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17-33 Revista Transformações em Psicologia Vol 3, Nº 5 - 2010

Abordagens em Psicologia Social e seu Ensino


Marcelo Gustavo Aguilar Calegare1

O objetivo deste artigo é dar subsídios aos estudantes de graduação e pós-graduação a respeito das distintas
abordagens em Psicologia Social e apontar algumas críticas ao seu ensino. Para tanto, localizaremos a
disciplina dentro do contexto do destacamento das ciências sociais das naturais no fim do século XIX. Em
seguida, faremos uma didática apresentação das abordagens mais salientes na disciplina, mostrando quando
surgiram e país de origem, a “crise” na Psicologia Social nos anos 1960, para então dissertar a respeito das
linhas mais contemporâneas, incluindo aquelas utilizadas na América Latina e Brasil. Por fim, concluímos
apontando alguns questionamentos do ensino da disciplina dentro dos cursos de Psicologia no Brasil.

Palavras-Chave: Psicologia Social, Ensino, Graduação.

The aim of this paper is to provide basis to undergraduate and postgraduate students about the different
approaches in Social Psychology and point out some criticism of its teaching. To reach this goal, we locate
the discipline within the context of the detachment of social from natural science in the end of XIX century.
After that, we make a didactic presentation of the most prominent approaches in the discipline, showing
when they emerged and their origins, the “crisis” of Social Psychology in the 1960s and discuss about the
more contemporary approaches, including those used in Latin America and Brazil. Finally, we conclude
pointing out some questions of its teaching within the Brazilian Psychologies' courses.

Key-Words: Social Psychology, Teaching, under graduation.

O ensino de Psicologia Social, nos cursos bem-estar, igualdade e justiça social em


de graduação em Psicologia de todo país, diferentes níveis: individual, familiar, grupal,
nem sempre segue uma mesma diretriz. Ao comunitário, institucional e até mesmo
compartilharmos opiniões com estudantes de nacional ou internacional.
diferentes universidades, seja em eventos
científicos ou de cunho político, deparamo- O aspecto comum a essas calorosas
nos com um mosaico de teorias e de práticas discussões estudantis parece ser o cunho
inspiradas na Psicologia Social. Muitas prioritariamente social da futura prática
vezes, encontrar pontos em comum entre as profissional, mais do que um ponto de vista
distintas abordagens torna-se um trabalho teórico específico. Em outras palavras, o
intelectual árduo, digno de fervorosas horas desejo de atuação com compromisso social
de discussões político-acadêmicas – regado leva à busca de teorias e métodos de
pelo mais alto grau de comprometimento intervenção social, muitas vezes esperados
afetivo com a transformação social em nossa no ensino de disciplinas de Psicologia Social.
pátria. Destrinchando essa inquietação dos
estudantes, percebemos que o “social” da
Ávidos por transformar a realidade, muitos Psicologia é o que parece definir a Psicologia
estudantes esperam de seus mestres uma Social, e não o status como disciplina
atitude crítica em relação à sociedade. científica e como campo profissional desta
Querem mudá-la para melhor, trazendo o última.

1
Possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (2002), mestrado (2005) e doutorado (2010) em Psicologia Social pelo
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

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Diante desse panorama, encontramos um ou graduar-se em Psicologia com ênfase em


lapso na formação em Psicologia Social Psicologia Social, dependendo da
dentro dos cursos de graduação em universidade cursada. Na Argentina, existem
Psicologia no Brasil. Como argumenta cursos superiores específicos de Psicologia
Stralen (2005), a maioria dos cursos de Social. Também há casos de graduação
Psicologia está marcada por uma estrutura específica em Psicologia Social em países
curricular tradicional, em que a “Psicologia europeus. Por que, então, no Brasil ensina-se
Social aparece apenas como uma disciplina Psicologia Social como uma das vertentes em
básica que permite compreender os aspectos Psicologia? Essa é uma pergunta que remete
sociais do comportamento psicológico” (p. à criação dos cursos de Psicologia no Brasil e
94). Isso significa que o lapso contido na à regulamentação da profissão de psicólogo,
formação é o de que se ensina Psicologia como lembra Krüger (1986), mas que ainda
Social como uma abordagem em Psicologia, merece maior aprofundamento por parte dos
ao invés de considerá-las como disciplinas pesquisadores. Por outro lado, remete-nos
que possuem interfaces entre si. também a outro debate de cunho teórico:
examinarmos quais foram as distintas
Como explicam Ávaro e Garrido (2006, p. influências das diferentes abordagens da
06), tende-se a confundir abordagens sociais Psicologia, ainda em emergência, decisivas
em Psicologia com a disciplina científica na constituição dos também distintos vieses
Psicologia Social pela sua própria rotulação. teóricos da Psicologia Social, com lembra
Stralen (2005, p. 94) complementa que, no Rey (2004).
Brasil, tal confusão ocorre também: a) pela
formação de psicólogos sociais dar-se em Segundo escrevem Stralen (2005, p. 93) e
cursos de graduação em Psicologia; b) pela Álvaro e Garrido (2006), a Psicologia Social
diminuição cada vez maior do número de é uma disciplina que se constitui no espaço
disciplinas de Psicologia Social em cursos de de interseção entre a Psicologia e Sociologia.
ciências humanas e ciências sociais Rose (2008) e Mailhiot (1976) entendem que
aplicadas; c) pela ação do Conselho Federal a Psicologia Social pode ser considerada uma
de Psicologia (CFP), que regulamenta disciplina de ciências sociais. Por outro lado,
supervisão de estágio supervisionada por Krüger (1986, p. 08) argumenta que situá-la
psicólogos inscritos nos Conselhos de entre as ciências humanas e sociais esbarra
Psicologia, o que dificulta a contratação na dificuldade de estabelecerem-se limites
universitária de psicólogos sociais não rigorosos entre tais ciências. Nessa linha,
graduados como psicólogos. Rodrigues (1978) expõe aspectos comuns
entre a Psicologia Social e a Sociologia,
Segundo defendemos neste artigo, Antropologia Cultural, Filosofia Social e
compartilhamos com as posturas teóricas de outros setores da Psicologia, descrevendo
Ávaro e Garrido (2006), Corga (1998), Farr que cada disciplina possui objeto formal
(1998), Mailhiot (1976) e Stralen (2005) de distinto de estudo, que delimita o campo de
que a Psicologia Social é uma disciplina cada uma delas, mas que por se tratar de
diferente da Psicologia, apesar das estreitas áreas afins, possuem interseção bastante
ligações que resguarda com esta, como nítida em seu objeto material. Um exemplo
veremos mais adiante. Ao longo do texto dado por Rodrigues é o da delinquência
traremos argumentos que reforçam este nosso juvenil: este objeto material pode ser
ponto de vista, parcial e refutável como estudado segundo distintas abordagens
qualquer outro viés científico. disciplinares, variando a ênfase, a unidade de
análise e os métodos empregados, mas “a
Nos EUA, é possível graduar-se em diferença é, para todos os efeitos práticos,
Sociologia com ênfase em Psicologia Social, inexistente” (Rodrigues, 1978, p. 09-10).

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Essa dificuldade de inscrição da Psicologia alguns questionamentos do ensino da


Social dentro das ciências humanas e/ou disciplina dentro dos cursos de Psicologia.
sociais se dá, em grande parte, por conta do
momento em que surgiram não apenas ela, 2. Ciências naturais, ciências sociais e a
mas também a Psicologia, Sociologia e Psicologia Social
Antropologia. Trata-se do contexto do
destacamento das ciências sociais das A ciência moderna surge a partir do século
ciências naturais no final do século XIX, em XVII, embora seu embrião encontre-se no
que antigos temas de especulação passaram a século precedente (Ludwing, 2009). De
ser estudados segundo o paradigma científico modo geral, o pensamento moderno
moderno: teoria, levantamento de hipóteses, plasmou-se como consequência do declínio
teste empírico das hipóteses levantadas, da cultura medieval e consolidou-se pela
análise dos dados colhidos, confirmação ou necessidade de separação entre teologia,
rejeição das hipóteses, generalização. Por filosofia e as nascentes áreas da ciência.
outro lado, nos primórdios da Psicologia Reforçado pelo Iluminismo e pela Revolução
Social moderna, nos Estados Unidos do final Francesa, um de seus aspectos centrais era o
do século XIX e começo do século XX, os destaque concedido à razão como
primeiros pesquisadores dessa área instrumento de obtenção do saber e, para tal,
encontraram respaldo em centros tanto de se aceitava “somente as verdades resultantes
Psicologia quanto de Sociologia (Farr, 1998). da investigação da razão através de
Isso resultou em origens plurais da disciplina, procedimentos demonstrativos” (Ludwing,
em disputas pelo seu status como ciência 2009, p.14). Nesse ponto é que o método
social ou ciência humana e até mesmo em científico ganha centralidade na produção do
sua negação como área de investigação conhecimento. Sua construção ocorreu,
autônoma. primeiramente, na área das ciências da
natureza e teve em Galileu Galilei (1564-
Diante de tais questões, este artigo visa 1642) e Francis Bacon (1561-1626) os
localizar a emergência da Psicologia Social fundadores do método experimental:
em suas diferentes abordagens, observação de fatos, proposição de hipótese e
contextualizando-a dentro dos paradigmas verificação por meio de experiências
das ciências sociais e sua posterior evolução, controladas. O reforço desse tipo de método
com o objetivo de dar subsídios aos veio no século XIX, com a emergência do
estudantes de graduação e pós-graduação a Positivismo, com seu rigor e acento na
respeito das distintas vertentes que a universalidade e objetividade científica.
disciplina oferece atualmente. Para tanto,
faremos uma breve recapitulação do Graças ao método experimental, as ciências
destacamento das ciências sociais das naturais puderam evoluir de maneira
naturais no final do século XIX, localizando consistente, consolidando disciplinas como a
a Psicologia Social dentro desse cenário. Em Química, Física e Biologia. Vale lembrar:
seguida, faremos uma didática apresentação como campo de estudos e especulação, os
das vertentes mais proeminentes na temas envolvendo essas disciplinas modernas
disciplina, mostrando período e país de são antigos, mas a maneira como se
origem, e abordaremos a “crise” na constituíram nesse novo contexto está
Psicologia Social nos anos 1960. Então marcada pelos modelos da ciência moderna.
dissertaremos a respeito das linhas As ciências sociais passaram a se
contemporâneas – incluindo aquelas desenvolver graças a métodos próprios, a
utilizadas na América Latina e Brasil, dando partir do final do séc. XIX, apesar de
maior destaque à Psicologia Social haverem iniciado usando os métodos das
comunitária. Por fim, concluímos apontando ciências naturais. Dentre os novos métodos,

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Ludwing (2009, p.17-20) enuncia: dialético, Segundo Krüger (1986, p. 10), “o início das
fenomenológico, estrutural e funcionalista. especulações, interpretações e doutrinas a
Lembramos que, para o autor, as ciências respeito do Homem e do seu comportamento
sociais e humanas são colocadas juntas na social remonte a filósofos das civilizações
diferenciação das ciências naturais. clássicas, helênicas e romana, que alimentam
as raízes da cultura ocidental até hoje”. Nesse
Álvaro e Garrido (2006) localizam a sentido, o autor menciona que se encontra já
Psicologia Social nesse contexto mais amplo em Platão (428-347 a. C.) e Aristóteles (384-
da diferenciação das ciências sociais. E 322 a. C.) as bases filosóficas que constituem
relembram dois aspectos importantes, que a pré-história da Psicologia Social. Para
destacamos no trecho abaixo: Mailhiot (1976, p. 17-18), encontramos os
primórdios da Psicologia Social nas obras de
Desde seu surgimento, no pensamento
Auguste Comte (1793-1857).
social europeu do século XIX, a Psicologia
Social se definia como uma disciplina
No entanto, se levarmos em consideração a
plural. A pluralidade, tanto de enfoques
teóricos como de objetos de estudo,
Psicologia Social do ponto de vista da
continuou caracterizando a Psicologia implementação de métodos, técnicas de
Social à medida que ocorria sua pesquisa e construção conceitual (Krüger,
diferenciação e sua consolidação definitiva 1986, p. 11), remontaremos às obras
como disciplina científica independente, o publicadas por Small e Vincent em 1894
que aconteceu simultaneamente na (num manual de sociologia), Gustave Le Bon
Psicologia e na Sociologia (Álvaro & em 1895, Gabriel Trade em 1898, o início do
Garrido, 2006, p. 40). curso de Psicologia Social ministrado por
George H. Mead em 1900, a obra de Charles
O primeiro destaque refere-se ao fato de Ellwood em 1901 e, por fim, Felix Le Dantec
que a diversidade nas formas de entender os em 1911. No entanto, como lembram Álvaro
fenômenos psicossociais foi fundante de cada e Garrido (2006, p. 40), credita-se o início da
uma dessas três disciplinas, marcando Psicologia Social como ciência independente
campos de estudo, métodos, profissão e com as obras de William McDougall e de
nicho de atuação. Portanto, a delimitação Edward A. Ross, ambas em 1908 e contendo
disciplinar ocorreu tanto como tentativa de no título “Psicologia Social”.
demarcação dos domínios para cada tipo de
cientista, quanto pela necessária Para Farr (1998), as raízes da Psicologia
fragmentação, à mentalidade da época, para Social moderna são encontradas nas obras
desenvolvimento de campos do saber. Em desses e outros autores, na interface com a
nosso ponto de vista, o que marcou as Psicologia e a Sociologia – o que resultou em
distinções disciplinares estava mais ligado enfoques de Psicologia Social psicológica e
aos cientistas do que à ciência em si, pois as de Psicologia Social sociológica. Colocado
barreiras entre Psicologia, Sociologia e por outro ângulo, a pluralidade da Psicologia
Psicologia Social eram tênues e havia muitas Social esteve estreitamente ligada à
intersecções entre elas. utilização de métodos de investigação. Do
lado da Psicologia Social psicológica,
O segundo destaque é o da pluralidade na predominou a experimentação em laboratório
constituição da Psicologia Social, o que e a compreensão de ciência segundo
significa origens múltiplas, e não apenas pela objetivismo e universalidade, inerentes à
obra de um ou outro autor. Para Rodrigues visão positivista. Do lado da Psicologia
(1978, p. 39), os manuais de Psicologia Social sociológica, a busca por novas
Social diferem consideravelmente a respeito metodologias resultou no desenvolvimento
das origens modernas dessa disciplina. de pesquisas aplicadas e métodos

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qualitativos, não obstante estes tenham cada abordagem. Quais as linhas teóricas
coexistido com estudos de caráter decorrentes desses momentos iniciais e os
quantitativo. seguintes desdobramentos, especialmente na
América Latina, isso é o que veremos a
Isso significa que o desenvolvimento das seguir.
vertentes em Psicologia Social também
ocorreu sob o crivo das discussões a respeito 3. As principais “tradições” da Psicologia
da objetividade/subjetividade, pesquisa Social
quantitativa/qualitativa,
experimentalismo/pesquisa aplicada, A partir dessa diversidade na disciplina,
inerentes aos debates que permeavam o Corga (1998) circunscreve agrupamentos
destacamento das ciências sociais das segundo quatro principais "tradições" da
naturais. As respostas a essas questões Psicologia Social, que a autora compreende
vieram marcar as diferenças nos fundamentos
como um conjunto dos fundamentos,
epistemológicos e estatuto ontológico de
convicções e expressões que compõe e
cada uma das linhas teóricas da disciplina – e dinamiza uma cultura. Esse conjunto é
ainda causa inquietação e dissenso entre reconhecido por uma comunidade, tal qual
profissionais, docentes e estudantes nos suas marcas, como as características
trabalhos de investigação e intervenção. pertencentes a este grupo, e que, portanto,
o diferencia dos demais (Corga, 1998, p.
Para Corga (1998), a Psicologia Social é 70).
uma disciplina que tenta entender o Homem
em seu contexto social, mas entre suas A autora complementa que é por meio de
diferentes abordagens parece ter em acordo congressos, sociedades científicas, revistas,
apenas o nome. Sua pluralidade (que gera centros de pós-graduação e handbooks que
tensões e divisões) deve ser observada tais tradições são cultivadas. Em outras
segundo dois tipos de diversidade: palavras, pela maneira como os paradigmas
científicos são compartilhados, que Kuhn
1) Diversidade Gestáltica. A diversidade (2006) entende como “o conjunto de regras,
vista a partir da totalidade da Psicologia padrões, modelos e valores compartilhados
Social enquanto disciplina, cujas tensões de por um determinado grupo de praticantes da
divisão aparecem: pelos estudos centrados ciência que legitimam um campo de
nas inter-relações sociais a partir do ponto de pesquisa” (p. 30). Como já afirmamos
vista do indivíduo; e por aqueles centrados anteriormente, é pelo trabalho dos cientistas
nos aspectos sociológicos das relações que os paradigmas científicos são validados –
sociais entre indivíduos. e não pela ciência em si, como algo
independente das pessoas que a praticam.
2) Diversidade Analítica. Fruto desta
primeira, a diversidade tratada Para Corga (1998, p.75-183), existem
analiticamente, em seus fundamentos quatro principais “tradições” em Psicologia
científicos, com delimitações de: objeto de Social, que se sobressaíram não apenas nas
estudo, método, conceitos, teorias, etc. origens da disciplina, mas que até hoje têm
fortes influências tanto no ensino quanto nas
Em suma, podemos perceber que a pesquisas. São elas:
pluralidade na Psicologia Social deve-se
tanto à ênfase em pontos de vista focados A) a tradição sociológica americana do
seja nos indivíduos ou nos aspectos mais interacionismo simbólico, iniciada por
sociológicos das relações, quanto nos George Herbert Mead (1934/1962) nos EUA,
fundamentos científicos que configuraram entre 1900 e 1931, e desenvolvido por seus

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discípulos, entre eles, Blumer (1969), que Moreno no trabalho de psicoterapia de grupo;
alcunha o termo “interacionismo simbólico”. 5) as contribuições de Sherif (1948, 1962),
Posteriormente, dentro desta tradição, Sarbin que em 1936 publica “A psicologia das
(1968) desenvolve a teoria do papel e Stryker normas sociais”, na qual aponta como os
a teoria da identidade (Styker & Burke, sujeitos se aproximam no grupo para criar
2000). As teorizações de Mead continuam normas para situações ainda não estruturadas.
influenciando teóricos contemporâneos, Posteriormente, na década de 1960, com o
como por exemplo Habermas (1990), que prosseguimento das pesquisas, elabora um
afirma que “a única tentativa promissora de modelo explicativo das relações intergrupais
apreender conceitualmente o conteúdo pleno para a questão do conflito e cooperação
do significado da individualização social intergrupo. 6) as contribuições de Lewin, que
encontra-se na Psicologia Social de G. H. mesmo considerado como consolidador da
Mead” (p. 185). Psicologia Social experimental, tem em sua
obra importante marco para as pesquisas
B) a tradição do experimentalismo nesta “tradição”. Além do Centro de
psicológico (Psicologia Social experimental), Pesquisas em Dinâmica de Grupo, Lewin
ocorrida nos EUA também no início do também funda um outro centro, nomeado
século XX, com seu desenvolvimento e “comissão para inter-relações comunitárias”,
transformações por meio das influências do no qual guiou estudos sobre as raízes do anti-
Behaviorismo (Allport, 1924), semitismo, práticas de socialização para a
Neobehaviorismo (Hull, 1952; Skinner, conscientização coletiva da discriminação
1938), Gestalt (Lewin, 1951, 19702; Asch, social e sobre o preconceito de forma global.
1952/1977), e Psicologia Cognitiva. A 7) os trabalhos de Festinger (1957/1975,
Psicologia Social ganhou visibilidade 1974; Festinger et al., 1950/1963), com sua
principalmente pelos autores provenientes teoria de “comparação social” e “dissonância
desta tradição. Farr (1998) aponta Asch como cognitiva”; a “teoria do intercâmbio social”,
um dos precursores da Psicologia Social de Thibaut e Kelley (1959/1967); as
cognitiva, nos EUA. No entanto, por ter boa pesquisas sobre a “Personalidade
parte de suas idéias inspiradas na Gestalt, Autoritária”, de Adorno et al. (1950/1965);
Corga (1998) o localiza ainda sob as os trabalhos do sociólogo Homans (1951),
influências desta última, e não da Psicologia com a teoria do intercâmbio e a proposta de
Cognitiva. uma análise sociológica alternativa ao
funcionalismo; e as contribuições de Asch
C) a tradição dos “estudos de grupos nas investigações sobre as minorias.
sociais”. Corga localiza vários autores que
contribuem para a edificação desta tradição, Os estudos a respeito de grupos sociais
nos primeiros anos de produção acadêmica diminuíram consideravelmente nos anos
norte-americana: 1) os estudos de Mayo 1960, nos EUA, devido aos contextos sócio-
(1933/1945), com pequenos grupos de político-econômicos. Entretanto, o interesse
trabalhadores da Western Electric Company dos psicólogos sociais a respeito de
em Hawthorne, Chicago, entre 1924 e 1932; processos grupais e intergrupais é retomado
2) os estudos sociológicos da Escola de no final dos anos 1970 (Corga, 1998). Desta
Sociologia de Chicago, nos anos 1930, em vez, com força na Europa, perdurando e
ambientes naturais; 3) alguns trabalhos de F. tendo produção expressiva até hoje. Algumas
H. Allport, sobre “facilitação social” e escolas (grupos universitários) representam
“conformismo”; 4) as inovações de J. L. tal “tradição”, como a Escola de Bristol, com
estudos da compreensão das relações
2
Livro editado por sua mulher, após seu precoce falecimento. intergrupais, seus conflitos e discriminações,
Lewin é o autor que alcunha os termos “dinâmica de grupo” e
“action research” (pesquisa-ação). por meio de conceitos como identidade

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social, categorização social e comparação Como se nota, há “tradições” em Psicologia


social. As figuras proeminentes são seu Social no contexto da Sociologia e aquelas
precursor Tajfel (1972, 1978, 1981) e seu no contexto da Psicologia, como preferem
discípulo Turner (1987), este último com a descrever Álvaro & Garrido (2006), com
teoria da auto-categorização, entre outros teóricos que se influenciam mutuamente e
autores. Além da Escola de Bristol, existe que são, prioritariamente, de origens européia
também a Escola de Genebra e outros grupos e norte-americana. As “tradições” no
de pesquisadores ingleses, americanos, contexto da Sociologia seguiram mais
canadenses e alemães, todos dedicando-se ao inovações metodológicas das abordagens
estudos de grupos sociais. qualitativas, enquanto aquelas no contexto da
Psicologia desenvolveram-se mais segundo
D) a tradição sociológica européia das metodologias quantitativas.
representações sociais, iniciada por Serge
Moscovici (1978), a partir dos anos 1960 na A importância dos norte-americanos para a
França, com a publicação do livro “A Psicologia Social vai além do
representação social da psicanálise”. desenvolvimento teórico-metodológico de
Moscovici se inspira na obra de Émile teorias que tentassem explicar os fenômenos
Durkheim (com seus conceitos de psicossociais (com as ressalvas das
representação individual e coletiva), que diferenças já explicitadas). Para Farr (1998,
critica duramente a Psicologia, mas que p. 28-31), após a Segunda Guerra, muitos
acrescenta: psicólogos sociais norte-americanos, entre
eles Cartwright e Festinger (discípulos de
não temos nenhuma objeção a que se Lewin), ajudaram os europeus com suas
caracterize a Sociologia como um tipo de pesquisas até então isoladas, no apoio
Psicologia, desde que tenhamos o cuidado
logístico necessário para a constituição de
de acrescentar que a Psicologia Social tem
suas próprias leis, que não são as mesmas
sociedades científicas. Entre elas, a
da Psicologia individual (Durkheim, 1898 Associação Européia de Psicólogos Sociais
citado por Farr, 1998, p. 152-3). Experimentais, que fora liderada por
personalidades proeminentes como Tajfel e
Nessa esteira é que Moscovici vai Moscovici. Segundo Farr (1998), Cartwright
constituindo sua obra, diferenciando-se de chega a influenciar até mesmo no apoio ao
Durkheim, na qual pretende analisar os estabelecimento da Psicologia Social no
processos através dos quais os indivíduos e Japão.
os grupos em interação constroem uma
“teoria” sobre um objeto social, a qual Por outro lado, Lane (1981, p. 76-7)
norteará e orientará seus comportamentos, descreve que a produção da Psicologia Social
tomando como ponto de partida as (prioritariamente experimental, norte-
representações sociais da Psicanálise na americana e de viés pragmático), desde seu
França (Corga, 1998, p. 95). Álvaro e florescimento até os anos 1960, tinha seu
Garrido (2006) localizam as contribuições de foco de pesquisas centrado nos estudos dos
Moscovici dentro do contexto da Psicologia, fenômenos de liderança, opinião pública,
por se tratar de um psicólogo, não obstante propaganda, preconceito, mudanças de
tenha se inspirado em idéias de Durkheim. atitudes, comunicação, relações raciais,
As teorizações de Moscovici possuem conflitos de valores, relações grupais, etc.
discordâncias da Psicologia Social cognitiva Em suma, todos estudos e experimentos que
tradicional, com o enfoque individualista procuravam procedimentos e técnicas de
para leituras dos processos cognitivos e, por intervenção nas relações sociais, que se
isso, Corga (1998) o insere dentro da tradição traduziam em fórmulas de ajustamento e
sociológica de Psicologia Social. adequação de comportamentos individuais ao

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contexto social. A crítica a esse tipo de sendo produzidas e que, na América Latina,
produção foi um dos motivos da chamada mais um fator veio contribuir para reforçar os
“crise” da Psicologia Social, que teve questionamentos sobre teorias e
repercussão direta nas produções latino- metodologias: o caráter político da Psicologia
americanas, como veremos a seguir. Social e da atuação dos psicólogos diante das
ditaduras militares.
4. A “crise” da Psicologia Social:
abordagens latino-americanas Esse movimento de crítica atinge
diretamente a (re)produção latino-americana.
No final da década de 1960, críticas vindas Em 1973, no XIV Congresso da Sociedade
principalmente da Europa começam a colocar Interamericana de Psicologia (SIP), realizado
a Psicologia Social tal como praticada em em São Paulo, questionou-se a produção da
solo norte-americano em xeque. No mesmo Psicologia (como ciência) ter leis universais
período, um movimento de autocrítica para o comportamento humano, uma vez que
também chega aos psicólogos sociais norte- este muda em função das diferenças
americanos e aos seguidores latino- históricas, culturais e sociais de cada
americanos, que se inspiravam nessas momento (Maluf, 2004). No congresso de
teorizações. Este momento foi denominado 1976 (Miami, EUA), foram explicitadas as
de “crise da Psicologia Social”. Os críticas aos modelos teórico-metodológicos,
questionamentos vieram de vários lados e os mas sem propostas de superação. No
artigos e livros produzidos nessa linha congresso seguinte, em 1979 (Lima, Peru),
psicólogos dos diferentes países latino-
refletiam criticamente a Psicologia
americanos passam a reconhecer que suas
Social, como os de Bruno, Poitou, Pêcheux
e outros publicados na Nouvelle Critique
produções deveriam estar voltadas para as
sob o título “Psicologia Social: uma utopia condições próprias de cada um de seus
em crise”, assim como o prefácio de países. O encontro de brasileiros nesse
Moscovici numa obra organizada por ele congresso gerou a força necessária à criação
com o título Introduction de la psychologie da Associação Brasileira de Psicologia Social
sociale. Por outro lado, Merani na (ABRAPSO), segundo Lane (1981). O
Venezuela, Sève na França, Israel e Tajfel impulso definitivo da criação da ABRAPSO
na Inglaterra contribuíram para uma veio em Novembro de 1979, por meio do I
reflexão mais profunda, assim como a Encontro de Psicologia Social, sediado em
releitura de Politzer, George Mead e São Paulo, com o tema “Psicologia Social e
Vigotski trouxeram novas perspectivas de
Problemas Urbanos”, e sua fundação oficial
estudo (Lane, 2006, p. 68-9).
veio em Julho de 1980, no Rio de Janeiro,
Corga (1998, p. 152-154) aponta que tais durante a 32ª Reunião Anual da Sociedade
críticas tinham como foco principal o Brasileira para o Progresso da Ciência
questionamento do laboratório como (SBPC) (Abrapso, 2009).
ambiente de produção científica,
Nesse contexto de questionamento teórico,
complementando que passou-se a
metodológico e político, nasce a Psicologia
problematizar os avanços dos experimentos
Social comunitária, ou simplesmente
em laboratório em detrimento da relevância
Psicologia Comunitária. Segundo Andery
do que se estava produzindo para o
(1984, p. 204), o termo aparece primeiro na
enfrentamento de problemas sociais. Lane
Inglaterra e depois nos EUA, enquanto
(1981, p. 78-80; 2006, p.67-8) descreve que
Psicologia “na” comunidade. Entretanto,
as críticas dirigiam-se principalmente ao
Montero (2004a) precisa que a origem dessa
caráter ideológico e mantenedor das relações
vertente prático-teórica ocorreu tanto na
sociais das teorias e técnicas que vinham
América Latina quanto nos EUA, como

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tentativas de re-direcionamentos da modelos construídos dentro dessa abordagem


Psicologia Social para o enfrentamento de são tratados em seis frentes: prático-teórico,
sua “crise”. ontológico, epistemológico, metodológico,
ético e político.
Aprofundando-nos neste ponto, Montero
(2004a) argumenta que entre os anos 1960 e Em linhas gerais, pode-se afirmar que a
1970, a emergência da Psicologia Social Psicologia Social comunitária é um ramo da
comunitária ocorreu: a) a partir das Psicologia Social que aborda as comunidades
discordâncias da Psicologia Social e que é realizada com as mesmas. Ou, nas
psicológica norte-americana e o caráter palavras de Montero (2004a),
estritamente subjetivista e experimental com
que vinha sendo produzida até então. b) Pelo o ramo da psicologia [social] cujo objeto
impulso de outras disciplinas das ciências é o estudo dos fatores psicossociais que
permitem desenvolver, fomentar e manter
sociais que tinham leituras macro-sociais
o controle e poder que os indivíduos
voltadas à comunidade. podem exercer sobre seu ambiente
individual e social para solucionar
Fato importante a ser mencionado, tal problemas que os afetam e lograr
vertente da Psicologia Social surge, na mudanças nesses ambientes e na estrutura
América Latina, em um contexto em que as social (p. 70, tradução nossa).
desigualdades sociais e o momento político
explicitavam uma urgência de trabalhos Segundo Sawaia (1997, p. 86), pode-se
críticos voltados para a realidade de seus dizer que o objetivo dessa práxis psicossocial
povos. Segundo Montero (2004b, p. 42-49), a é de atuar pela legitimação social dos
Psicologia Social comunitária nasce de uma envolvidos, que pressupõe a legitimidade
prática emergente e transformadora de individual na vida pública e na privada, no
psicólogos sociais colocados diante de sentido de buscar firmar o exercício da
situações concretas, apelando para uma autonomia e da criação no espaço coletivo.
pluralidade de fontes teóricas e revisões Ou seja, atua-se pela potencialização das
críticas das mesmas, que os conduziram à ações individuais e coletivas em prol do bem
elaboração de um modelo teórico próprio às comum e da felicidade particular.
realidades latino-americanas. A autora expõe
que o desenvolvimento dessa vertente na Um dos impulsionadores das vertentes
América Latina ocorreu por meio de críticas aos modelos vigentes em Psicologia
primeiras influências, influências mais Social foi Martín-Baró (1998; 1999; 2001),
centrais e por relações interinfluentes, entre com suas contundentes colocações a respeito
três correntes: a Psicologia Social da disciplina e do caráter histórico das
comunitária, ela mesma; a Psicologia da teorias, do caráter ideológico das práticas dos
Libertação (Martín-Baró, 1998); e a psicólogos e do ético-político a ser adotado
Psicologia Social crítica (Lima, 2010). na atuação transformadora. Como exposto
por Blanco (1998), Martín-Baró propõe a
Diante desse campo emergente, Freitas atuação do psicólogo por meio do
(1999, p. 50) agrega que o tipo de práxis da compromisso pela emancipação,
Psicologia Social comunitária vem se desideologização e bem-estar, o que
desenvolvendo por duas preocupações configuram a própria libertação. Adotando a
básicas: a) a construção do conhecimento, idéia de conscientização de Paulo Freire,
que configura esse campo. b) Aquela Martín-Baró (2001, p.169-172) afirma ser
comprometida explicitamente com a este o horizonte primordial do fazer dos
transformação da realidade. Nessa linha, psicólogos, trabalhando-se pela desalienação
Montero (2004a, p. 53) argumenta que os da consciência social. Ao falar sobre a

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17-33 Revista Transformações em Psicologia Vol 3, Nº 5 - 2010

consciência, o autor a descreve da seguinte comunitária latino-americana (ou Psicologia


maneira: Comunitária, como preferem denominar
alguns grupos brasileiros) desenvolveu-se em
A consciência não é simplesmente o algumas direções, enquanto a Psicologia
âmbito privado do saber e sentir subjetivo Política veio se desenvolvendo por outros
dos indivíduos, mas sobretudo aquele
caminhos, apesar de haver intersecções
âmbito onde cada pessoa encontra o
impacto reflexo de seu ser e de seu fazer
dentro das perspectivas atuais em ambas,
em sociedade, onde assume e elabora um como lembra Freitas (2001).
saber sobre si mesmo e sobre a realidade
que lhe permite ser alguém, ter uma Do ponto de vista metodológico, a
identidade pessoal e social. A consciência é abordagem da Psicologia Social comunitária
o saber e o não-saber sobre si mesmo, não poderia deixar de ser de cunho
sobre o próprio mundo e sobre os demais, participativo, uma vez que suas posturas
um saber práxico antes que mental, já que rompem com a neutralidade do pesquisador
se inscreve na adequação às realidades em relação aos “objetos” de estudo (as
objetivas de todo comportamento (Martín- pessoas), o que implica a consideração de
Baró, 2001, p.167-8, tradução nossa). uma postura ética e política diferenciada do
pesquisador. Além do rompimento da
Sendo a consciência um objeto de estudos neutralidade, há também a intenção de
privilegiado pela Psicologia (e Psicologia emancipação nas ações que configuram o
Social), como colocado por Martín-Baró, é grau de participação da pesquisa, delineadas
importante que a consideremos como uma em função de acordos firmados junto aos
realidade psicossocial, ou seja, um saber envolvidos na co-construção do
dialético das pessoas sobre si mesmas e sobre conhecimento.
a coletividade. Nesse sentido, o trabalho de
conscientização visa: Como vimos até este momento, após a
“crise” da Psicologia Social, muitos
a) romper com a alienação, constituída em psicólogos passaram a atuar com base em
esquemas fatalistas sustentados teorias mais condizentes com a realidade
ideologicamente, que consideram a maioria latino-americana. Não obstante já exista
popular como indolente, preguiçosa e produção prático-teórica relevante na área,
incapaz de transformar sua realidade; para Corga (1998) essa vertente não é tratada
b) sair da reprodução da relação como “tradição” por ainda não possuir
dominação/submissão; sedimentação paradigmática suficiente, tal
qual aquelas citadas anteriormente. Em suma,
c) recuperação da memória histórica, para temos mais estas duas correntes compondo a
assumir a ligação do passado e presente gama de opções prático-teóricas da
numa perspectiva de futuro que integrem o Psicologia Social:
pertencimento e as lutas políticas no âmbito
pessoal e social. E) a Psicologia Social comunitária (ou
Psicologia Comunitária), que na América
Dentro dessa perspectiva de atuação Latina já apresenta produção teórica
comprometida com a realidade, Montero & relevante e expressiva.
Martín-Baró (1987) entendem que este
campo teórico e metodológico, de processos F) e a Psicologia Política, que também vem
políticos e de formas de intervenção ganhando força no cenário europeu, norte-
psicopolítica são, eminentemente, marcantes americano e latino-americano.
da Psicologia Política – uma outra vertente 5. Outras abordagens em Psicologia
da Psicologia Social. A Psicologia Social

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17-33 Revista Transformações em Psicologia Vol 3, Nº 5 - 2010

Social no Brasil 2004), com contribuições pertinentes às


discussões da Psicologia Social, em especial
Apesar da “crise” na Psicologia Social ter pelo estudo a respeito: da constituição social
conduzido inúmeros psicólogos a explorar da subjetividade; da historicidade como
novas possibilidades técnico-teóricas, em noção básica nos processos de formação do
muitos centros de pesquisa se realizam sujeito; da consciência e atividade como
trabalhos em todas as vertentes citadas categorias centrais para compreender o
acima. Encontramos nos diferentes centros indivíduo/sociedade; da aquisição da
de pós-graduação em Psicologia Social no linguagem, aprendizagem e socialização
Brasil investigações dentro das linhas citadas como fenômenos do âmbito individual/social.
até então. Além delas, é importante
mencionar também outras vertentes, L) O construcionismo social inaugurado
estudadas pelos pesquisadores da Psicologia por K. J. Gergen (1973; 2008), afim às
Social no Brasil: teorizações do interacionismo simbólico e
teoria psicossocial de G. H. Mead, à
G) a Psicologia Social fundada pelo fenomenologia social de Alfred Schütz (que
argentino Enrique Pichon-Rivière (2002, combina a fenomenologia de Husserl e a
2003) e seus discípulos, cujos trabalhos são sociologia de Weber) e aos desdobramentos
mais conhecidos pela contribuição dos dados por Berger e Luckmann (2008), no
grupos operativos, mas cuja produção difundido “A construção social da realidade”.
teórico-metodológica está de longe restrita a Atualmente, o construcionismo social ganha
estes. força, como indicam Ibañez Gracia (2004),
Iñiguez (2004), Mol (2008), Spink e
H) as interfaces entre a Psicologia Social e Menegon (2004).
as leituras da Psicanálise dos fenômenos
sociais e aquelas provenientes da Psicanálise Além, é claro, de muitas outras leituras em
de abordagem grupal e institucional, com Psicologia Social realizadas dentro do
autores advindos da escola argentina, inglesa contexto da Psicologia e Sociologia
e francesa de psicanálise (Castanho, 2005). contemporâneas, não referidas acima e que
recebem o devido valor em seus respectivos
I) a Psicologia Social em sua interface com centros de estudos, manuais e livros da área.
a Psicossociologia, pelas contribuições do Todas as tradições e correntes teriam,
movimento institucionalista paradoxalmente, um mesmo ponto em
(sociopsicanálise, psicoterapia institucional, comum e de litígio: a relação indivíduo-
socioanálise e esquizoanálise) (Machado & sociedade. Segundo Corga (1998, p. 240),
Roedel, 2001), também com autores todas essas abordagens são consideradas
argentinos e franceses, e da qual emerge como pertencentes à grande disciplina
recentemente a Psicologia Social clínica Psicologia Social por tentar estudar o
proposta por Barus-Michel (2004). indivíduo psicológico e a sociedade num
único objeto, deixando de lado tanto a
J) a corrente nomeada como Psicologia
supremacia do psicologismo quanto do
Social crítica (ou Psicologia Crítica), que
sociologismo, por meio de metodologias
adota discussões de autores marxistas,
quantitativas e qualitativas.
neomarxistas e da Escola de Frankfurt (Lane,
1981, 2006; Lima, 2010; Monteiro, 2006). 6. Conclusão
K) as contribuições dos russos A. N. Com esta breve exposição e localização da
Leontiev, L. S. Vygotsky e A. R. Luria, que Psicologia Social, vimos que sua crise
dão base às teorizações da Psicologia Sócio- movimentou a produção de novas abordagens
Histórica (Bock, Gonçalves & Furtado,

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17-33 Revista Transformações em Psicologia Vol 3, Nº 5 - 2010

teóricas, metodológicas e políticas. Isso teve devidamente esclarecidos que contribuíram


repercussão direta sobre a maneira como os fortemente para que a Psicologia Social fosse
psicólogos lidaram com sua formação, firmada junto à Psicologia. Esse é um
produção acadêmica e intervenção na interessante tema a ser investigado e que,
realidade. Neste caminho, passou-se a certamente, receberá o devido mérito na
privilegiar métodos qualitativos em academia por quem o empreender.
detrimentos dos quantitativos, cujas bases se
encontravam sedimentadas na Psicologia Em decorrência dessa história ainda não-
Social criticada. Esse mesmo movimento de contada da introdução das distintas
contestação à ciência realizada por métodos abordagens em Psicologia Social no Brasil
quantitativos também teve sua repercussão, a em seus respectivos centros, atualmente os
partir dos anos 1960, em outras ciências cursos de graduação em Psicologia possuem
humanas e sociais, como descrito por Minayo cadeiras de Psicologia Social, sendo
(2000), num momento em que passam a considerada por muitos como um ramo da
ganhar credibilidade as pesquisas Psicologia. Segundo nosso ponto de vista, tal
qualitativas, como formas legítimas de consideração acontece por: desconhecimento
produção do conhecimento. e por motivações políticas. Espera-se que,
com este artigo, tenhamos deixado claro
Atualmente, continuam as discussões a nosso posicionamento de que se trata de duas
respeito da superação da dicotomia disciplinas distintas, tal como descrevem
qualitativo/quantitativo dentro das ciências também Ávaro e Garrido (2006), Corga
humanas e sociais. Dentro desse movimento, (1998), Farr (1998), Krüger (1986), Mailhiot
já se fala em triangulação de métodos, como (1976) e Stralen (2005), apesar de possuírem
elaborado por Minayo, Assis e Souza (2006), nomes semelhantes, muitos pontos de
em que se cruzam técnicas vindas de ambas intersecção e serem ministradas dentro dos
as perspectivas para poder estudar um objeto mesmos centros. Tratamos, tão somente, de
de vários ângulos e, assim, ter uma visão fazer uma esquemática apresentação das
mais diversificada e completa a respeito de principais abordagens em Psicologia Social,
um determinado fenômeno. Do mesmo sendo necessário aprofundamento em cada
modo, Álvaro & Garrido (2006) apontam que uma delas para desvendar os campos e
um dos desafios da Psicologia Social objetos de estudo, métodos, teorias,
contemporânea é superar tais barreiras e conceitos, pressupostos epistemológicos e
desenvolver pesquisas e intervenções que se ontológicos.
utilizem dessa combinação, pois a adequação
de cada uma das técnicas de pesquisa Defendemos que as cadeiras de Psicologia
empregadas depende da forma com que elas Social deveriam ser ministradas de maneira a
são ajustadas à natureza do objeto de estudo. esclarecer os alunos a respeito de sua
múltipla origem no contexto da diferenciação
Por sua vez, no Brasil, assim como em das ciências sociais das naturais. Clarear,
outros países latino-americanos, a Psicologia também, as influências recebidas no contexto
Social foi abraçada pelos psicólogos por uma da Psicologia e da Sociologia, o que gerou
série de fatores. Os motivos não foram ainda uma pluralidade de abordagens teóricas e
devidamente pesquisados e publicados. metodológicas (Álvaro & Garrido, 2006).
Podemos dizer que, por questões que Localizar o avanço científico de
transcendem o âmbito meramente teórico, a metodologias quantitativas e qualitativas,
Psicologia Social no Brasil foi estabelecida acompanhado também pela evolução das
dentro dos centros, faculdades, abordagens na disciplina. Isso viria a facilitar
departamentos e institutos de Psicologia. a compreensão dos desafios atuais em
Dito de outro modo, existem fatores não Psicologia Social, tanto no que se refere à

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17-33 Revista Transformações em Psicologia Vol 3, Nº 5 - 2010

ampliação teórica decorrente de seu regulamentação no Brasil à atuação do


desenvolvimento acadêmico, quanto de um psicólogo social, restando-lhe “se manter
campo de atuação profissional que exige incluído na categoria profissional
psicólogos capazes de perceber e relativamente mais forte: a psicologia” (p.
transformar, para melhor, a realidade social 95). A nosso entender, esse debate deveria
brasileira. ocorrer inicialmente no âmbito acadêmico,
ao invés de se restringir ao jogo de forças
Como cada cadeira depende do grupo de entre grupos políticos, representados por
professores que a ministra, o que muitas sociedades científicas e pelos Conselhos.
vezes implica privilegiar apenas um ponto de
vista teórico, é importante mostrar quais as O ponto central dessas discussões, segundo
raízes epistemológicas da abordagem nosso ponto de vista, não é lutar por mais
ensinada e as possíveis interfaces intra e uma especificidade profissional, mas ampliar
inter-disciplinares. Igualmente, as pesquisas a visibilidade das produções em Psicologia
norteadas por abordagens da Psicologia Social, tanto no âmbito acadêmico quanto
Social deveriam ser guiadas de modo a das práticas profissionais. Acreditamos que a
esclarecer aos estudantes como elas podem formação sólida em Psicologia Social, dentro
contribuir para futuras práticas profissionais. ou fora das graduações e pós-graduações em
Conectar ensino, pesquisa e extensão na Psicologia, podem acrescentar sustância ao
formação que engloba a Psicologia Social é fazer de psicólogos (sociais) comprometidos
fundamental para a absorção dos ricos com a transformação social. Esse é o norte a
conteúdos oferecidos por essa disciplina. que devemos chegar: uma boa formação, que
compreenda o máximo de possibilidades
Por fim, resta o questionamento do fazer do dentro dos domínios da Psicologia Social.
psicólogo em sua formação: quais as Uma vez que se ganhe tal visibilidade, então
limitações que os ramos da Psicologia será o caso de se ponderar uma formação
possuem ao lidar com o âmbito social, que específica a partir dessa disciplina no Brasil.
merecem reconsiderações segundo as
contribuições da Psicologia Social? Por acaso
seria melhor uma graduação em Psicologia Referências bibliográficas
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entender que deve haver a devida separação
entre ambas, no que se refere a: campos de Álvaro, J. L. & Garrido, A. (2006).
estudo, métodos, conceitos, formação e Psicologia social: perspectivas psicológicas
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