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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS.

LEONARDO H. CHAGAS, 8977092.


MARIANA V. MATIVI, 9822991.

(Matutino - 10h - 11h45.)

TÓPICOS SOBRE RITOS DE PASSAGEM (1985):


O FEMININO, O CORPO ERÓTICO, E ATRADIÇÃO.

São Paulo
2017.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS.

TÓPICOS SOBRE RITOS DE PASSAGEM (1985):


O FEMININO, O CORPO ERÓTICO, E ATRADIÇÃO.

Trabalho referente à disciplina de


Literaturas Africanas I, ministrada
pela Prof. Dra. Tânia Macedo,
Departamento de Letras Clássicas e
Vernáculas, FFLCH-USP.

São Paulo
2017.
I. INTRODUÇÃO.

Ritos de Passagem é o livro de estreia de Paula Tavares. Foi publicado em 1985,


período de pós-independência na Angola, têm como temas o feminino, erotismo, as
relações sociais entre homens e mulheres através da tradição angolana e a sociedade
pós-independente. O estabelecimento desses temas na obra é dado através da relação
com a natureza. É possível analisar uma interlocução entre a euforia da pós-
independência e o erotismo dos poemas.
No prefácio da obra, Inocência disserta acerca da inovação presente na obra que
traz em primeiro plano a subjetividade feminina:
“ A configuração do feminino gera uma iluminação existencialista em
que a escrita se transforma em iniciação à vida plena, para neutralizar
o vazio, no meio das vivências femininas, têm tendência a crescer
insondável...” (MATA, Passagem para a diferença. 2013)

Com a presença do erotismo através dessa subjetividade é esperado que haja um


rompimento com a imagem estabelecida que a mulher angolana seria a representação
da “Mãe África”, que teria por objetivo a procriação. Espera-se também que a submissão
imposta pelo colonialismo e pelos aspectos sexistas da tradição, que são dados ao
decorrer do poema através da tradição trabalhados por uma subjetividade feminina, seja
modificado. Com o erotismo estabelece-se um sujeito sexual que irá tornar-se um sujeito
social podendo representar suas frustrações e emoções.
O livro divide-se em três partes que são precedidas por um poema inicial. Cada
momento do livro apresenta determinadas especificidades, que se relaciona com entre
si, acerca de fases da vida feminina, como será desenvolvido na análise posteriormente.
Contudo, o livro mantém um aspecto cíclico que é estabelecido desde o poema inicial.
II. FOCOS DE ANÁLISE -

O livro divide-se em três partes, como dito anteriormente, essas partes se referem
a diferentes momentos da vida, a juventude e a vida adulta, com a representação da
fauna e flora que pertencem, na maioria das vezes, à Angola. O poema inicial é muito
significativo, pois está presente como um momento iniciático para o próprio livro.
Com o título Cerimônia de Passagem é um dos poemas mais longos de toda a
obra, apresenta o amadurecimento dos sujeitos do poema no decorrer das estrofes –
primeira estrofe acerca da juventude, segunda e terceira sobre a vida adulta e a última
estrofe apresenta o amadurecimento e a passagem púbere – que são mantidas entre a
repetição da frase “a zebra feriu-se na pedra/ a pedra produziu o lume”. Essa repetição
dá um tom de continuidade e pode representar o aspecto cíclico presente na obra, pois
após o amadurecimento, repete-se a frase e espera-se que haja uma retomada das
mesmas ocorrências; além disso na última estrofe “O velho fechou o círculo/ o círculo
fechou o princípio” essa relação cíclica é desenvolvida, o velho fecha o círculo e ao fechar
encontra o princípio novamente, a figura do homem e do velho, parecem estabelecer
uma relação de antagonismo formal1 com as figuras da rapariga e da mulher, ou seja há
uma relação de conflito irresoluto ao que se diz respeito a posição social do homem e da
mulher, e da figura feminina referente a tradição.
A frase inicial também remete a um ritual banto que é transcrito no poema em
língua portuguesa, onde há uma citação da tradição e a retomada da oratura angolana.
O título desse poema inicial reforça o tom iniciático, como se esta fosse a cerimónia
necessária para desenvolver a obra. As imagens presentes neste poema, serão
retomadas no decorrer da obra: a zebra (fauna), o fruto (flora), o homem e a mulher, a
relação destes e o amadurecimento. Com isso, é possível considerar que este poema
inicial sintetiza a obra.

1 ADORNO, Theodor. Teoria Estética – (P. 16) MOURÃO, Artur (trad.) LISBOA: Edições 70,
1970.
Dado isso, estabelece-se a primeira parte, “De cheiro macio ao tacto”. Como
expresso no nome, esta parte irá destacar a representação dos sentidos na sua
completude, pois o cheiro, apesar de ser uma sensação, é sentido de forma diferente,
ausente de relação física, mas que no texto é colocado sinestesicamente, pois é macio.
Já é estabelecida nesse primeiro momento uma relação com o erotismo. Neste momento
inicial os poemas estabelecem uma relação próxima com a imagem das frutas, onde há
uma ligação entre o nome da fruta, a simbologia e a forma que desenvolvem parte do
erotismo do poema. Essa relação com as frutas é muito importante para o desenvolver
da obra, pois utiliza de alimentos e representações do cotidiano para tratar a
subjetividade feminina – que convivia com a submissão e a representação vinculada a
procriação e a Mãe África – dessa forma, constrói-se uma nova identidade nacional para
a mulher angolana que se relaciona ativamente com seu local de origem.
O sangue é uma imagem que está presente desde o poema inicial “a rapariga
provou o sangue / o sangue deu fruto” pode ser a representação da menstruação que
estabelece um momento significativo para a mulher porque é um grande rito natural de
passagem, fortemente ligado com a fertilidade. O sangue também pode representar a
vida pulsante, pelo seu papel biológico e também por sua representação simbólica.
No segundo momento, nomeado de “Navegação circular” estabelece-se uma
relação com a vida adulta, o primeiro poema “Circum-Navegação”, retoma o aspecto
cíclico e o momento inicial da vida adulta, é a “primeira viagem” e a abelha, figura central
do poema, símbolo representativo do feminino é descrita como “Lúcida” em letras
maiúsculas que dão ênfase para a caracterização. É a representação de um novo
momento da mulher que entraria na vida adulta com maior consciência. No poema
seguinte, “O amor impossível”, mais uma vez o animal, desta vez figura central,
apresenta independência em suas ações descritas com: “Tornou-se bípede” e “correu”
também enfatizadas com letras maiúsculas.
Entre esses dois momentos da obra há uma diferença nas representações
utilizadas, no primeiro momento há o aparecimento principal de frutas, no segundo, de
animais. Porém, as imagens das frutas são retomadas nesse segundo momento, como
em “a flamingo cor de rosa/ saiu do mangal”. Essa mudança pode estar relacionada com
o amadurecimento dessa subjetividade, que passa a observar cada vez mais coisas ao
seu redor, é como se fosse possível, através do amadurecimento, uma melhor
compreensão do que circunda este eu lírico. Surge também a intensidade dos
movimentos, a figura da fruta é mais inanimada do que a figura de um animal.
O terceiro momento do livro, chamado “Cerimônias de Passagem”, reforça o
aspecto cíclico porque retoma o título do poema inicial, porém no plural. A representação
cíclica relaciona-se com a noção ritualística aparente no conjunto da obra, no que diz
respeito aos aspectos culturais e que também possui estreita relação com a questão do
ciclo menstrual, que é o aspecto mais individual pertencente ao sexo feminino, dado
inclusive explicitamente no poema “Colheitas”.
Diferentemente das duas outras partes, a última, coloca as figuras humanas de
maneira explícita. Como no primeiro poema, chamado “Rapariga” além disso retoma as
frutas e animais, citados anteriormente. Com isso, percebe-se maior independência
dessa subjetividade que está permeada pelo ambiente em que está inserido. É, na obra,
um momento de destaque para a tradição, contudo, a obra permeia todos os aspectos
que compõem o ambiente em que a mulher angolana está inserida e utiliza deste
ambiente para transformar a imagem que foi estabelecida anteriormente em uma
imagem independente e livre da individualidade da mulher.
III – RITUAL E EROTISMO

Ao que se diz respeito ao erotismo no livro de Paula Tavares de 1985, podemos


analisar inúmeros versos e elementos textuais em praticamente todos os poemas deste
conjunto. Porém, antes que toquemos mais a fundo na poesia, é importante
contextualizar certos aspectos da literatura angolana no fim do século passado,
sobretudo observamos então que no processo da luta de libertação angolana, a figura
da mulher na poesia, era ainda relacionada a aspectos biologizantes no que diz respeito
ao papel da mulher na sociedade, como mãe e sua intensa relação com a fertilidade do
corpo e da terra, a própria noção de África como uma mulher, uma mãe, de Angola como
uma terra fértil até mesmo de ideias, observando alguns poemas da década de 60, como
“Presença Africana” de Alda Lara, é possível notar que a figura da mulher apesar de
exaltada, ainda possui tais características, não há ruptura absoluta com a noção
colonizadora acerca da mulher e da sexualidade.
Paula Tavares acaba por subverter esta ideia quando escreve neste novo período,
ainda extremamente turbulento historicamente em seu país, uma poesia que passa a
tratar do corpo feminino de forma mais íntima, irreverente e rebelde, seus poemas
exaltam a presença feminina de maneira erotizada e não sexuada e silenciada, o corpo
nesta poesia é estendido, possui expressão, não é apenas físico, é a expressão da
totalidade feminina, sempre de forma a relacionar os aspectos corpóreos a frutas
regionais da terra de angola, objetos e elementos que tem cheiro e sabor, a descoberta
de uma linguagem capaz de exprimir o amor e o prazer feminino. As três partes que
compõe o poema – “ De cheiro macio ao tato”, “Navegação circular” e “Cerimônia de
passagem”, são intituladas de forma a sugerir, uma atmosfera bastante densa,
estipulando assim uma proximidade com o universo erótico e místico, uma mistura de
elementos presentes em práticas rituais e referências da natureza, em busca de uma
simbologia que dê conta de imprimir no texto – a vida pulsante da natureza e do corpo
(MAFRA, 2009).
Olhando mais a fundo para alguns versos, podemos notar as claras referências a
sexualidade feminina, mas também as referências “escondidas”, subjetivas, muitas
vezes postas como metáforas. Surgem então como exemplos de referências diretas e
explícitas – “frágil vagina semeada” que “se alargam as sedes” – remetendo ao desejo
ou então, “testículo adolescente”, “útero verde” (dando a um fruto características
humanas), dentre alguns outros termos, que surgem explicitamente, porém em relação
ao restante dos signos do poema, são de rara ocorrência.
Ainda sobre as figuras e símbolos eróticos nos poemas, cabe citar a analisar os
elementos postos como metáforas tais como – “mamão”, “abóbora-menina”, “a manga”–
símbolos que remetem ora aos seios, ora a vagina, mas também à fertilidade por conta
do número infindo de sementes do mamão e pela simbologia da abóbora e da manga.
Há também um verso onde existe uma imagem relacionada a perda de virgindade, a
busca pelo aspecto fértil do corpo, a abóbora “procurando ser terra”, o verso é seguido
por “acontecer o milagre:/ folhinhas verdes/ flor amarela/ ventre redondo” numa alusão à
fertilidade, ao sêmen, a fecundação, a gravidez. Há ainda termos como “macia”,
“vacuda”, “gordinha” remetendo às formas do fruto e o formato do corpo feminino.
Observa-se também, ainda que este livro tenha quase o tempo todo um apontamento
a processos de ruptura com a forma de observar a mulher dada pela tradição, é
importante ressaltar que isso se dá de forma complementar, e não simplesmente
negando o que já estava estabelecido, há ainda para Paula Tavares a noção de
fertilidade ligada a figura da mulher, porém, esta noção de fertilidade diz respeito ao
corpo em particular, com a descoberta da expressividade contida no ritmo natural do
corpo feminino, seus processos físicos, emocionais e espirituais, as metamorfoses do
amadurecimento, o que está em jogo então, são estes traços que apontam a
necessidade de libertação do eu feminino, autenticando a expressividade sexual e o
desejo da mulher, num processo identitário novo, para a literatura angolana.
“De Cheiro Macio ao Tacto” tem a tendência de estar sempre em busca de um
certo desnudamento do corpo feminino, e com isso busca a libertação e a abertura da
sexualidade feminina, o que é essencialmente o ponto alto da temática erótica do
conjunto de poemas, com isso posto, vejamos a significação simbólica do desnudamento
em um trecho de “Erotismo” de Bataille:
“Toda a concretização erótica tem por princípio uma destruição da
estrutura do ser fechado que é, no estado normal, um parceiro do
jogo. A ação decisiva é o desnudamento. A nudez se opõe ao
estado fechado, isto é, ao estado de existência descontínua. É um
estado de comunicação que revela a busca de uma continuidade
possível do ser para além do voltar-se sobre si mesmo. Os corpos
se abrem para a continuidade através desses canais secretos que
nos dão o sentimento da obscenidade. A obscenidade significa a
desordem que perturba um estado dos corpos que estão conformes
à posse de si, à posse da individualidade durável e afirmada. Há,
ao contrário, desapossamento no jogo dos órgãos que se derramam
no renovar da fusão, semelhante ao vaivém das ondas que se
penetram e se perdem uma na outra. Esse desapossamento é tão
completo que no estado de nudez, que o anuncia, e que é o seu
emblema, a maior parte dos seres humanos se esconde, mais ainda
se a ação erótica, que acaba de desapossar-los, acompanha a
nudez. O desnudar-se, visto nas civilizações onde isso tem um
sentido pleno, é, quando não um simulacro, pelo menos uma
equivalência sem gravidade da imolação”. (BATAILLE, O
Erotismo, P. 14)

Não à toa Paula Tavares, insere a temática erótica, num contexto literário, onde a
autora age como sujeito histórico de resistência, contra o machismo imposto pela
tradição, e pelos resquícios de cultura colonial ainda enraizada nas noções e práticas da
sociedade angolana, comportamental e culturalmente.
Na parte final da obra em “Cerimônias de Passagem” também é constante o viés
erótico, dado que seus poemas discutem basicamente a transformação da menina em
mulher. Mas há por exemplo no poema “Cerimônia Secreta”, sugestões que já partem
do próprio título que se vinculam novamente ao erótico, por retomar a ideia da intimidade,
apesar da formalidade que pressupõe o significante “Cerimônia”. O livro todo
compreende, no entanto, estes dois elementos como centrais, a erotização da linguagem
e o ritual cíclico da forma e do conteúdo da obra.
III.I A QUESTÃO DO RITUAL -

É sobretudo no primeiro poema “Cerimônia de passagem” e na última parte


“Cerimônias de Passagem”, que se evidenciam as principais características ritualísticas
da obra. Como já demonstrado neste texto, o livro no geral, conta uma história onde está
presente a ideia de ciclo, abrangendo a reprodutibilidade, a fecundação, a criação da
vida, através do corpo expressivo e da sensibilidade do mesmo que sofre uma
metamorfose contínua e cíclica.
É característico dos rituais, quando sagrados, terem como princípio básico o
renascimento físico e espiritual, com o intuito de purificação, sobretudo quando há uma
ruptura com as regras estabelecidas, o indivíduo que é parte de uma cerimônia
ritualística, costuma ser submetido a um processo de morte e renascimento, de um modo
geral. Há um procedimento básico nos rituais, chamados de eventos de transição, onde
há uma passagem de um estado de existência a outro, e grande parte dos rituais
pressupõe certas regras, dogmas e procedimentos cíclicos, como descrito em um estudo
importante sobre rituais de êxtase e terror publicado em 2009 pela universidade de
Oxford, de autoria de Angelika Malinar e Helene Basu.2
No poema inicial há uma relação referencial ritualística imposta no conteúdo e na
forma, esta relação se dá nos versos “ “a zebra feriu-se na pedra / a pedra produziu lume”, a
partir da afirmação de Mota3, os versos estão estabelecidos entre aspas, pois citam cantos
proferidos pelas mais velhas durante a festa de puberdade das raparigas, um ritual de tradição
dos povos Humbes e Nhanekas, porém a autora translitera o canto para o português fazendo
com que se amalgame no conjunto dos versos, deixando aparente uma tendência da poética
de Paula Tavares, de propor uma reinvenção da oratura. Na questão formal do poema,
também há o traço da repetição, que retoma a questão do ciclo, dado na estrofe inicial e
na final. Ainda segundo a autora de Entre as “veias finas” da escrita, há mais referências
sobre rituais regionais, como por exemplo o de circuncisão, referência esta trazida a
partir do vocábulo Ongolo (zebra), que nomeiam os meninos participantes deste rito do

2BASU, Helene. MALINAR, Angelika - Ecstasy and Terror


3MOTA, Pamela Maria do Rosário. P. 31 - Entre as "veias finas" da escrita: metáforas
do sangue na poética de Paula Tavares.
sudoeste angolano e também o próprio provérbio em questão, pode se associar ao rito,
que simboliza a ascensão a uma nova etapa da vida, a um período de independência, o
tornar-se homem de um menino para estes povos e cultura, dá-se a partir de tal ritual, o
poema retoma assim, algumas questões antropológicas e etnológicas destas regiões da
Angola, rememorando estes cultos. Há também a forte presença da metáfora do sangue,
o qual é de eximia importância para os rituais de puberdade femininos, pois este está
diretamente vinculado a menstruação como já discutido neste presente estudo.
No poema a “Cerimônia Secreta”, há uma ideia evidente de um ritual de passagem
onde ocorre a transformação de um ser masculino a um ser feminino. No poema é
também descrito processos estabelecidos como sequenciais, que se assemelham a ideia
de obrigatoriedade ritualística, ocorre uma narrativa sincopada, como se tratasse de uma
explicação, uma forma fixa que leva a transformação, a transição, um procedimento
cultural, talvez sagrado, que tem como objetivo a mutação do corpo masculino em
feminino, uma imagem sintética da ideia de Ritos de Passagem, evidenciando a busca
pela transformação de uma literatura dotada de sexismo e exploração da mulher como
objeto, para a mulher detentora da palavra, da capacidade expressiva de sua vida, seu
sexo, como se a poesia agora ganhasse forma feminina e como mulher rebelde e
emponderada passasse a ditar as regras, o corpo que antes era masculino e colonizador,
hoje, depois de todos os ciclos e processos passa a ser feminino e libertário, este
antagonismo é tão significativo no campo das ideias e do embate político-histórico, como
aparece formalmente no texto, seja descrito como um processo de transição como é feito
em “Cerimônia Secreta”, ou seja colocando os sujeitos históricos e a tradição em si, em
oposição a mulher como no poema inicial.
Há uma equivalência na escrita da autora, quando se remete a natureza e o corpo.
As mudanças ocorridas com o corpo parecem ser provindas de um lugar mesmo, que o
das mudanças cíclicas da natureza e da vida, o corpo é dotado de uma força pulsante,
que reivindica mudanças e transformações permanentes, nas imagens poéticas de Paula
Tavares, essas marcas aparecem de forma mais evidente no poema exemplificado no
parágrafo acima, entretanto estão presentes em todo o livro Ritos de Passagem.
Bibliografia:

- ADORNO, Theodor W. Teoria Estética – MOURÃO, Artur (trad.) LISBOA: Edições 70,
1970.

- BASU, Helene. MALINAR, Angelika - Ecstasy and Terror In: CORRIGAN, John. (Org.)
Religion and Emotions. OXFORD- University Press, 2008.

- BATAILLE, Georges. O erotismo. Porto Alegre: L&PM, 1987

- DURIGAN, Jesus Antônio. Erotismo e Literatura. São Paulo: Ática S/A, 1986.

- LARA, Alda. Poemas (1966). In: FERREIRA, Manuel (org.) No Reino de Caliban.
Lisboa: Seara Nova, 1976.

- MAFRA, Betânia Siqueira. Voz de um corpo de mulher: O erotismo em Paula Tavares.


Disponível em: http://www.ufjf.br/revistagatilho/files/2009/12/BetaniaSiqueiraMafra.pdf
Acesso: 01/07/2017

- MATA, Inocência. Prefácio à edição portuguesa. Passagem para a diferença. In:


TAVARES, Paula. Amargos como os frutos. Rio de Janeiro: Palas, 2013.

- MOTA, Pamela Maria do Rosário. Entre as "veias finas" da escrita: metáforas do


sangue na poética de Paula Tavares. Dissertação de Mestrado.
http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/MotaPMR.pdf Acesso: 01/07/2017

- PADILHA, Laura Cavalcante. Paula Tavares e a semeadura das Palavras. In:


SEPÚLVEDA, Maria do Carmo; SALGADO, Maria Teresa (org.). África & Brasil: Letras
em Laços. Rio de Janeiro: Ed. Atlântica, 2000.

- TAVARES, Paula. Amargos como os frutos. Rio de Janeiro: Palas, 2013.

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