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REGIONAL NORTE
Boletim Regional
(n. 1/out./nov./dez./2023/jan./2024)
Caras/os associadas/os,
Saudações amazônidas,
Não obstante, estamos cientes dos desafios que temos pela frente. O processo
tardio de institucionalização de nossa disciplina na Amazônia iniciou-se apenas
na segunda metade da década de 1990, no estado do Pará. Os cursos de
especialização ofertados pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em meados
da década de 1990, seguidos pelo Minter celebrado entre a UFPA e o antigo
IUPERJ, atual IESP-UERJ, podem ser reconhecidos como um marco nessa
incipiente trajetória. De lá pra cá, o campo avançou consideravelmente na região
Norte, porém ainda estamos distantes de um nível satisfatório de consolidação
acadêmica.
2. Eventos
https://www.youtube.com/watch?v=E-soIzmPn6o
Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará comemora
66 anos
Em 2023, o PPGCP da UFPA ofertou uma vaga para Estágio Pós-Doutoral, com
o apoio do PDPG – PÓS-DOUTORADO ESTRATÉGICO, Edital Nº 16/2022 da
CAPES. Para essa vaga foi selecionada a cientista política Naiara Sandi de
Almeida Alcantara, egressa do PPGCP da Universidade Federal do Paraná
(UFPR). Ao longo do ano a bolsista destacou-se, tanto nas atividades de ensino,
quanto na pesquisa. O PPGCP agradece à CAPES e à bolsista!
Muitos dos doutores formados pelo IUPERJ já eram docentes da UFPA e se não
tivessem essa oportunidade de obter o título em Ciência Política, em Belém,
talvez fossem fazer doutorados em outras áreas afins, em face das dificuldades
de saírem para o sudeste, onde estavam as universidades e cursos mais
renomados, para obter essa formação. Foi a vontade dos egressos do Minter e
Dinter das turmas UFPA-IUPERJ, que se juntaram a alguns professores-
doutores formados em instituições de fora da região, que materializou a pós-
graduação stricto sensu em Ciência Política na região Norte.
Dolores Silva: Uma grande dificuldade foi formar um quadro docente mínimo,
sintonizado com as exigências do sistema de pós-graduação atual. Passamos
longos anos lutando por vagas para a realização de concurso público,
professores antigos se aposentaram ou saíram do PPGCP e ficamos atuando
com um número reduzido de docentes. Hoje conseguimos formar um quadro
mínimo, qualificado e comprometido com as exigências da CAPES.
Além disso, temos a falta de recursos que é muito reduzido para os pequenos
Programas. Estamos enfrentando essas dificuldades através de projetos
aprovados em editais com o PROCAD Amazônia, que fomentam muitas
oportunidades acadêmicas para docentes e discentes.
Dolores Silva: Acho muito importante que a temática ‘meio ambiente” tenha se
tornado um objeto relevante de pesquisa na Ciência Política brasileira. Temos
grandes nomes na Ciência Política internacional que produziram excelentes
trabalhos que nos ajudam a refletir sobre esse tema, como Ronald Inglehart e
John Dryzek, mas dentro da área de CP no Brasil essa temática não ganhou
ainda grande relevo.
Acho que ainda não estão claras as conexões e complexidades que esse objeto
de pesquisa tem com a concretude das relações políticas, tanto do ponto de vista
institucional quanto como um ativo valorativo estratégico nas relações de poder,
assim como não são exploradas ainda suas ligações com as desigualdades
sociais e políticas.
Acredito que a ciência política da região amazônica tem muito espaço ainda para
crescer, e a abertura de um curso de doutorado na região pode contribuir para o
fortalecimento da área. Mesmo tendo poucos cursos de pós-graduação na área,
há cientistas políticos em todos os estados da região, atuando na graduação e
em programas interdisciplinares e profissionais, além dos que atuam fora do
âmbito acadêmico. Dessa forma, o doutorado, em parceria com a Regional Norte
da ABCP, pode vir a fortalecer redes de pesquisa na região, promovendo
intercâmbio entre os pesquisadores e servindo também como polo formador de
novos cientistas políticos para atuarem na região amazônica.
Como disse anteriormente, desde que eu entrei na UFPA em 2016, pude ver e
participar de todo um processo de fortalecimento do programa, seja a partir da
contratação de novos professores (depois que eu entrei, seis novos professores
foram contratados via concursos públicos para Ciência Política), além do esforço
das coordenações anteriores em recrutar professores atuantes na UFPA, mas
que não estavam no programa. Esse período também foi marcado por uma
reestruturação do próprio programa e atualização de sua estrutura curricular.
Nesse processo pude participar tanto como professor do programa quando como
vice coordenador (função que exerci durante três anos, durante a gestão da
Profa. Dra. Eugênia Rosa Cabral). Então, posso dizer que acompanhei de perto
todo o esforço das diferentes coordenações nesse processo de fortalecimento
do programa. Além disso, é importante destacar que todo esse processo contou
com a colaboração e o trabalho do corpo docente do programa, que colocou a
melhoria da nota da avaliação do PPGCP e a abertura do doutorado como meta.
Então, a conquista do doutorado é resultado de um esforço coletivo, que contou
com coordenações e docentes empenhados em alcançar esse resultado.
ABCP Norte: Comente um pouco sobre a sua agenda de pesquisa,
especificamente, o que você tem pesquisado e orientado nos últimos anos
no âmbito do PPGCP/UFPA.
A primeira, e que desenvolvo a mais tempo, tem como foco o Senado brasileiro
e, em sua atual fase, o sistema de comissões da câmara alta e seu papel no
processo decisório. Essa pesquisa se vincula ao meu grupo de pesquisa:
“Instituições Políticas: Processo Legislativo e Controle” (IPPLC) e já conta com
dissertações e trabalhos de conclusão de curso orientadas (e outras em
andamento), sendo que alguns desses egressos já se encontram em programas
de doutorado dando continuidade a essa agenda de pesquisa. Nessa linha, há
trabalhos sobre CPIs no Senado, comissões específicas da câmara alta,
comissões mistas e outros temas correlatos.