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Temas:

Questões para a técnica do Questionamento Elaborativo

01 – Quais são as modalidades de lesão corporal leve prevista no Código Penal?


02 – É cabível perdão judicial em lesão corporal dolosa?
03 – Qual a distinção entre lesão qualificada pelo aborto e aborto majorado pela lesão?
04 – Quando o crime de lesão corporal culposa e/ou leve será de ação penal pública incondicionada?
05 – Chamar alguém de assassino pode ser tipificado como crime de calúnia caso a conduta seja praticada na
frente de terceiros?
06 – Qual é a diferença entre injúria preconceituosa e crime de preconceito?
07 – Qual é a modalidade de ação penal em crimes contra a honra?

CRIMES PATRIMONIAIS

Previsão a partir do artigo 155 do CP

Uma das principais preocupações em termos de crimes patrimoniais deve ser diferenciar furto de roubo.

Na prova, é muito comum que essa distinção esteja ligada a algum instituto da parte geral, como por exemplo, o
desvio subjetivo de conduta, previsto no artigo 29, parágrafo 2º do CP.

Também é importante entender que tais crimes são patrimoniais e que exigem uma especial intenção.

No furto, há de se exigir o animus rem sibi habendi. Ou seja, a intenção de agir como dono da coisa, de dispor
dela, de subtrair para si ou para outrem,

Vejamos a importância de entender tal elemento subjetivo em nossa prova:

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XVII Exame

Daniel, nascido em 02 de abril de 1990, é filho de Rita, empregada doméstica que trabalha na residência da famí-
lia Souza. Ao tomar conhecimento, por meio de sua mãe, que os donos da residência estariam viajando para co-
memorar a virada de ano, vai até o local, no dia 02 de janeiro de 2010, e subtrai o veículo automotor dos patrões
de sua genitora, pois queria fazer um passeio com sua namorada.

Desde o início, contudo, pretende apenas utilizar o carro para fazer um passeio pelo quarteirão e, depois, após
encher o tanque de gasolina novamente, devolvê-lo no mesmo local de onde o subtraiu, evitando ser descoberto
pelos proprietários. Ocorre que, quando foi concluir seu plano, já na entrada da garagem para devolver o automó-
vel no mesmo lugar em que o havia subtraído, foi surpreendido por policiais militares, que, sem ingressar na resi-
dência, perguntaram sobre a propriedade do bem.

Ao analisarem as câmeras de segurança da residência, fornecidas pelo próprio Daniel, perceberam os agentes da
lei que ele havia retirado o carro sem autorização do verdadeiro proprietário. Foi, então, Daniel denunciado pela
prática do crime de furto simples, destacando o Ministério Público que deixava de oferecer proposta de suspensão
condicional do processo por não estarem preenchidos os requisitos do Art. 89 da Lei nº 9.099/95, tendo em vista
que Daniel responde a outra ação penal pela prática do crime de porte de arma de fogo.

Em 18 de março de 2010, a denúncia foi recebida pelo juízo competente, qual seja, da 1ª Vara Criminal da Co-
marca de Florianópolis. Os fatos acima descritos são integralmente confirmados durante a instrução, sendo certo
que Daniel respondeu ao processo em liberdade. Foram ouvidos os policiais militares como testemunhas de acu-
sação, e o acusado foi interrogado, confessando que, de fato, utilizou o veículo sem autorização, mas que sua
intenção era devolvê-lo, tanto que foi preso quando ingressava na garagem dos proprietários do automóvel.

Após, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Daniel, que ostentava apenas aquele processo pelo porte
de arma de fogo, que não tivera proferida sentença até o momento, o laudo de avaliação indireta do automóvel e o
vídeo da câmera de segurança da residência. O Ministério Público, em sua manifestação derradeira, requereu a
condenação nos termos da denúncia. A defesa de Daniel é intimada em 17 de julho de 2015, sexta feira.

Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça
cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo para interposição, sustentando todas
as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)

Resposta:

O examinando deve elaborar, na condição de advogado de Daniel, Alegações Finais por Memoriais, com funda-
mento no Art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, devendo a petição ser direcionada ao Juízo da 1ª Vara
Criminal da Comarca de Florianópolis.

Preliminarmente, deve o examinando requerer a extinção da punibilidade do fato em favor de Daniel pela ocorrên-
cia da prescrição da pretensão punitiva estatal. Daniel foi denunciado como incurso nas sanções penais do Art.
155, caput, do Código Penal; logo, a pena máxima a ser aplicada para o caso é de 04 anos. Na forma do Art. 109,
inciso IV, do Código Penal, sendo a pena máxima superior a 02 anos e não excedendo 04 anos, o prazo prescrici-
onal será de 08 anos. Ocorre que Daniel era menor de 21 anos na data dos fatos, pois nascido em 02/04/1990, e
os fatos ocorreram em 02/01/2010. Assim, impõe o Art. 115 do Código Penal que o prazo prescricional seja con-
tado pela metade, ou seja, 04 anos no caso concreto. O último marco interruptivo do prazo prescricional ocorreu
em 18 de março de 2010, data do recebimento da denúncia. Desde então, passaram-se mais de 05 anos e não foi
proferida sentença condenatória. Diante disso, o advogado de Daniel deve pleitear, preliminarmente, a extinção da
punibilidade com base na prescrição da pretensão punitiva do Estado.

No mérito, a defesa de Daniel deve defender sua absolvição, sob o fundamento de que não houve prática de cri-
me de furto. Estamos diante do que a doutrina e a jurisprudência costumam chamar de “furto de uso”, que, na
verdade, não configura crime de furto. Prevê o Art. 155 do Código Penal que é crime subtrair, para si ou para ou-
trem, coisa alheia móvel. Uma das elementares do crime é a intenção de subtrair a coisa para si, chamado pela
doutrina de animus furandi ou animus rem sibi habendi. No caso, está narrado de maneira clara que Daniel não
tinha o dolo de ter a coisa para si ou para outrem; ele não tinha a vontade de se assenhorar do bem subtraído. O
interesse era, apenas, de usar a coisa alheia e devolvê-la sem qualquer prejuízo ao proprietário, sendo certo que

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até mesmo se preocupou em repor a gasolina utilizada. Ademais, quando foi abordado por policiais, a coisa esta-
va sendo devolvida exatamente nas mesmas condições e no mesmo lugar em que fora subtraída, preenchendo,
assim, todas os requisitos para que sua conduta possa ser considerada um indiferente penal.

Subsidiariamente, para a eventualidade de condenação do denunciado, deve o advogado analisar eventual pena
a ser aplicada a Daniel. De início, deverá ser requerida a fixação da pena-base no mínimo legal, sendo certo que
ações em curso não podem justificar o reconhecimento de maus antecedentes, nos termos do enunciado 444 da
Súmula do STJ, sob pena de violação do princípio da presunção de inocência.

Na segunda fase, ausente qualquer agravante e presente a atenuante da menoridade relativa, com fulcro no Art.
65, inciso I, do Código Penal, tendo em vista que Daniel era menor de 21 anos na data dos fatos. Em caso de
condenação, deverá ser reconhecida, ainda, a atenuante da confissão, nos termos do Art. 65, inciso III, alínea d,
uma vez que Daniel confessou os fatos.

Não existem causas de aumento ou de diminuição a serem aplicadas.

O regime adequado para cumprimento de pena é o aberto, pois a pena final não ultrapassará 04 anos, o acusado
é primário e não existem circunstâncias do Art. 59 do Código Penal prejudiciais.

Caberá, ainda, a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, pois preenchidos os requisitos
do Art. 44 do Código Penal.

Em conclusão, deve o examinando formular os seguintes pedidos:

a) preliminarmente, o reconhecimento da extinção de punibilidade com base na prescrição da pretensão punitiva


do Estado, nos termos do Art. 107, inciso IV, do CP, OU no Art. 109, inciso IV, c/c o Art. 115, ambos do CP.;
b) no mérito: a absolvição de Daniel pela atipicidade de sua conduta, com fulcro no Art. 386, inciso III, do CPP;
c) subsidiariamente: aplicação da pena-base no mínimo legal, pois ações penais em curso não podem funcionar
como maus antecedentes, na forma do enunciado 444 da Súmula do STJ;
d) reconhecimento das atenuantes da menoridade relativa e da confissão espontânea;
e) aplicação do regime aberto para início do cumprimento de pena;
f) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

A data a ser indicada é o dia 24 de julho de 2015, tendo em vista que o prazo para Alegações Finais é de 05 dias,
mas este somente se iniciará na segunda-feira, dia 20 de julho de 2015.

Mas como diferenciar adequadamente o furto do crime de roubo?

Qualificadora (furto qualificado) não se confunde com causa de aumento (furto majorado).

Furto majorado:

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

Furto Privilegiado

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

Qualificadoras no furto, presentes no parágrafo 4º.:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;


II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transpor-
tado para outro Estado ou para o exterior.

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§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de
2016)

Vigência – 03/08/2016

Furto privilegiado não se confunde com aplicação do princípio da insignificância.

O que seria o pequeno valor do furto privilegiado?

STJ – HC 401574

Na aplicação do furto privilegiado (art. 155, § 2º, do Código Penal), o salário mínimo vigente à época dos fatos
vem sendo utilizado como parâmetro para se atribuir à coisa furtada a qualidade de "pequeno valor". Porém, não
se trata de um critério absoluto.

Deve ser considerado juntamente com as demais circunstâncias do delito. In casu, o valor furtado, equivalente a
um salário mínimo vigente à época dos fatos, era proveniente da aposentadoria da vítima e ainda representada
toda a quantia existente na conta bancária, o que demonstra elevada reprovabilidade da conduta e, em conse-
quência, a impossibilidade de reconhecimento do furto privilegiado.

Embora a jurisprudência venha considerando o valor de até um salário mínimo, não incidirá o parágrafo 2º se for
aplicado o princípio da insignificância, pois sendo aplicado o princípio, o fato será materialmente atípico.

Desta forma, a primeira verificação é pelo cabimento do princípio da insignificância, com alegação de seus requisi-
tos:

- Conduta minimamente ofensiva


- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
- Ausência de risco social
- Lesão inexpressiva para a vítima

Se for na elaboração da peça processual, é indicada a utilização do princípio da eventualidade. Sendo assim,
ainda que alegado o princípio da insignificância, é possível como segunda tese meritória a alegação do furto privi-
legiado.

ATENÇÃO

Já quanto ao furto qualificado, é importante atentar para alguns pontos de destaque:

- Abuso de confiança requer relação de confiança entre sujeito ativo e passivo e não deve ser algo presumido.
Sendo assim, a questão precisa dizer expressamente que a vítima depositava confiança no autor do crime. Isso
precisa estar claro na questão. Caso não esteja, não incide a qualificadora.
- Quanto à fraude, esta é empregada para que o agente consiga distrair a vítima e subtrair a coisa. Caso a fraude
seja utilizada para que a vítima entregue a coisa, via de regra o crime será de estelionato.
- Escalada é qualquer meio de ingresso anormal, que exija um esforço fora do comum do agente. Logo, cavar um
túnel pode ser escalada.
- Chave falsa é qualquer coisa utilizada para abrir, tenha ou não formato de chave. A cópia de chave verdadeira
não configura a qualificadora de emprego de chave falsa, mas pode caracterizar, a depender dos dados da ques-
tão, abuso de confiança.

V Exame

Em 10 de janeiro de 2007, Eliete foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime de furto qualificado
por abuso de confiança, haja vista ter alegado o Parquet que a denunciada havia se valido da qualidade de em-
pregada doméstica para subtrair, em 20 de dezembro de 2006, a quantia de R$ 50,00 de seu patrão Cláudio, pre-
sidente da maior empresa do Brasil no segmento de venda de alimentos no varejo.

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A denúncia foi recebida em 12 de janeiro de 2007, e, após a instrução criminal, foi proferida, em 10 de dezembro
de 2009, sentença penal julgando procedente a pretensão acusatória para condenar Eliete à pena final de dois
anos de reclusão, em razão da prática do crime previsto no artigo 155, §2º, inciso IV, do Código Penal. Após a
interposição de recurso de apelação exclusivo da defesa, o Tribunal de Justiça entendeu por bem anular toda a
instrução criminal, ante a ocorrência de cerceamento de defesa em razão do indeferimento injustificado de uma
pergunta formulada a uma testemunha. Novamente realizada a instrução criminal, ficou comprovado que, à época
dos fatos, Eliete havia sido contratada por Cláudio havia uma semana e só tinha a obrigação de trabalhar às se-
gundas, quartas e sextas-feiras, de modo que o suposto fato criminoso teria ocorrido no terceiro dia de trabalho da
doméstica. Ademais, foi juntada aos autos a comprovação dos rendimentos da vítima, que giravam em torno de
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais. Após a apresentação de memoriais pelas partes, em 9 de fevereiro
de 2011, foi proferida nova sentença penal condenando Eliete à pena final de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de
reclusão. Em suas razões de decidir, assentou o magistrado que a ré possuía circunstâncias judiciais desfavorá-
veis, uma vez que se reveste de enorme gravidade a prática de crimes em que se abusa da confiança depositada
no agente, motivo pelo qual a pena deveria ser distanciada do mínimo. Ao final, converteu a pena privativa de
liberdade em restritiva de direitos, consubstanciada na prestação de 8 (oito) horas semanais de serviços comuni-
tários, durante o período de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses em instituição a ser definida pelo juízo de execuções
penais. Novamente não houve recurso do Ministério Público, e a sentença foi publicada no Diário Eletrônico em 16
de fevereiro de 2011.

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redi-
ja, na qualidade de advogado de Eliete, com data para o último dia do prazo legal, o recurso cabível à hipótese,
invocando todas as questões de direito pertinentes, mesmo que em caráter eventual.
(Valor: 5,0)

Resposta:

O candidato deverá redigir uma apelação, com fundamento no artigo 593, I, do CPP, a ser endereçada ao juiz de
direito, com razões inclusas endereçadas ao Tribunal de Justiça. Nas razões recursais, o candidato deverá argu-
mentar que a segunda sentença violou a proibição à reformatio in pejus – configurando-se caso de reformatio in
pejus indireta –, contida no artigo 617 do CPP, de modo que, em razão do trânsito em julgado para a acusação, a
pena não poderia exceder dois anos de reclusão, estando prescrita a pretensão punitiva estatal, na forma do arti-
go 109, V, do Código Penal, uma vez que, entre o recebimento da denúncia (12/01/2007) e a prolação de senten-
ça válida (09/02/2011), transcorreu lapso superior a quatro anos.

Superada a questão, o candidato deverá argumentar que inexistia relação de confiança a justificar a incidência da
qualificadora (Eliete trabalhava para Cláudio fazia uma semana) e que a quantia subtraída era insignificante, so-
bretudo tomando-se como referência o patrimônio concreto da vítima. Em razão disso, o candidato deverá reque-
rer a reforma da sentença, de modo a se absolver a ré por atipicidade material de sua conduta, ante a incidência
do princípio da insignificância/bagatela.

O candidato deve argumentar, ainda, que, na hipótese de não se reformar a sentença para se absolver a ré, ao
menos deveria ser reduzida a pena em razão do furto privilegiado, substituindo-se a sanção por multa.

Em razão de tais pedidos, considerando-se a redução de pena, o candidato deveria requerer a substituição da
pena privativa de liberdade por multa, bem como a aplicação da suspensão condicional da pena e/ou suspensão
condicional do processo.

Deveria ainda o candidato argumentar sobre a impossibilidade do aumento da pena base realizado pelo magistra-
do sob o fundamento da enorme gravidade nos crimes em que se abusa da confiança depositada, pois tal motivo
já foi levado em consideração para qualificar o delito, não podendo a apelante sofrer dupla punição pelo mesmo
fato – bis in idem.

Por fim, o candidato deveria requerer um dos pedidos possíveis para a questão apresentada, tais como:

1- absolvição;
2- reconhecimento da reformatio in pejus, com a aplicação da pena em no máximo 2 anos e a consequente pres-
crição;
3- atipicidade da conduta, tendo em vista a aplicação do princípio da bagatela;

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4- não incidência da qualificadora do abuso da confiança, com a consequente desclassificação para furto simples;
5- aplicação da Suspensão Condicional do Processo;
6- não sendo afastada a qualificadora, a incidência do parágrafo 2º do artigo 155 do CP;
7- a redução da pena pelo reconhecimento do bis in idem e a consequente prescrição;
8- aplicação de sursis;
9- inadequação da pena restritiva aplicada, tendo em vista o que dispõe o artigo 46, §3º, do CP.

Alternativamente, o candidato poderá elaborar embargos de declaração, abordando os pontos indicados no gaba-
rito 2.

Subtrair não se confunde com deixar de devolver coisa de que tem a posse.

Apropriação indébita

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:

I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

No entanto, na apropriação indébita, a posse anterior é lícita, de boa fé.

Se a posse anterior é de má fé, o crime praticado será de estelionato, em que há o inadimplemento preconcebido.

Estelionato

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto
no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

Disposição de coisa alheia como própria

I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
circunstâncias;

Defraudação de penhor

III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando
tem a posse do objeto empenhado;

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Fraude na entrega de coisa

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;

Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conse-
quências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;

Fraude no pagamento por meio de cheque

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de


instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Estelionato contra idoso

§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)

Entrada em vigor – 29/12/2015

Majorantes no roubo:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;


II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

Majorantes não se confundem com as qualificadoras:

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se
resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.

O parágrafo 3º, in fine, prevê o latrocínio. Cabe destacar que neste caso, a morte pode decorrer de dolo ou culpa.
O crime não será necessariamente preterdoloso. No entanto, é fundamental que esteja dentro do contexto patri-
monial.

É muito importante atentar para os enunciados 603 e 610 do STF.

Súmulas STF:

SÚMULA 610

Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da
vítima.

SÚMULA 603

A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri.

Qual é a diferença entre roubo e extorsão?

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Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou-
trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um
terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de
25.7.90
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.

No roubo, a conduta da vítima pode até existir, mas ela não é imprescindível como na extorsão.

Quanto ao crime de dano, também é comum que ele apareça ligado a algum instituto da parte geral, como por
exemplo, o aberratio criminis (resultado diverso do pretendido).

Dano

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Dano qualificado

Parágrafo único - Se o crime é cometido:

I - com violência à pessoa ou grave ameaça;


II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade
de economia mista;
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Vejamos o que dispõe o artigo 74:

Resultado diverso do pretendido

Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resulta-
do diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre tam-
bém o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

Logo, se em caso de resultado diverso do pretendido, o agente atira uma pedra para atingir uma pessoa e culpo-
samente atinge uma vidraça, ele não poderá responder pelo dano, por ausência de previsão na modalidade cul-
posa.

IMUNIDADES NOS CRIMES PATRIMONIAIS

Os artigos 181 e 182 trazem previsões de imunidades.

A imunidade contida no artigo 181 é absoluta. Trata-se de uma escusa absolutória. Já a imunidade do artigo 182 é
relativa e tão somente transmuda a ação penal.

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:

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I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
(Vide Lei nº 10.741, de 2003)

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;


II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

O artigo 181 do Código Penal prevê hipótese de escusa absolutória. A imunidade é absoluta. Há crime, mas a
punibilidade não chega a nascer.

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pes-
soa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Enunciados STJ:

Súmula 582

Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça,
ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sen-
do prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. Terceira Seção, aprovada em 14/9/2016, DJe 19/9/2016.

Súmula 567

Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de es-
tabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.

Súmula 511

É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualifica-
do, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem
objetiva.

Súmula 442

É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.

Súmula 244

Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de
fundos.

Súmula 107

Compete a justiça comum estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das
guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal.

Súmula 96

O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.

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Súmula 73

A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência
da justiça estadual.

Súmula 48

Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido medi-
ante falsificação de cheque.

Súmula 24

Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência social, a qualifi-
cadora do § 3º, do art. 171 do código penal.

Súmula 17

Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, e por este absorvido.

Súmulas STF:

SÚMULA 610

Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da
vítima.

SÚMULA 603

A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri.

SÚMULA 554

O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosse-
guimento da ação penal.

SÚMULA 521

O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa
de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.

Questões para a técnica do Questionamento Elaborativo

01 – Qual é a distinção entre furto e roubo?


02 – Como diferenciar furto de uso de arrependimento posterior?
03 – Existe possibilidade de furto qualificado e privilegiado?
04 – O reconhecimento do furto privilegiado poderá conduzir à atipicidade do fato?
05 – O roubo de filho contra pai é punido?
06 – Diferencie imunidade absoluta de imunidade relativa nos crimes patrimoniais
07 – Qual é o momento de consumação do crime de roubo?
08 – A apropriação de coisa alheia sempre caracteriza crime de apropriação indébita?

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