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Ditadura Militar
Ditadura Militar
A Concrete Curtain
O muro de Berlim, erguido em 1963, tinha 149 quilômetros de extensão e várias
pessoas morreram ao tentar atravessá-lo. Este site traz vários outros fatos sobre um dos
maiores marcos da Guerra Fria. Em inglês.
African History
Site mais que completo sobre a história do continente africano, com imagens, programa
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escravizada do século 16. Em inglês.
Amnesty International
Neste mundo sem fronteiras, milhares de pessoas estão abandonando seus lares por puro
medo. Entenda as causas e engaje-se na solução do problema dos refugiados no site
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City of Bits
A revolução dos computadores afetou bem mais que as próprias máquinas. Conheça um
pouco desse processo no livro "City of Bits", uma das obras de referência sobre o
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NetHistória
Este site reuniu artigos sobre história do Brasil e história geral, além de um banco de
biografias e arquivos de sons - há trechos de discursos famosos e até mesmo jingles de
campanhas políticas. Ele também possui transcrições de documentos de valor histórico,
como a carta de Pero Vaz de Caminha e a Lei Áurea. Em português.
Vietnam Portfolio
Coletânea contundente sobre a pedra no sapato norte-americano: a Guerra do Vietnã.
Fotos, depoimentos, história e interpretação. Em inglês.
Depois de quinze dias em que a presidência foi ocupada pelo presidente Câmara dos
Deputados, Pascoal Ranieri Mazzilli (sob a tutela do alto comando revolucionário),
assumiu o poder o chefe do Estado Maior do Exército, general Humberto de Alencar
Castelo Branco.
Antecedentes do golpe
O presidente, entretanto, continuou a não dispor de uma base de apoio parlamentar que
fosse suficiente para aprovar seus projetos de reforma política e econômica. A saída
encontrada por Goulart foi a de pressionar o Congresso Nacional por meio de constantes
mobilizações populares, que geraram inúmeras manifestações públicas em todo o país.
Nessa conjuntura, o governo tentou mobilizar setores das Forças Armadas, como forma
de obter apoio político, mas isso colocou em risco a hierarquia entre os comandos
militares e serviu como estímulo para o avanço dos militares golpistas.
Os governos militares
Em fins de 1966, o Congresso Nacional foi fechado, sendo imposta uma nova
Constituição, que entrou em vigor em janeiro de 1967. Na economia, o governo
revogou a Lei de Remessa de Lucros e a Lei de Estabilidade no Emprego, proibiu as
greves e impôs severo controle dos salários. Castelo Branco planejava a transferir o
governo aos civis no final de seu mandato, mas setores radicais do Exército impuseram
a candidatura do marechal Costa e Silva.
Na área política, Geisel previu dificuldades crescentes e custos políticos altíssimos para
a corporação militar e para o país, caso os militares permanecessem no poder
indefinidamente. Ademais, o MDB conseguiu expressiva vitória nas eleições gerais de
novembro de 1974, conquistando 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos
Deputados e as prefeituras da maioria das grandes cidades. Por essa razão, o presidente
iniciou o processo de distensão lenta e gradual em direção à abertura e à
redemocratização.
Não obstante, militares radicais (denominados pelos historiadores como a "linha dura"),
que controlavam o sistema repressivo, ofereceram resistência à política de liberalização.
A ação desses militares gerou graves crises institucionais e tentativas de deposição do
presidente.
No último ano do governo Figueiredo surgiu o movimento das Diretas Já, que
mobilizou toda a população em defesa de eleições diretas para a escolha do próximo
presidente da República. O governo, porém, resistiu e conseguiu barrar a Lei Dante de
Oliveira. Desse modo, o sucessor de Figueiredo foi escolhido indiretamente pelo
Colégio Eleitoral, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Em 15
de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheu o deputado Tancredo Neves como
novo presidente da República. Tancredo derrotou o deputado Paulo Maluf. Tancredo
Neves, no entanto, adoeceu e morreu. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, José
Sarney.
Os Atos Institucionais
Nos primeiros anos após o golpe, que coincide com o mandato presidencial do marechal
Humberto Castello Branco (1964-1967), nem as oposições democráticas e nem mesmo
os grupos políticos e segmentos sociais que integravam a aliança golpista que depôs
Jango (inclusive os próprios militares), tinham absoluta clareza dos rumos a serem
imprimidos à política nacional.
A expectativa geral era de que a intervenção militar na política fosse breve e que, em
pouco tempo, o regime democrático seria restabelecido. Mas isso não ocorreu. Os
militares se sucederam no governo e consolidaram sua posição no poder através de atos
institucionais, que foram leis discricionárias promulgadas para sustentar todas as
mudanças e medidas políticas colocadas em prática durante o período.
Operação limpeza
Os IPMs tiveram por objetivo punir todos os cidadãos que tivessem vínculos políticos
com o governo deposto de Jango ou que passaram a fazer parte dos movimentos de
oposição ao novo regime. As greves foram proibidas e houve intervenção
governamental em praticamente todos os sindicatos trabalhistas.
Medidas repressivas
É recorrente nos estudos sobre o período inicial da ditadura militar, a interpretação das
ações governamentais no campo da política institucional como reações diante da
reorganização das oposições políticas. Assim, a vitória de políticos da oposição nas
eleições para governador (nos estados de Minas Gerais e Guanabara), em 1965, é
apontada como o principal motivo da adoção de novas medidas repressivas por parte do
governo.
O bipartidarismo
A Aliança Nacional Renovadora (ARENA) foi o partido da situação, ou seja, integrou
políticos que apoiavam o governo e o regime ditatorial. O Movimento Democrático
Brasileiro (MDB) foi o partido que atuou como oposição consentida. A adoção do
bipartidarismo foi mais um artifício da ditadura militar brasileira a fim de dotar de
feições democráticas o regime autoritário vigente.
Desse modo, existiu oposição, mas ela atuou dentro dos estritos limites impostos pelo
governo dos generais. Ou seja, o tipo de oposição que era praticado pelo MDB não
ameaçou o poder dos militares e nem mesmo a manutenção da ditadura.
Diretrizes econômicas
A sucessão presidencial
Para suceder Castello Branco, a junta de generais que integravam o Comando Supremo
da Revolução, indicou o nome do marechal Costa e Silva para presidente da República.
Dentro do Exército, o marechal Costa e Silva era um militar de tendências radicais.
Durante o governo de Castello Branco, Costa e Silva pressionou o presidente para que
tomasse medidas repressivas mais rígidas contra a oposição e setores sociais que
começaram a se reorganizar.
Castello Branco foi categoricamente contra a indicação de Costa e Silva para sucedê-lo
na presidência da República, mas não teve condições de conter os setores radicais
dentro das forças armadas. No Congresso Nacional, ocorreu mais uma vez a encenação
do referendo, elegendo indiretamente Costa e Silva para o cargo de presidente.
A Frente Ampla
Entre esses políticos, estavam Magalhães Pinto, Adhemar de Barros e Carlos Lacerda.
A Frente Ampla pressionou o governo reivindicando anistia, uma assembléia
constituinte e eleições diretas para governador de estado e presidente da República. As
lideranças políticas da Frente Ampla procuraram também obter o apoio popular
articulando-se aos mais importantes sindicatos trabalhistas.
O movimento estudantil
A radicalização: o AI-5
Ditadura escancarada
O mandato de Costa e Silva como presidente da República foi interrompido por uma
grave doença: um derrame cerebral. Impossibilitado de governar, os militares decidiram
que o vice-presidente, o civil Pedro Aleixo, não deveria assumir a presidência. O Alto
Comando das Forças Armadas organizou uma Junta Militar governativa, formada pelos
três ministros militares (Exército, Aeronáutica e Marinha) que assumiu provisoriamente
o governo.
Estabilidade política
O próprio Costa e Silva liderou conspirações contra o governo de seu antecessor, Castello
Branco. A cada escolha de um general para ocupar a presidência, abria-se uma grave crise
institucional.
O breve período de cinco anos que corresponde ao mandato do presidente Médici foi o único
momento em que o regime conquistou estabilidade política. Médici conseguiu apaziguar os
quartéis ao permitir que as aspirações e interesses dos militares direitistas radicais, que
defendiam o emprego sistemático da repressão policial-militar contra todos os opositores da
ditadura, se expressassem em seu governo.
Por esse motivo o governo Médici correspondeu ao período da maior onda de repressão
política da história do país.
O "milagre econômico"
Entre 1969 e 1973, a economia brasileira registrou taxas de crescimento que variavam entre 7
e 13 por cento ao ano. O setor industrial se expandia e as exportações agrícolas aumentaram
significativamente gerando milhões de novos postos de trabalho. A oferta de emprego
aumentou de tal modo que os setores industriais mais dinâmicos concorriam na contratação
de trabalhadores assalariados.
A fim de sustentar e ampliar o desenvolvimento e crescimento da economia, o governo
investiu grandes somas de recursos financeiros em infraestrutura (construção de grandes
estradas, pontes, hidrelétricas, etc.). A maior parte desses recursos financeiros eram
provenientes de empréstimos estrangeiros.
Euforia e ufanismo
Por outro lado, recursos enérgicos como o petróleo, comprado a preços baixos dos países
exportadores, impulsionava ainda mais a economia nacional. Regiões pouco conhecidas e
habitadas do país, como a Amazônia e a Região Centro-Oeste, receberam estimulo
governamental para serem exploradas economicamente.
Fim da prosperidade
O governo Médici vangloriava-se do "milagre econômico" apontando-o como uma conquista
do regime militar. Porém, a fase de prosperidade da economia brasileira tinha muito mais
causas externas (internacionais) do que internas. Por isso, quando a situação da economia
mundial se tornou adversa, o "milagre" brasileiro chegou ao fim.
O "milagre econômico" teve um custo social e econômico altíssimo para o país. A brutal
concentração da renda impediu que as camadas populares melhorassem sua condição de vida.
As desigualdades sociais e a pobreza aumentaram neste período.
Por outro lado, o controle governamental dos sindicatos impediu a livre organização dos
trabalhadores e, consequentemente, a conquista de direitos e compensações salariais. Os
empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa tão elevada e custosa que bloqueou
por décadas o crescimento e desenvolvimento sustentável do país.
O sistema repressivo
Quando o presidente Médici assumiu o governo, todos os órgãos que compunham o sistema
repressivo da ditadura militar se encontravam em pleno funcionamento. De 1964 até 1968, o
trabalho de repressão política ficou sob exclusiva jurisdição civil, destacando-se neste período
as atuações do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em cada estado, Secretarias
Estaduais de Segurança Pública (SESPs) e Departamento de Política Federal (DPF).
Com o Ato Institucional nº 5, em vigor desde 1968, o sistema repressivo desencadeou ações
violentas contra todos os opositores do regime. O principal alvo da repressão policial-militar
foi direcionada contra as organizações guerrilheiras. Existiam muitas organizações armadas,
mas os principais grupos que atuaram neste período foram a Aliança Libertadora Nacional
(ALN), Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), Partido Comunista do Brasil (PC do B),
Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares).
A tortura
O aspecto mais desumano e cruel da repressão policial-militar foi, sem dúvida nenhuma, o
emprego da tortura como método para eliminar e neutralizar qualquer forma de oposição e
subversão ao governo dos generais. Diversos instrumentos e técnicas de castigos corporais e
psicológicos faziam parte dos métodos de ação dos agentes dos órgãos de repressão (choques
elétricos, pau-de-arara, afogamento, pancadas, queimaduras, etc).
A tortura foi institucionalizada no Brasil pela ditadura militar. Era uma prática revestida de
grande sofisticação. Existiam instalações e equipamentos apropriados para esse fim, além de
pessoal rigorosamente treinado que aplicava a tortura. Foi justamente durante o governo
Médici que foram registrados os maiores índices de emprego da tortura.
A sucessão presidencial
Médici foi escolhido presidente por indicação do Alto Comando das Forças Armadas. Porém, a
estabilidade política alcançada em seu governo determinou em grande medida que o próprio
presidente tivesse condições para indicar seu sucessor. Médici escolheu para sucedê-lo na
presidência da República, o general Ernesto Geise
Mesmo assim, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) que fazia o papel da oposição
"consentida" no período da ditadura, lançou uma candidatura de protesto com Ulisses
Guimarães, candidato a presidência; e Barbosa Lima Sobrinho, como vice-presidente.
Conforme o esperado, o Congresso Nacional referendou o nome de Ernesto Geisel como
presidente da República.
Geisel assumiu o governo prometendo retorno à democracia por meio de um processo gradual
e seguro. Também denominado de "distensão", o projeto de redemocratização concebido por
Geisel previa a adoção de um conjunto de medidas políticas liberalizantes, cuidadosamente
controladas pelo Executivo Federal.
Isso incluía a suspensão parcial da censura prévia aos meios de comunicação e a revogação
gradativa de alguns dos mecanismos mais explícitos de coerção legal presentes no conjunto
das leis em vigor, que cerceavam as liberdades públicas e democráticas e os direitos
individuais e constitucionais.
É preciso salientar, porém, que o projeto de distensão não refletia a crença na democracia,
tanto por parte de Geisel como dos militares que participavam de seu governo. Na verdade, a
distensão era um projeto preconizado como uma "saída" para que as Forças Armadas se
retirassem do poder. Depois de 10 anos de ditadura militar, período em que três generais
governaram o país, as Forças Armadas se desgastaram.
A violência repressiva e o controle policial imposto sobre todos os setores da sociedade, além
da ausência de liberdades civis e públicas, haviam conduzido o país a uma situação
insustentável do ponto de vista da manutenção do regime de força que caracterizava a
ditadura militar.
Por outro lado, o fato de os militares terem assumido diretamente o governo, ocasionou uma
politização negativa dentro das Forças Armadas desvirtuando os propósitos constitucionais da
instituição militar. A "anarquia" e a "desordem", promovida por setores militares radicais,
permearam todos os governos da ditadura, e tinham sua origem justamente na politização no
interior da instituição militar.
Com base nessas considerações, é mais apropriado interpretar a distensão como um sinal da
impossibilidade dos militares de se manterem indefinidamente no poder. Porém, a distensão
foi concebida de modo que a saída dos militares do governo não deveria ameaçar a ordem
vigente e os interesses das classes dominantes.
Para evitar crises políticas, Geisel fez concessões ao aparato repressivo ao impedir pressões
provenientes das oposições (em particular, do MDB, da Igreja Católica e também de setores da
imprensa) no sentido de cobrar do governo esclarecimentos sobre cidadãos mortos,
desaparecidos e torturas contra presos políticos.
Não obstante, em alguns episódios públicos de violações dos direitos humanos praticados
pelos agentes dos órgãos de repressão, Geisel tomou medidas enérgicas contra militares
radicais.
O episódio mais grave ocorrido no mandato de Geisel foi a morte sob tortura do jornalista
Vladimir Herzog, em outubro de 1975; no DOI-CODI do 2º. Exército em São Paulo. A morte de
Herzog gerou uma grande comoção social de segmentos da classe média. Políticos da
oposição, setores progressistas da Igreja católica, estudantes universitários e parte da
imprensa se aliaram e realizaram um culto ecumênico na Catedral da Sé, em São Paulo, com a
participação de milhares de pessoas.
Geisel nada fez neste caso para enquadrar e punir os responsáveis. Em janeiro de 1976, uma
outra morte, a do operário Manoel Fiel Filho; em condições idênticas a de Herzog, fez com que
Geisel destituísse do comando do 2º. Exército, general Ednardo D´Avilla Melo. A demissão
representou a primeira ofensiva governamental contra os militares radicais.
Crise da economia
Neste contexto, o descontentamento dos trabalhadores foi se acumulando até que em 1978,
os operários metalúrgicos da região do ABCD paulista, desencadearam o maior ciclo grevista
da história do país. Não havia mais possibilidade de o governo conter as reivindicações dos
trabalhadores e as exigências dos industriais.
Com 72% dos votos válidos, o MDB conseguiu eleger 16 senadores, e aumentar sua bancada
na Câmara Federal de 87 para 160 deputados. A vitória política do MDB, mesmo em condições
de ausência de regras democráticas, deixou claro que - se o processo eleitoral fosse livre - a
oposição conquistaria o poder.
Para evitar que o MDB avançasse nesta direção, em abril de 1977 o governo editou o Pacote
de Abril que alterava, entre outras coisas, as regras eleitorais em benefício do governo.
Movimento estudantil
A sucessão presidencial
Quando Geisel demitiu o ministro do Exército, general Sylvio Frota, em outubro de 1977, o
presidente reafirmou seu predomínio sobre os setores radicais das Forças Armadas que não
desejavam a redemocratização do país.
Para sucedê-lo na presidência da República, Geisel escolheu o general João Batista Figueiredo,
chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), comprometido com o projeto de liberalização
política. Figueiredo prosseguiu com a abertura política e redemocratização do país.
Comício da campanha Diretas Já levou 400 mil à Praça da Sé em São Paulo (SP)
Com a escolha do general João Baptista de Oliveira Figueiredo para governar o país, ficou
assegurada a continuidade do processo de abertura política. O mandato presidencial de
Figueiredo durou seis anos e encerrou 21 anos de ditadura militar no Brasil.
Militares radicais ligados ao aparato de repressão política promoveram atos terroristas com
objetivo de desestabilizar o governo e amedrontar a sociedade. O presidente Figueiredo,
porém, teve condições de conter o radicalismo militar e encaminhar a transição da ditadura
para o regime democrático.
Anistia
Em diversos estados brasileiros surgiram novos comitês e por todo o país a campanha pela
anistia obteve expressivo apoio popular. A fim de desarticular o movimento pró-anistia, o
então presidente Geisel promulgou, em 1978, vários decretos-leis revogando a maior parte das
leis de exceção, inclusive o Ato Institucional nº 5 (AI-5).
Desse modo, gradualmente os presos políticos foram sendo libertados e os exilados pouco a
pouco puderam retornar ao país. A Lei de Anistia de 1979 serviu para dar continuidade a este
processo, mas ela desagradou os movimentos de oposição que reivindicavam uma anistia
"ampla, geral e irrestrita".
A Lei de Anistia deixava de solucionar a questão mais polêmica do período da ditadura, isto é,
os atos terroristas de autoria das organizações guerrilheiras de esquerda armada e as violações
dos direitos humanos praticadas pelos agentes dos órgãos de repressão policial-militar que
cometeram assassinatos e tortura.
A Lei excluía de seus benefícios os guerrilheiros condenados por atos terroristas envolvendo
"crimes de sangue" (ou seja, crimes contra a vida humana), mas concedia perdão aos agentes
da repressão envolvidos em assassinatos e prática de tortura. Por esse motivo, a Lei de Anistia
de 1979 representou um claro sinal de que os militares não admitiriam qualquer tentativa de
punição legal às Forças Armadas.
A reforma partidária
Na conjuntura da redemocratização, era esperada uma polarização política cada vez mais
acentuada em favor do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido da oposição legal;
contra o partido governista, a Aliança Nacional Renovadora (ARENA). A fim de provocar uma
divisão no bloco oposicionista, o governo Figueiredo forçou uma reforma partidária.
A ARENA e MDB foram extintos. Os políticos governistas criaram o Partido Democrático Social
(PDS), enquanto que o MDB se transformou no PMDB. Surgiu também o Partido Democrático
Trabalhista (PDT), liderado por Leonel Brizola; o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), composto
por uma ala de políticos arenistas menos influentes.
Partido dos Trabalhadores (PT)
Em novembro de 1982, foram realizadas eleições diretas para governador (o que não ocorria
desde 1967), para deputados estaduais e federais, prefeitos e vereadores. O governo
promulgou uma lei proibindo alianças partidárias com objetivo de evitar que as oposições se
unissem.
O governo Figueiredo herdou uma grave crise econômica. Neste contexto, a insatisfação dos
trabalhadores cresceu. As primeiras greves foram deflagradas pelo operariado do setor
metalúrgico do ABC paulista, região de maior concentração fabril do país.
O processo de abertura política levada adiante pelo governo Figueiredo não esteve a salvo de
tentativas de retrocesso. Militares radicais ligados aos órgãos de repressão espalharam o
pânico através de atos terroristas. Igrejas, editoras, órgãos de imprensa, bancas de jornal,
sedes de partidos políticos e de entidades democráticas, foram alvos de atentados a bomba.
O terrorismo proveniente de setores radicais das Forças Armadas tinha por objetivo
amedrontar a população e as oposições, e desestabilizar o governo, a fim de provocar um
endurecimento do regime. A sociedade, porém, reagiu. Foram organizados inúmeros atos e
manifestações públicas em que se exigia do governo medidas contra a violência.
O ato terrorista mais grave ocorreu em abril de 1981, no Rio de Janeiro. Antecipando uma
comemoração do Dia do Trabalho, trabalhadores estavam realizando um show no Centro de
Convenções do Riocentro. Um sargento e um capitão do Exército planejaram detonar uma
bomba no local, mas um acidente provocou a explosão da bomba quando eles ainda estavam
de posse do artefato.
O atentado do Riocentro provocou uma grave crise militar devido às pressões das oposições
para o governo investigar o caso. Figueiredo, porém, cedeu aos interesses dos militares ao
impedir que o inquérito policial aberto chegasse a apontar os responsáveis. Não houve
punições e nem mesmo investigações.
Porém, o atentado do Riocentro foi o último ato terrorista praticado por militares radicais. O
episódio ocasionou um maior desgaste e perda de legitimidade política e social do governo e
do regime.
Diretas Já!
A Constituição previa que o sucessor do presidente Figueiredo seria eleito indiretamente pelo
Congresso Nacional. Em março de 1983, porém, o deputado federal do PMDB, Dante de
Oliveira, apresentou uma emenda constitucional que estabelecia eleições diretas para
presidência da República.
Maluf e Tancredo
Na corrida pela sucessão presidencial, o partido governista, PDS, lançou o nome do paulista
Paulo Maluf. Discordando dessa indicação, líderes políticos nordestinos, como Antonio Carlos
Magalhães e Marco Maciel não a aceitaram e abandonaram o PDS, fundando o Partido da
Frente Liberal (PFL).
Fim da ditadura
A eleição de Tancredo Neves não representou ameaça aos interesses dos militares e nem
mesmo a ordem social estabelecida por eles desde 1964. Mas a tentativa de esquecer o
passado, ou seja, de impedir que viessem a público os crimes cometidos pelos agentes da
repressão, fracassou.
A Igreja Católica de São Paulo, sob a liderança do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, realizou
uma pesquisa secreta baseada no exame dos processos judiciais militares. A pesquisa deu
origem à monumental obra "Brasil: Nunca Mais", coleção composta por vários volumes que
descreve e analisa minuciosamente a repressão policial militar ao longo da ditadura.