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VANHOOZER - ESTÉTICA DE JONATHAN

Vanhoozer tratando sucintamente da concepção estética de


Jonathan Edwards:

Jonathan Edwards combina a ênfase antiga/medieval da beleza como


harmonia objetiva com a ênfase moderna da beleza como sensibilidade
subjetiva. Experimentamos a beleza como as “conformidades” aprazíveis – as
relações, proporções e harmonias – do mundo e daquelas obras de arte que
exibem e expressam tais conformidades. Contudo, Edwards descreve tal
beleza como secundária. A beleza secundária sozinha não fornece garantia de
integridade moral ou santidade. A beleza primária, contrariamente, não é
apenas um sentimento de prazer, porém, mais importante, uma disposição do
coração. Em particular, é uma aquiescência ao ser que resulta de modo
imediato no exercício da boa vontade. Na beleza secundária, há uma
aquiescência ou concordância formal às várias partes que, juntas, constituem a
harmonia; no entanto, na beleza primária, é preciso que haja uma concordância
da mente, vontade e sentimentos, igualmente.
Para Edwards, a beleza expressa-se melhor nas relações espirituais
criativas de aquiescência do que nas relações materiais de proporção criadas.
Desse modo, a beleza é menos uma questão de sensação do que de relação –
uma relação ética, para ser preciso. O que é essencialmente belo é
benevolente: a “aquiescência cordial ou sincera do ser ao ser” . O exemplo
paradigmático dessa benevolência é a generosidade amável de Deus. A beleza
primária fundamenta-se, em última análise, na “concordância” da Trindade, na
aquiescência amorosa de Deus para consigo mesmo: “Aquele que percebe a
beleza da santidade... percebe aquilo que há de maior e mais importante no
mundo” .

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VANHOOZER - ESTÉTICA URS VON BALTHASAR

Vanhoozer tratando sucintamente da teologia estética de Hans Urs von


Balthasar

Os cinco volumes de The Glory of the Lord: A Theological Aesthetics [A


Glória do Senhor: Uma Estética Teológica], de Balthasar, é a primeira de uma
trilogia teológica que realiza um retorno nítido à ordem tradicional do bom, do
verdadeiro e do belo. Balthasar começa com o belo a fim de recuperar o
sentido de integridade das coisas e da grandeza de Deus que os modernos e
pós-modernos perderam.

A estética teológica de Balthasar analisa a percepção humana da


revelação divina. Deus se revelou não num conceito, mas em Cristo, a forma
humana e histórica da glória. A Encarnação é “a maior obra de arte de Deus”, a
“forma luminosa” do Deus transcendente. A Encarnação não anula a
experiência estética, mas eleva-a ao permitir que realidades terrenas – neste
caso, a carne humana – contenham algo infinitamente maior do que elas
mesmas.
Jesus é a própria forma (Gestalt) do amor trinitariano. Pois a glória de Deus é
manifesta acima de tudo no autoesvaziamento de Jesus. Sua humilhação é, ao
mesmo tempo, sua glorificação, como o Quarto Evangelho indica quando trata
de ele ter sido “levantado” na cruz (João 12.32). Quando essa Gestalt cativa
aqueles que a veem, eles passam a ser atraídos para fora de si mesmos e em
direção a ela. “A resposta moral inevitavelmente provocada pelo belo envolve o
eu num processo de transformação no qual ele se refaz segundo a semelhança
da forma bela que lhe inspira”

O papel do Espírito é capacitar os cristãos a discernirem a glória de


Deus na forma do Filho, e a imprimir essa forma sobre nós. Uma estética
teológica envolve, pois, tanto “uma teoria sobre a encarnação da glória de
Deus quanto a consequente elevação do homem para participar nessa glória”.
A santificação está, portanto, relacionada ao "embelezamento”. Há uma
demanda ética implícita nos encontros genuínos com a beleza: Deus manifesta

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a si mesmo às pessoas a fim de comissioná-las. No lúgubre pleno inverno da
sociedade ocidental contemporânea, a percepção da forma esplêndida de
Cristo é um chamamento divino para reimaginar, e assim transformar, nossas
vidas.

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