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Resenha bibliográfica
mentalidade regional e não leva e estratégica. A fragmentação latino-americana, passa a definir
a uma orientação nacional. das unidades militares e sua o modelo moderador, que pro-
E qua nto aos soldados e grande dispersão estão ligadas põe como típico das . relações
of iciais de carrei ra? Ajustam-se historicamente ã necessidade de entre civis e militares da Amé-
à imagem do mil itar p rofissio- maior controle da população. rica Latina: militares altamente
nal, sem laços com sua região de Além disso, essa fragmentação politizados, inc lus ive manifes-
origem? Stepan co nsidera que levou a um a dispersão muito tando grande heterogeneidade
o Exército brasile iro possui al- grande d o pode r de dec isão en- de orientação pai ítica, porém
gumas das característ icas de re- · tre os militares. tentando manter a unidade ins-
crut amento próprias de uma Quanto ã extração social do titucional em interação com eli-
milícia estadual; os oficiais pre- Exérci to b rasi leiro, analisada no tes pai fticas que t entam coop-
ferem servir em suas regiões de terceiro cap ítul o, o autor con- tá-los, sejam grupos situacio nis-
origem para ficar próximos às clui que a oficialidade provém tas, sejam oposicionistas. Além
famíli as e não existe um sistema prepo nderantemente da classe de t entar cooptar os militares,
cent ralizado de recrutamento média; que há baixo recruta- essas mesmas lide ranças polí-
que selecione para as Forças mento nas classes altas e baixas, ticas legitimam a interve nção
Armadas uma amost ra represen- e que, devido ao aumento das· mil itar em momentos de crise,
tativa da popul ação. Cada un i-. exigê ncias educacionais da Aca- exercendo um papel de árbitros.
dade militar recruta seus p ró-. demia Militar de Agulhas Negras Solucionada a crise, as lide ran-
prios integrantes na região ci r- e ã inca pacidade do sistema ças pai fticas latino-americanas
cunvizinha. educacional brasileiro de aten- esperam a volta dos militares
. Essa estrut u ra de recruta- der à explosão demográfica, aos quartéis e não legitimam o
mento tem grande importânc ia houve pequeno aumenta do re- exercício do poder pelos mili-
pai ftica, po is a base local do crutamento nas classes baixas, tares de forma duradoura.
Exército bras ileiro, somada ao nas últimas décadas. Analisa a seguir os aspectos
fato de que os gove rnadores es- Apesar de peítencerem à civis do padrão moderado r, ou
tadu ais sempre se escudaram classe média, os oficiais brasi- seja, a forma pela qual tanto o
nas milícias de seus respectivos lei ros atribuem a si mesmos a governo, quanto seus partidá-
estados, preci pitou em várias característica de "estrato des- rios e opositores apelam para a
ocasiões crises de lealdade que vinculado, relativamente sem intervenção militar no processo
fragmenta ram seções inteiras do classe" que "resume em si todos pai ítico, e mais do que isso,
Exército nacio nal: 1930, 1932, os interesses sociais", que tentam usá-lo como instru men-
1961. Por isso, não é poss ível Mannheim atribui à intelli- to de ação pol ftica.
partir do p ressuposto de que a gentsia. Essa visão de si mesmos,
instituição castrense, devido ã como desvinculados de classe, Da análise acima depreende
sua missão e organização espec f- leva os militares a legitimar sua que a atitude dos civis para com
ficas, é uma instit uição perfei- intervenção pai ítica: são os mais os militares pode ser tanto ou
tamente unificada e de orienta- adequados para atuar em defesa mais im po rtante que a própria
ção exclusiva me nte nacional. dos interesses nacionais. ·ideologia e objetivos castrenses
88 na determinação da · dinâmica
Em seguida, no segu ndo dos golpes militares na Amé rica
Stepan nega a tese de que a
capítulo, o autor analisa a Latina. A partir dessa constat a-
origem social é o determinante
mag nitude do efetivo das For- ção básica, formu la duas hipó-
fu ndamental do comportamen-
ças Armadas e su a importân-
to político do militar e afirma teses que explicari am o funcio-
cia pai ftica. Nega a proposição namento do modelo modera-
que os aspectos institucionais,
de qu e o poder mil ita r é funç ão dor:
organizacionais e burocráticos
de sua magnitude nu mérica e
das Forças Armadas têm grande a) a propensão dos militares
afirma que, freq üent emente, as
peso na determinação do com- para intervir politicamente au-
variáveis pai ít icas são muit o
portamento pai ftico dos mil i- menta quando diminui a coesão
mais important es do que a
tares_
qu antidade de efet ivos mi litares das elites clvis e \/ice-ve rsa;
na determinação do papel que Parte li : O "padrão mode rado r" b) os golpes militares t endem a
cumprem as Forças Armadas na das rel ações entre civis e mil ita- ser vitoriosos quando há eleva-
soc iedade. res: Brasil, 1945-1964 do grau de legitimidade outor-
Com relação ao Brasil, afir- Depois de traçar uma tipologia gada por civis de relevância po-
ma que a dispersão geográfica de modelos de relações entre lítica à intervenção militar e re-
do Exército sempre refletiu civis e militares, que segundo o duzida legitimidade outorgada
considerações de ordem pai rtica autor não se adapta à realidade por esses mesmos civis ao gover-
Resenha bibliográfica