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EDUARDO MARTINS
Professor adjunto de história da UFMS, campus de Nova Andradina.
Passados 128 anos de uma passeata em que o povo teria assistido bestializado um
golpe de estado militar e a invenção de uma res pública. Os percalços desse fatídico
teatro político brasileiro parece ainda refletir no presente como o mito de Prometeu, o
órgão a ser atacado é o fígado que se regenera é e eternamente dilacerado. Assim é a
trajetória da história da educação em que os estudantes foram golpeados diuturnamente pelos
inventores de um modelo excludente de estado-nação ancorado numa res pública nascida por
um golpe aplicado contra o sistema monárquico brasileiro em 15 de novembro de 1889.
Vive-se no Brasil uma espécie de história teatralizada com seus bufões, arlequins e
milhões de bobos da corte entorno de mitos, heróis, “reis” e figuras proeminentes, mas,
sobretudo uma pseudo-burguesia nutrida por tais bobos. Do outro lado trabalhadores,
intelectuais e principalmente os estudantes conscientes do seu papel desempenhado nesse
teatro tragicômico.
Diante das considerações acima abordarei o retorno ao ano de 1889 vivido pelos
brasileiros no ano de 2017. Falo aqui da educação, por ser a área que milito, trabalho e
vivencio angustiantemente me deparando com os vários ataques desferidos pelo (des) governo
federal contra a educação superiora inclusiva.
Para uma população carente que teve como opção a via de estudos em nível superior via
FIES, a proposta dos golpistas pretendem destruir as carências aos estudantes, justamente em
um quadro de enorme desemprego e dificuldades de inserção profissional. Põe fim ao Fies
solidário e restringe as possibilidades de financiamento em 100%. E diminui a possibilidade
de pactuação de condições especiais de amortização ou alongamento de prazos.
Para quem governa Temer? Ao assumir, em 2016, ele solapou a necessária capacidade
de o Estado cumprir com sua função para o desenvolvimento da nação. A EC95 congela
investimentos, por vinte anos, em educação, saúde, indústria, desenvolvimento tecnológico,
distribuição de renda e de riqueza, minimamente justa entre as classes que disputam os
espaços. A informação de que o Estado será asfixiado, sucateado e passado à iniciativa
privada, não é devidamente esclarecida ao cidadão médio, fazendo-o acreditar, sempre, na
iniciativa privada, em detrimento do serviço público.