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Universidad Nacional de Misiones

Facultad de Humanidades y Ciencias


Sociales

Curso de Graduação em Português

Disciplina: Teoría y Metodología del Discurso Literario

Docente Titular: Claudia Nuñez

Trabalho Pratico: “Aalise da História de Dona Baratinha”

Autores: Sanhueza Saucedo Walter Ramon

Posadas, 11/09/2017
Introdução

O conto História da Dona Baratinha foi publicado pela primeira vez


em 1890 com o título original História da Carochinha por Adolfo Coelho.
Em 1896, o jornalista carioca Alberto Figueiredo Pimentel publica no
Brasil, pela Livraria do Povo de Pedro Silva Quaresma, a coletânea Os
contos da Carochinha, reunindo 61 contos, entre eles o conto
intitulado História da Dona Baratinha. A publicação deste livro é um
marco para a literatura infantil, dado que antes deste todos os livros
infantis eram editados em Portugal.
Em 1996, Ana Maria Machado publica pela primeira vez uma
adaptação da História da Dona Baratinha, pela editora FTD.
A Versão utilizada para este análise é uma mistura deste conto
popular português próprio da tradição oral.
Analise da História de Dona Baratinha

1.Resumo
O texto conta a história de uma baratinha que um dia fazia uma boa
faxina na sua casa e encontrou uma moeda de ouro, e achando que estava
rica resolveu se casar.
Dona Baratinha pôs uma fita no cabelo e foi à janela a cantar para
seus pretendentes dizendo a expressão clássica deste conto:
“- Quem quer casar com a senhora Baratinha que tem fita no
cabelo y dinheiro na caixinha?”.
A Dona Baratinha rejeitou seus primeiros pretendentes (o Cavalo e
o Cachorro), porque não gostava dos sons que faziam de manhã.

Finalmente, surgiu o Rato, quem só fazia um barulhinho bem baixo e


gostoso. Dona Baratinha fico encantada e prepararam o casamento.

O dia do casório, o Rato foi para a Igreja, mais seguindo o perfume da


feijoada feita para a celebração caiu dentro da panela de feição e fico ali
cozidinho.

Dona baratinha chora muito por uma semana, mais depois põe a fita
no cabelo e vai para a janela a cantar novamente:
“- Quem quer casar com a senhora Baratinha que tem fita no
cabelo y dinheiro na caixinha?”.
1.1 Organização do texto

O texto começa com um achado fortuito que provoca na


protagonista a ideia de se casar.
A interação com os pretendentes apresenta diálogos diretos e com
respostas rápidas.
A história não apresenta Flashback com o qual a trama é lineal.
A fatalidade em que caiu um dos personagens (o Rato) foi o prelúdio
para um final inesperado.

1.2 Ritmo do relato

O ritmo do relato é em geral rápido, os diálogos são diretos e sem


interferências.
Outra característica do ritmo deste texto é sua ciclicidade, tendo
semelhança com uma canção infantil. Assim cada ciclo de esse coro que
se repete, começa com a pergunta de Dona Baratinha “Quem quer
casar....” e termina quando ela diz “-...Mas eu não quero não!”.

2. Tempo

O texto transcorre no passado. A frase “Há muito tempo, na época


dos avós de nossos avós” indica que as ações são pretéritas.
O tempo da narração é cronológico e desenvolve-se a partir de um
fato (encontro de uma moeda de ouro) para o futuro, sem digressões
psicológicas.
É possível delimitar a duração da historia, a que começa quando
Dona Baratinha fazia uma boa faxina na sua casa e encontrou uma moeda
de ouro.
Seu desenvolvimento vai desde que a protagonista decidiu se casar
até que Dona Baratinha e o Senhor Rato marcaram a data do casamento e
começaram os preparativos da festa.
Finalmente, o fim da história esta marcada pela fatalidade: a morte
de Rato e a frustração do casório, tão esperado por Dona Baratinha.
Sem embargo, a história deixa aberta a possibilidade de
continuidade, já que depois de chorar por uma semana Dona Baratinha
põe a fita de novo no cabelo e vai para a janela em busca de marido.

3.Espaço

Os acontecimentos desta história ocorrem em “Uma aldeia muito


distante”.
O narrador não faz uma descrição muito detalhada do cenário. Pode-
se dizer que se trata de um espaço metropolitano: Povo, cidade. Isto
porque a protagonista canta na janela de sua casa e os pretendentes se
presentam ao ouvi-la, o qual permite pensar que há “pessoas”
caminhando pela rua. A existência de uma igreja reafirma o pensamento
de que se trata de um lugar urbano.
A verdade o lugar não é importante para a história. O relevante é a
ideia de se casar da protagonista e o dilema moral que implica um
matrimonio por conveniência assim como a pressão social para uma
mulher não casar-se a certa idade.
4. Personagens

Na Historia há um só personagem central: Dona Baratinha. Ela


representa uma senhora de idade avançada que não consegui um
pretendente. Destaca-se pela sua esperteza, representada no conto pelas
respostas rápidas a cada um dos pretendentes.
Os outros personagens são secundários.
Há um primeiro pretendente que era o Cavalo, garboso, charmoso e
com a crina penteada, mais seu relincho pelas manhãs, não gostava a
Dona baratinha. O segundo pretendente, era o Cachorro, com bonito pelo,
alerta e valente. Ele tampouco gostou a protagonista pelo barulho que
fazia pelas manhãs. Finalmente, O rato, ligeirinho, com um bigode
nervosinho e simpático foi com quem Dona Baratinha planejo casar-se.
Também estão as damas do povo que acompanham à protagonista
da história à Igreja, e os convidados que esperam ali ao Senhor Rato.

5. Narrador

O narrador conta a História em terceira pessoa, não participa dos


acontecimentos, mas é onisciente, conhece todos os sentimentos e
pensamentos dos personagens, expressões como: “pensou: Estou rica!”,
“...Mais sentia que faltava alguma coisa...”, “sente um aperto no coração e
chora muito”, são alguns dos casos em que a onisciência do narrador é
evidente.
Neste conto o narrador não estabelece contato com o leitor, e é
imparcial.
6. Estilo
A narração é simple, tem linguagem fácil, próprio de um texto
infantil, sem torneiros frásicos. O discurso predominante é o discurso
direito. Por meio do discurso direto, reproduzem-se literalmente as
palavras do personagem. Esse tipo de citação é muito interessante, pois
serve como uma espécie de comprovação figurativa (concreta) daquilo
que acabou de ser exposto (ou que ainda vai ser) pelo narrador. É como se
o personagem surgisse, por meio de suas palavras, aos olhos do leitor,
comprovando os dados relatados imparcialmente pelo narrador. O
recurso gráfico utilizado para atribuir a autoria da fala a outrem, que não
o produtor do texto, são as aspas ou o travessão.

7. Mensagem

A história se desenvolve em uma época em que a mulher era para


o casamento e que uma donzela não tivesse um marido a certa idade era
um fato desaprovado pela sociedade (Ainda hoje).
Dona Baratinha era uma pobre senhora que devido a sua baixa
posição social não dispusera de nenhum pretendente, por isso aquela
moeda que encontrara reavivou uma ideia esquecida por certo tempo,
pois assim, aquele dinheiro ajuda-la a conseguir pretendentes.
O conto expõe a luxuria da dona baratinha e sua repentina
mudança em considerar-se rica apenas por ter encontrado uma moeda de
ouro e assim “comprar” um marido, e se estende ao vício do Rato em não
resistir à comida chegando a ponto de trocar sua vida por um pouco de
prazer.
Dona Baratinha depois de chorar põe a fita no cabelo saiu
novamente à procura de outro marido, nos mostrando mais uma vez o
que Freud defende que o prazer é mais importante que o objeto do
prazer, assim o prazer da baratinha não estava no Rato e sim em um
marido1.
Os valores do conto variam de acordo com as adaptações e as
épocas. Assim no século XIX, a intencionalidade era criticar as solteironas
endinheiradas, desqualificando-as ao chamá-las de interesseiras, até
porque a solteirice não era bem vista na época, como castigo moral para a
mulher que não se casa por amor, para ser subjugadas pelo discurso do
amor romântico, desinteressadas pelas coisas materiais pelas
quais apenas os homens deveriam se interessar.
Na adaptação deste analise a Dona Baratinha, racionaliza sua
situação e toma a iniciativa, propõe casamento, submetendo os
pretendentes a sua apreciação e não o inverso. Ela escolhe o seu marido.
E embora o casório no foi possível pela morte de seus noivo, ela
não fica triste e adopta uma atitude ativa ante a continuidade da vida.
Cabe destacar que na adaptação de Ana Maria Machado2, o final
varia também o sentido do texto, assim diz:
“... –Coitado do Ratinho! Mas para mim foi uma sorte. Não podia
dar certo um casamento com um noivo que gosta mais do feijoada que
de mim. Melhor é ficar sozinha e gastar meu dinheiro para me divertir.
E assim fez...”.

1
Ver http://wagnerwvc.blogspot.com.ar/2010/03/o-texto-e-marcado-por-varios-fenomenos.html
cosultado el 10/09/2017.

2
Machado Ana Maria “Doa Baratinha” Coleção Le pra Mim,FTD 1996, disponível em:
https://semect.files.wordpress.com/2010/05/historia-da-dona-baratinha.pdf consultado el 10/09/2017.
Vemos aqui a exaltação da independência da mulher e da
felicidade sem sujeição a outro, como novos mensagens.

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