Você está na página 1de 569

TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

Na caixa de câmbio da Ferrari F40 identifica-se que cada marcha é constituída de dois estágios de transmissão por
engrenamento cilíndrico padrão, módulo métrico 20°, com dentes inclinados. A redução final do eixo motriz é
constituída por uma transmissão por engrenamento cônico, módulo métrico 20°, com dentes inclinados.
O eixo primário sofre ação apenas do torque oriundo do motor (positivo) ou da ação de freio motor (negativo). O
torque no eixo primário varia entre um mínimo, correspondente ao torque na atuação do freio motor de
Tmínimo = −200 Nm
e um máximo, correspondente à rotação do motor onde o torque é máximo, no valor de
Tmáximo = 577 Nm
Essa variação de torque ocorre ao longo das mudanças de marcha e frenagens. A conexão do eixo primário à
embreagem do motor é efetuada através de um acoplamento estriado, que proporciona um Kt = 1,85, considerando-
se a seção bruta do eixo estriado (seção com diâmetro d). O raio de concordância do estriado é de 4 mm (raio do
entalhe r=4 mm). Qual o diâmetro do eixo primário (d), na região do acoplamento estriado, para que essa caixa de
câmbio opere em condição de vida infinita, empregando o critério de Goodman? A confiabilidade é de 99 %; a
temperatura de operação é de 110 °C; não há outros efeitos; o eixo é usinado. O material do eixo é aço ABNT 4130
TR, com
Smáx = 1280 MPa
e
Se = 1190 MPa
Considere coeficiente de segurança como
cs = 1,45

56
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

57
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

a) A tensão atuante no eixo primário é de torção.

b) Cálculo da tensão de torção (τt):

𝑀𝑡 . 𝑐
𝜏𝑡 =
𝐼
𝑑 𝜋𝑑 4
𝑐= 𝐼=
2 32
𝑀𝑡𝑚á𝑥 = 577.000 𝑁𝑚𝑚

𝑀𝑡𝑚í𝑛 = 200.000 𝑁𝑚𝑚

58
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

c) Cálculo da tensão de torção máxima (τt máx):


𝑑
577000 . 2 2,939 × 106
𝜏𝑡𝑚á𝑥 = = 𝑀𝑃𝑎
𝜋𝑑 4 𝑑 3
32

d) Cálculo da tensão de torção mínima (τt mín):


𝑑
−200000 . 2 1,018 × 106
𝜏𝑡𝑚í𝑛 = =− 𝑀𝑃𝑎
𝜋𝑑 4 𝑑 3
32

Diâmetro “d” em mm

59
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

e) Cálculo da tensão média e amplitude de tensão:


𝜏𝑚á𝑥 + 𝜏𝑚í𝑛
𝜏𝑚 =
2
2,939 × 106 1,018 × 106
3 +− 3 0,960 × 106
𝜏𝑚 = 𝑑 𝑑 𝜏𝑚 = 𝑀𝑃𝑎
𝑑 3
2
𝜏𝑚á𝑥 − 𝜏𝑚í𝑛
𝜏𝑎 =
2

2,939 × 106 1,018 × 106 1,978 × 106


− −
𝑑3 𝑑3 𝜏𝑎 = 3
𝑀𝑃𝑎
𝜏𝑎 = 𝑑
2
60
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

f) Cálculo da tensão equivalente de von Misses nominal para a tensão


média (seq m):
2
0,960 × 106 1,663 × 106
𝜎𝑒𝑞𝑚0 = 3𝜏𝑚 2 = 3. = 𝑀𝑃𝑎
𝑑3 𝑑 3

g) Cálculo da tensão equivalente de von Misses nominal para a


amplitude de tensão (seq a):
2
1,978 × 106 3,426 × 106
𝜎𝑒𝑞𝑎0 = 3𝜏𝑎 2 = 3. = 𝑀𝑃𝑎
𝑑3 𝑑 3

Diâmetro “d” em mm
61
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

h) Cálculo da resistência à fadiga para vida infinita (Sn):


O projeto prevê vida infinita. Logo o modelo S-N pode ser aplicado.

𝑆𝑛 = 𝑘𝑎 𝑘𝑏 𝑘𝑐 𝑘𝑑 𝑘𝑒 𝑘𝑓 𝑆𝑛 ′

Como Smáx<1400 MPa

𝑆𝑛′ = 0,5. 𝑆𝑚á𝑥 𝑆′𝑛 = 0,5.1280 𝑆′𝑛 = 640 𝑀𝑃𝑎

−0,265
𝑘𝑎 = 4,51𝑆𝑚á𝑥
𝑘𝑎 = 4,51. 1280−0,265 = 0,677 Para usinagem
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

𝑑𝑒 = 𝑑 𝑚𝑚
𝑘𝑏 = 1,24. 𝑑 −0,107

𝑘𝑐 = 1,0 Torção → distribuição de tensão → kc = 1,0 = corpo de prova


𝑘𝑑 = 1,0 Temperatura < 450 °C
𝑘𝑒 = 0,814 Confiabilidade = 99%
𝑘𝑓 = 1,0 Não há outros efeitos atuando sobre a peça
Então:
𝑆𝑛 = 𝑘𝑎 𝑘𝑏 𝑘𝑐 𝑘𝑑 𝑘𝑒 𝑘𝑓 𝑆𝑛 ′ 𝑆𝑛 = 0,677 .1,24. 𝑑−0,107 . 1,0 . 1,0 . 0,814 . 1,0 . 640

𝑆𝑛 = 437,5. 𝑑 −0,107 𝑀𝑃𝑎


TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

i) Cálculo do concentrador de tensões:


𝐾𝑓 = 1 + 𝑞. 𝐾𝑡 − 1
1
𝑞=
𝑎
1+
𝑟
2 3
𝑎 = 0,976 − 1,835 × 10−3 𝑆𝑚á𝑥 + 1,431 × 10−6 𝑆𝑚á𝑥 − 4,106 × 10−10 𝑆𝑚á𝑥

𝑎 = 0,976 − 1,835 × 10−3 . 1280 + 1,431 × 10−6 . 12802 − 4,106 × 10−10 . 12803

𝑎 = 0,1107
1
𝑞= 𝑞 = 0,9476
0,1107
1+
4
𝐾𝑓 = 1 + 0,9476. 1,85 − 1 𝐾𝑓 = 1,805

64
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

f) Cálculo da tensão equivalente de von Misses para a tensão média


(seq m):
1,663 × 106 3,002 × 106
𝜎𝑒𝑞𝑚 = 𝐾𝑓 . 𝜎𝑒𝑞𝑚0 = 1,805. 3 = 3 𝑀𝑃𝑎
𝑑 𝑑

g) Cálculo da tensão equivalente de von Misses para a amplitude de


tensão (seq a):
3,426 × 106 6,184 × 106
𝜎𝑒𝑞𝑎 = 𝐾𝑓 . 𝜎𝑒𝑞𝑎0 = 1,805. 3
= 3
𝑀𝑃𝑎
𝑑 𝑑

Diâmetro “d” em mm
65
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 9

j) Aplicação do critério de Goodman:


𝜎𝑒𝑞𝑚 𝜎𝑒𝑞𝑎 1
+ =
𝑆𝑚á𝑥 𝑆𝑛 𝑐𝑠

3,002 × 106 6,184 × 106


𝑑3 𝑑 3 1
+ −0,107 =
1280 437,5. 𝑑 1,45

𝑑 = 32,12 𝑚𝑚
1
0,07077 + 0,61828 =
1,45
𝑆𝑛 = 437,5. 32,12−0,107 𝑀𝑃𝑎 𝑆𝑛 = 301,8 𝑀𝑃𝑎
66
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Determinar a curva de histerese para o material:


• Aço 1045 com dureza 220 HB

Propriedades monotônicas Propriedades cíclicas


Resistência ao escoamento 634 MPa Resistência ao escoamento cíclico 414 MPa
Tensão de ruptura 1227 MPa Tensão de ruptura cíclica 1227 MPa
Deformação na ruptura 1,04 Deformação na ruptura cíclica 1,00
H 1145 MPa H’ 1344 MPa
n 0,13 n’ 0,18
Módulo de elasticidade 200 GPa
Resistência máxima 724 MPa

140
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Curva tensão x deformação monotônica

𝜀 = 𝜀𝑒 + 𝜀𝑝

𝜎
𝜀𝑒 =
𝐸
1ൗ
𝜎 𝑛
𝜀𝑝 =
𝐻

𝜎 𝜎 7,692
𝜀= +
200000 1145

141
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Curva tensão x deformação cíclica

𝜀𝑎 = 𝜀𝑒𝑎 + 𝜀𝑝𝑎
𝜎𝑎
𝜀𝑒𝑎 =
𝐸
1ൗ
𝜎𝑎 𝑛′
𝜀𝑝𝑎 =
𝐻′

𝜎 𝜎 5,555
𝜀𝑎 = +
200000 1344

142
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• O material amolece com a deformação cíclica

143
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Limitando o laço de histerese em sa=700 MPa


5,555
700 700
𝜀𝑎 = + = 0,030175
200000 1344

144
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando s=700 MPa a partir do ponto A


1ൗ 1ൗ
𝑛′ 0,18
∆𝜎 ∆𝜎 700 700
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,004634
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜎
𝜎𝐶 = 𝜎𝐴 + 700 = −700 + 700 = 0 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜀
𝜀𝐶 = 𝜀𝐴 + 0,004634 = −0,030175 + 0,004634 = −0,02554

145
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando s=1100 MPa a partir do ponto A


1ൗ 1ൗ
𝑛′ 0,18
∆𝜎 ∆𝜎 1100 1100
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,019472
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜎
𝜎𝐷 = 𝜎𝐴 + 1100 = −700 + 1100 = 400 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜀
𝜀𝐷 = 𝜀𝐴 + 0,019472 = −0,030175 + 0,019472 = −0,01070

146
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando s=1300 MPa a partir do ponto A


1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 1300 1300 0,18
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,041845
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜎
𝜎𝐸 = 𝜎𝐴 + 1300 = −700 + 1300 = 600 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜀
𝜀𝐸 = 𝜀𝐴 + 0,019472 = −0,030175 + 0,041845 = 0,011670

147
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

A
• Laço de histerese
Exemplo 10

148
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese
• Aplicando s=700 MPa a partir do ponto B, admitindo-se que o ramo de
descarga é simétrico ao ramo de carga
1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 700 700 0,18
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,04634
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜎
𝜎𝐹 = 𝜎𝐵 − 700 = 700 − 700 = 0 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜀
𝜀𝐹 = 𝜀𝐵 − 0,04634 = 0,030175 − 0,041845 = 0,02554

149
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando s=1100 MPa a partir do ponto B, admitindo-se que o ramo de


descarga é simétrico ao ramo de carga
1ൗ 1ൗ
𝑛′ 0,18
∆𝜎 ∆𝜎 1100 1100
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,019472
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜎
𝜎𝐺 = 𝜎𝐵 − 1100 = 700 − 1100 = −400 𝑀𝑃𝑎

𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜀
𝜀𝐺 = 𝜀𝐵 − 0,019472 = 0,030175 − 0,019472 = 0,01070

150
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Laço de histerese

• Aplicando s=1300 MPa a partir do ponto B, admitindo-se que o ramo de


descarga é simétrico ao ramo de carga
1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 1300 1300 0,18
∆𝜀 = +2 ∆𝜀 = +2 = 0,041845
𝐸 2𝐻′ 200000 2.1344

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜎
𝜎𝐻 = 𝜎𝐵 − 1300 = 700 − 1300 = −600 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜀
𝜀𝐻 = 𝜀𝐵 − 0,041845 = 0,030175 − 0,041845 = −0,011670

151
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

A
• Laço de histerese
Exemplo 10

152
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Tensão residual
• Fazendo =0 e, portanto, =0,030175 MPa a partir do ponto A
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜀

𝜀𝐼 = 𝜀𝐴 + ∆𝜀 = 0
0 = −0,030175 + ∆𝜀 → ∆𝜀 = 0,030175
1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎 0,18
∆𝜀 = +2 0,030175 = +2
𝐸 2𝐻′ 200000 1344

∆𝜎 = 1213,5 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∆𝜎 𝜎𝐼 = 𝜎𝐴 + 1213,5 = −700 + 1213,5 = 513,5 𝑀𝑃𝑎

153
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 10

• Tensão residual
• Fazendo =0 e, portanto, =─0,030175 MPa a partir do ponto B
𝜀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜀𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜀

𝜀𝐽 = 𝜀𝐵 − ∆𝜀 = 0
0 = 0,030175 − ∆𝜀 → ∆𝜀 = 0,030175
1ൗ 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎 0,18
∆𝜀 = +2 0,030175 = +2
𝐸 2𝐻′ 200000 1344

∆𝜎 = 1213,5 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜎𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − ∆𝜎 𝜎𝐽 = 𝜎𝐵 − 1213,5 = 700 − 1213,5 = −513,5 𝑀𝑃𝑎

154
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

• Laço de histerese
Exemplo 10

155
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 11
✓Tensão e deformação elastoplástica em furo circular, Kt=3, sob tensão
nominal s0=500 MPa em material com Se=700 MPa, Smáx=1200 MPa, E=210000
MPa, H=1400 MPa e n=0,085. Regra linear.
𝐾𝜀 = 𝐾𝑡 = 3 1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
𝜎0 𝐸 𝐻
𝜀0 =
𝐸
1ൗ
𝜎 𝜎 0,085
500 0,007143 = +
𝜀0 = = 0,002381 210000 1400
210000

𝜀 = 𝐾𝑡 . 𝜀0 𝜎 = 856 𝑀𝑃𝑎

𝜀 = 3 . 0,002381 = 0,007143

172
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 11
✓Tensão e deformação elastoplástica em furo circular, Kt=3, sob tensão nominal
s0=500 MPa em material com Se=700 MPa, Smáx=1200 MPa, E=210000 MPa,
H=1400 MPa e n=0,085.
1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
𝐸 𝐻

856

𝜀 = 𝐾𝑡 . 𝜀0
s=856 MPa
0,007143
=0,007143

173
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 12

Tensão e deformação elastoplástica em furo circular – Regra Linear:


d=16 mm
Kt=3
Tensão nominal máxima s0máx=500 MPa
Tensão nominal mínima s0mín=-150 MPa

em material com 2
𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 𝑆𝑚á𝑥 + 1,600 × 10−6 𝑆𝑚á𝑥 3
− 4,105 × 10−10 𝑆𝑚á𝑥
Se=700 MPa 𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 . 1200 + 1,600 × 10−6 .12002 −4,105 × 10−10 .12003
Smáx=1200 MPa
𝑎 = 0,113656
E=210000 MPa
1 1
H=1400 MPa 𝑞= 𝑞=
0,252624
= 0,954878
𝑎 1+
H’=1530 MPa 1+
𝑟 16/2
n=0,085
𝐾𝑓 = 1 + 𝑞(𝐾𝑡 − 1) 𝐾𝑓 = 1 + 0,917948 3 − 1 = 2,909755
n’=0,091
174
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 12

1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
𝐸 𝐻
1ൗ
𝑛′
A
∆𝜎 ∆𝜎 856
∆𝜀 = + 2.
𝐸 2𝐻′ 𝜀 = 𝐾𝑡 . 𝜀0

-0,001863

0,007143

∆𝜀 = 𝐾𝑓 . ∆𝜀0
-730
B
1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎
∆𝜀 = + 2.
𝐸 2𝐻′

175
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Neuber
✓A regra de Neuber é o modelo da relação entre tensão e deformação no
entalhe, ou seja, em regiões com variação de geometria, mais amplamente
usado.
✓ É expresso como:
𝐾𝜎 . 𝐾𝜀 = 𝐾𝑡2

𝜎 𝜀
. = 𝐾𝑡2
𝜎0 𝜀0

𝜎. 𝜀 = 𝐾𝑡2 . 𝜎0 . 𝜀0
✓ De acordo com esta relação, a média geométrica dos fatores de
concentração de tensão e deformação sob condições de deformação plástica
permanece constante e igual ao fator de concentração de tensão teórico, Kt.

176
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Neuber
✓ Esta regra está de acordo com medições em situações de tensão plana,
como chapas finas sob tensão.
✓ A aplicação desta regra requer a solução de duas equações simultâneas, a
equação do critério de Neuber, que descreve uma hipérbole, e a equação
tensão-deformação.

✓ Aplicação da regra de
Neuber para
carregamento monotônico
usando um método
gráfico, onde o ponto A é
a solução.

177
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Estado Plano de Tensões (EPT)
✓No Estado Plano de Tensões (EPT):

𝜎1 ≠ 0
𝜎2 ≠ 0
𝜎3 = 0
✓ A tensão na direção perpendicular ao plano de tensões, s3, não acontece
porque a deformação nessa direção pode ocorrer, não havendo restrição a
essa deformação. Logo, ocorre a deformação nessa direção, 3, não nula.
✓ Por exemplo, uma peça sujeita a um campo biaxial de tensões deveria
apresentar uma deformação compressiva na direção perpendicular às direções
de aplicação de tensão, devido ao Efeito de Poisson. Se a peça for fina a
deformação não encontra restrição e pode ocorrer. Surge, então, a
deformação de compressão.

178
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Neuber

Para carregamento monotônico em regime nominal linear elástico

𝜎. 𝜀 = 𝐾𝑡2 . 𝜎0 . 𝜀0 e 𝜎0 = 𝐸. 𝜀0

𝜎0 𝐾𝑡 . 𝜎0 2
2
𝜎. 𝜀 = 𝐾𝑡 . 𝜎0 . → 𝜎. 𝜀 =
𝐸 𝐸
1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
𝐸 𝐻
1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜎. 𝜀 = 𝜎. + 𝜎.
𝐸 𝐻
2 1ൗ
𝐾𝑡 . 𝜎0 𝜎2 𝜎 𝑛
= + 𝜎.
𝐸 𝐸 𝐻
179
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 13

Tensão e deformação elastoplástica em furo circular, Kt=3, sob tensão nominal


s0=500 MPa em material com Se=700 MPa, Smáx=1200 MPa, E=210000 MPa,
H=1400 MPa e n=0,085. Regra de Neuber.

1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
921 𝐸 𝐻

2
𝐾𝑡 . 𝜎0
𝜀=
𝜎. 𝐸

0,01163
s=921 MPa
=0,01163
180
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Neuber
✓ Para carregamento cíclico, a curva de tensão-deformação monotônica é
substituída pela curva de histerese
1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎
∆𝜀 = +2
𝐸 2𝐻′
✓ As deformações e tensões são substituídas pelos intervalos de deformação,
, e intervalos de tensão, s.
✓ Também se emprega o fator de concentração de tensões corrigido para a
sensibilidade ao entalhe. Então:

𝐾𝜎 . 𝐾𝜀 = 𝐾𝑓2

∆𝜎 ∆𝜀 com 𝐾𝑓 = 1 + q 𝐾𝑡 − 1
. = 𝐾𝑓2
∆𝜎0 ∆𝜀0

181
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Neuber
✓ Então:

∆𝜎. ∆𝜀 = 𝐾𝑓2 . ∆𝜎0 . ∆𝜀0

✓ Como ∆𝜎0 = 𝐸∆𝜀0


2
2 ∆𝜎0 𝐾𝑓 . ∆𝜎0
∆𝜎. ∆𝜀 = 𝐾𝑓 . ∆𝜎0 . =
𝐸 𝐸
1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎
∆𝜎. ∆𝜀 = ∆𝜎. + 2∆𝜎.
𝐸 2𝐻′
2 1ൗ
𝐾𝑓 . ∆𝜎0 2 𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎
= + 2∆𝜎.
𝐸 𝐸 2𝐻′

182
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Neuber
✓ A aplicação da regra de Neuber é ilustrada pela Figura para carregamento
cíclico de amplitude de tensão constante.
✓ Para o carregamento inicial de zero ao nível de tensão nominal máximo
(s0máx no ponto A), a deformação máxima no concentrador de tensão e a
tensão (máx e σmáx) podem ser encontradas na interseção da hipérbole de
Neuber para tensão máxima devida ao concentrador de tensão com a curva
tensão-deformação cíclica.
✓ O uso da curva tensão-deformação cíclica assume que o comportamento da
deformação é ciclicamente estável.
✓ Para o descarregamento do ponto A ao ponto B (ou s = s1 - s2), o ponto A
é considerado o ponto de referência e a curva de deformação no
concentrador de tensão segue a curva de loop de histerese do material.

183
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Neuber
✓ No ponto B, as variações de deformação e de tensão devido ao
concentrador de tensão ( e σ) são encontradas pela interseção da
hipérbole de Neuber em termos de tensões e deformações cíclicas com a
curva de loop de histerese.
✓ É importante notar que para o descarregamento o ponto de reversão A é
usado como a origem da hipérbole de Neuber e da curva de histerese.
✓ Para o carregamento de amplitude constante contínua, conforme mostrado
na Figura, a deformação e tensão no concentrador de tensão continuará a
seguir o ciclo de histerese fechado.

184
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 14

Tensão e deformação elastoplástica em furo circular – Regra de Neuber:


d=16 mm
Kt=3
Tensão nominal máxima s0máx=500 MPa
Tensão nominal mínima s0mín=-150 MPa

em material com 2
𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 𝑆𝑚á𝑥 + 1,600 × 10−6 𝑆𝑚á𝑥 3
− 4,105 × 10−10 𝑆𝑚á𝑥
Se=700 MPa 𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 . 1200 + 1,600 × 10−6 .12002 −4,105 × 10−10 .12003
Smáx=1200 MPa
𝑎 = 0,113656
E=210000 MPa
1 1
H=1400 MPa 𝑞= 𝑞=
0,252624
= 0,954878
𝑎 1+
H’=1530 MPa 1+
𝑟 16/2
n=0,085
𝐾𝑓 = 1 + 𝑞(𝐾𝑡 − 1) 𝐾𝑓 = 1 + 0,917948 3 − 1 = 2,909755
n’=0,091
185
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 14

1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 𝜎 𝜎
1ൗ
𝑛
∆𝜀 = + 2. 𝜀= +
𝐸 2𝐻′ A 𝐸 𝐻
921

2
𝐾𝑓 . ∆𝜎0
2 𝐾𝑡 . 𝜎0
∆𝜀 = 𝜀=
∆𝜎. 𝐸 𝜎. 𝐸
0,001356

0,01163

1ൗ
𝑛′
-737 ∆𝜎 ∆𝜎
∆𝜀 = + 2.
B 𝐸 2𝐻′

186
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Glinka
✓ Uma regra de análise de tensão / deformação de entalhe mais recente é a
densidade de energia de deformação ou regra de Glinka.
✓ Esta regra é baseada na suposição de que a densidade de energia de
deformação na raiz do entalhe é quase a mesma para o comportamento
do entalhe elástico linear (We) e para o comportamento do entalhe
elastoplástico (Wp), enquanto a zona de deformação plástica no entalhe é
rodeado por um campo de tensão elástica.
✓ Para tensão elástica nominal, σ0, a densidade de energia de deformação
nominal, W0, é dada por:
𝜀0
𝑊0 = න 𝜎0 𝑑𝜀0
0
𝜎0 𝑑𝜎0
✓ Como 𝜀0 = e 𝑑𝜀0 = vem:
𝐸 𝐸
𝜎0
𝜎0 𝜎02
𝑊0 = න 𝑑𝜎0 =
0 𝐸 2𝐸 187
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Glinka

Tensão
Elástico linear
𝜎𝑒 = 𝐾𝑡 . 𝜎0
Elastoplástico
𝜎

𝑊𝑒 𝑊𝑝 𝑊𝑒 ≈ 𝑊𝑝

𝜎0

𝑊0
𝜀 Deformação
𝜀0
𝜀𝑒 = 𝐾𝑡 . 𝜀0
188
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Glinka
✓ Na raiz do entalhe, com um fator de concentração de tensão Kt, a
densidade de energia de deformação, assumindo comportamento elástico
linear monotônico é:

𝜀𝑒
𝑊𝑒 = න 𝜎𝑑𝜀
0

𝜎 𝑑𝜎
✓ Como 𝜀= e 𝑑𝜀 = e 𝜎𝑒 = 𝐾𝑡 . 𝜎0 vem:
𝐸 𝐸

𝜎𝑒
𝜎 𝜎𝑒2 𝐾𝑡 . 𝜎0 2
𝑊𝑒 = න 𝑑𝜎 = =
0 𝐸 2𝐸 2𝐸

189
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Glinka
✓ Para o comportamento elastoplástico na raiz do entalhe, a relação tensão-
deformação pode ser expressa por
1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
𝐸 𝐻
✓ E a densidade de energia de deformação é dada por:
𝜀
𝑊𝑝 = න 𝜎𝑑𝜀
0
1
𝑑𝜎 𝜎 ൗ𝑛−1
✓ Como 𝑑𝜀 = + 1 𝑑𝜎 vem:
𝐸 𝑛.𝐻 ൗ𝑛
1 1Τ
𝜎 1 𝜎 ൗ𝑛−1 𝜎 𝜎 1 𝜎 𝑛
𝑊𝑝 = ‫׬‬0 𝜎. + 1 𝑑𝜎 = ‫׬‬0 +𝑛 𝐻 𝑑𝜎
𝐸 𝑛.𝐻 ൗ𝑛 𝐸
1ൗ
𝜎2 𝜎 𝜎 𝑛
𝑊𝑝 = + .
2𝐸 𝑛 + 1 𝐻
190
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Glinka
✓ Fazendo 𝑊𝑒 = 𝑊𝑝
1ൗ
𝐾𝑡 . 𝜎0 2 𝜎 2 𝜎 𝜎 𝑛
= + .
2𝐸 2𝐸 𝑛 + 1 𝐻
1ൗ
𝐾𝑡 . 𝜎0 2 𝜎 2 2𝜎 𝜎 𝑛
= + .
𝐸 𝐸 𝑛+1 𝐻
✓ Comparando-se com a equação
1
𝐾𝑡 . 𝜎0 2 𝜎 2 𝜎 ൗ𝑛
= + 𝜎.
𝐸 𝐸 𝐻
✓ Pode-se observar que a única diferença para a regra de Neuber é o fator
[2 / (n + 1)].
✓ Como n <1 o critério de Glinka prevê menor tensão de entalhe (e, portanto,
menor deformação de entalhe) do que na regra de Neuber, resultando em
uma vida mais longa à fadiga em comparação com a regra de Neuber.
191
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 15

Tensão e deformação elastoplástica em furo circular, Kt=3, sob tensão nominal


s0=500 MPa em material com Se=700 MPa, Smáx=1200 MPa, E=210000 MPa,
H=1400 MPa e n=0,085. Regra de Glinka.
1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
𝐸 𝐻

881

2 1ൗ
𝐾𝑡 . 𝜎0 𝜎2 2𝜎 𝜎 𝑛
= + .
𝐸 𝐸 𝑛+1 𝐻

s=881 MPa
=0,008496
0,008496

192
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Regra de Glinka
✓ Para carregamento cíclico o critério de Glinka é escrito em termos de faixas
de tensão e deformação, σ e .
✓ As propriedades de deformação monotônica do material (H e n) são
substituídas por propriedades de deformação cíclica (H 'e n’), e Kt
substituído por Kf, resultando na seguinte equação
2 2
∆𝜎0 ∆𝜎 ∆𝜎 1ൗ ′
𝐾𝑓 . 2 2 2 ∆𝜎 𝑛
2
= + .
𝐸 𝐸 𝑛′ + 1 2𝐻′
2 1ൗ ′
𝐾𝑓 . ∆𝜎0 2 𝑛
∆𝜎 4∆𝜎 ∆𝜎
= + .
𝐸 𝐸 𝑛′ + 1 2𝐻′
✓ Que pode ser comparada com a equação do critério de Neuber:
2 1ൗ
𝐾𝑓 . ∆𝜎0 2 𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎
= + 2∆𝜎.
𝐸 𝐸 2𝐻′
193
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 16

Tensão e deformação elastoplástica em furo circular – Regra de Glinka:


d=16 mm
Kt=3
Tensão nominal máxima s0máx=500 MPa
Tensão nominal mínima s0mín=-150 MPa

em material com 2
𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 𝑆𝑚á𝑥 + 1,600 × 10−6 𝑆𝑚á𝑥 3
− 4,105 × 10−10 𝑆𝑚á𝑥
Se=700 MPa 𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 . 1200 + 1,600 × 10−6 .12002 −4,105 × 10−10 .12003
Smáx=1200 MPa
𝑎 = 0,113656
E=210000 MPa
1 1
H=1400 MPa 𝑞= 𝑞=
0,252624
= 0,954878
𝑎 1+
H’=1530 MPa 1+
𝑟 16/2
n=0,085
𝐾𝑓 = 1 + 𝑞(𝐾𝑡 − 1) 𝐾𝑓 = 1 + 0,917948 3 − 1 = 2,909755
n’=0,091
194
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 16

1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
1ൗ
𝐸 𝐻
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 881
∆𝜀 = + 2. 1ൗ
𝐸 2𝐻′ 𝐾𝑡 . 𝜎0 2
𝜎2 2𝜎 𝜎 𝑛
= + .
𝐸 𝐸 𝑛+1 𝐻
-0,00076

0,008496 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎
∆𝜀 = + 2.
-721 𝐸 2𝐻′
2 1ൗ ′
2 𝑛
𝐾𝑓 . ∆𝜎0 ∆𝜎 4∆𝜎 ∆𝜎
= + .
𝐸 𝐸 𝑛′ + 1 2𝐻′

195
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Resumo dos Exemplos 11 a 16

Regra Linear Regra de Neuber Regra de Glinka


Tensão (smáx) 856 MPa 921 MPa 881 MPa
Carga monotônica
Deformação (máx) 0,007143 0,01163 0,008496
Descarga até carga Tensão (smín) -730 MPa -737 MPa -721 MPa
mínima Deformação (mín) -0,001863 0,001356 -0,00076
Amplitude de 793 MPa 829 MPa 801 MPa
tensão (sa)
Carga cíclica
Amplitude de 0,004503 0,005137 0,00463
deformação (a)

196
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ Resumo:
✓ Regra Linear: ∆𝜎 ∆𝜎
1ൗ
𝑛′
∆𝜀 = 𝐾𝑓 . ∆𝜀0 ∆𝜀 = + 2.
𝐸 2𝐻′
✓ Regra de Neuber
2 1ൗ 2
𝐾𝑓 . ∆𝜎0 2 𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 𝐾𝑓 . ∆𝜎0
= + 2∆𝜎. ∆𝜀 =
𝐸 𝐸 2𝐻′ ∆𝜎. 𝐸
✓ Regra de Glinka

2 1ൗ ′ 1ൗ
2 𝑛 𝑛′
𝐾𝑓 . ∆𝜎0 ∆𝜎 4∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎 ∆𝜎
= + . ∆𝜀 = + 2.
𝐸 𝐸 𝑛′ + 1 2𝐻′ 𝐸 2𝐻′

197
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ O critério linear é mais adequado para o Estado Plano de Deformações
(EPD).
✓ Os critérios de Neuber e de Glinka são mais adequados para o Estado Plano
de Tensões (EPT).
✓ EPD considera que não há deformação na direção perpendicular ao plano e
EPT considera que não há tensão nessa direção. Porém, situações reais
podem não se enquadrar nesses casos particulares e apresentarem um
comportamento intermediário. Nessa situação, pode-se adotar:

𝑚
𝐾𝑡
𝐾𝜀 = 𝐾𝑡 . 𝐾𝜎
Nessa situação, m=0 corresponde a EPD; m=1 corresponde a EPT.
Para situações intermediárias pode-se empregar 0<m<1.
198
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

DE BAIXO CICLO)
10. CURVA -N (FADIGA

199
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓A abordagem baseada em deformação para problemas de fadiga é
amplamente usada atualmente.

✓ A deformação pode ser medida e tem se mostrado uma excelente


quantidade para se correlacionar com a fadiga de baixo ciclo.

✓ Por exemplo, turbinas a gás operam com tensões razoavelmente


constantes, mas quando são iniciadas ou paradas, estão sujeitas a uma
faixa de tensões muito alta.

✓ As deformações locais podem estar bem acima da deformação que produz


o escoamento e as tensões são mais difíceis de medir ou estimar do que as
deformações.
200
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ A aplicação mais comum da abordagem baseada em deformação, entretanto,
é na fadiga de membros entalhados.

✓ Em um componente entalhado ou amostra submetida a cargas externas


cíclicas, o comportamento do material na raiz do entalhe é melhor
considerado em termos de deformação.

✓ Desde que haja restrição elástica em torno de uma zona plástica local no en-
talhe, as deformações podem ser calculadas mais facilmente do que a tensão.

✓ Como o dano por fadiga é avaliado diretamente em termos de deformação


local, esta abordagem é chamada de "abordagem de deformação local".

201
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ Este conceito motivou o método de projeto de vida útil sob deformação
com base em relacionar a vida à fadiga de peças entalhadas com a vida de
espécimes pequenos e espécimes não entalhados que são submetidos às
mesmas tensões do material na raiz do entalhe.

✓ Uma vida de fadiga esperada razoável, com base na nucleação ou


formação de pequenas macrofraturas, pode então ser determinada se
conhecermos o histórico temporal da deformação local em um entalhe em
um componente e as propriedades de fadiga de vida de deformação não
entalhada do material.

✓ A vida de crescimento de trinca por fadiga restante de um componente


pode ser analisada usando conceitos de mecânica de fratura.

202
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)

203
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ Dados substanciais de fadiga de deformação-vida necessários para esse
procedimento foram acumulados e publicados na forma de propriedades
simplificadas do material de fadiga.

✓ Alguns desses dados estão incluídos na Tabela a seguir para ligas de


engenharia selecionadas. Essas propriedades são obtidas a partir de
espécimes de fadiga axial pequenos, polidos e não entalhados semelhantes.

✓ Os testes são realizados em amplitude constante, ciclos de deformação


totalmente reversos.

204
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ Os loops de histerese de estado estacionário podem predominar ao longo
da maior parte da vida de fadiga, e esses loops podem ser reduzidos a
faixas ou amplitudes de deformação elástica e plástica.

✓ Os ciclos até a falha podem variar de cerca de 10 a 106 ciclos e as


frequências podem variar de cerca de 0,1 a 10 Hz.

✓ Além de 106 ciclos os testes controlados por carga ou tensão em maiores


frequências são mais frequentemente realizados por causa da pequena ou
falta de deformações plásticas e do maior tempo para falha.

✓ As curvas de vida útil são também chamadas de “dados de fadiga de baixo


ciclo” porque muitos dos dados são para menos de cerca de 105 ciclos.
205
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
Material Processo S má x (MPa) Dureaz (HB) E (GPa) % Red. área S e (MPa) S' e (MPa) H (MPa) H' (MPa) n n' f 'f sf (MPa) s'f (MPa) b c
1010 LQ chapa 331 203 80 200 534 867 0,185 0,244 1,630 0,104 499 -0,100 -0,408
1020 LQ chapa 441 109 203 62 262 738 1962 0,190 0,321 0,960 0,377 1384 -0,156 -0,485
1038 Nrmalizado 582 163 201 54 331 342 1106 1340 0,259 0,220 0,770 0,309 898 1043 -0,107 -0,481
1038 T&R 649 195 219 67 410 364 1183 1330 0,221 0,208 1,100 0,255 1197 1009 -0,097 -0,460
Man-Tem LQ chapa 510 207 64 393 372 786 0,200 0,110 0,102 0,860 814 807 -0,071 -0,650
RQC-100 LQ chapa 931 290 207 64 883 600 1172 1434 0,060 0,140 1,020 0,660 1330 1240 -0,070 -0,690
1045 Recozido 752 225 200 44 517 1022 0,152 0,580 0,486 916 -0,079 -0,520
1045 T&R 1827 500 207 51 1689 3371 0,047 0,145 0,710 0,196 2661 -0,093 -0,643
1090 Normalizado 1090 259 203 14 735 545 1765 1611 0,158 0,174 0,150 0,250 1310 -0,091 -0,496
1090 T&R 1147 309 217 22 650 627 1895 1873 0,165 0,176 0,240 0,700 1878 -0,120 -0,600
1141 Normalizado 789 229 220 47 493 481 1379 1441 0,187 0,177 0,640 0,602 1117 1326 -0,103 -0,581
1141 T&R 925 277 227 59 814 591 1205 1277 0,074 0,124 0,880 0,309 1405 1127 -0,066 -0,514
4142 T&R 1413 380 207 48 1378 2266 0,051 0,124 0,650 0,637 2143 -0,094 -0,761
4142 T&R 1929 475 207 35 1722 2399 0,048 0,094 0,430 0,331 2161 -0,081 -0,854
4340 LQ 827 243 193 43 634 1337 0,168 0,570 0,522 1198 -0,095 -0,563
4340 T&R 1240 350 193 57 1178 1580 1887 0,066 0,137 0,840 1,122 1917 -0,099 -0,720
4340 T&R 1468 409 200 38 1371 1996 0,135 0,480 0,640 1879 -0,086 -0,636
30 Fundido 496 137 207 46 303 320 738 0,136 0,620 0,280 750 655 -0,083 -0,552
8630 Fundido 1144 305 207 29 985 682 1502 0,122 0,350 0,420 1268 1936 -0,121 -0,693
304 Recozido 572 190 276 2275 0,334 0,174 1267 -0,139 -0,415
304 LF 951 327 172 69 744 2270 0,176 1,160 0,554 2047 -0,112 -0,635
2024-T3 469 70 24 379 427 455 655 0,032 0,065 0,280 0,220 558 1100 -0,124 -0,590
5456-H311 400 95 69 35 234 817 0,145 0,420 1,076 826 -0,115 -0,797
7075-T6 579 70 34 469 524 827 0,110 0,146 0,410 0,190 745 1315 -0,126 -0,520
A356 Fundido 283 93 70 5,7 229 295 388 379 0,083 0,043 0,060 0,027 274 594 -0,124 -0,530
AZ91E-T6 Fundido 318 45 13 142 180 639 552 0,137 0,184 0,140 0,089 356 831 -0,148 -0,451
Incon 718 Envelhecido 1304 204 1110 1986 0,112 3,637 2295 -0,100 -0,894

206
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓A gama das deformações  atuantes no ponto crítico da peça é
correlacionada com o número de ciclos para iniciar a trinca, N

✓Essa modelagem requer quatro tipos de informação:

1) uma relação s×, para descrever os laços de histerese


elastoplástica na raiz do entalhe;

2) uma regra de concentração de tensões para transformar tensões e


deformações nominais s0 e 0 em s e ;

3) uma relação entre a amplitude de deformações a e a vida à fadiga N;

4) uma regra de acúmulo de dano.

207
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓Em uma determinada vida, Nf ciclos ou 2 Nf reversões, a deformação total é
a soma das deformações elásticas e plásticas.

✓ As curvas elásticas e plásticas podem ser aproximadas como linhas retas,


em diagrama log-log.

✓ Em grandes deformações ou vidas curtas, o componente de deformação


plástica é predominante.

✓ Em pequenas deformações ou vidas mais longas, o componente de


deformação elástica é predominante.

208
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ Isso é indicado pelas
curvas em linha reta e os
tamanhos do loop de
histerese na Figura.
✓ As interceptações das
duas linhas retas em 2Nf =
1 são s’f/E para o
componente elástico e ’f
para o componente
plástico.
✓ As inclinações das linhas
elásticas e plásticas são b
e c, respectivamente.

209
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ Isso fornece a seguinte equação para dados de deformação de vida de
pequenos corpos de prova axiais lisos:
Onde:
∆𝜀 ∆𝜀𝑒 ∆𝜀𝑝 ’f= coeficiente de ductilidade de fadiga
𝜀𝑎 = = +
2 2 2 c = exponente de ductilidade de fadiga
s’f = coeficiente de resistência de fadiga
𝜎′𝑓 𝑏 𝑐
𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 + 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓 b = exponente de resistência de fadiga
𝐸 E = módulo de elasticidade
σ/2 = amplitude de tensão = σa

/2 = amplitude total de deformação = a

e/2 = amplitude de deformação elástica linear = σ/(2E) = σa /E

p/2= amplitude de deformação plástica = /2- e/2


210
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
𝜎′𝑓 𝑏 𝑐
𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 + 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓
𝐸

∆𝜎 ∆𝜀𝑒 𝑏
Equação de Basquin (1910) = 𝜎𝑎 = 𝐸. = 𝐸. 𝜀𝑎 = 𝜎′𝑓 2𝑁𝑓
2 2

∆𝜀𝑝 𝑐
Equação de Coffin - Manson (1960) = 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓
2

211
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Coeficiente de resistência de fadiga

Equação de Basquin (1910) Que corresponde a uma inversão


𝜎′𝑓 𝑏 1 (1/2 ciclo) ou carregamento
𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 Fazendo 𝑁𝑓 = monotônico
𝐸 2
𝑏 Que corresponde à tensão de
𝜎′𝑓 1
𝜀𝑎 = 2. → 𝜎′𝑓 = 𝐸. 𝜀𝑎 fratura de um corpo de prova
𝐸 2
construído com o material na
condição de resposta cíclica
Uma boa aproximação é:
(encruado ou amolecido)
𝑃𝑓 2
𝜎′𝑓 ≈ 𝜎𝑓 𝜎𝑓 =
𝑅 𝐷𝑚í𝑛
𝜋𝐷𝑚í𝑛
𝐴𝑓 . 1 + 4 𝐷 𝑙𝑛 1 + 4𝑅 𝐴𝑓 =
𝑚í𝑛 4

Para aços com dureza < 500 HB é: 𝜎𝑓 ≈ 𝑆𝑚á𝑥 + 345 𝑀𝑃𝑎


212
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
Equação de Coffin - Manson (1960)
Que corresponde a uma
𝑐 1 inversão (1/2 ciclo) ou
𝜀𝑝 = 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓 Fazendo 𝑁𝑓 =
2 carregamento monotônico
𝑐
1 Que corresponde à
𝜀𝑝 = 𝜀′𝑓 2. → 𝜀′𝑓 = 𝜀𝑝
2 deformação de fratura de
um corpo de prova
construído com o material
Uma boa aproximação é:
na condição de resposta
cíclica (encruado ou
𝜀′𝑓 ≈ 𝜀𝑓 amolecido)
1
𝜀𝑓 = 𝑙𝑛 RA é a redução de área na fratura
1 − 𝑅𝐴
do corpo de prova em tração
213
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)

𝜀′𝑓

𝜎′𝑓

𝐸

214
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ As propriedades de fadiga de deformação, que também são
frequentemente referidas como "propriedades de fadiga de baixo ciclo",
são obtidas por dados de ajuste de curva de loops de histerese estáveis.

✓ O coeficiente de resistência à fadiga, σ’f, e o expoente de resistência à


fadiga, b, são a interceptação e a inclinação dos mínimos quadrados
lineares ajustados à amplitude de tensão, s/2, versus reversões à
falha, 2Nf, usando uma escala log-log.

✓ Da mesma forma, o coeficiente de ductilidade de fadiga, ’f e o expoente


de ductilidade de fadiga, c, são a interceptação e a inclinação dos
mínimos quadrados lineares ajustados à amplitude de deformação
plástica, s/2, versus reversões à falha, 2Nf, usando uma escala log-log.

215
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ As amplitudes de deformação plástica podem ser calculadas a partir de
∆𝜀𝑝 ∆𝜀 ∆𝜎
= −
2 2 2𝐸
✓ Geralmente existe uma diferença entre os valores medidos e
calculados, que resulta da diferença entre os módulos de elasticidade
monotônico e cíclico, bem como do arredondamento dos loops de
histerese próximos ao eixo de deformação que muitos materiais
apresentam.

✓ Essa diferença, entretanto, é geralmente pequena e é frequentemente


mais convenientemente usado para obter a amplitude de deformação
plástica.

216
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ Ao ajustar os dados para obter as quatro propriedades de deformação, as
amplitudes de tensão e deformação plástica devem ser tratadas como
variáveis ​independentes e a vida de fadiga como a variável dependente.

✓ Isso ocorre porque a vida em fadiga não pode ser controlada e depende
da amplitude de deformação aplicada.

✓ Além disso, dados de vidas muito curtas (às vezes menos de 10 ciclos,
mas geralmente menos de 100 ciclos) e de vida muito longa
(normalmente mais de 105 ou 106 ciclos para aços) não são geralmente
incluídos nos ajustes de dados.

✓ Isso ocorre porque a flambagem com cargas altas e os efeitos de limite de


fadiga e imprecisões na medição de pequenas deformações plásticas com
cargas baixas podem influenciar os resultados do teste.
217
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ Portanto, a equação de tensão-vida com base nas propriedades obtidas é
válida apenas para o mesmo regime de vida que os dados usados,
embora as extrapolações sejam frequentemente feitas para vidas mais
curtas e mais longas.

✓ O coeficiente de resistência cíclica, H', e o expoente de endurecimento de


deformação cíclica, n', são obtidos ajustando a amplitude de tensão
estável versus dados de amplitude de deformação plástica.

✓ Estimativas aproximadas de H 'e n' também podem ser calculadas a partir


das propriedades de fadiga de baixo ciclo.

218
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
Uma maneira de calcular, aproximadamente, os parâmetros de da equação
 - N, a partir de dados do comportamento elastoplástico do material é:
𝜎𝑎
𝜀𝑒𝑎 = → 𝜎𝑎 = 𝐸. 𝜀𝑒𝑎
𝐸
Também:
𝜎′𝑓 𝑏 𝜎′𝑓 𝑏 𝑏
𝜀𝑒𝑎 = 2𝑁𝑓 𝜎𝑎 = 𝐸. 𝐸 2𝑁𝑓 = 𝜎′𝑓 2𝑁𝑓
𝐸
1
𝜎𝑎 𝑛′
𝜀𝑝𝑎 = 𝜎𝑎 = 𝜀𝑝𝑛′𝑎 . 𝐻′
𝐻′
𝑐
𝜀𝑝𝑎 = 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓 𝑐 𝑛′ 𝑏
𝜀′𝑓 2𝑁𝑓 . 𝐻′ = 𝜎′𝑓 2𝑁𝑓
𝑛′ 𝜎′𝑓
𝑛′ 𝑐𝑛′ 𝑏 𝐻′. 𝜀′𝑓 = 𝜎′𝑓 𝐻′ = 𝑛′
𝐻′ . 𝜀′𝑓 . 2𝑁𝑓 = 𝜎′𝑓 2𝑁𝑓 𝑏
𝜀′𝑓

𝑐𝑛 = 𝑏 𝑛′ =
𝑐 219
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
Os parâmetros de da equação b e c podem ser estimados como:

b: varia como -0,12  b  -0,05 para a maioria dos metais, com uma média
de -0,085.
c: não é tão bem definido como os outros parâmetros. Uma aproximação
seria:
Coffin: c  -0,5
Manson: c  -0,6
Morrow: -0,7  c  -0,5

Materiais muito dúcteis, com f  1,0, apresentam na média c = -0,6.


Materiais muito resistentes, com f  0,5, apresentam c  -0,5.

220
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)

✓ Valores de H ‘e n' obtidos do ajuste direto dos dados experimentais e


calculados a partir das relações aproximadas podem ser muito semelhantes ou
muito diferentes, dependendo da qualidade dos ajustes linearizados
representados pelas Equações de Ramsber-Osgood, Basquin e Coffin-Manson.

✓ Uma grande diferença para um material pode indicar que o comportamento


elástico e plástico de deformação-vida não é bem representado por ajustes
log-log linearizados.

✓ Nesse caso, a Equação -N pode não ser representativa do comportamento de


tensão-vida para o material.

✓ Recomenda-se que os valores de H 'e n' obtidos do ajuste direto dos dados
experimentais sejam usados no projeto de fadiga, em preferência aos valores
calculados aproximadamente.
221
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)
✓ Muralidharan e Manson aproximaram a Equação
𝜎′𝑓 𝑏 𝑐
𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 + 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓
𝐸

✓ com seu método de inclinações universais, onde Smáx ,E e f são todos obtidos
a partir de um teste de tração monotônica.
0,832 −0,53
𝑆𝑚á𝑥 −0,09 0,155 𝑆𝑚á𝑥 −0,56
𝜀𝑎 = 0,623. 2𝑁𝑓 + 0,0196. 𝜀𝑓 . 2𝑁𝑓
𝐸 𝐸

✓ Supõe-se que os dois expoentes são fixos para todos os metais e que apenas
Smáx ,E e f controlam o comportamento de fadiga.

✓ Esse modelo foi obtido com base em dados de 47 metais, incluindo aços,
alumínio e ligas de titânio.
222
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17
Determinar as constantes da relação tensão x deformação e deformação x vida
para os dados de ensaio elastoplástico cíclico a seguir, com 𝐸 = 195800 𝑀𝑃𝑎:
∆𝜺 ∆𝝈 ∆𝜺𝒆 ∆𝜺𝒑 2.Nf
𝟐 𝟐 𝟐 𝟐
0,03930 1120 0,00572 0,03358 50
0,03930 1117 0,00570 0,03360 68
0,02925 1069 0,00546 0,02379 122
0,01975 989 0,00505 0,01470 256
0,01960 989 0,00505 0,01455 350
0,01375 941 0,00481 0,00894 488
0,00980 900 0,00460 0,00520 1364
0,00980 872 0,00445 0,00535 1386
0,00655 834 0,00426 0,00229 3540
0,00630 820 0,00419 0,00211 3590
0,00460 786 0,00401 0,00059 9100
0,00360 731 0,00373 -0,00013 35200
0,00295 583 0,00298 -0,00003 140000 223
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

𝜎′𝑓 𝑏
𝜀𝑒𝑎 = 2𝑁𝑓
𝐸

𝜎′𝑓
= 0,007831
𝐸
𝜎′𝑓 = 195800 . 0,007831

𝜎′𝑓 = 1533 𝑀𝑃𝑎

𝑏 = −0,076144

224
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

𝑐
𝜀𝑎𝑝 = 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓

𝜀′𝑓 = 0,811161

c = −0,731859

225
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

226
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

227
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

𝜎𝑎 = 𝜀𝑝𝑛′𝑎 . 𝐻′

𝐻 ′ = 1492 𝑀𝑃𝑎

𝑛′ = 0,093865

228
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

Cálculo aproximado, para os dados do ensaio de tração do material:


𝜎𝑓 = 1572 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓 = 0,734
𝐸 = 195800 𝑀𝑃𝑎
Empregando-se:
𝑏 = −0,085 𝑏 −0,085 ′ = 0,1417

𝑛 =

→ 𝑛 = −0,6 → 𝑛
𝑐 = −0,6 𝑐

𝜎′𝑓 ≅ 𝜎𝑓 = 1572 𝑀𝑃𝑎 𝜀′𝑓 = 𝜀𝑓 = 0,734

𝜎′𝑓 1572
𝐻′ = 𝑛′ → 𝐻′ = → 𝐻 ′ = 1642 𝑀𝑃𝑎
0,734 0,1417
𝜀′𝑓

229
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

Calculado a partir de
Parâmetro Diferença
dados experimentais aproximações
𝜎′𝑓 1533 𝑀𝑃𝑎 1572 𝑀𝑃𝑎 +2,54 %
𝜀′𝑓 0,8112 0,7340 −9,5 %
𝑏 −0,0761 −0,0850 +11,7 %
𝑐 −0,7319 −0,6000 −18,0 %
𝐻′ 1492 𝑀𝑃𝑎 1642 𝑀𝑃𝑎 +10,0 %
𝑛′ 0,0939 0,1417 +50,9 %

230
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Vida de fadiga de transição

✓ A vida na qual os componentes elásticos e plásticos da deformação são


iguais é chamada de “vida de fadiga de transição”, 2Nt.

✓ Esta é a vida em que as curvas de


deformação elástica e plástica se
cruzam.

✓ A equação para a vida de fadiga


de transição pode ser derivada
igualando as deformações
elásticas e plásticas.
1
𝜎′𝑓 𝑏 𝑐 𝜀′𝑓 𝐸 𝑏−𝑐
2𝑁𝑓 = 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓 → 2𝑁𝑡 =
𝐸 𝜎′𝑓
231
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Vida de fadiga de transição

✓ Para vidas menores que 2Nt a deformação é principalmente plástica.

✓ Para vidas maiores que 2Nt, a deformação é principalmente elástica.

✓ A vida da fadiga de transição diminui com o aumento da dureza para aços e


pode ser de apenas alguns ciclos para metais de alta resistência e da ordem
de 105 ciclos para metais com comportamento dúctil.

✓ Isso indica que mesmo em vidas relativamente longas, de mais do que 105
ciclos, deformação plástica significativa pode estar presente. Portanto, a
abordagem baseada em deformação é uma abordagem apropriada para
uso.

232
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Vida de fadiga de transição

✓ De uma forma geral, com N < 10 Nt, ou N < 5.(2 Nt), a deformação plástica é
importante e nesta região é definido o regime de fadiga a baixo ciclos.

✓ No caso de N > 10 Nt ou N > 5.(2 Nt), a deformação plástica existe ainda, mas
não é tão importante, definindo-se o regime de fadiga a alto número de ciclos.

233
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Vida de fadiga de transição
Material Processo S má x (MPa) E (GPa) S e (MPa) S' e (MPa) 'f s'f (MPa) b c 2Nt
A356 Fundido 283 70 229 295 0,027 594 -0,124 -0,530 17
4142 T&R 1929 207 1722 0,331 2161 -0,081 -0,854 87
1045 T&R 1827 207 1689 0,196 2661 -0,093 -0,643 142
AZ91E-T6 Fundido 318 45 142 180 0,089 831 -0,148 -0,451 180
2024-T3 469 70 379 427 0,220 1100 -0,124 -0,590 288
7075-T6 579 70 469 524 0,190 1315 -0,126 -0,520 355
4142 T&R 1413 207 1378 0,637 2143 -0,094 -0,761 481
5456-H311 400 69 234 1,076 826 -0,115 -0,797 732
8630 Fundido 1144 207 985 682 0,420 1936 -0,121 -0,693 774
Incon 718 Envelhecido 1304 204 1110 3,637 2295 -0,100 -0,894 1448
304 LF 951 172 744 0,554 2047 -0,112 -0,635 1546
RQC-100 LQ chapa 931 207 883 600 0,660 1240 -0,070 -0,690 1967
4340 T&R 1240 193 1178 1,122 1917 -0,099 -0,720 2022
4340 T&R 1468 200 1371 0,640 1879 -0,086 -0,636 2154
1090 Normalizado 1090 203 735 545 0,250 1310 -0,091 -0,496 8344
1090 T&R 1147 217 650 627 0,700 1878 -0,120 -0,600 9434
1141 T&R 925 227 814 591 0,309 1127 -0,066 -0,514 10106
Man-Tem LQ chapa 510 207 393 372 0,860 807 -0,071 -0,650 11160
4340 LQ 827 193 634 0,522 1198 -0,095 -0,563 12965
30 Fundido 496 207 303 320 0,280 655 -0,083 -0,552 14163
1141 Normalizado 789 220 493 481 0,602 1326 -0,103 -0,581 15241
1045 Recozido 752 200 517 0,486 916 -0,079 -0,520 39227
1038 Nrmalizado 582 201 331 342 0,309 1043 -0,107 -0,481 55673
1038 T&R 649 219 410 364 0,255 1009 -0,097 -0,460 63374
304 Recozido 572 190 276 0,174 1267 -0,139 -0,415 135626
1010 LQ chapa 331 203 200 0,104 499 -0,100 -0,408 190815
1020 LQ chapa 441 203 262 0,377 1384 -0,156 -0,485 198136 234
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)

✓ As diferenças gerais entre os metais sob testes controlados por


deformação são mostradas esquematicamente na Figura.

✓ Alguns metais têm vida semelhante em uma amplitude de deformação


total de cerca de 0,01.

✓ Em grandes deformações, o
aumento da vida útil depende
mais da ductilidade, enquanto
em pequenas deformações a
vida útil mais longa é obtida
de materiais de maior
resistência.

235
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)

✓ O comportamento geral ideal de vida útil de deformação é para metais


duros, que têm boas combinações de resistência e ductilidade.

✓ "Vida de fadiga" aqui se refere à:

✓ nucleação ou formação de uma pequena trinca detectável;

✓ uma redução percentual na carga de tração causada pela nucleação e


crescimento da trinca;

✓ uma diminuição na proporção de descarga para módulos de carga


devido à presença de uma trinca ou trincas;

✓ fratura final.
236
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)

✓ Para o critério de fratura final, a trinca cresceria cerca de 10 a 50 % da


seção transversal do corpo de prova.

✓ Uma vez que os espécimes de teste de tensão de vida têm geralmente


entre cerca de 3 e 10 mm (1/8 e 3/8 pol.) de diâmetro, isso implica que
os critérios de fratura de tensão de vida são baseados em trincas
crescendo a uma profundidade de cerca de 0,25 a 5 mm (0,01 a 0,2 pol.).

✓ O valor real depende da amplitude da deformação, do módulo de


elasticidade e da tenacidade à fratura do material.

✓ Os outros três critérios baseiam-se na vida até as fissuras, que


geralmente são menores do que aquelas na fratura.

237
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)

✓ Em geral, trincas menores que 0,25 mm (0,01 pol.) não seriam


prontamente observadas nesses testes e provavelmente não causariam
diminuição suficiente na carga de tração ou descarga para módulos de
carga para encerrar um teste.

✓ Assim, uma conclusão razoavelmente importante a respeito dos critérios


de falha em testes de deformação de espécimes lisos não entalhados é
que a vida até a falha significa vida até comprimentos de trinca por
fadiga de 0,25 a 5 mm (0,01 a 0,2 pol.).

✓ Este intervalo é bastante grande; assim, pode-se referir a este


comprimento de trinca de fadiga como um comprimento "da ordem de 1
mm".

238
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)

✓ Muitos dados de fadiga de vida de tensão de baixo ciclo são obtidos


nessas condições.

✓ Esses valores são obtidos a partir de ensaios em corpos de prova lisos


(não entalhados) e, também, não consideram influências de acabamento
de superfície, tamanho, concentração de tensão, temperatura e
corrosão, que devem ser incluídos no projeto de fadiga.

239
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Metodologia de Vida à Deformação ( –N)

✓ A abordagem baseada em deformação unifica o tratamento da fadiga de


baixo ciclo e alto ciclo.

✓ Essa abordagem também se aplica a aplicações de longa vida, onde


podem existir pequenas deformações plásticas.

✓ Nesse caso, o termo de deformação plástica é insignificante e a equação


de vida de deformação total se reduz à Equação de Basquin, que também
foi usado para a abordagem tensão-vida (S-N).

✓ Portanto, a abordagem baseada em deformação é uma abordagem


abrangente que pode ser aplicada a regimes de fadiga de ciclo baixo e
alto.

240
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura EFEITOS DE TENSÃO MÉDIA

✓ O comportamento controlado por deformação e o comportamento de


fadiga foram definidos para a deformação completamente reversa
𝜀𝑚í𝑛
𝑅= = −1
𝜀𝑚á𝑥
✓ Em muitas aplicações, no entanto, uma deformação média pode estar
presente.
✓ Carregamento cíclico controlado por deformação com uma deformação
média geralmente resulta em uma tensão média que pode se relaxar
total ou parcialmente com a continuação do ciclo.

241
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura EFEITOS DE TENSÃO MÉDIA

✓ Este relaxamento é devido à presença de deformação plástica e,


portanto, a taxa ou quantidade de relaxamento depende da magnitude
da amplitude da deformação plástica.

✓ Como resultado, há mais relaxamento de tensão média em amplitudes


de deformação maiores.

✓ O relaxamento do estresse é diferente do amolecimento cíclico e pode


ocorrer em um material ciclicamente estável.

✓ A tensão média geralmente não afeta o comportamento de fadiga, a


menos que resulte em uma tensão média não totalmente relaxada.

242
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura EFEITOS DE TENSÃO MÉDIA

Aparecimento e desaparecimento
de bandas de deslizamento em
vários pontos do primeiro ciclo do
laço de histerese durante
carregamento de fadiga em liga de
alumínio sob tração

243
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura EFEITOS DE TENSÃO MÉDIA

✓ Uma vez que há mais relaxamento de tensão média em amplitudes de


deformação mais altas devido às deformações plásticas maiores, o efeito
de tensão média na vida de fadiga é menor na região de fadiga de ciclo
baixo e maior na região de fadiga de ciclo alto.

Amplitude de deformação, a

Reversões até a falha, 2Nf


244
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura EFEITOS DE TENSÃO MÉDIA

✓ O efeito geral da tensão média na vida em fadiga usando a abordagem S-


N é bem equacionado.

✓ A inclusão de efeitos médios de tensão em métodos de predição de


fadiga envolvendo dados de deformação é mais complexa. Um método,
muitas usado é o Método de Morrow:
∆𝜀 𝜎′𝑓 − 𝜎𝑚 𝑏 𝑐
= 𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 + 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓
2 𝐸
Onde 𝜎𝑚 é a tensão média.
𝜎𝑚 é considerado positivo para valores de tração e negativo para valores de
compressão. Prevê que a tensão média de tração é prejudicial e a tensão
média compressiva é benéfica. Também prevê mais efeito da tensão média
em vidas longas.
245
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura EFEITOS DE TENSÃO MÉDIA

✓ O critério de Manson e Halford envolve a tensão média na parcela


elástica e na parcela plástica da deformação, para manter a
independência entre a deformação e a tensão média:
𝑐
∆𝜀 𝜎′𝑓 − 𝜎𝑚 𝑏 𝜎′𝑓 − 𝜎𝑚 𝑏 𝑐
= 𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 + 𝜀′𝑓 . 2𝑁𝑓
2 𝐸 𝜎′𝑓

Onde 𝜎𝑚 é a tensão média.


✓ Um terceiro critério é SWT – Smith, Watson e Topper:
2𝑏 𝑏+𝑐
𝜎𝑚á𝑥 𝜀𝑎 𝐸 = 𝜎′𝑓2 . 2𝑁𝑓 +𝜎′𝑓. 𝜀′𝑓 . 𝐸. 2𝑁𝑓

Onde 𝜎𝑚á𝑥 = 𝜎𝑚 + 𝜎𝑎
✓ Esse modelo tem por base que 𝜎𝑚á𝑥 𝜀𝑎 é constante para uma mesma
vida.
246
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fatores que influenciam o comportamento da vida em deformação

✓ Semelhante à abordagem S-N, além da tensão média, muitos outros


fatores podem influenciar o comportamento de fadiga de deformação-
vida de um material.

✓ Isso inclui concentrações de tensões, tensões residuais, estados de


tensão multiaxiais, efeitos ambientais, tamanho e efeitos de
acabamento de superfície.

✓ Os efeitos de muitos desses fatores são semelhantes aos do


comportamento S-N.

✓ Uma vantagem da abordagem de deformação-vida para predição de


fadiga é sua capacidade de contabilizar diretamente as deformações
plásticas frequentemente presentes em concentrações de tensão.
247
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fatores que influenciam o comportamento da vida em deformação

✓ Os efeitos da tensão residual na vida em fadiga são semelhantes aos


efeitos da tensão média.

✓ Portanto, há pouca ou nenhuma influência em vidas curtas devido ao


relaxamento de tensão resultante da deformação plástica e mais
influência em vidas longas, onde as deformações são principalmente
elásticas.

✓ Os efeitos ambientais no comportamento de deformação, incluindo


baixas e altas temperaturas e corrosão, tem influência semelhante ao
critério S-N.

✓ Os efeitos de tamanho no comportamento de deformação são


semelhantes aos encontrados usando a abordagem S-N.
248
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fatores que influenciam o comportamento da vida em deformação
✓ Os efeitos de acabamento de superfície também são semelhantes aos da
abordagem S-N.

✓ Uma vez que as trincas por fadiga frequentemente são nucleadas primeiro na
região de ciclo baixo devido a grandes deformações plásticas, geralmente há
pouca influência do acabamento da superfície em vidas curtas.

✓ Por outro lado, há mais influência no regime de fadiga de alto ciclo, onde a
deformação elástica é dominante.

✓ Portanto, apenas a parte elástica da curva de deformação-vida é modificada


para levar em conta o efeito do acabamento da superfície.

✓ Isso é feito reduzindo a inclinação da curva de deformação-vida elástica, b, de


maneira análoga à modificação da curva S-N para acabamento de superfície.
249
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fatores que influenciam o comportamento da vida em deformação
✓ O procedimento é mostrado esquematicamente na Figura. Nesta figura, Sn
denota um limite de fadiga para um acabamento de superfície polida.

Superfície polida
Amplitude de deformação Superfície não polida

Deformação total

Deformação 𝑆𝑛ൗ
elástica 𝐸
Deformação 𝑘𝑎 𝑆𝑛ൗ
plástica 𝐸

Reversões até a falha (2Nf) 250


TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fatores que influenciam o comportamento da vida em deformação

✓ A inclinação da curva de deformação-vida elástica para a condição de


superfície polida é então reduzida de b para b’ diminuindo o limite de fadiga
com o fator de correção, ka.

✓ A inclinação b’ para aços com um limite de fadiga assumido em 106 ciclos


pode ser calculada a partir de

𝑏 ′ = 𝑏 + 0,159. 𝑙𝑜𝑔𝑘𝑎

251
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18
Tensão e deformação elastoplástica em furo circular – Regra de Neuber:
d=16 mm ; Kt=3
Tensão nominal máxima s0máx=500 MPa
Tensão nominal mínima s0mín=-150 MPa
em material com
Se=700 MPa
Smáx=1200 MPa Regra de Neuber
E=210000 MPa Tensão (smáx) 921 MPa
H=1400 MPa Carga monotônica
Deformação (máx) 0,01163
H’=1530 MPa Descarga até carga Tensão (smín) -737 MPa
n=0,085 mínima Deformação (mín) 0,001356
n’=0,091 Amplitude de 829 MPa
σ’f=1545 MPa tensão (sa)
Carga cíclica
’f=1,113 Amplitude de 0,005137
b= -0,0527 deformação (a)
c= -0,579 252
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Número de ciclos de transição

1
𝜀′𝑓 𝐸 𝑏−𝑐
2𝑁𝑡 =
𝜎′𝑓

1
1,113.210000 −0,0527−(−0,579)
2𝑁𝑡 =
1545

2𝑁𝑡 = 13858 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑡 = 6929 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
253
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Regra de Morrow
𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎𝑚í𝑛
Tensão média 𝜎𝑚 =
2
921 + (−737)
𝜎𝑚 = = 92 𝑀𝑃𝑎
2
𝜎′𝑓 − 𝜎𝑚 𝑏 𝑐
𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 + 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓
𝐸
1545 − 92 −0,0527 −0,579
0,005137 = 2𝑁𝑓 + 1,113. 2𝑁𝑓
210000

2𝑁𝑓 = 105319 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑓 = 52659 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
254
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Regra de Manson e Halford


𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎𝑚í𝑛
Tensão média 𝜎𝑚 =
2
921 + (−737)
𝜎𝑚 = = 92 𝑀𝑃𝑎
2
𝑐
𝜎′𝑓 − 𝜎𝑚 𝑏 𝜎′𝑓 − 𝜎𝑚 𝑏 𝑐
𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 + 𝜀′𝑓 . 2𝑁𝑓
𝐸 𝜎′𝑓
−0,579
1545 − 92 −0,0527 1545 − 92 −0,0527 −0,579
0,005137 = 2𝑁𝑓 + 1,113. 2𝑁𝑓
210000 1545

2𝑁𝑓 = 42205 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑓 = 21102 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
255
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Regra de Smith, Watson e Topper


𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎𝑚í𝑛 𝜎𝑚á𝑥 = 𝜎𝑚 + 𝜎𝑎
Tensão média 𝜎𝑚 =
2
921 + (−737) 𝜎𝑚á𝑥 = 92 + 829 = 921 𝑀𝑃𝑎
𝜎𝑚 = = 92 𝑀𝑃𝑎
2
2𝑏 𝑏+𝑐
𝜎𝑚á𝑥 𝜀𝑎 𝐸 = 𝜎′𝑓2 . 2𝑁𝑓 +𝜎′𝑓. 𝜀′𝑓 . 𝐸. 2𝑁𝑓

2.−0,0527 −0,0527+(−0,579)
921.0,005137.210000 = 15452 . 2𝑁𝑓 +1545.1,113.210000. 2𝑁𝑓

2𝑁𝑓 = 87011 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑓 = 43505 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
256
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Método das inclinações universais

0,832 −0,53
𝑆𝑚á𝑥 −0,09 0,155 𝑆𝑚á𝑥 −0,56
𝜀𝑎 = 0,623. 2𝑁𝑓 + 0,0196. 𝜀𝑓 . 2𝑁𝑓
𝐸 𝐸

0,832 −0,53
1200 −0,09 0,155
1200 −0,56
0,005137 = 0,623. 2𝑁𝑓 + 0,0196. 1,113 . 2𝑁𝑓
210000 210000

2𝑁𝑓 = 13072 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑓 = 6536 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

257
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

11. FRATURA

258
EM
ESTRUTURAS CRISTALINAS
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Características de fratura macroscópica

✓ Como é visível na figura as falhas de serviço de engenharia podem gerar


grandes áreas de superfície de fratura.

✓ Um elemento-chave na análise de uma determinada falha reside na


identificação do (s) mecanismo (s) pelo (s) qual (is) uma trinca crítica se
desenvolveu.

✓ É necessário que se focalize a


maior parte da atenção na
região de origem da trinca, em
vez de nas áreas maiores
associadas à rápida fratura
instável.

Deformation and fracture mechanics of engineering materials


R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.
259
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Características de fratura macroscópica

✓ Um exame por partes de toda a superfície de fratura do navio da figura, um


milímetro quadrado de cada vez, levaria anos para ser concluído, seria
extremamente caro e seria excessivamente redundante.

✓ Felizmente, a trinca geralmente deixa uma série de marcas de fratura em


seu rastro que podem indicar a direção relativa e o caráter do movimento
da trinca.

✓ Essas marcações diferem de uma classe de material para outra e de um


modo de falha para outro.

✓ Mas o nível de tensão, as condições de carregamento e a direção do


crescimento da trinca são frequentemente evidentes para o observador
treinado.
260
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Metais

✓ Os metais têm o maior potencial de alta tenacidade à fratura de qualquer


classe de material, o que é indiscutivelmente o principal motivo de os
metais serem tão amplamente usados ​para aplicações estruturais.

✓ No entanto a tenacidade à fratura de metais, que é a capacidade de


suportar uma trinca sob tensão de forma estável, pode variar em
aproximadamente duas ordens de magnitude.

✓ Em grande parte, isso se deve à ampla variação na ductilidade encontrada


na classe dos metais. A tenacidade do metal também pode ser sensível a
variações nas condições de processamento ou uso, e essa sensibilidade
pode ser evidente a partir da extensão da deformação plástica presente.

261
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Metais

✓ A tenacidade de uma liga de metal na forma de placa pode, muitas vezes,


ser avaliada pelas quantidades relativas de fratura macroscopicamente
plana e inclinada.
Fratura inclinada

✓ Superfícies fraturadas de corpos de prova


de alumínio revelando falha do tipo
oblíqua e plana.

✓ A diminuição do nível de tenacidade


corresponde ao aumento da fração de
fratura plana, como à direita.

Fratura plana
Deformation and fracture mechanics of engineering materials
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition. 262
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Metais

✓ Percebe-se, então, que os níveis de tenacidade são mais altos em


associação com uma aparência de fratura inclinada e correspondentemente
mais baixos quando a superfície de fratura é essencialmente plana.

✓ Falhas devido principalmente a cisalhamento ou carregamento de torção


não criam lábios de cisalhamento, mas o rasgo dúctil da superfície de fratura
tende a deixar outras evidências de deformação plástica: marcas lineares de
rasgo no caso de cisalhamento e marcas em espiral no caso de torção.

Evidência visível de plasticidade em


falhas por sobrecarga de cisalhamento
e torção de hastes cilíndricas de Ti-6Al-
4V recozidas.

Deformation and fracture mechanics of engineering materials


R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.
263
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Metais

✓ O caminho da trinca oferece outro indicador potencial entre fratura de


metal dúctil x frágil.

✓ Falhas de metais tenazes tendem a resultar em uma única trinca,


simplificando a determinação da origem.

✓ Falhas de metal frágil, no entanto, são essencialmente elásticas até o


ponto de fratura e podem, portanto, liberar energia considerável sem
nenhum lugar para ir, exceto para o crescimento de trincas.

✓ Nesses casos, pode haver ramificação significativa de trinca durante a


falha, resultando em múltiplas superfícies de fratura. Felizmente,
existem marcações de superfície de fratura macroscópica exclusivas que
muitas vezes são visíveis em falhas de metal quebradiço que permitem
que o processo de falha seja reconstruído.
264
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Metais

✓ Em alguns componentes, as falhas frágeis deixam marcações radiais que


se espalham a partir da origem da trinca, como mostrado na figura para
o caso de uma barra de aço de alta resistência de 60 mm de diâmetro
(Se = 550 MPa) com uma origem de fratura próxima ao centro.

Marcações radiais apontando a


partir da origem de uma falha
interna na barra de aço de alta
resistência.

Deformation and fracture mechanics of engineering materials


R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.
265
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Metais

✓ Se o crescimento das linhas radiais for restrito dimensionalmente ao longo


da largura de uma placa elas desenvolvem uma forma distinta (chamada de
marcações em chevron) com linhas inclinadas que divergem a partir da
espessura média da superfície de fratura, como mostrado na figura.

As marcações Chevron (de


divisas) nos metais se curvam a
partir das duas superfícies e
apontam para a origem da
trinca.

Deformation and fracture mechanics of engineering materials


R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.

266
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Metais

✓ Acredita-se que pequenas fissuras frágeis são nucleadas na zona altamente


estressada à frente da fissura primária e então voltam a crescer para encontrar
a fissura que avança, formando essas linhas inclinadas de cisalhamento.

✓ As marcações chevron em uma falha altamente ramificada podem apontar em


direções diferentes em relação à geometria do componente, mas é importante
reconhecer que todos os diferentes conjuntos de marcações chevron apontam
no mesma direção relativa - de volta à origem.

As marcações chevron nos


metais se inclinam a partir das
duas superfícies e apontam
para a origem da trinca.
Deformation and fracture mechanics of engineering materials
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.

267
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Polímeros
✓ Embora a faixa de tenacidade absoluta para polímeros seja pequena em
comparação com a dos metais, os materiais poliméricos são onipresentes
em produtos de consumo.

✓ Eles também desempenham funções críticas como componentes de


dispositivos médicos e como adesivos estruturais para os quais a falha
pode ser catastrófica.

✓ Os polímeros, como os metais, podem variar consideravelmente em sua


capacidade de deformação plástica e, portanto, de tenacidade relativa,
onde a evidência visível de plasticidade pode ser importante na avaliação
de uma fratura de polímero.

✓ No entanto, os mecanismos responsáveis ​pela plasticidade (e dissipação de


energia em geral) em polímeros são bastante diferentes daqueles ativos
em metais. 268
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Polímeros
✓ É possível que um material polimérico exiba resistência à fratura razoável
sem evidência macroscópica de distorção significativa por plastificação
(isto é, mudança óbvia de tamanho de seção transversal). Este é um
afastamento significativo do comportamento do metal.

✓ Em certos polímeros, particularmente


alguns termoplásticos vítreos, meca-
nismos de plasticidade em microescala
como fissuras e a formação de bandas de
cisalhamento podem ocorrer sem que
ocorra qualquer distorção maior na
escala macroscópica.

Fissuramento em um copo de plástico. Clareamento devido à tensão em um


cabo de escova de dentes elétrica quebrado. Deformation and fracture mechanics of engineering materials
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.
269
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Polímeros

✓ A presença de fissuramento ou faixas de cisalhamento é uma indicação


de acúmulo de danos, escoamento altamente localizado e absorção de
energia antes da fratura total.

✓ O clareamento por tensão - dispersão induzida de luz associada a danos


microscópicos - também pode ser visível macroscopicamente, mas os
micromecanismos de fragilização e endurecimento podem causar esse
efeito visual, portanto uma conclusão simples sobre a plasticidade não
pode ser feita a partir de sua presença.

✓ Assim, a distinção visual entre fratura "dúctil" e "frágil" em polímeros é


problemática, e depende-se do grau de absorção de energia para
determinar se uma falha envolve resistência à fratura relativamente alta
ou baixa.

270
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Polímeros

✓ Em função dos desafios envolvidos na interpretação da evidência visual, é


comum categorizar fraturas de polímero como frágeis ou dúcteis resistentes
como aquelas com baixa deformação na falha (por exemplo, menos de 4%
em tração) e aquelas com maior deformação na falha, respectivamente.

✓ Outra diferença crítica entre a fratura de polímero e a fratura de metal é o


nível de influência que a temperatura, a taxa de deformação e o nível de
tensão podem afetar no valor da tenacidade e, portanto, o modo de fratura.

✓ Os polímeros podem, por exemplo, mostrar mudanças enormes na


resistência com mudanças bastante pequenas na temperatura. Da mesma
forma, o mesmo polímero pode fraturar por modos de fratura frágil, dúctil
ou por fluência quando sujeito a tensões constantes altas, médias ou
baixas.
271
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Polímeros
✓ À temperatura ambiente, a fratura frágil é típica para termoplásticos vítreos,
como poliestireno (PS), polimetilmetacrilato (PMMA, acrílico) e cloreto de
polivinil não plastificado (PVC), e para termofixos altamente reticulados,
como epóxis.

✓ Esses materiais estão operando abaixo ou muito próximos da Tg em


temperatura ambiente, ou são tão altamente reticulados que a temperatura
tem pouca influência no comportamento.

✓ Tg é a temperatura em que ocorre a transição de um estado vítreo, no qual


as moléculas da fase amorfa não possuem mobilidade, para um estado mais
flexível, em que as moléculas da fase amorfa passam a ter mobilidade.

✓ Os elastômeros podem acomodar deformações muito altas, mas geralmente


há muito pouca deformação plástica envolvida, então a fratura também é
repentina. 272
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Polímeros

✓ Em falhas frágeis, podem ser formadas características de fratura idênticas


àquelas em vidros e cerâmica.

✓ Maior tenacidade à temperatura ambiente é típica de muitos


termoplásticos semicristalinos, como polietileno (PE), polipropileno (PP),
para-aramida (PA, por exemplo, Kevlar) e nylon, e também de certos
polímeros amorfos, incluindo policarbonato (PC), tereftalato de polietileno (
PET) e PVC plastificado. Pode haver rompimento óbvio, cisalhamento e
escoamento no nível macroscópico, mas indicações claras da direção de
propagação da trinca geralmente estão ausentes.

✓ Tal como acontece com as fraturas de metal de maior tenacidade, os


fragmentos são provavelmente poucos em número, portanto a identificação
da origem ainda pode ser tratável, mesmo sem indicadores direcionais
óbvios.
273
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de vidros e cerâmicas

✓ Vidros e cerâmicas devem ser usados ​com muito cuidado em aplicações


críticas de suporte de carga devido à sua baixa tenacidade absoluta em
condições normais de uso e sua falta de capacidade para deformação
plástica.

✓ No entanto, essa falta de plasticidade simplifica um pouco a análise de


falha por observação macroscópica porque a tenacidade relativa dentro
desta classe de material dependerá apenas da resistência do material,
não da ductilidade.

✓ Um dos melhores indicadores do nível de energia absoluta em uma


fratura frágil de cerâmica ou vidro e, portanto, da resistência do material
envolvido, é a aparência macroscópica do trajeto da trinca. Materiais
cerâmicos e de vidro de alta resistência podem apresentar altos níveis de
tensão antes que ocorra falha.
274
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de vidros e cerâmicas

✓ As fraturas em vidros e cerâmicas, de resistência relativamente alta,


liberam sua energia elástica armazenada violentamente, resultando em
ramificações significativas de trincas e numerosos fragmentos que são
frequentemente ricos em características de superfície.

✓ A distância entre os ramos da trinca às vezes pode ser usada para avaliar
o nível de estresse de falha quantitativamente.

Nível de energia e
padrões de ramificação
de trincas associados a
três falhas de vidro com
origens centrais.
Deformation and fracture mechanics of engineering materials
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.
Alta resistência Moderada resistência Baixa resistência
275
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de vidros e cerâmicas

✓ A fratura do vidro temperado é um caso especial de falha de energia


relativamente alta em que a maior parte da energia liberada vem da
tensão residual presente no vidro.

✓ Essa falha é virtualmente inconfundível, com uma extensa rede de


trincas que pode reduzir uma lâmina inteira de vidro a pequenos
fragmentos.

Fratura típica de vidro temperado


ilustrando a rede de rachaduras que se
forma quando a energia armazenada no
vidro é liberada repentinamente. Os
muitos fragmentos, ainda frouxamente
mantidos juntos, têm cada um cerca de
10 mm de diâmetro.
Deformation and fracture mechanics of engineering materials
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition. 276
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de vidros e cerâmicas

✓ Em contraste, fraturas de muito baixa energia associadas a materiais


fracos resultam em muito pouca ramificação de trinca e poucas marcas
de fratura nas superfícies de fratura.

✓ Um bom exemplo disso é um choque térmico decorrente de um


pequeno gradiente de temperatura e uma falha de borda. Nesse caso,
uma única fissura normalmente se estende diretamente do local de
origem. A trinca pode evoluir sinuosamente após uma curta distância,
mas a ramificação é mínima.
Esboços de uma trinca típica de fratura
térmica no vidro que emerge de uma borda
em 90°, evolui curvando-se e, em seguida,
termina dentro da placa.

Deformation and fracture mechanics of engineering materials 277


R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de vidros e cerâmicas

✓ Se a trinca se estender para fora da região do gradiente térmico, ou se a


falha da borda for severa, pode haver força motriz insuficiente para o
crescimento contínuo e a trinca pode parar dentro do material.

Lâminas de microscópio de vidro com


fraturas térmicas completas (superior) e
incompletas (inferior) que foram iniciadas
em falhas nas bordas inferiores. As origens
das trincas são marcadas com setas.

Deformation and fracture mechanics of engineering materials


R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.

278
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de vidros e cerâmicas

✓ O caminho da trinca também pode indicar o tipo de carregamento que


existia no momento da fratura.

✓ Assim como no metal, uma superfície de fratura sob carga de tração pura
apareceria como um plano alinhado perpendicularmente à direção de
carga de tração.

✓ O carregamento térmico pode criar essa condição em uma falha de


borda, criando fraturas que são inicialmente perpendiculares à borda da
placa. Mesmo após o início da sinuosidade da trinca, o plano de fratura
permanece perpendicular às superfícies da placa.

✓ Além das fraturas térmicas, entretanto, as trinca planas não são muito
comuns porque o carregamento mecânico de tração pura de
componentes de vidro ou cerâmica raramente ocorre.
279
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de vidros e cerâmicas

✓ Muito mais comum em serviço é a falha por flexão, durante a qual um


lado do componente está em tensão e o outro em compressão.

✓ Como seria de se esperar, as trincas que se propagam começam no lado


da tensão e se desviam de seu padrão de crescimento perpendicular à
medida que se aproximam do lado do componente sob compressão.

✓ Isso resulta em uma ondulação em balanço característica.


Força

Ondulação
em balanço Ondulação em balanço formada no
lado da compressão sob uma tensão
de flexão Deformation and fracture mechanics of engineering materials 280
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de vidros e cerâmicas

✓ Se o nível de energia for alto o suficiente, pode ocorrer ramificação de


trinca e a ondulação pode bifurcar.

✓ Um pouco menos comum do que a flexão, o carregamento de torção de


uma haste cria tensões de tração em um ângulo 45° em relação ao eixo
de torção.

✓ Isso geralmente resulta em uma fratura


helicoidal distinta

✓ A semelhança com outros materiais


quebradiços pode ser vista observando-
se a fratura por torção de um osso de
dedo. Deformation and fracture mechanics of engineering materials
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.

281
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de vidros e cerâmicas

✓ As superfícies de fratura de vidro e cerâmica geralmente exibem linhas


de Wallner, também conhecidas como marcas de nervuras, que são
características curvas que se espalham na direção do crescimento da
fissura como ondulações de uma pedra jogada em um lago.

✓ Essa curvatura é oposta em relação à origem da trinca, conforme marcas


de divisas (Chevron) em metal ou marcações parabólicas em polímero.

✓ Em uma falha de placa em flexão, por


exemplo, as linhas primárias de Wallner
assimétricas se espalham do lado de tração
(a borda inferior), identificando claramente
o tipo de carregamento, a direção de flexão
e a direção de propagação da fissura.
Deformation and fracture mechanics of engineering materials
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition. 282
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Compósitos de Engenharia

✓ As morfologias de fratura de materiais compósitos disponíveis


comercialmente variam acentuadamente porque dependem das
características individuais dos muitos reforços e matrizes que são usados.

✓ Além disso, as superfícies de fratura e os trajetos de fratura variam com


a natureza da interface fibra-matriz e com a dependência do ambiente e
da temperatura.

✓ Limitando a análise às características típicas dos compósitos de matriz


polimérica reforçada com fibra, o exame das características
macroscópicas de fratura pode fornecer informações sobre as condições
de carregamento que levaram à falha e o nível de tenacidade do
material, e também pode ajudar a identificar o constituinte particular
que é o "elo fraco" em uma determinada estrutura composta.
283
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Compósitos de Engenharia

✓ Compósitos reforçados com fibra na matriz de polímero são


frequentemente fabricados em camadas, cada uma das quais com fibras
orientadas em uma única direção.

✓ As camadas são unidas pelo material da matriz. As fraturas de


compósitos laminados podem ser separadas em falhas translaminar
(transversal, entre as camadas) e interlaminar (delaminação entre as
camadas).

✓ Ambos podem ocorrer em uma única falha, mas um modo geralmente


precede o outro.

✓ Determinar o que veio primeiro é uma questão de dedução a partir da


observação dos caminhos de trinca e das características das superfícies
de fratura.
284
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Compósitos de Engenharia

✓ As falhas interlaminares aparecem como uma separação das camadas


umas das outras. O caminho da fissura é, portanto, principalmente na
matriz, e a aparência do material da matriz é a chave para entender as
condições de falha.

✓ O nível de tenacidade absoluta dessas falhas pode variar de baixo a


moderadamente alto, dependendo da natureza da matriz.

✓ Compósitos termofixos à temperatura ambiente são frequentemente


muito frágeis, assim como seria a fase epóxi pura (isto é, sem qualquer
fase de reforço).

✓ As matrizes termoplásticas podem ser quebradiças ou relativamente


resistentes, dependendo de uma série de fatores.
285
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Compósitos de Engenharia

✓ As fraturas translaminares envolvem inerentemente a fratura da fibra e


frequentemente dependem mais das propriedades da fibra do que das
propriedades da matriz.

✓ Em fraturas mais resistentes, uma quantidade significativa de microfissuras


de fibra pode se acumular antes que a perda de resistência seja tão grande
que ocorra uma falha catastrófica.

✓ Se as fibras quebram dentro da matriz a alguma distância da face principal


da fissura, e se a interface entre a fibra e a matriz é suficientemente fraca
para que a fibra possa ser retirada como uma espada de uma bainha, a
energia envolvida no processo de retirada da fibra pode resultar em
endurecimento substancial.

✓ Nesse caso, nas superfícies de fratura aparecerão orifícios e fibras salientes.


286
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fraturas de Compósitos de Engenharia
✓ As falhas de tração que são frágeis - isto é, não têm capacidade de
arrancamento da fibra e também nenhuma elasticidade significativa na
matriz do polímero - terão uma superfície relativamente plana na qual as
fibras são quebradas ao longo da face da fratura.

✓ O processo de arrancamento da fibra deve ser associado a tensões de


abertura de trinca de tração, de modo que o lado de tração de uma falha de
flexão pode mostrar evidências consideráveis ​de arrancamento de fibra (uma
aparência altamente fibrosa) enquanto o lado compressivo teria muito
menos arrancamento e a superfície seja mais lisa.

✓ Assim, a aparência da superfície de fratura pode indicar o tipo e a direção de


carregamento, bem como o nível de resistência relativa.

287
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ A propagação da trinca é um processo microscópico que ocorre na pequena
zona de evolução do mecanismo de dano ao redor da ponta da trinca.

✓ A compreensão dos mecanismos de fratura em materiais aumentou muito


quando o microscópio eletrônico foi desenvolvido.

✓ Uma grande vantagem do microscópio eletrônico de varredura (MEV) para


alguns exames é que a amostra fraturada pode ser vista diretamente no
instrumento, evitando assim a necessidade de preparação de réplicas.

✓ Quando não for possível cortar o componente fraturado para caber na


câmara de visualização, réplicas devem ser usadas.

288
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ Metais que são capazes de deformação plástica tendem a falhar por um
processo chamado coalescência microvóide (MVC).

✓ Está presente em fraturas de metal de alta tenacidade que são obviamente


dúcteis na escala macroscópica e em fraturas de baixa tenacidade induzidas
geometricamente para as quais a plasticidade visível é limitada (por exemplo,
placas grossas com tensões triaxiais internas que inibem a plasticidade
macroscópica).

✓ Este mecanismo de fratura, observado na maioria das ligas metálicas e


também em muitos plásticos de engenharia, ocorre pela nucleação de
microvazios, seguida por seu crescimento e eventual coalescência para
formar fissuras.

289
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ O estágio de iniciação microvóide tem sido amplamente atribuído a qualquer
quebra de partícula ou falha interfacial entre uma inclusão ou partícula
precipitada e a matriz circundante.

✓ Consequentemente, o espaçamento entre microvazios


adjacentes está intimamente relacionado à distância
entre as inclusões.
From V.J. Colangelo and F.A. Heiser, Analysis of Metallurgical Failures (2nd ed.), Fig. 11.28, p. 294, John Wiley and
Sons, Inc., 1987. (Orig. source: P. Thornton, J. Mater. Sci., Vol. 6, 1971, pp. 347-56.)

✓ Onde um dado material contém mais de um tipo de inclusão, associado a


uma distribuição de tamanho bimodal, microvazios com tamanhos diferentes
são frequentemente encontrados na superfície da fratura.

✓ Esses microporos induzidos mecanicamente não devem ser confundidos com


a microporosidade preexistente, às vezes presente como resultado de
processos de fundição ou sinterização de pó.
290
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura

✓ A aparência da superfície de fratura dos microvazios depende do estado de


tensão.

✓ Sob condições de carregamento uniaxial simples, os microvazios tenderão a


se formar em associação com partículas fraturadas e/ou interfaces e crescer
em um plano geralmente normal ao eixo de tensão.

✓ Os dimples equiaxiais de tamanho micrométrico resultantes são geralmente


esféricos.
Coalescência microvóide sob carga de
tração, que leva à morfologia de dimples
equiaxiais: (a) A fratografia MET mostra
dimples como saliências; (b) A fratografia
MEV mostra dimples como verdadeiras
depressões.
Deformation and fracture mechanics of engineering materials 291
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ Uma vez que o crescimento e a coalescência desses vazios envolvem um
processo de deformação plástica local, é de se esperar que a energia total de
fratura esteja relacionada de alguma forma ao tamanho dessas cavidades.

✓ Foi demonstrado em experimentos de laboratório que a energia da fratura


aumenta com o aumento da profundidade e largura das ondulações
observadas.

✓ Quando a ruptura é influenciada por tensões de cisalhamento, os vazios são


nucleados e, subsequentemente, coalescem ao longo dos planos de tensão
máxima de cisalhamento.

✓ Consequentemente, esses vazios tendem a ser alongados e resultam na


formação de depressões parabólicas na superfície da fratura.

292
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ Ao se comparar a orientação dos dimples alongados de faces de fratura
correspondentes, percebe-se que os vazios são alongados na direção das
tensões de cisalhamento e apontam em direções opostas nas duas
superfícies correspondentes.
Coalescência microvóide sob
carregamento de cisalhamento,
que leva à morfologia de
dimples equiaiais”:

(a) A fractografia MET mostra


dimples como parábolas
elevadas;
(b) A fractografia MEV mostra
Deformation and fracture mechanics of engineering materials
dimples como verdadeiras
R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition. depressões alongadas.

293
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ Finalmente, quando o estado de tensão é de tensão e flexão combinadas, o
processo de rasgo resultante produz dimples alongados, que podem aparecer
em planos grosseiros normais à direção de carregamento.

✓ A diferença básica entre esses dimples alongados e aqueles produzidas por


cisalhamento é que os dimples de cisalhamento apontam na mesma direção
em ambas as metades da superfície da fratura.

✓ É importante notar que esses dimples apontam para a origem da trinca.


Consequentemente, ao visualizar uma réplica que contém impressões de
dimples alongados, os dimples podem ser usados para direcionar o
observador para a origem da trinca.

294
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ Um diagrama esquemático que ilustra o efeito do estado de tensão na
morfologia de microvóide é apresentado na figura.
Diagramas ilustrando o efeito de três estados de
tensão na morfologia do microvóide:

(a) as tensões de tração produzem microvazios


equiaxiais;

(b) as tensões de cisalhamento puras geram


microvazios alongados na direção de
cisalhamento (vazios apontam em direções
opostas nas duas superfícies de fratura);

(c) rasgo associado a tensão não uniforme, que


produz dimples alongados em ambas as
superfícies de fratura que apontam para a
ASM Handbook. Vol. 12. Fractografia.
origem da trinca.
295
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ Além da coalescência de microvazios (MVC), dois outros micromecanismos
de fratura rápida podem ocorrer em metais: fratura intergranular e fratura
por clivagem.

✓ Ambos são geralmente associados a fraturas frágeis de baixa energia


causadas por pontos de fraqueza no material.

✓ A falha intergranular é caracterizada pelo crescimento de trincas


principalmente ao longo dos limites dos grãos.

✓ Deixa para trás um plano de fratura com


superfícies de limite de grão expostas e uma
morfologia nitidamente facetada.

Deformation and fracture mechanics of engineering materials


R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition. 296
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ A fratura intergranular pode resultar de vários processos. Estes incluem:

✓ nucleação microvóide e coalescência em inclusões ou partículas de


segunda fase localizadas ao longo dos limites de grão;
✓ fissuras de limites de grãos e formações de cavidades associadas a
condições de ruptura por estresse de temperatura elevada;
✓ descoesão entre grãos contíguos devido à presença de elementos de
impureza nos contornos dos grãos e em associação com atmosferas
agressivas, como hidrogênio gasoso e metais líquidos;
✓ processos de corrosão sob tensão associados à dissolução química ao
longo dos limites dos grãos.
✓ separação de limite de grão se o material tiver um número insuficiente de
sistemas de deslizamento independentes para acomodar a deformação
plástica entre grãos contíguos.

297
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ O processo de clivagem do metal envolve a fratura transgranular ao longo de
planos cristalográficos específicos.

✓ Este mecanismo é comumente observado em certos metais BCC e HCP, mas


também pode ocorrer em metais FCC quando eles são submetidos a
condições ambientais severas, como taxas de deformação extremamente
altas ou temperaturas muito baixas.

✓ A clivagem é caracterizada por uma superfície de fratura relativamente plana


com pequenas cristas convergentes conhecidas como padrões de rio dentro
de muitos dos grãos.

298
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ A trinca na figura propagou-se da direita para a esquerda através de um
contorno de grão (provavelmente de ângulo alto), gerando o padrão de rio à
medida que a trinca avançava reorientada em busca de planos de clivagem
fracos no novo grão.

Fratura de clivagem em aço de baixo


carbono.
Observa-se a morfologia de platô e
saliências paralelas e os padrões do rio
refletindo a propagação de fissuras ao
longo de muitos planos de clivagem
paralelos

Deformation and fracture mechanics of engineering materials


R. W. Hertzberg, R. P. Vinci, J. L. Hertzberg.— Fifth edition.

299
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecanismos Microscópicos de Fratura
✓ A – Fratura intergranular: a trinca passa através dos grãos do material

✓ B – Fratura transgranular: a trinca passa pelo contorno dos grãos (clivagem)

Transgranular Intergranular
- Clivagem
ASM Metals Handbook

300
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ A fadiga é uma redução gradual da capacidade de carga do componente, pela
ruptura lenta do material, consequência do avanço quase infinitesimal das
fissuras que se formam no seu interior.

✓ Este crescimento ocorre para cada flutuação do estado de tensões. As cargas


variáveis, sejam cíclicas ou não, fazem com que, ao menos em alguns pontos,
ocorram deformações plásticas também variáveis com o tempo.

✓ Estas deformações levam o material a uma deterioração progressiva, dando


origem à trinca, que pode crescer até atingir um tamanho crítico, suficiente
para a ruptura final, em geral brusca, apresentando características
macroscópicas de uma fratura frágil.

301
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ Uma fratura resultante de carregamento repetitivo ou cíclico é conhecida
como fratura por fadiga.

✓ Uma fratura por fadiga geralmente ocorre em três estágios:

✓ ela inicia durante o Estágio I,

✓ se propaga na maior parte de seu comprimento durante o Estágio II

✓ e prossegue para uma fratura catastrófica durante o Estágio III

✓ O início e o crescimento da trinca por fadiga durante o Estágio I ocorrem


principalmente por trincas no plano deslizante devido a reversões repetitivas
dos sistemas de deslizamento ativos no metal.

302
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ O crescimento da fissura é fortemente influenciado pela microestrutura e
tensão média, e até 90% da vida de fadiga pode ser consumida no início de
uma fissura por fadiga viável.

✓ A trinca tende a seguir planos cristalográficos, mas muda de direção em


descontinuidades, como contornos de grão.

✓ Em grandes amplitudes de deformação plástica, as trincas por fadiga podem


iniciar nos limites de grão.

✓ As superfícies da fratura por fadiga do estado I são facetadas, frequentemente


se assemelham a clivagem e não exibem estrias de fadiga.

✓ A fadiga de estágio I é normalmente observada em fraturas de baixa tensão de


ciclo alto e está frequentemente ausente na fadiga de alto tensão de ciclo
baixo. 303
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga

ASM Handbook. Vol. 12. Fractografia.


Aparência de trinca de fadiga no Estágio I.
(a) Fratura por fadiga semelhante à clivagem, orientada cristalograficamente no Estado I em
uma liga fundida de Ni-14Cr-4.5Mo-1Ti-6Al-1.5Fe-2.0 (Nb + Ta). MEV.
(b) Superfície de fratura em degrau indicativa de fratura por fadiga no Estágio I em uma liga
fundida ASTM F75 à base de cobalto. MEV.
304
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ A maior parte de uma fratura por fadiga consiste no crescimento de trinca no
Estágio II, que geralmente ocorre por fratura transgranular e é mais
influenciada pela magnitude da tensão alternada do que pela tensão média
ou microestrutura.

✓ As fraturas por fadiga geradas durante a fadiga do Estágio II geralmente


exibem marcas de retenção de trinca conhecidas como estrias de fadiga, que
são um registro visual da posição da frente da trinca de fadiga durante a
propagação da trinca através do material.
Estrias de fadiga uniformemente distribuídas
em uma liga de alumínio 2024-T3.
(a) Estrias de fadiga e inclusão (delineada
por retângulo).
(b) Vista de maior ampliação da região
delineada pelo retângulo em (a)
mostrando a continuidade do caminho
ASM Handbook. Vol. 12. Fractografia. de fratura através e ao redor da inclusão. 305
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ Existem basicamente dois modelos que foram propostos para explicar a
propagação da fadiga formadora de estrias no Estágio II.

✓ Um é baseado no embotamento plástico na ponta da trinca. Este modelo não


consegue levar em conta a ausência de estriações quando um metal é testado
em fadiga no vácuo e não prevê adequadamente a correspondência pico a
pico e vale a vale correspondentes nas metades coincidentes da fratura.

✓ O outro modelo, que se baseia no deslizamento na ponta da trinca, considera


as condições em que o deslizamento pode não ocorrer precisamente na ponta
da trinca devido à presença de rede cristalina ou imperfeições
microestruturais.

✓ Este modelo tem mais sucesso em explicar o mecanismo pelo qual as trincas
de fadiga do Estágio II se propagam.
306
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ A concentração de tensão em uma trinca de fadiga resulta na deformação
plástica (deslizamento) sendo confinada a uma pequena região na ponta da
trinca, enquanto o restante do material é submetido à deformação elástica.

✓ A trinca abre na porção de tensão crescente do ciclo de carga por


deslizamento em planos de deslizamento alternados.

✓ À medida que o deslizamento prossegue, a ponta da trinca fica embotada,


mas é reafiada pela reversão do deslizamento parcial durante a porção de
declínio da carga do ciclo de fadiga.

✓ Isso resulta em uma tensão compressiva na ponta da trinca devido ao


relaxamento das tensões elásticas de tração residuais induzidas na porção não
trincada do material durante o ciclo de carga crescente.

307
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
s
Orientação dos planos
Mecanismo de propagação de
de deslizamento ativos fissuras por fadiga por
Deslizamento
deslizamento alternado na
(a) ponta da trinca. Os esboços são
simplificados para esclarecer os
s Tensão principal conceitos básicos.
de tração
(a) Abertura da trinca e
embotamento da ponta da
trinca por deslizamento em
planos de deslizamento
alternados com aumento da
Deslizamento
Avanço da trinca durante tensão de tração.
Borda de fuga da estria um ciclo de carga
(b) Tensão compressiva de
relativamente lisa
(b) Fechamento da trinca e
fechamento
Traço de deslizamento na afiação de ponta da trinca
borda dianteira da estria por reversão de
deslizamento parcial em
planos de deslizamento
Primeiro ciclo Segundo Terceiro ciclo alternativos com aumento
ciclo
Adaptado de ASM Handbook. Vol. 12. Fractografia.
da tensão compressiva 308
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ A trinca de fechamento não solda novamente, porque as novas superfícies de
deslizamento criadas durante o deslocamento de abertura de trinca são
instantaneamente oxidadas, o que torna improvável a reversão completa do
deslizamento.

✓ Em condições normais, cada estriamento é o resultado de um ciclo de carga e


marca a posição da frente da trinca de fadiga no momento em que o
estriamento foi formado.

✓ No entanto, quando há uma diminuição repentina na carga aplicada, a trinca


pode parar temporariamente de se propagar e nenhuma estria é formada.

✓ A trinca retoma a propagação somente após um certo número de ciclos serem


aplicados na tensão mais baixa.

309
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ A propagação da trinca por fadiga e, portanto, o espaçamento do estriamento
podem ser afetados por uma série de variáveis, como:
✓ condições de carregamento;
✓ resistência do material;
✓ Microestrutura;
✓ Ambiente;
✓ Temperatura;
✓ Presença de gases e fluidos corrosivos ou fragilizantes.

✓ Considerando apenas as condições de carregamento - que incluem:


✓ a tensão média;
✓ a amplitude de tensão;
✓ a frequência cíclica
a magnitude da amplitude de tensão (σmáx - σmín) tem o maior efeito no
espaçamento dos estriamentos.
310
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ Aumentar a magnitude da amplitude de
tensão produz um aumento no espaçamento
da estriagem.

✓ O aumento da tensão média também pode


aumentar o espaçamento de estrias; esse
aumento não é tão grande quanto aquele para
um aumento numericamente equivalente na
amplitude de tensão alternada.

✓ Dentro de limites razoáveis, a frequência


cíclica tem o menor efeito no espaçamento de ASM Handbook. Vol. 12. Fractografia.
estrias. Fratura por fadiga sob espectro de carga em um cupom
de teste de liga de alumínio 7475-T7651 mostrando um
aumento no espaçamento de estriação devido a maior
amplitude de tensão. 311
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ Em alguns casos, o espaçamento do estriamento de fadiga pode mudar
significativamente em uma distância muito curta. Isso se deve em parte às
mudanças nas condições locais de tensão, conforme a trinca se propaga em
uma superfície inclinada.

Variação local no espaçamento do


estriamento de fadiga em uma
extrusão de liga de alumínio 7050-
T7651 extrudada sob espectro de
carga.

ASM Handbook. Vol. 12. Fractografia.

312
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga
✓ O estágio III é a fase de propagação terminal de uma trinca de fadiga, na qual
o modo de formação de estrias é progressivamente deslocado pelos modos
de fratura estática, como ruptura ou clivagem por dimples.

✓ A taxa de crescimento da trinca aumenta durante o Estágio III até que a trinca
por fadiga se torne instável e a peça falhe. Total Materia.

✓ Como a propagação da trinca


é cada vez mais dominada
pelos modos de fratura
estática, a fadiga do Estágio III
é sensível tanto à
microestrutura quanto à
tensão média
Superfície de fratura por fadiga: (a) carga aplicada
elevada; (b) baixa carga aplicada
313
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga

Representação
esquemática de marcas
de superfície de fratura
por fadiga produzidas
em componentes lisos e
entalhados com seções
transversais circulares
sob várias condições de
carregamento

ASM Handbook. Vol. 12. Fractografia.

314
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura por Fadiga

Representação
esquemática de marcas
de superfície de fratura
por fadiga produzidas em
componentes quadrados
e retangulares e em
placas grossas sob várias
condições de
carregamento

ASM Handbook. Vol. 12. Fractografia.

315
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

12.
FRATURA
TENACIDADE
À

316
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ O comportamento de fratura de uma determinada estrutura ou material


dependerá:
✓ do nível de tensão;
✓ a presença de uma falha;
✓ das propriedades do material e
✓ do (s) mecanismo (s) pelos quais a fratura prossegue até a finalização.

✓ É necessário se desenvolver relações quantitativas entre alguns desses


fatores.

✓ Com o conhecimento dessas relações, os fenômenos de fratura podem ser


melhor compreendidos e os engenheiros de projeto mais equipados para
antecipar e, assim, prevenir deficiências estruturais.

317
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Uma visão atomicista da Fratura

✓ Um material falha quando suficiente tensão e trabalho é aplicado no nível


atômico, quebrando as ligações que mantém os átomos unidos.

✓ O espaçamento de equilíbrio, x0, entre os átomos ocorre quando a energia


potencial atinge um mínimo.

✓ Forças trativas, P, são necessárias para aumentar a separação entre os


átomos a partir desse equilíbrio.

✓ Se essa força exceder as resistências


das ligações entre os átomos a ligação
se rompe.

318
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Uma visão atomicista da Fratura

✓ A energia de ligação é dada por:


𝐸𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 = න 𝑃𝑑𝑥
𝑥0

✓ Modelando a força de ligação


como uma função senoidal:
𝜋𝑥
𝑃 = 𝑃𝑐𝑜𝑒𝑠𝑖𝑣𝑎 𝑠𝑒𝑛
𝜆
✓ Para pequenos deslocamentos:
𝜋𝑥
𝑃 = 𝑃𝑐𝑜𝑒𝑠𝑖𝑣𝑎
𝜆
319
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Uma visão atomicista da Fratura

✓ A rigidez da ligação pode ser descrita como:


𝜋
𝑃 = 𝑘𝑥 → 𝑘 = 𝑃𝑐
𝜆
✓ Na direção da aplicação da força de ligação:
𝑛. 𝐴𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜
𝑘=𝐸
𝑥0
onde n é o número de ligações e Aligação é a área da ligação
𝜋 𝑛. 𝐴𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜
𝑃𝑐 = 𝐸
𝜆 𝑥0
𝑃𝑐 𝜆 𝜆
=𝐸 → 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 =𝐸
𝑛. 𝐴𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 𝜋 𝜋𝑥0
Sligação = resistência das ligações 320
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Uma visão atomicista da Fratura

✓ A energia de superfície, s, por unidade de área é metade da energia da fratura


por unidade de área – são duas superfícies novas criadas durante a fratura.
1
𝛾𝑠 = 𝐸𝑓𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎
2
𝜆 𝜆
1 1 𝜋𝑥
𝐸𝑓𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = න 𝑃𝑑𝑥 = න 𝑃𝑐𝑜𝑒𝑠𝑖𝑣𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝑑𝑥
𝑛. 𝐴𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 0 𝑛. 𝐴𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 0 𝜆
𝜆
𝜋𝑥 𝜆 𝜆 𝑥0
𝐸𝑓𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = න 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 𝑠𝑒𝑛 𝑑𝑥 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 =𝐸 → = 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜
0 𝜆 𝜋𝑥0 𝜋 𝐸
𝜆
𝐸𝑓𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = 2. 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜
𝜋 𝐸𝛾𝑠
2 𝑥0
𝜆 𝛾𝑠 = 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 → 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 = 𝑥0
𝛾𝑠 = 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 𝐸
𝜋
321
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Linear Elástica

✓ As duas categorias da Mecânica da Fratura são:

a- Mecânica da Fratura Linear Elástica (MFLE)


b- Mecânica da Fratura Elasto-Plástica (MFEP)

✓ A MFLE é usada se a ponta da trinca em um corpo é aguda e existe somente


uma pequena quantidade de deformação plástica nas redondezas da ponta
da trinca. Tipicamente em materiais como: aços de alta resistência, titânio e
ligas de alumínio;

✓ A MFEP é usada quando a ponta da trinca não é aguda e existe alguma


plasticidade na ponta da trinca. É uma categoria utilizada para avaliar
materiais de baixa resistência ou materiais de elevada tenacidade.

322
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Linear Elástica

✓ A abordagem da MFLE à análise da fratura considera que uma parte do


material apresenta uma trinca ou outro defeito (descontinuidade):

1) a trinca é uma superfície plana em um campo de tensão linear elástico;


2) a energia liberada durante a propagação rápida da trinca é uma
propriedades básica do material, não influenciada pelo tamanho do componente.

✓ A maior parte das ligas metálicas apresenta defeitos de tipos variados. Os


defeitos apresentam tamanho frequentemente abaixo da mínima capacidade
de detecção dos ensaios não-destrutivos.

✓ A produção de peças livres de defeitos apresenta custo muito elevado, sendo


apenas possível reduzir a quantidade e o tamanho destes defeitos.

323
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Concentração de tensões em descontinuidades
✓ A resistência das ligações atômicas do material é muito maior que a
resistência observada do material.
✓ Essa diferença ocorre devido às falhas, ou descontinuidades, presentes no
material, de forma natural.
✓ Essas descontinuidades concentram, microscopicamente, as tensões
nominais atuantes no material.

✓ Inglis (1913) desenvolveu um


modelo buscando mostrar a
concentração de tensões na ponta
de uma trinca descrita com uma
elipse com eixos de tamanho 2a e
2b.
324
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Concentração de tensões em descontinuidades

𝑎
𝜎𝐴 = 𝜎 1 + 2
𝑏 𝑎
𝜎𝐴 = 𝜎 1 + 2
𝜌
𝑏2
𝜌= → 𝑏 = 𝑎𝜌
𝑎

Como <<a

𝑎
𝜎𝐴 = 2𝜎
𝜌

𝜌→0 → 𝜎𝐴 → ∞

Inconsistente!
325
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Concentração de tensões em descontinuidades

Uma estimativa para a tensão local com 𝜌 = 𝑥0

𝑎
𝜎𝐴 = 2𝜎
𝑥0

Na fratura a tenção na ponta da trinca atinge a resistência de ligação atômica


𝜎𝐴 = 𝑆𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜

𝑎 𝐸𝛾𝑠 𝐸𝛾𝑠
2. 𝜎𝑓𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = 𝜎𝑓𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 =
𝑥0 𝑥0 4𝑎

326
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Balanço de Energia de Griffith

✓ Griffith (1920) observou que quando uma trinca é introduzida em uma placa
estressada de material elástico, um equilíbrio deve ser encontrado entre a
diminuição da energia potencial (relacionada à liberação da energia elástica
armazenada e ao trabalho realizado pela movimentação das cargas externas)
e o aumento da energia superficial decorrente da presença da trinca.

✓ Da mesma forma, uma trinca existente aumentaria de algum incremento se


a energia superficial adicional necessária fosse fornecida pelo sistema.

✓ Essa “energia de superfície” surge do fato de que há uma configuração de


não-equilíbrio dos átomos vizinhos mais próximos em qualquer superfície de
um sólido.

327
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Balanço de Energia de Griffith

✓ Para a configuração vista na figura Griffith estimou o termo de energia


superficial como o produto da área total da superfície da fissura 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑛𝑐𝑎 =
2. 2𝑎. 𝑡 e a energia superficial específica 𝛾𝑠 , que tem unidades de energia /
área unitária.

𝐸𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 = 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑛𝑐𝑎 . 𝛾𝑠

𝐸𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 = 4𝑎𝑡𝛾𝑠

328
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Balanço de Energia de Griffith

✓ Inglis calculou a tensão para o caso de uma placa infinitamente grande


contendo uma trinca elíptica. A diminuição da energia potencial da placa
com a inclusão de uma trinca é:
𝜋𝜎 2 𝑎2 𝑡
∆𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 = −
𝐸
✓ Assim, a mudança na energia potencial da placa associada à introdução de
uma trinca pode ser dada por
U = energia potencial da placa com trinca
U0 = energia potencial da placa sem trinca 𝜋𝜎 2 𝑎2 𝑡
𝑈 − 𝑈0 = − + 4𝑎𝑡𝛾𝑠
s = tensão aplicada 𝐸
a = metade do comprimento da trinca
𝜋𝜎 2 𝑎2 𝑡
t = espessura 𝑈 = 𝑈0 − + 4𝑎𝑡𝛾𝑠
E = modulo de elasticidade 𝐸
s = energia de superfície específica
329
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Balanço de Energia de Griffith

✓ Determinando a condição de equilíbrio diferenciando a energia na placa com


trinca em relação à dimensão da trinca e igualando a zero:

𝜕𝑈 2𝜋𝜎 2 𝑎𝑡
=− + 4𝑡𝛾𝑠 = 0
𝜕𝑎 𝐸
𝜋𝜎 2 𝑎
2𝛾𝑠 =
𝐸
✓ O lado esquerdo da equação representa a energia necessária para
criar uma unidade de área adicional de superfície de trinca.

✓ O lado direito está relacionado à energia elástica por unidade de área


disponível para conduzir a extensão de trinca.

330
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Balanço de Energia de Griffith

✓ A natureza dessa condição de equilíbrio é obtida da segunda deriva da


energia na placa com trinca em relação à dimensão da trinca:
𝜕2𝑈 2𝜋𝜎 2 𝑡
2
=−
𝜕𝑎 𝐸
✓ Como a condição de equilíbrio é negativa esse equilíbrio é instável e a
trinca sempre cresce.

✓ Da condição de equilíbrio:

2𝐸𝛾𝑠 Para estado plano de tensões (EPT)


𝜎=
𝜋𝑎

2𝐸𝛾𝑠 Para estado plano de deformações (EPD)


𝜎=
𝜋𝑎 1 − 𝜈 2
331
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Balanço de Energia de Griffith

✓ Griffith desenvolveu seu modelo a partir de experimentos em vidro.

✓ É válido para sólidos frágeis.

✓ Irwin e Orowan modificaram a expressão de Griffith para considerar sólidos


que sofrem plastificação:

2𝐸 𝛾𝑠 + 𝛾𝑝
𝜎=
𝜋𝑎

Onde p é o trabalho plástico por unidade de área criada com o crescimento


da trinca.

332
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Balanço de Energia de Griffith

Material frágil

2𝐸𝛾𝑠 2𝐸𝛾𝑠
𝜎= 𝜎=
𝜋𝑎 𝜋𝑎 1 − 𝜈 2

Material dúctil

2𝐸 𝛾𝑠 + 𝛾𝑝
𝜎=
𝜋𝑎

2𝐸 𝛾𝑠 + 𝛾𝑝
𝜎=
𝜋𝑎 1 − 𝜈 2
333
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Taxa de liberação de energia

✓ Irwin, 1956, propôs uma abordagem para a mecânica da fratura com base na
taxa de liberação de energia durante a evolução de uma trinca.

✓ A definição de taxa não se refere ao tempo durante a evolução da trinca e


sim à área das novas superfícies formadas com o crescimento da trinca.

✓ Se a trinca apresentar uma largura constante essa taxa pode se referir ao


comprimento da trinca, a.

𝜋𝜎 2 𝑎
𝑑𝑈 𝐽 𝒢=
𝒢=− 𝐸
𝑑𝐴 𝑚2
Taxa de liberação de energia para
trinca passante em placa infinita

334
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Taxa de liberação de energia

✓ Quando a taxa de liberação de energia atingir seu valor crítico, 𝒢𝑐 , que é


igual à taxa de energia para a formação de novas superfícies a trinca cresce,
ou seja, a liberação da energia potencial no material alimenta a formação de
novas superfícies e a trinca cresce.

𝑑𝑊𝑠 𝐽
𝒢𝑐 =
𝑑𝐴 𝑚2

𝑊𝑠 = 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑟𝑖𝑎𝑟 𝑛𝑜𝑣𝑎𝑠 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒𝑠

𝑊𝑠 = 2𝐴𝛾𝑠

𝑑 2𝐴𝛾𝑠 𝐽
𝒢𝑐 = = 2𝛾𝑠
𝑑𝐴 𝑚2
335
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Curva R
✓ Em relação à propagação de trincas, três perguntas devem ser respondidas:

✓ (i) Em que condições uma trinca começa a se propagar?


✓ (ii) Como será a propagação?
✓ (iii) Qual a quantidade da propagação?

✓ Segundo a condição de propagação de trinca, tem-se:

✓ (i) Propagação estável: após de início da propagação, a sua evolução


quando há energia potencial disponível, por exemplo, com o aumento de
carga;
✓ (ii) Propagação instável: Quando o comprimento de uma trinca atinge
certo valor, a trinca se propaga até a falha total da estrutura sem
necessidade de aumento de carga.

336
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Curva R
✓ Uma extensão da trinca ocorre quando 𝒢𝑐 = 2𝛾𝑠 .

✓ Porém, esse crescimento pode ser estável ou instável, dependendo de como


𝒢𝑐 e 𝛾𝑠 variam com o crescimento da trinca.

✓ Define-se 𝑅 = 2𝛾𝑠 como a resistência à fratura.

✓ Um diagrama R x extensão de trinca se chama a curva de resistência ou


curva R.

✓ O diagrama correspondente G x extensão de trinca se chama curva de força


motriz.

337
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Curva R
✓ A condição para o crescimento de uma trinca é 𝒢𝑐 = 𝑅.

✓ O crescimento será estável se 𝒢𝑐 = 𝑅

𝑑 𝒢 𝑑𝑅

𝑑𝐴 𝑑𝐴

✓ O crescimento será instável se 𝒢𝑐 = 𝑅

𝑑 𝒢 𝑑𝑅
>
𝑑𝐴 𝑑𝐴

338
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Curva R
✓ Quando a evolução da curva R ocorre de forma plana – ou constante em
função da área da trinca ou do seu comprimento, quando a espessura for
constante – um valor fixo para a taxa de liberação de energia é obtido.

✓ Quando a geometria da trinca


é constante ao longo de seu
crescimento, de forma que a
taxa de liberação de energia
dependa apenas da tensão
nominal aplicada, quando a
tenção atingir seu valor
crítico, s2, na figura, a trinca
cresce instável.

339
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Curva R
✓ Quando a evolução da curva R ocorre de forma crescente, com os valores
variando em função da evolução da trinca, que está alterando a configuração
geométrica ou de tensões locais na região de seu crescimento, o valor da taxa
de liberação de energia também variará.

✓ A partir de certo ponto o incremento da


variação da taxa de liberação de energia
ultrapassa a taxa de crescimento da curva R
e a trinca crescerá instável.

✓ Na figura a trinca crescerá estável sob


tensão nominal aplicada até s3.
Quando a tenção atingir seu valor
crítico, s4, na figura, a trinca cresce
instável.
340
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Análise de Tensões na Trinca
✓ Para algumas situações é possível determinar uma expressão para as tensões
na região afetada pela trinca.

✓ Definindo-se um sistema polar de coordenadas com origem na ponta da trinca


o campo de tensões na no regime linear elástico em um corpo trincado é:


𝑘 𝑚
𝑚
𝜎𝑖𝑗 = 𝑓𝑖𝑗 𝜃 + ෍ 𝐴𝑚 𝑟 2 𝑔𝑖𝑗 𝜃
𝑟
𝑚=0

341
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fator de Intensificação de Tensões
✓ Os termos de maior ordem dependem da geometria, mas a solução para
1
qualquer configuração contém um termo dominante que é proporcional a .
𝑟

✓ Quando r → 0 a tensão tende a infinito, caracterizando uma singularidade


que independe da configuração geométrica e de carregamento na região da
trinca.

✓ O conceito de fator de intensidade de tensão, K, foi sugerido, pela primeira


vez, por Irwin (1956).

✓ Buscava-se uma tentativa de caracterização das tensões singulares presentes


na extremidade de uma trinca em função, apenas, de um único parâmetro.

342
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fator de Intensificação de Tensões

✓ É conveniente substituir o fator k pelo Fator de Intensidade de Tensão, K.

✓ Em termos gerais, pode dizer-se que K caracteriza a intensidade (magnitude)


das tensões na vizinhança de uma trinca aguçada (r → 0) presente em um
material linearmente elástico e isotrópico.

✓ O fator de intensidade de tensão K pode ser obtido através de uma relação


matemática que contabiliza os efeitos geométricos traduzidos pelo parâmetro
adimensional Y, representativo da influência da geometria, da posição e forma
da trinca e da distribuição da carga
2𝐾
𝜋 lim 𝜎𝑖𝑗 = 𝑓𝑖𝑗 𝜃
𝐾=𝑘 𝑟→0 𝜋𝑟
2

343
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fator de Intensificação de Tensões

✓ O emprego do fator 𝜋/2 é uma convenção usual.

✓ No caso particular da geometria de um orifício elíptico em uma placa infinita:

𝑎
𝐾𝑡 = 1 + 2
𝜌

✓ A tensão na ponta da trinca em função da tensão nominal na placa fica, então:

𝑎
𝜎𝑚á𝑥 = 𝜎0 1+2
𝜌

344
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fator de Intensificação de Tensões

✓ Então:
𝜋𝜌
𝐾 = lim 𝑌𝜎𝑚á𝑥
𝑟→0 2
✓ Para trinca passante em placa infinita Y=1

𝑎 𝜋𝜌
𝐾 = lim 𝜎0 1+2
𝜌→0 𝜌 2

𝜋𝜌 𝜋𝜌 𝑎
𝐾 = lim 𝜎0 + lim 𝜎0 .2
𝜌→0 2 𝜌→0 2 𝜌

𝐾 = 𝜎0 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚

345
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fator de Intensificação de Tensões

✓ Uma vez que existe uma relação entre o fator de intensidade de tensões, K, e a
taxa de liberatação de energia, G, inerente ao processo de fissuração de um
material, compreende-se facilmente que existirá um valor crítico de K que
corresponde a um nível de energia suficiente para a ocorrência de fratura
instável.

✓ Este valor crítico é designado por tenacidade à fratura do material e


representa-se, habitualmente, como Kc.

✓ Por sua vez, o valor de Kc depende do tipo de material em consideração,


variando em função da temperatura e da espessura do componente ou corpo
de prova na execução de ensaio para sua determinação.

346
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Relação entre K e G

✓ As quantidades G e K se relacionam da seguinte forma:

𝐾2
𝐺= Para estado plano de tensões
𝐸

𝐾2
𝐺= 1 − 𝜈2 Para estado plano de deformação
𝐸

347
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Tenacidade à Fratura

Material Kc (MPam)
AISI 1144 66
ASTM A470-8 60
AISI 4140 110
Al 2014-T651 24
Al 7075-T651 29
Ti-6Al-4V 66
ABS 3,0
Acrílico 1,8
Epoxy 0,6
PVC 3,35
Vidro 0,76

348
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

13. MODOS DE FRATURA

349
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Modos da Fratura
✓ Os experimentos desenvolvidos para a definição dos modelos de fratura
empregavam corpos de prova em tração pura.

✓ Nessa condição a trinca cresce perpendicular à direção do carregamento.

✓ De forma geral, a trinca evolui perpendicularmente à tensão principal


atuando na região de influência da trinca.

✓ Em uma estrutura sob carregamento mais complexo, em estado biaxial ou


triaxial de tensões, o modelo unidirecional de fratura precisa ser adequado a
essas condições.

✓ Define-se, então, três modos de fratura, em função do carregamento


aplicado, que podem ser combinados para representar o carregamento total
da estrutura.
350
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Modo I
✓ O Modo I corresponde ao modo de abertura da trinca por tração.

✓ É o modo mais comum para a evolução de trincas, que crescem no plano de


máxima tensão de tração. Pode levar à falha por clivagem, de forma instável.

351
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Modo II
✓ O Modo II corresponde ao modo de cisalhamento no plano ou modo de
deslizamento.

✓ Estará associado a carregamentos biaxiais quando a tensão principal está


inclinada em relação à direção da carga externa.

352
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Modo III
✓ O Modo III é o modo de rasgamento ou cisalhamento no antiplano.

✓ Está associado a uma condição de cisalhamento puro, típica de uma barra


entalhada redonda carregada em torção.

353
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Modo III

✓ Combinações desses modos


de evolução de trinca também
podem ocorrer.

✓ Um exemplo de extensão de
trinca de modo misto I-II é
uma trinca em um plano
inclinado.

✓ Se  = 90° ocorre o Modo I


puro

354
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Modo I

✓ É o modo padrão para a definição de modelos e para a obtenção de


propriedades de tenacidade à fratura dos materiais.

✓ Pode-se descrever a tenacidade à fratura dos materiais nos três modos de


falha, denominados de KIC, KIIC e KIIIC.

✓ Quando a tenacidade à fratura não trouxer a indicação do modo se refere ao


Modo I.

✓ Da mesma forma pode-se definir a intensificação de tensões nos três modos


como KI, KII e KIII.

355
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Os valores de K para vários carregamentos e configurações podem ser


calculados usando a teoria da elasticidade envolvendo cálculos analíticos e
computacionais, juntamente com métodos experimentais.

✓ Quando a trinca é pequena em comparação com outras dimensões do corpo


ou componente, a trinca é vista como estando contida em um corpo infinito.

✓ Assim, o valor de referência mais comum de K é para uma trinca central


bidimensional de espessura transversal de comprimento 2a em uma placa
infinita submetida a uma tensão de tração uniforme nominal bruta s.

𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚

356
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ O fator de intensidade de tensão para outras geometrias de trinca,


configurações e carregamentos são geralmente modificações da equação
𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
como
𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
ou
𝑎
𝐾=𝑓 𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑤
𝑎
onde Y é um fator adimensional, assim como 𝑓 𝑤
, com w sendo a
largura da região com trinca.

357
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Para trincas centrais, o comprimento da trinca é considerado 2a, e para


trincas nas bordas o comprimento da trinca usado é apenas a.

358
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante central em placa com largura W e espessura B


𝑃
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊

Para W→∞ Y=1 na equação

𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚

Para W→∞ na equação


𝑃
𝐾=𝑌 𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝐵𝑊
Y = 1,77 = 

359
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante central em placa com largura W e espessura B

2𝑎 𝑃
0< < 0,95 𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝑊 𝐵𝑊

𝜋𝑎
Fedderson 𝑌= 𝑠𝑒𝑐
𝑊
𝜋𝑎
𝐾𝐼 = 𝜎 𝜋𝑎. 𝑠𝑒𝑐
𝑊

Irwin

𝑊 𝜋𝑎 𝑊 𝜋𝑎
𝑌= 𝑠𝑒𝑐 𝐾𝐼 = 𝜎 𝜋𝑎. 𝑠𝑒𝑐
𝜋𝑎 𝑊 𝜋𝑎 𝑊
360
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 19 – Tamanho máximo da trinca

✓ Trinca passante central em placa com largura 200 mm e espessura 10 mm


✓ KIC = 75 MPa m
✓ P=300 kN
𝑃 300000
𝜎= = = 150 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊 10.200
𝑊 𝜋𝑎 𝜋𝑎
𝐾𝐼 = 𝜎 𝜋𝑎. 𝑠𝑒𝑐 = 𝜎. 𝑊𝑠𝑒𝑐
𝜋𝑎 𝑊 𝑊

𝜋𝑎𝑐
75 = 150. 0,2. 𝑠𝑒𝑐 0,2

𝑎𝑐 = 0,040967 𝑚 = 40,967 mm
2𝑎 2𝑎 2.40,967
0< < 0,95 = = 0,40967
𝑊 𝑊 200
361
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante de borda em placa com largura W e espessura B


𝑃
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊

Para W→∞ Y=1,12 na equação

𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚

Para W→∞ na equação


𝑃
𝐾=𝑌 𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝐵𝑊
Y=1,99
Y=1,99 = 1,12.
362
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante de borda em placa com largura W e espessura B

𝑃
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊

Para 𝑎
0< < 0,95
𝑊

𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚

𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

363
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 20 – Tamanho máximo da trinca

✓ Trinca passante de borda em placa com largura 200 mm e espessura 10 mm


✓ KIC = 75 MPa m
✓ P=300 kN
300000
𝜎= = 150 𝑀𝑃𝑎
10.200
Para W→∞ Y=1,12 na equação
75 = 1,12.150. 𝜋𝑎𝑐 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑎𝑐 = 0,06344 𝑚
𝑎 63,44
= = 0,317
𝑊 200
3=𝑌 𝜋 𝑌 = 1,693
75 = 1,693.150. 𝜋𝑎𝑐 𝑎𝑐 = 0,02777 𝑚 364
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 20 – Tamanho máximo da trinca

✓ Trinca passante de borda em placa com largura 200 mm e espessura 10 mm


✓ KIC = 75 MPa m
✓ P=300 kN

𝑎 27,77
= = 0,139
𝑊 200
2,2 = 𝑌 𝜋 𝑌 = 1,241
75 = 1,241.150. 𝜋𝑎𝑐

𝑎𝑐 = 0,05165 𝑚

365
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 20 – Tamanho máximo da trinca

✓ Trinca passante de borda em placa com largura 200 mm e espessura 10 mm


✓ KIC = 75 MPa m
✓ P=300 kN
𝑎 300000
0< < 0,95 𝜎= = 150 𝑀𝑃𝑎
𝑊 10.200
𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

𝑎𝑐 𝑎𝑐 2 𝑎𝑐 3 𝑎𝑐 4
75 = 150 𝜋𝑎𝑐 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382 𝑀𝑃𝑎 𝑚
0,2 0,2 0,2 0,2

𝑎𝑐 = 0,04136 𝑚

366
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante de borda, nas duas bordas, em placa com largura W e


espessura B
𝑃
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊
Para W→∞ Y=1,12 na equação

𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
Para W→∞ na equação
𝑃
𝐾=𝑌 𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝐵𝑊
Y=1,99
Y=1,99 = 1,12.
367
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante de borda, nas duas bordas, em placa com largura W e


espessura B
2𝑎
0< < 0,95
𝑊
𝑃
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊

𝑎 𝑎 2 𝑎 3
𝑌 = 1,12 + 0,203 − 1,196 + 1,930
𝑊 𝑊 𝑊

𝑎 𝑎 2 𝑎 3
𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 1,12 + 0,203 − 1,196 + 1,930 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑊 𝑊 𝑊

368
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca transversal em placa com largura W e espessura B em flexão

𝑀𝑐 𝑃𝑆ൗ4 . 𝑊ൗ2 3 𝑃𝑆
𝜎= = 3 = 𝑀𝑃𝑎
𝐼 𝐵𝑊 ൗ 2 𝐵𝑊 2
12

3 𝑃𝑆
𝐾=𝑌 2 𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
2 𝐵𝑊

369
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca transversal em placa com largura W e espessura B em flexão

𝑎
0< < 1,00
𝑊

3 𝑃𝑆
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
2 𝐵𝑊 2

𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
𝑌 = 1,12 − 1,394 + 7,318 − 13,072 + 13,992
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 1,12 − 1,394 + 7,318 − 13,072 + 13,992 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

370
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca embebida

𝜋𝑎 ø

𝐾𝐼 = 𝜎 𝑓 𝜙
𝑄

𝑎 1,65
𝑄 = 1 + 1,464
𝑐

1ൗ
𝑎 2 4
2
𝑓(𝜙) = 𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑐
371
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca embebida superficial

𝜋𝑎
𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓 𝜙
𝑄

𝑎 1,65
𝑄 = 1 + 1,464
𝑐
𝑎 2
𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 . [1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛𝜙 ]
𝑐
1ൗ
𝑎 2 4
2
𝑓(𝜙) = 𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑐
372
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Tensões na região da trinca

𝐾 𝜃 𝜃 𝜃
𝜎𝑦 = 𝑐𝑜𝑠 1 + 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3
2𝜋𝑟 2 2 2
𝐾 𝜃 𝜃 𝜃
𝜎𝑥 = 𝑐𝑜𝑠 1 − 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3
2𝜋𝑟 2 2 2

𝐾 𝜃 𝜃 𝜃
𝜏𝑥𝑦 = 𝑐𝑜𝑠 𝑠𝑒𝑛 2 𝑠𝑒𝑛 3 2
2𝜋𝑟 2

𝜎𝑧 = 𝜏𝑥𝑧 = 𝜏𝑦𝑧 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇

𝜎𝑧 = 𝜈 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷

𝜏𝑥𝑧 = 𝜏𝑦𝑧 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷

373
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Tensões na região da trinca

✓ A distribuição de tensão elástica na direção y para  = 0° é mostrada.

𝐾
𝜎𝑦 =
2𝜋𝑟
𝜎𝑧 = 𝜏𝑥𝑧 = 𝜏𝑦𝑧 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇

𝐾 𝜎𝑧 = 𝜈 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
𝜎𝑥 =
2𝜋𝑟
𝜏𝑥𝑧 = 𝜏𝑦𝑧 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷

𝜏𝑥𝑦 = 0

374
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Tensões na região da trinca

✓ À medida que r se aproxima de zero, a tensão na ponta da trinca se


aproxima do infinito, portanto, existe uma singularidade em r = 0.

✓ Visto que tensões infinitas não podem existir, a solução elástica deve ser
modificada para levar em conta alguma plasticidade da ponta da trinca.

✓ Se o raio da zona plástica, rp, na ponta da trinca for pequeno em relação à


geometria local, pouca ou nenhuma modificação no fator de intensidade de
tensão, K, é necessária.

✓ Portanto, uma restrição importante para o uso de MFLE é que o tamanho da


zona de plástico na ponta da trinca deve ser pequeno.

375
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Tensões na região da trinca

✓ Tensões no Modo I.

✓ Quando tensão cresce o se


aproximar da ponta da trinca
atinge o valor da resistência ao
escoamento.

✓ O valor de r para igualdade


entre o valor da tensão e o
valor da resistência ao
Região dominada pela
escoamento define o limite de singularidade

região plástica na ponta da


trinca.

376
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca
✓ Quer a fratura ocorra de maneira dúctil ou frágil, ou uma trinca por
fadiga cresça sob carga cíclica, a plasticidade local na ponta da trinca
controla tanto a fratura quanto o crescimento da trinca.

✓ É possível calcular o tamanho da zona plástica na ponta da trinca como


uma função do fator de intensidade de tensão e resistência ao
escoamento usando as equações do campo de tensão e os critérios de
von Mises ou tensão máxima de cisalhamento.

✓ Para condições de estado plano de tensões (EPT) existe uma zona


plástica muito maior em comparação com as condições estado plano
de deformação (EPD).

✓ Isso se deve ao fato de sz ter um valor diferente para a tensão plana e


para a deformação plana.
377
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

✓ O formato da zona plástica


monotônica resultante para o modo I
usando o critério de von Mises é
mostrado esquematicamente na
Figura.

378
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

✓ O componente de tensão normal, sz, para condições de deformação plana é


de tração e, portanto, restringe o fluxo plástico, resultando em uma zona
plástica menor em comparação com a tensão plana, onde sz = 0.

✓ Para a trinca passante na espessura em um placa grossa as superfícies livres


da placa têm sz = xz = yz = 0 e, portanto, as superfícies livres devem estar em
uma condição de tensão plana.

✓ No entanto, a região interna da placa perto da ponta da trinca está mais


próxima das condições de deformação plana como resultado da restrição
elástica da região afastada da trinca, em torno da região plástica.

✓ Assim, o tamanho da zona plástica ao longo da ponta da trinca.

379
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

380
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca
✓ A distribuição real de tensão-deformação dentro da zona plástica é difícil de
obter.

✓ Irwin argumentou que a plasticidade na ponta da trinca faz com que a trinca
se comporte como se fosse mais longa do que seu tamanho físico real e que a
distribuição de tensões não poderia simplesmente ocorrer acima da
resistência de escoamento, Se.

✓ A distribuição de tensões para sy deve se deslocar para acomodar a


deformação plástica e satisfazer as condições de equilíbrio.

✓ A dimensão da região plástica pode ser descrita como um círculo (no estado
plano) com raio rp, a partir do equilíbrio de forças na interface das regiões
plástica e elástico. 2
1 𝐾
𝑟𝑝 =
𝜋 𝑆𝑒 381
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

✓ Tensões no Modo I.
𝐾
✓ No estado plano de 𝜎𝑦 = = 𝑆𝑒
2𝜋𝑟𝑦
tensões o escoamento
ocorre quando 𝜎𝑦 = 𝑆𝑒
2
✓ Quando a tensão cresce ao se 1 𝐾
aproximar da ponta da trinca atinge o 𝑟𝑦 =
2𝜋 𝑆𝑒
valor da resistência ao escoamento.

✓ O valor de r para igualdade entre o


valor da tensão e o valor da resistência
ao escoamento define o limite de
região plástica na ponta da trinca.
382
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

sy
Elástico

Se Elasto-plástico

383
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

✓ Tensões no Modo I.

✓ No estado plano de deformação o escoamento ocorre quando o estado


triaxial de tensões atinge a resistência ao escoamento.
2
1 𝐾
𝑟𝑦 =
6𝜋 𝑆𝑒

✓ O tamanho efetivo da trinca contempla a consideração, para a MFLE,


que a ponta da trinca se posiciona no centro da região plástica.

𝑎𝑒𝑓 = 𝑎 + 𝑟𝑦

384
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca
✓ A aplicação do raio de plastificação para compor o tamanho efetivo da trinca
gera uma intensidade de tensão efetivo, Kef.

✓ A obtenção do Kef pode demandar um processo iterativo.

✓ Para algumas situações é possível se definir uma solução em forma fechada.


2
𝐾𝑒𝑓 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎𝑒𝑓 1 𝐾𝑒𝑓
𝐾𝑒𝑓 = 𝑌𝜎 𝜋 𝑎 +
2𝜋 𝑆𝑒
𝑎𝑒𝑓 = 𝑎 + 𝑟𝑦
2 𝑌𝜎 𝜋𝑎
1 𝐾 𝐾𝑒𝑓 =
𝑟𝑦 = 2
2𝜋 𝑆𝑒 1 𝑌𝜎
1−2 𝑆
𝑒
𝐾𝑒𝑓 = 𝑌𝜎 𝜋(𝑎 + 𝑟𝑦 )
Para Y independente de a 385
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca
✓ Para trincas embebidas e de superfície tem-se.

𝜋𝑎 4 𝑎 2
𝐾𝑒𝑓 = 𝜆𝑠 𝜎 2
𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑄𝑒𝑓 𝑐

2
𝜎
𝑄𝑒𝑓 = 𝑄 − 0,212
𝑆𝑒

386
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

✓ Determinação da máxima carga de tração em uma haste de seção quadrada


de lado 40 mm, com uma trinca transversal ao seu eixo.

✓ A trinca é de superfície, com largura 2c=10 mm e profundidade a=4 mm.

✓ O material da haste apresenta Se=500 MPa, KIC=90 MPa m, módulo de


elasticidade E=205000 MPa e coeficiente de Poisson =0,305.

✓ A condição de carregamento é EPD.

Carga máxima para o limite de escoamento


𝑃 𝑃
𝜎 = ≤ 𝑆𝑒 500 = P = 800 𝑘𝑁
𝐴 40.40

387
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Carga máxima para a tenacidade à fratura

𝜋𝑎 Com ao carga é distribuída uniformemente


𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓 𝜙 na seção 𝜃 = 90°
𝑄
1,65
𝑎 1,65 4
𝑄 = 1 + 1,464 𝑄 = 1 + 1,464 = 2,013
𝑐 10ൗ
2
𝑎 2]
𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 . [1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛𝜙
𝑐
4 2
𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 . 1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛90 = 1,058
10ൗ
2
388
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Carga máxima para a tenacidade à fratura


1ൗ
𝑎 2 4
2
𝑓(𝜙) = 𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑐
1ൗ
2 4
4
𝑓 90 = 𝑠𝑒𝑛2 90 + 𝑐𝑜𝑠 2 90 =1
10ൗ
2

𝜋𝑎 𝑃 𝜋. 0,004
𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓 𝜙 90 = 1,058 .1
𝑄 40.40 2,013

𝑃𝑐 = 1723 𝑘𝑁
389
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Carga máxima para a tenacidade à fratura considerando a plastificação


na ponta da trinca
2 Com ao carga é distribuída
𝜋𝑎 𝜎
𝑄 = 𝑄 − 0,212 uniformemente na seção
𝐾𝑒𝑓 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓𝜙 𝑒𝑓
𝑆𝑒
𝑄𝑒𝑓 𝜃 = 90°

𝜆𝑠 = 1,058 𝑄 = 2,013 𝑓 90 = 1
2
𝑃ൗ
𝑄𝑒𝑓 = 2,013 − 0,212 40.40
500

𝑄𝑒𝑓 = 2,013 − 3,3125 × 10−13 𝑃2

𝑃 𝜋. 0,004 𝑃𝑐 = 1412 𝑘𝑁
90 = 1,058.
40.40 2,013 − 3,3125 × 10−13 𝑃2
390
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE

✓De acordo com a norma ASTM para a definição de KIC a dimensões do corpo
de prova para a obtenção de valores válidos para KIC devem seguir o critério
para EPD:

2
𝐾𝐼
𝑎, 𝐵, (𝑊 − 𝑎) ≥ 2,5.
𝑆𝑒

✓Um valor válido para KIC corresponde à propriedade do material que


independe das dimensões geométricas do corpo fraturado.

391
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE

✓Corpo de prova para obtenção de KIC:

392
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE

✓ Se a zona plástica for suficientemente pequena, haverá uma região fora dela
onde as equações do campo de tensões elásticas ainda se aplicam, chamada de
região de dominância K ou campo K.

✓ A existência de tal região é


necessária para que a
teoria MFLE seja aplicável.

393
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE

✓ O campo K circunda e controla o comportamento da zona plástica e da área


da ponta da trinca.

✓ Assim, a tenacidade à fratura, K, continua a caracterizar a gravidade da


situação de trinca, apesar da ocorrência de alguma plasticidade limitada.

✓ No entanto, se a zona plástica é tão grande que elimina o campo K, então K


não se aplica mais.

✓ Por uma questão prática, é necessário que a zona plástica seja pequena em
comparação com a distância da ponta da trinca a qualquer limite da
estrutura.

394
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE
✓ Uma condição limite definida para MFLE é que:

✓ As tensões nominais no plano da trinca devem ser inferiores a 0,8 Se (80%


da resistência de escoamento);

✓ Sob carregamento monotônico ry(1/8)a;

✓ Outras restrições incluem ry  1/8 da espessura e do ligamento (seção do


plano da trinca não trincado ao longo do plano da trinca).

✓ 8ry é quatro vezes o tamanho da zona plástica:


2
4 𝐾
𝑎, 𝐵, 𝑊 − 𝑎 , ≥
𝜋 𝑆𝑒
395
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE
✓ Condição onde é válida a MFLE:

✓ Condições onde é não válida a MFLE:

396
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura em modo misto

✓Quando dois ou três modos de fratura estão presentes simultaneamente a


contribuição para a taxa de liberação de energia é aditiva, já que é uma
parâmetro escalar:

𝐾𝐼2 𝐾𝐼𝐼2 𝐾𝐼𝐼𝐼


2
Para estado plano de tensões
𝐺= + +
𝐸 𝐸 2𝜇

𝐾𝐼2 𝐾 2
𝐼𝐼 𝐾 2
𝐼𝐼𝐼
𝐺= 1 − 𝜈2 + 1 − 𝜈2 + Para estado plano de deformação
𝐸 𝐸 2𝜇
𝐸
𝜇=
2(1 + 𝜈)
✓Essa adição é válida durante o crescimento da trinca se a trinca mantiver sua
razão de aspecto e plano de crescimento.
397
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Superposição para carregamento combinado

✓ O cálculo da intensidade de tensão para carregamento combinado podem


ser obtidas por superposição - isto é, adicionando as contribuições dos
componentes de carga individuais.

✓ Por exemplo, considere-se


uma carga excêntrica
aplicada a uma distância e
da linha de centro de uma
barra, com dimensões b x t,
com uma única trinca na
borda, como mostrado na
figura.

398
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Superposição para carregamento combinado

✓ Essa carga excêntrica é estaticamente equivalente à combinação de uma


carga de tração aplicada centralmente e um momento fletor.

✓ A contribuição para K da tensão aplicada centralmente pode ser


determinada como na figura.

𝐾1 = 𝑌1 𝜎1 𝜋𝑎

𝑃
𝜎1 =
𝑏. 𝑡

399
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Superposição para carregamento combinado

✓ A contribuição devida à flexão pode ser definida como:

𝐾2 = 𝑌2 𝜎2 𝜋𝑎
6. 𝑀
𝜎2 = 2
𝑏 .𝑡

6. 𝑃. 𝑒
𝜎2 = 2
𝑏 .𝑡
𝜋𝑎 4
2𝑏 𝜋𝑎 0,923 + 0,199. 1 − 𝑠𝑒𝑛
𝑌2 = 𝑡𝑎𝑛 2𝑏
𝜋𝑎 2𝑏 𝜋𝑎
𝑐𝑜𝑠
2𝑏

400
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Superposição para carregamento combinado

✓ Como a tensão de tração e a distribuição de tensão de tração devida à


flexão são tensões normais, pode-se somar os K’s, que são funções lineares
da tensão:

𝐾 = 𝐾1 + 𝐾2

𝑃 6𝑒𝑌2
𝐾= 𝑌1 + 𝜋𝑎
𝑏. 𝑡 𝑏

✓ O uso da superposição de efeitos pode ser muito útil para casos mais
complexos que podem ser decompostos em casos mais simples já
conhecidos.

401
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Uma trinca inclinada em relação à direção da tensão nominal pode ser


tratada, de forma aproximada, considerando-se seu comprimento
projetado nessa direção:

𝐾 = 𝑌0 𝜎 𝜋𝑎. 𝑐𝑜𝑠𝜃

✓ Uma abordagem mais precisa considera a


atuação simultânea do Modo I e do Modo II
sobre a trinca.

✓ Y0 é o fator de forma da trinca original

402
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Calculando-se as tensões principais, nas direções vertical, y, e horizontal, x,


e a tensão cisalhante no plano xy.

✓ A tensão na direção y, syy,


produzirá solicitação no Modo I.

✓ A tensão na direção x, sxx, não


produzirá solicitação em
nenhum modo.

✓ A tensão cisalhante na direção


do plano xy, yy, produzirá
solicitação no Modo II.

403
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Do Círculo de Mohr: 𝜎𝛽 = 2𝑅

𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 2
2
𝑅= 𝜏𝑥𝑦 +
2

𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 2
2
𝜎𝛽 = 2 𝜏𝑥𝑦 +
2
2𝜏𝑥𝑦
tg 2𝛽 =
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥

𝜎𝛽 = tg 2𝛽 2 + 1 . 𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥
𝜎𝛽 =
cos 2𝛽
404
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Do Círculo de Mohr:
𝜎𝛽 = 𝜎𝑦𝑦 + 𝜎𝑥𝑥
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥
𝜎𝛽 =
cos 2𝛽

𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 = 𝜎𝛽 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1

𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 = 𝜎𝛽 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 𝜎𝑦𝑦 + 𝜎𝑥𝑥

𝜎𝑦𝑦 = 𝜎𝛽 𝑐𝑜𝑠 2 𝛽

𝐾𝐼 = 𝑌0 𝜎𝑦𝑦 𝜋𝑎 = 𝑌0 𝜎𝛽 𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 𝜋𝑎

𝐾𝐼 = 𝑌𝐼 𝜎𝛽 𝜋𝑎 𝑌𝐼 = 𝑌0 . 𝑐𝑜𝑠 2 𝛽
405
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Do Círculo de Mohr:

2𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛2𝛽 2𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽


tg 2𝛽 = tg 2𝛽 = =
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 𝑐𝑜𝑠2𝛽 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1

2𝜏𝑥𝑦 2𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽
= 𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 = 𝜎𝛽 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1

2𝜏𝑥𝑦 2𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽
2 = 𝜏𝑥𝑦 = 𝜎𝛽 𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽
𝜎𝛽 2𝑐𝑜𝑠 𝛽 − 1 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1

𝐾𝐼𝐼 = 𝑌0 𝜏𝑥𝑦 𝜋𝑎 = 𝑌0 𝜎𝛽 𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽 𝜋𝑎

𝐾𝐼𝐼 = 𝑌𝐼𝐼 𝜎𝛽 𝜋𝑎 𝑌𝐼𝐼 = 𝑌0 . 𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽


406
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Projeto para vazamento antes da ruptura de vasos de pressão
✓ Em um vaso de pressão de parede fina com uma trinca crescendo na
parede, existem duas possibilidades:

✓ (1) A trinca pode se estender gradualmente e penetrar na parede, causando


um vazamento antes que uma fratura frágil repentina possa ocorrer;

✓ (2) Uma fratura frágil repentina pode ocorrer antes do vazamento do vaso.

✓ Uma vez que uma fratura frágil em um vaso de pressão pode envolver a
liberação explosiva do conteúdo do vaso, um vazamento é de preferível.

✓ Além disso, um vazamento é facilmente detectado por uma queda de


pressão ou pelo escape do conteúdo do recipiente.

✓ Os vasos de pressão devem ser projetados para vazar antes de fraturar.


407
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Projeto para vazamento antes da ruptura de vasos de pressão

✓ Uma trinca em um vaso de pressão pode aumentar de tamanho devido à


influência da carga cíclica associada às mudanças de pressão ou devido ao
ataque químico hostil ao material.

✓ Uma trinca geralmente começa a partir de


uma falha de superfície e se estende em um
plano normal à tensão máxima na parede do
vaso, conforme a figura.

✓ No início de seu progresso, a trinca


frequentemente crescerá com o
comprimento da superfície 2c continuando a
ser aproximadamente duas vezes a
profundidade a, de modo que c ≈ a.
408
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Projeto para vazamento antes da ruptura de vasos de pressão

✓ Se nenhuma fratura frágil ocorrer, o crescimento irá prosseguir em um


padrão semelhante ao mostrado, resultando em uma fissura através da
parede com comprimento de superfície 2c que é aproximadamente duas
vezes a espessura, 2t.

✓ No entanto, ocorrerá uma fratura frágil súbita antes que a trinca penetre na
parede, a menos que o material tenha tenacidade à fratura suficiente para
suportar uma trinca através da parede de pelo menos 𝑎𝑐 ≥ 𝑡.

409
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 22

✓ Um vaso de pressão esférico é construído de aço ASTM A517-F e opera em


temperatura ambiente. O diâmetro interno é de 2r=d=13262 mm, a
espessura da parede é de t=30 mm e a pressão máxima é de p=3 MPa. A
condição de vazamento antes da quebra foi atendida? Qual é o fator de
segurança em K em relação a KIc, e qual é o fator de segurança contra o
escoamento?

410
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 22

✓ Dados:
✓ 𝐾𝐼𝑐 = 187 𝑀𝑃𝑎 𝑚
✓ 𝑆𝑒 = 760 𝑀𝑃𝑎

✓ A máxima pressão no vaso é:

𝑝. 𝑟 𝑝. 𝑑 3.13262
𝜎𝑡 = = 𝜎𝑡 = = 331,6 𝑀𝑃𝑎
2. 𝑡 4. 𝑡 4.30

✓ Cálculo da espessura para leak before failure:

𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎𝑐 187 = 1,0.331,6 𝜋𝑎𝑐 𝑎𝑐 = 0,1012 𝑚

✓ Como ac > t haverá vazamento antes de uma falha catastrófica


411
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 22

✓ Cálculo de K para a condição de operação:

𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎𝑐 𝐾 = 1,0.331,6. 𝜋. 0,030 𝐾 = 101,8 𝑀𝑃𝑎 𝑚

✓ Cálculo do coeficiente de segurança para a fratura:


𝐾𝐼𝑐 187
𝑐𝑠𝑓 = = 𝑐𝑠𝑓 = 1,87
𝐾 101,8

✓ Cálculo do coeficiente de segurança para o escoamento:

𝑆𝑒 760 𝑐𝑠𝑒 = 2,29


𝑐𝑠𝑒 = =
𝜎 331,6

412
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

14.
TRINCAS DE FADIGA
CRESCIMENTO
DE

413
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Uma trinca pode crescer aumentando seu comprimento em um
determinado valor em relação à aplicação de um número de ciclos N.

✓ A taxa de crescimento da trinca em relação aos ciclos pode ser


caracterizada pela razão a/N ou, para pequenos intervalos, pela
derivada da/dN.

✓ Um valor da taxa de crescimento da trinca por fadiga, da/dN, é a inclinação


em um ponto em uma curva a versus N.

✓ Supõem-se que o carregamento aplicado seja cíclico, com valores


constantes das cargas Pmáx e Pmín.

✓ As tensões nominais da seção bruta correspondentes smáx e σmín também


são constantes.
414
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Para a definição do trabalho de crescimento de trinca por fadiga é
convencional usar a faixa de tensão σ e a razão de tensão R.

∆𝜎 = 𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚í𝑛

𝜎𝑚í𝑛
𝑅=
𝜎𝑚á𝑥

415
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

✓ A variável primária que afeta a taxa de crescimento de uma trinca é a


amplitude do fator de intensidade de tensão.
∆𝐾 = 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

✓ O valor de Y depende apenas da geometria e do comprimento relativo da


trinca, α = a / b, como se o carregamento não fosse cíclico.

✓ Uma vez que K e σ são proporcionais:

𝐾𝑚á𝑥 = 𝑌𝜎𝑚á𝑥 𝜋𝑎 ∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 − 𝐾𝑚í𝑛

𝐾𝑚í𝑛 = 𝑌𝜎𝑚í𝑛 𝜋𝑎 𝐾𝑚í𝑛


𝑅=
𝐾𝑚á𝑥

416
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

✓ Para um determinado material e conjunto de condições de carga o


comportamento de crescimento de uma trinca pode ser descrito pela
relação entre a taxa de crescimento de trinca cíclica da/dN e a faixa de
intensidade de tensão K.

✓ Os dados de teste e uma curva ajustada para um material são descritos em


um gráfico log – log.

✓ Em valores intermediários de K, geralmente há uma linha reta no gráfico


log – log.

𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 ∆𝐾
𝑑𝑁

417
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 ∆𝐾
𝑑𝑁

✓ C é uma constante e m é a
inclinação no gráfico log-log,
assumindo, é claro, que as décadas
em ambas as escalas logarítmicas
têm o mesmo comprimento.

✓ Essa equação é identificada com


Paul Paris, que a usou pela primeira
vez e que foi influente na primeira
aplicação da mecânica da fratura à
fadiga no início dos anos 1960.
418
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ O gráfico de da/dN x ΔK apresenta três regiões bem distintas, onde os
fenômenos envolvidos são diferentes.

419
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Na primeira região, Fase I, a velocidade de propagação é muito baixa, da
ordem de 10-9 m/ciclo (10 Ångström/ciclo), o que corresponde a um
crescimento por ciclo da mesma ordem de grandeza do espaçamento atômico
na rede cristalina.

✓ Nesta região o crescimento da trinca é extremamente influenciado pela


microestrutura do material, uma vez que os aspectos metalúrgicos, nesta
região, são relevantes, não podendo o material, para o estudo do crescimento
da trinca, ser tratado como um contínuo.

✓ Na Fase I a zona plástica é muito pequena, da ordem de grandeza do tamanho


de grão, e assim a microestrutura afeta de forma marcante a velocidade de
propagação.

420
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Uma peculiaridade nesta região é a existência de um nível mínimo para ΔK,
denominado de ΔKth , para que a trinca passe a crescer sob a ação de cargas
cíclicas. A existência de ΔKth pode levar à ocorrência de trincas estacionárias.

✓ O valor de ΔKth pode ser melhorado com um aumento no tamanho de grão, em


microestruturas com uma única fase, como ferrita ou austenita.

✓ Este efeito é oposto ao verificado com a tensão limite de resistência à fadiga


(Sn), a qual geralmente diminui com o aumento do tamanho do grão.

✓ De modo a obter um ponto ótimo quanto às propriedades de fadiga, é


necessário saber se o projeto deve basear-se na nucleação de trincas,
(procura-se então refinar os grãos) ou na propagação de trincas (procura-se
grãos maiores).

421
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

✓ Na Fase II do gráfico da/dN x K identifica-se um relacionamento linear entre


log da/dN e log ΔK, o que corresponde à equação

𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 ∆𝐾
𝑑𝑁

sendo C e m constantes empíricas a serem obtidas a partir dos dados


experimentais para R  0.

✓ Esta equação foi proposta pela primeira vez por Paris e Erdogan existindo
atualmente uma grande quantidade de dados experimentais que confirmam esta
relação e mostram que o fator de intensidade de tensão é o principal parâmetro
que controla a propagação da trinca de fadiga.

422
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ A constante C sofre a influência das propriedades mecânicas do material:
✓ Módulo de elasticidade (E);
✓ Resistência ao escoamento (Se);
✓ Tensão real de fratura (σf);
✓ Deformação real de fratura (εf);
✓ Tenacidade à fratura (KIC).

✓ O aumento em qualquer destas variáveis faz com que a constante C diminua.

✓ O expoente m normalmente está situado na faixa de 2 até 5, sendo pouco


influenciado pela microestrutura.

✓ Nesta região o mecanismo de crescimento da trinca é um mecanismo dúctil


transgranular, de formação de estrias, podendo o material ser tratado como
contínuo.
423
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

Material C0 (m/(ciclo.(MPam)m)) m
Aço martensítico 1,35  10-10 2,250
Aço ferrítico-perlítico 6,90  10-12 3,000
Aço inoxidável austenítico 5,30  10-12 3,250
Aço ferritico no ar 1,00  10-11 3,000
Aço para vaso de reator, ferrítico no ar 4,77  10-13 3,726
Aço para vaso de reator, ferrítico na água 6,786  10-12 3,726

424
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Na Fase II não se verifica uma grande diferença entre as taxas de propagação,
para diferentes tipos de aços, o que indica que a vida de propagação não é
substancialmente alterada pela escolha de um ou outro tipo de aço.

✓ Entretanto, o comportamento na Fase I pode alterar de modo substancial a


vida de fadiga do componente, principalmente se for considerado que uma
grande fração da vida de propagação é dispendida quando a trinca é pequena,
com baixas velocidades de propagação.

✓ Com o aumento do tamanho da trinca a velocidade passa a ser sensivelmente


maior, fazendo com que a vida de propagação restante seja curta.

✓ Para garantir uma vida de propagação suficiente, deve-se preocupar com os


aspectos relacionados com trincas pequenas, pouco afetando a vida os
aspectos relacionados com trinca próximas ao tamanho crítico, como por
exemplo a tenacidade do material. 425
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Na Fase III ocorre uma sensível aceleração da trinca, onde além do
mecanismo de ruptura com formação de estrias surgem, sobrepostos,
mecanismos que são característicos de uma ruptura estática.

✓ Isto ocorre porque nesta região o valor de KImáx durante o ciclo é da ordem
de KIC, excitando então os mecanismos estáticos de ruptura.

✓ Isto começa a ocorrer quando KImáx > 0,7 KIC.

✓ Estes modos estáticos de fratura incluem microclivagem, separação


intergranular, bem como coalescimento de vazios.

✓ A microclivagem vai surgir quando o material estiver abaixo da temperatura


de transição dúctil-frágil, provocando um grande aumento na velocidade de
propagação.
426
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Nesta situação, a espessura do material influi também de forma sensível, pois
em chapas espessas a ruptura por microclivagem é percentualmente maior,
como consequência da maior restrição quanto ao desenvolvimento de
deformações transversais (tendência para um estado plano de deformação).

✓ Se o mecanismo de ruptura é exclusivamente por formação de estrias, a


espessura passa a ter um efeito muito pequeno na taxa de propagação.

✓ A equação de Forman & Mettu descreve o comportamento do crescimento da


trinca nas três fases:
𝑝
∆𝐾𝑡ℎൗ
𝑑𝑎 1− ∆𝐾
= 𝐶 ∆𝐾 𝑚
𝑑𝑁 𝐾𝑚á𝑥ൗ 𝑞
1− 𝐾
Onde C, m, p e q são constantes do material.
427
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Há vários modelos matemáticos, a partir do mesmo modelo físico, para a
determinação do crescimento de trincas particularmente na Fase II:
𝑑𝑎
✓ Paris-Erdogan = 𝐶 ∆𝐾 𝑚
𝑑𝑁
𝑑𝑎 𝐶 ∆𝐾 𝑚
✓ Forman =
𝑑𝑁 1 − 𝑅 𝐾𝐼𝑐 − ∆𝐾𝐼
𝑑𝑎 𝑛
✓ Walker = 𝐶 ∆𝐾 𝑚 𝐾𝐼𝑚á𝑥
𝑑𝑁
𝑑𝑎 𝑚
✓ Elber = 𝐶1 (𝐶2 + 𝐶3 𝑅)(1 − 𝑅)𝐾𝐼𝑚á𝑥
𝑑𝑁
𝑑𝑎 2 2 𝑚
✓ Radon & Culver = 𝐶 𝐾𝐼𝑚á𝑥 + 𝐾𝐼𝑚í𝑛
𝑑𝑁
𝑑𝑎 −0,43 ∆𝐾 2,39 𝐾 2,13
✓ Mukherjee & Burns = 𝐶𝑓 𝐼 𝐼𝑚é𝑑𝑖𝑜
𝑑𝑁
Onde C, m, n, C1, C2, C3 e f são constantes do material. 428
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ A vida de propagação de um dado componente mecânico é obtida pelo
conhecimento da curva da/dN x ΔK do material, o que pode ser feito por uma
das equações.

✓ Mas precisamente a curva pode ser obtida por via experimental, onde o
registro do tamanho da trinca em função da vida, durante o ensaio, e o
simultâneo cálculo de ΔK para cada N, permite o cálculo da curva da/dN x ΔK.

✓ Uma vez conhecida a curva da/dN x ΔK do material, nas condições de uso, ou


seja, em função de meio ambiente, espessura, microestrutura, orientação dos
defeitos, etc., é possível determinar a vida que um componente terá, quando
fabricado com este material, considerando o crescimento de trincas a partir
de defeitos iniciais, ou a partir de microtrincas nucleadas durante o
carregamento cíclico anterior.

429
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Para a determinação da vida de propagação é necessário integrar a
correspondente equação da velocidade de propagação da trinca e função de
ΔK.

✓ Dependendo do caso esta integração pode ser analítica, mas no caso geral
deve ser feita numericamente.

✓ A partir do tamanho inicial do defeito, ai, é possível determinar o número de


ciclos para este crescer até o tamanho final previsto af.

✓ Este tamanho af pode representar o tamanho crítico definido pela tenacidade


do material, quando ocorre então a ruptura final.

430
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Usando a equação de Paris-Erdogan, que é a mais usual:
𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 ∆𝐾
𝑑𝑁
∆𝐾 = 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎
𝑑𝑁
✓ O fator geométrico Y deve ser calculado para o valor instantâneo do tamanho
da trinca.

✓ Se o fator geométrico Y não for uma função do tamanho da trinca, ao menos


entre os limites ai e af pode-se obter a uma expressão analítica que fornece o
número de ciclos para a trinca propagar-se entre os dois limites, para m ≠ 2.
431
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎
𝑑𝑁
𝑑𝑎
𝑑𝑁 = 𝑚
𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

𝑁𝑓 𝑎𝑓
𝑑𝑎
න 𝑑𝑁 = න 𝑚
𝑁𝑖 𝑎𝑖 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

✓ Considerando-se que o fator geométrico Y, a velocidade de crescimento e a


tensão nominal não mudam com o crescimento da trinca:
𝑁𝑓 𝑎𝑓
1 𝑑𝑎
න 𝑑𝑁 = 𝑚

𝑁𝑖 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋 𝑎𝑖 𝑎 𝑚

432
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
𝑁𝑓 𝑎𝑓
1 𝑚
−2
න 𝑑𝑁 = 𝑚
න 𝑎 𝑑𝑎
𝑁𝑖 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋 𝑎𝑖

1 1
𝑁𝑓 − 𝑁𝑖 = 𝑚 𝑚 𝑎𝑓 − 𝑎𝑖
𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋 − 2 +1
𝑚 𝑚
1− 1−
2(𝑎𝑖 2 − 𝑎𝑓 2 )
Δ𝑁 = 𝑚
(𝑚 − 2)𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋
✓ Para m=2:
𝑎𝑓
ln 𝑎
𝑖
Δ𝑁 = 2
𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

433
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

✓ No caso de Y ser uma função de a, ou de Δσ ser também variável ao longo do


tempo, é necessário fazer uma integração numérica da equação para
determinar N.

✓ Quando o produto YΔσ é variável ciclo a ciclo, a vida deve ser obtida por um
processo numérico de integração, ciclo por ciclo, onde dN = 1 e da = 𝐶 ∆𝐾 𝑚 .

✓ Assim, calcula-se ΔK do ciclo e obtém-se da/dN da curva experimental ou da


equação de Paris, por exemplo.

𝑚
✓ A trinca cresce com incrementos Δa = da = 𝐶 ∆𝐾 , em cada ciclo.

𝑘=𝑗
✓ Assim, após j ciclos, 𝑎𝑗 = 𝑎𝑖 + σ𝑘=1 𝑎𝑘 e o processo segue até que Kmáx do
ciclo igual a KIc, correspondente ao fim da vida, pela ruptura final.
434
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 23

Uma placa com 1,0 m de largura construída em aço SAE-ABNT 1020, laminado a
frio, é submetida a esforços cíclicos entre 200 MPa e 0 MPa. As propriedades
mecânicas deste aço são:
Se = 630 MPa
Smáx = 670 MPa
E = 207 000 MPa
KIc = 104 MPam
C = 110-11 m/ciclo/(MPa m)m
m = 3 ,00

Qual a vida para o crescimento de uma trinca de fadiga que pode ser esperada,
se qualquer defeito na borda da placa é detectada quando for maior do que 1
mm?

435
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 23

Quando a chapa possui defeitos acima de 1 mm estes são removidos. Qualquer


defeito até 1 mm passa desapercebido, logo o máximo tamanho inicial da trinca é
de 1 mm.

Para esta geometria ∆𝐾 = 1,12. ∆𝜎 𝜋𝑎


desde que a trinca seja suficientemente pequena.

Isto é válido no início da vida, mas no fim da vida a trinca será bem maior.

O tamanho crítico da trinca, no ponto de carga máxima, pode ser obtido, em uma
primeira aproximação:
𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎𝑚á𝑥 𝜋𝑎𝑐

104 = 1,12.200 𝜋𝑎𝑐

𝑎𝑐 = 0,06862 𝑚 436
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 23
Para esta geometria com uma trinca com 𝑎𝑐 = 0,06862 𝑚:
𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
Y= 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

2 3 4
0,06862 0,06862 0,06862 0,06862
𝑌 = 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382
1 1 1 1

𝑌 = 1,145
Como a trinca cresce no início lentamente e apenas na última fração da vida é
que atinge um tamanho da ordem de ac, é perfeitamente possível usar um valor
de Y=1,12 constante, correspondente ao tamanho inicial, na integração, pois o
erro não será grande. Assim, o número de ciclos será:
3 3
1−2 1−2
2(0,001 − 0,06862 )
Δ𝑁 = ∆𝑁 = 88856 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
3−2 1 × 10−11 1,12.200. 𝜋 3

437
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 24
No exemplo anterior busca-se aumentar a vida de crescimento de trinca que
venha a ser gerada por algum defeito de borda. Uma alternativa seria aumentar
em 50% a tenacidade à fratura do material. Outra seria em diminuir em 50% o
tamanho máximo do defeito de borda. Analisando:
Aumentando em 50% KIc:
𝐾𝐼𝑐 = 1,5104 = 156 𝑀𝑃𝑎 𝑚

156 = 1,12.200 𝜋𝑎𝑐

𝑎𝑐 = 0,1544 𝑚
3 3
1−2 1−2 ∆𝑁 = 92922 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
2(0,001 − 0,1544 )
Δ𝑁 = Aumentando de 4,6% na vida
3 − 2 1 × 10−11 1,12.200. 𝜋 3

438
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 24

Diminuindo em 50% ai:

𝑎𝑖 = 0,0005 𝑚
3 3
1−2 1−2
2(0,0005 − 0,06862 ) ∆𝑁 = 130715 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
Δ𝑁 = Aumentando de 47,1% na vida
3 − 2 1 × 10−11 1,12.200. 𝜋 3

É muito mais conveniente diminuir o tamanho inicial da trinca, com um controle


mais rigoroso, do que usar um material mais sofisticado, de alta tenacidade,
onde o ganho de vida é percentualmente muito baixo.

439
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Efeitos de R = smin/smax no crescimento de trinca de fadiga

✓ Um aumento na razão R
do carregamento cíclico
faz com que as taxas de
crescimento para um
determinado K sejam
maiores.

440
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Efeitos de R = smin/smax no crescimento de trinca de fadiga

✓ O efeito é geralmente mais


pronunciado para materiais mais
frágeis.

✓ Por exemplo, a rocha de granito mostra


um efeito extremo, sendo sensível ao
aumento de R de 0,1 para apenas 0,2.

✓ Em contraste, os metais estruturais de


resistência relativamente baixa e
altamente dúcteis exibem apenas um
efeito fraco na região da taxa de
crescimento intermediária da curva
da/dN  K com a variação de R.
441
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Equação de Walker

✓ Várias relações empíricas são empregadas para caracterizar o efeito de R


nas curvas da/dN  K.

✓ Uma das equações mais amplamente utilizadas é baseada na aplicação


da relação de Walker ao fator de intensidade de tensão K:
𝛾
∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 1 − 𝑅
✓ Aqui,  (0,3 ≤ 𝛾 ≤ 1,0) é uma constante para o material e K é a
intensidade de tensão equivalente a R = 0 (σmín = 0) que causa a mesma
taxa de crescimento que a combinação real de Kmáx e R.

∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 − 𝐾𝑚í𝑛 ∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 − 𝑅𝐾𝑚á𝑥


𝐾𝑚í𝑛
𝑅= ∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 (1 − R)
𝐾𝑚á𝑥
442
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Equação de Walker

✓ Portanto:
𝛾
∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 1 − 𝑅
∆𝐾
∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 (1 − R) 𝐾𝑚á𝑥 =
(1 − R)

∆𝐾 𝛾
∆𝐾
∆𝐾 = 1−𝑅 ∆𝐾 =
(1 − R) 1 − 𝑅 (1−𝛾)

✓ Reescrevendo as equações para a relação entre da/dN e K com a


constante 𝐶0 para R = 0 e apenas C para R > 0:
𝑑𝑎
= 𝐶0 ∆𝐾 𝑚
𝑑𝑁
✓ Como ∆𝐾 é um ∆𝐾 equivalente para R = 0:
443
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Equação de Walker

✓ Como ∆𝐾 é um ∆𝐾 equivalente para R = 0:


𝑚
𝑑𝑎 𝑚 𝑑𝑎 ∆𝐾
= 𝐶0 ∆𝐾 = 𝐶0
𝑑𝑁 𝑑𝑁 1 − 𝑅 (1−𝛾)

𝑑𝑎 𝐶0 𝑚
= 𝑚(1−𝛾)
∆𝐾
𝑑𝑁 1−𝑅

✓ Que representa uma família de curvas da/dN  K paralelas em um


diagrama log-log, portanto com a mesma inclinação.

✓ Então:
𝐶0
𝑚 = 𝑚0 𝐶=
1 − 𝑅 𝑚(1−𝛾)
444
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Equação de Walker

✓ Para carregamentos envolvendo compressão, R < 0, assume-se que a porção


compressiva do ciclo não tem efeito no crescimento da trinca.

✓ Portanto,  = 0 quando R <0, de modo que ∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 .

✓ Isso é razoável com base na lógica de que a trinca fecha com carga zero e não
mais age como uma trinca com cargas compressivas.

✓ Em metais mais dúcteis, a porção compressiva da carga pode contribuir para


o crescimento, portanto, esta abordagem não é universalmente aplicável.

✓ Para o aço Man-Ten muito dúctil, para o qual a carga de compressão contribui
para o crescimento de trincas,  = 0,22.

445
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 25

Uma placa com 1,0 m de largura construída em aço SAE-ABNT 1020, laminado a
frio, é submetida a esforços cíclicos entre 200 MPa e 40 MPa. As propriedades
mecânicas deste aço são:
Se = 630 MPa
Smáx = 670 MPa
E = 207 000 MPa
KIc = 104 MPam
C = 110-11 m/ciclo/(MPa m)m
m = 3 ,00
 = 0,54

Qual a vida para o crescimento de uma trinca de fadiga que pode ser esperada,
se qualquer defeito na borda da placa é detectada quando for maior do que 1
mm?

446
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 25

Para esta geometria ∆𝐾 = 1,12. ∆𝜎 𝜋𝑎


desde que a trinca seja suficientemente pequena.

O tamanho crítico da trinca, no ponto de carga máxima, pode ser obtido, em uma
primeira aproximação:
𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎𝑚á𝑥 𝜋𝑎𝑐

104 = 1,12.200 𝜋𝑎𝑐 𝑎𝑐 = 0,06862 𝑚


𝜎𝑚í𝑛 40
𝑅= = = 0,2
𝜎𝑚á𝑥 200

∆𝜎 = 𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚í𝑛

∆𝜎 = 200 − 40 = 160 𝑀𝑃𝑎


447
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 25

𝑚 = 𝑚0 𝑚 = 3,0

𝐶0 1 × 10−11
𝐶= 𝐶=
1 − 𝑅 𝑚(1−𝛾) 1 − 0,2 3,0(1−0,54)
𝑚ൗ
𝐶 = 1,36 × 10−11 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
𝑀𝑃𝑎 𝑚 𝑚

3 3
1−2 1−2
2(0,001 − 0,06862 )
Δ𝑁 =
3 − 2 1,36 × 10−11 1,12.160. 𝜋 3

∆𝑁 = 127608 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

448
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 26

Uma placa com 1,0 m de largura construída em aço SAE-ABNT 1020, laminado a
frio, é submetida a esforços cíclicos entre 200 MPa e 160 MPa. As propriedades
mecânicas deste aço são:
Se = 630 MPa
Smáx = 670 MPa
E = 207 000 MPa
KIc = 104 MPam
C = 110-11 m/ciclo/(MPa m)m
m = 3 ,00
 = 0,54

Qual a vida para o crescimento de uma trinca de fadiga que pode ser esperada,
se qualquer defeito na borda da placa é detectada quando for maior do que 1
mm?

449
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 26

Para esta geometria ∆𝐾 = 1,12. ∆𝜎 𝜋𝑎


desde que a trinca seja suficientemente pequena.

O tamanho crítico da trinca, no ponto de carga máxima, pode ser obtido, em uma
primeira aproximação:
𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎𝑚á𝑥 𝜋𝑎𝑐

104 = 1,12.200 𝜋𝑎𝑐 𝑎𝑐 = 0,06862 𝑚


𝜎𝑚í𝑛 160
𝑅= = = 0,8
𝜎𝑚á𝑥 200

∆𝜎 = 𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚í𝑛

∆𝜎 = 200 − 160 = 40 𝑀𝑃𝑎


450
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 26

𝑚 = 𝑚0 𝑚 = 3,0

𝐶0 1 × 10−11
𝐶= 𝐶=
1 − 𝑅 𝑚(1−𝛾) 1 − 0,8 3,0(1−0,54)
𝑚ൗ
𝐶 = 9,217 × 10−11 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
𝑀𝑃𝑎 𝑚 𝑚

3 3
1−2 1−2
2(0,001 − 0,06862 )
Δ𝑁 =
3 − 2 9,217 × 10−11 1,12.40. 𝜋 3

∆𝑁 = 1205092 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

451
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Efeito de R sobre Kth

✓ A razão R geralmente tem um forte efeito sobre o comportamento do


crescimento da trinca em taxas de crescimento baixas e, portanto, também
sobre o valor limite Kth.

✓ Isso ocorre mesmo para


metais de baixa
resistência, onde há pouco
efeito nas taxas de
crescimento
intermediárias.

✓ Para alguns aços:


∆𝐾𝑡ℎ = 6,5 1 − 0,85𝑅 𝑀𝑃𝑎 𝑚
452
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 27

Uma viga em flexão com seção transversal quadrada em aço é submetida a


esforços cíclicos entre 400 MPa e 120 MPa. As propriedades mecânicas deste aço
são:
Se = 700 MPa
Smáx = 870 MPa
E = 207 000 MPa
KIc = 78 MPam
C = 210-11 m/ciclo/(MPa m)m
m = 3 ,25
 = 0,48

Qual a vida para o crescimento de uma trinca de fadiga que pode ser esperada,
para operação em vida finita? Admite-se que a trinca cresça com a razão a/c=1.

453
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 27

Tamanho crítico

𝜋𝑎 Com ao carga é distribuída uniformemente


𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓 𝜙 na seção 𝜃 = 90°
𝑄
1,65
𝑎 1,65 𝑄 = 1 + 1,464 1 = 2,464
𝑄 = 1 + 1,464
𝑐

𝑎 2]
𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 . [1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛𝜙
𝑐

𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 1 . 1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛90 2 = 1,04

454
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Tamanho crítico →tamanho final


1ൗ
𝑎 2 4
2
𝑓(𝜙) = 𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑐

𝑓 90 = 𝑠𝑒𝑛2 90 + 1 2 𝑐𝑜𝑠 2 90 1ൗ4 =1

𝜋𝑎 𝜆𝑠 1,04
𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎𝑚á𝑥 𝑓 𝜙 𝑌= 𝑓 𝜙 𝑌= . 1,0 = 0,6625
𝑄 𝑄 2,464

78 = 0,6625.400 𝜋. 𝑎𝑓 𝑎𝑓 = 0,02757 m

455
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Tamanho inicial da trinca gerada por fadiga


𝜎𝑚í𝑛 120
𝑅= 𝑅= = 0,3
𝜎𝑚á𝑥 400

∆𝐾𝑡ℎ = 6,5 1 − 0,85.0,3


∆𝐾𝑡ℎ = 4,84 𝑀𝑃𝑎 𝑚

∆𝐾𝑡ℎ = 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎𝑖

4,84 = 0,6625. (400 − 120) 𝜋𝑎𝑖 𝑎𝑖 = 0,0002167 m

456
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 27

𝑚 = 𝑚0 𝑚 = 3,25

𝐶0 2 × 10−11
𝐶= 𝐶=
1 − 𝑅 𝑚(1−𝛾) 1 − 0,3 3,25(1−0,48)
𝑚ൗ
𝐶 = 3,654 × 10−11 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
𝑀𝑃𝑎 𝑚 𝑚

3,25 3,25
1− 1−
2(0,0002167 2 − 0,02757 2 )
Δ𝑁 =
3,25 − 2 . 3,654 × 10−11 0,6625.280. 𝜋 3,25

∆𝑁 = 53693 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

457
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura

458
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

15. FRATURA
ELASTOPLÁSTICA

459
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Dugdale propôs a aproximação da zona plastificada na ponta da trinca


como uma tira sob escoamento no estado plano de tensões.

 O modelo propõe uma tira de


material sob tensão de
escoamento se estendendo por
um comprimento r.

 O campo de tensão elástica


vizinho a essa tira provoca o
fenômeno do fechamento da
trinca, nas posições a<x<c, onde
2c = 2a + 2r.

460
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Dessa forma há um campo de tensão elástica nominal que se sobrepõe a


um campo de tensão de escoamento, na região à frente da trinca.

 Pode-se escrever um
intensificador de tensão para
cada uma dessas condições.

 Para o campo elástico remoto


𝐾𝜎 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎
para a tensão elástica 𝜎 e Y
independente de a e de 𝜎.

 Na região à frente da trinca


esses dois campos se sobrepõe.
461
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Pelo princípio da superposição, na região à frente da trinca, para


qualquer posição 𝑥 à frente da ponta da trinca física:
𝑎 𝑥
𝐾𝐼 = −2𝑌𝜎𝑠 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠
 Sob a mesma ótica de Irwin, 𝜋 𝑎
considerando-se um tamanho
efetivo de trinca como
𝑎𝑒𝑓 = 𝑎 + 𝑟
𝑥=𝑎
com 𝜎𝑠 = 𝑆𝑒 :

𝐾𝜎 = 𝑌𝜎 𝜋(𝑎 + 𝑟)

𝑎+𝑟 𝑎
𝐾𝐼 = −2𝑌𝑆𝑒 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠
𝜋 𝑎+𝑟
462
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Na condição de limite 𝐾𝜎 = −𝐾𝐼

2𝑌𝑆𝑒 𝑎
𝑌𝜎 𝜋(𝑎 + 𝑟) = 𝜋(𝑎 + 𝑟)𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠
𝜋 𝑎+𝑟
𝜋𝜎 𝑎
= 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠
2𝑆𝑒 𝑎+𝑟

𝑎 𝜋𝜎 𝜋𝜎
= 𝑐𝑜𝑠 𝑟 = 𝑎 𝑠𝑒𝑐 −1
𝑎+𝑟 2𝑆𝑒 2𝑆𝑒

 Expandindo em série e negligenciando os termos de ordem superior:


2 2
𝑎 𝜋𝜎 𝜋 𝐾𝐼
𝑟= 𝑟=
2 2𝑆𝑒 8 𝑆𝑒
463
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Descrevendo um 𝐾𝑒𝑓 aplicando a aproximação de Dugdale à expressão de 𝐾𝐼 :

2
𝑌𝜎 𝜋𝑎
𝜋 𝐾𝑒𝑓 𝐾𝑒𝑓 =
𝐾𝑒𝑓 = 𝑌𝜎 𝜋 𝑎 + 2
8 𝑆𝑒 𝜋 2 𝑌𝜎
1+ 8 𝑆
𝑒

 A proposta de Irwin leva à 𝐾𝑒𝑓 :

𝑌𝜎 𝜋𝑎
𝐾𝑒𝑓 =
2
1 𝑌𝜎
1+2 𝑆
𝑒

464
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastoplástica

 Se o tamanho da zona plástica na ponta da trinca for pequena o suficiente


para que possa estar contido na região dominante de K, pode-se usar K e G
como os parâmetros da MFLE.

 Com 𝑟𝑦 ≪ 𝑎 pode-se empregar a aproximação de Irwin.

 Com 𝑟𝑦 < 𝑎 pode-se empregar a aproximação de Dugdale.

 Essa condição também é conhecida como condição de escoamento em


pequena escala (SSY).

 Por outro lado, se esta zona for maior do que a região dominante K, então as
suposições elásticas lineares não estão corretas, ou seja, MFLE não é aplicável
e modelos não lineares devem ser usados. Com 𝑟𝑦 > 𝑎 deve-se empregar a
MFEP.
465
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastoplástica

 A figura mostra três situações diferentes em relação à propagação da


zona plástica da ponta de trinca.
 O primeiro caso representa a condição SSY.

 O segundo mostra a situação em que a zona plástica da ponta da


trinca é grande o suficiente para causar alguma não linearidade na
resposta geral do componente.
466
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastoplástica

 No entanto, se essa não linearidade não for muito significativa, ela


pode ser tratada com um modelo elástico não linear, para o qual
introduz-se uma taxa de liberação de energia elástica não linear
chamada J (geralmente conhecida como J-Integral).

 No entanto, deve-se notar que, semelhante ao LEFM, há um limite para


a validade de J no que diz respeito ao tamanho da zona plástica em
comparação com a região J dominante.

467
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastoplástica

 O terceiro caso é de completa plastificação da trinca e o parâmetro


apropriado seria o deslocamento da abertura da ponta da trinca
(CTOD).

 O quarto caso é de plastificação geral da estrutura, mesmo na presença


de trincas, onde a falha ocorre por colapso plástico e não fratura.

468
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

 A integral de contorno J é amplamente utilizada na mecânica da fratura


como um critério baseado em energia para determinar o início do
crescimento da trinca.

 A integral J representa uma maneira de calcular a taxa de liberação de


energia de deformação, ou trabalho (energia) por unidade de área de
superfície de fratura, em um material.

 O conceito teórico de integral J foi desenvolvido em 1967 por G.P.


Cherepanov e independentemente em 1968 por James R. Rice, que
mostrou que uma integral de caminho de contorno energético
(chamada J) era independente do caminho em torno de uma trinca.

469
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

 A forma original da integral J para um contorno de linha ao redor da


ponta da trinca pode ser escrita como:

𝜕𝑢𝑖
𝐽 = න 𝑤. 𝑑𝑦 − 𝑇𝑖 𝑑𝑠
𝜕𝑥
Γ

Onde
𝜎𝑖𝑗 é o tensor tensão;
𝜀𝑖𝑗 é o tensor deformação;
𝑤 = ‫ 𝑗𝑖𝜎 ׬‬. 𝑑𝜀𝑖𝑗 é a densidade de energia de deformação;
𝑇𝑖𝑗 = 𝜀𝑖𝑗 𝑛𝑗 são os componentes do vetor tração que atua no contorno;
𝑢𝑖 são os componentes de deslocamento;
𝑑𝑠 é um incremento de comprimento ao longo do contorno Γ.
470
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

 A integral J é uma integral de linha que inicia em uma face da trinca e


acaba na outra face da trinca. O caminho será composto pela:
 parte 1 passando pela região elástica sobre carregamento
monotônico;
 pela parte 2 passando por uma superfície da trinca;
 parte 3 retornando pela região elástica;
 parte 4 passando pela outra superfície da trinca,
formando um caminho fechado.

 Uma integral de linha tem valor nulo, logo

𝐽1 + 𝐽2 + 𝐽3 + 𝐽4 = 0.

471
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

 Como as superfícies da trinca não estão sob carga, nem normal nem
tangencial, a integral 𝐽2 = 0 e 𝐽4 = 0.

 Logo,
𝐽1 + 𝐽3 = 0

𝐽1 = −𝐽3

 Como o caminho de integração 3 tem o sentido inverso que o do caminho


1
 Então 𝐽1 = 𝐽3
𝑑𝑈
𝐽=
 J é a taxa não linear de liberação de energia e 𝑑𝑎
tem o mesmo conceito de G, que é aplicado para a MFLE.
472
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

473
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 Hutchinson, Rice e Rosengren independentemente mostraram que J


caracteriza as condições da ponta da trinca em um material elástico não linear.

 Consideraram uma relação de lei de potência entre deformação plástica e


estresse.

 Se as deformações elásticas forem incluídas, esta relação para deformação


uniaxial é dada pela relação de Ramberg-Osgood.
1
𝜀 𝜎 𝜎 𝑛
= +𝛼
𝜀0 𝜎0 𝜎0

onde 𝜎0 é um valor de tensão de referência que geralmente é igual à tensão de


escoamento, 𝜀0 = 𝜎0 Τ𝐸, 𝛼 uma constante adimensional, e 𝑛 é o expoente de
endurecimento por deformação.
474
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 Hutchinson, Rice e Rosengren mostraram que, para permanecer


independente do caminho, a deformação de tensão deve variar como 1/r
próximo à ponta da trinca.

 Em distâncias muito próximas à ponta da trinca, bem dentro da zona


plástica, as deformações elásticas são pequenas em comparação à
deformação total, e o comportamento tensão-deformação se reduz a uma
lei de potência simples.

475
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 Essas duas condições implicam na seguinte variação de tensão e


deformação à frente da ponta da trinca:
𝑛Τ 𝑛+1
𝐽
𝜎𝑖𝑗 = 𝑘1 .
𝑟
1Τ 𝑛+1
𝐽
𝜀𝑖𝑗 = 𝑘2 .
𝑟

onde 𝑘1 e𝑘2 são constantes de proporcionalidade.

Para um material linear elástico, 𝑛 = 1, e as Equações preveem uma


singularidade 1Τ 𝑟, que é consistente com a teoria LEFM.

476
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 As distribuições reais de tensão e deformação são obtidas aplicando as


condições de contorno adequadas:
𝑛 1
𝐸𝐽 𝑛+1 𝛼′𝜎0 𝐸𝐽 𝑛+1
𝜎𝑖𝑗 = 𝜎0 . 𝜎෤𝑖𝑗 (𝑛, 𝜃) 𝜀𝑖𝑗 = . 𝜀𝑖𝑗
ǁ (𝑛, 𝜃)
𝛼′𝜎02 𝐼𝑛 𝑟 𝐸 𝛼′𝜎02 𝐼𝑛 𝑟

onde 𝐼𝑛 é uma constante de integração que depende de 𝑛, e 𝜎෤𝑖𝑗 (𝑛, 𝜃) e


𝜀𝑖𝑗
ǁ (𝑛, 𝜃) são funções adimensionais de 𝑛 e 𝜃. 𝜎0 é uma tensão de referência na
região que, para casos uniaxiais é igual a 𝑆𝑒 .

 Esses parâmetros também dependem do estado de tensão assumido (isto é,


tensão plana ou deformação plana).

 Essas Equações são chamadas de singularidade HRR, em homenagem a


Hutchinson, Rice e Rosengren.
477
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

2 3
𝐼1ൗ = 7,7977 − 1,8031. 1ൗ𝑛 + 0,2168. 1ൗ𝑛 − 0,00826 1ൗ𝑛
𝑛 𝐸𝑃𝑇

2 3
𝐼1ൗ𝑛 = 5,9017 − 0,1512. 1ൗ𝑛 − 0,00502. 1ൗ𝑛 + 0,0006 1ൗ𝑛
𝐸𝑃𝐷

478
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 Os componentes de tensão são definidos em termos de coordenadas polares


ao invés de x e y.

 A integral J define a amplitude da singularidade HRR, assim como o fator de


intensidade de tensão caracteriza a amplitude da singularidade elástica linear.

 Assim, J descreve completamente as condições dentro da zona plástica.

 Uma estrutura em escoamento em pequena escala tem duas zonas


dominadas pela singularidade: uma na região elástica, onde a tensão varia
𝑛Τ
1 𝑛+1
como 1Τ𝑟, e uma na zona plástica onde a tensão varia como .
𝑟

 Esta última frequentemente persiste muito depois que a zona de


singularidade elástica linear foi destruída pela plasticidade da ponta da trinca.
479
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 A maioria dos esforços para avaliar a dominância J concentrou-se na condição


de deformação plana sob o modo I de carregamento.

 Tanto o fator de intensidade de tensão 𝐾𝐼 quanto 𝐽𝐼 representam a tenacidade


à fratura de forma indireta que caracterizam os parâmetros de campo locais,
mas 𝐾𝐼 é estritamente usados ​para escoamento em pequena escala e 𝐽𝐼 para
casos de escoamento em pequena e grande escala.

 A avaliação completa do processo de fratura inclui a mecânica da fratura


porque a tenacidade à fratura é uma medida da ductilidade à fratura de um
material com uma configuração de trinca específica em sua forma geométrica.

 O conceito de ductilidade da fratura depende das tensões de tração


hidrostáticas durante a deformação, durante as quais o módulo de
cisalhamento é uma medida do aumento da ductilidade da fratura.
480
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 O tratamento matemático rigoroso e complexo precedente na mecânica da


fratura elastoplástica agora será simplificado para fins práticos.

 Uma vez que a maior parte da caracterização de materiais com trincas está
confinada a um carregamento de tensão axial, pode-se supor que o
crescimento da trinca ocorre ao longo do plano da trinca, simplificando as
análises de tensão, deformação e deslocamento.

 Para uma trinca estacionária carregada em tração, as equações de campo de


tensão de deformação tornam-se:
𝑛 1
𝑛+1 𝛼′𝑆𝑒 𝐸𝐽 𝑛+1
𝐸𝐽
𝜎 = 𝑆𝑒 . 𝜀= .
𝛼′𝑆𝑒2 𝐼𝑛 𝑟 𝐸 𝛼′𝑆𝑒2 𝐼𝑛 𝑟
𝑛+1
𝐸𝐽 𝑆𝑒 𝑛
𝑟= 2 . 𝜎
𝛼′𝑆𝑒 𝐼𝑛
481
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo
 Calcular o tamanho máximo da zona plástica para um corpo de prova
compacto [CT], que opera em EPD, feito de aço ASTM A533B com uma
deformação de 0,1. O aço obedece à relação tensão-deformação
Ramberg-Osgood.

𝑆𝑒 = 414 𝑀𝑃𝑎 𝐸 = 207 𝐺𝑃𝑎


𝑇 = 93 °𝐶 𝑛 = 0,10299
𝛼′ = 1,12 𝑊 = 203 𝑚𝑚
𝐵 = 101,5 𝑚𝑚 𝑎0 = 117 𝑚𝑚
𝑎𝑐 = 121 𝑚𝑚 𝐵 = 101,5 𝑚𝑚
𝜇 = 4,7 𝑚𝑚 𝐽𝐼𝑐 = 1,00 𝑚. 𝑀𝑃𝑎
𝐻 = 776 𝑀𝑃𝑎

482
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo
 A deformação no escoamento é:

𝑆𝑒 414
𝜀𝑒𝑠𝑐 = 𝜀𝑒𝑠𝑐 = 𝜀𝑒𝑠𝑐 = 0,002
𝐸 207000
2 3
𝐼1ൗ = 5,9017 − 0,1512. 1ൗ0,10299 − 0,00502. 1ൗ0,10299 + 0,0006 1ൗ0,10299
0,10299

𝐼1ൗ = 4,51
0,10299

𝑛 0,10299 𝜎 > 𝑆𝑒
𝜎 = 𝐻 𝜀𝑝 𝜎 = 776 0,1 𝜎 = 612 𝑀𝑃𝑎

𝑛+1 0,10299+1
𝐸𝐽 𝑆𝑒 𝑛 207000.1,00 414 0,10299
𝑟= 𝑟= .
2 . 𝜎 2
1,12. 414 . 4,51 612
𝛼′𝑆𝑒 𝐼𝑛

𝑟 = 0,00364 𝑚 𝑟 = 3,64 𝑚𝑚
483
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca
 Quando Wells tentou medir os valores de KIc em vários aços estruturais,
ele descobriu que esses materiais eram muito resistentes para serem
caracterizados pelo MFLE.

 Esta descoberta trouxe boas e más notícias: alta tenacidade é obviamente


desejável para projetistas e fabricantes, mas os experimentos de Wells
indicaram que a teoria da mecânica de fratura existente não era aplicável
a uma classe importante de materiais.
 Ao examinar corpos de prova fraturados,
Wells notou que as faces das trincas haviam
se separado antes da fratura.

 A deformação plástica embotou uma trinca


inicialmente acentuada, conforme ilustrado
na Figura. 484
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca
 O grau de embotamento da trinca aumentou em proporção à tenacidade do
material.

 Esta observação levou Wells a propor a abertura na ponta da trinca como


uma medida de tenacidade à fratura.

 Esse parâmetro é conhecido como CTOD – Crack Tip Opening Displacement.

 Em seu artigo original, Wells realizou uma análise aproximada que


relacionou o CTOD ao fator de intensidade de tensão no limite de
escoamento em pequena escala.

 Irwin postulou que a plasticidade da ponta da trinca faz com que a trinca se
comporte como se fosse ligeiramente mais longa.

485
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 Considere uma trinca com uma pequena zona plástica, conforme


ilustrado na Figura.

 Pode-se estimar o CTOD resolvendo o deslocamento na ponta da trinca


física, assumindo um comprimento efetivo da trinca de 𝑎𝑒𝑓 = 𝑎 + 𝑟𝑦 .

𝜅+1 𝑟
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼
2𝜇 2𝜋

𝜅 = 3 − 4𝜈 EPD para =0°


3−𝜈
𝜅= EPT para =0°
1+𝜈

486
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 O deslocamento na ponta da trinca para o campo de tensões definido em


𝑟 = 𝑟𝑦

4(1 − 𝜈 2 ) 𝑟𝑦
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 EPD para =0°
𝐸 2𝜋
4 𝑟𝑦
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 EPT para =0°
𝐸 2𝜋

 O raio de plastificação definido por Irwin para EPT é:


2
1 𝐾𝐼
𝑟𝑦 =
2𝜋 𝑆𝑒

487
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 A abertura na ponta da trinca será


𝛿 = 2𝑢𝑦

4(1 − 𝜈 2 ) 𝑟𝑦
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 EPD para =0°
𝐸 2𝜋

4(1 − 𝜈2) 1 1 𝐾𝐼
2 2(1 − 𝜈 2 ) 𝐾𝐼2
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 𝑢𝑦 =
𝐸 2𝜋 2𝜋 𝑆𝑒 𝜋 𝐸𝑆𝑒

2(1 − 𝜈 2 ) 𝐾𝐼2 4(1 − 𝜈 2 ) 𝐾𝐼2 4(1 − 𝜈 2 ) 𝐺


𝛿=2 𝛿= 𝛿=
𝜋 𝐸𝑆𝑒 𝜋 𝐸𝑆𝑒 𝜋 𝑆𝑒

 𝛿 é CTOD
488
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 A abertura na ponta da trinca será


𝛿 = 2𝑢𝑦

4 𝑟𝑦
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 EPT para =0°
𝐸 2𝜋

4 1 1 𝐾𝐼
2 2 𝐾𝐼2
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 𝑢𝑦 =
𝐸 2𝜋 2𝜋 𝑆𝑒 𝜋 𝐸𝑆𝑒

2 𝐾𝐼2 4 𝐾𝐼2 4𝐺
𝛿=2 𝛿= 𝛿=
𝜋 𝐸𝑆𝑒 𝜋 𝐸𝑆𝑒 𝜋 𝑆𝑒

 𝛿 é CTOD
489
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 O modelo de Dugadale fornece um meio alternativo para analisar CTOD.

 Nesse modelo a zona plástica foi modelada por tensões de fechamento


de magnitude de escoamento.

 O tamanho da zona de escoamento foi definido pelo requisito de tensões


finitas na ponta da trinca.

 O CTOD pode ser definido como


o deslocamento da abertura da
trinca no final da zona de
escoamento, conforme ilustra a
Figura.

490
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 De acordo com esta definição, Burdekin desenvolveu seu modelo CTOD


em uma trinca em uma placa infinita sujeita a uma tensão de tração
remota é dado por:

8. 𝑆𝑒 𝑎 𝜋𝜎
𝛿= ln sec
𝜋𝐸 2. 𝑆𝑒

 Expandindo em série e considerando-se que


𝜎
no limite, com 𝑆 → 0 longe da ponta da trinca:
𝑒

𝐾𝐼2 𝐺
𝛿= 𝛿=
𝑆𝑒 𝐸 𝑆𝑒

491
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 De forma semelhante, Rice desenvolveu seu modelo CTOD em uma trinca


em uma placa infinita sujeita a uma tensão de tração remota é dado por:
2(𝜅 + 1)(1 + 𝜈). 𝑆𝑒 𝑎 𝜋𝜎
𝛿= ln sec
𝜋𝐸 2. 𝑆𝑒
𝜅 = 3 − 4𝜈 EPD para =0°
3−𝜈
𝜅= EPT para =0°
1+𝜈
𝜎
 Expandindo em série e considerando-se que no limite, com → 0 longe da
𝑆𝑒
ponta da trinca:
(𝜅 + 1)(1 + 𝜈)𝐾𝐼2 𝜅+1 1+𝜈 𝐺
𝛿= 𝛿=
4𝜋𝑆𝑒 𝐸 4𝜋𝑆𝑒
492
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo

 Em uma placa com espessura B=13 mm a taxa crítica de liberação de energia


de deformação é G=32 kJ/m2, a resistência ao escoamento é Se=1500 MPa, o
coeficiente de Poisson é 0,333 e o módulo de elasticidade do aço é E=207
GPa. Determinar:

a) a validade do teste de flexão mecânica da fratura para a placa


contendo uma trinca de borda única de 8 mm de comprimento na fratura;
b) a tensão de fratura se a placa tiver 130 mm de largura e 1 m de
comprimento;
c) o valor crítico para o deslocamento da abertura da ponta da trinca;
d) o deslocamento;
e) o tamanho da zona plástica;
f) interpretar os resultados em relação à condição de deformação plana.

493
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo
2
2
1 − 𝜈 2 𝐾𝐼𝑐 1 − 0,3332 𝐾𝐼𝑐
𝐺𝐼𝑐 = 32 × 10−3 =
𝐸 207000

𝐾𝐼𝑐 = 86,32 𝑀𝑃𝑎 𝑚

2 2
𝐾𝐼𝑐 86,32
𝐵 ≥ 2,5 𝐵 ≥ 2,5
𝑆𝑒 1500

𝐵 ≥ 8,28 × 10−3 𝑚

Portanto, o teste é válido porque a espessura real da amostra é maior do


que a espessura mínima ASTM.

494
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo

𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 86,32 = 1,12𝜎𝑐 𝜋. 0,008

𝜎𝑐 = 486,2 𝑀𝑃𝑎

(3 − 4𝜈 + 1)(1 + 𝜈)𝐾𝐼2 (3 − 4.0,333 + 1)(1 + 0,333)86,322


𝛿= 𝛿=
4𝜋𝑆𝑒 𝐸 4𝜋. 1500.207000

𝛿 = 6,79 × 10−6 𝑚

𝛿 = 2. 𝑢𝑦 6,79 × 10−6 = 2. 𝑢𝑦

𝑢𝑦 = 3,396 × 10−6 𝑚

495
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo

2 2 2 2
1 − 2𝜈 𝐾𝐼 1 − 2.0,333 86,32
𝑟= 𝑟=
2𝜋 𝑆𝑒 2𝜋 1500

𝑟 = 5,88 × 10−5 𝑚

Os resultados acima sugerem que a placa atendeu aos requisitos de


espessura ASTM E399 porque e se comportou de maneira frágil porque tanto
o tamanho da zona plástica quanto o deslocamento da abertura da ponta da
trinca são muito pequenos.

496
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Determinação Experimental de CTOD crítico

 Considere o espécime SENB representado na figura, a amostra é pré-trincada e


carregada conforme mostrado.

 Devido à deformação plástica geral à frente da ponta da trinca, o ligamento se


comporta como uma dobradiça plástica e os dois segmentos da amostra giram
em torno de um ponto de rotação.

497
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Determinação Experimental de CTOD crítico

 O CMOD – Crack Mouth Open Displacement – em qualquer momento pode


ser medido usando um medidor de clipe e o CTOD pode ser obtido usando a
seguinte expressão:

𝛿 𝑓(𝑊 − 𝑎)
=
𝐶𝑀𝑂𝐷 𝑟 𝑊 − 𝑎 + 𝑎

 Para essa geometria, r é geralmente considerado como 0,4. A quantidade


de CTOD no início do crescimento da fissura (δc) dá a propriedade do
material necessária.
498
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura A forma da zona plastificada

 Até agora, a extensão da zona plástica foi considerada ao longo do eixo x com
=0°, uma vez que foi modelada como um círculo.

 Um procedimento mais preciso segue quando ≠0° com o escoamento


examinado em uma pequena área modelada de acordo com um critério de
escoamento particular, que é responsável pela forma teórica da zona plástica.

 Este fato implica que ocorre plasticidade de ponta de trinca e as tensões na


zona plástica são limitadas ao fenômeno de escoamento.

 Além disso, o critério de Von Mises e o critério de escoamento de Tresca


podem ser usados para derivar expressões para o tamanho da zona plástica,
que por sua vez dá a forma da zona plástica.

499
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de von Mises

 Este critério é deduzido da Teoria da Energia de Distorção Máxima, na qual o


estado de tensão é referido às direções principais de tensão e as tensões
principais, 𝜎1 e 𝜎2 definidas pelas seguintes equações:

2 2 2
𝜎1 − 𝜎2 + 𝜎2 − 𝜎3 + 𝜎3 − 𝜎1 = 2𝑆𝑒2

𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 − 𝜎𝑦𝑦 2


2
𝜎1 = + + 𝜏𝑥𝑦
2 2

𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 − 𝜎𝑦𝑦 2


2
𝜎2 = − + 𝜏𝑥𝑦
2 2

500
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de von Mises

 Este critério é deduzido da Teoria da Energia de Distorção Máxima, na qual o


estado de tensão é referido às direções principais de tensão e as tensões
principais, 𝜎1 e 𝜎2 definidas pelas seguintes equações:

𝐾𝐼 𝜃 𝜃 𝜃
𝜎1 = 𝑐𝑜𝑠 1 + 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3
2𝜋𝑟 2 2 2

𝐾𝐼 𝜃 𝜃 𝜃
𝜎2 = 𝑐𝑜𝑠 1 − 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3
2𝜋𝑟 2 2 2

2𝜈𝐾𝐼 𝜃
𝜎3 = 𝑐𝑜𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
2𝜋𝑟 2

𝜎3 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
501
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de von Mises

 Aplicando o critério de von Mises às equações do campo de tensão elástico


na ponta da trinca:
2
1 𝐾𝐼 3
𝑟= 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 + 1 − 2𝜈 2
1 + 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
4𝜋 𝑆𝑒 2
2
1 𝐾𝐼 3
𝑟= 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 + 1 + 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
4𝜋 𝑆𝑒 2
 Para =0°o tamanho da zona plástica à frente da trinca é:
2 2
1 − 2𝜈 𝐾𝐼
𝑟= 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
2𝜋 𝑆𝑒
2
1 𝐾𝐼
𝑟= 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
2𝜋 𝑆𝑒
502
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de von Mises

trinca

503
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de Tresca
 Este critério é baseado na Teoria da Máxima Tensão de Cisalhamento, que
prevê que o escoamento ocorre quando a tensão máxima de cisalhamento
atinge a metade do valor da tensão de escoamento em um teste de tensão
uniaxial.
1
𝜏𝑚á𝑥 = 𝑆𝑒
2
𝜎1 − 𝜎3 = 𝑆𝑒
1
𝜏𝑚á𝑥 = 𝜎1 − 𝜎3
2

𝜎1 = 𝑆𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇

𝜎1 − 𝜎3 = 𝑆𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷

𝜎1 − 𝜎2 = 𝑆𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
504
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de Tresca

 Aplicando o critério de Tresca às equações do campo de tensão elástico na


ponta da trinca:
2
1 𝐾𝐼 𝜃 𝜃 𝜃
𝑟= 𝑐𝑜𝑠 1 + 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
2𝜋 𝑆𝑒 2 2 2
2
1 𝐾𝐼 𝜃
𝑟= 𝑐𝑜𝑠 2 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
2𝜋 𝑆𝑒 2

 Para =0°o tamanho da zona plástica à frente da trinca é:


2
1 𝐾𝐼
𝑟= 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
2𝜋 𝑆𝑒
2
1 𝐾𝐼
𝑟= 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
2𝜋 𝑆𝑒
505
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de Tresca

trinca

506
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica

 No caso mais geral, a mecânica da fratura dinâmica contém três


características complicadoras que não estão presentes na mecânica da
fratura elástica linear (LEFM) e na mecânica da fratura elástico-plástica: forças
de inércia, comportamento do material dependente da taxa e ondas de
tensão refletidas.

 Os efeitos da inércia são importantes quando a carga muda abruptamente ou


a trinca cresce rapidamente; uma parte do trabalho aplicado é convertido em
energia cinética.

 A maioria dos metais não são sensíveis a variações moderadas na taxa de


deformação perto da temperatura ambiente, mas a fluxo de tensão pode
aumentar consideravelmente quando a taxa de deformação aumenta em
várias ordens de magnitude.

507
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica

 O efeito do carregamento rápido é ainda mais pronunciado em materiais


sensíveis à taxa, como polímeros.

 Quando a carga muda abruptamente ou a trinca cresce rapidamente as ondas


de tensão se propagam através do material e refletem em superfícies livres,
como os limites do corpo e o plano da trinca.

 A reflexão das ondas de tensão influencia a tensão da ponta da trinca local e


os campos de deformação que, por sua vez, afetam o comportamento da
fratura.

 Em certos problemas, um ou mais dos efeitos acima podem ser ignorados. Se


todos os três efeitos forem negligenciados, o problema se reduzirá ao caso
quase-estático.

508
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica
 A versão dinâmica do MFLE é denominada mecânica de fratura
elastodinâmica, em que o comportamento não linear do material é
negligenciado, mas as forças de inércia e as ondas de tensão refletidas são
incorporadas quando necessário.

 A estrutura teórica da mecânica da fratura elastodinâmica está


razoavelmente bem estabelecida e as aplicações práticas desta abordagem
estão se tornando mais comuns.

 A mecânica da fratura elastodinâmica tem suas limitações, mas é


aproximadamente válida em muitos casos.

 Quando a zona plástica é restrita a uma pequena região próxima à ponta da


trinca em um problema dinâmico, a abordagem da intensidade de tensão,
com algumas modificações, ainda é aplicável.
509
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica

 Análises dinâmicas de fratura que incorporam comportamento de material


não linear e dependente do tempo são uma inovação relativamente recente.

 Vários pesquisadores generalizaram a integral J para explicar a inércia e a


viscoplasticidade.

 Existem duas classes principais de problemas de fratura dinâmica:


(1) início da fratura como resultado de carregamento rápido;
(2) propagação rápida de uma trinca.

 Neste último caso, a propagação da trinca pode ser iniciada por aplicação
quase-estática ou rápida de uma carga; a trinca pode parar após alguma
propagação instável.

510
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica
 Determinar um parâmetro de caracterização de fratura, como o fator de
intensidade de tensão ou a integral J, para carregamento rápido pode ser
muito difícil.

 Considerando o caso em que a zona plástica está confinada a uma pequena


região ao redor da ponta da trinca os campos de tensão próximos à ponta
para carregamento de alta taxa do Modo I são dados por:

𝐾𝐼 𝑡
𝜎𝑖𝑗 = 𝑓𝑖𝑗 (𝜃)
2𝜋𝑟

onde (t) denota uma função de tempo. As funções angulares, 𝑓𝑖𝑗 (𝜃), são
idênticas ao caso quase-estatístico.

511
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica

 O fator de intensidade de tensão, que caracteriza a amplitude da


singularidade elástica, varia de forma errática nos estágios iniciais de
carregamento.

 A reflexão das ondas de tensão que passam através do corpo interfere de


forma construtiva e destrutiva entre si, resultando em uma distribuição
de tensão dependente do tempo, altamente complexa.

 O KI instantâneo depende da magnitude das ondas de tensão discretas


que passam pela região da ponta da trinca naquele momento particular
no tempo.

 Quando as ondas discretas são significativas, não é possível inferir KI a


partir de cargas remotas.

512
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica
 Observa-se que o comportamento de um corpo carregado dinamicamente
pode ser caracterizado por uma resposta de curto tempo, dominada por
ondas discretas, e uma resposta de longo tempo que é quase quasistática.

 Em tempos intermediários, os efeitos da inércia global são significativos, mas


as oscilações locais na trinca são pequenas, porque a energia cinética é
absorvida pela zona plástica.

 Para distinguir a resposta de curto prazo da resposta de longo prazo, definiu-


se um tempo de transição, tt, quando a energia cinética e a energia de
deformação (a energia absorvida pelo corpo) são iguais.

 Os efeitos da inércia dominam em tempos menores que o de transição, mas a


energia de deformação domina em tempos significativamente maiores que tt.

513
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Considerando todas as variáveis ​na análise, projeto, materiais e certificação
de estruturas soldadas, não é surpreendente que as soldas sejam os alvos
principais na maioria das falhas.

 Peculiaridades sutis estão na raiz de muitos problemas de solda, que podem


ser colocados em uma série de categorias de trincas na zona de solda.

 Muitos deles estão relacionados à zona afetada pelo calor (ZAC), a própria
solda e a linha de fusão.

 A ZAC pode ser caracterizada por critérios de deformação plana, enquanto a


solda e os metais básicos também podem estar envolvidos.

 A linha de fusão raramente propaga fratura, a menos que se torne muito


frágil.
514
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Solidificação: A solidificação é desencadeada pelo processo de resfriamento
da poça de metal de solda, sendo que o filme líquido é o local de fissuras
dispostas de acordo com a direção das forças restritivas.

 As impurezas que consistem em pequenas quantidades de enxofre e fósforo


são críticas para o trincamento a quente de aços. O mecanismo de trinca,
neste caso, é chamado de “trinca a quente” porque aparece em altas
temperaturas antes que o metal desenvolva resistência suficiente.

515
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Liquação. Embora o mecanismo de trincamento por liquação seja semelhante
ao trincamento controlado por deformação durante a solidificação, a
temperatura de um filme líquido não é suficientemente alta para fundir a ZAC
do metal de base.

 Consequentemente, a deformação de tração se desenvolve a partir do


encolhimento da ZAC e a trinca de liquação é formada. As áreas hachuradas
na figura representam poças de metal de solda.

516
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Alívio de tensão. Durante o processo de soldagem, a ZAC e o cordão de solda
são submetidos a um tratamento de solução de alta temperatura. Sob esta
condição, os carbonetos são dissolvidos e colocados de volta na solução.

 Se, a seguir, uma alta taxa de resfriamento não permitir que todos os
carbonetos sejam precipitados, alguns deles permanecerão na solução.

 No entanto, quando uma junta soldada é reaquecida para fins de alívio de


tensões, a precipitação de carbono continua, criando trinca nos contornos
dos grãos. Embora a precipitação fortaleça os grãos, ela também deixa os
limites dos grãos mais fracos

517
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Trinca a frio. Em termos metalúrgicos, o trincamento a frio ocorre após a
formação de produtos duros como a bainita e a martensita.

 Este processo de trincamento é acelerado com a ajuda de pequenas fissuras


de liquação. A dureza pode ser reduzida por pré-aquecimento ou
resfriamento mais lento. O melhor remédio geral é reduzir os teores de
carbono e enxofre.

518
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Rasgo lamelar. Rasgo lamelar aplica-se a soldagens altamente restritas e
soldas de filete.

 A separação do metal base ao longo dos planos de inclusões não metálicas é


referida como "rasgo lamelar".

 Este processo de rasgo se desenvolve


na direção da espessura devido à
baixa ductilidade e normalmente
segue o início da trinca causada por
práticas de fusão de baixa qualidade.

519
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Efeito do hidrogênio. O papel negativo do hidrogênio nas juntas soldadas é
estimular a fissuração nas zonas plásticas nas pontas das trincas e estender as
fissuras existentes nas peças metálicas geradas por outros meios.

 A liquação a quente ou o trincamento a frio podem fornecer as condições


certas para esse tipo de extensão de trinca.

 Mesmo as menores trincas podem ser


estendidas se os campos de tensão e os
conteúdos de hidrogênio forem
suficientemente altos. As direções de
crescimento de fissuras assistidas por
hidrogênio seguem caminhos normais às
direções das tensões aplicadas.

520
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Efeito de restrição. Vários mecanismos metalúrgicos e modos de trinca
podem ser combinados na chamada trinca por restrição.

 Isso pode incluir liquação a quente, trincamento a frio e rasgamento lamelar


assistido por hidrogênio.

521
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Todo o processo de comportamento de trincas em um regime de solda
envolve tantas facetas de imperfeições quantas forem as características
geométricas, materiais e de fabricação.
 Apenas alguns dos possíveis tipos de
1. Fenda na unha da solda
imperfeições e trincas são
2. Inclusão de escória
apresentados na figura para uma
3. Bolsa de gás
junta de solda comum.
4. Porosidade
5. Fissura sob o cordão
6. A falta de fusão aqui constitui uma trinca
7. Trinca de solidificação
8. Sobreposição de filetes
9. Trinca de raiz
10. Mordedura
11. Trinca na área da garganta
522
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Conceitos de projeto à fadiga
 As atuais filosofias de projeto à fadiga de componentes mecânicos dividem-se
em dois conceitos: vida garantida e abordagem tolerante ao dano.

 A diferença principal entre ambos os conceitos reside na forma como se


quantifica o processo de danificação desde a fase de iniciação da fenda até à
sua posterior propagação.

 No conceito vida garantida (“safe life”), um dado componente é projetado


admitindo que será retirado de serviço logo após ter sido detectada uma
microfissura inicial.

 Neste contexto, o projeto é essencialmente orientado para a fase de iniciação


de trincas e sua propagação até comprimentos de reduzida dimensão
(tipicamente abaixo de 1 mm).

523
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Conceitos de projeto à fadiga
 Abordagem de vida garantida (“safe life”) – iniciação:

 Desenvolvida no anos 1950: não é permitido qualquer dano na estrutura


ao longo da sua vida, ou a estrutura com dano tem que resistir cargas
finais sempre.
 O tempo de vida à fadiga N tem que ser demonstrado:
–Por testes
–Por cálculo para versões derivadas

 Usa-se um fator de segurança k aplicado ao tempo de vida à fadiga


demonstrado:
– k=5 no caso geral com demonstração por testes
– k=3 por exemplo para uma estrutura que é monitorada em
serviço para o número de ciclos

524
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Conceitos de projeto à fadiga
 Na abordagem tolerante ao dano (“fail safe”), o projetista assume que
qualquer componente é passível de possuir um dano inicial que poderá
propagar-se até um valor limite antes da sua retirada de serviço.

 Este valor pode ser obtido graças à Mecânica da Fratura, sendo definido em
termos da tenacidade à fratura do material, da carga limite ou de qualquer
critério de deformação adequado.

 Esta filosofia de projeto surgiu num contexto mais recente associado a


estruturas críticas, especialmente no domínio do setor aeroespacial e da
indústria nuclear.

525
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Conceitos de projeto à fadiga
 Abordagem de tolerância ao dano (“fail safe”) – propagação:

 Desenvolvida no anos 1970: assume-se que todos os componentes


contêm dano o qual pode existir desde sempre ou que foi criado durante
o serviço;

 O tempo de vida à fadiga é definido como sendo o necessário até o dano


atingir um tamanho crítico;

 Baseia-se no limite de redundância: depois da falha de um caminho de


transmissão de esforços, o segundo caminho frequentemente apresenta
danos que podem levar a uma falha catastrófica;

 A vida até à falha tem que ser avaliada.

526
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 13

Tensão e deformação elastoplástica em furo circular, Kt=3, sob tensão nominal


s0=500 MPa em material com Se=700 MPa, Smáx=1200 MPa, E=210000 MPa,
H=1400 MPa e n=0,085. Regra de Neuber.

1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
921 𝐸 𝐻

2
𝐾𝑡 . 𝜎0
𝜀=
𝜎. 𝐸

0,01163
s=921 MPa
=0,01163
180
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 14

Tensão e deformação elastoplástica em furo circular – Regra de Neuber:


d=16 mm
Kt=3
Tensão nominal máxima s0máx=500 MPa
Tensão nominal mínima s0mín=-150 MPa

em material com 2
𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 𝑆𝑚á𝑥 + 1,600 × 10−6 𝑆𝑚á𝑥 3
− 4,105 × 10−10 𝑆𝑚á𝑥
Se=700 MPa 𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 . 1200 + 1,600 × 10−6 .12002 −4,105 × 10−10 .12003
Smáx=1200 MPa
𝑎 = 0,113656
E=210000 MPa
1 1
H=1400 MPa 𝑞= 𝑞=
0,252624
= 0,954878
𝑎 1+
H’=1530 MPa 1+
𝑟 16/2
n=0,085
𝐾𝑓 = 1 + 𝑞(𝐾𝑡 − 1) 𝐾𝑓 = 1 + 0,917948 3 − 1 = 2,909755
n’=0,091
185
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 14

1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 𝜎 𝜎
1ൗ
𝑛
∆𝜀 = + 2. 𝜀= +
𝐸 2𝐻′ A 𝐸 𝐻
921

2
𝐾𝑓 . ∆𝜎0
2 𝐾𝑡 . 𝜎0
∆𝜀 = 𝜀=
∆𝜎. 𝐸 𝜎. 𝐸
0,001356

0,01163

1ൗ
𝑛′
-737 ∆𝜎 ∆𝜎
∆𝜀 = + 2.
B 𝐸 2𝐻′

186
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 15

Tensão e deformação elastoplástica em furo circular, Kt=3, sob tensão nominal


s0=500 MPa em material com Se=700 MPa, Smáx=1200 MPa, E=210000 MPa,
H=1400 MPa e n=0,085. Regra de Glinka.
1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
𝐸 𝐻

881

2 1ൗ
𝐾𝑡 . 𝜎0 𝜎2 2𝜎 𝜎 𝑛
= + .
𝐸 𝐸 𝑛+1 𝐻

s=881 MPa
=0,008496
0,008496

192
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 16

Tensão e deformação elastoplástica em furo circular – Regra de Glinka:


d=16 mm
Kt=3
Tensão nominal máxima s0máx=500 MPa
Tensão nominal mínima s0mín=-150 MPa

em material com 2
𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 𝑆𝑚á𝑥 + 1,600 × 10−6 𝑆𝑚á𝑥 3
− 4,105 × 10−10 𝑆𝑚á𝑥
Se=700 MPa 𝑎 = 1,239 − 2,250 × 10−3 . 1200 + 1,600 × 10−6 .12002 −4,105 × 10−10 .12003
Smáx=1200 MPa
𝑎 = 0,113656
E=210000 MPa
1 1
H=1400 MPa 𝑞= 𝑞=
0,252624
= 0,954878
𝑎 1+
H’=1530 MPa 1+
𝑟 16/2
n=0,085
𝐾𝑓 = 1 + 𝑞(𝐾𝑡 − 1) 𝐾𝑓 = 1 + 0,917948 3 − 1 = 2,909755
n’=0,091
194
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 16

1ൗ
𝜎 𝜎 𝑛
𝜀= +
1ൗ
𝐸 𝐻
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎 881
∆𝜀 = + 2. 1ൗ
𝐸 2𝐻′ 𝐾𝑡 . 𝜎0 2
𝜎2 2𝜎 𝜎 𝑛
= + .
𝐸 𝐸 𝑛+1 𝐻
-0,00076

0,008496 1ൗ
𝑛′
∆𝜎 ∆𝜎
∆𝜀 = + 2.
-721 𝐸 2𝐻′
2 1ൗ ′
2 𝑛
𝐾𝑓 . ∆𝜎0 ∆𝜎 4∆𝜎 ∆𝜎
= + .
𝐸 𝐸 𝑛′ + 1 2𝐻′

195
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Resumo dos Exemplos 11 a 16

Regra Linear Regra de Neuber Regra de Glinka


Tensão (smáx) 856 MPa 921 MPa 881 MPa
Carga monotônica
Deformação (máx) 0,007143 0,01163 0,008496
Descarga até carga Tensão (smín) -730 MPa -737 MPa -721 MPa
mínima Deformação (mín) -0,001863 0,001356 -0,00076
Amplitude de 793 MPa 829 MPa 801 MPa
tensão (sa)
Carga cíclica
Amplitude de 0,004503 0,005137 0,00463
deformação (a)

196
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17
Determinar as constantes da relação tensão x deformação e deformação x vida
para os dados de ensaio elastoplástico cíclico a seguir, com 𝐸 = 195800 𝑀𝑃𝑎:
∆𝜺 ∆𝝈 ∆𝜺𝒆 ∆𝜺𝒑 2.Nf
𝟐 𝟐 𝟐 𝟐
0,03930 1120 0,00572 0,03358 50
0,03930 1117 0,00570 0,03360 68
0,02925 1069 0,00546 0,02379 122
0,01975 989 0,00505 0,01470 256
0,01960 989 0,00505 0,01455 350
0,01375 941 0,00481 0,00894 488
0,00980 900 0,00460 0,00520 1364
0,00980 872 0,00445 0,00535 1386
0,00655 834 0,00426 0,00229 3540
0,00630 820 0,00419 0,00211 3590
0,00460 786 0,00401 0,00059 9100
0,00360 731 0,00373 -0,00013 35200
0,00295 583 0,00298 -0,00003 140000 223
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

𝜎′𝑓 𝑏
𝜀𝑒𝑎 = 2𝑁𝑓
𝐸

𝜎′𝑓
= 0,007831
𝐸
𝜎′𝑓 = 195800 . 0,007831

𝜎′𝑓 = 1533 𝑀𝑃𝑎

𝑏 = −0,076144

224
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

𝑐
𝜀𝑎𝑝 = 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓

𝜀′𝑓 = 0,811161

c = −0,731859

225
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

226
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

227
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

𝜎𝑎 = 𝜀𝑝𝑛′𝑎 . 𝐻′

𝐻 ′ = 1492 𝑀𝑃𝑎

𝑛′ = 0,093865

228
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

Cálculo aproximado, para os dados do ensaio de tração do material:


𝜎𝑓 = 1572 𝑀𝑃𝑎
𝜀𝑓 = 0,734
𝐸 = 195800 𝑀𝑃𝑎
Empregando-se:
𝑏 = −0,085 𝑏 −0,085 ′ = 0,1417

𝑛 =

→ 𝑛 = −0,6 → 𝑛
𝑐 = −0,6 𝑐

𝜎′𝑓 ≅ 𝜎𝑓 = 1572 𝑀𝑃𝑎 𝜀′𝑓 = 𝜀𝑓 = 0,734

𝜎′𝑓 1572
𝐻′ = 𝑛′ → 𝐻′ = → 𝐻 ′ = 1642 𝑀𝑃𝑎
0,734 0,1417
𝜀′𝑓

229
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 17

Calculado a partir de
Parâmetro Diferença
dados experimentais aproximações
𝜎′𝑓 1533 𝑀𝑃𝑎 1572 𝑀𝑃𝑎 +2,54 %
𝜀′𝑓 0,8112 0,7340 −9,5 %
𝑏 −0,0761 −0,0850 +11,7 %
𝑐 −0,7319 −0,6000 −18,0 %
𝐻′ 1492 𝑀𝑃𝑎 1642 𝑀𝑃𝑎 +10,0 %
𝑛′ 0,0939 0,1417 +50,9 %

230
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18
Tensão e deformação elastoplástica em furo circular – Regra de Neuber:
d=16 mm ; Kt=3
Tensão nominal máxima s0máx=500 MPa
Tensão nominal mínima s0mín=-150 MPa
em material com
Se=700 MPa
Smáx=1200 MPa Regra de Neuber
E=210000 MPa Tensão (smáx) 921 MPa
H=1400 MPa Carga monotônica
Deformação (máx) 0,01163
H’=1530 MPa Descarga até carga Tensão (smín) -737 MPa
n=0,085 mínima Deformação (mín) 0,001356
n’=0,091 Amplitude de 829 MPa
σ’f=1545 MPa tensão (sa)
Carga cíclica
’f=1,113 Amplitude de 0,005137
b= -0,0527 deformação (a)
c= -0,579 252
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Número de ciclos de transição

1
𝜀′𝑓 𝐸 𝑏−𝑐
2𝑁𝑡 =
𝜎′𝑓

1
1,113.210000 −0,0527−(−0,579)
2𝑁𝑡 =
1545

2𝑁𝑡 = 13858 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑡 = 6929 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
253
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Regra de Morrow
𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎𝑚í𝑛
Tensão média 𝜎𝑚 =
2
921 + (−737)
𝜎𝑚 = = 92 𝑀𝑃𝑎
2
𝜎′𝑓 − 𝜎𝑚 𝑏 𝑐
𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 + 𝜀′𝑓 2𝑁𝑓
𝐸
1545 − 92 −0,0527 −0,579
0,005137 = 2𝑁𝑓 + 1,113. 2𝑁𝑓
210000

2𝑁𝑓 = 105319 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑓 = 52659 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
254
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Regra de Manson e Halford


𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎𝑚í𝑛
Tensão média 𝜎𝑚 =
2
921 + (−737)
𝜎𝑚 = = 92 𝑀𝑃𝑎
2
𝑐
𝜎′𝑓 − 𝜎𝑚 𝑏 𝜎′𝑓 − 𝜎𝑚 𝑏 𝑐
𝜀𝑎 = 2𝑁𝑓 + 𝜀′𝑓 . 2𝑁𝑓
𝐸 𝜎′𝑓
−0,579
1545 − 92 −0,0527 1545 − 92 −0,0527 −0,579
0,005137 = 2𝑁𝑓 + 1,113. 2𝑁𝑓
210000 1545

2𝑁𝑓 = 42205 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑓 = 21102 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
255
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Regra de Smith, Watson e Topper


𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎𝑚í𝑛 𝜎𝑚á𝑥 = 𝜎𝑚 + 𝜎𝑎
Tensão média 𝜎𝑚 =
2
921 + (−737) 𝜎𝑚á𝑥 = 92 + 829 = 921 𝑀𝑃𝑎
𝜎𝑚 = = 92 𝑀𝑃𝑎
2
2𝑏 𝑏+𝑐
𝜎𝑚á𝑥 𝜀𝑎 𝐸 = 𝜎′𝑓2 . 2𝑁𝑓 +𝜎′𝑓. 𝜀′𝑓 . 𝐸. 2𝑁𝑓

2.−0,0527 −0,0527+(−0,579)
921.0,005137.210000 = 15452 . 2𝑁𝑓 +1545.1,113.210000. 2𝑁𝑓

2𝑁𝑓 = 87011 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑓 = 43505 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
256
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 18

Método das inclinações universais

0,832 −0,53
𝑆𝑚á𝑥 −0,09 0,155 𝑆𝑚á𝑥 −0,56
𝜀𝑎 = 0,623. 2𝑁𝑓 + 0,0196. 𝜀𝑓 . 2𝑁𝑓
𝐸 𝐸

0,832 −0,53
1200 −0,09 0,155
1200 −0,56
0,005137 = 0,623. 2𝑁𝑓 + 0,0196. 1,113 . 2𝑁𝑓
210000 210000

2𝑁𝑓 = 13072 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠õ𝑒𝑠

𝑁𝑓 = 6536 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

257
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 19 – Tamanho máximo da trinca

✓ Trinca passante central em placa com largura 200 mm e espessura 10 mm


✓ KIC = 75 MPa m
✓ P=300 kN
𝑃 300000
𝜎= = = 150 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊 10.200
𝑊 𝜋𝑎 𝜋𝑎
𝐾𝐼 = 𝜎 𝜋𝑎. 𝑠𝑒𝑐 = 𝜎. 𝑊𝑠𝑒𝑐
𝜋𝑎 𝑊 𝑊

𝜋𝑎𝑐
75 = 150. 0,2. 𝑠𝑒𝑐 0,2

𝑎𝑐 = 0,040967 𝑚 = 40,967 mm
2𝑎 2𝑎 2.40,967
0< < 0,95 = = 0,40967
𝑊 𝑊 200
361
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante de borda em placa com largura W e espessura B


𝑃
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊

Para W→∞ Y=1,12 na equação

𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚

Para W→∞ na equação


𝑃
𝐾=𝑌 𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝐵𝑊
Y=1,99
Y=1,99 = 1,12.
362
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante de borda em placa com largura W e espessura B

𝑃
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊

Para 𝑎
0< < 0,95
𝑊

𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚

𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

363
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 20 – Tamanho máximo da trinca

✓ Trinca passante de borda em placa com largura 200 mm e espessura 10 mm


✓ KIC = 75 MPa m
✓ P=300 kN
300000
𝜎= = 150 𝑀𝑃𝑎
10.200
Para W→∞ Y=1,12 na equação
75 = 1,12.150. 𝜋𝑎𝑐 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑎𝑐 = 0,06344 𝑚
𝑎 63,44
= = 0,317
𝑊 200
3=𝑌 𝜋 𝑌 = 1,693
75 = 1,693.150. 𝜋𝑎𝑐 𝑎𝑐 = 0,02777 𝑚 364
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 20 – Tamanho máximo da trinca

✓ Trinca passante de borda em placa com largura 200 mm e espessura 10 mm


✓ KIC = 75 MPa m
✓ P=300 kN

𝑎 27,77
= = 0,139
𝑊 200
2,2 = 𝑌 𝜋 𝑌 = 1,241
75 = 1,241.150. 𝜋𝑎𝑐

𝑎𝑐 = 0,05165 𝑚

365
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 20 – Tamanho máximo da trinca

✓ Trinca passante de borda em placa com largura 200 mm e espessura 10 mm


✓ KIC = 75 MPa m
✓ P=300 kN
𝑎 300000
0< < 0,95 𝜎= = 150 𝑀𝑃𝑎
𝑊 10.200
𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

𝑎𝑐 𝑎𝑐 2 𝑎𝑐 3 𝑎𝑐 4
75 = 150 𝜋𝑎𝑐 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382 𝑀𝑃𝑎 𝑚
0,2 0,2 0,2 0,2

𝑎𝑐 = 0,04136 𝑚

366
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante de borda, nas duas bordas, em placa com largura W e


espessura B
𝑃
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊
Para W→∞ Y=1,12 na equação

𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
Para W→∞ na equação
𝑃
𝐾=𝑌 𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝐵𝑊
Y=1,99
Y=1,99 = 1,12.
367
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca passante de borda, nas duas bordas, em placa com largura W e


espessura B
2𝑎
0< < 0,95
𝑊
𝑃
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
𝐵𝑊

𝑎 𝑎 2 𝑎 3
𝑌 = 1,12 + 0,203 − 1,196 + 1,930
𝑊 𝑊 𝑊

𝑎 𝑎 2 𝑎 3
𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 1,12 + 0,203 − 1,196 + 1,930 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑊 𝑊 𝑊

368
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca transversal em placa com largura W e espessura B em flexão

𝑀𝑐 𝑃𝑆ൗ4 . 𝑊ൗ2 3 𝑃𝑆
𝜎= = 3 = 𝑀𝑃𝑎
𝐼 𝐵𝑊 ൗ 2 𝐵𝑊 2
12

3 𝑃𝑆
𝐾=𝑌 2 𝑎 𝑀𝑃𝑎 𝑚
2 𝐵𝑊

369
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca transversal em placa com largura W e espessura B em flexão

𝑎
0< < 1,00
𝑊

3 𝑃𝑆
𝜎= 𝑀𝑃𝑎
2 𝐵𝑊 2

𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
𝑌 = 1,12 − 1,394 + 7,318 − 13,072 + 13,992
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
𝐾 = 𝜎 𝜋𝑎 1,12 − 1,394 + 7,318 − 13,072 + 13,992 𝑀𝑃𝑎 𝑚
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

370
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca embebida

𝜋𝑎 ø

𝐾𝐼 = 𝜎 𝑓 𝜙
𝑄

𝑎 1,65
𝑄 = 1 + 1,464
𝑐

1ൗ
𝑎 2 4
2
𝑓(𝜙) = 𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑐
371
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Elementos da Mecânica da Fratura

✓ Trinca embebida superficial

𝜋𝑎
𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓 𝜙
𝑄

𝑎 1,65
𝑄 = 1 + 1,464
𝑐
𝑎 2
𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 . [1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛𝜙 ]
𝑐
1ൗ
𝑎 2 4
2
𝑓(𝜙) = 𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑐
372
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Tensões na região da trinca

𝐾 𝜃 𝜃 𝜃
𝜎𝑦 = 𝑐𝑜𝑠 1 + 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3
2𝜋𝑟 2 2 2
𝐾 𝜃 𝜃 𝜃
𝜎𝑥 = 𝑐𝑜𝑠 1 − 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3
2𝜋𝑟 2 2 2

𝐾 𝜃 𝜃 𝜃
𝜏𝑥𝑦 = 𝑐𝑜𝑠 𝑠𝑒𝑛 2 𝑠𝑒𝑛 3 2
2𝜋𝑟 2

𝜎𝑧 = 𝜏𝑥𝑧 = 𝜏𝑦𝑧 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇

𝜎𝑧 = 𝜈 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷

𝜏𝑥𝑧 = 𝜏𝑦𝑧 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷

373
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Tensões na região da trinca

✓ A distribuição de tensão elástica na direção y para  = 0° é mostrada.

𝐾
𝜎𝑦 =
2𝜋𝑟
𝜎𝑧 = 𝜏𝑥𝑧 = 𝜏𝑦𝑧 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇

𝐾 𝜎𝑧 = 𝜈 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
𝜎𝑥 =
2𝜋𝑟
𝜏𝑥𝑧 = 𝜏𝑦𝑧 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷

𝜏𝑥𝑦 = 0

374
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Tensões na região da trinca

✓ À medida que r se aproxima de zero, a tensão na ponta da trinca se


aproxima do infinito, portanto, existe uma singularidade em r = 0.

✓ Visto que tensões infinitas não podem existir, a solução elástica deve ser
modificada para levar em conta alguma plasticidade da ponta da trinca.

✓ Se o raio da zona plástica, rp, na ponta da trinca for pequeno em relação à


geometria local, pouca ou nenhuma modificação no fator de intensidade de
tensão, K, é necessária.

✓ Portanto, uma restrição importante para o uso de MFLE é que o tamanho da


zona de plástico na ponta da trinca deve ser pequeno.

375
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Tensões na região da trinca

✓ Tensões no Modo I.

✓ Quando tensão cresce o se


aproximar da ponta da trinca
atinge o valor da resistência ao
escoamento.

✓ O valor de r para igualdade


entre o valor da tensão e o
valor da resistência ao
Região dominada pela
escoamento define o limite de singularidade

região plástica na ponta da


trinca.

376
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca
✓ Quer a fratura ocorra de maneira dúctil ou frágil, ou uma trinca por
fadiga cresça sob carga cíclica, a plasticidade local na ponta da trinca
controla tanto a fratura quanto o crescimento da trinca.

✓ É possível calcular o tamanho da zona plástica na ponta da trinca como


uma função do fator de intensidade de tensão e resistência ao
escoamento usando as equações do campo de tensão e os critérios de
von Mises ou tensão máxima de cisalhamento.

✓ Para condições de estado plano de tensões (EPT) existe uma zona


plástica muito maior em comparação com as condições estado plano
de deformação (EPD).

✓ Isso se deve ao fato de sz ter um valor diferente para a tensão plana e


para a deformação plana.
377
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

✓ O formato da zona plástica


monotônica resultante para o modo I
usando o critério de von Mises é
mostrado esquematicamente na
Figura.

378
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

✓ O componente de tensão normal, sz, para condições de deformação plana é


de tração e, portanto, restringe o fluxo plástico, resultando em uma zona
plástica menor em comparação com a tensão plana, onde sz = 0.

✓ Para a trinca passante na espessura em um placa grossa as superfícies livres


da placa têm sz = xz = yz = 0 e, portanto, as superfícies livres devem estar em
uma condição de tensão plana.

✓ No entanto, a região interna da placa perto da ponta da trinca está mais


próxima das condições de deformação plana como resultado da restrição
elástica da região afastada da trinca, em torno da região plástica.

✓ Assim, o tamanho da zona plástica ao longo da ponta da trinca.

379
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

380
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca
✓ A distribuição real de tensão-deformação dentro da zona plástica é difícil de
obter.

✓ Irwin argumentou que a plasticidade na ponta da trinca faz com que a trinca
se comporte como se fosse mais longa do que seu tamanho físico real e que a
distribuição de tensões não poderia simplesmente ocorrer acima da
resistência de escoamento, Se.

✓ A distribuição de tensões para sy deve se deslocar para acomodar a


deformação plástica e satisfazer as condições de equilíbrio.

✓ A dimensão da região plástica pode ser descrita como um círculo (no estado
plano) com raio rp, a partir do equilíbrio de forças na interface das regiões
plástica e elástico. 2
1 𝐾
𝑟𝑝 =
𝜋 𝑆𝑒 381
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

✓ Tensões no Modo I.
𝐾
✓ No estado plano de 𝜎𝑦 = = 𝑆𝑒
2𝜋𝑟𝑦
tensões o escoamento
ocorre quando 𝜎𝑦 = 𝑆𝑒
2
✓ Quando a tensão cresce ao se 1 𝐾
aproximar da ponta da trinca atinge o 𝑟𝑦 =
2𝜋 𝑆𝑒
valor da resistência ao escoamento.

✓ O valor de r para igualdade entre o


valor da tensão e o valor da resistência
ao escoamento define o limite de
região plástica na ponta da trinca.
382
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

sy
Elástico

Se Elasto-plástico

383
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca

✓ Tensões no Modo I.

✓ No estado plano de deformação o escoamento ocorre quando o estado


triaxial de tensões atinge a resistência ao escoamento.
2
1 𝐾
𝑟𝑦 =
6𝜋 𝑆𝑒

✓ O tamanho efetivo da trinca contempla a consideração, para a MFLE,


que a ponta da trinca se posiciona no centro da região plástica.

𝑎𝑒𝑓 = 𝑎 + 𝑟𝑦

384
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca
✓ A aplicação do raio de plastificação para compor o tamanho efetivo da trinca
gera uma intensidade de tensão efetivo, Kef.

✓ A obtenção do Kef pode demandar um processo iterativo.

✓ Para algumas situações é possível se definir uma solução em forma fechada.


2
𝐾𝑒𝑓 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎𝑒𝑓 1 𝐾𝑒𝑓
𝐾𝑒𝑓 = 𝑌𝜎 𝜋 𝑎 +
2𝜋 𝑆𝑒
𝑎𝑒𝑓 = 𝑎 + 𝑟𝑦
2 𝑌𝜎 𝜋𝑎
1 𝐾 𝐾𝑒𝑓 =
𝑟𝑦 = 2
2𝜋 𝑆𝑒 1 𝑌𝜎
1−2 𝑆
𝑒
𝐾𝑒𝑓 = 𝑌𝜎 𝜋(𝑎 + 𝑟𝑦 )
Para Y independente de a 385
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Plastificação na região da trinca
✓ Para trincas embebidas e de superfície tem-se.

𝜋𝑎 4 𝑎 2
𝐾𝑒𝑓 = 𝜆𝑠 𝜎 2
𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑄𝑒𝑓 𝑐

2
𝜎
𝑄𝑒𝑓 = 𝑄 − 0,212
𝑆𝑒

386
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

✓ Determinação da máxima carga de tração em uma haste de seção quadrada


de lado 40 mm, com uma trinca transversal ao seu eixo.

✓ A trinca é de superfície, com largura 2c=10 mm e profundidade a=4 mm.

✓ O material da haste apresenta Se=500 MPa, KIC=90 MPa m, módulo de


elasticidade E=205000 MPa e coeficiente de Poisson =0,305.

✓ A condição de carregamento é EPD.

Carga máxima para o limite de escoamento


𝑃 𝑃
𝜎 = ≤ 𝑆𝑒 500 = P = 800 𝑘𝑁
𝐴 40.40

387
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Carga máxima para a tenacidade à fratura

𝜋𝑎 Com ao carga é distribuída uniformemente


𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓 𝜙 na seção 𝜃 = 90°
𝑄
1,65
𝑎 1,65 4
𝑄 = 1 + 1,464 𝑄 = 1 + 1,464 = 2,013
𝑐 10ൗ
2
𝑎 2]
𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 . [1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛𝜙
𝑐
4 2
𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 . 1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛90 = 1,058
10ൗ
2
388
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Carga máxima para a tenacidade à fratura


1ൗ
𝑎 2 4
2
𝑓(𝜙) = 𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑐
1ൗ
2 4
4
𝑓 90 = 𝑠𝑒𝑛2 90 + 𝑐𝑜𝑠 2 90 =1
10ൗ
2

𝜋𝑎 𝑃 𝜋. 0,004
𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓 𝜙 90 = 1,058 .1
𝑄 40.40 2,013

𝑃𝑐 = 1723 𝑘𝑁
389
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Carga máxima para a tenacidade à fratura considerando a plastificação


na ponta da trinca
2 Com ao carga é distribuída
𝜋𝑎 𝜎
𝑄 = 𝑄 − 0,212 uniformemente na seção
𝐾𝑒𝑓 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓𝜙 𝑒𝑓
𝑆𝑒
𝑄𝑒𝑓 𝜃 = 90°

𝜆𝑠 = 1,058 𝑄 = 2,013 𝑓 90 = 1
2
𝑃ൗ
𝑄𝑒𝑓 = 2,013 − 0,212 40.40
500

𝑄𝑒𝑓 = 2,013 − 3,3125 × 10−13 𝑃2

𝑃 𝜋. 0,004 𝑃𝑐 = 1412 𝑘𝑁
90 = 1,058.
40.40 2,013 − 3,3125 × 10−13 𝑃2
390
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE

✓De acordo com a norma ASTM para a definição de KIC a dimensões do corpo
de prova para a obtenção de valores válidos para KIC devem seguir o critério
para EPD:

2
𝐾𝐼
𝑎, 𝐵, (𝑊 − 𝑎) ≥ 2,5.
𝑆𝑒

✓Um valor válido para KIC corresponde à propriedade do material que


independe das dimensões geométricas do corpo fraturado.

391
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE

✓Corpo de prova para obtenção de KIC:

392
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE

✓ Se a zona plástica for suficientemente pequena, haverá uma região fora dela
onde as equações do campo de tensões elásticas ainda se aplicam, chamada de
região de dominância K ou campo K.

✓ A existência de tal região é


necessária para que a
teoria MFLE seja aplicável.

393
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE

✓ O campo K circunda e controla o comportamento da zona plástica e da área


da ponta da trinca.

✓ Assim, a tenacidade à fratura, K, continua a caracterizar a gravidade da


situação de trinca, apesar da ocorrência de alguma plasticidade limitada.

✓ No entanto, se a zona plástica é tão grande que elimina o campo K, então K


não se aplica mais.

✓ Por uma questão prática, é necessário que a zona plástica seja pequena em
comparação com a distância da ponta da trinca a qualquer limite da
estrutura.

394
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE
✓ Uma condição limite definida para MFLE é que:

✓ As tensões nominais no plano da trinca devem ser inferiores a 0,8 Se (80%


da resistência de escoamento);

✓ Sob carregamento monotônico ry(1/8)a;

✓ Outras restrições incluem ry  1/8 da espessura e do ligamento (seção do


plano da trinca não trincado ao longo do plano da trinca).

✓ 8ry é quatro vezes o tamanho da zona plástica:


2
4 𝐾
𝑎, 𝐵, 𝑊 − 𝑎 , ≥
𝜋 𝑆𝑒
395
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Limite de validade da MFLE
✓ Condição onde é válida a MFLE:

✓ Condições onde é não válida a MFLE:

396
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Fratura em modo misto

✓Quando dois ou três modos de fratura estão presentes simultaneamente a


contribuição para a taxa de liberação de energia é aditiva, já que é uma
parâmetro escalar:

𝐾𝐼2 𝐾𝐼𝐼2 𝐾𝐼𝐼𝐼


2
Para estado plano de tensões
𝐺= + +
𝐸 𝐸 2𝜇

𝐾𝐼2 𝐾 2
𝐼𝐼 𝐾 2
𝐼𝐼𝐼
𝐺= 1 − 𝜈2 + 1 − 𝜈2 + Para estado plano de deformação
𝐸 𝐸 2𝜇
𝐸
𝜇=
2(1 + 𝜈)
✓Essa adição é válida durante o crescimento da trinca se a trinca mantiver sua
razão de aspecto e plano de crescimento.
397
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Superposição para carregamento combinado

✓ O cálculo da intensidade de tensão para carregamento combinado podem


ser obtidas por superposição - isto é, adicionando as contribuições dos
componentes de carga individuais.

✓ Por exemplo, considere-se


uma carga excêntrica
aplicada a uma distância e
da linha de centro de uma
barra, com dimensões b x t,
com uma única trinca na
borda, como mostrado na
figura.

398
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Superposição para carregamento combinado

✓ Essa carga excêntrica é estaticamente equivalente à combinação de uma


carga de tração aplicada centralmente e um momento fletor.

✓ A contribuição para K da tensão aplicada centralmente pode ser


determinada como na figura.

𝐾1 = 𝑌1 𝜎1 𝜋𝑎

𝑃
𝜎1 =
𝑏. 𝑡

399
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Superposição para carregamento combinado

✓ A contribuição devida à flexão pode ser definida como:

𝐾2 = 𝑌2 𝜎2 𝜋𝑎
6. 𝑀
𝜎2 = 2
𝑏 .𝑡

6. 𝑃. 𝑒
𝜎2 = 2
𝑏 .𝑡
𝜋𝑎 4
2𝑏 𝜋𝑎 0,923 + 0,199. 1 − 𝑠𝑒𝑛
𝑌2 = 𝑡𝑎𝑛 2𝑏
𝜋𝑎 2𝑏 𝜋𝑎
𝑐𝑜𝑠
2𝑏

400
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Superposição para carregamento combinado

✓ Como a tensão de tração e a distribuição de tensão de tração devida à


flexão são tensões normais, pode-se somar os K’s, que são funções lineares
da tensão:

𝐾 = 𝐾1 + 𝐾2

𝑃 6𝑒𝑌2
𝐾= 𝑌1 + 𝜋𝑎
𝑏. 𝑡 𝑏

✓ O uso da superposição de efeitos pode ser muito útil para casos mais
complexos que podem ser decompostos em casos mais simples já
conhecidos.

401
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Uma trinca inclinada em relação à direção da tensão nominal pode ser


tratada, de forma aproximada, considerando-se seu comprimento
projetado nessa direção:

𝐾 = 𝑌0 𝜎 𝜋𝑎. 𝑐𝑜𝑠𝜃

✓ Uma abordagem mais precisa considera a


atuação simultânea do Modo I e do Modo II
sobre a trinca.

✓ Y0 é o fator de forma da trinca original

402
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Calculando-se as tensões principais, nas direções vertical, y, e horizontal, x,


e a tensão cisalhante no plano xy.

✓ A tensão na direção y, syy,


produzirá solicitação no Modo I.

✓ A tensão na direção x, sxx, não


produzirá solicitação em
nenhum modo.

✓ A tensão cisalhante na direção


do plano xy, yy, produzirá
solicitação no Modo II.

403
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Do Círculo de Mohr: 𝜎𝛽 = 2𝑅

𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 2
2
𝑅= 𝜏𝑥𝑦 +
2

𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 2
2
𝜎𝛽 = 2 𝜏𝑥𝑦 +
2
2𝜏𝑥𝑦
tg 2𝛽 =
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥

𝜎𝛽 = tg 2𝛽 2 + 1 . 𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥
𝜎𝛽 =
cos 2𝛽
404
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Do Círculo de Mohr:
𝜎𝛽 = 𝜎𝑦𝑦 + 𝜎𝑥𝑥
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥
𝜎𝛽 =
cos 2𝛽

𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 = 𝜎𝛽 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1

𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 = 𝜎𝛽 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 𝜎𝑦𝑦 + 𝜎𝑥𝑥

𝜎𝑦𝑦 = 𝜎𝛽 𝑐𝑜𝑠 2 𝛽

𝐾𝐼 = 𝑌0 𝜎𝑦𝑦 𝜋𝑎 = 𝑌0 𝜎𝛽 𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 𝜋𝑎

𝐾𝐼 = 𝑌𝐼 𝜎𝛽 𝜋𝑎 𝑌𝐼 = 𝑌0 . 𝑐𝑜𝑠 2 𝛽
405
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Trinca inclinada em relação à tensão nominal

✓ Do Círculo de Mohr:

2𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛2𝛽 2𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽


tg 2𝛽 = tg 2𝛽 = =
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 𝑐𝑜𝑠2𝛽 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1

2𝜏𝑥𝑦 2𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽
= 𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 = 𝜎𝛽 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1
𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑥𝑥 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1

2𝜏𝑥𝑦 2𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽
2 = 𝜏𝑥𝑦 = 𝜎𝛽 𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽
𝜎𝛽 2𝑐𝑜𝑠 𝛽 − 1 2𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 1

𝐾𝐼𝐼 = 𝑌0 𝜏𝑥𝑦 𝜋𝑎 = 𝑌0 𝜎𝛽 𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽 𝜋𝑎

𝐾𝐼𝐼 = 𝑌𝐼𝐼 𝜎𝛽 𝜋𝑎 𝑌𝐼𝐼 = 𝑌0 . 𝑠𝑒𝑛𝛽𝑐𝑜𝑠𝛽


406
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Projeto para vazamento antes da ruptura de vasos de pressão
✓ Em um vaso de pressão de parede fina com uma trinca crescendo na
parede, existem duas possibilidades:

✓ (1) A trinca pode se estender gradualmente e penetrar na parede, causando


um vazamento antes que uma fratura frágil repentina possa ocorrer;

✓ (2) Uma fratura frágil repentina pode ocorrer antes do vazamento do vaso.

✓ Uma vez que uma fratura frágil em um vaso de pressão pode envolver a
liberação explosiva do conteúdo do vaso, um vazamento é de preferível.

✓ Além disso, um vazamento é facilmente detectado por uma queda de


pressão ou pelo escape do conteúdo do recipiente.

✓ Os vasos de pressão devem ser projetados para vazar antes de fraturar.


407
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Projeto para vazamento antes da ruptura de vasos de pressão

✓ Uma trinca em um vaso de pressão pode aumentar de tamanho devido à


influência da carga cíclica associada às mudanças de pressão ou devido ao
ataque químico hostil ao material.

✓ Uma trinca geralmente começa a partir de


uma falha de superfície e se estende em um
plano normal à tensão máxima na parede do
vaso, conforme a figura.

✓ No início de seu progresso, a trinca


frequentemente crescerá com o
comprimento da superfície 2c continuando a
ser aproximadamente duas vezes a
profundidade a, de modo que c ≈ a.
408
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Projeto para vazamento antes da ruptura de vasos de pressão

✓ Se nenhuma fratura frágil ocorrer, o crescimento irá prosseguir em um


padrão semelhante ao mostrado, resultando em uma fissura através da
parede com comprimento de superfície 2c que é aproximadamente duas
vezes a espessura, 2t.

✓ No entanto, ocorrerá uma fratura frágil súbita antes que a trinca penetre na
parede, a menos que o material tenha tenacidade à fratura suficiente para
suportar uma trinca através da parede de pelo menos 𝑎𝑐 ≥ 𝑡.

409
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 22

✓ Um vaso de pressão esférico é construído de aço ASTM A517-F e opera em


temperatura ambiente. O diâmetro interno é de 2r=d=13262 mm, a
espessura da parede é de t=30 mm e a pressão máxima é de p=3 MPa. A
condição de vazamento antes da quebra foi atendida? Qual é o fator de
segurança em K em relação a KIc, e qual é o fator de segurança contra o
escoamento?

410
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 22

✓ Dados:
✓ 𝐾𝐼𝑐 = 187 𝑀𝑃𝑎 𝑚
✓ 𝑆𝑒 = 760 𝑀𝑃𝑎

✓ A máxima pressão no vaso é:

𝑝. 𝑟 𝑝. 𝑑 3.13262
𝜎𝑡 = = 𝜎𝑡 = = 331,6 𝑀𝑃𝑎
2. 𝑡 4. 𝑡 4.30

✓ Cálculo da espessura para leak before failure:

𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎𝑐 187 = 1,0.331,6 𝜋𝑎𝑐 𝑎𝑐 = 0,1012 𝑚

✓ Como ac > t haverá vazamento antes de uma falha catastrófica


411
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 22

✓ Cálculo de K para a condição de operação:

𝐾 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎𝑐 𝐾 = 1,0.331,6. 𝜋. 0,030 𝐾 = 101,8 𝑀𝑃𝑎 𝑚

✓ Cálculo do coeficiente de segurança para a fratura:


𝐾𝐼𝑐 187
𝑐𝑠𝑓 = = 𝑐𝑠𝑓 = 1,87
𝐾 101,8

✓ Cálculo do coeficiente de segurança para o escoamento:

𝑆𝑒 760 𝑐𝑠𝑒 = 2,29


𝑐𝑠𝑒 = =
𝜎 331,6

412
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

14.
TRINCAS DE FADIGA
CRESCIMENTO
DE

413
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Uma trinca pode crescer aumentando seu comprimento em um
determinado valor em relação à aplicação de um número de ciclos N.

✓ A taxa de crescimento da trinca em relação aos ciclos pode ser


caracterizada pela razão a/N ou, para pequenos intervalos, pela
derivada da/dN.

✓ Um valor da taxa de crescimento da trinca por fadiga, da/dN, é a inclinação


em um ponto em uma curva a versus N.

✓ Supõem-se que o carregamento aplicado seja cíclico, com valores


constantes das cargas Pmáx e Pmín.

✓ As tensões nominais da seção bruta correspondentes smáx e σmín também


são constantes.
414
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Para a definição do trabalho de crescimento de trinca por fadiga é
convencional usar a faixa de tensão σ e a razão de tensão R.

∆𝜎 = 𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚í𝑛

𝜎𝑚í𝑛
𝑅=
𝜎𝑚á𝑥

415
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

✓ A variável primária que afeta a taxa de crescimento de uma trinca é a


amplitude do fator de intensidade de tensão.
∆𝐾 = 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

✓ O valor de Y depende apenas da geometria e do comprimento relativo da


trinca, α = a / b, como se o carregamento não fosse cíclico.

✓ Uma vez que K e σ são proporcionais:

𝐾𝑚á𝑥 = 𝑌𝜎𝑚á𝑥 𝜋𝑎 ∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 − 𝐾𝑚í𝑛

𝐾𝑚í𝑛 = 𝑌𝜎𝑚í𝑛 𝜋𝑎 𝐾𝑚í𝑛


𝑅=
𝐾𝑚á𝑥

416
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

✓ Para um determinado material e conjunto de condições de carga o


comportamento de crescimento de uma trinca pode ser descrito pela
relação entre a taxa de crescimento de trinca cíclica da/dN e a faixa de
intensidade de tensão K.

✓ Os dados de teste e uma curva ajustada para um material são descritos em


um gráfico log – log.

✓ Em valores intermediários de K, geralmente há uma linha reta no gráfico


log – log.

𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 ∆𝐾
𝑑𝑁

417
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 ∆𝐾
𝑑𝑁

✓ C é uma constante e m é a
inclinação no gráfico log-log,
assumindo, é claro, que as décadas
em ambas as escalas logarítmicas
têm o mesmo comprimento.

✓ Essa equação é identificada com


Paul Paris, que a usou pela primeira
vez e que foi influente na primeira
aplicação da mecânica da fratura à
fadiga no início dos anos 1960.
418
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ O gráfico de da/dN x ΔK apresenta três regiões bem distintas, onde os
fenômenos envolvidos são diferentes.

419
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Na primeira região, Fase I, a velocidade de propagação é muito baixa, da
ordem de 10-9 m/ciclo (10 Ångström/ciclo), o que corresponde a um
crescimento por ciclo da mesma ordem de grandeza do espaçamento atômico
na rede cristalina.

✓ Nesta região o crescimento da trinca é extremamente influenciado pela


microestrutura do material, uma vez que os aspectos metalúrgicos, nesta
região, são relevantes, não podendo o material, para o estudo do crescimento
da trinca, ser tratado como um contínuo.

✓ Na Fase I a zona plástica é muito pequena, da ordem de grandeza do tamanho


de grão, e assim a microestrutura afeta de forma marcante a velocidade de
propagação.

420
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Uma peculiaridade nesta região é a existência de um nível mínimo para ΔK,
denominado de ΔKth , para que a trinca passe a crescer sob a ação de cargas
cíclicas. A existência de ΔKth pode levar à ocorrência de trincas estacionárias.

✓ O valor de ΔKth pode ser melhorado com um aumento no tamanho de grão, em


microestruturas com uma única fase, como ferrita ou austenita.

✓ Este efeito é oposto ao verificado com a tensão limite de resistência à fadiga


(Sn), a qual geralmente diminui com o aumento do tamanho do grão.

✓ De modo a obter um ponto ótimo quanto às propriedades de fadiga, é


necessário saber se o projeto deve basear-se na nucleação de trincas,
(procura-se então refinar os grãos) ou na propagação de trincas (procura-se
grãos maiores).

421
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

✓ Na Fase II do gráfico da/dN x K identifica-se um relacionamento linear entre


log da/dN e log ΔK, o que corresponde à equação

𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 ∆𝐾
𝑑𝑁

sendo C e m constantes empíricas a serem obtidas a partir dos dados


experimentais para R  0.

✓ Esta equação foi proposta pela primeira vez por Paris e Erdogan existindo
atualmente uma grande quantidade de dados experimentais que confirmam esta
relação e mostram que o fator de intensidade de tensão é o principal parâmetro
que controla a propagação da trinca de fadiga.

422
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ A constante C sofre a influência das propriedades mecânicas do material:
✓ Módulo de elasticidade (E);
✓ Resistência ao escoamento (Se);
✓ Tensão real de fratura (σf);
✓ Deformação real de fratura (εf);
✓ Tenacidade à fratura (KIC).

✓ O aumento em qualquer destas variáveis faz com que a constante C diminua.

✓ O expoente m normalmente está situado na faixa de 2 até 5, sendo pouco


influenciado pela microestrutura.

✓ Nesta região o mecanismo de crescimento da trinca é um mecanismo dúctil


transgranular, de formação de estrias, podendo o material ser tratado como
contínuo.
423
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

Material C0 (m/(ciclo.(MPam)m)) m
Aço martensítico 1,35  10-10 2,250
Aço ferrítico-perlítico 6,90  10-12 3,000
Aço inoxidável austenítico 5,30  10-12 3,250
Aço ferritico no ar 1,00  10-11 3,000
Aço para vaso de reator, ferrítico no ar 4,77  10-13 3,726
Aço para vaso de reator, ferrítico na água 6,786  10-12 3,726

424
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Na Fase II não se verifica uma grande diferença entre as taxas de propagação,
para diferentes tipos de aços, o que indica que a vida de propagação não é
substancialmente alterada pela escolha de um ou outro tipo de aço.

✓ Entretanto, o comportamento na Fase I pode alterar de modo substancial a


vida de fadiga do componente, principalmente se for considerado que uma
grande fração da vida de propagação é dispendida quando a trinca é pequena,
com baixas velocidades de propagação.

✓ Com o aumento do tamanho da trinca a velocidade passa a ser sensivelmente


maior, fazendo com que a vida de propagação restante seja curta.

✓ Para garantir uma vida de propagação suficiente, deve-se preocupar com os


aspectos relacionados com trincas pequenas, pouco afetando a vida os
aspectos relacionados com trinca próximas ao tamanho crítico, como por
exemplo a tenacidade do material. 425
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Na Fase III ocorre uma sensível aceleração da trinca, onde além do
mecanismo de ruptura com formação de estrias surgem, sobrepostos,
mecanismos que são característicos de uma ruptura estática.

✓ Isto ocorre porque nesta região o valor de KImáx durante o ciclo é da ordem
de KIC, excitando então os mecanismos estáticos de ruptura.

✓ Isto começa a ocorrer quando KImáx > 0,7 KIC.

✓ Estes modos estáticos de fratura incluem microclivagem, separação


intergranular, bem como coalescimento de vazios.

✓ A microclivagem vai surgir quando o material estiver abaixo da temperatura


de transição dúctil-frágil, provocando um grande aumento na velocidade de
propagação.
426
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Nesta situação, a espessura do material influi também de forma sensível, pois
em chapas espessas a ruptura por microclivagem é percentualmente maior,
como consequência da maior restrição quanto ao desenvolvimento de
deformações transversais (tendência para um estado plano de deformação).

✓ Se o mecanismo de ruptura é exclusivamente por formação de estrias, a


espessura passa a ter um efeito muito pequeno na taxa de propagação.

✓ A equação de Forman & Mettu descreve o comportamento do crescimento da


trinca nas três fases:
𝑝
∆𝐾𝑡ℎൗ
𝑑𝑎 1− ∆𝐾
= 𝐶 ∆𝐾 𝑚
𝑑𝑁 𝐾𝑚á𝑥ൗ 𝑞
1− 𝐾
Onde C, m, p e q são constantes do material.
427
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Há vários modelos matemáticos, a partir do mesmo modelo físico, para a
determinação do crescimento de trincas particularmente na Fase II:
𝑑𝑎
✓ Paris-Erdogan = 𝐶 ∆𝐾 𝑚
𝑑𝑁
𝑑𝑎 𝐶 ∆𝐾 𝑚
✓ Forman =
𝑑𝑁 1 − 𝑅 𝐾𝐼𝑐 − ∆𝐾𝐼
𝑑𝑎 𝑛
✓ Walker = 𝐶 ∆𝐾 𝑚 𝐾𝐼𝑚á𝑥
𝑑𝑁
𝑑𝑎 𝑚
✓ Elber = 𝐶1 (𝐶2 + 𝐶3 𝑅)(1 − 𝑅)𝐾𝐼𝑚á𝑥
𝑑𝑁
𝑑𝑎 2 2 𝑚
✓ Radon & Culver = 𝐶 𝐾𝐼𝑚á𝑥 + 𝐾𝐼𝑚í𝑛
𝑑𝑁
𝑑𝑎 −0,43 ∆𝐾 2,39 𝐾 2,13
✓ Mukherjee & Burns = 𝐶𝑓 𝐼 𝐼𝑚é𝑑𝑖𝑜
𝑑𝑁
Onde C, m, n, C1, C2, C3 e f são constantes do material. 428
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ A vida de propagação de um dado componente mecânico é obtida pelo
conhecimento da curva da/dN x ΔK do material, o que pode ser feito por uma
das equações.

✓ Mas precisamente a curva pode ser obtida por via experimental, onde o
registro do tamanho da trinca em função da vida, durante o ensaio, e o
simultâneo cálculo de ΔK para cada N, permite o cálculo da curva da/dN x ΔK.

✓ Uma vez conhecida a curva da/dN x ΔK do material, nas condições de uso, ou


seja, em função de meio ambiente, espessura, microestrutura, orientação dos
defeitos, etc., é possível determinar a vida que um componente terá, quando
fabricado com este material, considerando o crescimento de trincas a partir
de defeitos iniciais, ou a partir de microtrincas nucleadas durante o
carregamento cíclico anterior.

429
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Para a determinação da vida de propagação é necessário integrar a
correspondente equação da velocidade de propagação da trinca e função de
ΔK.

✓ Dependendo do caso esta integração pode ser analítica, mas no caso geral
deve ser feita numericamente.

✓ A partir do tamanho inicial do defeito, ai, é possível determinar o número de


ciclos para este crescer até o tamanho final previsto af.

✓ Este tamanho af pode representar o tamanho crítico definido pela tenacidade


do material, quando ocorre então a ruptura final.

430
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
✓ Usando a equação de Paris-Erdogan, que é a mais usual:
𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 ∆𝐾
𝑑𝑁
∆𝐾 = 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎
𝑑𝑁
✓ O fator geométrico Y deve ser calculado para o valor instantâneo do tamanho
da trinca.

✓ Se o fator geométrico Y não for uma função do tamanho da trinca, ao menos


entre os limites ai e af pode-se obter a uma expressão analítica que fornece o
número de ciclos para a trinca propagar-se entre os dois limites, para m ≠ 2.
431
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
𝑑𝑎 𝑚
= 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎
𝑑𝑁
𝑑𝑎
𝑑𝑁 = 𝑚
𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

𝑁𝑓 𝑎𝑓
𝑑𝑎
න 𝑑𝑁 = න 𝑚
𝑁𝑖 𝑎𝑖 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

✓ Considerando-se que o fator geométrico Y, a velocidade de crescimento e a


tensão nominal não mudam com o crescimento da trinca:
𝑁𝑓 𝑎𝑓
1 𝑑𝑎
න 𝑑𝑁 = 𝑚

𝑁𝑖 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋 𝑎𝑖 𝑎 𝑚

432
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga
𝑁𝑓 𝑎𝑓
1 𝑚
−2
න 𝑑𝑁 = 𝑚
න 𝑎 𝑑𝑎
𝑁𝑖 𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋 𝑎𝑖

1 1
𝑁𝑓 − 𝑁𝑖 = 𝑚 𝑚 𝑎𝑓 − 𝑎𝑖
𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋 − 2 +1
𝑚 𝑚
1− 1−
2(𝑎𝑖 2 − 𝑎𝑓 2 )
Δ𝑁 = 𝑚
(𝑚 − 2)𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋
✓ Para m=2:
𝑎𝑓
ln 𝑎
𝑖
Δ𝑁 = 2
𝐶 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎

433
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Crescimento de trincas de fadiga

✓ No caso de Y ser uma função de a, ou de Δσ ser também variável ao longo do


tempo, é necessário fazer uma integração numérica da equação para
determinar N.

✓ Quando o produto YΔσ é variável ciclo a ciclo, a vida deve ser obtida por um
processo numérico de integração, ciclo por ciclo, onde dN = 1 e da = 𝐶 ∆𝐾 𝑚 .

✓ Assim, calcula-se ΔK do ciclo e obtém-se da/dN da curva experimental ou da


equação de Paris, por exemplo.

𝑚
✓ A trinca cresce com incrementos Δa = da = 𝐶 ∆𝐾 , em cada ciclo.

𝑘=𝑗
✓ Assim, após j ciclos, 𝑎𝑗 = 𝑎𝑖 + σ𝑘=1 𝑎𝑘 e o processo segue até que Kmáx do
ciclo igual a KIc, correspondente ao fim da vida, pela ruptura final.
434
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 23

Uma placa com 1,0 m de largura construída em aço SAE-ABNT 1020, laminado a
frio, é submetida a esforços cíclicos entre 200 MPa e 0 MPa. As propriedades
mecânicas deste aço são:
Se = 630 MPa
Smáx = 670 MPa
E = 207 000 MPa
KIc = 104 MPam
C = 110-11 m/ciclo/(MPa m)m
m = 3 ,00

Qual a vida para o crescimento de uma trinca de fadiga que pode ser esperada,
se qualquer defeito na borda da placa é detectada quando for maior do que 1
mm?

435
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 23

Quando a chapa possui defeitos acima de 1 mm estes são removidos. Qualquer


defeito até 1 mm passa desapercebido, logo o máximo tamanho inicial da trinca é
de 1 mm.

Para esta geometria ∆𝐾 = 1,12. ∆𝜎 𝜋𝑎


desde que a trinca seja suficientemente pequena.

Isto é válido no início da vida, mas no fim da vida a trinca será bem maior.

O tamanho crítico da trinca, no ponto de carga máxima, pode ser obtido, em uma
primeira aproximação:
𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎𝑚á𝑥 𝜋𝑎𝑐

104 = 1,12.200 𝜋𝑎𝑐

𝑎𝑐 = 0,06862 𝑚 436
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 23
Para esta geometria com uma trinca com 𝑎𝑐 = 0,06862 𝑚:
𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
Y= 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊

2 3 4
0,06862 0,06862 0,06862 0,06862
𝑌 = 1,12 − 0,231 + 10,550 − 21,710 + 30,382
1 1 1 1

𝑌 = 1,145
Como a trinca cresce no início lentamente e apenas na última fração da vida é
que atinge um tamanho da ordem de ac, é perfeitamente possível usar um valor
de Y=1,12 constante, correspondente ao tamanho inicial, na integração, pois o
erro não será grande. Assim, o número de ciclos será:
3 3
1−2 1−2
2(0,001 − 0,06862 )
Δ𝑁 = ∆𝑁 = 88856 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
3−2 1 × 10−11 1,12.200. 𝜋 3

437
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 24
No exemplo anterior busca-se aumentar a vida de crescimento de trinca que
venha a ser gerada por algum defeito de borda. Uma alternativa seria aumentar
em 50% a tenacidade à fratura do material. Outra seria em diminuir em 50% o
tamanho máximo do defeito de borda. Analisando:
Aumentando em 50% KIc:
𝐾𝐼𝑐 = 1,5104 = 156 𝑀𝑃𝑎 𝑚

156 = 1,12.200 𝜋𝑎𝑐

𝑎𝑐 = 0,1544 𝑚
3 3
1−2 1−2 ∆𝑁 = 92922 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
2(0,001 − 0,1544 )
Δ𝑁 = Aumentando de 4,6% na vida
3 − 2 1 × 10−11 1,12.200. 𝜋 3

438
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 24

Diminuindo em 50% ai:

𝑎𝑖 = 0,0005 𝑚
3 3
1−2 1−2
2(0,0005 − 0,06862 ) ∆𝑁 = 130715 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
Δ𝑁 = Aumentando de 47,1% na vida
3 − 2 1 × 10−11 1,12.200. 𝜋 3

É muito mais conveniente diminuir o tamanho inicial da trinca, com um controle


mais rigoroso, do que usar um material mais sofisticado, de alta tenacidade,
onde o ganho de vida é percentualmente muito baixo.

439
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Efeitos de R = smin/smax no crescimento de trinca de fadiga

✓ Um aumento na razão R
do carregamento cíclico
faz com que as taxas de
crescimento para um
determinado K sejam
maiores.

440
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Efeitos de R = smin/smax no crescimento de trinca de fadiga

✓ O efeito é geralmente mais


pronunciado para materiais mais
frágeis.

✓ Por exemplo, a rocha de granito mostra


um efeito extremo, sendo sensível ao
aumento de R de 0,1 para apenas 0,2.

✓ Em contraste, os metais estruturais de


resistência relativamente baixa e
altamente dúcteis exibem apenas um
efeito fraco na região da taxa de
crescimento intermediária da curva
da/dN  K com a variação de R.
441
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Equação de Walker

✓ Várias relações empíricas são empregadas para caracterizar o efeito de R


nas curvas da/dN  K.

✓ Uma das equações mais amplamente utilizadas é baseada na aplicação


da relação de Walker ao fator de intensidade de tensão K:
𝛾
∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 1 − 𝑅
✓ Aqui,  (0,3 ≤ 𝛾 ≤ 1,0) é uma constante para o material e K é a
intensidade de tensão equivalente a R = 0 (σmín = 0) que causa a mesma
taxa de crescimento que a combinação real de Kmáx e R.

∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 − 𝐾𝑚í𝑛 ∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 − 𝑅𝐾𝑚á𝑥


𝐾𝑚í𝑛
𝑅= ∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 (1 − R)
𝐾𝑚á𝑥
442
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Equação de Walker

✓ Portanto:
𝛾
∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 1 − 𝑅
∆𝐾
∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 (1 − R) 𝐾𝑚á𝑥 =
(1 − R)

∆𝐾 𝛾
∆𝐾
∆𝐾 = 1−𝑅 ∆𝐾 =
(1 − R) 1 − 𝑅 (1−𝛾)

✓ Reescrevendo as equações para a relação entre da/dN e K com a


constante 𝐶0 para R = 0 e apenas C para R > 0:
𝑑𝑎
= 𝐶0 ∆𝐾 𝑚
𝑑𝑁
✓ Como ∆𝐾 é um ∆𝐾 equivalente para R = 0:
443
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Equação de Walker

✓ Como ∆𝐾 é um ∆𝐾 equivalente para R = 0:


𝑚
𝑑𝑎 𝑚 𝑑𝑎 ∆𝐾
= 𝐶0 ∆𝐾 = 𝐶0
𝑑𝑁 𝑑𝑁 1 − 𝑅 (1−𝛾)

𝑑𝑎 𝐶0 𝑚
= 𝑚(1−𝛾)
∆𝐾
𝑑𝑁 1−𝑅

✓ Que representa uma família de curvas da/dN  K paralelas em um


diagrama log-log, portanto com a mesma inclinação.

✓ Então:
𝐶0
𝑚 = 𝑚0 𝐶=
1 − 𝑅 𝑚(1−𝛾)
444
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Equação de Walker

✓ Para carregamentos envolvendo compressão, R < 0, assume-se que a porção


compressiva do ciclo não tem efeito no crescimento da trinca.

✓ Portanto,  = 0 quando R <0, de modo que ∆𝐾 = 𝐾𝑚á𝑥 .

✓ Isso é razoável com base na lógica de que a trinca fecha com carga zero e não
mais age como uma trinca com cargas compressivas.

✓ Em metais mais dúcteis, a porção compressiva da carga pode contribuir para


o crescimento, portanto, esta abordagem não é universalmente aplicável.

✓ Para o aço Man-Ten muito dúctil, para o qual a carga de compressão contribui
para o crescimento de trincas,  = 0,22.

445
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 25

Uma placa com 1,0 m de largura construída em aço SAE-ABNT 1020, laminado a
frio, é submetida a esforços cíclicos entre 200 MPa e 40 MPa. As propriedades
mecânicas deste aço são:
Se = 630 MPa
Smáx = 670 MPa
E = 207 000 MPa
KIc = 104 MPam
C = 110-11 m/ciclo/(MPa m)m
m = 3 ,00
 = 0,54

Qual a vida para o crescimento de uma trinca de fadiga que pode ser esperada,
se qualquer defeito na borda da placa é detectada quando for maior do que 1
mm?

446
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 25

Para esta geometria ∆𝐾 = 1,12. ∆𝜎 𝜋𝑎


desde que a trinca seja suficientemente pequena.

O tamanho crítico da trinca, no ponto de carga máxima, pode ser obtido, em uma
primeira aproximação:
𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎𝑚á𝑥 𝜋𝑎𝑐

104 = 1,12.200 𝜋𝑎𝑐 𝑎𝑐 = 0,06862 𝑚


𝜎𝑚í𝑛 40
𝑅= = = 0,2
𝜎𝑚á𝑥 200

∆𝜎 = 𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚í𝑛

∆𝜎 = 200 − 40 = 160 𝑀𝑃𝑎


447
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 25

𝑚 = 𝑚0 𝑚 = 3,0

𝐶0 1 × 10−11
𝐶= 𝐶=
1 − 𝑅 𝑚(1−𝛾) 1 − 0,2 3,0(1−0,54)
𝑚ൗ
𝐶 = 1,36 × 10−11 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
𝑀𝑃𝑎 𝑚 𝑚

3 3
1−2 1−2
2(0,001 − 0,06862 )
Δ𝑁 =
3 − 2 1,36 × 10−11 1,12.160. 𝜋 3

∆𝑁 = 127608 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

448
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 26

Uma placa com 1,0 m de largura construída em aço SAE-ABNT 1020, laminado a
frio, é submetida a esforços cíclicos entre 200 MPa e 160 MPa. As propriedades
mecânicas deste aço são:
Se = 630 MPa
Smáx = 670 MPa
E = 207 000 MPa
KIc = 104 MPam
C = 110-11 m/ciclo/(MPa m)m
m = 3 ,00
 = 0,54

Qual a vida para o crescimento de uma trinca de fadiga que pode ser esperada,
se qualquer defeito na borda da placa é detectada quando for maior do que 1
mm?

449
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 26

Para esta geometria ∆𝐾 = 1,12. ∆𝜎 𝜋𝑎


desde que a trinca seja suficientemente pequena.

O tamanho crítico da trinca, no ponto de carga máxima, pode ser obtido, em uma
primeira aproximação:
𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎𝑚á𝑥 𝜋𝑎𝑐

104 = 1,12.200 𝜋𝑎𝑐 𝑎𝑐 = 0,06862 𝑚


𝜎𝑚í𝑛 160
𝑅= = = 0,8
𝜎𝑚á𝑥 200

∆𝜎 = 𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚í𝑛

∆𝜎 = 200 − 160 = 40 𝑀𝑃𝑎


450
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 26

𝑚 = 𝑚0 𝑚 = 3,0

𝐶0 1 × 10−11
𝐶= 𝐶=
1 − 𝑅 𝑚(1−𝛾) 1 − 0,8 3,0(1−0,54)
𝑚ൗ
𝐶 = 9,217 × 10−11 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
𝑀𝑃𝑎 𝑚 𝑚

3 3
1−2 1−2
2(0,001 − 0,06862 )
Δ𝑁 =
3 − 2 9,217 × 10−11 1,12.40. 𝜋 3

∆𝑁 = 1205092 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

451
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Efeito de R sobre Kth

✓ A razão R geralmente tem um forte efeito sobre o comportamento do


crescimento da trinca em taxas de crescimento baixas e, portanto, também
sobre o valor limite Kth.

✓ Isso ocorre mesmo para


metais de baixa
resistência, onde há pouco
efeito nas taxas de
crescimento
intermediárias.

✓ Para alguns aços:


∆𝐾𝑡ℎ = 6,5 1 − 0,85𝑅 𝑀𝑃𝑎 𝑚
452
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 27

Uma viga em flexão com seção transversal quadrada em aço é submetida a


esforços cíclicos entre 400 MPa e 120 MPa. As propriedades mecânicas deste aço
são:
Se = 700 MPa
Smáx = 870 MPa
E = 207 000 MPa
KIc = 78 MPam
C = 210-11 m/ciclo/(MPa m)m
m = 3 ,25
 = 0,48

Qual a vida para o crescimento de uma trinca de fadiga que pode ser esperada,
para operação em vida finita? Admite-se que a trinca cresça com a razão a/c=1.

453
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 27

Tamanho crítico

𝜋𝑎 Com ao carga é distribuída uniformemente


𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎 𝑓 𝜙 na seção 𝜃 = 90°
𝑄
1,65
𝑎 1,65 𝑄 = 1 + 1,464 1 = 2,464
𝑄 = 1 + 1,464
𝑐

𝑎 2]
𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 . [1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛𝜙
𝑐

𝜆𝑠 = 1,13 − 0,09 1 . 1 + 0,1. 1 − 𝑠𝑒𝑛90 2 = 1,04

454
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Tamanho crítico →tamanho final


1ൗ
𝑎 2 4
2
𝑓(𝜙) = 𝑠𝑒𝑛 𝜙 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜙
𝑐

𝑓 90 = 𝑠𝑒𝑛2 90 + 1 2 𝑐𝑜𝑠 2 90 1ൗ4 =1

𝜋𝑎 𝜆𝑠 1,04
𝐾𝐼 = 𝜆𝑠 𝜎𝑚á𝑥 𝑓 𝜙 𝑌= 𝑓 𝜙 𝑌= . 1,0 = 0,6625
𝑄 𝑄 2,464

78 = 0,6625.400 𝜋. 𝑎𝑓 𝑎𝑓 = 0,02757 m

455
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 21

Tamanho inicial da trinca gerada por fadiga


𝜎𝑚í𝑛 120
𝑅= 𝑅= = 0,3
𝜎𝑚á𝑥 400

∆𝐾𝑡ℎ = 6,5 1 − 0,85.0,3


∆𝐾𝑡ℎ = 4,84 𝑀𝑃𝑎 𝑚

∆𝐾𝑡ℎ = 𝑌∆𝜎 𝜋𝑎𝑖

4,84 = 0,6625. (400 − 120) 𝜋𝑎𝑖 𝑎𝑖 = 0,0002167 m

456
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo 27

𝑚 = 𝑚0 𝑚 = 3,25

𝐶0 2 × 10−11
𝐶= 𝐶=
1 − 𝑅 𝑚(1−𝛾) 1 − 0,3 3,25(1−0,48)
𝑚ൗ
𝐶 = 3,654 × 10−11 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
𝑀𝑃𝑎 𝑚 𝑚

3,25 3,25
1− 1−
2(0,0002167 2 − 0,02757 2 )
Δ𝑁 =
3,25 − 2 . 3,654 × 10−11 0,6625.280. 𝜋 3,25

∆𝑁 = 53693 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

457
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura

458
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura

15. FRATURA
ELASTOPLÁSTICA

459
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Dugdale propôs a aproximação da zona plastificada na ponta da trinca


como uma tira sob escoamento no estado plano de tensões.

 O modelo propõe uma tira de


material sob tensão de
escoamento se estendendo por
um comprimento r.

 O campo de tensão elástica


vizinho a essa tira provoca o
fenômeno do fechamento da
trinca, nas posições a<x<c, onde
2c = 2a + 2r.

460
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Dessa forma há um campo de tensão elástica nominal que se sobrepõe a


um campo de tensão de escoamento, na região à frente da trinca.

 Pode-se escrever um
intensificador de tensão para
cada uma dessas condições.

 Para o campo elástico remoto


𝐾𝜎 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎
para a tensão elástica 𝜎 e Y
independente de a e de 𝜎.

 Na região à frente da trinca


esses dois campos se sobrepõe.
461
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Pelo princípio da superposição, na região à frente da trinca, para


qualquer posição 𝑥 à frente da ponta da trinca física:
𝑎 𝑥
𝐾𝐼 = −2𝑌𝜎𝑠 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠
 Sob a mesma ótica de Irwin, 𝜋 𝑎
considerando-se um tamanho
efetivo de trinca como
𝑎𝑒𝑓 = 𝑎 + 𝑟
𝑥=𝑎
com 𝜎𝑠 = 𝑆𝑒 :

𝐾𝜎 = 𝑌𝜎 𝜋(𝑎 + 𝑟)

𝑎+𝑟 𝑎
𝐾𝐼 = −2𝑌𝑆𝑒 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠
𝜋 𝑎+𝑟
462
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Na condição de limite 𝐾𝜎 = −𝐾𝐼

2𝑌𝑆𝑒 𝑎
𝑌𝜎 𝜋(𝑎 + 𝑟) = 𝜋(𝑎 + 𝑟)𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠
𝜋 𝑎+𝑟
𝜋𝜎 𝑎
= 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠
2𝑆𝑒 𝑎+𝑟

𝑎 𝜋𝜎 𝜋𝜎
= 𝑐𝑜𝑠 𝑟 = 𝑎 𝑠𝑒𝑐 −1
𝑎+𝑟 2𝑆𝑒 2𝑆𝑒

 Expandindo em série e negligenciando os termos de ordem superior:


2 2
𝑎 𝜋𝜎 𝜋 𝐾𝐼
𝑟= 𝑟=
2 2𝑆𝑒 8 𝑆𝑒
463
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Aproximação de Dugdale

 Descrevendo um 𝐾𝑒𝑓 aplicando a aproximação de Dugdale à expressão de 𝐾𝐼 :

2
𝑌𝜎 𝜋𝑎
𝜋 𝐾𝑒𝑓 𝐾𝑒𝑓 =
𝐾𝑒𝑓 = 𝑌𝜎 𝜋 𝑎 + 2
8 𝑆𝑒 𝜋 2 𝑌𝜎
1+ 8 𝑆
𝑒

 A proposta de Irwin leva à 𝐾𝑒𝑓 :

𝑌𝜎 𝜋𝑎
𝐾𝑒𝑓 =
2
1 𝑌𝜎
1+2 𝑆
𝑒

464
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastoplástica

 Se o tamanho da zona plástica na ponta da trinca for pequena o suficiente


para que possa estar contido na região dominante de K, pode-se usar K e G
como os parâmetros da MFLE.

 Com 𝑟𝑦 ≪ 𝑎 pode-se empregar a aproximação de Irwin.

 Com 𝑟𝑦 < 𝑎 pode-se empregar a aproximação de Dugdale.

 Essa condição também é conhecida como condição de escoamento em


pequena escala (SSY).

 Por outro lado, se esta zona for maior do que a região dominante K, então as
suposições elásticas lineares não estão corretas, ou seja, MFLE não é aplicável
e modelos não lineares devem ser usados. Com 𝑟𝑦 > 𝑎 deve-se empregar a
MFEP.
465
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastoplástica

 A figura mostra três situações diferentes em relação à propagação da


zona plástica da ponta de trinca.
 O primeiro caso representa a condição SSY.

 O segundo mostra a situação em que a zona plástica da ponta da


trinca é grande o suficiente para causar alguma não linearidade na
resposta geral do componente.
466
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastoplástica

 No entanto, se essa não linearidade não for muito significativa, ela


pode ser tratada com um modelo elástico não linear, para o qual
introduz-se uma taxa de liberação de energia elástica não linear
chamada J (geralmente conhecida como J-Integral).

 No entanto, deve-se notar que, semelhante ao LEFM, há um limite para


a validade de J no que diz respeito ao tamanho da zona plástica em
comparação com a região J dominante.

467
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastoplástica

 O terceiro caso é de completa plastificação da trinca e o parâmetro


apropriado seria o deslocamento da abertura da ponta da trinca
(CTOD).

 O quarto caso é de plastificação geral da estrutura, mesmo na presença


de trincas, onde a falha ocorre por colapso plástico e não fratura.

468
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

 A integral de contorno J é amplamente utilizada na mecânica da fratura


como um critério baseado em energia para determinar o início do
crescimento da trinca.

 A integral J representa uma maneira de calcular a taxa de liberação de


energia de deformação, ou trabalho (energia) por unidade de área de
superfície de fratura, em um material.

 O conceito teórico de integral J foi desenvolvido em 1967 por G.P.


Cherepanov e independentemente em 1968 por James R. Rice, que
mostrou que uma integral de caminho de contorno energético
(chamada J) era independente do caminho em torno de uma trinca.

469
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

 A forma original da integral J para um contorno de linha ao redor da


ponta da trinca pode ser escrita como:

𝜕𝑢𝑖
𝐽 = න 𝑤. 𝑑𝑦 − 𝑇𝑖 𝑑𝑠
𝜕𝑥
Γ

Onde
𝜎𝑖𝑗 é o tensor tensão;
𝜀𝑖𝑗 é o tensor deformação;
𝑤 = ‫ 𝑗𝑖𝜎 ׬‬. 𝑑𝜀𝑖𝑗 é a densidade de energia de deformação;
𝑇𝑖𝑗 = 𝜀𝑖𝑗 𝑛𝑗 são os componentes do vetor tração que atua no contorno;
𝑢𝑖 são os componentes de deslocamento;
𝑑𝑠 é um incremento de comprimento ao longo do contorno Γ.
470
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

 A integral J é uma integral de linha que inicia em uma face da trinca e


acaba na outra face da trinca. O caminho será composto pela:
 parte 1 passando pela região elástica sobre carregamento
monotônico;
 pela parte 2 passando por uma superfície da trinca;
 parte 3 retornando pela região elástica;
 parte 4 passando pela outra superfície da trinca,
formando um caminho fechado.

 Uma integral de linha tem valor nulo, logo

𝐽1 + 𝐽2 + 𝐽3 + 𝐽4 = 0.

471
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

 Como as superfícies da trinca não estão sob carga, nem normal nem
tangencial, a integral 𝐽2 = 0 e 𝐽4 = 0.

 Logo,
𝐽1 + 𝐽3 = 0

𝐽1 = −𝐽3

 Como o caminho de integração 3 tem o sentido inverso que o do caminho


1
 Então 𝐽1 = 𝐽3
𝑑𝑈
𝐽=
 J é a taxa não linear de liberação de energia e 𝑑𝑎
tem o mesmo conceito de G, que é aplicado para a MFLE.
472
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Integral J

473
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 Hutchinson, Rice e Rosengren independentemente mostraram que J


caracteriza as condições da ponta da trinca em um material elástico não linear.

 Consideraram uma relação de lei de potência entre deformação plástica e


estresse.

 Se as deformações elásticas forem incluídas, esta relação para deformação


uniaxial é dada pela relação de Ramberg-Osgood.
1
𝜀 𝜎 𝜎 𝑛
= +𝛼
𝜀0 𝜎0 𝜎0

onde 𝜎0 é um valor de tensão de referência que geralmente é igual à tensão de


escoamento, 𝜀0 = 𝜎0 Τ𝐸, 𝛼 uma constante adimensional, e 𝑛 é o expoente de
endurecimento por deformação.
474
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 Hutchinson, Rice e Rosengren mostraram que, para permanecer


independente do caminho, a deformação de tensão deve variar como 1/r
próximo à ponta da trinca.

 Em distâncias muito próximas à ponta da trinca, bem dentro da zona


plástica, as deformações elásticas são pequenas em comparação à
deformação total, e o comportamento tensão-deformação se reduz a uma
lei de potência simples.

475
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 Essas duas condições implicam na seguinte variação de tensão e


deformação à frente da ponta da trinca:
𝑛Τ 𝑛+1
𝐽
𝜎𝑖𝑗 = 𝑘1 .
𝑟
1Τ 𝑛+1
𝐽
𝜀𝑖𝑗 = 𝑘2 .
𝑟

onde 𝑘1 e𝑘2 são constantes de proporcionalidade.

Para um material linear elástico, 𝑛 = 1, e as Equações preveem uma


singularidade 1Τ 𝑟, que é consistente com a teoria LEFM.

476
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 As distribuições reais de tensão e deformação são obtidas aplicando as


condições de contorno adequadas:
𝑛 1
𝐸𝐽 𝑛+1 𝛼′𝜎0 𝐸𝐽 𝑛+1
𝜎𝑖𝑗 = 𝜎0 . 𝜎෤𝑖𝑗 (𝑛, 𝜃) 𝜀𝑖𝑗 = . 𝜀𝑖𝑗
ǁ (𝑛, 𝜃)
𝛼′𝜎02 𝐼𝑛 𝑟 𝐸 𝛼′𝜎02 𝐼𝑛 𝑟

onde 𝐼𝑛 é uma constante de integração que depende de 𝑛, e 𝜎෤𝑖𝑗 (𝑛, 𝜃) e


𝜀𝑖𝑗
ǁ (𝑛, 𝜃) são funções adimensionais de 𝑛 e 𝜃. 𝜎0 é uma tensão de referência na
região que, para casos uniaxiais é igual a 𝑆𝑒 .

 Esses parâmetros também dependem do estado de tensão assumido (isto é,


tensão plana ou deformação plana).

 Essas Equações são chamadas de singularidade HRR, em homenagem a


Hutchinson, Rice e Rosengren.
477
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

2 3
𝐼1ൗ = 7,7977 − 1,8031. 1ൗ𝑛 + 0,2168. 1ൗ𝑛 − 0,00826 1ൗ𝑛
𝑛 𝐸𝑃𝑇

2 3
𝐼1ൗ𝑛 = 5,9017 − 0,1512. 1ൗ𝑛 − 0,00502. 1ൗ𝑛 + 0,0006 1ൗ𝑛
𝐸𝑃𝐷

478
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 Os componentes de tensão são definidos em termos de coordenadas polares


ao invés de x e y.

 A integral J define a amplitude da singularidade HRR, assim como o fator de


intensidade de tensão caracteriza a amplitude da singularidade elástica linear.

 Assim, J descreve completamente as condições dentro da zona plástica.

 Uma estrutura em escoamento em pequena escala tem duas zonas


dominadas pela singularidade: uma na região elástica, onde a tensão varia
𝑛Τ
1 𝑛+1
como 1Τ𝑟, e uma na zona plástica onde a tensão varia como .
𝑟

 Esta última frequentemente persiste muito depois que a zona de


singularidade elástica linear foi destruída pela plasticidade da ponta da trinca.
479
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 A maioria dos esforços para avaliar a dominância J concentrou-se na condição


de deformação plana sob o modo I de carregamento.

 Tanto o fator de intensidade de tensão 𝐾𝐼 quanto 𝐽𝐼 representam a tenacidade


à fratura de forma indireta que caracterizam os parâmetros de campo locais,
mas 𝐾𝐼 é estritamente usados ​para escoamento em pequena escala e 𝐽𝐼 para
casos de escoamento em pequena e grande escala.

 A avaliação completa do processo de fratura inclui a mecânica da fratura


porque a tenacidade à fratura é uma medida da ductilidade à fratura de um
material com uma configuração de trinca específica em sua forma geométrica.

 O conceito de ductilidade da fratura depende das tensões de tração


hidrostáticas durante a deformação, durante as quais o módulo de
cisalhamento é uma medida do aumento da ductilidade da fratura.
480
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Campos singulares de Hutchinson-Rice-Rosengren (HRR)

 O tratamento matemático rigoroso e complexo precedente na mecânica da


fratura elastoplástica agora será simplificado para fins práticos.

 Uma vez que a maior parte da caracterização de materiais com trincas está
confinada a um carregamento de tensão axial, pode-se supor que o
crescimento da trinca ocorre ao longo do plano da trinca, simplificando as
análises de tensão, deformação e deslocamento.

 Para uma trinca estacionária carregada em tração, as equações de campo de


tensão de deformação tornam-se:
𝑛 1
𝑛+1 𝛼′𝑆𝑒 𝐸𝐽 𝑛+1
𝐸𝐽
𝜎 = 𝑆𝑒 . 𝜀= .
𝛼′𝑆𝑒2 𝐼𝑛 𝑟 𝐸 𝛼′𝑆𝑒2 𝐼𝑛 𝑟
𝑛+1
𝐸𝐽 𝑆𝑒 𝑛
𝑟= 2 . 𝜎
𝛼′𝑆𝑒 𝐼𝑛
481
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo
 Calcular o tamanho máximo da zona plástica para um corpo de prova
compacto [CT], que opera em EPD, feito de aço ASTM A533B com uma
deformação de 0,1. O aço obedece à relação tensão-deformação
Ramberg-Osgood.

𝑆𝑒 = 414 𝑀𝑃𝑎 𝐸 = 207 𝐺𝑃𝑎


𝑇 = 93 °𝐶 𝑛 = 0,10299
𝛼′ = 1,12 𝑊 = 203 𝑚𝑚
𝐵 = 101,5 𝑚𝑚 𝑎0 = 117 𝑚𝑚
𝑎𝑐 = 121 𝑚𝑚 𝐵 = 101,5 𝑚𝑚
𝜇 = 4,7 𝑚𝑚 𝐽𝐼𝑐 = 1,00 𝑚. 𝑀𝑃𝑎
𝐻 = 776 𝑀𝑃𝑎

482
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo
 A deformação no escoamento é:

𝑆𝑒 414
𝜀𝑒𝑠𝑐 = 𝜀𝑒𝑠𝑐 = 𝜀𝑒𝑠𝑐 = 0,002
𝐸 207000
2 3
𝐼1ൗ = 5,9017 − 0,1512. 1ൗ0,10299 − 0,00502. 1ൗ0,10299 + 0,0006 1ൗ0,10299
0,10299

𝐼1ൗ = 4,51
0,10299

𝑛 0,10299 𝜎 > 𝑆𝑒
𝜎 = 𝐻 𝜀𝑝 𝜎 = 776 0,1 𝜎 = 612 𝑀𝑃𝑎

𝑛+1 0,10299+1
𝐸𝐽 𝑆𝑒 𝑛 207000.1,00 414 0,10299
𝑟= 𝑟= .
2 . 𝜎 2
1,12. 414 . 4,51 612
𝛼′𝑆𝑒 𝐼𝑛

𝑟 = 0,00364 𝑚 𝑟 = 3,64 𝑚𝑚
483
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca
 Quando Wells tentou medir os valores de KIc em vários aços estruturais,
ele descobriu que esses materiais eram muito resistentes para serem
caracterizados pelo MFLE.

 Esta descoberta trouxe boas e más notícias: alta tenacidade é obviamente


desejável para projetistas e fabricantes, mas os experimentos de Wells
indicaram que a teoria da mecânica de fratura existente não era aplicável
a uma classe importante de materiais.
 Ao examinar corpos de prova fraturados,
Wells notou que as faces das trincas haviam
se separado antes da fratura.

 A deformação plástica embotou uma trinca


inicialmente acentuada, conforme ilustrado
na Figura. 484
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca
 O grau de embotamento da trinca aumentou em proporção à tenacidade do
material.

 Esta observação levou Wells a propor a abertura na ponta da trinca como


uma medida de tenacidade à fratura.

 Esse parâmetro é conhecido como CTOD – Crack Tip Opening Displacement.

 Em seu artigo original, Wells realizou uma análise aproximada que


relacionou o CTOD ao fator de intensidade de tensão no limite de
escoamento em pequena escala.

 Irwin postulou que a plasticidade da ponta da trinca faz com que a trinca se
comporte como se fosse ligeiramente mais longa.

485
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 Considere uma trinca com uma pequena zona plástica, conforme


ilustrado na Figura.

 Pode-se estimar o CTOD resolvendo o deslocamento na ponta da trinca


física, assumindo um comprimento efetivo da trinca de 𝑎𝑒𝑓 = 𝑎 + 𝑟𝑦 .

𝜅+1 𝑟
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼
2𝜇 2𝜋

𝜅 = 3 − 4𝜈 EPD para =0°


3−𝜈
𝜅= EPT para =0°
1+𝜈

486
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 O deslocamento na ponta da trinca para o campo de tensões definido em


𝑟 = 𝑟𝑦

4(1 − 𝜈 2 ) 𝑟𝑦
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 EPD para =0°
𝐸 2𝜋
4 𝑟𝑦
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 EPT para =0°
𝐸 2𝜋

 O raio de plastificação definido por Irwin para EPT é:


2
1 𝐾𝐼
𝑟𝑦 =
2𝜋 𝑆𝑒

487
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 A abertura na ponta da trinca será


𝛿 = 2𝑢𝑦

4(1 − 𝜈 2 ) 𝑟𝑦
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 EPD para =0°
𝐸 2𝜋

4(1 − 𝜈2) 1 1 𝐾𝐼
2 2(1 − 𝜈 2 ) 𝐾𝐼2
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 𝑢𝑦 =
𝐸 2𝜋 2𝜋 𝑆𝑒 𝜋 𝐸𝑆𝑒

2(1 − 𝜈 2 ) 𝐾𝐼2 4(1 − 𝜈 2 ) 𝐾𝐼2 4(1 − 𝜈 2 ) 𝐺


𝛿=2 𝛿= 𝛿=
𝜋 𝐸𝑆𝑒 𝜋 𝐸𝑆𝑒 𝜋 𝑆𝑒

 𝛿 é CTOD
488
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 A abertura na ponta da trinca será


𝛿 = 2𝑢𝑦

4 𝑟𝑦
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 EPT para =0°
𝐸 2𝜋

4 1 1 𝐾𝐼
2 2 𝐾𝐼2
𝑢𝑦 = 𝐾𝐼 𝑢𝑦 =
𝐸 2𝜋 2𝜋 𝑆𝑒 𝜋 𝐸𝑆𝑒

2 𝐾𝐼2 4 𝐾𝐼2 4𝐺
𝛿=2 𝛿= 𝛿=
𝜋 𝐸𝑆𝑒 𝜋 𝐸𝑆𝑒 𝜋 𝑆𝑒

 𝛿 é CTOD
489
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 O modelo de Dugadale fornece um meio alternativo para analisar CTOD.

 Nesse modelo a zona plástica foi modelada por tensões de fechamento


de magnitude de escoamento.

 O tamanho da zona de escoamento foi definido pelo requisito de tensões


finitas na ponta da trinca.

 O CTOD pode ser definido como


o deslocamento da abertura da
trinca no final da zona de
escoamento, conforme ilustra a
Figura.

490
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 De acordo com esta definição, Burdekin desenvolveu seu modelo CTOD


em uma trinca em uma placa infinita sujeita a uma tensão de tração
remota é dado por:

8. 𝑆𝑒 𝑎 𝜋𝜎
𝛿= ln sec
𝜋𝐸 2. 𝑆𝑒

 Expandindo em série e considerando-se que


𝜎
no limite, com 𝑆 → 0 longe da ponta da trinca:
𝑒

𝐾𝐼2 𝐺
𝛿= 𝛿=
𝑆𝑒 𝐸 𝑆𝑒

491
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Deslocamento de abertura da ponta de trinca

 De forma semelhante, Rice desenvolveu seu modelo CTOD em uma trinca


em uma placa infinita sujeita a uma tensão de tração remota é dado por:
2(𝜅 + 1)(1 + 𝜈). 𝑆𝑒 𝑎 𝜋𝜎
𝛿= ln sec
𝜋𝐸 2. 𝑆𝑒
𝜅 = 3 − 4𝜈 EPD para =0°
3−𝜈
𝜅= EPT para =0°
1+𝜈
𝜎
 Expandindo em série e considerando-se que no limite, com → 0 longe da
𝑆𝑒
ponta da trinca:
(𝜅 + 1)(1 + 𝜈)𝐾𝐼2 𝜅+1 1+𝜈 𝐺
𝛿= 𝛿=
4𝜋𝑆𝑒 𝐸 4𝜋𝑆𝑒
492
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo

 Em uma placa com espessura B=13 mm a taxa crítica de liberação de energia


de deformação é G=32 kJ/m2, a resistência ao escoamento é Se=1500 MPa, o
coeficiente de Poisson é 0,333 e o módulo de elasticidade do aço é E=207
GPa. Determinar:

a) a validade do teste de flexão mecânica da fratura para a placa


contendo uma trinca de borda única de 8 mm de comprimento na fratura;
b) a tensão de fratura se a placa tiver 130 mm de largura e 1 m de
comprimento;
c) o valor crítico para o deslocamento da abertura da ponta da trinca;
d) o deslocamento;
e) o tamanho da zona plástica;
f) interpretar os resultados em relação à condição de deformação plana.

493
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo
2
2
1 − 𝜈 2 𝐾𝐼𝑐 1 − 0,3332 𝐾𝐼𝑐
𝐺𝐼𝑐 = 32 × 10−3 =
𝐸 207000

𝐾𝐼𝑐 = 86,32 𝑀𝑃𝑎 𝑚

2 2
𝐾𝐼𝑐 86,32
𝐵 ≥ 2,5 𝐵 ≥ 2,5
𝑆𝑒 1500

𝐵 ≥ 8,28 × 10−3 𝑚

Portanto, o teste é válido porque a espessura real da amostra é maior do


que a espessura mínima ASTM.

494
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo

𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎 𝜋𝑎 86,32 = 1,12𝜎𝑐 𝜋. 0,008

𝜎𝑐 = 486,2 𝑀𝑃𝑎

(3 − 4𝜈 + 1)(1 + 𝜈)𝐾𝐼2 (3 − 4.0,333 + 1)(1 + 0,333)86,322


𝛿= 𝛿=
4𝜋𝑆𝑒 𝐸 4𝜋. 1500.207000

𝛿 = 6,79 × 10−6 𝑚

𝛿 = 2. 𝑢𝑦 6,79 × 10−6 = 2. 𝑢𝑦

𝑢𝑦 = 3,396 × 10−6 𝑚

495
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Exemplo

2 2 2 2
1 − 2𝜈 𝐾𝐼 1 − 2.0,333 86,32
𝑟= 𝑟=
2𝜋 𝑆𝑒 2𝜋 1500

𝑟 = 5,88 × 10−5 𝑚

Os resultados acima sugerem que a placa atendeu aos requisitos de


espessura ASTM E399 porque e se comportou de maneira frágil porque tanto
o tamanho da zona plástica quanto o deslocamento da abertura da ponta da
trinca são muito pequenos.

496
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Determinação Experimental de CTOD crítico

 Considere o espécime SENB representado na figura, a amostra é pré-trincada e


carregada conforme mostrado.

 Devido à deformação plástica geral à frente da ponta da trinca, o ligamento se


comporta como uma dobradiça plástica e os dois segmentos da amostra giram
em torno de um ponto de rotação.

497
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Determinação Experimental de CTOD crítico

 O CMOD – Crack Mouth Open Displacement – em qualquer momento pode


ser medido usando um medidor de clipe e o CTOD pode ser obtido usando a
seguinte expressão:

𝛿 𝑓(𝑊 − 𝑎)
=
𝐶𝑀𝑂𝐷 𝑟 𝑊 − 𝑎 + 𝑎

 Para essa geometria, r é geralmente considerado como 0,4. A quantidade


de CTOD no início do crescimento da fissura (δc) dá a propriedade do
material necessária.
498
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura A forma da zona plastificada

 Até agora, a extensão da zona plástica foi considerada ao longo do eixo x com
=0°, uma vez que foi modelada como um círculo.

 Um procedimento mais preciso segue quando ≠0° com o escoamento


examinado em uma pequena área modelada de acordo com um critério de
escoamento particular, que é responsável pela forma teórica da zona plástica.

 Este fato implica que ocorre plasticidade de ponta de trinca e as tensões na


zona plástica são limitadas ao fenômeno de escoamento.

 Além disso, o critério de Von Mises e o critério de escoamento de Tresca


podem ser usados para derivar expressões para o tamanho da zona plástica,
que por sua vez dá a forma da zona plástica.

499
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de von Mises

 Este critério é deduzido da Teoria da Energia de Distorção Máxima, na qual o


estado de tensão é referido às direções principais de tensão e as tensões
principais, 𝜎1 e 𝜎2 definidas pelas seguintes equações:

2 2 2
𝜎1 − 𝜎2 + 𝜎2 − 𝜎3 + 𝜎3 − 𝜎1 = 2𝑆𝑒2

𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 − 𝜎𝑦𝑦 2


2
𝜎1 = + + 𝜏𝑥𝑦
2 2

𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 − 𝜎𝑦𝑦 2


2
𝜎2 = − + 𝜏𝑥𝑦
2 2

500
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de von Mises

 Este critério é deduzido da Teoria da Energia de Distorção Máxima, na qual o


estado de tensão é referido às direções principais de tensão e as tensões
principais, 𝜎1 e 𝜎2 definidas pelas seguintes equações:

𝐾𝐼 𝜃 𝜃 𝜃
𝜎1 = 𝑐𝑜𝑠 1 + 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3
2𝜋𝑟 2 2 2

𝐾𝐼 𝜃 𝜃 𝜃
𝜎2 = 𝑐𝑜𝑠 1 − 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3
2𝜋𝑟 2 2 2

2𝜈𝐾𝐼 𝜃
𝜎3 = 𝑐𝑜𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
2𝜋𝑟 2

𝜎3 = 0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
501
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de von Mises

 Aplicando o critério de von Mises às equações do campo de tensão elástico


na ponta da trinca:
2
1 𝐾𝐼 3
𝑟= 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 + 1 − 2𝜈 2
1 + 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
4𝜋 𝑆𝑒 2
2
1 𝐾𝐼 3
𝑟= 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 + 1 + 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
4𝜋 𝑆𝑒 2
 Para =0°o tamanho da zona plástica à frente da trinca é:
2 2
1 − 2𝜈 𝐾𝐼
𝑟= 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
2𝜋 𝑆𝑒
2
1 𝐾𝐼
𝑟= 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
2𝜋 𝑆𝑒
502
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de von Mises

trinca

503
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de Tresca
 Este critério é baseado na Teoria da Máxima Tensão de Cisalhamento, que
prevê que o escoamento ocorre quando a tensão máxima de cisalhamento
atinge a metade do valor da tensão de escoamento em um teste de tensão
uniaxial.
1
𝜏𝑚á𝑥 = 𝑆𝑒
2
𝜎1 − 𝜎3 = 𝑆𝑒
1
𝜏𝑚á𝑥 = 𝜎1 − 𝜎3
2

𝜎1 = 𝑆𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇

𝜎1 − 𝜎3 = 𝑆𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷

𝜎1 − 𝜎2 = 𝑆𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
504
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de Tresca

 Aplicando o critério de Tresca às equações do campo de tensão elástico na


ponta da trinca:
2
1 𝐾𝐼 𝜃 𝜃 𝜃
𝑟= 𝑐𝑜𝑠 1 + 𝑠𝑒𝑛 𝑠𝑒𝑛 3 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
2𝜋 𝑆𝑒 2 2 2
2
1 𝐾𝐼 𝜃
𝑟= 𝑐𝑜𝑠 2 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
2𝜋 𝑆𝑒 2

 Para =0°o tamanho da zona plástica à frente da trinca é:


2
1 𝐾𝐼
𝑟= 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝐷
2𝜋 𝑆𝑒
2
1 𝐾𝐼
𝑟= 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑃𝑇
2𝜋 𝑆𝑒
505
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Critério de escoamento de Tresca

trinca

506
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica

 No caso mais geral, a mecânica da fratura dinâmica contém três


características complicadoras que não estão presentes na mecânica da
fratura elástica linear (LEFM) e na mecânica da fratura elástico-plástica: forças
de inércia, comportamento do material dependente da taxa e ondas de
tensão refletidas.

 Os efeitos da inércia são importantes quando a carga muda abruptamente ou


a trinca cresce rapidamente; uma parte do trabalho aplicado é convertido em
energia cinética.

 A maioria dos metais não são sensíveis a variações moderadas na taxa de


deformação perto da temperatura ambiente, mas a fluxo de tensão pode
aumentar consideravelmente quando a taxa de deformação aumenta em
várias ordens de magnitude.

507
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica

 O efeito do carregamento rápido é ainda mais pronunciado em materiais


sensíveis à taxa, como polímeros.

 Quando a carga muda abruptamente ou a trinca cresce rapidamente as ondas


de tensão se propagam através do material e refletem em superfícies livres,
como os limites do corpo e o plano da trinca.

 A reflexão das ondas de tensão influencia a tensão da ponta da trinca local e


os campos de deformação que, por sua vez, afetam o comportamento da
fratura.

 Em certos problemas, um ou mais dos efeitos acima podem ser ignorados. Se


todos os três efeitos forem negligenciados, o problema se reduzirá ao caso
quase-estático.

508
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica
 A versão dinâmica do MFLE é denominada mecânica de fratura
elastodinâmica, em que o comportamento não linear do material é
negligenciado, mas as forças de inércia e as ondas de tensão refletidas são
incorporadas quando necessário.

 A estrutura teórica da mecânica da fratura elastodinâmica está


razoavelmente bem estabelecida e as aplicações práticas desta abordagem
estão se tornando mais comuns.

 A mecânica da fratura elastodinâmica tem suas limitações, mas é


aproximadamente válida em muitos casos.

 Quando a zona plástica é restrita a uma pequena região próxima à ponta da


trinca em um problema dinâmico, a abordagem da intensidade de tensão,
com algumas modificações, ainda é aplicável.
509
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica

 Análises dinâmicas de fratura que incorporam comportamento de material


não linear e dependente do tempo são uma inovação relativamente recente.

 Vários pesquisadores generalizaram a integral J para explicar a inércia e a


viscoplasticidade.

 Existem duas classes principais de problemas de fratura dinâmica:


(1) início da fratura como resultado de carregamento rápido;
(2) propagação rápida de uma trinca.

 Neste último caso, a propagação da trinca pode ser iniciada por aplicação
quase-estática ou rápida de uma carga; a trinca pode parar após alguma
propagação instável.

510
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica
 Determinar um parâmetro de caracterização de fratura, como o fator de
intensidade de tensão ou a integral J, para carregamento rápido pode ser
muito difícil.

 Considerando o caso em que a zona plástica está confinada a uma pequena


região ao redor da ponta da trinca os campos de tensão próximos à ponta
para carregamento de alta taxa do Modo I são dados por:

𝐾𝐼 𝑡
𝜎𝑖𝑗 = 𝑓𝑖𝑗 (𝜃)
2𝜋𝑟

onde (t) denota uma função de tempo. As funções angulares, 𝑓𝑖𝑗 (𝜃), são
idênticas ao caso quase-estatístico.

511
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica

 O fator de intensidade de tensão, que caracteriza a amplitude da


singularidade elástica, varia de forma errática nos estágios iniciais de
carregamento.

 A reflexão das ondas de tensão que passam através do corpo interfere de


forma construtiva e destrutiva entre si, resultando em uma distribuição
de tensão dependente do tempo, altamente complexa.

 O KI instantâneo depende da magnitude das ondas de tensão discretas


que passam pela região da ponta da trinca naquele momento particular
no tempo.

 Quando as ondas discretas são significativas, não é possível inferir KI a


partir de cargas remotas.

512
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Mecânica da Fratura Elastodinâmica
 Observa-se que o comportamento de um corpo carregado dinamicamente
pode ser caracterizado por uma resposta de curto tempo, dominada por
ondas discretas, e uma resposta de longo tempo que é quase quasistática.

 Em tempos intermediários, os efeitos da inércia global são significativos, mas


as oscilações locais na trinca são pequenas, porque a energia cinética é
absorvida pela zona plástica.

 Para distinguir a resposta de curto prazo da resposta de longo prazo, definiu-


se um tempo de transição, tt, quando a energia cinética e a energia de
deformação (a energia absorvida pelo corpo) são iguais.

 Os efeitos da inércia dominam em tempos menores que o de transição, mas a


energia de deformação domina em tempos significativamente maiores que tt.

513
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Considerando todas as variáveis ​na análise, projeto, materiais e certificação
de estruturas soldadas, não é surpreendente que as soldas sejam os alvos
principais na maioria das falhas.

 Peculiaridades sutis estão na raiz de muitos problemas de solda, que podem


ser colocados em uma série de categorias de trincas na zona de solda.

 Muitos deles estão relacionados à zona afetada pelo calor (ZAC), a própria
solda e a linha de fusão.

 A ZAC pode ser caracterizada por critérios de deformação plana, enquanto a


solda e os metais básicos também podem estar envolvidos.

 A linha de fusão raramente propaga fratura, a menos que se torne muito


frágil.
514
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Solidificação: A solidificação é desencadeada pelo processo de resfriamento
da poça de metal de solda, sendo que o filme líquido é o local de fissuras
dispostas de acordo com a direção das forças restritivas.

 As impurezas que consistem em pequenas quantidades de enxofre e fósforo


são críticas para o trincamento a quente de aços. O mecanismo de trinca,
neste caso, é chamado de “trinca a quente” porque aparece em altas
temperaturas antes que o metal desenvolva resistência suficiente.

515
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Liquação. Embora o mecanismo de trincamento por liquação seja semelhante
ao trincamento controlado por deformação durante a solidificação, a
temperatura de um filme líquido não é suficientemente alta para fundir a ZAC
do metal de base.

 Consequentemente, a deformação de tração se desenvolve a partir do


encolhimento da ZAC e a trinca de liquação é formada. As áreas hachuradas
na figura representam poças de metal de solda.

516
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Alívio de tensão. Durante o processo de soldagem, a ZAC e o cordão de solda
são submetidos a um tratamento de solução de alta temperatura. Sob esta
condição, os carbonetos são dissolvidos e colocados de volta na solução.

 Se, a seguir, uma alta taxa de resfriamento não permitir que todos os
carbonetos sejam precipitados, alguns deles permanecerão na solução.

 No entanto, quando uma junta soldada é reaquecida para fins de alívio de


tensões, a precipitação de carbono continua, criando trinca nos contornos
dos grãos. Embora a precipitação fortaleça os grãos, ela também deixa os
limites dos grãos mais fracos

517
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Trinca a frio. Em termos metalúrgicos, o trincamento a frio ocorre após a
formação de produtos duros como a bainita e a martensita.

 Este processo de trincamento é acelerado com a ajuda de pequenas fissuras


de liquação. A dureza pode ser reduzida por pré-aquecimento ou
resfriamento mais lento. O melhor remédio geral é reduzir os teores de
carbono e enxofre.

518
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Rasgo lamelar. Rasgo lamelar aplica-se a soldagens altamente restritas e
soldas de filete.

 A separação do metal base ao longo dos planos de inclusões não metálicas é


referida como "rasgo lamelar".

 Este processo de rasgo se desenvolve


na direção da espessura devido à
baixa ductilidade e normalmente
segue o início da trinca causada por
práticas de fusão de baixa qualidade.

519
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Efeito do hidrogênio. O papel negativo do hidrogênio nas juntas soldadas é
estimular a fissuração nas zonas plásticas nas pontas das trincas e estender as
fissuras existentes nas peças metálicas geradas por outros meios.

 A liquação a quente ou o trincamento a frio podem fornecer as condições


certas para esse tipo de extensão de trinca.

 Mesmo as menores trincas podem ser


estendidas se os campos de tensão e os
conteúdos de hidrogênio forem
suficientemente altos. As direções de
crescimento de fissuras assistidas por
hidrogênio seguem caminhos normais às
direções das tensões aplicadas.

520
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Efeito de restrição. Vários mecanismos metalúrgicos e modos de trinca
podem ser combinados na chamada trinca por restrição.

 Isso pode incluir liquação a quente, trincamento a frio e rasgamento lamelar


assistido por hidrogênio.

521
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Comportamento de trincas em regiões de soldagem
 Todo o processo de comportamento de trincas em um regime de solda
envolve tantas facetas de imperfeições quantas forem as características
geométricas, materiais e de fabricação.
 Apenas alguns dos possíveis tipos de
1. Fenda na unha da solda
imperfeições e trincas são
2. Inclusão de escória
apresentados na figura para uma
3. Bolsa de gás
junta de solda comum.
4. Porosidade
5. Fissura sob o cordão
6. A falta de fusão aqui constitui uma trinca
7. Trinca de solidificação
8. Sobreposição de filetes
9. Trinca de raiz
10. Mordedura
11. Trinca na área da garganta
522
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Conceitos de projeto à fadiga
 As atuais filosofias de projeto à fadiga de componentes mecânicos dividem-se
em dois conceitos: vida garantida e abordagem tolerante ao dano.

 A diferença principal entre ambos os conceitos reside na forma como se


quantifica o processo de danificação desde a fase de iniciação da fenda até à
sua posterior propagação.

 No conceito vida garantida (“safe life”), um dado componente é projetado


admitindo que será retirado de serviço logo após ter sido detectada uma
microfissura inicial.

 Neste contexto, o projeto é essencialmente orientado para a fase de iniciação


de trincas e sua propagação até comprimentos de reduzida dimensão
(tipicamente abaixo de 1 mm).

523
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Conceitos de projeto à fadiga
 Abordagem de vida garantida (“safe life”) – iniciação:

 Desenvolvida no anos 1950: não é permitido qualquer dano na estrutura


ao longo da sua vida, ou a estrutura com dano tem que resistir cargas
finais sempre.
 O tempo de vida à fadiga N tem que ser demonstrado:
–Por testes
–Por cálculo para versões derivadas

 Usa-se um fator de segurança k aplicado ao tempo de vida à fadiga


demonstrado:
– k=5 no caso geral com demonstração por testes
– k=3 por exemplo para uma estrutura que é monitorada em
serviço para o número de ciclos

524
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Conceitos de projeto à fadiga
 Na abordagem tolerante ao dano (“fail safe”), o projetista assume que
qualquer componente é passível de possuir um dano inicial que poderá
propagar-se até um valor limite antes da sua retirada de serviço.

 Este valor pode ser obtido graças à Mecânica da Fratura, sendo definido em
termos da tenacidade à fratura do material, da carga limite ou de qualquer
critério de deformação adequado.

 Esta filosofia de projeto surgiu num contexto mais recente associado a


estruturas críticas, especialmente no domínio do setor aeroespacial e da
indústria nuclear.

525
TMEC026 – Mecânica da Fadiga e da Fratura Conceitos de projeto à fadiga
 Abordagem de tolerância ao dano (“fail safe”) – propagação:

 Desenvolvida no anos 1970: assume-se que todos os componentes


contêm dano o qual pode existir desde sempre ou que foi criado durante
o serviço;

 O tempo de vida à fadiga é definido como sendo o necessário até o dano


atingir um tamanho crítico;

 Baseia-se no limite de redundância: depois da falha de um caminho de


transmissão de esforços, o segundo caminho frequentemente apresenta
danos que podem levar a uma falha catastrófica;

 A vida até à falha tem que ser avaliada.

526

Você também pode gostar