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Pessoal,
Finalmente tenho o prazer de comunicar que agora completei a minha coleção de Color Computers nacionais com
a recente aquisição do último que faltava, o Codimex CD-6809. Assim, a tríade dos raros clones nacionais de TRS
Color está completa.
A história…
O CD-6809 foi o primeiro dos clones de TRS Color fabricados aqui no Brasil, mais especificamente em Porto
Alegre-RS. Ele é baseado no esquema original do TRS-80 Color Computer da Tandy. Para quem quiser maiores
informações sobre a história desse micro e da própria empresa Codimex, deixo aqui o link para a excelente
entrevista que eu fiz para a revista Jogos80 com o Sr. Davi Menda, sócio-fundador e idealizador da Codimex.
Codimex CD-6809
A história da compra desse micro foi um tanto quanto inusitada. Um belo dia, por volta de 1:30 da madrugada,
estou devidamente acomodado e dormindo o sono dos justos quando meu celular começa a tocar
desesperadamente. No quarto toque, eu já p*** da vida com o desalmado que estaria me ligando a tal hora, pego
no celular e vejo que é o meu amigo coconauta Juan Castro. Nesse momento, já atendo o telefone preparado para
dar uma voadora via embratel no indivíduo, porém ele não me dá nem tempo de falar e GRITA: TEM UM
CODIMEX NO ML!!!
O meu cérebro assimilou isso de forma atordoante e eu saí correndo para ligar o computador e comprar. Deixo
aqui meus agradecimentos ao meu amigo Juan por me avisar de tão precioso micro.
Por coincidência, esse Codimex chegou lá em casa no mesmo dia da chegada de outro Codimex, do amigo Luis
Fernando Garcia, que enviou o seu micro para reparo.
Mãos a obra…
Aproveitando que eu tinha dois Codimex em mãos e visto que pouca ou nenhuma informação se tem sobre o
mesmo, resolvi fazer este artigo cobrindo a reparação de ambos os micros.
Começamos então pelo micro do meu amigo de PoA, o Luis Garcia, no qual estava com vários reed switches do
teclado devidamente mortos e o RF também só apresentava imagem em preto e branco e sem som.
Placa do Codimex. Pela disposição dos componentes, percebe-se que o esquema foi baseado na placa revisão
“E” dos CoCo1 originais.
Ambos os micros vieram com esses 741 da Texas e que não funcionam com Drivewire. Os CP-400 também
vinham com esses instalados e é por isso que o pessoal reclama que por vezes o DW não funciona com alguns
deles.
Esse Codimex já veio com 64Kb (8 CIs 4164) , porém como a placa é baseada no esquema da placa revisão “E”
da Tandy, apenas 32Kb ficam disponíveis para uso.
O motivo de não ter som. A bobina que deveria estar ali em L5 foi arrancada.
Tentei ainda ajustar o RF, porém sem muito sucesso. Continuava preto e branco.
O teclado estava com cerca de 15 reeds mortos. O antigo dono havia soldado um teclado auxiliar para usar as
teclas mortas! Santa gambiarra Batman!
O teclado é o modelo CM-05 da Digiponto, conhecida fabricante de teclados profissionais da época.
Uma das trilhas do teclado estava interrompida e colocaram um fio de chuveiro para contornar. Retirei aquela
porcaria e coloquei esse pequeno jump no lugar da parte defeituosa.
Nesta foto já trocado alguns reeds e a maior parte das gambiarras retiradas.
Tendo em vista que o RF estava morto mesmo, foi construída a plaquinha com circuito de video composto.
O cristal original PAL-M também teve que ser trocado para o NTSC. Não daria para manter o cristal, pois o
esquema de transcodificação do Codimex para PAL-M é feito depois que o sinal sai do modulador 1372.
Imagem já no video composto e colorida. Viva! :-)
Pra começar essa placa já vem com jumpeamento para trocar o tipo de memórias utilizadas entre cis 4116 e
4164. Apesar de poder usar as 4164 completando 64Kb, apenas 32Kb ficam disponíveis para uso na máquina.
Seguem os passos para expandir dos originais 32Kb para 64Kb (somente para modelos com placa revisão 1.3):
1) Primeiramente, se o micro ainda estiver utilizando memórias 4116, como no meu caso, deveremos primeiro
colocar os jumpers nas posições corretas para instalar as memórias 4164. Jumper CN13 deverá estar fechado no
pino a direita. Jumper CN14 deverá fechar o pino inferior. CN15 deverá estar fechado no pino superior. Com esses
passos vc garante que o micro poderá usar as 4164 no lugar das 4116.
2) Agora, coloque o jumper CN16, existente entre as duas PIAs, fechado na parte superior. Ao lado direito da SAM
(6883) existe o ponto R55, neste deverá ser colocado um resistor de 33R ou simplesmente fechado com um jump.
Isso habilitará a seleção dos 32Kb no Codimex usando as 4164.
3) Primeiramente, erga os pinos 4, 5 e 6 do CI U8 (74LS02), depois erga o pino 5 do CI U22 (74Ls138). Os CIs
nesse micro são todos soquetados, logo levantar esses pinos não deve ser problema.
4) Agora, solde o pino 4 do U8 com o pino 5 do U22. Depois solde o pino 6 de U8 com o pino 8 do mesmo
integrado. Na sequência, solde um fio do pino 5 do U8 até o ponto de teste P9 que fica a direita do processador
6809. Este ponto de teste liga diretamente ao pino 32 da CPU. Para melhor conferência, vai o esquema abaixo.
Olha aí toda a modificação completada. Essa tive que procurar nos pergaminhos esquecidos do conhecimento
CoCoísta. :-)
Aproveitando, troquei logo o 741 da Texas por um CA3140. Agora já posso usar o Drivewire em velocidade de
CoCo2. :-)
Por falar em porta serial a Codimex resolveu adotar um plugue DIN5 para a porta serial de seu micro,
diferentemente do que foi feito pela LZ no Color 64 e pela Prológica no CP-400 e que utilizavam o plugue DIN4 no
mesmo padrão usado pela Tandy nos CoCos. Abaixo segue a pinagem da serial do Codimex.
Pinagem do conector serial do Codimex
Todos os capacitores trocados, incluindo os grandões da fonte. Como não existe mais para venda eletrolítico
axial dos grandes, tive que adaptar um radial para o papel. :-)
Instalado um jack P2 fêmea para saída de audio, através da grelha de ventilação por baixo da máquina. Ou
vocês acham que eu iria furar o gabinete de um Codimex? :-)
Olha aí a criança já limpa e pronta para uso. :-D
…
Agora sim, DragonFire! :-D
Conclusão…
Após essa “esmiuçada” em ambos os Codimex, posso afirmar que claramente se trata de um produto profissional
para época. Placa de excelente qualidade, gabinete de fibra robusto capaz de aguentar qualquer tipo de punição e
completando, o teclado Digiponto que é referência e foi também utilizado em outro Color já visto aqui, o LZ Color
64.
O único ponto “negativo”, se é que pode ser chamado assim, é ser expansível somente até 32Kb. Tendo em vista
que os CoCo2 só começaram a sair em meados de 83 e sendo o projeto do Codimex de meados de 82, explica-se
assim eles terem pego o esquema do CoCo1 rev. “E” para clonar. Contudo, não sei dizer se a Codimex chegou a
fabricar outra revisão de placa onde seria possível expandir até 64Kb.
No mais, trata-se de um clone do CoCo1 que traz todo o funcionamento do original da Tandy, porém num
tratamento bem mais profissional.
Resultado da brincadeira. Todos os componentes que foram trocados nos dois micros.
EDIT: Ficou faltando as ROMs que eu já havia extraído de ambos os micros, e sim, elas são diferentes (mesmo
que só no label). O Color BASIC do Codimex é Color BASIC 1.1 da Tandy, e o Extended BASIC é a versão 1.0 da
Tandy.
Codimex ROMs
Para quem ainda tem curiosidade, aqui seguem todas as fotos do meu álbum no Picasa.
Abs,
Daniel
Esta entrada foi publicada em TRS Color com as tags Codimex, TRS-80 Color. ligação permanente.
Parabéns Daniel pela matéria de altissimo nível. Mais informações para a historia da tecnologia nacional.
Obrigado Luciano!
Obrigado Carlão!
David diz:
07/10/2014 ás 01:36
Imcrível! Que coleção estupenda! Mereces! Conheces como poucos esta plataforma.
Parabéns!!!!!! Grande abraço!
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