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DIREITO AGRÁRIO
Esta situação gerou - o que a doutrina chama de, Império da Posse, ou seja,
quem era possuidor de terras (sobretudo as devolutas) passou a reclamar o
título, o domínio do bem. Trabalhadores rurais, camponeses e toda sorte de
moradores do campo pleitearam a propriedade das áreas que ocuparam. O
costume “a posse é meio de aquisição” da terra foi o que vigorou.
1) Conceito
1
“Direito Agrário é o conjunto de normas jurídicas
concernentes ao aproveitamento do imóvel rural” (Silvia e
Oswaldo Opitz1).
1
Opitz, Silvia C.B. Curso completo de direito agrário / Silvia C.B. Opitz, Oswaldo Opitz. – 4. ed. Ver. E
atual. – São Paulo: Saraiva, 2010, p. 58.
2
Barros, Welligton Pacheco. Curso de direito agrário. Vol 1 – Doutrina e exercícios. 6. ed. revista e
atualizadas – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009, p. 16.
3
Araújo, Telga de. Estudos de direito Agrário – Recife: Ed. FASA, 1985.
4
Laranjeira, Raymundo. Direito agrário – São Paulo: LTr Editora, 1984.
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No século passado, a doutrina muito se preocupou em definir quais
atividades eram ou não consideradas agrárias.
Realmente, não havia como dar respaldo jurídico a todos os casos que
envolviam o campo em um só ramo do direito, como por exemplo, proteção do
trabalhador rural, garimpo, transporte de produtos agrícolas, arrendamento
rural, imposto sobre a propriedade territorial rural, enfim, uma teia de situações
dispersas em regramentos específicos.
2) Objeto:
Por isso, verificamos que o conjunto dos direitos e das obrigações dos
bens imóveis rurais para reforma agrária e a política agrícola são o objeto do
Direito Agrário.
o aproveitamento do imóvel
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como cerne deste ramo do
Direito.
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SODERO, Fernando Pereira. Revista di Diritto Agrário. Ano LVII, 1978, p.69.
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3) Relacionamento do Direito Agrário com outras Ciências e com outros
ramos do Direito:
Regia o imóvel rural o antigo Código Civil, da mesma forma que o antigo
Código Comercial desafiava o empresário rural. Hoje o Estatuto da Terra regula
a maior parte das situações, mas subsidiariamente a legislação civil ainda pode
ser invocada.
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A resposta é sim. A autonomia se revela em diversas facetas: a) a
legislação que é aprovada pelo Congresso Nacional considera o desequilibro
nas relações agrárias e a proteção de populações ou indivíduos menos
favorecidos Ex. o Estatuto da Terra; b) a jurisprudência vem consolidando as
posições específicas da relação jurídica agrária, atentando, muitos dos
julgados, para a função social da propriedade, para a desapropriação para fins
de reforma agrária, para as varas especializadas, etc. c) o ensino do direito
agrário como ramo próprio nas universidades. Todos estes enfoques afirmam a
autonomia do Direito Agrário.
4) Natureza Jurídica
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SINISE LISBOA, Roberto. Op. Cit. p. 28.
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“o arbítrio pessoal, ou seja, a consciência coletiva que
leva os representantes da sociedade civil a elaborar
normas jurídicas que regulam a convivência interpessoal e
o direito natural, consistente em princípios inerentes ao
homem e preexistentes ao Estado politicamente organizado
(é o que sucede com a noção de preservação pessoal,
liberdade e apropriação de bens).”
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (...)”
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
(...)
(...)
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I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho;
(...)
(...)
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de
varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.
(...)
(...)
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel;
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei,
desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
(...)
(...)
II - propriedade privada;
(...)
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
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justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e
cuja utilização será definida em lei.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma
agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu
proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a
participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores
rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes,
levando em conta, especialmente:
V - o seguro agrícola;
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VI - o cooperativismo;
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
6) Princípios
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São muitos, os princípios do Direito Agrário, estudados pela doutrina.
Vamos focar nossa análise nos 5 (cinco) principais e mais abrangentes
princípios:
II. Justiça Social. O legislador entendeu que o desequilíbrio existente entre TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO
o trabalhador rural e a estrutura fundiária merece ser coadunado. Várias
leis são aprovadas visando a implementação de políticas para assistência
das famílias e comunidades rurais.
III. Prevalência do interesse coletivo sobre o privado. Seria a releitura do
princípio administrativo da predominância do interesse público sobre o
privado. Este princípio reflete a necessidade de proteção dos
trabalhadores rurais balanceando-o com a propriedade particular, também
incentiva ações para implementação de cooperativas de trabalhadores.
Vejamos o que diz o art. 12 e 14 do ET:
Art. 12. À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu
uso é condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e
caracterizado nesta Lei.
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Art. 14. O Poder Público facilitará e prestigiará a criação e a expansão de
associações de pessoas físicas e jurídicas que tenham por finalidade o racional
desenvolvimento extrativo agrícola, pecuário ou agroindustrial, e promoverá a ampliação
do sistema cooperativo, bem como de outras modalidades associativas e societárias que
objetivem a democratização do capital.
o
§ 1 Para a implementação dos objetivos referidos neste artigo, os agricultores e
trabalhadores rurais poderão constituir entidades societárias por cotas, em forma
consorcial ou condominial, com a denominação de "consórcio" ou "condomínio", nos
o o
termos dos arts. 3 e 6 desta Lei.
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