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I - Introdução
Por anos a ainda atualmente, vem sendo utilizada a abordagem analítico-sintética, na qual se
fragmenta o todo em partes e cada parte, por exemplo, de uma determinada técnica deve ser
ensinada, para posteriormente, ser unida às outras partes (SCAGLIA, 2014).
Segundo Scaglia (2019); Bolonhini; Paes (2019) há abordagens com uma lógica de
aprendizagem mais global, ativa e problematizadora, as quais colocam o aprendiz em situações
mais próximas da realidade das práticas dos esportes, ginásticas, danças, lutas e jogos.
Mesquita; Pereira; Graça (2009) destacam três abordagens ou modelos considerados,
atualmente, como possibilidades para se desenvolver processos de ensino e aprendizagem
com uma perspectiva global, ativa e problematizadora. As abordagen: Modelo de Ensino do
Jogo para a Compreensão - MEJC ( (do inglês TGfU – Teaching Games for Understanding);
Modelo Desenvolvimental e Modelo de Abordagem Progressiva do Jogo.
Garcez (2017) afirma que o modelo de ensino baseado na lógica analítica-sintética se subdivide
em três: (1º) ) A Analítica (A = B + C), na qual cada parte é fragmentada e ensinada de forma
lógica. (2º) A Repetitiva (A + AB + ABC), nesta o professor inicia com o ensino de um fragmento
do conteúdo, o qual, após ser aprendido é somado ao um novo, os quais são exercitados em
conjunto, e assim, sucessivamente, outros fragmentos vão sendo acrescentados. (3º) A
Isolada (J + A + D), na qual os conteúdos fragmentados são ensinados de forma isolada e sem
conexão entre si, portanto, ao aprender o primeiro conteúdo, haverá o ensino do segundo e
assim, sucessivamente.
2.2 - Modelo de Ensino do Jogo pela Compreensão (MEJC) - segundo Mesquita; Pereira; Graça
(2009) o MEJC propõe o ensino por meio do desenvolvimento da capacidade de jogo, ou seja,
aquisições progressivas da compreensão tática do jogo. Nesse caso, os problemas táticos
provocarão a necessidade das habilidades técnicas, por meio do confronto do aprendiz com
problemas que o desafie a resolver, em diferentes contextos simulados de jogo. Percebemos
que este é um modelo adequado de ser utilizado em esportes coletivos. O processo de ensino
e aprendizagem desenvolvido por meio do MEJC percorre seis etapas (1) escolha do jogo; (2)
apreciação do jogo; (3) consciência tática; (4) tomada de decisão (o que fazer; como fazer); (5)
execução das habilidades; (6) performance/rendimento) e utiliza quatro princípios
pedagógicos
Segundo Bolonhini e Paes (2009) as ações desenvolvidas no jogo devem ser acompanhadas de
uma reflexão coletiva sobre a prática realizada, sobre o desempenho de cada aluno ou atleta,
bem como pela elaboração de estratégias para os próximos jogos. Outra característica forte é
que o professor deve estar atento para intervir durante os jogos reduzidos propostos em aula,
cuja finalidade não será a correção dos gestos técnicos dos alunos, mas sim, provocar
perguntas, questionamentos que levem o aluno a uma reflexão sobre sua prática durante o
jogo. Para outros pesquisadores (TEOLDO ; GRECO ; MESQUITA; GRAÇA ; GARGANTA, 2010) o
foco na contextualização de situações de jogo e nas competências dos praticantes,
principalmente quanto à tática provoca um maior envolvimento cognitivo e formal dos
praticantes nas atividades, conducentes ao incremento de competências. Tal como Bolonhinni
e Paes (2009), Teoldo; Greco; Mesquita et al (2010) destacam a função do professor/treinador
em todo o processo, dada a necessidade de possuir os conhecimentos e competências
requeridas para modelar e estruturar as fases constituintes do modelo, bem como coordenar
as atividades desenvolvidas pelos praticantes. Ao professor cabe o estabelecimento da forma
de jogo; a observação do desenvolvimento do jogo; investimento na parceria com os alunos
quanto às potenciais soluções aos problemas táticos; intervenção com vistas à melhoria das
habilidades dos alunos.
Segundo Baptista e Miranda Júnior (2011) nesta abordagem é esperado que o aluno ao
internalizar mentalmente determinados movimentos (por sua ação direta e do momento do
feedback junto ao professor/técnico), consiga, por meio da incorporação dos conceitos
necessários, solucionar diferentes problemas, e assim, “... mesmo diante de situações
imprevistas e aparentemente novas que acontecem no cotidiano, possa ter desenvolvido a
habilidade de organizar mentalmente os conceitos, informações e saberes necessários para
discernir as situações e tomar as decisões mais acertadas nas situações concretas” (p. 7).
Baptista e Miranda Júnior (2011) dão um exemplo prático de uma aula de corrida, dividida em
três momentos: reflexão, análise, internalização.
A seguir será apresentado um quadro com exemplos de métodos de ensino adequados às três
diferentes áreas dos objetivos: teórica, habilidades, atitudes.
Aqui serão apresentadas as características dos métodos utilizados em aulas práticas (objetivos
procedimentais/de habilidades) do Curso de Educação Física.
Método para Habilidades– Têm a função de desenvolver um saber fazer, sejam eles:
habilidades psicomotoras, técnicas ou procedimentos (PACHECO, 1993; XAVIER, 1986). São
eles:
1 - Método Global - é também conhecida como total, pois parte da totalidade do movimento
ou do procedimento a ser aprendido, tem como foco a equipe em situação do jogo
propriamente dito, portanto não foca em determinados fundamentos do esporte e sim na
capacidade que o aluno tem da descoberta, por meio da prática, no jogo propriamente dito
(VARGAS et al, 2014), com o apoio do professor e baseado no princípio da aprendizagem por
tentativa e erro, o que significa, na prática, na proposição de tarefas com baixo nível de
complexidade. Borges (2017) salienta que no Método Global o aluno tem a ideia do todo de
determinada modalidade esportiva. SegundoPinho (2009, apud Borges, 201&), apesar de ser
ainda hoje, um dos métodos mais utilizados por professores de Educação Física escolar e de
iniciação esportiva, muitos destes professores o utilizam de forma equivocada, pois apenas
entregam a bola e deixam os alunos largados, a jogar de qualquer jeito, sem uma orientação,
sem correções e sem feedback das ações coletivas no jogo. Pode ser desenvolvido por meio do
denominado “jogo”, como por exemplo: (a) Jogo Adaptado; (b) Jogo Reduzido:
Não deve ser utilizado unicamente na totalidade de uma sessão de treino ou aula, portanto
necessita ser complementado com outras estratégias nas quais o aluno/atleta utilize a
técnica/habilidade motora, no contexto geral do esporte.
4 – Método Parcial – tal como o Método de Demonstração, o Método Parcial por ser utilizado
nos processos de ensino e aprendizagens das ginásticas, Lutas, danças e esportes. Seus
processos “... pautam-se basicamente nas aprendizagens e no treinamento das técnicas
(fundamentos) isoladamente, através dos chamados exercícios educativos” (PACHECO, 1993).
Um aspecto negativo do uso exclusivo deste método é que não há o estímulo à capacidade
cognitiva do aluno/atleta, pois a aula ou o treino desconsidera situações de jogo e a presença
de um adversário; e no caso dos esportes individuais, a aprendizagem se dará sem a idéia do
movimento e da habilidade em sua totalidade, pois quando fragmentamos a totalidade em
partes, podemos perder a essência, a lógica desse todo (BORGES, 2017).
Coutinho e Silva (2009) apontam também o fato do ensino ser bastante focado no comando do
professor, por meio de imitações de modelos. Costa (2003, apud Vargas et al, 2012) salienta
como desvantagens do Método Parcial, o fato deste não provocar ações de criatividade dos
alunos; o contexto da aula é monótono e descontextualizado, já que não são
criadas/vivenciadas pelos alunos, situações próprias das ações específicas nas práticas do
esporte.
Há entretanto, momentos no qual a lógica da prática parcial por ocorrer sem perdas ou danos
ao processo de ensino e aprendizagem: quando há necessidade de se especializar, aperfeiçoar
determinado movimento ou técnica. Nesse caso, se apresenta um modelo adequado das
partes do movimento/técnica e o aprendiz exercita cada parte para chegar no todo. Ressalta-
se aqui a necessidade de se complementar o processo com ações de inserção do movimento
fragmentado no todo, por meio de outras estratégias que atuem na lógica da totalidade.
REFERÊNCIAS
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