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Começamos este texto

por lhe deixar uma curiosidade. Sabia que o tempo de atenção da maioria das
crianças/adolescentes corresponde à sua idade, em minutos. Ou seja, uma
criança do 3º ano consegue concentrar-se cerca de 8 minutos sem perder o
interesse. Por isso, o papel do professor passa por assegurar que existem várias
“quebras cerebrais” ao longo da aula, de forma a dar à criança a oportunidade
de voltar a focar a atenção.

Caro professor, prepare-se, pois as estratégias que lhe apresentamos podem


parecer que lhe darão (ainda) mais trabalho, mas se for persistente na sua
utilização verá que a curto-prazo terá resultados e lhe permitirão tirar mais gozo
das suas aulas.

1. Não seja aborrecido – Lembra-se de quando era aluno? De que aulas


gostava mais? E menos? Não repita modelos de que não gostou. As
rotinas são necessárias e importantes, mas não têm de ser aborrecidas.
2. Faça votações – Ative o cérebro dos seus alunos com pequenas
votações. Escolha três objetivos que tem para uma determinada aula e
peça aos alunos que votem sobre qual deles consideram mais importante.
Os três objetivos são necessários e não existe uma resposta errada. Os
alunos tendem a ver se outros colegas pensam como eles, e esta pequena
atividade cria a curiosidade entre eles sobre o que cada um pensa.
3. Estabeleça objetivos – Determine objetivos diários que sejam
alcançáveis e mensuráveis. Fixar metas deve ser algo regular e visível
no seu método. Mas é muito importante despender tempo para que os
alunos revejam os objetivos que devem alcançar até ao fim da aula.
Esta oportunidade de reflexão ajudá-los-á a ver e a valorizar o que
alcançaram durante o dia e a pensar no que ficaram aquém de alcançar.
4. Faça grupos – Faça frequentemente grupos para que os alunos
possam partilhar uns com os outros, terem ideias e colaborarem. Mas
estabeleça tempos concretos para essas atividades. Use tempos
bizarros (ex. 13 minutos), pois isso levará os alunos a perceberem que
está mesmo a contabilizar o tempo e que eles terão de o cumprir. Tal
estratégia promove o foco na tarefa.
5. “Chuva de ideias” rápida – Lance questões e peça aos alunos para
fazerem uma “chuva de ideias” rápida no papel com o máximo de
respostas que conseguirem. Depois faça uma “pesquisa saltitante”, em
que os alunos se levantam quando quiserem e partilham uma das suas
ideias. Esta estratégia ajuda os alunos mais retraídos, pois há uma
primeira fase para eles pensarem nas suas respostas. Além disso,
estimula a escuta ativa da opinião dos colegas.
6. Simplifique – Estruture as aulas em formatos semelhantes, mas
execute-as de formas diferentes em cada dia. Primeiro desperte a
curiosidade nos alunos, depois deixe-os explorar o conteúdo de forma
a irem aprofundando e, finalmente, ajude os alunos a integrar esse
novo conhecimento nos conhecimentos que já adquiriam. Algumas
questões que lhes pode fazer são: “Que parte da aula consideraram
melhor?” “Que parte foi mais difícil para vocês?”, “Porque consideram
que foi difícil?”, “O que é que acham que podem fazer hoje para vos
ajudar a ficarem mais focados?”.
Se não der aos seus alunos tempo para refletir, para se focarem e para “marinar”
a informação, eles irão “despejar” o que lhes aparece à frente sem sequer pensar,
e o que se sabe é que a reflexão e o treino do que aprenderam é essencial para
que a informação passe da memória de trabalho para a memória a longo prazo.

7. Divida a informação – Por vezes há a tendência de dar uma aula inteira


sem deixar os alunos fazer qualquer discussão, mas como vimos no início isso
não facilita em termos de foco da atenção. De facto, os alunos acabam por
desistir se ficarem sobrecarregados de informação, e a divisão da informação
permite fazer uma pausa e levar os alunos a pensar sobre o que aprenderam.
8. Acessórios – Crie uma caixa com acessórios para ter nas suas aulas.
Quando for a vez de um aluno falar, entregue-lhe um desses
acessórios, dessa forma ele terá algo em que se focar enquanto fala.
Embora pareça contraditório, a verdade é que isto funciona
particularmente bem com crianças/adolescentes com dificuldades de
atenção.
9. Post-its de discussão – Os post-its de discussão são uma boa forma
de manter todos os alunos envolvidos sem deixar ninguém
desconfortável e consiste no seguinte: faça uma questão aberta, de
seguida peça aos alunos para escreverem em post-its as suas respostas
(alunos com NEE poderão escrever só uma palavra ou desenhar).
Depois coloque os alunos a partilhar em pares. Coloque todas as
respostas no quadro e reforce as ideias repetidas.
10. Faça “bolas de neve” – Esta é uma forma de sintetizar a matéria no
final da aula. Os alunos escrevem respostas a um determinado
conteúdo num pedaço de papel e depois fazem uma bola com o papel.
Enquanto contam até 3 atiram as suas “bolas de neve” ao ar (não para
ninguém em particular). Então cada um apanha uma “bola de neve”
que tenha caído perto de si, e partilha o seu conteúdo. Pode pedir-lhes
para escreverem três novas palavras que aprenderam, 3 coisas que
aprenderam… Os alunos sentem-se à vontade para fazer esta atividade
porque é anónima e também permite analisarem outras formas de
pensamento diferentes da sua.
11. Adivinhas – Quando tiver que abordar assuntos que antevê serem
mais aborrecidos, desperte nos alunos a necessidade de conhecimento
fazendo-os prever as respostas às questões. É mais provável que os
alunos invistam nas respostas quando elas são reveladas depois de eles
terem tido a oportunidade de debater e prever.
Esta estratégia leva os alunos a manipular e a pensar sobre a informação, por
eles próprios. Se quer que seja o cérebro dos alunos a desenvolver-se e não o
seu, não pode ser apenas o professor a manipular o material, conduza os alunos
a pensar, falar, escrever, construir, ouvir e, mais importante ainda, fazer algo
com os conteúdos.

12. “Vou-te ensinar” – Esta é uma outra estratégia que ajudará os alunos a
fazerem uma pausa, a verificarem o que aprenderam e a ensinar ao outro.
Coloque os alunos em pares e cada um deles deverá ensinar ao outro a coisa
mais importante que aprendeu na aula. Cada um se irá lembrar de coisas
diferentes e quando existe sobreposição isso irá ajudar a reforçar os conteúdos.
13. Empatize – Tenha na sua mente a perspetiva dos alunos e escute
quando eles lhe explicam o que precisam para aprenderem.
Terminamos este texto deixando-lhe um pequeno acrónimo em inglês, como
professor tenha sempre HOPE (Have Only Positive Expectations).

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