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I

SIDNEY AGUIAR

DA CACHAÇA AO PAPEL
A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA DE LENÇÓIS PAULISTA E
AGUDOS

1ª Edição

BAURU
2018

II
AGUIAR, Sidney
PESQUISA, EDIÇÃO E
REVISÃO TÉCNICA
Sidney Aguiar
S283 Da Cachaça ao Papel.
CAPA E EDIÇÃO DE IMAGENS Sidney Aguiar. - Bauru, 2018
Adriano Martins 175 f. : il.
ISBN: 978-85-917955-1-2
DIREÇÃO DE PROJETO
Logan Caversan 1. Indústria 2. Lençóis Paulista,
Ricardo Pasqualini Agudos - História. 3. Economia. I.
Sidney Aguiar Autor II. Título.

COLABORAÇÃO TÉCNICA
José Eduardo Stoppa CDD 981.61 - 21.ed.
Nereide Daniel Masson

Propriedades Jurídicas:
REVISÃO ORTOGRÁFICA
E GRAMATICAL A presente obra trata da biogra-
Elaine Andreotti Peixoto fia das principais indústrias dos
municípios de Agudos e Lençóis
FINALIZAÇÃO Paulista, tratadas como perso-
Silviane Ap. S. Sanches nalidades públicas de interes-
Rodrigues ses econômicos de regime
privado. Levando em
IMPRESSÃO E ACABAMENTO
consideração o princípio
jurídico, de que toda sociedade
livre precisa conhecer sua
história, Da Cachaça ao Papel,
revela a bela história de
personalidades e organizações
empresariais que contribuíram
e ainda contribuem para o
desenvolvimento de umas das
regiões mais prósperas do
Estado de São Paulo.
Jurisprudência: Acórdão STF
III 4815/12
ADIN
AGRADECIMENTOS

À amiga Adriana Siqueira Machado, pela colaboração.

À senhora Zilda Paccola, pela colaboração.

À senhora Adaldima Arlete Andreotti Peixoto, pela colaboração.

À senhora Maria Luiza Boso, pela colaboração.

Ao senhor Alexandre Leda, pela colaboração.

Ao senhor Valter Zacharias, pela colaboração.

Ao senhor Rothervan Finco, pela colaboração.

À senhora Maria Aparecida (Neca), Barbosa Finco, pela


colaboração.

Ao engenheiro florestal e ex-gerente de sustentabilidade da


empresa Duratex, José Luiz da Silva Maia, pela colaboração.

Ao engenheiro florestal, Dr. Francisco Bertolani, grande


referência internacional em reflorestamento comercial, pela
colaboração.

Ao amigo José Lúcio Melon (Melão), pela importante


colaboração nos procedimentos de pesquisas e documentação
desta obra.

IV
Ao amigo Tito Lorenzetti, pela colaboração.

Ao grande escritor lençoense Florindo Paccola, referência desta


obra, pela colaboração

Ao grande escritor lençoense, Nelson Faillace, pela colaboração.

Ao senhor João Ranzani (In Memoriam), pela colaboração.

Ao amigo Sérgio Luiz Peres, pela colaboração.

Ao amigo Tuca Bolonha, pela colaboração.

Ao amigo Wiliam Orsi Filho, pela colaboração.

Aos jornalistas: Eduardo Magalhães e João Carlos Lorenzetti,


referências desta obra, pela colaboração.

Ao Jornal da Cidade de Bauru, pela colaboração.

Ao Jornal O ECO de Lençóis Paulista, pela colaboração.

Ao Jornal SABADÃO do Povo de Lençóis Paulista, pela


colaboração.

À Revista O COMÉRCIO, de Lençóis Paulista, pela colaboração.

Ao Frigorifico Frigol, por autorizar a citação direta da marca


empresarial.

V
Ao Comércio e Indústria Orsi Ltda., por autorizar a citação
direta da marca empresarial.

Ao Grupo M. Dias Branco, por autorizar a citação direta da marca


empresarial.

Ao Engenho São Luiz, por autorizar a citação direta da marca


empresarial.

Ao Espaço Cultural “Cidade do Livro” de Lençóis Paulista, pela


colaboração.

Ao Espaço Histórico “Plínio Machado Cardia” de Agudos, pela


colaboração.

Aos nossos patrocinadores: ACILPA, Belmont Alimentos,


Lutepel Indústria e Comércio de Papel e Zilor Energia e
Alimentos, por sempre associarem suas marcas com grandes
projetos na nossa região e à Secretaria Municipal de Cultura de
Lençóis Paulista pelo apoio.

VI
DEDICATÓRIAS

Dedico esta obra ao Supremo Criador do Universo (YHWH),


pela inspiração e sabedoria que Ele me concede todos os dias para
cumprir Seus propósitos, pelo meio de transformar os
pensamentos em palavras.

À minha mamãe Maria Dora, pelo apoio incondicional de sempre.


Ao meu papai Pedro Aguiar (In memoriam) pelo legado deixado.

Ao grande amor da minha vida, Dra. Ligia Martins, pelo incentivo


que me move para desafios nunca antes explorados.

Ao senhor Luiz Carlos Trecenti, grande empreendedor


lençoense, por sempre acreditar na força de Lençóis Paulista e da
região.

A todos os empreendedores de Lençóis Paulista, que acreditaram


nos seus sonhos e aptidões e jamais se deixaram vencer pelas
oposições e dificuldades da vida.

VII
CRONOLOGIA

1906 - os primeiros engenhos movimentavam a economia


regional, fabricando as melhores cachaças do Brasil. Foi
inaugurado o matadouro municipal em Lençóis Paulista.

Década de 1940 - o setor sucroenergético iniciou suas atividades


no processamento industrial da cana-de-açúcar.

Década de 1950 - a indústria alimentícia ganhava espaço através


dos pequenos negócios familiares. Em Agudos foi fundada a
Companhia Paulista de Cervejas Vienenses e a CAFMA
(Freudenberg Indústria de Derivados de Madeiras).

Década de 1960 - a produção sucroenergética, fazia com que


Lençóis Paulista começasse ser conhecida como “A Princesa dos
Canaviais”. Começava em Agudos as atividades da Companhia
Cervejaria Brahma, com a aquisição da antiga Companhia Paulista
de Cervejas Vienenses.

Década de 1970 - a indústria petroquímica lençoense iniciava


suas atividades, a indústria sucroenergética teve seu primeiro
boom de produção, sendo o auge da produção canavieira no
município. É Fundada a Associação Comercial e Industrial de

VIII
Lençóis Paulista para promover a gestão industrial no município.

Década de 1980 - Começava as atividades da indústria de


celulose. A Companhia Cervejaria Brahma de Agudos se torna uma
subsidiária da AmBev.

Década de 1990 - inicia o crescimento da indústria de celulose e


papel em Lençóis Paulista.

2000 - acorreu a modernização da indústria pesada.

2007 - a indústria lençoense elevou o município de Lençóis


Paulista ao quinto maior PIB da mesorregião de Bauru.

2016 - o ciclo das atividades da indústria têxtil em Lençóis


Paulista encerrava-se depois de cinco décadas de atividades
ininterruptas.

2017 - a forte indústria sucroenergética de Lençóis Paulista


completa 70 anos de atividades, como a grande locomotiva da
indústria local. É anunciada a instalação da terceira unidade
industrial do ramo de papel no município de Lençóis Paulista. A
indústria de proteína animal lençoense assume a quarta posição
entre os maiores produtores carnes do Brasil.

IX
2018 – a rica Lençóis Paulista, polo industrial da região de Bauru,
completa 160 anos de desenvolvimento e prosperidade. A bela
Agudos completa 120 anos de muito trabalho e desenvolvimento.
É anunciada a venda da indústria de celulose para um grupo
asiático de Singapura, que por 32 anos pertenceu ao grupo
lençoense do ramo petroquímico.

X
PREFÁCIO

A indústria é base do desenvolvimento nos tempos


modernos, sendo o indicador máximo da economia
mundial e fator principal do desenvolvimento das sociedades.
Conhecida também como o setor primário das atividades
econômicas, ela é responsável pelos parâmetros de crescimento,
estabelecendo a base de sustentação das economias globais,
regionais e locais. Toda a cadeia produtiva e econômica é
sustentada pela manufatura de larga escala, outro nome atribuído
à indústria. Isto significa que, se a produção industrial passar por
quedas, todos os setores produtivos subsequentes entram em
depressão.

É por seu desempenho que é calculado o Produto Interno


Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas em
determinada região. A base industrial brasileira sofreu grandes
transformações ao longo da história, principalmente da metade do
século XX em diante, por consequência da grande influência
político-econômica. Nesse período, o Brasil deixou de ser um país
rural e de manufatura artesanal para ser um Estado
industrializado e metropolizado. A industrialização possibilitou
ao País deixar de ser apenas um importador, para ser
XI
autossuficiente em muitos produtos (ou estar menos sujeito à
importação de alguns produtos) e, mais tarde, tornar-se um
potencial exportador de bens e tecnologias. O crescimento da
manufatura de larga escala fez de algumas regiões brasileiras,
grandes polos industriais e outras deficitárias de indústrias. O
Sudeste brasileiro tornou-se a região mais desenvolvida do País
em poucas décadas, devido à disponibilidade de infraestrutura
logística, geográfica, recursos naturais e de mão-de-obra
qualificada. Dessa forma, São Paulo se destaca como o maior polo
industrial do Brasil, ostentando a maior economia da Federação, e
passando a ser a “alavanca do Brasil”. A região metropolitana da
Capital paulista cresceu e se desenvolveu, sob os olhares
corporativos do mundo moderno e pelas engrenagens frenéticas
da maior diversidade industrial do Brasil. No Estado mais
abastado do País, a diversidade da indústria, gerou polos
específicos para cada atividade industrial e, a indústria paulista
tornou-se uma personificação da indústria brasileira, concentrada
até décadas atrás na região da Grande São Paulo. Entretanto, a
metropolização de regiões próximas à Capital paulista possibilitou
a desmetropolização da Grande São Paulo, fazendo com que
cidades do interior paulista fossem reconhecidas como polos

XII
industriais. Cidades das regiões de Campinas, Vale do Paraíba,
Jundiaí e Baixada Santista foram algumas, que aliviaram a
metropolização industrial da Grande São Paulo e se destacaram
nos seus polos industriais. Após tais regiões serem reconhecidas
como as vedetes da indústria paulista, o interior das terras férteis
e de grande abundância de água do Oeste e do Noroeste paulista
estão se destacando pela sua ampla variedade industrial.
Considerada o polo industrial da região de Bauru, a rica Lençóis
Paulista localizada entre as projeções geopolíticas da Serra dos
Agudos e o Vale do Tietê foi arquitetada economicamente pela
produção de cachaça, sendo o embrião da forte industrialização
desse médio município localizado no interior do Estado de São
Paulo.

A forte indústria lençoense foi concebida, em sua maioria,


por imigrantes italianos e espanhóis, que nas terras de Lençóis
fizeram seus sonhos se tornarem grandes empreendimentos de
renome em todo o Brasil. A Lençóes1 do século XIX até meados do
século XX era uma localidade dependente da cultura cafeeira: o
“ouro negro” responsável pelo alicerçamento daquela que, tempos

1Antiga grafia do município paulista de Lençóis Paulista.


XIII
depois, viria a ser um dos municípios mais industrializados do
interior paulista. No início dos anos de 1900, Lençóis dava os
primeiros passos na industrialização com a introdução do cultivo
da cana-de-açúcar para a produção de cachaça. Entre as décadas
de 1940 e 1970, foram períodos da forte expansão industrial, por
meio de empreendimentos que viriam tornar-se grandes
indústrias nos ramos sucroenergético, alimentício, têxtil,
petroquímico e papel. A partir da década de 1980, a rica Lençóis
Paulista começou a diversificar a indústria e agregar novos tipos
de cultivos e processos industriais.

Em Agudos, a indústria iniciou seu ciclo de modernização a


partir do final da década de 1980 com a aquisição da CAFMA pela
Duratex, ciclo esse que desdobrou até o final da década de 1990
com a fusão das duas principais cervejarias do Brasil, formando a
AmBev. A principal característica econômica de Agudos está
relacionada à água de altíssima qualidade que é captada de uma
reserva única do Aquífero Guarani, que produz sabor inigualável
à cerveja produzida em Agudos, famosa em todo o Brasil.

XIV
SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS......................................................................... IV
DEDICATÓRIA ..................................................................................VII
CRONOLOGIA ................................................................................. VIII
PREFÁCIO ........................................................................................... XI
CAPÍTULO I
INDUSTRIALIZAÇÃO MUNDIAL ................................................ 4
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL .......................................................... 4
A Primeira Revolução Industrial ................................ 5
A Segunda Revolução Industrial ................................. 5
INDÚSTRIA EUROPEIA ................................................................. 5
INDÚSTRIA AMERICANA ............................................................. 7
INDÚSTRIA ASIÁTICA ................................................................... 9
A Indústria Japonesa .................................................... 10
A Indústria Japonesa no Pós-Guerra ...................... 10
Os Tigres Asiáticos ........................................................ 11
A Indústria Chinesa e Suas Caraterísticas ............ 12
INDÚSTRIA LATINO - AMERICANA ...................................... 12
MODERNIZAÇÃO DA INDÚSTRIA .......................................... 14
A Terceira Revolução Industrial .............................. 14
CAPÍTULO II
INDÚSTRIA BRASILEIRA .......................................................... 17
O Início da Industrialização no Brasil .................... 17
As Caraterísticas da indústria brasileira .............. 19
A Indústria brasileira na atualidade ....................... 20
CAPÍTULO III
INDÚSTRIA PAULISTA ............................................................... 22
Regiões Metropolitanas do Estado ........................ 22
Região Metropolitana de São Paulo - RMSP ........ 23
CAPÍTULO IV
INDÚSTRIA DE AGUDOS ........................................................... 26
Indústria de Madeiras .................................................. 27
Indústria Cervejeira ...................................................... 41
CAPÍTULO V
INDÚSTRIA DE LENÇÓIS PAULISTA ..................................... 49
Indústria da Cachaça .................................................... 52
Decadência da Indústria da Cachaça ...................... 65
A Indústria da Cachaça na Atualidade ................... 65
INDÚSTRIA SUCROENERGÉTICA .......................................... 72
Princesa dos Canaviais ................................................ 72
INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA ....................................................... 85
Indústria de Massas ...................................................... 86
Indústria de Biscoitos .................................................. 98
Indústria de Bebidas................................................... 106
Indústria de Derivados de Origem Animal ........ 116
Indústria Vinagreira ................................................... 123
INDÚSTRIA TÊXTIL ................................................................... 127
INDÚSTRIA SIDERÚRGICA E ACIARIA............................... 134
INDÚSTRIA PETROQUÍMICA ................................................. 141
INDÚSTRIA DE CELULOSE ..................................................... 149
INDÚSTRIA DE PAPEL ............................................................. 159
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 167
FICHA TÉCNICA .......................................................................... 170
Sobre a Obra ................................................................... 170
Sobre o Autor ................................................................. 173
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................... 174
CAPÍTULO I
INDUSTRIALIZAÇÃO MUNDIAL
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que


aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal
particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho
artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. Até o final
do século XVIII a maioria da população europeia vivia no campo e
produzia o que consumia. De maneira artesanal o produtor
dominava todo o processo produtivo. Apesar de a produção ser
predominantemente artesanal, países como a França e a
Inglaterra, possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes
oficinas onde diversos artesãos realizavam as tarefas
manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da
manufatura. A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial
devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia,
o fato de o país possuir a mais importante zona de livre comércio
da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar
o que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos.
Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operário
era explorado sendo forçado a trabalhar até 15 horas por dia em
troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças
também eram obrigadas a trabalhar para sustentarem suas
famílias. Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as
péssimas condições de trabalho oferecidas, e começaram a
sabotar as máquinas, ficando conhecidos como “os quebradores
de máquinas” (sic2).

2AGUIAR, Isabel: A história da revolução industrial (2012).


-4-
A Primeira Revolução Industrial

Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada,


primeiramente, à Inglaterra. Houve o aparecimento de indústrias
de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa época
o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a
continuação da Revolução (sic2).

A Segunda Revolução Industrial

A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao contrário


da primeira fase, países como Alemanha, França, Rússia e Itália
também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da
energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a
invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o
desenvolvimento de produtos químicos foram as principais
inovações desse período(sic2).

INDÚSTRIA EUROPEIA

A Europa é o berço da industrialização mundial, onde


ocorreram as maiores revoluções tecnológicas no processamento
da manufatura – no continente europeu nasceram as principais
atividades industriais do mundo moderno. Até a metade do século
XX a Europa é a base da industrialização mundial, exportando
tecnologias e equipamentos de produção.

-5-
Expansão industrial na Europa
Fonte: A economia industrial da União Europeia (2011)

A forte industrialização europeia originou-se em sua maior


parte, do pior conflito armado que foi a Segunda Guerra Mundial.
Enquanto a concentração industrial permanecia restrita apenas a
alguns países europeus, o restante do mundo sustentava-se pelo
trabalho agrícola. O crescimento industrial europeu foi resultado
do alto grau de inovação tecnológica e de métodos de produção
em longa escala de bens e produtos exportados para todo mundo.
Com o domínio de tecnologias inéditas, a indústria europeia
permitia-se ostentar o direito de comercializar seus produtos para
países não ou pouco industrializados. (Quem detém tecnologias e
métodos modernos de produção, pode impor seus produtos e

-6-
preços, pois, quem não possui as mesmas condições é,
teoricamente, obrigado a aceitar essa imposição de mercado).

INDÚSTRIA AMERICANA

Um dos orgulhos americanos é ostentar a economia mais


desenvolvida do mundo puxada pela indústria mais desenvolvida
do planeta. O sonho americano é alavancado pela potência
máxima da indústria norte-americana. No Pós-Guerra, ela iniciou
um desenvolvimento sem precedentes, fazendo dos Estados
Unidos a nação mais rica do mundo.

Os investimentos em tecnologias bélicas, fizeram com que os


Estados Unidos da América se destacassem como a Nação mais
poderosa do Planeta. A visão empreendedora americana
impulsionou o crescimento e o desenvolvimento de tecnologias
que permitiram fazer da indústria antiga referência em todo o
mundo. Um dos grandes feitos da indústria americana foi
possibilitar o aumento da produção e diminuir os custos. Como
exemplo, pode-se citar o Fordismo.

-7-
Fordismo

Henry Ford3 é considerado um dos maiores empreendedores


americanos, desenvolveu a metodologia de produção em larga
escala, possibilitando a redução dos custos de produção com o
aproveitamento de tempo, recursos e disponibilidades de
insumos. Com essa metodologia de produção em larga escala,
tornou-se possível produzir mais com menos tempo e
incentivando o consumismo, pois, esses métodos deixavam os
preços mais acessíveis em tempos de pouca prosperidade
mundial. As ideias de Henry Ford modificaram todo o pensamento
da época, foi através delas que se desenvolveu a mecanização do
trabalho, produção em massa, padronização do maquinário e do
equipamento, e por consequência dos produtos, forte segregação
do trabalho manual em relação ao trabalho braçal - o operário não
precisava pensar apenas como fazer seu trabalho, mas efetuá-lo
com o mínimo de movimentação possível. Ele também
implementou a política de metas, mesmo não possuindo esse
nome, afirmando que “X” carros deveriam ser produzidos em “Y”
dias. Além disso, ele revolucionou o tratamento dispensando aos
trabalhadores, pois melhorou o salário deles; segundo Ford, ao
mesmo tempo em que, pelo pagamento de um salário substancial
para aqueles que trabalhavam com a produção e a distribuição,
ocorria o aumento de poder de compra proporcionalmente,
criando um movimento econômico cíclico. Por esses motivos
pode-se dizer que Henry Ford tornou-se um grande marco, sendo
hoje muito estudado nas áreas de administração (sic4).

3Foi um empreendedor americano, fundador da Ford Motor Company, autor dos

livros “Minha filosofia de indústria” e “Minha vida e minha obra, e o primeiro


empresário a aplicar a montagem em série de forma a produzir automóveis em
massa em menos tempo e a um menor custo.
4SZEZERBICKI, A. S.; PILATTI, L. A.; KOVALESKI, J. L. Henry Ford. A visão

Inovadora de um homem do início do século XX.


-8-
Henry Ford 1863-1947
Imagem: Reprodução da internet

INDÚSTRIA ASIÁTICA
Indústria Japonesa

No período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o


Japão iniciou uma arrancada industrial nos mesmos moldes
americanos com a intervenção do Estado japonês na economia,
mas foi durante a Segunda Grande Guerra que o
empreendedorismo japonês projetou seu crescimento. Se os
americanos têm Henry Ford para contar a história de sua
indústria, os japoneses têm Sakichi Toyoda5 para ser a referência
do potencial industrial japonês. Fundador da Toyota Motor,
descreve muito bem a potencialidade japonesa e a personificação

5Filhode um pobre carpinteiro, Toyoda é chamado de "rei dos inventores


japoneses" ou "pai da revolução industrial japonesa"
-9-
da indústria do Japão. Em poucos anos a companhia fundada por
Toyoda se tornou o símbolo do progresso japonês no início do
século XX.

A Indústria Japonesa no Pós-Guerra

Depois de ter sido destruído pela Guerra e por terremotos,


o Japão foi responsável pelo maior salto tecnológico na indústria
mundial, se mantendo por alguns anos em segundo lugar dentre
as maiores potências industriais e tecnológicas. Esse período é
tido como o Kōdo keizai seichō (o milagre japonês): um fenômeno
político ocorrido no Japão após a Segunda Grande Guerra que
impulsionou a economia para recordes absolutos através da
intervenção do governo.

Soichiro Honda6 é considerado o ícone desse renascimento


japonês por ver sua fábrica ser destruída durante os bombardeios
e estando sem condições de reconstruí-la, viu-se obrigado a
recomeçar do zero e a desenvolver métodos de fabricação a partir
de restos de materiais espalhados pelas ruas de Tóquio.

6Foi um engenheiro, industrial e magnata japonês. Nascido na aldeia de Komyo,


cidade de Hamamatsu, em Shizuoka, Soichiro Honda (o filho mais velho de um
ferreiro) foi o fundador da Honda Company.
- 10 -
Soichiro Honda 1906 -1991
Imagem: Reprodução da internet

Os Tigres Asiáticos

Os tigres asiáticos, formados por Coreia do Sul, Taiwan,


Hong Kong e Singapura são as grandes tendências industriais. A
indústria deste grupo é caracterizada pelo alto desempenho
tecnológico de fabricação de microcomponentes digitais
utilizados pela indústria de tecnologia da informação em todo o
Mundo.

Economia

Os Tigres asiáticos alcançaram o desenvolvimento com um


modelo econômico exportador; esses territórios e nações
produzem todo tipo de produto para exportá-los a países
industrializados. O consumo doméstico é desestimulado por altas
tarifas governamentais. Eles encaram a educação como um meio
de aumentar a produtividade. Os países melhoraram o sistema
educacional em todos os níveis, assegurando que toda criança
frequente o ensino fundamental e o ensino médio. Em geral estes
- 11 -
avanços na educação permitiram altos níveis de alfabetização e
habilidades cognitivas. Também investiu-se na melhoria do
sistema universitário. Além disso, destaca-se a prática de
incentivos fiscais a multinacionais (sic7).

A Indústria Chinesa e suas Caraterísticas

A China com caraterísticas individualistas, é o exemplo da


industrialização desordenada, sem planejamento e nem um pouco
sustentável. Os produtos da manufatura chinesa, têm alcançado o
Mundo e concorrido de forma não igualitária com os demais polos
industriais mundiais, isso está desencadeando o domínio chinês
em países com grande tendência agroindustriais, como o Brasil. A
concorrência desigual ocorre ainda na fase de produção, com mão-
de-obra barata e pouco qualificada, nenhuma observação aos
fatores sociais e ambientais e baixo nível de qualidade.

INDÚSTRIA LATINO-AMERICANA
Na segunda metade do século XX, a América Latina iniciou
uma expansão industrial, movimentada pelas economias
regionais de países ainda considerados agrícolas em meio aos
regimes autoritaristas – a expansão industrial era controlada
pelos governos militares – predominantes na maioria dos países.

7Demystifying the Chinese Economy (2012).


- 12 -
O processo de industrialização começou na Inglaterra no final do
século XVIII, início do XIX, expandiu pela Europa, Estados Unidos
e Japão; foi chamada de Primeira Revolução Industrial. Diante
dessa informação, percebe-se que tal processo aconteceu de
forma isolada, ou seja, nem todos os países participaram dessa
primeira etapa. Países como México, Argentina e Brasil, além de
outros, são considerados de industrialização tardia ou
retardatária. Eles recebem esse nome pelo fato de terem
ingressado no processo de industrialização quase cem anos após
a Primeira Revolução Industrial em relação a países da Europa,
Estados Unidos e Japão. Durante o século XIX houve diversas
tentativas de industrialização por parte de muitos países da
América Latina, especialmente México, Argentina, Brasil,
entretanto, todas foram frustradas ou tiveram repercussões
pouco expressivas. As poucas indústrias que surgiram nesse
século limitavam-se à fabricação de bens de consumo não
duráveis, como fábricas de velas, sabão, artigos de couro e lã,
tecidos, alimentos, móveis etc. Alguns acontecimentos históricos
que sucederam no século XX (Primeira Guerra Mundial 1914-
1918, Crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial 1939-1945)
favoreceram um relativo desenvolvimento industrial aos países
da América Latina. Na medida em que a Primeira Guerra Mundial
se desenvolvia, os países industrializados daquele momento,
como Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos, passaram a
diminuir o volume de exportação para as nações da América
Latina. Diante da escassez de produtos industrializados, algumas
nações latinas começaram a fabricar diversos produtos para
garantir o abastecimento do mercado interno. A Crise de 1929
contribuiu também para o processo de industrialização da
América Latina. Com a queda da economia norte-americana, os
países latinos, com grande dependência econômica em relação
aos Estados Unidos, deixaram de receber capitais da venda de
produtos agrícolas e matérias-primas. Por essa razão, sem
dinheiro para comprar produtos industrializados importados,
grande parte dos países latinos foram obrigados a fabricar seus
produtos. Fato que teve maior evidência no Brasil, na Argentina e
no México. Com o término da Segunda Guerra Mundial, os grandes
- 13 -
grupos empresariais oriundos de países industrializados da
Europa, assim como Estados Unidos e Japão, buscaram uma nova
forma de expansão comercial, com a dispersão de empresas
multinacionais em direção a países da América Latina, África e
Ásia. A nova configuração internacional de produção foi
promovida por diversos fatores, dentre os principais estão: mão
de obra abundante e com baixo custo, fragilidade sindical,
riquezas em matérias-primas, imenso mercado consumidor,
disponibilidade de infraestrutura oferecida pelos países que
recebem as empresas, leis ambientais frágeis, além de outros
fatores (sic8).

MODERNIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
Terceira Revolução Industrial
A terceira revolução industrial é compreendida pela
remodelação dos processos de produção, empregando sistemas
inteligentes e automáticos de controles da manufatura. A
revolução tecnológica trouxe melhoramentos e decadência ao
setor produtivo mundial.

Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos do


século XX e XXI como a terceira etapa da Revolução Industrial. O
computador, o fax, a engenharia genética, o celular seriam
algumas das inovações dessa época (sic2).

8 DE FREITAS, Eduardo: A industrialização da América Latina.

- 14 -
Fatores Positivos

Com os avanços tecnológicos, ocorreram a possibilidade de


expansão da manufatura, antes limitada pelas condicionantes de
equipamentos retrógrados e métodos de processos ultrapassados.

A otimização do desempenho produtivo permitiu que o


processo fosse monitorado de perto e possibilitasse a
identificação, atuação e resolução de parâmetros de controle de
forma imediata. As perdas de processamento que não eram
identificadas ou não aproveitadas nos processos, tornaram-se
reutilizáveis e não mais desperdiçadas.

Resíduos agrícolas da colheita da cana-de-açúcar e da


colheita de florestas comerciais, por exemplo, que antes eram
deixadas nas próprias áreas de cultivos, hoje são aproveitados nas
unidades industriais como biomassa na geração de energia
elétrica. Essas possibilidades de reaproveitamento e
melhoramento da manufatura possibilitaram uma redução dos
custos de produção e a inserção de novas técnicas, viabilizando
uma expansão da produtividade da indústria.

- 15 -
Fatores Negativos

Estatisticamente, para cada grupo de dez operadores


industriais, sete perderam seus postos de trabalho para os
sistemas automáticos de controle de processo. No meio rural o
efeito foi mais devastador ainda: para cada grupo de dez
trabalhadores, nove perderam seus postos de trabalho. Na
agricultura intensiva, por exemplo, a modernização causou um
déficit muito grande, pois muitos trabalhadores não foram
reaproveitados na mecanização das colheitas.

- 16 -
CAPÍTULO II
INDÚSTRIA BRASILEIRA

A industrialização brasileira sofreu grande influência


europeia nos mecanismos de produção e métodos de
trabalhos. Era o início de uma transição de um País relativamente
agrícola e exportador de matérias-primas para um País de
produtos manufaturados.

Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a 1822) não


houve desenvolvimento industrial em nosso País. A metrópole
proibia o estabelecimento de fábricas em nosso território, para
que os brasileiros consumissem os produtos manufaturados
portugueses. Mesmo com a chegada da família real (1808) e a
Abertura dos Portos às Nações Amigas, o Brasil continuou
dependente do exterior, porém, a partir deste momento, dos
produtos ingleses (sic9).

O Início da Industrialização no Brasil


Foi somente no final do século XIX que começou o
desenvolvimento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores
passaram a investir parte dos lucros, obtidos com a exportação do
café, no estabelecimento de indústrias, principalmente em São
Paulo e Rio de Janeiro. Eram fábricas de tecidos, calçados e outros
produtos de fabricação mais simples. A mão-de-obra usadas
nestas fábricas eram, na maioria, formadas por imigrantes
italianos. Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas
(1930-1945) que a indústria brasileira ganhou um grande
impulso. Vargas teve como objetivo principal efetivar a
industrialização do país, privilegiando as indústrias nacionais,
para não deixar o Brasil cair na dependência externa.

9Governo Federal do Brasil: História da Indústria no Brasil.


- 17 -
Getúlio Vargas 1882-1954
Imagem: Reprodução da internet

Com leis voltadas para a regulamentação do mercado de trabalho,


medidas protecionistas e investimentos em infraestrutura, a
indústria nacional cresceu significativamente nas décadas de
1930-40. Porém, este desenvolvimento continuou restrito aos
grandes centros urbanos da região sudeste, provocando uma
grande disparidade regional. Durante este período, a indústria
também se beneficiou com o final da Segunda Guerra Mundial
(1939-45), pois, os países europeus, estavam com suas indústrias
arrasadas, necessitando importar produtos industrializados de
outros países, entre eles o Brasil. Com a criação da Petrobras
(1953), ocorreu um grande desenvolvimento das indústrias
ligadas à produção de gêneros derivados do petróleo (borracha
sintética, tintas, plásticos, fertilizantes, etc.) (sic9).

- 18 -
Juscelino Kubitschek 1902 - 1976
Imagem: Reprodução da internet

Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956 -1960) o


desenvolvimento industrial brasileiro ganhou novos rumos e
feições. JK abriu a economia para o capital internacional, atraindo
indústrias multinacionais. Foi durante este período que ocorreu a
instalação de montadoras de veículos internacionais (Ford,
General Motors, Volkswagen e Willys) em território brasileiro.
Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Brasil continuou a
crescer, embora, em alguns momentos de crise econômica, ela
tenha estagnado (sic9).

As Caraterísticas da indústria brasileira

Atualmente o Brasil possui uma boa base industrial, produzindo


diversos produtos como, por exemplo, automóveis, máquinas,
roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios
industrializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a indústria
nacional ainda é dependente, em alguns setores, (informática, por
exemplo) de tecnologia externa (sic9).

- 19 -
A indústria brasileira na atualidade

O Brasil durante muito tempo ocupou destaque somente no setor


primário, com a agropecuária e o extrativismo (vegetal, mineral e
animal). Após consecutivas crises econômicas, atualmente o
Brasil é considerado um dos mais industrializados países, por isso
ocupa o décimo quinto lugar nesse segmento em escala global. A
intensificação da indústria brasileira faz com que o país possua
um enorme e variado parque industrial que produz desde bens de
consumo à tecnologia de ponta. A configuração como país
industrializado não reflete na realidade nacional, isso porque a
industrialização não ocorre de forma homogênea no País, ou seja,
ela se encontra irregularmente distribuída no território, onde
algumas áreas são densamente industrializadas e outras
praticamente desprovidas dessa atividade econômica. A maior
concentração de indústrias brasileiras está situada na Região
Sudeste, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais, estados onde o processo de industrialização teve início. Os
estados citados detêm parques industriais modernos e
diversificados que atuam com maior destaque na produção de
produtos químicos, além da indústria automobilística e tecnologia
de ponta. Outra região que ocupa grande destaque no cenário
nacional é a Região Sul. Segundo lugar em industrialização, essa
porção do país desenvolve indústrias que atuam especialmente no
beneficiamento de produtos primários, atividade denominada de
agroindústria, que desempenha um importante papel na
economia nacional. A Região Sul sobressai também na produção
de peças e metalurgia. No Sudeste, a base industrial encontra-se
vinculada a produtos tradicionais, como a produção têxtil, de
álcool e açúcar. Entretanto, recentemente o parque industrial
dessa região tem ingressado em um processo de modernização e
diversificação da indústria. O Norte e o Centro-Oeste são as
regiões de menor expressão no setor industrial do país, pois se
encontram limitados à agroindústria e ao extrativismo. Nos
últimos anos, a economia brasileira ficou marcada pela
privatização das empresas estatais nas áreas de mineração,
bancária e telecomunicações. Apesar de o Brasil enfrentar

- 20 -
diversos problemas sociais, o país está desenvolvendo e ocupando
um lugar de destaque no cenário internacional (sic10).
Crise na Indústria Brasileira

Entre 2015 e 2016, os índices econômicos que medem o


desempenho da indústria brasileira permaneceram em queda
livre. Em 2015 a produção industrial brasileira recuou 9,8 % e nos
primeiros meses de 2016, a queda ficou em 11,4%. A crise
originada nos fatores políticos do Brasil, chegou às esferas
econômicas, como umas das piores da história da indústria
moderna do País.

10DE FREITAS, Eduardo: Indústria Contemporânea no Brasil.


.

- 21 -
CAPÍTULO III
INDÚSTRIA PAULISTA

Regiões Metropolitanas do Estado

C om o objetivo de descentralizar e expandir a


industrialização, o governo de São Paulo vem, ao
longo dos anos, metropolizando regiões do interior do Estado,
onde a atividade industrial é avançada e significativa. As regiões
metropolitanas foram instituídas por força Lei Complementar
Estadual.

Dentre as finalidades de criação de uma região


metropolitana, está a viabilidade de um sistema eficiente de
gestão pública, para gerir o crescimento da região de forma
sustentável.

Geralmente essas regiões metropolitanas são instituídas


em um conglomerado de munícipios, onde as atividades
industriais representam uma boa parcela do PIB estadual e
necessitam de uma atenção pública de boa eficiência.

- 22 -
Atualmente, o Estado de São Paulo dispõe de seis regiões
metropolitanas de forte presença industrial, representando mais
de 70% do PIB paulista.

Região Metropolitana de São Paulo – RMSP


A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), composta por 39
municípios, foi instituída pela Lei Complementar Federal nº 14, de
1973, e disciplinada pela Lei Complementar Estadual nº 94, de
1974. No entanto, sua existência legal e política dependiam da
aprovação de uma lei estadual específica, de acordo com as regras
da Constituição Federal de 1988, que atribuiu aos Estados a
responsabilidade pela criação das regiões metropolitanas. O
Projeto de Lei Complementar nº 6, de 2005, aprovada no dia 13
de junho de 2011, pela Assembleia Legislativa, criou a RMSP
preenchendo definitivamente o vazio institucional existente na
mais importante concentração urbana do país. A nova lei busca
promover o planejamento regional para o desenvolvimento
socioeconômico e a melhoria da qualidade de vida, a proteção do
meio ambiente, a integração do planejamento e da execução de
funções públicas de interesse comum e a redução das
desigualdades sociais e regionais (sic11)

11Governo do Estado de São Paulo: Regiões Metropolitanas de São Paulo.

- 23 -
Divisão das regiões metropolitanas do Estado de São Paulo
Fonte: Governo do Estado de São Paulo
A RMSP é o maior polo de riqueza nacional. O Produto Interno
Bruto (PIB) atingiu em 2008 R$ 572 bilhões, o que corresponde a
cerca de 57% do total do Estado. Os municípios que compõem a
RMSP são: Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Caieiras, Cajamar,
Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu das Artes, Embu-Guaçu,
Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha,
Guararema, Guarulhos, Itapevi, Itapecerica da Serra,
Itaquaquecetuba, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Mogi das
Cruzes, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio
Grande da Serra, Salesópolis, Santa Isabel, Santana de Parnaíba,
Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São
Lourenço da Serra, São Paulo, Suzano, Taboão da Serra e Vargem
Grande Paulista (sic11).

A cidade paulista de Piracicaba, situada na região de


Campinas, se tornaria um marco da agroindústria sucroenergética
e metalomecânico, sendo umas primeiras cidades do interior a se
industrializar. Na época em que o açúcar era considerado
- 24 -
sinônimo de status industrial impulsionou o setor fabril ligado ao
ramo metalomecânico e de equipamentos destinados à produção
de açúcar. A indústria sucroenergética paulista, foi a primeira base
industrial do interior de São Paulo, atividade que se originou da
atividade artesanal dos antigos engenhos de cachaça, que com a
possibilidade de expansão das áreas agrícolas, possibilitaram
expandir e diversificar a produção.

A indústria canavieira paulista, permitiu a diversificação


industrial em regiões que, atualmente, são consideradas como
potencias na produção de, por exemplo, celulose e papel,
possibilitando uma ampla diversificação e desenvolvimento
regional.

- 25 -
CAPÍTULO IV
INDÚSTRIA DE AGUDOS

A região central do Estado de São Paulo agrega um dos


maiores polos industriais do Brasil, com indústrias
de alta tecnologia e grande abrangência no cenário nacional. Na
região estão localizados grandes complexos industriais dos
setores, sucroenergético, alimentício, petroquímico, celulose,
papel, metalomecânico. Na região de Bauru, o potencial industrial
é altamente representativo, competitivo e de forte expressão no
mercado nacional e internacional.

Localizado entre a Bauru “sem limites” e a “rica” Lençóis


Paulista, o município paulista de Agudos, desenvolveu-se em
torno da indústria cervejeira e de madeira. A base da
industrialização do município ocorreu na primeira metade do
século XX, por imigrantes alemães e austríacos. Com o tempo, as
empresas fundadas por estes imigrantes foram nacionalizadas e
passaram a ser controladas por empresas brasileiras, que
atualmente fazem parte do rol dos grandes empreendimentos
controlados por megagrupos empresariais.

- 26 -
INDÚSTRIA DE MADEIRAS

Em 1958, um próspero industrial alemão chamado


Richard Freudenberg12, principal representante de um grupo
industrial do ramo de curtumes, viajou para o interior paulista
afim de expandir as atividades da companhia alemã, que
decidira investir em terras brasileiras. Naquele tempo, Richard
se interessou pelo cultivo de florestas em larga escala, mas já
que o clima europeu não beneficiava o cultivo como em países
tropicais.

Do Café ao Pinus

Com vistas em aplicar capital e desenvolver seus


métodos de cultivo, Freudenberg desembarcou no Brasil para
iniciar sua saga pioneira. Como naquele tempo a silvicultura era
pouco desenvolvida, Richard desenvolveu junto ao Instituto
Florestal do Estado de São Paulo seus primeiros métodos de
plantio em larga escala. A escolha do município de Agudos para
formar as primeiras florestas se deu por conta da
disponibilidade de terras e com preço muito baixo. O alemão

12Empresárioalemão que fundou, no município paulista de Agudos, a


Companhia Agroflorestal Monte Alegre (CAFMA) e a Freudenberg Indústria de
Madeiras.
- 27 -
Richard Freudenberg visitou Agudos, onde comprou uma
fazenda com uma plantação de café abandonada da tradicional
família agudense Rondina. Freudenberg era Botânico de
formação e sempre desenvolveu pesquisas no campo florestal.
A iniciativa gerou a oportunidade de instalar, na propriedade,
uma pequena fábrica de madeira para a produção de
aglomerados e folheados de pinus. Nascia a Freudenberg
Indústria de Madeiras.

As terras ao redor da estação de Piatã pertenciam à família


Rondina, imigrantes italianos; em 1956 foram vendidas para um
grupo (Telles), que faliu. As terras foram a leilão a empresa alemã
Freudenberg as adquiriu. Eram mais de 5.000 alqueires e em tudo
foi plantado "pinus caribea". Os Rondina viraram empregados da
empresa (sic13).

Um dos grandes colaboradores nos primeiros anos de


implantação, do projeto de Richard Freudenberg, foi o também
alemão Horst Schuckar14. Freudenberg foi o pioneiro da plantação
de florestas comerciais para produção em larga escala no interior
de São Paulo.

13GIESBRECHT, M. Ralph (2013): “Estações ferroviárias do Brasil”


14Engenheiro florestal alemão fugido do regime comunista da Alemanha
Oriental e especialista em viveiros florestais, que a convite do compatriota
Richard Freudenberg, deu o start up da Companhia Agroflorestal Monte Alegre,
no município paulista de Agudos.
- 28 -
Da Alemanha ao Brasil

Richard Freudenberg, empresário do couro no sul da Alemanha,


precisamente em Weinheim, setenta e cinco quilômetros ao sul de
Frankfurt, estava justamente se favorecendo do Plano Marshall de
pós-guerra para reconstrução da Alemanha, enquanto discutia
com seu particular amigo o Conde Von der Recke, um engenheiro
florestal que se gabava que tinha mais arvores do que tinha o
amigo em trabalhadores empregados em suas fabricas
remodeladas pelo referido plano. Foi quando o Richard descobriu
que a Alemanha tinha um programa especial para aplicação de
recursos de incentivos fiscais em países subdesenvolvidos. Já em
São Paulo, Richard Freudenberg encontrou o Ismar Ramos como
diretor do antigo Instituto Florestal do Estado de São Paulo, com
quem se relacionava muito bem e veio a conhecer dois braços
direitos de Ismar Ramos: Paulo Helmut Krug 15 e Horst
Schuckar14(sic16).

15Engenheiro agrônomo, especialista em introdução de espécies, trabalhou no


antigo Instituto Florestal do Estado de São Paulo e foi um dos responsáveis pelo
start up da Companhia Agroflorestal Monte Alegre no município paulista de
Agudos.
16BERTOLANI, Francisco (2004): “A História da Freudenberg ou como fazer

uma floresta de Pinus tropicais.”

- 29 -
O Início

Freudenberg montou no município de Agudos uma


verdadeira universidade sobre silvicultura. Os métodos de
cultivos e o que hoje titulamos de sustentabilidade, já eram
praticados nos negócios da CAFMA (Companhia Agroflorestal
Monte Alegre). O nome “Monte Alegre” é uma tradução
equivalente a Freudenberg. Richard Freudenberg, conheceu o
município de Agudos por intermédio da influência alemã e
austríaca na região, pelos fundadores do Seminário Santo Antônio
e da antiga cervejaria Vienense.

Freudenberg era um naturalista, muito adepto daquilo que


hoje chamamos de ambientalismo. Durante três décadas, a CAFMA
colocou o município de Agudos na rota de referências do setor
madeireiro internacional. Para Agudos vinham representantes de
vários países afim de aprender o manejo sustentável de florestas
comerciais.

Escola de Sustentabilidade

Enquanto as questões ambientais eram pouco aceitas pelo


mundo corporativo, a visão holística e vanguardista de Richard
Freudenberg dava lições de um tema que só seria difundido

- 30 -
muitas décadas depois. As políticas sustentáveis de Freudenberg
eram aplicadas no manejo da cultura das florestas comerciais, na
relação com os colaboradores e com a sociedade. “Vi o
Freudenberg apenas uma vez, mas me passou uma boa impressão.
Ele era simples, andava pela fábrica e sempre estava no meio da
base operacional”, relembra José Luiz da Silva Maia, engenheiro
florestal, ex-gerente de sustentabilidade da Duratex.

A unidade industrial de Agudos influenciou muitas


empresas de madeira e celulose em relação ao manejo de solo
responsável e sustentável. Em uma das conversas de Francisco
Bertolani17 com um dos irmãos de metalúrgicos que fundaram, no
município paulista de Lençóis Paulista, um dos maiores grupos
industriais do ramo petroquímico e celulose, (com quem tinha
bastante amizade), orientou-o para a formação das primeiras
florestas de pinus, afim de suprir a demanda da pequena fábrica
de celulose construída em Lençóis Paulista, em 1986. “As
primeiras viagens de biomassa que a petroquímica lençoense

17Engenheiro florestal, ex-diretor da Companhia Agroflorestal Monte


Alegre(CAFMA); ex-diretor florestal da Duratex S/A; diretor e vice-presidente
da Sociedade Brasileira de Silvicultura. Possui Know How internacional em
silvicultura, é considerado a maior autoridade brasileira no setor de
reflorestamento comercial.
- 31 -
utilizava na caldeira da fábrica de Lençóis, partiram da CAFMA em
meados da década de 1970”, lembrou Bertolani.

Políticas Corporativas Humanistas

A política corporativa humanista desenvolvida por Richard


Freudenberg influenciou toda uma geração de lideranças
corporativas, que fizeram história da CAFMA até chegar na
Duratex. O que chamamos de sustentabilidade corporativa nos
nossos dias, nasceu do pioneirismo e cultura corporativa
diferenciada de Richard Freudenberg e Horst Schuckar em formar
lideres, que multiplicassem esses conceitos de forma
contemporânea.

Discípulo da maneira humanista de gestão inserida por


Schuckar e Krug, Francisco Bertolani sempre se identificou mais
com Krug por ter mais afinidade técnica. Na função de diretor,
Bertolani sempre transmitiu aos comandados uma uniformidade
entre os níveis hierárquicos da empresa. Há quem afirma que é o
diretor histórico da CAFMA e Duratex. Entre as boas lembranças
da colônia do Piatã, não há um que não lembra de Bertolani. Para
exemplificar melhor como foram os métodos de gestão inseridos
por Freudenberg, Schuckar e Krug é só perguntar sobre a firme e

- 32 -
humana gestão de Bertolani no comando da empresa de Agudos.
A grande preocupação de Freudenberg, Schuckar e Krug, além de
efetivar a atividade industrial e os conceitos de produção, era
preparar pessoas para a gestão intermediária e até mesmo para
assumir cargos de alta administração. Um nome se destacou nesse
cenário de preparação e condicionamento para assumir esses
cargos. Francisco Bertolani, iniciou suas atividades profissionais
na antiga CAFMA como engenheiro florestal trainee.

Aos poucos foi sendo preparado tanto por Freudenberg,


quanto por Schuckar e Krug para assumir cargos superiores.
Bertolani viajou ao mundo conhecendo técnicas e conceitos de
produção florestal, se condicionando para, tempos depois,
assumir a diretoria florestal e ser um líder marcante dentro da
CAFMA e Duratex.

- 33 -
Freudenberg Indústria de Madeiras

Em 1967, portanto, nove anos depois da chegada de


Richard Freudenberg às terras de Agudos, iniciava-se na antiga
estrada de acesso à cidade, a terraplanagem para a construção da
indústria que iria processar as primeiras toras de pinus cultivadas
pelo alemão, em solo brasileiro.

“As florestas estavam situadas ao redor da futura fábrica com


distância máxima de 22 km” (sic16).

Da Freudenberg à Duratex

Com o falecimento de Richard Freudenberg que, embora


industrial, tinha formação em botânica na Inglaterra, outros
Presidentes o sucederam. Como as atividades do Grupo mesmo no
Brasil não tinham relações com florestas, cogitou-se da venda do
empreendimento. Vários empreendimentos nacionais e
estrangeiros se interessaram pelo negócio. Era portanto, em 1988
(trinta anos após) auto suficiente e com lucros anualmente
repetidos (sic16).
A Freudenberg Indústria de Madeira concorria
diretamente com a duas gigantes do mercado na época: a Duratex
e Eucatex, ambas com forte mercado e em pleno auge produtivo.
Em 1988, a Duratex adquiriu a Freudenberg Indústria de
Madeiras, bem como todo seu material florestal e genético, e inicia
seu processo de expansão. A aquisição da antiga Freudenberg
Indústria de Madeiras pela Duratex em 1988, proporcionou à
- 34 -
empresa adquirir, além de todo o ativo florestal e industrial
deixado por Freudenberg, Schuckar e Krug, uma cultura de
políticas socioambientais pioneiras no Brasil. “enquanto se fala
muito em sustentabilidade corporativa hoje, na CAFMA já
praticávamos essas políticas na década de 1960, 1970 e 1980”,
lembra o engenheiro, José Luiz da Silva Maia, ex-gerente de
sustentabilidade da Duratex S/A.

O legado deixado por Richard Freudenberg foi tão grande,


que a Duratex, quando assumiu o controle da antiga CAFMA em
Agudos, conservou a cultura corporativa deixada por
Freudenberg, constituídas de acervos culturais, documentais e de
recursos humanos. Parte dos colaboradores da antiga CAFMA
permaneceram e seguiram carreira até cargos de gestão
intermediária de gerencia, coordenação e alguns chegando a
cargos de alta administração.

- 35 -
Fatores sustentáveis praticados por Freudenberg foram
determinantes na aquisição da CAFMA pela Duratex. A Duratex
sempre defendeu uma gestão corporativa moderna e participativa
nos seus negócios. A identificação dos valores corporativos entre
as duas empresas foram fatores decisivos para a aquisição da
CAFMA.

A partir de 1988, com a incorporação do ativo florestal da


antiga CAFMA, a Duratex inicia uma série de mudanças no parque
industrial, com o objetivo de diversificar e elevar a produção.

Atualidade
Grupo Freudenberg
O Grupo Freudenberg, com sede em Weinheim, Alemanha, que
oferece aos seus clientes soluções de produtos e serviços
tecnicamente desafiadores. A empresa fornece selos,
componentes de tecnologia de controle de vibração, filtros, não
tecidos, agentes desmoldantes e lubrificantes para quase todos os
fabricantes de carros do Mundo. A Freudenberg mantém laços
comerciais com clientes e fornecedores no Brasil há mais de 165
anos. (sic18).

18 Grupo Freudenberg Innovating Together


- 36 -
Duratex

A Duratex S.A. é uma empresa brasileira, privada, de capital


aberto, com ações negociadas na M&F BOVESPA e controle
compartilhado pelos Grupos Itaúsa – Investimento Itaú S.A. e
Companhia Ligna de Investimentos, sendo o restante do capital
distribuído no mercado (sic19).

Hoje, a antiga CAFMA deu lugar a uma das fábricas de


chapas de madeira mais modernas do País sob o comando da
Duratex S/A. O Grupo Freudenberg ainda continua sendo uma
importante multinacional alemã com negócios sólidos no Brasil,
no ramo de vedantes e similares. A partir de 1988, com a aquisição
da CAFMA, a Duratex iniciou um processo vertical de expansão e
domínio do mercado de chapas de madeira no Brasil e na América
Latina.

No período de vinte anos, a unidade fabril de Agudos


expandiu sua produção e diversificou sua linha de produtos a
partir de madeira comercial. Entre as décadas de 1990 e 2000, a
empresa modificou as espécies de madeiras plantadas, investiu
pesado em melhoramento genético e métodos de manejo florestal
e gestão de pessoas.

19
Acervo Histórico da Duratex S/A
- 37 -
Responsabilidade Socioambiental

Atualmente, a Duratex é uma empresa de gestão moderna,


altamente rentável, ecologicamente correta e de políticas
socioambientais vanguardistas. É uma das marcas empresariais
mais conhecidas do Brasil e na região de Bauru, está entre as três
marcas mais conhecidas. Membros da gestão intermediaria e até
diretoria saíram das bases operacionais da empresa de Agudos.
Indiscutivelmente é uma das melhores empresas para
desenvolver carreiras profissionais no Brasil.

Conservação de Solo, Rios e Florestas Nativas

Economicamente viáveis, ambientalmente adequados e


socialmente benéficos, é assim que as florestas comerciais
cultivadas pela Duratex são manejadas. Todo sistema de cultivo e
manejo obedecem rigorosamente normas certificadas de manejos
florestais e conformidade com as legislações ambientais
brasileiras. Não é por acaso, que a empresa possui o maior e
melhor sistema de manejo de solo e ainda hoje é referência
quando se fala em tratos silviculturais.

Nos municípios de Agudos e Borebi encontramos o solo


arenoso, considerado instável e mais susceptível aos processos

- 38 -
erosivos e desgastes por lixiviamento, assim, o cultivo das
florestas comerciais agem como um cinturão de proteção aéreo e
radicular contra os desgastes de solo, contribuindo para a
conservação dos rios. Nas florestas nativas, o cultivo limitante e
conciliado com as florestas comerciais age de forma a perpetrar
uma ligação ecológica entre os talhões e colabora em muito para o
tráfego da fauna silvestre.

Incentivos à Cultura e ao Social

A empresa possui diversos programas de incentivos à


cultura na sua área de abrangência corporativa. Uma das filosofias
corporativas está em conservar a cultura e os traços sociais das
comunidades onde estão inseridos seus negócios. As políticas
corporativas mantidas pela Duratex estão enraizadas na filosofia
dos seus administradores, que desde os tempos da antiga CAFMA
ainda cultivam aquela antiga política humanista, muito pregada
por Freudenberg e Schuckar em Agudos.

Podemos afirmar que a Duratex é uma empresa construída


diariamente por pessoas de sonhos e administrada por gente de
valores, que assimilam os exemplos do passado e são abertos às
tendências do futuro. Foi de Agudos que saiu o primeiro

- 39 -
presidente da organização que não é da família fundadora da
empresa. Isso demostra, que a empresa valoriza seus
colaboradores e os incentiva a desenvolver carreiras profissionais
sólidas dentro da organização.

Transparência Corporativa

A Duratex foi eleita em 2016, a empresa mais transparente


do Brasil pela ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de
Finanças, Administração e Contabilidade), na categoria de
companhias com receita líquida de até R$ 5 bilhões, possuindo em
seu Know How uma vasta contribuição ao compromisso ético de
sustentabilidade dos seus negócios com seus stakeholders, desde
as primeiras décadas de atuação. O compromisso ético e moral da
empresa desde a fundação, na década de 1950, e passando pela
aquisição da antiga CAFMA-Freudenberg de Agudos, sempre foi
pautada pela transparência e ética na condução dos negócios. Ao
adquirir a antiga Companhia Agroflorestal Monte Alegre, de
Richard Freudenberg, no final dos anos de 1980, a Duratex
potencializou a sua vocação sustentável e transparente.

- 40 -
INDÚSTRIA CERVEJEIRA

O começo da década de 1950 foi marcado pela descoberta


da melhor água do Brasil para fabricar cerveja no estilo europeu,
a partir da instalação da Companhia Paulista de Cervejas
Vienense20.

Entre 1951 e 1953, empresários austríacos buscavam terras


brasileiras que tivessem mananciais de águas com características
que permitissem a fabricação de uma cerveja idêntica à que
faziam na Áustria. Para encontrar esse local, os austríacos
enviaram para São Paulo um dos seus principais técnicos, o
renomado mestre cervejeiro austríaco Dr. Fritz Weber21, que
realizou os levantamentos percorrendo várias regiões do Estado
de São Paulo, o que o conduziu à região de Agudos. A região de
Agudos sempre foi uma região de clima agradável e de grande
atividade hídrica, entretanto, os austríacos realizaram muitas
pesquisas para escolher o manancial. No tempo em que ficou em
Agudos, o Dr. Weber visitou vários outros mananciais, em vários
municípios da região(sic22).

20Fundada no início da década de 1950 no município de Agudos-SP pela


Brauerei Schwechat Aktienges Ellschaft.
21Mestre cervejeiro austríaco que implantou a cervejaria Vienense, no

município paulista de Agudos na década de 1950.


22
FOGAGNOLI, Roberto: A História da Cerveja em Agudos, 2013.

- 41 -
Rótulo da antiga cerveja produzida em Agudos – SP
Imagem: Acervo de Paulo Antunes Junior

Depois de ser adquirida pela extinta Companhia Cervejaria


Brahma, em 1999 ocorreu a fusão com a Companhia Antárctica
Paulista, formando a AmBev, maior cervejaria das Américas.

As Águas de Agudos e a Melhor Cerveja do Brasil

As cervejas produzidas em Agudos carregam a fama de


serem as mais saborosas do Brasil que, segundo a maioria dos
consumidores, são de paladar diferenciado.

- 42 -
O grande segredo estaria nas águas, que servem como
matéria-prima para fabricação da bebida. Agudos é privilegiado
por abrigar terras de grande atividade hidrológica. No munícipio
estão localizadas as nascentes de importantes rios da região: o rio
Batalha, que percorre para Bauru; o rio Lençóis, que percorre para
Lençóis Paulista; o rio Turvo, que percorre para Ourinhos e os
ribeirões Pederneiras e Patos, que percorrem para os municípios
de Pederneiras e Macatuba, respectivamente.

Para entendermos se é mito ou verdade a “lenda” que se


propaga por todo o País sobre as cervejas produzidas no
munícipio de Agudos, precisamos entender sobre a principal
matéria-prima de fabricação da bebida mais popular do Brasil: a
água e suas funcionalidades no processo. A cerveja pode ser
produzida a partir de vários cereais como arroz, milho e cevada,
mas a água é a matéria-prima fundamental que, em hipótese
alguma, pode ser alterada e, obrigatoriamente, deve ser de
excelente qualidade. Desse modo, 90% de suas características são
decorrentes da água utilizada.

No passado, as cervejas austríacas eram tidas como as


melhores do mundo, e ainda hoje, estão entre as primeiras do
ranking mundial. Toda essa fama é resultado do pioneirismo
- 43 -
europeu em desenvolver as melhores cervejas com as melhores
águas. Se a Europa tem as melhores cervejas do mundo, Agudos
tem a fama de ter a melhor do Brasil. Embora tudo isso pareça um
mito ou uma tática de marketing, não podemos ignorar as
diferenças presentes nos sabores, analisadas por quem mais
entende: os consumidores. Os processos utilizados na produção
da bebida devem manter as características físico-químicas e
organolépticas originais da água.

Muito embora haja uma explicação dada por alguns


renomados mestres cervejeiros sobre os diferenciais, temos que
entender o que a química diz: que a água é o maior condutor de
íons e que esses íons são estruturas minerais inquebráveis, que
sempre mantém suas características, independentemente do
estado.

A única maneira de deixar vários tipos de águas uniformes,


é através da desmineralização pelo sistema de osmose (retirada
total dos minerais por uma membrana semipermeável),
entretanto, isso inviabiliza todo o processo de fabricação, uma vez
que a ausência total dos minerais na água tornaria o produto sem
sabor e sem caraterísticas organolépticas.

- 44 -
Talvez isso fosse o grande segredo que o Dr. Fritz Weber,
grande mestre cervejeiro austríaco, trouxe na bagagem quando
desembarcou no Brasil para procurar uma água ideal para a
fabricação da antiga Cerveja Vienense, encontrando nas águas
geladas do arroio do Pelintra (tributário primário do rio Lençóis,
pelo lado esquerdo e divisa dos municípios de Agudos e Lençóis
Paulista), a composição ideal para fabricar as primeiras cervejas
de Agudos, no início da década de 1950. Certamente o esforço do
Dr. Fritz alcançou seu objetivo, escolhendo a água do Pelintra para
fabricar, na época uma cerveja bem próxima da europeia e,
atualmente, a se não for a melhor, a mais famosa cerveja do Brasil.

Como os processos de fabricação seguem um padrão,


podemos afirmar que, indiscutivelmente, a água se torna um
diferencial na percepção organoléptica do produto final. Diante
disso, a atual matéria-prima utilizada pela Cervejaria de Agudos
mantém as mesmas caraterísticas do tempo que eram captadas da
água do Pelintra.

A atividade hidrológica no município de Agudos é


tecnicamente explicada pelo fato de o município estar na projeção
mediana da serra dos Agudos (conjunto de montanhas com
elevação média de seiscentos e vinte metros de altitude e
- 45 -
circunscrita em uma área de mais de trezentos quilômetros,
localizada na transversal entre os municípios de Borebi e Pompeia
no divisor de águas do vale do Tietê e vale do Paranapanema).

Nessa região elevada, localizada bem no centro do Estado


de São Paulo, estão as maiores concentrações de águas
subterrâneas da América Latina, com propriedades físico-
químicas inigualáveis, captadas do aquífero Guarany. As
propriedades físico-químicas das águas do aquífero Guarany, no
município de Agudos, demonstram algumas particularidades dos
demais pontos do mesmo reservatório na região.

Testes laboratoriais apontaram que as águas de Agudos


possuem maior elevação do percentual de Hidrogênio (pH),
concentrações de sais minerais como magnésio, cálcio, fósforo e
sulfatos, que são fundamentais e altamente benéficos à saúde
humana. A cerveja produzida em Agudos é famosíssima entre os
degustadores da bebida em todo o Brasil devido ao sabor refinado
e diferenciado. O segredo dessa famosidade toda está,
possivelmente, na composição mineral da água, que serve como
matéria-prima realçando o sabor, a textura e a aparência da
bebida.

- 46 -
Richard Freudenberg

Nascido na Alemanha, foi o pioneiro no


cultivo de florestas comerciais no
Brasil. Foi o fundador da Companhia
Agroflorestal Monte Alegre - CAFMA no
município paulista de Agudos, em 1958.
Naturalista (equivalente ao biólogo
atualmente), foi grande defensor da
sustentabilidade corporativa nos seus
negócios.
É considerado o pai da sustentabilidade
corporativa e do manejo agrícola
sustentável. Descendente de uma
família de pesquisadores químicos,
Richard, assim com seu pai, era um
pesquisador incansável sobre as
Imagem: Espaço propriedades múltiplas da madeira. Seu
Histórico e Cultural pai, Carl Johann Freudenberg
“Plinio Machado Cardia”,
de Agudos-SP desenvolveu inúmeras pesquisas
cientificas no campo de madeiras e foi
um dos fundadores da Freudenberg
Corporation.

- 47 -
Fritz Weber

Friedrich Wilhelm Matthias Weber,


conhecido por "Fritz", foi um mestre
cervejeiro austríaco, nascido em Viena,
em 4 de junho de 1895. Seu pai, Anton
Weber, foi diretor da cervejaria
Schwechater Brauerei. De 1910 a 1915
Fritz recebeu treinamento militar na
Escola de Cadetes de Artilharia em
Traiskirchen (Baixa Áustria). Em maio
de 1915, alistou-se na guerra como
tenente do sexto Batalhão de
Artilharia em Fort Verle. Como mestre
cervejeiro e representante da
Schwechater Brauerei, veio ao Brasil
Imagem: Reprodução da para fundar no município paulista de
Internet Agudos, a Companhia Paulista de
Cervejas Vienenses, no começo da
década de 1950. Além de mestre
cervejeiro, Dr. Fritz era escritor e na
juventude seguiu carreira militar no
exército austríaco. Fritz Weber
aprendeu com seu pai a arte de
produzir cervejas após sua saída do
exército austríaco.

- 48 -
CAPÍTULO V
INDÚSTRIA DE LENÇÓIS PAULISTA

A indústria de Lençóis Paulista é referência na região


central do Estado mais rico da Federação. Altamente
representada e heterogênea, a indústria lençoense possui fileiras
de desenvolvimento ao longo da história. Grande parte das
indústrias do município foram fundadas por famílias
empreendedoras locais que, movidas por sonhos, conseguiram
alavancar o desenvolvimento do município, que possui o quinto
maior PIB da região.

Lençóes1 era uma cidade essencialmente agrícola, havia uma


estação de trem pertencente à Estrada de Ferro Sorocabana.
A estrada ia até Bauru, principal entroncamento ferroviário
da região, onde se interligava às estradas de ferro Noroeste
e Paulista. Pela estrada passavam produtos, mercadorias e
gente. Muita gente (sic23).
No passado distante foi conhecida como a “Terra da
Cachaça” por abrigar grandes quantidades de engenhos de
aguardente, que eram comercializados para todos os lados.
Atualmente, é possível relembrar e conhecer parte dessa história
através das ruínas de vários engenhos antigos e alguns que ainda

23 MAGALHÃES, Eduardo; LORENZETTI, João Carlos: Ouro no Horizonte (2006).

- 49 -
resistem ao tempo, mantendo a produção artesanal da melhor
cachaça da região. Entre as décadas de 1960 a 1990, Lençóis foi
muito conhecida com a “Princesa dos Canaviais” por ser uma
época áurea da produção sucroenergética no município. Muitos
anos se passaram, a “Terra da Cachaça” e a “Princesa dos
Canaviais” tornou-se a terra da indústria moderna e de tecnologia
de ponta, com manufaturas que são destaques em todo Brasil.
Hoje, a “rica” Lençóis Paulista é a “menina dos olhos” da região de
Bauru quando nos referimos às indústrias; com uma ampla
diversidade, possuindo uma representatividade de muitos
segmentos industriais.

A tradicional indústria alimentícia lençoense, descreve


parte dessa história de desenvolvimento e riqueza, tendo sido
responsável pela modernização e diversificação da indústria local
na metade do século XX. O empreendedorismo lençoense é
marcado por homens e famílias que nunca desistiram dos seus
ideais e jamais perderam seus princípios morais. Algumas dessas
organizações carregam os princípios dos seus fundadores nas
suas políticas corporativas e de relacionamento.

A partir dos anos 2000, Lençóis tornou-se uma das


referências do setor papeleiro em todo o Brasil, em decorrência da
- 50 -
produção de celulose e papel através de duas grandes unidades
industriais instaladas no município. O setor papeleiro lençoense é
a grande tendência de crescimento nos próximos anos, com uma
expansão esperada e que vai gerar riquezas, desenvolvimento
regional e contribuir ainda mais para a conservação do meio
ambiente e das questões sociais.

Em 1906, havia no município alguns engenhos de cachaça


e a única referência histórica sobre datas veio do registro do
matadouro municipal e do engenho São Luiz. A industrialização
de Lençóis Paulista se divide em três fases: primeira fase é fase do
surgimento, a partir da fabricação de cachaça; a segunda fase é a
do expansionismo, a partir da década de 1940, com o surgimento
da indústria sucroenergética e alimentícia; e a terceira fase, mais
atual, é etapa da modernização.

A indústria de Lençóis Paulista é resultado do pioneirismo


de grandes personalidades que alimentaram seus sonhos
empreendedores e revolucionaram seus tempos e a história. Entre
as décadas de 1950 e 1960, Lençóis Paulista deu seu maior salto
industrial em toda a história do município. Boa parte da
tradicional indústria lençoense foi fundada nesse período, por
imigrantes italianos e espanhóis.
- 51 -
INDÚSTRIA DA CACHAÇA

Na primeira metade do século XX, Lençóis Paulista, era


conhecida como a “Terra da Cachaça” por abrigar dezenas de
engenhos de aguardente, espalhadas pelas terras lençoense. A boa
cachaça made in Lençóis Paulista resistiu ao tempo e as mudanças
culturais e, continua sendo uma das marcas culturais da cidade.
Na atualidade, a bebida recebeu novas caraterísticas visuais e
inovações nos sabores, com toque refinado na textura sensorial.

As Origens

Tradicional produtora de cachaça, a família Zillo começou a


trabalhar no ramo em 1.906, quando o Sr. José Zillo e seus
irmãos, montaram uma destilaria de alambique no Bairro
Rocinha, em Lençóis Paulista, local onde residiam. Após um
breve período desenvolvendo essa atividade, José Zillo
direcionou os seus negócios para o setor sucroalcooleiro.
Porém, a história da família Zillo na fabricação de cachaça
continuou com um de seus sobrinhos, o Sr. Gino Zillo, que
manteve a produção até os idos de 1.971 (sic24).

A indústria cachaceira lençoense desenvolveu-se em um tempo


em que a bebida era socialmente e igualmente consumida, tanto
por nobres, quanto por pessoas comuns da sociedade.

24Engenho São Luiz de Lençóis Paulista.


- 52 -
Nesse tempo, a cerveja era tida como uma bebida elitizada
e de difícil comercialização no interior do Brasil, sendo que a
maior parte das cervejarias brasileiras se concentravam nas
capitais do Sudeste brasileiro, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Engenho São Luiz, na fazenda Rocinha em 1906


Imagem: Acervo de Luiz Gustavo Zillo

Produção de Cachaça no Município de Lençóis

A razão da grande concentração de pequenas indústrias


cachaceiras no município deu-se, principalmente, pela grande
disponibilidade de matéria-prima (cana-de-açúcar).

- 53 -
A comercialização da cachaça de Lençóis era feita em todo
o Estado de São Paulo pelos próprios produtores. Essa
comercialização pegou a estrada com as duas famílias pioneiras
da cana. Entre as décadas de 1920 e 1930, a cachaça lençoense
ganhava fama em todo o Estado sendo conhecida como “A
CACHAÇA DE LENÇÓIS”. Desde a década de 1930, a cachaça
lençoense já foi apreciada por personalidades políticas e
intelectuais de todo o País. Nessa mesma época, a bebida
lençoense era submetida à Feiras de amostras em todo o interior
paulista.

As diversas indústrias do ramo de aguardente no


município, alavancaram a economia local, sendo a maior parcela
de arrecadação de impostos, na época. Até o final da década de
1940, os engenhos eram considerados pequenos e de produção
restrita. A influência da indústria cachaceira de Lençóis era tão
grande, que o Governo Federal através do Instituto Brasileiro do
Álcool e do Açúcar25 (IAA) instalou uma Destilaria Central no

25Foiuma autarquia da administração federal brasileira, criada em 1º de junho


de 1933 pelo Presidente Getúlio Vargas, através do Decreto nº 22.789. Sua sede
estava localizada na cidade do Rio de Janeiro. Foi Extinta em 8 de maio
de 1990 pelo Presidente Fernando Collor de Mello.

- 54 -
município para fomentar e captar parte dessa grande produção de
cachaça do município e da região, que era reprocessada e
transformada em etanol (combustível para suprir a grave crise do
petróleo causada pela recessão da Segunda Guerra Mundial).

De Lençóis Paulista para o Mundo

O aumento da produção do destilado proporcionou ao


município um grande salto industrial do setor. Outros engenhos
foram abertos e alguns já existentes receberam investimentos e
aumentaram a produção. O superávit da produção possibilitou
exportar a cachaça lençoense para vários países da Europa e
Estados Unidos da América.

Empreendedorismo

A visão empreendedora das duas famílias pioneiras, que


mais tarde fundaram uma usina de açúcar e etanol, em Lençóis,
fizeram direcionar os investimentos no setor cachaceiro,
aumentando a produção e expandindo o mercado dos produtos.
Por volta da década de 1920, a produção do engenho de José Zillo
& Irmãos era escoada por trens e, quando não, pelo próprio carro
que utilizavam para efetuar as vendas da “pinga” de Lençóis
Paulista.

- 55 -
Parque Industrial da Cachaça

De acordo com PACCOLA, Florindo (2007), até o final da


década de 1950, o parque industrial da cachaça era composto por
cerca de setenta engenhos, que produziam cachaça no entorno de
Lençóis Paulista. Do final da década de 1950 até meados de 1970,
os engenhos foram reduzidos há aproximadamente, vinte
destilarias e, entre a década de 1970 e final da década de 1990,
menos da metade desses cerca de vinte empreendimentos, ainda
resistiam ao tempo.

O engenho de Benjamim Fayad26, era considerado o maior


produtor de cachaça do município nessa época. O engenho era
localizado nas proximidades da Água das Barras Grandes27. Fayad
era tido como um dos mais prósperos empreendedores do
município na época: além do próspero negócio cachaceiro, era um
excelente comerciante e dono de um ponto de gasolina no centro
antigo da cidade de Lençóis Paulista.

26Libanês radicado em Lençóis Paulista, foi proprietário de um “ponto” de


gasolina, produtor de cachaça e comerciante.
27Antigo nome do ribeirão da Barra Grande, afluente primário do rio Lençóis

pela margem direita, no município de Lençóis Paulista.


- 56 -
O Rei da Cachaça

Benjamim Fayad chegou a ser chamado de “O Rei da


Cachaça” pela forte produção. Com o início da decadência do ciclo
produtivo da cachaça, Fayad, depois de vender seu engenho em
1947, foi morar com a família em Agudos.

Benjamim Fayad
Imagem: Acervo de Nelson Faillace

Em segundo lugar entre os maiores engenhos de cachaça


de Lençóis, figurava o engenho do senhor João Brígido Dutra, na
fazenda Farturinha. Os dois engenhos juntos, representavam
cerca de 40% de toda cachaça produzida no município até meados
- 57 -
da década de 1940. Após a venda do engenho do Fayad, no final da
década de 1940 para a construção de uma usina na região da Barra
Grande, uma marca de cachaça passou a figurar de forma
expressiva no território brasileiro.

A Melhor Cachaça de Lençóis

Durante os anos da década de 1950, a caninha JOTAÓ, era


produzida por uma família de engenheiros mineiros instalados na
Granja Santa Rita e comercializada nas regiões Centro-Oeste e
Nordeste do Brasil.

- 58 -
Rótulo da antiga cachaça Jotaó
Imagem: Acervo do Espaço Cultural “Cidade do Livro”

O engenheiro José Olinto Machado e irmãos despachavam


a cachaça produzida em Lençóis Paulista pela antiga estação de
carga de Virgílio Rocha, da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) até
o Mato Grosso do Sul, onde a empresa possuía um centro de
distribuição logística.

- 59 -
“Boa parte da produção da cachaça produzida na Granja
Santa Rita era destinada ao mercado de outras regiões do Brasil”,
recordou um dos despachadores da época.

Pioneiro no Transporte Pesado de Cana

Até o final da década de 1948 o transporte de cana


destinado à produção de cachaça era feito por tração animal ou
em pequenos tratores. Em 1948, Ângelo Zacharias decidiu inovar
no município de Lençóis Paulista, com a introdução do transporte
por caminhões. Quando Ângelo comprou um caminhão F-5 cor
verde-oliva e espalhou a notícia que iria transportar a cana de
caminhão, muitos produtores de cachaça, não acreditavam que
um caminhão pudesse adentrar ao canavial e ter tração para sair.

- 60 -
Primeiro caminhão a transportar uma viagem de cana
Imagem: Acervo de Valter Zacharias

Na primeira viagem de cana transportada para o engenho


da Lontra, os principais produtores de cachaça do município
foram ver a novidade. Entre 1948 e 1971, Ângelo Zacharias já
dispunha de três caminhões de cana, que transportavam toda sua
safra de cana para seu engenho de cachaça localizado na fazenda
da Lontra em Lençóis Paulista.

- 61 -
Responsabilidade Social da Indústria Cachaceira
O forte crescimento da indústria cachaceira em Lençóis,
proporcionou ao município começar sua expansão econômica e
social. Os recursos da indústria da cachaça, ajudaram a construir
o primeiro hospital público de Lençóis Paulista, inaugurado em 25
de Janeiro de 1944.

Destilaria Central

O Governo de Getúlio Vargas, visando a economia da


gasolina ainda no período de guerra, resolveu adicionar etanol
anidro à gasolina. Para tanto, incentivou a produção desse tipo de
etanol e, ao mesmo tempo, construiu algumas destilarias com essa
mesma função: adquirir o excedente da produção de cachaça dos
pequenos engenhos e redistilá-la a fim de obter o
biocombustível. Assim, no ano de 1945, foi construída a Destilaria
Central Ubirama na cidade de Lençóis Paulista. Como, nessa época,
nossa cidade levava o nome de Ubirama, esta foi denominação
escolhida para a destilaria.

- 62 -
Vista inversa da antiga Destilaria Ubirama
Imagem: Acervo de Luiz Carlos Baptistella

Naquele tempo, para facilitar o acesso à Destilaria, uma das


entradas da cidade era pela atual Avenida José Antônio Lorenzetti,
que ligava Ubirama (segunda denominação de Lençóis Paulista), à
Bocayuva (atualmente a cidade paulista de Macatuba). Ainda hoje
existe, sobre o córrego do Corvo Branco, uma antiga estrutura de
tijolos que fazia a ligação entre as duas localidades. A influência
que a indústria da cachaça exercia na região e a grande
necessidade de expansão de fabricação do biocombustível,
trouxeram à Lençóis Paulista o ex-interventor federal e ex-
governador de São Paulo, Ademar Pereira de Barros, para a
inauguração de uma das quatro destilarias existentes no Estado.

- 63 -
Visita de Ademar Pereira de Barros à Destilaria Ubirama
Imagem: Acervo de Nelson Faillace

Cachaça para Fabricação de Etanol


Como não existiam muitas usinas de produção em larga
escala de etanol, o Governo Federal da época instalou algumas
destilarias para aproveitar o excedente da produção de cachaça
para produzir o biocombustível alternativo. Lençóis Paulista foi
uma das beneficiadas pelo primeiro programa de incentivo à
produção do biocombustível subsidiado pelo Governo de Getúlio
Vargas.

- 64 -
Decadência da Produção de Cachaça

Enquanto muitos proprietários de engenhos continuavam


insistindo no negócio da cachaça, duas famílias já tradicionais na
produção de cachaça no município tinham uma visão de novos
horizontes, que começariam a trilhar. E dentro de poucos anos
estariam colhendo ótimos frutos, com a mudança de ciclo
produtivo. Entre as décadas de 1950 e 1960, a indústria da
cachaça começou a ruir e ser extinta. Os poucos engenhos que
restaram, estavam sendo adquiridos para formar um grande
complexo canavieiro, formado pela visão futurista das duas
famílias pioneiras.

A Indústria da Cachaça na Atualidade

Apenas três engenhos estão ativos, produzindo a boa


cachaça lençoense: os engenhos São Luiz; Engenho Bocaina e
Destilaria Marimbondo ainda mantém a atividade de produção da
cachaça no município de Lençóis Paulista. Ainda hoje a cachaça de
Lençóis é tida como uma das melhores do Brasil por seu aroma
refinado e sabor inigualável. As marcas “PACCOLA” e “GUACHE
“estão desde 1929 sendo comercializadas pela tradicional família
Paccola, sendo a marca mais comercializada na região de Lençóis.

- 65 -
Versão clássica Versão da década de 1970
Imagens: Acervo da Sociedade Anônima Luiz Paccola Comércio

Desde o fundador Luiz Paccola, passando por Alexandre R.


Paccola, Lourival Paccola (Balin pai), até chegar a Evaldo Luiz
Paccola (Balin filho), o negócio da cachaça sempre recebeu
atenção especial, tendo sido trabalhada com muito afinco e
dedicação. Esse é o grande segredo da família Paccola para
perenizar a marca e os produtos, por várias gerações.

- 66 -
Outra marca muito comercializada, tipo exportação e de
alto padrão sensorial é a produzida pelo tradicional Engenho São
Luiz, da família dos pioneiros do açúcar no município. O toque
refinado e aroma diferenciado, faz da cachaça de altíssimo padrão,
segundo alguns cachaçólogos. A cachaça produzida pela família
Zillo, em Lençóis Paulista, tem conquistado mercados altamente
exigentes e apreciadores requintados.

Em 2007, Luiz Santana Zillo, neto de José Zillo, e seus filhos,


resgataram as origens da família criando o Engenho São Luiz, com
a proposta de oferecer um produto honesto, de qualidade
superior, de excelência sensorial (sic28). Em 2014 a Cachaça
“Augusta” foi prata na competição internacional de Nova Iorque
(Estados Unidos). O Engenho São Luiz também recebeu o título de
destilaria do ano (sic28).

“Cachaça Verde”

Considerada ecologicamente correta, a cachaça produzida


pelo Engenho São Luiz é diferenciada e considerada “verde”, isto
é, produzida com métodos que permitem não agredir o meio
ambiente, com dispositivos de produção limpa.

28 Engenho São Luiz


- 67 -
Cachaça made in Lençóis Paulista

Rótulos da Cachaça São Luiz


Imagem: Acervo do Engenho São Luiz
As marcas de cachaça produzidas pelo Engenho São Luiz,
estão ganhando os mercados americanos e europeus e
conquistando o paladar de públicos que antes pertenciam apenas
ao uísque. A cachaça São Luiz produzida em Lençóis Paulista
figura entre as marcas mais refinadas e apreciadas pelo Brasil.

Novos Horizontes

Foi na década de 1940, que os grandes empreendimentos


sucroenergético do interior de São Paulo, iniciaram suas

- 68 -
atividades produzindo açúcar e etanol em larga escala. Entre 1940
e 1947, a sociedade das duas famílias pioneiras do açúcar e do
etanol em Lençóis prosperou, graças à visão de seus principais
sócios, que estavam decididos a ampliar o negócio da cana e
avistaram grandes horizontes de crescimento através da
produção de açúcar e etanol.

Da Cachaça ao Açúcar
Entre as décadas de 1950 e 1960, a cachaça começou a
perder produção. Nesse período, o Governo começou a incentivar
a produção de açúcar, expandir o mercado nacional e iniciar a
exportação do produto.

Desde a 2ª Guerra Mundial, os esforços da indústria


açucareira brasileira se concentraram na multiplicação da
capacidade produtiva. As constantes alterações na cotação
do açúcar no mercado internacional e os equipamentos
obsoletos forçaram uma mudança de atitude para a
manutenção da rentabilidade. Coube à Coopersucar -
cooperativa formada em 1959 por mais de uma centena de
produtores paulistas para a defesa de seus preços de
comercialização - a iniciativa de buscar novas tecnologias
para o setor(sic29).

29 União dos Produtores de Bioenergia (UDOP): A História da Cana-de-açúcar.


- 69 -
Nesse tempo, o grupo formado pelas duas principais
famílias de produtores de cachaça de Lençóis, decidem investir no
novo negócio e estabelecer, de forma corporativa, uma expansão
dos negócios canavieiros.

Muito atentos às necessidades contemporâneas de suas


épocas, onde o País estava muito necessitado de produtos como o
açúcar e o álcool combustível, os pequenos produtores de cachaça,
que não tinham estrutura e tampouco, horizontes de expansão,
foram sendo absorvidos pela nova corporação do setor canavieiro,
que estava surgindo. Parece que estavam premeditando a
decadência do setor da cachaça e transferindo suas inciativas para
uma época de transição de muito sucesso.

- 70 -
Benjamin Fayad

Conhecido como o “Rei da Cachaça”, era


um libanês, radicado em Lençóis
Paulista no início do século XX, suas
habilidades comerciais o levaram a ser
um dos grandes produtores de cachaça e
distribuidor de gasolina na cidade. Em
1946, vendeu seu engenho chamado de
“Barras Grandes” (mais tarde em 1947),
duas famílias montaram uma usina para
processar cana em larga escala,
destinadas à produção de açúcar e
etanol
Imagem: Acervo de
Nelson Faillace

- 71 -
INDÚSTRIA SUCROENERGÉTICA
Princesa dos Canaviais
Ao final da década e de 1950 e início da década de 1960, o
império da cachaça lençoense havia entrado em declínio, sendo
substituído pelo megaempreendimento do agronegócio
canavieiro, que em pouco mais de uma década e meia, estava em
ascensão produtiva.

Por mais de três décadas, principalmente a partir do


grande boom de produção sucroenergética ocorrido entre 1976 e
1977, Lençóis Paulista ostentou o título de “Princesa dos
Canaviais”. A força do agronegócio canavieiro foi o orgulho da
cidade, devido à vasta predominância do cultivo agrícola da cana-
de-açúcar nas terras de Lençóis. O desenvolvimento da indústria
sucroenergética lençoense está pautada em três fases: primeira
fase é o surgimento na década de 1940, a segunda fase é a fase da
expansão (décadas de 1960 à 1990) e a terceira é a fase da
modernização (década de 1990 em diante).

- 72 -
Construção da Usina Barra Grande de Lençóis, em 1947
Imagem: Acervo de Tito Lorenzetti

Do Engenho à Usina

No ano de 1947, José Zillo chamou os filhos de João Lorenzetti, tio


de Tonico, para a montagem de uma nova usina, que se tornou a
Usina Barra Grande. Para lá foram Pedro Natálio Lorenzetti e
Antônio Avelino Lorenzetti (sic30).
O engenho adquirido no final da década de 1940, pelos
irmãos Luiz e José Zillo que, depois se juntaram em sociedade com
os filhos de João Lorenzetti (Pedro Natálio e João Avelino), afim de
iniciar a produção de açúcar e etanol em larga escala.

30MAGALHÃES, Eduardo; LORENZETTI, João Carlos: Ouro no Horizonte (2006).

- 73 -
Um dos motivos que levaram à aquisição do engenho do
Fayad foi, principalmente, o empreendimento estar localizado
muito próximo à Água das Barras Grandes27, naquela época, o
maior rio em volume hídrico.

Vista parcial da Usina Barra Grande de Lençóis, em 1948


Imagem: Acervo de Tito Lorenzetti
Vários colaboradores antigos da Usina de Lençóis narram
a mesma coisa quando falam dos irmãos Lorenzetti, tanto Pedro
Natálio, quanto Antônio Avelino, foram os exemplos de patrões
que deram muitas oportunidades a vários profissionais que
desenvolveram carreiras sólidas na empresa.

- 74 -
Os teores das negociações são desconhecidos, mas tudo
levam a crer que houve grande estratégia na concretização do
negócio, pois de um lado havia o interesse e a visão de expansão
do negócio, e do outro, supostamente, um desestimulo em
continuar com a produção de cachaça. Estrategicamente, a visão
expansionista era nítida e perceptível ao desenrolar da história. A
usina cresceu e se tornou, nos anos de 1990, uma das dez maiores
usinas de cana do Brasil

Vista aérea da Usina Barra Grande de Lençóis, na década de 1960


Imagem: acervo de Tito Lorenzetti

- 75 -
Panorâmica da Usina Barra Grande de Lençóis, na década de 1950
Imagem: Acervo de Tito Lorenzetti

Ao adquirir o engenho do libanês Benjamim Fayad, a


intenção dos irmãos Zillo era transformar, de imediato, o maior
engenho de cachaça do município em um rentável negócio do
açúcar e etanol. A visão dos compradores estava no futuro
promissor do açúcar e do álcool combustível, que persistiriam
pelas décadas subsequentes.

- 76 -
Vista da Usina Barra Grande de Lençóis, em 2018
Imagem: Acervo da Zilor Energia e Alimentos

Responsabilidade Social

A indústria sucroenergética lençoense foi e ainda é a


principal incentivadora de importantes programas sociais no
município. Entre seus principais feitos, destacam-se a construção
de um hospital destinado aos colaboradores do setor canavieiro.
Entre as décadas de 1960 e 1990 Lençóis Paulista possuía dois
hospitais de atendimento público. O Hospital dos Canavieiros
atendia tanto os colaboradores do setor, quanto a população em
geral e, ainda o setor mantinha uma farmácia popular. As colônias

- 77 -
agrícolas (conjunto de moradias destinadas aos colaboradores),
mantinham boa parte de seus colaboradores na zona rural do
município com o mesmo conforto da cidade.

Incentivos à Cultura e ao Esporte

Estão guardadas nas memórias de muitos lençoenses as


festas acontecidas nos salões da Usina Barra Grande. Os jogos de
futebol no famoso campo e as sessões do cinema eram bem
concorridas. Os charmes desses acontecimentos eram tão
intensos, que pessoas da cidade iam prestigiar esses importantes
acontecimentos. Essa genética enraizada no “DNA” corporativo da
empresa são presentes até na atualidade com incentivos ao
esporte e à cultura regional. Em 1964, a Associação Atlética Barra
Grande se sagrou vice-campeã paulista de futebol amador,
considerado o melhor time de futebol local da história.

Antigo escudo da Associação Atlética Barra Grande


Imagem: Reprodução da Internet

- 78 -
Teatro UBG

O grupo de teatro patrocinado pela usina sucroenergética


de Lençóis foi o embrião da forte presença cultural no município -
muitos ativistas culturais iniciaram-se nesse grupo.

Jornal da Cidade de Bauru em 22 de maio de 1983


Imagem: Acervo de Nivaldo Bispo Carvalho

- 79 -
Coral UBG

Jornal Tribuna Lençoense em 15 de julho de 1984


Imagem: Acervo de Nivaldo Bispo Carvalho
O coral de vozes que leva o nome da companhia traz, até os
dias de hoje, cultura, entretenimento e emoção à toda região há
mais de 30 anos. O coral, antigamente denominado com o
sobrenome das duas famílias fundadoras (Zillo Lorenzetti),
atualmente atende através das iniciais abreviadas do grupo
empresarial, sendo um dos mais importantes grupos culturais do
Estado.

- 80 -
Cinema da Usina Barra Grande

As sessões de cinema no Cine Barra Grande eram


verdadeiros espetáculos. Tanto os colaboradores, quanto os não
colaboradores abarrotavam as sessões para assistirem grandes
clássicos do cinema da época. Grandes apresentações do cinema
nacional marcaram presença na grade cinematográfica do cinema
da usina, inclusive, o grande comediante brasileiro Mazzaropi
teria frequentado o cinema na década de 1960. A amizade entre
membros de uma das famílias que compunham a sociedade da
Usina e Mazaroppi teria se iniciado em função dos estreitos laços
da empresa com a companhia cinematográfica do comediante, a
PAM Filmes.

(...) a Zilor utiliza recursos de leis de incentivo fiscal para a


realização de projetos nas comunidades de Lençóis Paulista,
Macatuba e Quatá por meio do ProAc - Programa de Ação Cultural
e PIE – Programa de Incentivo ao Esporte, ambos do Governo do
Estado de São Paulo (sic31).

Riqueza Verde

Nessas décadas, milhares de lençoenses constituíram


famílias, e ainda tiram seu sustento da cana e seus derivados. O
setor significa uma história de desenvolvimento e riqueza para os

31 Relatório de Sustentabilidade - Zilor


- 81 -
municípios da região. Atualmente, a indústria da cana é
responsável por boa parte do PIB de Lençóis Paulista, sendo uma
das líderes no ranking do faturamento da indústria local.

A Zilor foi a primeira empresa a aderir ao Protocolo


Agroambiental idealizado pelo Governo do Estado de São Paulo,
que previa a eliminação da queima da palha de cana-de-açúcar até
2014 nas áreas mecanizáveis e até 2017 nas áreas não
mecanizáveis. Com isso, a Zilor contribui para a redução da
emissão de gases causadores de efeito estufa, entre outros
benefícios ambientais (sic31).

Atualidade

Em 2007, o grupo sucroenergético lençoense, composto


por três usinas do interior do Estado de São Paulo, remodelou sua
marca empresarial, com a junção das iniciais dos sobrenomes das
duas famílias fundadoras e controladoras da companhia, que além
das três usinas de açúcar e etanol, é composta, ainda, por uma
indústria de leveduras, (uma das maiores do ramo, no Brasil e no
Mundo). Suas unidades industriais estão localizadas nos
municípios paulistas de Lençóis Paulista, Macatuba e Quatá, com
representações na Capital de São Paulo e na Noruega.

- 82 -
Pioneirismo Moderno e Sustentável

A Zilor foi a primeira empresa a aderir ao Protocolo


Agroambiental idealizado pelo Governo do Estado de São Paulo,
que previa a eliminação da queima da palha de cana-de-açúcar até
2014 nas áreas mecanizáveis e até 2017 nas áreas não
mecanizáveis. Com isso, a Zilor contribui para a redução da
emissão de gases causadores de efeito estufa, entre outros
benefícios ambientais. A Zilor investe em tecnologia e processos
que permitam o controle e a redução das emissões atmosféricas
em suas atividades agrícolas e industriais. Foi a primeira empresa
do setor sucroenergético a ter um projeto utilizando o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo, previsto no Protocolo de Kyoto
(sic31).
A empresa lençoense foi a primeira do setor
sucroenergético (entre o final da década de 1980 e começo da
década de 1990), a desenvolver pesquisas e produção de
leveduras para alimentação animal. Atualmente, é referência na
produção do produto, que é exportado para vários países do
mundo. A linha de produção de ingredientes naturais desta área
de negócio da companhia sucroenergética lençoense, é
reconhecidamente a mais completa e desenvolvida do setor de
leveduras.

- 83 -
Pedro Natálio Lorenzetti

Recebeu uma participação acionária


do seu tio, José Zillo, na usina de cana
fundada em Lençóis Paulista em
1947. Pedro Natálio já trabalhava na
usina havia alguns anos. Era muito
bem visto entre os colaboradores da
empresa, por sua maneira de
Imagem: Acervo de Tito relacionamento com a base
Lorenzetti operacional.
Antônio Avelino Lorenzetti
Recebeu do irmão, Pedro Natálio, uma participação nos negócios
da indústria sucroenergética de Lençóis Paulista.
Comendador José Zillo

Pioneiro da indústria sucroenergética em


Lençóis Paulista, era casado com dona
Angelina Lorenzetti, irmã de João
Lorenzetti e tio de Pedro Natálio e
Antônio Avelino Lorenzetti. Em 1947,
adquiriu em sociedade com seu irmão
Luiz Zillo o engenho do libanês Benjamim
Fayad, afim de transformá-lo em uma
usina de processamento de cana,
convidando seu sobrinho, Pedro Natálio Imagem: Acervo da
Lorenzetti para participar do pequeno família Zillo
negócio.

- 84 -
INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA

A indústria alimentícia lençoense sempre foi destaque na


fabricação de biscoitos, massas, balas, refrigerantes e derivados
de origem animal. A maior parte dessas indústrias iniciaram suas
atividades de forma artesanal e, com o tempo, alcançaram lugar
de destaque no cenário nacional. Antigamente, essas empresas
tinham como objetivo principal, produzir alimentos para a
comercialização local e, posteriormente regional.

As vendas eram feitas de forma simples pelos seus próprios


idealizadores e familiares. A indústria de massas, tida como uma
comida nobre para a época, alavancou as primeiras indústrias
alimentícias no município. Na década de 1950, a indústria de
biscoitos começava suas atividades.

Atualmente, há no município, três grandes unidades


industriais alimentícias de alcance nacional, uma na produção de
massas, uma na fabricação de biscoitos e outra na produção
carnes e derivados. No passado, além das três ainda em atividade,
haviam mais quatro indústrias do ramo que foram desativadas:
uma de massas, uma de balas e mais duas de refringentes.

- 85 -
Os imigrantes italianos e espanhóis radicados em Lençóis
Paulista foram os grandes propulsores da indústria alimentícia
lençoense. Iniciaram seus empreendimentos de forma artesanal
e, com o tempo, conseguiram expandir seus negócios e
perduraram ao longo de décadas. Esses empreendimentos se
consolidaram ao longo dos tempos e fortaleceram suas marcas no
mercado nacional de alimentos industrializados. Os
empreendimentos das famílias italianas em Lençóis Paulista eram
focados no ramo de massas e as famílias de origens espanholas
partiram para o ramo de biscoitos.

INDÚSTRIA DE MASSAS

A indústria de alimentos Orsi é uma produtora de massas


alimentícias, onde são produzidos vários tipos de macarrões.
Fundada em 1949, em Lençóis Paulista, por Zefiro Orsi, a empresa
de capital fechado e de administração familiar desde sua fundação,
produz diversos tipos de massas que são comercializadas em todo
Brasil.

- 86 -
Sobre o Fundador

Zefiro Orsi, no antigo estabelecimento comercial


Imagem: Acervo da família Orsi
O imigrante italiano Zefiro Orsi foi um sócio -comerciante
que, juntamente com outro membro de uma família tradicional de
Lençóis Paulista, fundou a Casa Zillo & Orsi, de secos e molhados.

De Comerciante a Industrial

Ao desfazer a sociedade, Zefiro Orsi adquiriu o pequeno


pastifício, onde produzia de forma artesanal a típica massa
italiana. No pequeno pastifício, os filhos de Zefiro Orsi, aprendiam
com o pai a arte de produzir massas de macarrão que, mais tarde,

- 87 -
daria origem ao grande empreendimento que leva seu sobrenome.
O comando do empreendimento passou ao seu filho Willian, que
administrou a empresa por várias décadas e foi o responsável pelo
grande salto, projetando a empresa para o crescimento.

Zefiro Orsi William Orsi


1896-1978 1923-1998
Imagens: Acervo da Família Orsi

Formado em Administração de Empresas, Willian Orsi


potencializou o pequeno pastificio herdado de seu pai e
transformou-o em uma das empresas mais rentáveis da cidade. A
convergência entre a teoria e a prática, fez do senhor Willian um
administrador prático e sempre presente nas decisões da
empresa.

- 88 -
A dedicação pela arte de fazer macarrão, levou o imigrante
italiano, que se tornou comerciante, a construir uma das
indústrias mais sólidas do Brasil no ramo de massas. E foi com
essa mesma dedicação, que Willian Orsi conduziu seus negocios
até seus últimos dias.

Primeiras máquinas de macarrão na década de 1960


Imagem: Acervo da Indústria Orsi

- 89 -
Incêndio

Ferragens do teto da fábrica todo retorcido


Imagem: Acervo de Cristiano Borin
Em 1989, uma tragédia assolou os negócios da família Orsi:
um incêndio de grandes proporções destruiu todo o maquinário e
instalações da indústria, localizada no centro de Lençóis Paulista.
Essa tragédia, foi um fato que proporcionou uma “virada de
página” importante nos negócios da empresa.

- 90 -
O incêndio, que destruiu a fábrica, abalou tanto os
diretores, quanto os colaboradores. Em uma reunião, Willian Orsi
disse que não aceitaria que o grande legado de seu pai (Zefiro),
fosse consumido pelo fogo. Willian relutou muito em não demitir
nenhum funcionário mas assim se fez necessário para um
recomeço.

Equipamentos industriais totalmente destruído pelo fogo


Imagem: Acervo de Cristiano Borin

- 91 -
Equipamentos industriais totalmente destruído pelo fogo
Imagem: Acervo de Cristiano Borin

Foram treze meses de um incansável trabalho de


reconstrução e batalha para que o sonho de Zefiro Orsi não
acabasse nas cinzas. Da proeza de recomeçar do zero seu
empreendimento, Orsi foi protagonista da mais bela história de
superação corporativa, reconhecida em todo interior paulista, no
começo da década de 1990.

- 92 -
“Orsi, A valente Phoenix(fênix) paulista”
Depois de treze meses com a produção parada para
reconstruir o prédio e instalar novos equipamentos, muitos não
acreditavam que o sucessor de Zefiro Orsi tivesse condições de
refazer, em tão pouco tempo, o que demorou décadas para ser
erguido.

As instalações foram refeitas, funcionários recontratados e


surgiu a possibilidade de novos investimentos em maquinários
modernos e tecnologias de fabricação mais atuais, que lhes
permitiram reiniciar as atividades de forma grandiosa. “Quando o
Willian dizia que iria reconstruir a fábrica, as pessoas não
acreditavam que fosse possível. Eu via nos olhos dele a tristeza de
ver o fogo consumir a fábrica de macarrão”, recordou o senhor João
Ranzani, amigo pessoal de Orsi.

- 93 -
Matéria do Sindicato da indústria alimentícia do Estado de São Paulo
Imagem: Acervo de Cristiano Borin

Atualidade

Atualmente, a direção da empresa está nas mãos da


terceira geração da família. Os produtos da Orsi Alimentos estão
presentes em toda região Sudeste, Sul e parte do Centro-Oeste
brasileiro, figura entre uma das marcas empresariais do ramo de

- 94 -
massas mais conceituadas do País. O sistema produtivo é semi-
automatizado, empregando mão-de-obra lençoense no seu
processo de fabricação. O conceito de administração familiar
desenvolvido pela empresa e herdado dos seus pioneiros, é
pautada na proximidade com os negócios. Esse conceito favorece
uma administração mais eficaz na tomada de decisões e reposta
rápida ao gerenciamento industrial com fornecedores,
colaboradores e comunidades do entorno.

Balança e empacotadora de macarrão


Imagem: Acervo da Orsi Alimentos

- 95 -
Fundado no final da década de 1960 pela família Nelli, o
Pastifício A FIDELIDADE foi uma empresa familiar de massas
alimentícias que produzia o macarrão “A FIDELIDADE”. Durante
alguns anos foi o principal concorrente da marca Orsi.

Antigo veículo de transporte da empresa


Imagem: Reprodução da internet /Acervo de Antônio Nelli

- 96 -
Sobre o Fundador

Américo Nelli foi o fundador do pastifício que, por anos


produziu o macarrão “A FIDELIDADE” em Lençóis Paulista,
primeiramente na pequena fábrica instalada na esquina da
Avenida 25 de Janeiro, no centro antigo da cidade e,
posteriormente, no prédio mais amplo localizado no alto da Bela
Vista.

Antigo veículo de transporte da empresa


Imagem: Reprodução da internet /Acervo de Antônio Nelli

- 97 -
INDÚSTRIA DE BISCOITOS

A indústria de biscoitos foi fundada em 1960, por duas


famílias, uma de imigrantes espanhóis e outra das terras de
Lençóis. O nome é uma sigla formada com as iniciais e terminais
dos nomes das duas famílias fundadoras: família Zacharias e
família Llobet.

A indústria de biscoitos se tornou em pouco tempo, uma


das principais produtoras de bolachas do Estado de São Paulo. Em
pouco mais de quarenta anos, sob direção das duas famílias, a
empresa conquistou o mercado nacional.

Sobre os Fundadores

Os irmãos Llobet, imigrantes espanhóis vindos da


Catalunha32, deram início ao embrião da indústria de biscoitos em
Lençóis. O primeiro negócio da família foi uma pequena
confeitaria, mantida pelo trabalho familiar, no centro antigo de
Lençóis Paulista.

32É uma comunidade autônoma da Espanha, situada a Nordeste da península


Ibérica.
- 98 -
Ângelo Zacharias, de raízes lençoense, foi um próspero
produtor de cachaça. Ângelo e seu irmão Adolfo seguiram a
vocação do pai na produção de cachaça, na região da fazenda da
Lontra, até diversificar seus negócios em sociedade com os irmãos
Llobet, no ramo alimentício.

Da Confeitaria à Fábrica de Biscoitos

A grande marca de biscoitos comercializada em todo o País,


surgiu da necessidade de expansão do pequeno negócio familiar,
nos anos de 1950. A família de imigrantes espanhóis, instalada nas
terras de Lençóis, iniciou suas atividades produzindo e vendendo
biju33 de porta em porta. Aos poucos, os biscoitos da família
ganhavam o gosto dos lençoenses e a freguesia aumentava dia-a-
dia.

Primeiramente os biscoitos eram produzidos na própria


residência dos Llobet, e à medida que a procura aumentava, viram
nessa crescente demanda, a possibilidade de expandir a pequena
produção. Expandir o pequeno negócio foi uma atitude de
coragem da família catalã, abrindo na época uma pequena
confeitaria. No final da década de 1950, a família Llobet decidiu

33 Biscoito doce, crocante e quebradiço feito com uma massa seca de polvilho.
- 99 -
ampliar os negócios e construir uma fábrica que pudesse produzir
biscoitos em larga escala e aumentar a produção dos deliciosos
bijus32. Porém, a família não dispunha de capital necessário para
investir em uma estrutura que atendesse à visão. Em primeiro
instante, os pioneiros do biscoito na cidade chegaram a cogitar
uma sociedade com os donos do Pastifício Orsi, porém, como
estavam empenhados na fábrica de macarrão da família, as
negociações não prosseguiram. William Orsi teria indicado, aos
Llobet a possibilidade de financiamento pelo Banco Indústria e
Comércio de Santa Catarina (INCO)34.

Durante uma conversa com o então gerente do extinto


Banco INCO33 de Lençóis Paulista, senhor Rubens Pietraróia, os
pioneiros dos biscoitos da família Llobet, foram orientados a fazer
uma sociedade com o senhor Ângelo Zacharias, que dispunha do
capital necessário para investir na ampliação dos negócios.
Ângelo Zacharias teria ficado tão empolgado com a sociedade, que
ele teria dito: “se os biscoitos fossem produzidos da mesma forma
que eram produzidos na confeitaria, a sociedade seria um

34Foiuma instituição financeira fundada no Estado de Santa Catarina em 1934,


com filiais em algumas localidades do Brasil, responsável por financiar o início
da industrialização do interior do Brasil.
- 100 -
sucesso”. Assim nascia, em 1960, a ZABET (Zacharias e Llobet)
Indústria e Comércio de Biscoitos, que se tornaria uma das mais
prósperas indústrias alimentícias do Brasil.

Primeira linha de produção de biscoitos da indústria de biscoitos


Imagem: Acervo de Valter Zacharias

Em poucos anos após a sucedida sociedade entre Ângelo


Zacharias e os irmãos Llobet, os resultados começaram a surgir de
forma grandiosa.

- 101 -
Vocação para o Sucesso

O pequeno negócio que era apenas mantido pela família


Llobet começava a necessitar de mais recursos humanos para
tocar a fábrica, que consumia mil e cem sacas de farinha de trigo e
trezentas sacas de açúcar em apenas uma linha de produção.

Primeiros colaboradores da indústria de biscoitos


Imagem: Acervo de Valter Zacharias

- 102 -
O crescimento do empreendimento não parou por aí: em
quase quatro décadas de atividades empresariais, a boa gestão do
negócio possibilitou três grandes ampliações nas instalações e no
processo de produção de biscoitos.

Antiga fachada da indústria de biscoitos no centro de Lençóis Paulista


Imagem: Acervo de Valter Zacharias
O sistema logístico da empresa sempre foi próprio, tanto
no transporte de matérias-primas, quanto no transporte dos
produtos acabados. À medida em que a produção aumentava
começou-se a ter a necessidade de remodelação, adequando-se
também à necessidade de expansão da produção.

- 103 -
A partir da instalação da segunda linha de produção de
biscoitos, a frota de veículos precisou ser incorporada para
atender ao transporte dos produtos até outros centros
consumidores.

Primeiros veículos de transporte


Imagem: Acervo de Valter Zacharias
No final da década de 1990, a empresa construiu um centro
de distribuição e logística, às margens da Rodovia Marechal
Rondon afim de ter mais agilidade nos carregamentos e
distribuição dos seus produtos.

- 104 -
Atualidade

Por quase quatro décadas, a sociedade entre as duas


famílias rendeu muitos frutos, colocando Lençóis Paulista no rol
das grandes produtoras de biscoitos do Brasil. Em 1998, ocorreu
a venda total do controle acionário da empresa para o grupo
argentino Macri.

Em 2001, a Zabet passou a fazer parte da Adria Alimentos do


Brasil Ltda., unindo-se às tradicionais marcas Adria, Basilar e
Isabela, dentre outras. Dois anos depois, a organização foi
adquirida pelo grupo M. Dias Branco, de Fortaleza, líder nacional
na fabricação e venda de biscoitos e massas alimentícias, atuando
ainda nos segmentos de moagem de trigo, refino de óleo,
gorduras, margarinas e cremes vegetais, além dos setores
imobiliários e de hotelaria, estando presente em todo o território
nacional. Em 2012, a Adria Alimentos do Brasil Ltda. foi
incorporada à M. Dias Branco S/A Ind. e Com. de Alimentos,
tornando-se uma única empresa (sic35).

Mesmo depois da transição de capital acionário, a empresa


controladora manteve a marca Zabet e os produtos produzidos em
Lençóis Paulista com as mesmas caraterísticas. A marca Zabet é
comercializada em todo o País.

35Grupo M. Dias Branco.


- 105 -
INDÚSTRIA DE BEBIDAS
Refrigerantes São Luiz
Se Agudos tem a fama de produzir a melhor cerveja do
Brasil, Lençóis Paulista também já se orgulhou de ter uma fábrica
de refrigerantes consumidos em várias regiões do Estado de São
Paulo. Muito apreciados por todos os lençoenses da época, os
refrigerantes São Luiz eram um dos orgulhos da cidade, presente
em muitas casas lençoenses. Não há na cidade, entre os moradores
mais antigos, quem não tenham experimentado entre as décadas
de 1940 e 1980 os famosíssimos refrigerantes.

Fundada pelo senhor Luiz Biral na década de 1940, além do


refrigerante, a fábrica de refrigerantes São Luiz produzia o vinagre
Biral, que durante alguns anos foi um produto tradicional entre os
moradores de Lençóis.

Em 1950, a fábrica de refrigerantes foi vendida ao senhor


Ângelo Paccola Primo, que foi um dos proprietários de engenhos
do munícipio e produtor de cachaça. A fábrica de refrigerantes
São Luiz também foi dirigida pelo seu filho, senhor Flávio Paccola,
até no começo da década de 1980, quando a fábrica foi desativada.

- 106 -
Frota de veículos para entrega de refrigerantes em 1959
Imagem: Acervo da família de Ângelo Paccola Primo

Até hoje, o sabor do refrigerante São Luiz está guardado na


memória de muitos moradores antigos da cidade. A sodinha São
Luiz era a mais produzida, com maior demanda de consumo não
só entre os moradores de Lençóis, mas também nas cidades onde
eram comercializadas.

- 107 -
Antigo rótulo do vinagre Biral
Imagem: Acervo de Leila Momo Rossini

Para diferenciar o nome dos refrigerantes, colocou-se o


nome com as iniciais da família produtora, “PATUBAÍNA” ou
Paccola Tubaína.

- 108 -
Antigo rotulo das garrafas de refrigerantes
Imagem: Acervo de Leila Momo Rossini

Fórmula Secreta

O sucesso dos refrigerantes produzidos em Lençóis ganhou


notoriedade em muitas cidades do interior paulista pelo sabor e
leveza. Muito se cogitava na época como eram produzidos os
refrigerantes e, principalmente, a sodinha São Luiz. Muitos
elencavam o sabor à água e até à maneira que era preparado o
xarope base das bebidas. Após Ângelo Paccola Primo ter adquirido
a fábrica de refrigerantes São Luiz do senhor Luiz Biral, foi
aperfeiçoada a produção de refrigerantes, através da formulação
de novos sabores dos produtos. Além do aperfeiçoamento nos

- 109 -
métodos de preparo do xarope base, o novo proprietário teria
adicionado essências importadas da Suíça na composição. Porém,
apenas duas pessoas sabiam e guardavam a “fórmula secreta” de
fabricação dos refrigerantes produzidos em Lençóis: o senhor
Ângelo Paccola Primo e seu filho Flávio Paccola.

A Água de Lençóis

De forma genérica, a principal matéria-prima para a


produção de bebidas é a água. Com cerca de 90% de sua
composição, se a água não apresentar uma boa qualidade físico-
química, o processo de fabricação não surte o efeito esperado.

Se Agudos é a capital nacional da cerveja por causa do


sabor inigualável, em decorrência das boas águas, Lençóis Paulista
também já teve seus dias de glória na fabricação de bebidas. A
matéria-prima utilizada para a fabricação dos refrigerantes São
Luiz era uma das melhores águas da região, que eram captadas em
um poço no próprio terreno da fábrica.

- 110 -
Essas águas tinham uma alcalinidade acentuada e
enriquecida naturalmente por muitos minerais que ajudavam na
potencialização do sabor dos refrigerantes. O Doutor Antônio
Tedesco36, recomendava a água do poço da fábrica de
refrigerantes São Luiz para alguns de seus pacientes. Segundo ele,
as águas eram terapêuticas. Com isso, formavam-se filas para
buscar a água que servia à produção de refrigerantes.

Rótulo da antiga soda limonada São Luiz


Imagem: Acervo de Maria Helena Gasparini Momo

36 Foi médico e vice-prefeito de Lençóis Paulista.


- 111 -
No rótulo da Soda Limonada São Luiz havia uma inscrição
que dava ênfase às águas que eram utilizadas para produzir os
refrigerantes: “Fabricada com especial água de Lençóis”.

Forte Concorrente

No começo da década de 1960, os refrigerantes São Luiz


tornaram-se forte concorrente entre as principais marcas
regionais, como o extinto guaraná Brahma, produzido em Agudos,
e o guaraná Antárctica, na época produzido na fábrica de Bauru.

A forte concorrência do setor na época e o sabor


diferenciado dos refrigerantes São Luiz, despertaram o interesse
das duas grandes marcas em adquirir a fórmula do xarope base
que era usada pela fábrica lençoense.

Por diversas vezes, representantes das duas grandes


marcas de refrigerantes vieram à Lençóis para tentar descobrir o
segredo do sabor diferenciado dos refrigerantes São Luiz.

“Quando a antiga cervejaria Brahma de Agudos, iniciou a


fabricação de refrigerantes, a intenção era inserir o refrigerante
São Luiz na grade de produção de bebidas. Na época, havia forte
interesse em adquirir a formula do refrigerante produzido em
Lençóis”, lembra um antigo mestre cervejeiro, se a cervejaria
- 112 -
tivesse adquirido a fórmula, o refrigerante seria um sucesso até
hoje”, completa o mestre cervejeiro, que trabalhou quarenta anos
na cervejaria de Agudos.

Após a interrupção da produção dos refrigerantes São Luiz,


a marca Leda deu segmento ao ramo de produção de bebidas em
Lençóis Paulista, mantendo a tradição.

Refrigerantes Leda

A tradicional família Leda sempre teve atuação


fundamental na produção de bebidas no município. A partir da
década de 1950, passaram a comandar o Comércio de Bebidas
Lençoense, comprando aguardentes em tonéis dos engenhos
locais e engarrafando para a comercialização.

A caninha Andorinha era a propulsora da venda de


destilados em toda a região de Lençóis. A partir da década de
1990, iniciou a produção, envasamento e comercialização dos
refrigerantes que levam o nome da família lençoense. Nos
primeiros anos de produção dos refrigerantes Leda, o sucesso de
vendas proporcionou a diversificação da linha consumida em toda
a região.

- 113 -
Rotulo antigo do Guaraná Leda
Imagem: Acervo do Espaço Cultural Cidade do Livro

Da Olaria ao Refrigerante

Antes do negócio de bebidas, Victório Leda, um dos


patriarcas da família, trabalhou em uma das maiores olarias da
região. De propriedade de seu sogro e localizada no distrito de
Alfredo Guedes, os tijolos produzidos pela olaria dos Leda
construíram muitas casas antigas da cidade e da região.

- 114 -
O início da produção de bebidas se deu com o envaze e
distribuição da famosa caninha Andorinha e, na sequência, da
produção do vinagre Leda, aproveitando que a distribuidora
também envazava álcool para uso doméstico.

Rótulo antigo do Vinagre Leda


Imagem: Acervo do Espaço Cultural Cidade do Livro

- 115 -
INDÚSTRIA DE DERIVADOS DE ORIGEM ANIMAL
Matadouro Municipal
Em 1906, havia nas terras de Lençóes1 um pequeno
matadouro mantido pelo poder público municipal da época para
subsidiar aos inúmeros produtores rurais que haviam no
município. Os animais e a carne, eram comercializados no próprio
município pelos próprios produtores. Décadas depois, esse
matadouro foi assumido por uma família local, que começou o
processo de expansão, atendendo criadores de cidades da região.

Após algumas décadas, o matadouro municipal passou


apresentar baixos índices de abate de animais, influenciado pelo
aumento da cultura da cana-de-açúcar, que incentivava o
arrendamento das terras antes usadas para pastagens.

Do Açougue ao Frigorífico

O ciclo moderno da indústria de derivados animal de


Lençóis Paulista recomeçou no final da década de 1960 no
município paulista de Avaré, vizinho de Lençóis Paulista.

- 116 -
No final da década de 1960, a família de pequenos
pecuaristas Gonzaga de Oliveira trouxe para Lençóis Paulista o
sonho de iniciar uma história de sucesso no setor que apresentava
uma deficiência muito grande. O município de Avaré sempre foi
reconhecido como uma importante bacia leiteira do Estado de São
Paulo, com vasta tradição na criação de gado de corte e leiteiro.

O início da história do FRIGORÍFICO OLIVEIRA - FRIGOL se deu


em Março de 1970, quando o Patriarca da Família Oliveira o Sr.
Luis Gonzaga de Oliveira resolveu mudar-se com a família para a
cidade de Lençóis Paulista-SP, onde em uma atitude corajosa e
empreendedora, decidiu trocar o único bem que possuía – um
caminhão Mercedes Benz 1111 - por um açougue na Rua Quinze
de Novembro, no Centro de Lençóis Paulista. Levou os três filhos
mais velhos: Djalma, Durval e Dorival para trabalhar no novo e
promissor negócio. Depois de passados cinco anos a família já
possuía mais quatro açougues (um para cada filho), e neste
mesmo ano entrou para o negócio mais um filho, o Décio. O
sucesso do negócio era crescente e em 1983, abriram um
Supermercado na cidade e um matadouro de suínos no sítio da
família. A demanda pelos produtos oferecidos, até então, pelo
pequeno matadouro era bem maior do que a oferta, e, em 1986
inauguraram o primeiro frigorífico no distrito industrial de
Lençóis Paulista dedicado ao abate de suínos(sic37).

Os pequenos pecuaristas, especializados no ramo leiteiro,


decidiram expandir suas fronteiras e vir para Lençóis Paulista
desenvolver suas atividades. A família Gonzaga de Oliveira
iniciara seus primeiros confinamentos em uma pequena

37Acervo da Frigol S/A


- 117 -
propriedade rural, às margens da cidade, onde eram abatidos
trinta animais por dia. E para comercializar os primeiros cortes de
carnes bovinas, adquiriram um pequeno açougue que levava o
nome do santo de devoção da família, Santo Expedito.

Nos anos de 1970, o açougue Santo Expedito era tido, na


cidade, como referência em carnes bovinas. Na década de 1980, a
rede de açougues contava com várias lojas na cidade. Nesse
período, a família Gonzaga produzia e comercializava os próprios
produtos de forma integrada e, com a demanda cada vez mais
crescente, o pequeno abatedouro estava com produção saturada e
necessitava ser expandido.

Além da rede de açougues, a família Gonzaga de Oliveira


diversificou a comercialização dos produtos, através de um
supermercado em 1983, que leva, até hoje, o nome da antiga rede
de açougues.

O grande salto expansionista da indústria de proteína


animal ocorreu no começo da década em 1990, quando os irmãos
Gonzaga de Oliveira arrendaram o prédio do antigo Frigorífico
Lençóis e, dois anos depois (em 1992), adquiriram o prédio e
começaram a FRIGOL.

- 118 -
Antigo abatedouro de bovinos no início da década de 1990
Imagem: Acervo da Frigol S/A

(...) Na época este frigorífico tinha a capacidade de abate de 200


(duzentos) bois/dia. Neste mesmo ano o Sr. Luiz Gonzaga de
Oliveira decidiu afastar-se dos negócios deixando a cargo de seus
filhos a administração do empreendimento (sic37).

Com a aquisição do Frigorífico Lençóis na década de 1990,


iniciou-se um ciclo vertiginoso de expansão da indústria de
proteína animal, com a ampliação da planta industrial de Lençóis
Paulista e outras aquisições pelo Brasil.

- 119 -
Em poucos anos, a empresa lençoense se tornou um dos
principais exportadores de carnes bovina do Brasil. Seus produtos
são comercializados, além do Brasil, na Europa, Ásia, Oriente
Médio e América do Norte.

Atual planta de abate de bovinos da Frigol em Lençóis Paulista


Imagem: Acervo da Frigol S/A

Da Crise à Ascensão

A suspensão da importação de carne bovina brasileira pela


União Europeia (EU), em 2008, emergiu o País em uma crise sem
precedentes no setor de carnes bovinas. Muitos frigoríficos
brasileiros foram vendidos para grupos que formaram grandes
conglomerados, dificultando ainda mais a situação de pequenos e
- 120 -
médios produtores de carne. O frigorífico lençoense também
sentiu o enorme peso da crise do setor e, em 2010, passou seus
piores momentos desde a fundação do grupo (na década de 1970).

A falta de incentivos governamentais através de políticas


externas na concepção de créditos levou a empresa a mergulhar
em uma grave crise financeira, que poderia colocar em risco todos
os anos de trabalho e dedicação da família aos negócios de
bovinos. No mesmo ano, a empresa entrou com um plano de
recuperação judicial, que possibilitou a incorporação de novas
tendências de gestão e administração dos negócios internos da
companhia.

“Frigol cumpre plano de recuperação judicial e eleva


faturamento”
Os principais noticiários econômicos do País atribuíram
destaques ao desempenho financeiro da empresa em cumprir as
metas de recuperação judicial e deram ênfase ao forte
crescimento da receita nos anos subsequentes.

- 121 -
Atualidade

O grupo frigorífico lençoense chegou em 2016 como o


quinto maior empreendimento do setor no Brasil, com negócios
em quatro plantas industriais no Estado de São Paulo e Pará e
perspectivas de crescimento e expansão no processamento e
exportação de carnes.

Enquanto a indústria, de forma geral, registrou em 2015 e


2016 uma das maiores quedas e, consequentemente, o
fechamento de postos de trabalho, a empresa nascida de um
pequeno açougue remou contra a maré e cresceu em faturamento
e abertura de postos de trabalho.

Em 2017, o grupo frigorifico lençoense assumiu a posição


de quarto maior produtor de proteína animal do Brasil com forte
tendência de assumir a terceira posição no futuro, graças à uma
política corporativa firme e transparente.

- 122 -
INDÚSTRIA VINAGREIRA
Depois de atuar por dois anos como engarrafadora, a empresa
transferiu-se para Lençóis Paulista e montou a vinagreira própria,
com a qual teve a oportunidade de conquistar o mercado paulista
e de diversos outros Estados. A família Boso – especialmente o sr.
Hugo Boso, são os grandes responsáveis pelo empreendimento.
Depois das parcerias e associações iniciais, Hugo assumiu
integralmente o negócio, que tocou pessoalmente até 2005, tendo
como braço direito à filha Maria Luiza. Hoje a empresa passa pelo
processo de profissionalização da gestão, respondendo às
necessidades industriais e de mercado. Desde o começo da fase
industrial, a Belmont manteve sua marca disputando o mercado
regional e nacional com diversos outros fabricantes, alguns deles
antiquíssimos. Também trabalhou na produção de vinagre a
granel, comercializado para consumidores de alta escala e
engarrafadores, e ainda produz vinagres e similares de marca
própria para grandes redes varejistas (sic38).

Da Cachaça ao Vinagre

De uma produtora de cachaça do município, a família Boso


investiu na transição do negócio, quando, em sociedade com dois
produtores de vinagres de Piracicaba, resolveram instalar-se em
Lençóis para montar uma produtora de vinagre a partir do álcool
produzido na destilaria da Família Boso.

38Acervo da Belmont Alimentos


- 123 -
De Bancaria à Administradora de Empresa
A vocação empreendedora de Maria Luiza Boso foi um dos
motivos que fizeram com que deixasse uma carreira promissora
de bancária, para se dedicar à uma carreira cheia de obstáculos e
desafios. O conhecimento das áreas de processos vivenciado,
dentro da vinagreira, desde o início das atividades de produção,
fez de Maria Luiza uma administradora pragmática. No começo da
indústria de vinagres, Maria Luiza dirigia a Kombi que
transportava pessoas, cuidava do financeiro, dos equipamentos e
até ajudava no carregamento dos produtos. Para manter esse
objetivo empresarial, Maria Luiza enfrentou os desafios e
preconceitos de ser mulher à frente de um cargo que, naquela
época, era exercido em sua maioria por homens.

Vista da Belmont Alimentos, entre as décadas de 1980 e 1990


Imagem: Acervo da Belmont Alimentos

- 124 -
Atualidade

Os investimentos e a linha de administração adotada pela


família Boso, levaram a vinagreira lençoense estar entre as três
maiores do setor no Brasil. O vinagre Belmont concorre, de perto,
com importantes marcas, tendo uma boa parcela do mercado
nacional e uma diversificada linha de produtos. O método de
produção da vinagreira lençoense, ainda que fabricado com
processos modernos, conserva a qualidade que fizeram a marca
reconhecida em todo o Brasil.

Após décadas no comando da empresa, Maria Luiza,


quando perguntada se arrepende-se de ter trocado a promissora
carreira de bancaria para administrar uma empresa, a resposta é
bem enfática: “Não me arrependo de nada! E se fosse necessário
recomeçar outra vez, recomeçaria e faria ainda melhor!”

- 125 -
Ângelo Zacharias

Foi um importante produtor de


cachaça no município de Lençóis
Paulista, pioneiro no transporte
mecanizado de cana, na década de
1940. Em 1960, formou a sociedade
com os irmãos Llobet na fundação da
indústria de biscoitos ZABET.

Imagem: Acervo de Valter


Zacharias

Hugo Boso

Foi o responsável por trazer


para Lençóis Paulista a fábrica
de vinagres, que outrora era
apenas uma engarrafadora.
Nas mãos do senhor Hugo
Boso, a marca cresceu e se
tornou uma das gigantes do
setor no Brasil.

Imagem: Acervo da família


Boso

- 126 -
INDÚSTRIA TÊXTIL

A indústria têxtil de Lençóis Paulista originou-se da


necessidade de produzir embalagens de açúcar para a indústria
sucroenergética local. Fundada no início da década de 1960, por
iniciativa de Pedro Natálio Lorenzetti, então acionista da usina de
cana de Lençóis Paulista, o principal produto da manufatura
atendia, além da indústria sucroenergética local, outros
segmentos industriais como a indústria alimentícia e outros
setores de embalagens. Alguns anos depois, a indústria têxtil seria
remodelada com o objetivo de expandir o mercado de fiação.

TÊXTIL ZILLO-LORENZETTI
Conduzida pela empresa sucroenergética local, o objetivo
foi integrar o sistema de embalagens do açúcar produzido pela
empresa, uma vez que a empresa possuía marca e comercialização
própria do produto.

Os sacos produzidos eram utilizados para embalar açúcar


a granel para exportação e para logística interna na usina de cana.
Nesse contexto, as produções dos sacos pela própria produtora de
açúcar, abaixavam os custos de embalagens e integrava a cadeia
produtiva. Os fios de algodão eram produzidos em Lençóis e a

- 127 -
tecelagem dos fios eram integradas ao processo; apenas a
montagem era externa. A fiação da Têxtil Zillo-Lorenzetti ficou em
operação por, aproximadamente, uma década no centro antigo de
Lençóis Paulista, até ser transferida para a nova unidade
industrial, inaugurada em 1974, em sociedade com uma
multinacional japonesa.

Incêndio

Um incêndio de grandes proporções pôs fim às atividades


da antiga empresa têxtil lençoense. Nesse período, as atividades
da nipo-brasileira recém inaugurada no município, estava
iniciando as adaptações de processo, quando houve a
transferência do pessoal da operação da fábrica antiga para a nova
fábrica.

- 128 -
Construção da indústria têxtil nipo-brasileira no começo da década de
1970
Imagem: Acervo de Luiz Carlos Baptistella

OMI DO BRASIL TÊXTIL S/A

Fundada, oficialmente, em Agosto de 1973 e inaugurada


em 1974, a empresa foi, por algumas décadas, uma companhia
nipo-brasileira de sociedade anônima, resultado da participação
do grupo lençoense e da japonesa OmiKenshi Co. Ltd.39 A sociedade

39Multinacional japonesa fundada em 1917 em Osaka, é uma das maiores


produtoras mundiais de fios e tecidos de algodão, com instalações industriais
no Japão e China.
- 129 -
constituiu-se entre o grupo sucroenergético lençoense, que teria
participado com a área, o projeto arquitetônico e viário e a
empresa japonesa com as máquinas e equipamentos de fiação,
considerados os melhores do mundo em tecnologia e método de
operação, na época. Dessa forma, nascia em 1974, a Omi Zillo-
Lorenzetti Indústria Têxtil Ltda.

Setor de fiação da Omi da Brasil S/A


Imagem: acervo de Juraci (Turco) de Souza

- 130 -
Nipo-brasileira

Para a instalação da indústria no Brasil, seguiram as


proporcionalidades societárias legais para a época, entre a
japonesa OmiKenshi Co. Ltd.39, o grupo lençoense do setor
sucroenergético e a Nissho Iwai Corporation, responsável pela
comercialização da matéria-prima e dos produtos acabados.

Indústria Têxtil em Lençóis Paulista, atualmente


Imagem: Acervo da OMI do Brasil Têxtil S/A

- 131 -
Atualidade
Após uma remodelação corporativa do grupo
sucroenergético lençoense que detinha parte acionária do
empreendimento, a mesma saiu do quadro de controladores e a
companhia se tornou cem por cento nipônica, mudando sua razão
social para Omi do Brasil S/A, em 2007. Com controle cem por
cento nipônica, a empresa passou a ser integralmente
subordinada à OmiKenshi Co. Ltd.39, uma das gigantes mundiais da
indústria têxtil.

Fim das Atividades Industriais no Brasil

No final de novembro de 2016, portanto, quarenta e três


anos depois de iniciar suas atividades no Brasil, a Omi do Brasil
anunciou o fim das atividades industriais em Lençóis Paulista. O
motivo alegado foram as incertezas políticas vividas pelo País e a
concorrência desleal do mercado chinês na produção e
comercialização de fios de algodão. A empresa, que nas décadas
de 1970 e 1980 chegou a empregar quase mil colaboradores e ser
a terceira maior empresa do município de Lençóis Paulista em
faturamento, não resistiu à catástrofe política observada no Brasil
nos anos de 2014, 2015 e 2016 e, ao crescimento desordenado da
indústria chinesa. Desde o início de suas atividades, a indústria
- 132 -
têxtil nipo-brasileira, foi a primeira multinacional instalada na
cidade - possivelmente na região. Atuou na produção de fios de
algodão para o mercado interno e também para exportação. A
empresa, produzia, em média, 40 mil toneladas de fios de algodão
por mês, a partir da matéria-prima vinda de plantações no Mato
Grosso e Paraná.

Reportagem sobre o encerramento das atividades


industriais da Omi do Brasil em Lençóis Paulista
Fonte: Jornal da Cidade de Bauru - 26 de outubro de 2016

- 133 -
INDÚSTRIA SIDERÚRGICA E ACIARIA
Durante muitos anos, Lençóis Paulista foi um importante
polo regional da indústria siderúrgica e aciaria, com
empreendimentos de destaques no setor.
O campo siderúrgico lençoense nasceu, se sustentou e se
desenvolveu graças ao domínio da indústria da cachaça e,
posteriormente, da indústria sucroenergética.
Os pequenos empreendimentos nasceram da necessidade
de suprir uma demanda com forte crescimento no processo de
manutenção da indústria sucroenergética local, entre as décadas
de 1940 e 1960.
Indústrias de laminação e fundição foram as principais
empresas do setor no município de Lençóis, todas fundadas por
famílias lençoenses ou radicadas no município.
Da indústria aciaria e siderúrgica nasceram outras
organizações que deram origens a outros setores produtivos,
como a indústria petroquímica e de celulose.

- 134 -
FUNDIÇÃO IRERÊ
Projetada e administrada pelo Engenheiro sanitarista
Sauro José Bartolomei, no final da década de 1950, a Fundição
Irerê foi uma importante indústria siderúrgica de destaque
nacional. Suas operações industriais consistiam nos métodos de
fundição do minério de ferro e produção de vergalhões destinados
à construção civil e outras utilidades.
Para estabelecer a Fundição Irerê, o engenheiro Sauro
Bartolomei usou a percepção da necessidade de produzir
vergalhões destinados à construção civil em um período muito
importante da indústria brasileira.
Nesse tempo, iniciou o “ciclo do ferro” para atender à forte
demanda de um importante período de crescimento industrial
brasileiro. Em alguns anos, a pequena Fundição Irerê necessitava
de uma expansão para atender a forte demanda do setor que
crescia em todo o País. Entre as décadas de 1960 e 1980, auge da
siderurgia em Lençóis Paulista, a necessidade de mão-de-obra
para operar a fundição começou a aumentar, com isso, houve a
necessidade de expansão e melhoramento dos fornos e de toda a
logística que transportava o material acabado até os grandes
centros de distribuição espalhados pelo Brasil.

- 135 -
Da Fundição à Siderúrgica

No começo da década de 1970, a necessidade de ampliação


da fundição de ferro levou seu fundador a estudar a expansão do
empreendimento, com o Brasil ainda no auge do ciclo comercial
do ferro. Doutor Sauro, como era conhecido, firmou uma
sociedade com um empresário de Osasco, Dorival Masci de Abreu,
que já tinha negócios no setor de siderurgia na capital de São
Paulo. Da sociedade, nascia a Siderúrgica Lençóis Paulista S/A. –
SIDELPA.

SIDERÚRGICA LENÇÓIS PAULISTA S/A - SIDELPA

Com a expansão da fundição para siderúrgica, a SIDELPA


teve, em pouco mais de duas décadas de atividades, uma
importante contribuição para o setor produtivo lençoense.

Os produtos manufaturados pela siderúrgica local eram


comercializados em todo o Brasil e exportados para fora do País.
Eram carregados vários vagões de vergalhões de ferro, na antiga
estação da Estradas de Ferro Sorocabana (EFS), com destino ao
Porto de Santos e, de lá, iam de navios para fora do Brasil.

- 136 -
A logística por terra também era bem conceituada, o
tráfego de caminhões no pátio de manobra da antiga siderúrgica
era intenso e, da antiga fábrica saiam, todos os dias, dezenas de
carretas transportando o ferro produzido em Lençóis Paulista.

TRIFERRO S/A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO

Foi uma indústria aciaria de Lençóis Paulista fundada na


década de 1950, pelos irmãos de uma família de metalúrgicos em
Lençóis Paulista. Após um período no município paulista de
Palmital, os irmãos, que até então trabalhavam em ramos
diferentes, sempre sonhavam em ter seus próprios negócios e
expandir uma marca que levasse seus nomes.

Com poucos recursos financeiros e muita vontade, os


irmãos decidiram abandonar suas profissões e formar, o que
décadas depois, viria a ser o maior grupo empresarial de Lençóis
Paulista e um dos maiores do Brasil no ramo petroquímico e de
celulose.

- 137 -
Antiga fachada da Trecenti S/A na década de 197040
Imagem: Acervo do Grupo Lwart

Em 1952, depois de ver que naquele momento o setor


sucroenergético alavancaria a economia da região, decidiram
abrir a indústria aciaria, com a fabricação de janelas e portas, que
era uma grande novidade no município.

A visão holística dos irmãos de metalúrgicos era muito


refinada e atenta às mudanças de mercado, uma vez que a
produção inicial de portas e janelas atendia a demanda da
crescente indústria da construção civil.

40
Disponível em http://www.grupolwart40anos.com.br/
- 138 -
Anúncio publicado no Jornal Tribuna Lençoense da época
Imagem: Acervo de Rogério Pereira

Da Ferragem à Laminação

Centrados nesse foco, durante o início do ciclo da cana no


interior paulista, a expansão dos negócios foram direcionadas a
um novo tipo de empreendimento na década de 1960. Os
fundadores deixaram a produção de portas e janelas e partiram
para um negócio mais rentável, construindo equipamentos para a
indústria sucroenergética.

Em 1952, com recursos vindos do trabalho de um armazém da


família e o apoio do pai, os irmãos fundaram a Trecenti Indústria
e Comércio Ltda., onde fabricavam portas e janelas e forneciam
mão de obra para a construção das destilarias de açúcar e álcool
da região. Futuramente, os irmãos produziriam equipamentos
agrícolas, carrocerias e carretas para transporte de cana (sic41).

41Acervo Histórico do Grupo Lwart.


- 139 -
Equipe e os fundadores em frente à antiga laminação dos Irmãos
Trecenti na década de 1950
Imagem: Acervo histórico do Grupo Lwart

Determinação e Trabalho
Duas das muitas caraterísticas dos irmãos da família de
metalúrgicos, que mais tarde seriam determinantes na construção
de um grande complexo industrial, se destacavam a união e
determinação de trabalhar em busca dos objetivos. Desde a
concepção do pequeno negócio passando pela laminação até
chegar no ápice industrial da família, estas características, foram
os principais combustíveis do sucesso dos irmãos que fundaram a
empresa.

- 140 -
INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

O surgimento da indústria petroquímica lençoense ocorreu


durante a segunda fase da industrialização do município, na
década de 1970. Em 1974, durante a viagem de negócios de um
dos irmãos da família fundadora ao Estado de Minas Gerais para
tratar de assuntos da então empresa do ramo aciario, o mesmo
ouviu falar, pela primeira vez, do ramo de rerrefino de óleos
lubrificantes usados ou contaminados.

De volta à Lençóis Paulista, conversou com os demais


irmãos sobre o assunto e, a partir daquele momento, estava
plantada a semente da maior unidade de processamento de óleos
lubrificantes usados da América Latina. Após tomar conhecimento
sobre o ramo, as vidas e os pensamentos dos fundadores nunca
mais foram os mesmos.

- 141 -
Da Laminação à Petroquímica

Antes de, efetivamente, deixar o ramo da laminação e partir


para o novo empreendimento, os irmãos decidiram se aprofundar
mais nos conhecimentos do setor de óleos lubrificantes usados
para, de vez, entrar no negócio.

Não oficialmente, contam que os irmãos foram conhecer o


processo de uma petroquímica do ramo no Estados Unidos para
se inteirar mais profundamente dos sistemas de produção e
equipamentos, e que não deixaram que registrassem os
equipamentos utilizados.

Dono de uma memória fotográfica incrível, contam que um


dos fundadores desenhou de próprio punho, tudo que havia visto
em uma maquete de uma empresa americana que possuía
processos de recuperação de resíduos (uns falam ter sido uma
petroquímica e outros uma fábrica de extrato de tomate),
externalizando todos os equipamentos necessários para montar a
primeira fábrica do grupo em Lençóis Paulista.

- 142 -
“ ... Passou o tempo e ficamos sabendo que nos Estados Unidos
havia uma empresa que possuía bons métodos de recuperação de
resíduos. Daí fomos pra lá...Nós acertamos a visita aqui no Brasil e
o diretor industrial, que era paquistanês, nos recebeu e nos
atendeu muito bem...O diretor-presidente da empresa ficou bravo
quando nos viu... E nos levou a um local onde havia uma
maquete...Rapidamente começou a explicar... (Olhem, vão
embora), saímos da empresa e fomos procurar quem fabricava os
equipamentos.” (sic40).

E foram nas bancadas da própria laminação, que saíram os


primeiros tanques, tubulações e equipamentos para pôr em
operação, no dia 30 de janeiro de 1975, a que viria a ser, décadas
depois, a maior petroquímica do ramo de rerrefino de óleos
lubrificantes usados da América Latina.

Somente alguns anos depois de pleno funcionamento do


novo empreendimento, venderam a laminação e então, iniciava a
saga de construir o que é hoje um dos maiores grupos
empresariais de Lençóis Paulista e do Brasil.

- 143 -
Um dos primeiros veículos de transporte da Lwart Lubrificantes
Imagem: Acervo histórico do Grupo Lwart.

A vocação empreendedora da família é algo que vem


impregnada de geração em geração, com predestinação ao
sucesso empresarial.

- 144 -
Relacionamento com os Colaboradores

Desde os tempos da indústria aciaria, até chegar na


indústria petroquímica, a relação dos administradores que
fundaram o grupo continua a mesma. Até hoje, é unanime entre os
colaboradores mais antigos, o relato de proximidade com que os
fundadores da empresa sempre se relacionaram com o corpo de
colaboradores. Umas das características da forma de
administração da empresa sempre foi essa proximidade entre a
alta administração e os setores operacionais.

Essa proximidade de administração, faz com que muitos


colaboradores antigos e outros que chegam, tenham uma visão
diferente da empresa nas relações de trabalhos.

- 145 -
Visão para o Futuro

Ter a maior rerrefinadora de óleos lubrificantes da


América Latina não era o limite para os fundadores da
petroquímica lençoense. A visão futurista da terceira geração da
família, que assumira os negócios das mãos dos fundadores, levou
a empresa a patamares superiores, com ousados planos de
crescimento.

Planta industrial da Lwart Lubrificantes, na atualidade


Imagem: Acervo do Grupo Lwart
O grande desafio da empresa foi manter a tradição dos
fundadores do empreendimento, aliando às novas tecnologias de
produção e equipamentos, às políticas corporativas de vanguarda.

- 146 -
Montar uma fábrica com tecnologia de ponta e inédita na
América Latina, transformando óleos minerais em óleos básicos
sintéticos foi talvez o maior desafio da nova geração de
administradores. A mudança no sistema produtivo, fez com que a
empresa se tornasse moderna e única na América Latina, em
termos de tecnologia de rerrefino de óleos lubrificantes.

Sustentabilidade e Métodos de Produção

A petroquímica lençoense contribui, de forma ativa, para o


desenvolvimento sustentável da região e do Brasil. Seu processo
produtivo constitui-se em coletar e rerrefinar os óleos
lubrificantes usados e/ou contaminados e inseri-los novamente
no mercado. O sistema logístico da empresa dinamiza a coleta em
todo o território brasileiro, com vários centros de coletas
distribuídos em todos as regiões do País. Todo óleo lubrificante
usado é transportado até à planta industrial, localizada em
Lençóis Paulista, para o processamento. Esse método industrial é
de relevante interesse ecológico e alto fator sustentável, pois a
empresa recolhe um produto altamente nocivo ao meio ambiente,
reprocessa e realoca-o no mercado com alto valor agregado.

- 147 -
A empresa sempre incentivou projetos voltados às
comunidades regionais, através de atividades esportivas,
culturais e sociais. O relacionamento corporativo com seus
públicos internos e externos é bem avaliado pelos diversos
segmentos das comunidades e entre seus colaboradores, sendo,
também, uma das referências em sustentabilidade na região.

Panorâmica atual planta industrial da Lwart Lubrificantes


Imagem: Acervo do Grupo Lwart
A tecnologia de processo empregada pela empresa
lençoense, chamada de “hidro tratamento” é única na América
Latina, sendo de nível internacional; processos similares, só
encontra-se nos Estados Unidos e na Europa.

- 148 -
INDÚSTRIA DE CELULOSE

Originada na segunda fase da industrialização de Lençóis


Paulista, a indústria de pasta celulósica tem exercido grande
influência na economia e nas questões socioambientais da região.
Este segmento é o ramo industrial que mais cresceu nos últimos
anos.

A atividade industrial do ramo tem atraído investimentos


bilionários e gerado emprego e renda. Desde seu surgimento, na
década de 1980, o setor vem registrando transformações
significativas na cadeia produtiva e na geração de riquezas para os
municípios do entorno.

As tendências são muito otimistas no tocante aos aportes


futuros de investimentos e crescimento do setor, impulsionado
pela crescente demanda mundial de papel e perspectivas de
aumento da produção de celulose.

Em 1986, surgia em Lençóis Paulista, uma pequena fábrica


de celulose produzida a partir de pinus, construída de forma bem
circunspecta.

- 149 -
A construção do empreendimento seguiu da brilhante
vocação empreendedora da família de metalúrgicos, que
fundaram o grupo empresarial, que na década de 1970 tiveram a
oportunidade de revolucionar a história da indústria lençoense
com empreendimentos que viriam a ser considerados, anos
depois, sinônimos de modernidade da forte indústria local.

As dificuldades encontradas para pôr em operação uma


fábrica pouco evoluída tecnologicamente para a época, foram
apenas alguns dos desafios encontrados para hoje se tornarem
uma das marcas empresariais mais conhecidas da região e do
Brasil.

A história da indústria de celulose fundada e até


hoje instalada em Lençóis Paulista se mistura com a própria
história da industrialização do município de Lençóis Paulista,
localizado em uma das regiões mais prósperas do Estado de São
Paulo.

Nessas décadas de história, muitas dificuldades e desafios


fizeram parte da empresa, dos seus administradores e dos
próprios colaboradores.

- 150 -
Montagem da Lwarcel Celulose em 1986
Imagem: Acervo do Grupo Lwart

O Início

No final da década de 1970 e princípio da década de 1980,


surgia a segunda empresa do grupo - na área agrícola - que
preparou terreno para o início das operações da planta industrial
de celulose. Nessa época, havia na região de Lençóis Paulista,
principalmente no município de Agudos, grandes quantidades de
florestas de pinus, resultante do cultivo predominante, por ensejo
da Freudenberg Indústria de Madeira.

Também nesse período, os irmãos de metalúrgicos que


fundaram a indústria petroquímica já eram um dos acionistas da
antiga fábrica de papel Tibrapel, em Lençóis Paulista. Em uma

- 151 -
conversa entre Benedicto Barbosa (um dos acionistas da
Tibrapel), e um dos irmãos fundadores da petroquímica
lençoense, teriam cogitado o interesse em diversificar os negócios
da família e partir para a produção de celulose.

Pensando no futuro promissor da indústria de celulose e


papel, mais uma vez os irmãos de metalúrgicos puseram seus
olhares no futuro e começaram a desenhar um empreendimento
que aliasse a linha de atuação da empresa agrícola à participação
acionaria na indústria de papel.

Francisco Bertolani (referência internacional em


silvicultura comercial), foi quem incentivou um dos irmãos da
família de metalúrgicos (fundadores da petroquímica lençoense),
a formar suas primeiras florestas de pinus, comprando terras na
região de Lençóis Paulista para suprir a demanda fabril da
pequena planta industrial de celulose que já estava em fase de
concepção. “A genialidade empreendedora deles (dos irmãos de
metalúrgicos fundadores da petroquímica lençoense), somada ao
caráter ilibado, favoreceram o crescimento deles”, explicou
Bertolani com muito carinho. Para saber como operava uma
fábrica de celulose, os empresários visitaram várias fábricas de
celulose para entender o sistema de produção. A maioria dos
- 152 -
equipamentos foram adquiridos de sobras de outras fábricas do
mesmo ramo. Durante os primeiros meses de operação, a pequena
fábrica apresentou dificuldades de operação. Foi preciso contratar
mestres de celulose para condicionar a operação dos
equipamentos e processos.

Inovação

Em 1996, a transição do pinus para o eucalipto foi


concluída, e, nesse período, a indústria era a única planta de
celulose no Brasil a extrair celulose de três fontes diferentes:
pinus, eucalipto e sisal. A celulose de sisal produzida em Lençóis
Paulista tinha um mercado específico e exclusivo, para a produção
de papel moeda, um tipo de papel especial destinado à confecção
de cédulas pela Casa da Moeda do Brasil. Além do sisal, uma planta
compacta denominada de “Fabrica B”, com condições de extração
de celulose de abacá42, fazia parte do complexo industrial de
celulose em Lençóis Paulista.

42 É um tipo de bananeira que produz uma fibra muito resistente, usada na


confecção de cabos para amarrar navios em portos e testada para extração de
celulose, como fibra especial.
- 153 -
Expansão Produtiva e Reconhecimento Ambiental

Após pouco mais de uma década e meia de operação, os


administradores da indústria de celulose ousavam, pela segunda
vez, ampliar o empreendimento e posicionar a empresa entre as
maiores do setor de celulose do Brasil.

Os desafios eram imensos, e para superá-los decidiram


importar especialistas com vasta experiência, que assumiram
gerências estratégicas, contrataram pessoal qualificado para
operar os equipamentos modernos e automáticos, e investiram
em tecnologias de produção e métodos modernos de gestão
ambiental.

A visão de crescimento do negócio da celulose era nítida


aos olhos dos administradores, com uma meta de produção inicial
de 30 ton./dia. Com o passar dos anos, essa meta fora sendo
superado até que, ao final da década de 1990, projetaram uma
meta de 500 ton./dia. Era o começo do projeto de ampliação
batizado de “P500”.

- 154 -
Equipamento de embalagem de celulose, da Lwarcel Celulose
Imagem: Acervo do Grupo Lwart
Durante quase uma década de aportes milionários em
investimentos e modernização, e quase duas décadas depois do
start up (primeira fábrica), a empresa lençoense se tornou uma
das fábricas de celulose mais modernas do Brasil, com
certificações ambientais que atestam sua idoneidade de produção,
respeitando os princípios ambientais legais e técnicos.

- 155 -
Sustentabilidade

A empresa de celulose lençoense implantou sistemas de


redução de consumo de água, através de mecanismos de reuso em
circuito fechado; isto permite usar por mais tempo a água de
processo e reduzir a captação para uso fabril.

O grande gargalo de qualquer sistema fabril, está


condicionado às emissões de efluentes atmosféricos e líquidos, e
pensando nisso, a empresa adotou medidas de contenção, com o
objetivo de ter uma maior performance da produção, mantendo
boa condicionante das emissões de efluentes.

Panorâmica da chaminé de 160 metros de altura, da Lwarcel Celulose


Imagem: Acervo do Grupo Lwart

- 156 -
A mudança no sistema de produção e isolamento ambiental
de efluentes líquidos e atmosféricos, permitiram que as emissões
fossem melhor controladas, sendo possível ganhar eficácia no
processo industrial.

Hoje, a chaminé de mais de cento e sessenta metros de


altura avistada de toda a região, serve apenas como memorial para
entendermos a importante representação da empresa lençoense
em políticas ambientais e na economia da região de Lençóis,
nesses anos de atividades.

A expansão da cultura comercial do eucalipto para suprir a


demanda fabril, proporcionou uma diversificação da agricultura
regional, possibilitando que houvesse um manejo sustentável e
responsável das terras agricultáveis da mesorregião de Bauru, da
qual pertence o município de Lençóis Paulista. Os Investimentos
em tecnologia de manejo e melhoramento das florestas
comerciais, contribuem de forma firme para a conservação do
solo, das florestas nativas e dos rios.

- 157 -
Gestão de Pessoas e Valorização da Marca

É uma das empresas mais concorridas para desenvolver


carreiras profissionais na região. O índice de rotatividade
profissional entre os colaboradores, segundo fontes externas, é
mínimo.

Perspectivas Futuras

Indicadores têm apontado que a história da


industrialização de Lençóis Paulista terá um novo capítulo após
essa nova fase da indústria de celulose, pois as projeções
econômicas indicam que ela deverá ser o sustentáculo da
economia local em um futuro próximo na possibilidade de
aumento da produção, assumindo o topo do faturamento
industrial lençoense (sic43).

43Os textos referentes às indústrias aciaria, petroquímica e de celulose são


análises técnicas de total responsabilidade do autor da obra, realizadas por
meio de entrevistas com fontes extraoficiais as empresas.

- 158 -
INDÚSTRIA DE PAPEL

O ciclo da indústria papeleira em Lençóis Paulista começa


em 1958, com uma pequena fábrica de papel, onde a atividade era
recuperá-los através do processo de reciclagem. A Rosana Papeis,
é a tida como a matriarca do setor papeleiro de Lençóis Paulista.
A história da indústria do papel teve sequência pela vocação do
fluminense João Batista Martins Coube, comerciante radicado no
município de Botucatu e, posteriormente, no município de Bauru,
ambos vizinhos de Lençóis Paulista.

Das terras de Botucatu, João Batista Martins Coube, com


dezessete anos, mudou-se para Bauru, onde foi trabalhar como
comerciante em uma pequena papelaria no centro da cidade. Em
1918, foi trabalhar na Tipografia Comercial, de propriedade de
Irineu de Moraes, onde alcançou o posto de gerente. Em dezembro
de 1928, abriu seu próprio empreendimento com quatro
funcionários, e deu o nome de Tipografia Brasil.

A vocação do empreendimento de João Batista Martins


Coube no ramo tipográfico deu tão certo, que após dezesseis anos
de atividades, deu um importante salto na transformação da
pequena tipografia para aquela que seria uma das maiores

- 159 -
tipografias do Brasil. Em 1944, transformou a Tipografia Brasil na
Tipografia e Livraria Brasil S/A, que anos mais tarde ficaria
conhecida nacionalmente como Tilibra, líder nacional em
papelaria e livraria.

Foi somente em 1966, que a indústria de papel iniciou seu


ciclo de expansão e crescimento. Nessa expansão, dois
personagens foram determinantes: João Batista Martins Coube e
Benedicto Barbosa. Benedicto Barbosa, bauruense nato, começou
a trabalhar aos catorze anos de idade na antiga papelaria de
Martins Coube, em Bauru. Ao longo do tempo, conquistou a
confiança do patrão e foi preparado para assumir cargos de
liderança.

Na década de 1960, Benedicto Barbosa se tornou um


gerente de aquisições do grupo Tilibra, que vinha em uma
acentuada e vertiginosa expansão no ramo tipográfico no Brasil.
Quando Martins Coube decidiu expandir seu ramo tipográfico e
partir para a produção de papel, Benedicto Barbosa foi destinado
à Lençóis Paulista para adquirir e incorporar ao grupo Tilibra, a
pequena fábrica de papéis Rosana.

- 160 -
A antiga fábrica de papéis Rosana, então, foi adquirida em
uma sociedade entre Benedicto Barbosa e João Batista Martins
Coube, passando a ser denominada de Tibrapel – Tilibra Comércio
e Indústria de Papel Ltda.

Da Papelaria à Fábrica de Papel

Em 1966, João Batista Martins Coube e Benedicto Barbosa,


mudam de endereço e constroem para época, uma fábrica
moderna de fabricação de embalagens de papel. A indústria de
papel erguida por Martins Coube em Lençóis Paulista, em
sociedade com Benedicto Barbosa, era o começo de uma indústria,
que, anos depois, viria a ser uma das maiores do Brasil no ramo.

Construção da antiga Tibrapel Indústria de Papel em Lençóis Paulista


Imagem: Acervo de Maria Aparecida (Neca) Barbosa Finco

- 161 -
No começo da década de 1980, Martins Coube e Benedicto
Barbosa abriram a sociedade da Tibrapel para a entrada dos
irmãos fundadores da petroquímica lençoense. Nesse período os
novos sócios estavam diversificando os interesses da recém
fundada petroquímica do grupo e já demonstravam grande
interesse em investir no ramo de celulose e papel.

Benedicto Barbosa foi um exímio conhecedor do setor


papeleiro, tanto que, um dos irmãos que fundaram a petroquímica
lençoense, teria ventilado a ele a intensão de construir uma fábrica
de celulose e papel em Lençóis Paulista, uma vez que a família já
tinham negócios no setor florestal, incentivado por Francisco
Bertolani (ex-diretor da CAFMA-Freudenberg).

Assim, Benedicto Barbosa também teria encorajado um


dos irmãos a investir na construção de uma fábrica de celulose no
município. Entre 1985 e 1986, a Tibrapel foi vendida ao grupo
Sengés Papel e Celulose. Na época a empresa paranaense queria
expandir e diversificar suas linhas de produção, principalmente
no Estado de São Paulo.

- 162 -
Vista da Lutepel, na década de 1990
Imagem: Acervo Histórico da Lutepel Indústria e Comércio de Papel
Após a aquisição pela empresa do Paraná, o
empreendimento passou a ter outra marca empresarial até os dias
atuais. Em 1996, a indústria de papel foi adquirida pelas famílias
Correia Lima, Pontes e Grecca.

Na época com 55 funcionários, com apenas uma máquina


em funcionamento, produção 5 mil toneladas/ano, o papel
fabricado era composto de matérias primas recicláveis.
Posteriormente, iniciando a terceira fase de sua expansão, com a
modernização dos processos industriais e a inserção de
- 163 -
maquinários de última geração, que possibilitaram uma expansão
na vertical, em 22 anos. Os papéis produzidos em Lençóis Paulista
pela Lutepel são considerados de primeira linha, 100% celulose,
utilizados em diversos tipos de embalagens e materiais higiênicos,
comercializados em todo Brasil com renomados clientes e
exportados para outros países.

Os produtos possuem certificação FSC®, além de garantir


o manejo florestal responsável, controla o rastreamento da
matéria-prima desde as florestas até o cliente final.FSC®, sigla de
Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal em
português) visa promover práticas de manejo florestal que sejam
ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente
viáveis. Atualmente, a Lutepel é composta por um quadro de 202
funcionários, com três máquinas de produção de papel, duas
super calandras, além de uma linha de conversão com
maquinários importados, atrelados à tecnologia de ponta.
Capacidade atual de produção 50 mil toneladas/ano.

- 164 -
Vista da Lutepel, na atualidade
Imagem: Acervo Histórico da Lutepel Indústria e Comércio de Papel

- 165 -
João Batista Martins Coube

Nascido no Rio de Janeiro, veio para Botucatu


trabalhar em uma fazenda de café mas, sentindo
que sua vocação era o comércio, ingressou em
uma papelaria. Em julho de 1918, transferiu-se
para Bauru, indo para a Tipografia Comercial, de
propriedade de Irineu de Moraes, onde alcançou
o posto de gerente. Dez anos depois, resolveu
estabelecer-se, por conta própria, fundando a
Tipografia Brasil. Em 1944, a firma transformou-
se em Tipografia e Livraria Brasil S/A, e, mais
tarde, conhecida nacionalmente por Tilibra. Em
1962, inaugurou um parque industrial com mais
Imagem: Acervo da família
de 20 mil metros quadrados de área construída.
Martins
Em 1966, fundou em Lençóis Paulista a Tibrapel
Indústria e Comércio de Papel Ltda.

Benedicto Barbosa
Nascido no município paulista de
Bauru, começou a trabalhar com
João Batista Martins Coube aos
catorze anos de idade na antiga
Tipografia Brasil S/A. Em 1966,
João Batista Martins Coube
adquiriu, em sociedade com
Benedicto Barbosa, a antiga fábrica
de papéis Rosana transformando-a
na Tibrapel. Barbosa influenciou a
expansão da indústria de celulose e Imagem: Acervo de Maria Aparecida
papel no município de Lençóis (Neca) Barbosa Finco
Paulista por ser um exímio
conhecedor do setor. Contribuiu efe-
tivamente para a formação da indús-
tria de papel e celulose de Lençóis
Paulista.
- 166 -
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A potencialidade industrial de Lençóis Paulista só foi


possível de ser alcançada, graças aos esforços e dedicação de
muitas pessoas que acreditaram e, ainda acreditam nos seus
sonhos de vida e jamais desistiram dos seus ideais.
Todos os seguimentos industriais devem muito à
indústria sucroenergética, que foi e ainda é uma potência
industrial local, que alavancou todos os outros setores
produtivos. A Usina Barra Grande controlada pelo Grupo Zilor
Energia e Alimentos, é um monumento histórico e de referência
econômica para a potencialidade industrial da região de
Lençóis Paulista.
A maioria das organizações industriais de Lençóis
Paulista, cresceram e se tornaram independentes da indústria
sucroenergética, quando elas começaram a ter um mercado
próprio e conquistar suas próprias identidades corporativas.
Comparando o tempo de atividade e o grau de
desenvolvimento das empresas, é possível entender que,
quando alia-se a tradição empresarial com políticas
corporativas modernas observa-se uma maior tendência de
crescimento.
- 167 -
Dessa forma, quanto mais aberta às novas tendências
corporativas, mais a empresa contabiliza lucros e reduz perdas.
Todas essas riquezas econômicas, sociais e culturais do
município só foram possíveis de serem alcançadas, graças ao
empenho de pessoas e organizações ligadas à indústria local.
A indústria de Lençóis Paulista não é só importante
localmente, ela também influencia economicamente com
empregabilidade e incentivos sociais, culturais e ambientais
vários outros municípios do entorno, como: Macatuba,
Areiópolis e Borebi, Agudos e Bauru.
O município paulista de Agudos apresenta uma grande
perspectiva de crescimento industrial para os próximos anos. A
expectativa é que o município localizado há dez minutos de
Bauru – maior polo econômico da região Central do Estado de
São Paulo receba aportes de grandes investimentos na
diversificação do parque industrial local.
Os traços genéticos da indústria de cerveja, pode render
ao município o título de polo cervejeiro dessa região do Estado
de São Paulo, graças à sua disponibilidade de recursos hídricos
de boa qualidade.

- 168 -
Com as declarações da chegada de mais uma indústria do
ramo de papel (SEPAC), para o município de Lençóis Paulista,
somada com a venda dos ativos industriais da indústria de
celulose ao grupo asiático, o município de Lençóis Paulista passa
a incorporar a forte tendência de se tornar um polo papeleiro de
grande importância não somente regional, mas nacional.

Assim, fica evidente, que o agronegócio canavieiro e


silvicultural ainda representarão as duas grandes engrenagens
que movimentarão a indústria regional de uma das regiões mais
bem-sucedidas do interior paulista por um bom período, com
possibilidades que outros grandes setores industriais surjam e se
desenvolvam.

DA CACHAÇA ...

- 169 -
FICHA TECNICA
Sobre a Obra
Da Cachaça ao Papel é uma obra de referência técnico-
histórica, baseada em um artigo científico de Engenharia
Industrial titulado de “A INDUSTRIALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
DE LENÇÓIS PAULISTA”, resultado de um estudo de caso sobre
os principais empreendimentos industriais dos municípios
paulistas de Lençóis Paulista, realizados através de pesquisas
sobre a diversidade industrial da localidade. A base literária
da obra é inspirada nas obras: “LENÇÓIS PAULISTA, FORTE
PRODUTOR DE CACHAÇA” (2007), do escritor lençoense
Florindo Paccola e, na obra “OURO NO HORIZONTE” (2006), de
Eduardo Magalhães e João Carlos Lorenzetti, que retrata as
histórias da vida de Antonio Lorenzetti Filho44.
Para compor o enredo desta obra, o autor realizou
interviews com pessoas e personagens que viveram as fases
descritas da industrialização da região e colaboraram para que

44“Seo Tonico”, foi um empresário lençoense, que juntamente com os irmãos


José Antonio e Juliano, e seus primos da tradicional família Zillo, fundaram no
ano de 1946, a Usina Açucareira São José, no município paulista de Macatuba.
Foi prefeito do município de Lençóis Paulista por dois mandatos. É considerado
um dos maiores filantropos da história de Lençóis Paulista.
- 170 -
“Da Cachaça ao Papel” se tornasse um registro técnico -
histórico bem próximo dos fatos acontecidos. O título do livro
foi inspirado em um artigo publicado pelo Jornal da Cidade de
Bauru, sua duplicação foi incentivada pelo jornalista e editor do
Jornal da Cidade de Bauru, Aurélio Fernandes Alonso.
_______________________________________________________________________
ENTREVISTAS DE CONTEÚDO: Dr. Francisco Bertolani,
sobre a indústria de madeiras de Agudos e indústria de celulose
Lençóis Paulista; senhor Rothervan Finco e senhora Maria
Aparecida (Neca), Barbosa Finco, sobre a indústria de papel
de Lençóis Paulista; senhor João Ranzani (In Memoriam),
sobre a Indústria de massas alimentícias de Lençóis Paulista;
senhora Maria Luiza Boso sobre a indústria vinagreira de
Lençóis Paulista; senhor Juraci (Turco) de Souza sobre a
indústria têxtil de Lençóis Paulista; engenheiro José Luiz da
Silva Maia, sobre a indústria de madeiras de Agudos e o senhor
Tito Lorenzetti, sobre a indústria sucroenergética e indústria
têxtil de Lençóis Paulista.
O objetivo deste livro é registrar nos anais da história, a
bravura e os sonhos de personalidades que revolucionaram
seus tempos, enfrentando as circunstâncias para fazer da

- 171 -
região da Grande Bauru, onde estão localizados os municípios
de Agudos e Lençóis Paulista umas das mais prósperas do
interior paulista.

Muitas informações contidas nesta obra não foram possíveis


encontrá-las nos registros históricos das empresas
pesquisadas. Assim, elas foram inseridas na obra por meio de
interviews com os colaboradores desta obra e são de
responsabilidades de seus idealizadores.

As abordagens textuais do autor em relação às indústrias:


Aciaria, Alimentícia, Celulose, Cervejeira, Chapas de
Madeira, Papel, Petroquímica, Sucroenergética e Têxtil
foram feitas por intermédio de uma análise técnica do autor
para descrever as políticas corporativas das empresas
inseridas no contexto da obra com base nas pesquisas em
documentos oficiais das empresas, no site e em publicações
impressas pesquisadas, sempre mantendo o conteúdo das
entrevistas e das caraterísticas oficiais das empresas.
- 172 -
Sobre o Autor
O autor nascido em Lençóis Paulista, interior do Estado de
São Paulo, é pesquisador, especialista em sustentabilidade, Direito
Ambiental e Recursos Hídricos. Atua desde 2004 na gestão de
águas, no manejo de variáveis hidrofluviais e de processos de
utilidades industriais.
Como articulista de jornal, começou em 2008 escrevendo
pequenos textos sobre meio ambiente para os Jornais O ECO e
Tribuna Lençoense, ambos da cidade de Lençóis Paulista. A partir
de 2011, se tornou articulista - colaborador do Jornal da Cidade de
Bauru. Em 2014 publicou o livro “Rio Lençóis de Ponta a Ponta, da
Serra dos Agudos ao Vale do Tietê” sendo um dos dois únicos
livros sobre rios brasileiros publicados no Brasil em estilo técnico-
histórico
(...) Na vanguarda da cultura corporativa mundial,
estão as políticas corporativas modernas, que
posicionam os empreendimentos e negócios com
uma visão holística, onde a administração é voltada
ao conjunto de fatores internos e externos que
formam a estrutura organizacional da empresa,
passando dessa forma, a ser considerada uma
instituição sociopolítica moderna (...).

Artigo publicado no Jornal da Cidade de Bauru em


10 de junho de 2013.

- 173 -
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, Isabel: A História da Revolução Industrial (2012).


Disponível em:
http://profisabelaguiar.blogspot.com.br/2012/02/ revolucao-
industrial.html
AGUIAR, Sidney: A história da Industrialização do Município de
Lençóis Paulista (2015).
ALIMENTOS BELMONT: Disponível em:
http://www.vinagrebelmont.com.br/
BERTOLANI, Francisco: “A História da Freudenberg ou como
fazer uma floresta de Pinus tropicais” (2004).
DE FREITAS, Eduardo: A Industrialização da América Latina.
Disponível em:
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/a-
industrializacao-america-latina.htm
DURATEX S/A: A História da Duratex. Disponível em
http://www.duratex.com.br/pt/quem-somos/historia
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em: http://www.cachacasaoluiz.com.br/
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FRIGORÍFICO FRIGOL S/A: Disponível em:
http://www.frigol.com.br/download/judicial/
GOVERNO FEDERAL DO BRASIL: Secretaria de Assuntos
Econômicos. História da Indústria no Brasil.

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO: Regiões Metropolitanas
de São Paulo. Disponível em:
http://www.sdmetropolitano.sp.gov.br/portalsdm/sao-paulo.jsp
GRUPO LWART: Acervo Histórico. Disponível em:
http://www.grupolwart40anos.com.br/
GRUPO LWART: 40 anos Construindo o Futuro. Santos-SP.
Editora Brasileira de Arte e Cultura, 2015
GRUPO FREUDENBERG INNOVATING TOGETHER: Disponível
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LUTEPEL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PAPEL: Acervo
Histórico. Disponível em:
http://lutepel.com.br/Empresa/17/historia
MAGALHÃES, Eduardo; LORENZETTI, João Carlos: Ouro no
Horizonte (2006).
PACCOLA, Florindo: Lençóis Paulista, Forte Produtor de Cachaça
(2007).
ZILOR ENERGIA E ALIMENTOS: Disponível em:
www.zilor.com.br

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