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COMO VENCER O ESPÍRITO DO MUNDO

Naor Pedroza

1. A MENTE QUE SE OCULTA POR TRÁS DO SISTEMA

"Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for
levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo" (Jo 12.31-32). Quando aclamado na sua entrada em
Jerusalém, Jesus proclama sua morte. Estava diante dos discípulos uma inversão de esperança, mas
também uma maravilhosa mudança de domínio: “E eu [...]”.

Através da cruz, as leis deste mundo (medo e imposição) estão para terminar com a queda do seu orgulhoso
senhor, o diabo. Surgirá, então, um novo reino de justiça e amor. A terra é o cenário dessa crise, e este
mundo, o ponto em que se chocam.

Ao tratarmos desse assunto, a primeira coisa que precisamos compreender é o que significa a palavra
“mundo”, que é kosmos, uma ordem ou arranjo harmonioso. Subdividido em três grupos, temos:

1. Sentido de universo material, esta terra (At 17.24).

2. Habitantes do mundo ou a raça inteira dos homens separada de Deus (Jo 1.10 ; Hb 11.38).

3. Assuntos mundanos – todo círculo de bens, talentos, riquezas, vantagens e prazeres mundanos
(humanos) que nos afastam de Deus (1 Jo 2.15; 1 Jo 3.17; 1 Jo 2.16-17).

Todos esses conceitos nos dão um quadro do mundo – um sistema organizado. Por trás do intangível, existe
um sistema planejado e harmonioso. Jesus deixou claro que satanás é o príncipe deste mundo, e desde
Adão, o mundo se tornou hostil a Deus (Jo 15.18). Logo, Jesus foi inflexível para com ele (Jo 16.33).

Há uma mente por trás do sistema – o príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 5.19). O mundo enquanto
"habitantes da terra e o mundo material” vimos que será julgado. Mas o mundo enquanto “sistema de
satanás” já está julgado. Se não aprendermos a olhar para o invisível por trás do material, seremos
enganados. Cada vez que usamos o mundo, estamos entrando em contato com o sistema de satanás.

Antes da queda, havia a “terra”. Após a queda, há o “mundo”. No futuro, haverá um “reino” (Ap 11.15).
Hoje, porém, o nosso contato é com o mundo. Política, educação, literatura, ciências, arte, lei, comércio,
música, tudo isso é mundo e diariamente estamos em contato com ele. Em que direção vai esse progresso?
Certamente, para a consumação do reino de satanás (1 Jo 2.18-22).

Vejamos o quanto este mundo de satanás está em construção:

a. Instrumentos - Em Gênesis, não vemos instrumentos após a queda. Caim fez instrumentos cortantes, os
quais hoje se tornaram armas.

b. Música e arte - A família de Caim também são os inventores da música e da arte, como a flauta e a harpa,
por exemplo, que hoje, nas mãos dos que não temem a Deus, tornaram-se instrumentos de idolatria.

c. Negócios - Satanás foi o primeiro a negociar com Eva, e em Ezequiel 28 .5, vemos seus negócios.

d. Educação - Na queda, vemos o início da árvore do conhecimento do bem e do mal entrando em ação.
Começa o humanismo, o homem é Deus, o início do 666.
e. Ciência - Começamos a especular sobre a natureza do mundo físico e do homem. Até que ponto são
legítimas as pesquisas e descobertas científicas?

Chegamos a uma grande e séria questão (1 Jo 2.15). Quando tocamos o mundo, precisamos nos perguntar:
“Quanto isso afetará meu relacionamento com Deus?”.

Não é uma questão de escolhermos fazer o bem ou mal para achar que estamos cooperando com Deus, a
pergunta deve ser outra: "Isso é deste mundo ou de Deus?". Uma vez que há apenas este conflito no
universo, então toda vez que nos depararmos com dois cursos conflitantes, a escolha não deve ser menos
que: ou Deus ou satanás.

2. A TENDÊNCIA OPOSTA A DEUS

O diabo sabe que a sua maior chance de pegar o crente não é com o pecado, e sim com o mundo. Quando
pensamos no mundo, achamos que ele está relacionado apenas com farras e pecado, mas isso é um grande
engano (1 Jo 5.19).

Junto com o diabo, a ciência, a educação, a cultura e a arte foram condenadas, ele é o senhor de todas elas.
Há uma grande diferença em nossa realidade quando se trata de coisas legítimas. Quando se trata, por
exemplo, de medicina ou educação, perdemos o senso de valor. Mas pasme, quando você entrou em
contato com elas ou com o trabalho, você entrou em contato com o diabo.

O mundo todo jaz no maligno e segue independente da ação de Deus, sua reprodução natural. As coisas de
Deus, por sua vez, necessitam sempre da sua intervenção a cada criação e manutenção.

Família - Filhos de crentes.

Política - Todas as vezes que o povo de Israel saía da direção de Deus, seguiam o caminho natural – alianças
idólatras.

Comércio - Como é difícil não ceder à sonegação e corrupção. Muitas empresas começam com propósitos
divinos e se voltam para o seu caminho natural, mundano.

Agricultura - Depois da queda, a terra começou a produzir cardos e abrolhos. No recomeço de Deus, Noé se
embriagou com o fruto da vinha e hoje temos visto a desertificação de tantas áreas devido à agricultura,
que em si mesma não é má, mas segue seu curso.

Educação - Mesmo homens de Deus como Moisés e Paulo, que foram instruídos, pouco fizeram uso da
educação secular que receberam. Paulo claramente colocou sua formação escolar entre “todas as coisas”
que considerava como perda por causa de ganhar a Cristo (Fp 3.8).

Igrejas - Muitos trabalhos de igrejas começaram com o intuito de evangelizar. Elas abriram hospitais e coisas
afins, mas, com o passar do tempo, seguiram seu curso natural, materialista.

Profissões - Seja você médico, fazendeiro, engenheiro ou editor, preste atenção, pois tudo isso é do mundo,
tanto quanto um local que incentive os vícios. Não é uma questão de abandonar a profissão, mas de seguir
com prudência, pois é um território do inimigo de Deus. Você conhece algum médico cético?

A menos que sejamos prudentes, poderemos ser pegos na rede de satanás e perder a liberdade que é nossa
como filhos de Deus. Qualquer coisa sem Deus seguirá seu caminho natural para satanás. Como, então,
podemos ser livres?
3. CRUCIFICADO EM MIM

Separação para Deus, separação do mundo. Este é o primeiro princípio do viver cristão. João viu, em sua
revelação de Jesus Cristo, dois extremos irreconciliáveis, dois mundos totalmente opostos (Ap 16.3-5;
21.10).

Ele foi levado ao deserto para ver Babilônia. No deserto, podemos ver no máximo o mundo. Ele foi levado a
uma elevada montanha para ver a nova Jerusalém, a qual só se vê nas altas montanhas. A meretriz
Babilônia é sempre “a grande cidade”, com ênfase em suas grandiosas realizações. A noiva Jerusalém é, em
contraste, “a cidade santa” (21.2,10), em referência à sua separação para Deus.

A santidade em nós é o que está totalmente separado para Cristo. Somente tem origem no céu o que para
lá retorna, pois nada é mais santo. Deixe a santidade e no mesmo instante você estará em Babilônia.

O muro é a primeira característica que João menciona da cidade. Há portões paras idas e vindas de Deus,
mas os muros aparecem antes. A separação é o primeiro princípio da vida cristã. Precisamos construir esse
muro em nossos corações hoje e ter como precioso tudo o que é de Deus e refutar tudo o que é de
Babilônia. Neemias foi bem-sucedido na reconstrução dos muros, mas sempre debaixo de muita luta.
Satanás odeia a distinção e não pode suportar que os homens sejam separados para Deus. O Éden não
tinha muros, mas a ordem de Deus era para Adão guardar o jardim. Ele deveria ser ali uma barreira moral.

Em 1 João 2.16, define as coisas do mundo. Tudo o que estimula a ambição gananciosa e tudo que nos
desperta para a soberba ou fascinação pela vida faz parte do sistema satânico. Tudo que desperta orgulho
em nós é do mundo. Proeminência, riqueza, realização – tais coisas o mundo valoriza.

E tudo que traz sentimento de sucesso João rotula como “do mundo”. Tudo que não é glória para Deus é
vanglória. Todas as vezes que tocamos no orgulho, há uma perda imediata da nossa comunhão com Deus.

Não escapamos do mundo fugindo dele ou seguindo ordenanças (Mt 11.18-19; Cl 2.20-21). A abstinência é
meramente mundana. Nossa libertação só começa quando vemos com os olhos de Deus que este é um
mundo sob sentença de morte. Deus ainda não pôs fim ao sistema do mundo, mas seu fim já está
estabelecido.

Percamos todo interesse pelo mundo e este perderá seu domínio sobre nós assim que compreendermos
que ele está condenado. Saber disso é romper com toda a administração de satanás. Não apenas nós
estamos cravados na cruz, mas nosso mundo também o está (Gl 6.14).

Separação física não opera separação espiritual e nem o contato com o mundo nos leva necessariamente à
sua escravidão. Tudo é uma questão do coração e revelação. O caráter essencial do mundo é satânico, é
inimizade com Deus. A revelação disso traz libertação.

Não fuja do que você faz, seja qual for sua profissão. Apenas escreva: a medicina está sob a sentença de
morte. Em meio a um mundo em julgamento por sua hostilidade contra Deus, você saberá como é viver
como alguém que verdadeiramente o ama e o teme.

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