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1.

Descrição do ciclo menstrual (fases e hormônios envolvidos):

O ciclo menstrual é o período durante o qual o ovócito amadurece, é ovulado e


entra na tuba uterina. É causado por hormônios produzidos pelos folículos
ovarinos e pelo corpo lúteo (estrogênio e progesterona), e costuma durar entre
23 e 35 dias (o ciclo médio é de 28 dias), sendo o primeiro dia do ciclo
designado como o dia no qual se inicia o fluxo menstrual. Embora seja um
processo contínuo, para fins descritivos, o ciclo menstrual é dividido em três
fases principais:

Fase Menstrual: A camada funcional da parede uterina desintegra-se e é


expelida com o fluxo menstrual — a menstruação (sangramento mensal) —
que normalmente dura de 4 a 5 dias. O sangue descartado pela vagina está
misturado a pequenos fragmentos de tecido endometrial. Após a menstruação,
o endométrio erodido torna-se delgado.

Fase Proliferativa: A fase proliferativa (folicular, estrogênica), que dura em


torno de 9 dias, coincide com o crescimento dos folículos ovarianos e é
controlada pelo estrogênio secretado por esses folículos. Ocorre um aumento
de duas a três vezes na espessura do endométrio e no seu conteúdo de água
durante essa fase de reparo e proliferação. No início dessa fase, o epitélio
superficial reconstrói-se e recobre o endométrio. As glândulas aumentam em
número e em comprimento, e as artérias espiraladas se alongam.

Fase Lútea: A fase lútea (secretora, progestacional), com duração de


aproximadamente 13 dias, coincide com a formação, o crescimento e o
funcionamento do corpo lúteo. A progesterona produzida pelo corpo lúteo
estimula o epitélio glandular a secretar um material rico em glicogênio. As
glândulas tornam-se amplas, tortuosas e saculares, e o endométrio espessa-se
por causa da influência da progesterona e do estrogênio do corpo lúteo e
também pelo aumento de fluido no tecido conjuntivo. As artérias espiraladas
crescem dentro da camada compacta superficial e se tornam intensamente
enroscadas. A rede venosa torna-se complexa, e grandes lacunas (espaços
venosos) se desenvolvem. As anastomoses arteriovenosas constituem
características importantes neste estágio.

Se a fecundação não ocorrer: O corpo lúteo degenera, os níveis de


estrogênio e progesterona caem e o endométrio secretor entra na fase
isquêmica, e ocorre a menstruação.

Fase Isquêmica: A fase isquêmica ocorre quando o ovócito não é fecundado.


A isquemia (redução do suprimento sanguíneo) ocorre quando as artérias
espiraladas se contraem, dando ao endométrio um aspecto pálido. Essa
constrição resulta da diminuição de secreções hormonais pelo corpo lúteo em
degeneração, principalmente da progesterona. Além das alterações vasculares,
a queda hormonal resulta na parada de secreção glandular, em perda de fluido
intersticial e em acentuada retração do endométrio. Ao final da fase isquêmica,
as artérias espiraladas contraem-se por períodos maiores. Isso acarreta estase
venosa e necrose isquêmica (morte) nos tecidos superficiais. Finalmente,
segue-se a ruptura da parede dos vasos lesados e o sangue penetra o tecido
conjuntivo adjacente. Formam-se, então, pequenos lagos de sangue que se
rompem na superfície endometrial, resultando em sangramento para a luz
uterina e através da vagina. À medida que pequenos fragmentos de endométrio
se destacam e caem no interior da cavidade uterina, as extremidades rompidas
das artérias sangram para a cavidade, levando à perda de 20 a 80 ml de
sangue. Finalmente, após 3 a 5 dias, toda a camada compacta e a maior parte
da camada esponjosa são eliminadas na menstruação. Os remanescentes da
camada esponjosa e da camada basal permanecem, e elas são regeneradas
durante a fase proliferativa subsequente.

Se a fecundação ocorrer: Ocorrem a clivagem do zigoto e a blastogênese


(formação do blastocisto, que começa a se implantar no endométrio em torno
do sexto dia da fase lútea). A hCG (gonadotrofina coriônica humana), um
hormônio produzido pelo sinciciotrofoblasto, mantém o corpo lúteo secretando
estrogênios e progesterona. A fase lútea prossegue, e não ocorre a
menstruação.

Fase da Gravidez: Se ocorrer a gestação, os ciclos menstruais cessam e o


endométrio passa para uma fase gravídica. Com o término da gravidez, os
ciclos ovarianos e menstruais ressurgem após um período variável
(normalmente de 6 a 10 semanas se a mulher não está amamentando seu
bebê). Se não ocorrer a gravidez, os ciclos reprodutivos continuarão
normalmente até a menopausa.

Fonte: MOORE, Keith L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia Clínica. 8.ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2008.

2. Caracterização do processo de fecundação:

A fecundação é uma complexa sequência de eventos moleculares


coordenados que se inicia com o contato entre um espermatozoide e um
ovócito, e termina com a mistura dos cromossomos maternos e paternos na
metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto, um embrião unicelular. O
processo de fecundação leva em torno de 24 horas.

Passagem do espermatozoide através da corona radiata: A dispersão das


células foliculares da corona radiata que circunda o ovócito e da zona pelúcida
parece ser resultado principalmente da ação da enzima hialuronidase, liberada
do acrossoma do espermatozoide, mas a evidência para isto não é inequívoca.
As enzimas da mucosa tubária também parecem auxiliar nessa dispersão. Os
movimentos da cauda do espermatozoide também são importantes para sua
penetração na corona radiata.

Penetração da zona pelúcida: A passagem do espermatozoide através da


zona pelúcida é uma fase importante para o início da fecundação. A formação
de um caminho resulta também da ação de enzimas liberadas pelo acrossoma.
As enzimas — esterases, acrosina e neuraminidase — parecem causar a lise
da zona pelúcida, formando assim um caminho para que o espermatozoide
chegue ao ovócito. A mais importante dessas enzimas é a acrosina, um enzima
proteolítica. Logo que o espermatozoide penetra a zona pelúcida, ocorre uma
reação zonal — uma mudança nas propriedades da zona pelúcida que a torna
impermeável a outros espermatozoides. A composição dessa cobertura de
glicoproteína extracelular muda após a fecundação. Acredita-se que a reação
zonal seja o resultado da ação de enzimas lisossômicas liberadas pelos
grânulos corticais situados logo abaixo da membrana plasmática do ovócito. O
conteúdo desses grânulos, que são liberados dentro do espaço perivitelino,
também causa mudanças na membrana plasmática, tornando-a impermeável
aos espermatozoides.

Fusão das membranas plasmáticas do ovócito e do espermatozoide: As


membranas plasmáticas do ovócito e do espermatozoide se fusionam e se
rompem na área de fusão. A cabeça e a cauda do espermatozoide entram no
citoplasma do ovócito, mas a membrana plasmática do espermatozoide fica
para trás.

Término da segunda divisão meiótica e formação do pronúcleo feminino:


A penetração do ovócito pelo espermatozoide estimula o ovócito a completar a
segunda divisão meiótica, formando um ovócito maduro e segundo corpo polar.
Os cromossomos maternos em seguida se descondensam, e o núcleo do
ovócito maduro torna-se o pronúcleo feminino.

Formação do pronúcleo masculino: Dentro do citoplasma do ovócito, o


núcleo do espermatozoide aumenta para formar o pronúcleo masculino, e a
cauda do espermatozoide degenera. Morfologicamente, os pronúcleos
masculino e feminino são indistinguíveis. Durante o crescimento dos
pronúcleos, eles replicam seu DNA-1 n (haploide), 2 c (duas cromátides). O
ovócito contendo dois pronúcleos haploides é chamado de oótide.

Logo que os pronúcleos se fundem em uma agregação de cromossomos


única e diploide, a oótide torna-se um zigoto: Os cromossomos no zigoto
arranjam-se em um fuso de clivagem, na preparação para a divisão do zigoto.

Um fator inicial de gravidez, uma proteína imunossupressora, é secretada pelas


células trofoblásticas e surge no soro materno dentro de 24 a 48 horas após a
fecundação. O fator inicial de gravidez forma a base do teste de gravidez
durante os primeiros 10 dias de desenvolvimento. O zigoto é geneticamente
único porque metade dos seus cromossomos vem da mãe e a outra metade do
pai. O zigoto contém uma nova combinação de cromossomos que é diferente
da contida nas células dos pais. Esse mecanismo forma a base da herança
biparental e da variação da espécie humana. A meiose permite a distribuição
independente dos cromossomos paternos e maternos entre as células
germinativas. O crossing-over dos cromossomos, por relocação dos segmentos
dos cromossomos paternos e maternos, "embaralha" os genes, produzindo
assim uma recombinação do material genético. O sexo cromossômico do
embrião é determinado na fecundação pelo tipo de espermatozoide (X ou Y)
que fertiliza o ovócito. A fecundação por um espermatozoide portando um X
produz um zigoto 46, XX, que se desenvolve normalmente em fêmea, enquanto
a fecundação por um espermatozoide portador de um Y produz um zigoto 46,
XY, que normalmente se desenvolve em macho.

Fonte: MOORE, Keith L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia Clínica. 8.ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2008.

3. Distinção dos períodos do desenvolvimento humano pré-natal:

O desenvolvimento humano é um processo contínuo que se inicia quando um


ovócito (óvulo) de uma fêmea é fecundado por um espermatozoide de um
macho. A divisão celular, a migração celular, a morte celular programada, a
diferenciação, o crescimento e o rearranjo celular transformam o ovócito
fecundado, o zigoto, uma célula altamente especializada e totipotente, em um
organismo humano multicelular. Embora a maior parte das mudanças no
desenvolvimento se realize durante os períodos embrionários e fetais, ocorrem
mudanças importantes nos períodos posteriores do desenvolvimento: infância,
adolescência e início da idade adulta (p. ex., o desenvolvimento dos dentes e
das mamas, nas fêmeas).

O desenvolvimento pré-natal é dividido em três períodos, estabelecidos pela maioria


dos embriologistas:

Período Germinal: vai da fecundação até a gastulação (implantação do óvulo


na parede do útero materno), na terceira semana de desenvolvimento. Neste
período, a célula original do zigoto divide-se (processo de duplicação ou
mitose), transformando-se em 800 bilhões ou mais de células especializadas
que formam o corpo humano. Enquanto divide, o óvulo fecundado percorre a
tuba uterina, alcança o útero e se implanta na parede uterina. No final da
terceira semana o embrião já tem o tubo neural formado, embora ainda esteja
aberto nas duas extremidades.
Período Embrionário: vai da quarta à oitava semana de gestação. É um
estágio de crescimento acelerado, e nele desenvolvem-se os órgãos e os
principais sistemas corporais: respiratório, digestivo e nervoso. É também
bastante suscetível à influência ambiental pré-natal. É neste período que os
defeitos de nascença, como fenda palatina, membros incompletos ou faltantes,
cegueira, surdez, etc. ocorrem e, também, que muitos embriões mais
defeituosos não sobrevivem, sendo expulsos em um aborto espontâneo. Nessa
fase, o embrião apresenta um tamanho de aproximadamente 3,81cm, o
coração bate, há um sistema circulatório primitivo, início de olhos e ouvidos,
uma boca que abre e fecha, pernas, braços, além da medula espinhal primitiva.

Período Fetal: vai do terceiro mês até o final da gestação. Inicia-se com o
aparecimento das primeiras células ósseas. A direção do crescimento é céfalo-
caudal, pois a cabeça e as estruturas faciais crescem mais rápido, e também,
próximo-distal, aonde o tronco e os membros proximais tendem a avançar mais
do que os membros distais. Acontece um processo de aprimoramento de todos
os sistemas dos órgãos primitivos que já existem. É nesse momento que o
desenvolvimento do sistema nervoso acontece de fato, com a diferenciação de
dois tipos básicos das células nervosas, como neurônios e células gliais. Há
também o crescimento do peso e do comprimento do feto, movimentos com as
pernas, pés, polegares e cabeça, movimentos com a boca e com a palma da
mão. A partir do 4° mês, essas atividades ficam mais rápidas, em função do
desenvolvimento muscular. No 8° mês, o feto cresce mais rápido em relação ao
espaço em que se encontra e, assim, seus movimentos diminuem, devido ao
espaço reduzido. Cerca de uma semana antes de nascer, no 9° mês, o bebê
para de crescer, alcança um peso médio adequado de 3,5kg e um
comprimento de aproximadamente 50 cm.

Fonte: MOORE, Keith L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia Clínica. 8.ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2008

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