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Aula 10 - Aplicação: Radiação Térmica

MÓDULO 1 - AULA 10

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Meta
Descrever o espectro de radiação térmica.

Objetivos
Ao final desta aula você deverá ser capaz de:

1. calcular a função de partição para N osciladores quânticos em equilı́brio


térmico em qualquer dimensão;

2. relacionar o espectro de emissão de radiação térmica com a temperatura


de um corpo;

Pré-requisitos
Esta aula requer que você esteja familiarizado com o espectro de en-
ergia do oscilador quântico, sistema estudado na Aula 18 de Introdução à
Mecânica Quântica e com as propriedades das ondas eletromagnéticas no
vácuo, assunto das Aulas 2, 3 e 4 de Fı́sica 4A.

Introdução
Todo corpo que esteja a uma temperatura diferente de zero emite ra-
diação eletromagnética em diversas frequências. A intensidade da radição
emitida depende muito da frequência que está sendo examinada e da tem-
peratura do corpo e é praticamente independente de qualquer outro detalhe
do sistema. Foi exatamente a tentativa de explicar esse comportamento que
levou Planck a formular, em 1900, a hipótese de que os nı́veis de energia
disponı́veis para a radição seriam discretos e não contı́nuos, como se acre-
ditava na época. Essa hipótese, feita sem qualquer justificativa fı́sica, e
classificada como “ato de desepero´´ por Planck, permitiu não só a obtenção
de curvas teóricas em completo acordo com as experimentais, como é consi-
derada o marco inicial da Mecânica Quântica. Em seguida Einstein aplicou
a mesma idéia para explicar com sucesso as principais caracterı́sticas das
curvas de calor especı́fico dos sólidos. Nesta aula vamos ver aspectos gerais
dos sistema de osciladores, e a aplicação ao espectro da radiação térmica.

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Sistemas de Osciladores
Suponha que tenhamos um conjunto de N partı́culas quânticas sujeitas
a um potencial do tipo harmônico, em equilı́brio térmico com um reservatório
na temperatura T . Se as partı́culas são independentes, podemos obter o
comportamento do sistema completo a partir da função de partição de um
único oscilador, assim começamos por aı́.
A equação de Schrödinger estacionária para um oscilador tridimensional
é  
~2 2 1 2 1 2 1 2
− ∇ ψ(~r) + kx x + ky y + kz z ψ(~r) = εψ(~r) ,
2m 2 2 2
Vamos considerar o caso em que as constantes elásticas são todas iguais a
k. Como visto na Aula 18 de Introdução à Mecânica Quântica, os nı́veis de
energia devidos a esse potencial tem a forma
 
3
ε = n+ ~ω n = nx + ny + nz , nx , ny , nz = 0, 1, 2 . . . (10.1)
2
onde ω é a frequência natural do oscilador.
Se T = 0 o estado fundamental, com n = 0 é o estado de equilı́brio.
Quando T > 0, a probabilidade de ocupação de nı́veis acima do fundamental
é não nula, sendo dada pelo fator de Boltzmann. O macroestado de um único
oscilador pode ser identificado pelo valor de n, e os microestados pelos valores
de (nx , ny , nz ). A função de partição para um oscilador tridimensional é
  ∞ ∞ ∞
3~ω X X X
Z1 = exp −β exp [−β~ω (nx + ny + nz )]
2 nx =0 ny =0 nz =0
 3
  X ∞ 
 ~ω 
= 
exp −β 2 exp (−β~ωnx )

 nx =0 
| {z }
≡Zω

A soma dentro dos colchetes, Zω , é a função de partição de um oscilador uni-


dimensional, a menos de um fator multiplicativo constante. Sua soma pode
ser realizada facilmente pela série geométrica (equação ??). Identificamos
a = exp (−β~ω) < 1, e usamos que

X 1
an = , a<1 (10.2)
n=0
1−a
para obter

X 1
Zω = exp (−β~ωnx) = . (10.3)
nx =0
1 − exp (−β~ω)

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Usaremos este resultado para descrever as propriedades da radiação térmica.

Radiação térmica
Muitas vezes o termo radiação de corpo negro é usado para designar
a radiação térmica. Um corpo negro é um objeto cuja superfı́cie absorve
completamente a radiação incidente sobre ela, sem que qualquer parte seja
refletida. Se o corpo está em equilı́brio térmico com o meio externo, a ra-
diação absorvida é re-emitida com um espectro que depende apenas da tem-
peratura. O termo negro refere-se apenas à radiação na faixa da luz visı́vel,
mas a definição abrange todo o espectro eletromagnético já que um objeto
que absorve toda a radiação incidente sobre ele será negro.
Na prática, o comportamento de corpo negro é observado apenas em
regiões especı́ficas de frequência, por exemplo, se pintamos de negro a su-
perfı́cie de um corpo, ela absorverá praticamente toda a radiação com com-
primento de onda na região do visı́vel, mas pode refletir raios-X, por exemplo.
A melhor aproximação para um corpo negro é um pequeno orifı́cio na parede
de uma cavidade, como indicado na figura 10.1. Quando o equilı́brio térmico
for atingido, as paredes da cavidade emitirão radiação que será constante-
mente absorvida e re-emitida. A radiação incidente sobre o orifı́cio, vinda
de fora da cavidade, é completamente absorvida pelo orifı́cio, portanto ele é
um corpo negro. Por outro lado, uma pequena fração da radiação dentro da
cavidade, sai pelo orifı́cio depois de inúmeras absorções e re-emissões e pode
ser examinada. Como o orifı́cio é um corpo negro, a radiação que sai dele
é radiação de corpo negro. Como essa radiação é uma amostra da que está
contida na cavidade, concluı́mos que a radiação dentro da cavidade tem as
propriedade de radiação de corpo negro.
Vamos descrever a radiação dentro da cavidade como um conjunto de
fótons, com todas as frequências possı́veis. O número de fótons com cada
frequência determina quanta energia há em cada uma. Como veremos a
seguir, numa cavidade macroscópica, os valores possı́veis de frequência for-
mam um espectro contı́nuo, assim, devemos considerar intervalos de frequência
dω, e não seus valores individuais. Podemos medir a energia proveniente da
radiação em cada intervalo, construı́mos um histograma cujo nome é espec-
tro de frequências. Escrevendo a energia por unidade de volume, no intervalo
ω → ω + dω, como e(ω)dω, definimos a densidade espectral e(ω). No caso da
radiação térmica a curva de e(ω) em função de ω tem o aspecto indicado na
figura 10.2.

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Figura 10.1: Idealização de um corpo negro. Uma cavidade contém radiação


em equilı́brio térmico com suas paredes. Se fazemos um pequeno orifı́cio, a
radiação incidente sobre ele é capturada e fica presa na cavidade, sendo ab-
sorvida e re-emitida. Eventualmente uma fração da radiação interna escapa
pelo orifı́cio.

Figura 10.2: Tı́pica curva de densidade espectral para a radiação térmica


de um corpo. A frequência relativa ao pico da curva, assim com a área
sob ela dependem da temperatura, ambas aumentando com o aumento da
temperatura.

A meta de Planck, e de outros cientistas da época, era obter uma


expressão para e(ω, T ) que concordasse com os dados experimentais. Modelos
clássicos só eram capazes de descrever as regiões extremas de baixa e alta
frequências. Não vamos entrar em maiores detalhes de como o estudo deste
sistema evoluiu, já vamos apresentá-lo na sua formulação mais moderna.

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Vamos considerar a radiação dentro de uma cavidade cúbica, de volume


V = L3. Primeiro vamos separar uma dada frequência ω. A intensidade
dela depende de quantos fótons existem com essa frequência, assim, vamos
calcular o número médio de fótons com determinada frequência, numa dada
temperatura T . A energia de η fótons é  = η~ω, assim, a função de partição
é a própria Zω . O valor médio de η numa dada temperatura é, por definição,


1 X
hηi = η exp (−βη~ω) . (10.4)
Zω η=0

Definindo α ≡ β~ω, fica fácil notar que

dln Zω
hηi = − . (10.5)

Usando a expressão (10.3), obtemos a distribuição de Planck

1
hη(ω)i = . (10.6)
exp (β~ω) − 1

Com este resultado podemos imediatamente calcular a energia média dos


fótons com frequência ω, que é dada por hi = hηi~ω.
Agora vamos ver quais frequências podem existir na cavidade. O com-
primento de onda da radiação de frequência ω é λ = 2πc/ω, sendo c a ve-
locidade da luz no vácuo. Por simplicidade supomos uma cavidade cúbica
com volume V = L3 . Uma cavidade macroscópica implica em L  λ, para
todos os comprimentos de onda presentes. Isso implica que podemos des-
prezar efeitos ocorrendo próximo às paredes, e descrever a radiação interna
à cavidade como simples ondas planas. Como visto na Aula 3 de Fı́sica
4A, as ondas eletromagnéticas planas podem ser representadas matematica-
~ ou magnético (B),
mente pelos campos elétrico (E) ~ já que estes apresentam
~ = (~k × E)/c,
entre si a relação B ~ onde ~k é o vetor de onda, com módulo
k = 2π/λ na direção de propagação da onda. Escolhemos representar a onda
pelo campo elétrico, dado por E~ = E~0 ei(k · ~r+ωt) . Já que o tipo de parede é
~

irrelevante no limite termodinâmico, escolhemos um material condutor para


a cavidade, e supomos que esta esteja alinhada com os eixos xyz. Nesse caso,
a componente do campo elétrico paralelo a cada parede deve se anular, já que
qualquer campo ao longo de um condutor movimenta cargas elétricas até que
estas criem um campo que exatamente cancele o externo. Assim, podemos

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escrever o campo elétrico das ondas estacionárias na cavidade como


 n πx   n πy   n πz 
x y z
Ex = Ex0 sen (ωt) cos sen sen
L
 n πx  L
 n πy   n Lπz 
x y z
Ey = Ey0 sen (ωt) sen cos sen
 n Lπx   nLπy   n Lπz 
x y z
Ez = Ez0 sen (ωt) sen sen cos , (10.7)
L L L
onde nx , ny , nz são números inteiros positivos, não nulos. Neste caso defini-
mos n2 ≡ n2x + n2y + n2z , e escrevemos as frequências como
nπc
ωn = (10.8)
L
Finalmente, lembramos que a cada frequência estão sempre associadas duas
polarizações. Agora podemos calcular a energia total da radiação na cavidade
somando as contribuições de todas as frequências. Temos
X X X ~ωn
E= gn hn i = gn hηi~ωn = gn , (10.9)
n n n
exp (β~ωn ) − 1

onde gn é a multiplicidade relativa aos valores de n. Assim como no gás


ideal, valores macroscópicos de L levam a valores consecutivos de frequência
extremamente próximos, permitindo que aproximemos a soma em (10.9) por
uma integral. A multiplidade pode ser calculada pelo método de construção
da casca de raio n e espessura dn, como feito na Aula 8. Temos
1
gn → 2 × 4πn2 dn . (10.10)
8
O fator 2 leva em conta as duas polarizações e o 1/8 considera apenas os
valores positivos de nx , ny e nz . Fazendo a aproximação para o contı́nuo, e
definindo a variável adimensional q ≡ β~nπ/L, podemos escrever a energia
como Z ∞
L3 4 q3
E= 2 (κT ) dq q . (10.11)
π (~c)3 0 e −1
A definição da variável q fez com que a integral se tornasse adimensional, uma
constante multiplicativa finita. O valor dessa integral pode ser encontrado
em qualquer tabela, ele é π 4/15. Finalmente, escrevemos
E κ4 π 2 4
= T (10.12)
V 15~3 c3
Agora a expressão para e(ω) pode ser facilmente obtida, basta que a
integral em (10.11) seja escrita em termos das frequências, ou seja
Z Z
E ~ ω3
= dω e(ω) = 2 3 dω , (10.13)
V π c exp(β~ω) − 1

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permitindo identificar
~ ω3
e(ω) = . (10.14)
π 2c3 exp(β~ω) − 1

Densidade de fluxo de radiação: Lei de Stefan-Boltzmann

Observa-se experimentalmente que a energia total irradiada por um


corpo negro aumenta não linearmente com a temperatura. Vamos usar o
modelo de Planck para calcular a quantidade: energia por unidade de tempo,
por unidade de área, que emitida pela superfı́cie do corpo negro.
Para esse cálculo, usamos a idéia da cavidade. Vamos considerar en-
ergia da radiação que sai do orifı́cio da cavidade, na direção definida pelos
ângulos θ e φ, durante o intervalo de tempo dt, cruzando a área dA (veja a
figura 10.3). Essa quantidade corresponde à energia dos fótons propagando-
se na direção (θ, φ), dentro do cilindro inclinado, com base de área dA e
comprimento c dt. A radiação na cavidade é isotrópica. Isso significa que
as direções de propagação são uniformemente distribuı́das. Qualquer volume
dentro da cavidade terá uma fração dΩ/4π de fótons propagando com direção
dentro do ângulo sólido dΩ = dφ sen θdθ. O fótons que chegarão à área dA
durante o intervalo dt são aqueles que estão no cilindro. A energia deles pode
ser encontrada multiplicando-se a densidade de energia pelo volume do cilin-
dro. Finalmente, somamos sobre todas as direções, lembrando que queremos
apenas valores de θ definindo radiação que sai da cavidade. Assim, temos
Z 2π Z π/2  
1 E cE
JE = dφ (dA c dt cos θ ) sen θdθ = = σB T 4 ,
dAdt 0 0 V 4V
(10.15)
sendo σB a constante de Stefan-Boltzmann definida como
π 2κ4
σB = 3 2
= 5, 670 × 10−8 . (10.16)
60~ c

A expressão (10.15) é denominada lei de Stefan-Boltzmann.

Emissão e absorção: Lei de Kirchhoff


A capacidade de uma superfı́cie emitir radiação é proporcional à ca-
pacidade dela absorver radiação. Este é o enunciado da lei de Kirchhoff
(1959). Definindo como a a absorvância, ou fluxo de radiação absorvida, e e
a emitância, ou fluxo de radiação emitida, observamos que

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q dA

t
cd
y
c dt cos q

f
x

Figura 10.3: Radiação que deixa a cavidade na direção (θ, φ) cruzando a área
dA, num intervalo de tempo dt.

• Um corpo negro tem, por definição, a = e.

• Uma superfı́cie perfeitamente refletora tem a = 0, logo também tem


e = 0.

• De uma forma geral e = αa, 0 ≤ α ≤ 1, e espera-se que α, a e e


dependam da frequência.

Estimativa da temperatura da superfı́cie de um corpo

Podemos aproximar a maioria dos corpos não refletores, em equilı́brio


térmico, por um corpo negro. Isso significa admitir que o espectro de emissão
de radiação terá aproximadamente a forma (10.14). Assim, uma forma de
estimar a temperatura de uma superfı́cie emissora de radiação térmica, é
medir a frequência para a qual ocorre a máxima emissão. Se calculamos o
máximo de e(ω) a partir da expressão (10.14), obtemos que este deve ocorrer
para
2, 82κT
ωmax ≈ (10.17)
~
Atividade 1
(Objetivos )
Corpos à temperatura ambiente emitem preferencialmente radiação de que
tipo?
Resposta comentada

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Podemos usar diretamente a equação (10.17), com o valor T = 300 K. Temos:

(1, 38 × 10−23 J/K)(300 K)


ωmax = 2, 82 = 1, 11 × 1014 rad/s
1, 05 × 10−34 Js

Dividindo por 2π temos uma frequência ≈ 2 × 1013 Hz. Observando a figura


2.1 da Aula 2 de Fı́sica 4A, identificamos essa radiação como infra-vermelho.
Conclusão: a luz visı́vel proveniente de corpos à temperatura ambiente é
essencialmente luz refletida, por isso não os podemos ver no escuro. Para tal
são necessários detetores de infra-vermelho.
Fim da Atividade

É importante lembrar que além da radiação com a frequência ωmax , um corpo


negro emite radiação em muitas outras frequências. Por exemplo, um pedaço
de madeira incandescente numa fogueira tem uma temperatura tipicamente
de 1500 K, o que corresponde a uma frequência de ≈ 1014 Hz, ainda no infra-
vermelho, mas sendo um valor bem próximo da região da luz visı́vel, há uma
considerável emissão nessa região, por isso o vemos em tons avermelhados.
A correta medição de temperatura de um corpo negro deve levar em conta
a potência irradiada em todas as frequências, e descontar qualquer fluxo de
energia incidente.

Atividade 2
(Objetivos )
O fluxo de energia radiante vinda do Sol, na superfı́cie da Terra, medida
numa superfı́cie normal à direção de incidência dos raios solares é JT =
0, 136 W/cm2. Estime a temperatura da superfı́cie do Sol. Considere que
a distância entre a Terra e o Sol seja d = 1, 5 × 1011 m, e o raio do Sol
RS = 7 × 108 m.
Resposta comentada
Primeiro calculamos a potência de irradiação do Sol, na órbita da Terra,
multiplicando JT pela área da esfera de raio d.

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RS d

Temos P = 4πd2 JT . Assim, na superfı́cie do Sol,


 2
P d
JS = 2
= JT .
4πRS RS
Agora usamos a a lei de Stefan-Bolztmann para obter a temperatura:
"  2#4
4 JT d
JS = σ B T → T = = 5761 K
σB Rs
fim da atividade

Radiação de fundo do universo

Em 1965 foi observado que o universo era repleto de radiação eltro-


magnética com espectro na forma (10.14). O ajuste dessa expressão aos
dados experimentais revelou um espectro na região de micro-ondas, consi-
tente com uma temperatura de 2,8 K. A existência dessa radiação é uma das
principais evidências que fundamenta a teoria do Big-Bang. Nessa teoria,
o universo inicial era feito de fótons, elétrons e prótons, numa temperatura
de cerca de 4000 K. Os fótons constantemente interagiam com elétrons e
prótons, através de diversos mecanismos. À medida que o universo se ex-
pandiu adiabaticamente, sua temperatura caiu e a combinação de elétrons e
prótons na forma de átomso de hidrogênio tornou-se favorável por volta dos
3000 K. Nesse ponto a radiação eletromagnética se desacoplou da matéria,
e os fótons passaram a viajar livremente pelo universo, formando a radiação
térmica de fundo. O universo continuou sua expansão, o que provocou o
resfriamento da radiação de fundo até o valor atual, de 2,8 K, e esse processo
de resfriamento continua.

Resumo
Nesta aula aprendemos como calcular a função de partição de osciladores
quânticos em equilı́brio térmico. Aplicamos esse resultado à radiação eletro-
magnética de uma cavidade em equilı́brio térmico, calculando o espectro de

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emissão de radiação. Observamos que a forma do espectro depende forte-


mente da temperatura, sendo pos ı́vel calcular a temperatura de um objeto
radiante pelo registro do comprimento de onda do pico de emissão de ra-
diação.

Informações sobre a próxima aula


Na próxima aula usaremos o resultado geral dos sistema de osciladores
para explicar o comportamento do calor especı́fico de sólidos.

Leitura complementar
S. R. A. Salinas, Introdução à Fı́sica Estatı́stica, primeira edição São
Paulo, EDUSP, seção 10.2.

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