosa.
Eleições de outubro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o projeto e o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) decidiu que as regras já são válidas para o pleito deste ano.
Polêmicas
Segundo especialistas, emendas na proposta, feitas pelo Congresso, amenizaram o
impacto da redação inicial do Ficha Limpa.
O texto original do Ficha Limpa também foi abrandado na Câmara dos Deputados, no
artigo relativo à condenação do político. De acordo com o projeto apresentado, o
político ficaria impedido de concorrer às eleições se fosse condenado na primeira
instância. Com a emenda parlamentar, a inegibilidade é aplicada somente em decisão
colegiada ou de última instância.
Políticos como o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que não poderia se candidatar às
eleições deste ano segundo o Ficha Limpa poderão fazer isso graças à emenda feita
ao projeto.
Na prática, o Projeto Ficha Limpa afeta um quarto dos deputados e senadores que
respondem a inquéritos ou ação penal no STF. Porém, a lei sozinha não basta. As
urnas ainda são a melhor forma de barrar os maus políticos.