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História de futebol em Moçambique

Na Beira e em Lourenço Marques, a significativa comunidade inglesa, contribuiu para


introdução de alguns desportos. O futebol foi a modalidade que mais rapidamente se
desenvolveu, tornando-se popular entre negros e brancos. Em Lourenço Marques, tanto no
contexto da sociedade colona, como nos subúrbios africanos da cidade, o jogo transformou-se
num espectáculo público seguido pêlos media. O contexto de segregação prevalecente
justificou a existência de duas associações de futebol:

1. A Associação de Futebol de Lourenço Marques (AFLM), fundada em 1923, juntava


clubes fundados por colonos, onde rareavam os jogadores negros e mestiços;
2. A Associação de Futebol Africana (AFA), fundada em 1924, organizou, até 1959, um
campeonato que incluía várias equipas do subúrbio da cidade (Entre estas equipas
encontravam-se o Beira-Mar, o Mahafil Isslamo, o Munhanense « Azar », o João
Albasini, o Vitória Gazense, o Zambeziano, o Inhambanense, o Atlético Mahometano, o
Vasco da Gama, o São José, o Nova Aliança e o Sport Nacional Africano), dirigidas por
notáveis locais, todos com o estatuto de assimilado, estes clubes envolviam nas suas
actividades jogadores indígenas.

Ismael Mário Jorge foi uma figura importante no desenvolvimento do desporto em


Moçambique: capitão de infantaria, professor no Liceu 5 de Outubro, chefe dos escuteiros,
presidente da Junta de Salvação Pública e dirigente da Associação de Futebol de Lourenço
Marques.

A Federação Moçambicana de Futebol é o órgão máximo do futebol moçambicano,


responsável pela Seleção Moçambicana de Futebol e pela Taça de Moçambique de futebol,
tendo sido fundada em 1976. Representa também o futebol nacional nas organizações
internacionais do desporto, sendo membro da CAF desde 1978 e da FIFA desde 1980. Em 2006,
concorreu para acolher o CAF 2010 mas sem sucesso. A Selecção Nacional de Futebol
“Mambas”, já participou em 4 edições do CAN (1986, 1996, 1998 e 2010). O Campeonato
Moçambicano de Futebol (conhecido popularmente como Moçambola) é a competição mais
importante de futebol realizada em Moçambique, sendo organizada pela Liga Moçambicana
de Futebol. Começou a ser disputado em 1976, pouco depois da independência. O
campeonato tem tido várias designações, a última das quais é "Moçambola", que desde a
temporada de 2005 substituiu a "Liga 2M".

História de Futebol mundial


Como vimos, o futebol moderno surgiu apenas no século XIX, mas sabe-se que milhares de
anos atrás já eram praticados pela humanidade esportes com características semelhantes.  O
vestígio de prática similar ao futebol mais antigo do qual se tem conhecimento remonta à
China de 3000 a.C.

Mas os registros históricos não remetem apenas aos chineses. Existem evidências de esportes
semelhantes ao futebol sendo praticado por japoneses, egípcios, além
de gregos e romanos antigos. Também há registros em diferentes povos mesoamericanos (da
região da Mesoamérica, atual México e América Central).

Eduardo Galeano traz relatos de algo parecido com o futebol sendo praticado na Inglaterra
durante a Idade Média. O jornalista uruguaio destaca que, no século XIV, o rei Eduardo II
condenava essa prática esportiva. Outros reis ingleses como Eduardo III, Henrique IV e
Henrique VI chegaram a proibir a prática do esporte.

Alguns séculos depois, ainda na Inglaterra, surgiria o futebol moderno. Isso ocorreu a partir da
junção de clubes que não aceitavam determinadas regras da prática do rugby e decidiram unir-
se para criar outro esporte, no qual não se conduzisse a bola com as mãos. As regras deste
novo esporte, o futebol, foram estabelecidas em 1846 pela Universidade de Cambridge.

As primeiras normas ainda estavam em um estágio extremamente embrionário e


apresentavam algumas diferenças em relação ao futebol praticado atualmente. Galeano
aponta que as regras estabelecidas inicialmente para o futebol “não limitavam o número de
jogadores, nem a extensão do campo, nem a altura do arco, nem a duração das partidas”.

Naturalmente, uma série de mudanças foram sendo realizadas ao longo do século XIX, como a
introdução do goleiro e do árbitro, a criação do pênalti para as faltas cometidas dentro da
área, além da utilização das mãos para a cobrança do lateral. O crescimento do esporte e sua
disseminação pela Europa levaram ao surgimento da Federação Internacional de Futebol (Fifa),
que contava inicialmente com as seguintes nações: Bélgica, Dinamarca, França, Holanda,
Espanha, Suécia e Suíça.

Uma importante observação é que a Fifa considera como data oficial do surgimento do futebol
o ano de 1863, quando foi fundada na Inglaterra The Football Association, a organização
responsável pela gestão do futebol naquele país.

2.2. Mobilidade Ofensiva

2.2.1. Princípios ofensivos do jogo de Futebol


Como já vimos, a inter-relação entre os jogadores de uma mesma equipa, integrando
igualmente a irredutível oposição na competição, determina o estabelecimento de princípios
de jogo, que Teodorescu (1984, p. 40) definiu como “as regras gerais, de base, em virtude das
quais os jogadores dirigem e coordenam a sua actividade – individual e colectiva – ao longo de
uma fase de ataque ou de defesa”. Os princípios enunciados por este autor referem-se a
indicadores acompanhados pela generalidade das modalidades desportivas, leque ao qual o
Futebol pertence, mas torna-se fundamental perceber que não se tratam de princípios
Específicos tal como Guilherme Oliveira (2006) os define, já que não têm em conta a cultura e
o contexto envolvidos, mas apenas a lógica intrínseca e isolada da modalidade a que nos
referimos.

Vista a complexidade do Jogo ter obrigatoriamente de integrar a totalidade dos elementos que
se lhes influenciam, a Especificidade sobre a qual nos referimos no presente documento vai
muito mais além do que a definição da modalidade enquanto elemento diferenciador dentro
do quadro dos jogos desportivos colectivos, pelo que os princípios específicos que de seguida
iremos enunciar se tratam de elementos assim gerais relativamente ao entendimento
sistémico do Jogo, existindo independentemente da Especificidade da forma de jogar, mas
importantes e fundamentais pela nomenclatura utilizada.

Começaremos por abordar os princípios fundamentais e gerais, passando depois para os


princípios específicos do ataque.
2.2.1.1. Princípios fundamentais e gerais
Os princípios fundamentais do jogo de Futebol indicam comportamentos a ser aplicados tanto
em momento ofensivo como defensivo, pelo que se espera que as dinâmicas de estabilização
se fundamentem nestas regras básicas.

Assim, Queiroz (1983a, p. 17), bem como Ramos (2002), fala-nos de três princípios
fundamentais: “criar superioridade numérica”, “evitar igualdade numérica” e “recusar a
inferioridade numérica”, o que determina um aproveitamento imediato das situações
favoráveis (de superioridade) e uma eventual reconstrução do ataque em momentos opostos.
Da mesma forma, o ataque deve procurar situações de superioridade numérica, pelo menos
relativa, de forma a criar pequenas situações de vantagem sobre o adversário a fim de tornar o
seu ataque mais perigoso; acreditamos que a mobilidade dos jogadores da equipa seja uma
estratégia viável para tal.

Castelo (1996) enuncia igualmente três princípios gerais, no caso mais objectivos intencionais
do plano geral, sendo estes:

o Rotura da organização da equipa adversária: procurar desequilibrar ou manter o


desequilíbrio do adversário, através da variabilidade do jogo, “arrastamento” de jogadores de
zonas fulcrais do terreno de jogo para o sucesso da finalização, mantendo a posse da bola;

o Estabilidade da organização da própria equipa: ocupação racional e equilibrada do terreno


de jogo a fim de permitir a manutenção de referências para a continuidade do momento
ofensivo, deixando a equipa em condições para que uma eventual perda de bola seja
recuperada o mais rapidamente possível;

o Intervenção no centro do jogo: é fundamental que todos os jogadores estejam preparados


para actuar e decidir, muitas vezes em situações pouco previsíveis para a sua função de
actuação, mas sempre actuando em conformidade no equilíbrio entre as definições do
momento e os objectivos tácticos da equipa.

O entendimento dos princípios fundamentais traz para o jogo a noção de relação óptima entre
o número de jogadores da própria equipa para defrontar, em determinada situação pontual do
jogo, um conjunto de jogadores adversários. Assim sendo, estes princípios falam-nos da gestão
numérica ideal dos elementos a fim de se conseguir atingir os objectivos (parciais e finais) do
jogo, no caso revistos nos princípios gerais com o horizonte máximo no golo.

2.2.1.2. Princípios específicos


Quando uma equipa se encontra em momento ofensivo, deverá evidenciar, em toda a sua
plenitude, comportamentos coordenadamente complementares a fim de atingir os objectivos
do colectivo. Para tal, estão definidos princípios mais particulares e especificadores da acção
ofensiva, como um padrão de inter-relação mais contundente entre os elementos de uma
mesma equipa na gestão das adversidades do jogo.

Penetração

O princípio da penetração ou progressão diz respeito à atitude básica ofensiva, reportando-se


ao ataque à baliza ou adversário directo, bem como à criação de vantagem numérica ou
espacial (Queiroz, 1983a; Garganta & Pinto, 1998; Ramos, 2002), na busca de soluções e
condições para a progressão da equipa através da aferição das possibilidades de finalizar (golo
como objectivo principal), procurando outras soluções de finalização e de construção, de
acordo com as possibilidades de o conseguir no momento. Como atitude táctica fundamental,
encontra-se presente em todas as situações de jogo para todos os jogadores em simultâneo,
como um despoletador de actuação segundo os princípios do jogo no sentido de orientar os
comportamentos em direcção à baliza adversária, ainda que num equilíbrio entre as
possibilidades e os objectivos finais e momentâneos (Castelo, 1996).

Cobertura

Quando o jogador com bola encontra uma situação desfavorável à sua progressão, a cobertura
define o apoio directo mais marcante ao portador com bola, podendo redundantemente ser
conhecida por linha de passe. É essencial à progressão da equipa no terreno de jogo, dando a
opção por um passe de dificuldade reduzida, para a eventualidade de o necessitar, bem como
possibilita manter a posse de bola em poder da equipa; este apoio ofensivo serve igualmente
como primeira linha de defesa no caso de uma perda da possa da bola (Queiroz, 1983a;
Ramos, 2002).

Castelo (1996) diferencia acção de cobertura de acção de apoio, conferindo um significado de


maior progressão ofensiva ao segundo, ou seja, poderemos até verificar uma correspondência
à penetração para a baliza, ainda que sem a bola.

Trata-se de um elemento de disponibilidade para a bola, cuja interacção dependerá do


portador da bola e do jogador em apoio, pelo que a relação existirá se houver a percepção
coordenada entre os dois jogadores. Pensamos que, mesmo que um jogador sem bola dê
apoio ao portador da bola, mas se não houver uma relação prática entre os dois por
constrangimentos do jogo, esta será a condição necessária para a transformação da acção de
cobertura numa possibilidade de mobilidade.

Mobilidade

Uma vez o jogador com bola tenha apoio para a procura de soluções para o jogo da equipa, os
jogadores não directamente implicados nessa acção poderão assumir comportamentos de
mobilidade a fim de criar condições para a obtenção dos objectivos momentâneos com vista
aos objectivos colectivos (Queiroz, 1983a; Garganta & Pinto, 1998; Castelo, 1996), podendo
significar novas linhas de passe e/ou criação de novos espaços. Assim, falamos de uma grande
variabilidade de comportamentos com objectivos parciais variados, como seja o
“arrastamento” de defensores adversários ou a criação de novas linhas de passe de acordo
com as pretensões colectivas, ou seja, apoiando o colega com bola na configuração mais
favorável para o jogo da equipa

(Castelo, 1996; Ramos, 2002). Assim, a mobilidade deverá estar relativizada às pretensões da
equipa para o momento, coordenando-se com a configuração colectiva e as suas pretensões.
Este comportamento terá repercussões tanto em largura como em profundidade, a fim de
criar apoios e espaços para a progressão da bola, pelo que falamos em mobilidade
convergente (em direcção à baliza) e divergente.

Espaço

O espaço é uma essencialidade de jogo no processo ofensivo, pela necessidade de mais tempo
para pensar, criar e aprimorar as acções de jogo, definindo a disposição (dinâmica do sistema
de jogo) e comportamentos em largura e profundidade (Queiroz, 1983a; Garganta & Pinto,
1998; Ramos, 2002), tal como a própria mobilidade já fazia antever, por um lado, e dos quais a
necessita, por outro. Assim, a criação de relações faz-se com tanto mais clareza,
intencionalidade e direccionalidade, quanto mais estas forem relevantes para o momento
imediato da acção colectiva, na perspectiva de um futuro correspondente.

Os princípios apresentados reportam-se, assim, a comportamentos assumidos pelas equipas


de Futebol, como um ponto de partida para a sistematização de uma linguagem comum, um
código de entendimento que permita o alcançar dos objectivos a que a equipa se propõe. Por
exemplo, sendo a penetração ou progressão o elemento mais básico da atitude ofensiva,
tendo este um entendimento Específico para uma equipa, a inter-relação de princípios
resultará num jogar Específico e diferenciado de um outro que não assuma a mesma opção
inicial.

Assim, a dinâmica criada no colectivo acaba sempre por se revestir em aspectos particulares,
Específicos, resultando, em última análise, numa configuração funcional espacial
correspondente às pretensões dinâmicas da equipa.

Acerca deste aspecto, Garganta & Gréhaigne (1999) identificaram um padrão de disposição
espacial interessante, classificando sobre três formas:

o Ataque como elemento dominante: disposição em triângulo com o cume orientado para a
retaguarda do espaço de jogo;

o Defesa como elemento dominante: disposição em triângulo com o cume orientado para a
frente do espaço de jogo;

o Reforço do meio-campo como elemento dominante: disposição caracterizada por um


losango.

Assim se verifica o quanto a disposição espacial dos jogadores é determinada pela tendência
da forma de jogar, a fim de criar condições para que a dualidade defesa-ataque esteja de
acordo com as possibilidades do colectivo. Esta configuração de ocupação do espaço relaciona-
se com a dinâmica do colectivo, ou seja, as relações dentro da equipa determinam tal, e nunca
poderemos reduzir à estrutura da mesma.

No que diz respeito ao nosso tema de estudo, podemos ir mais além no nosso raciocínio: em
momento ofensivo, tendo o espaço como elemento fundamental positivamente relacionado
com o sucesso do ataque, este terá de ser gerido de forma muito meticulosa e coerente, de tal
forma que nos fazemos perguntas como:

o Que comportamentos de mobilidade? o Que jogadores mais móveis?

o Que equilíbrios realizar?

o Que dinâmica para iludir o adversário?

o Que comportamentos em cada um dos momentos ofensivos?

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