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Unidade III

Unidade III
5 A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Por tudo o que temos estudado neste livro-texto, você já deve ter observado a dificuldade que é
fazer comunicação de boa qualidade nas empresas, ponderando todos esses elementos. Há organizações
que compreendem essa complexidade e a importância das pessoas nas entidades, envolvendo conflitos,
emoções, potencialidades e dificuldades. Essa atitude empresarial tem levado à valorização da
comunicação, o que tem refletido de forma positiva, como a socialização dos conhecimentos da área.

Contudo, há também uma leva de empresários, com visão apenas administrativa e de lucro, que
concebe a comunicação como algo secundário ao seu negócio. Essa postura não tem contribuído muito
para ampliar o aumento da compreensão entre as pessoas e para facilitar a solução de conflitos, quase
sempre proporcionados pela falta de comunicação.

A transformação do mercado, observada com mais afinco a partir dos anos 1990, mostra que
atribuir importância a essa área da empresa tem trazido melhor resultado àquelas que levam em
consideração a dimensão humana e a comunicação consistente com os diversos públicos e as diversas
áreas envolvidas. A comunicação empresarial caracteriza‑se como o somatório de todas as atividades
de comunicação da empresa.

Veja esse comentário de Nassar e Figueiredo (2006, p. 20):

A comunicação empresarial é uma verdadeira guerra com muitas frentes


de batalha: a frente de batalha voltada para mostrar que a empresa
tem uma relação de respeito com a natureza, visando sobretudo a sua
preservação (se você quiser, pode chamar de frente de batalha ecológica);
a frente de batalha para manter e conquistar novos consumidores; a
frente de batalha da comunicação interna, dirigida para os imensos
exércitos de trabalhadores engravatados e de uniformes que constituem
os recursos humanos das empresas modernas; a frente de batalha das
complicadas relações da empresa com os governos e os políticos, ou seja,
o lobby empresarial. E a grande frente de batalha da propaganda e da
promoção de produtos.

Como você refletiria sobre essa definição? Você consegue compreender a dimensão que esse
tema tem e o valor estratégico que pode representar para a organização ao negligenciar o assunto
no ambiente empresarial?

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A comunicação é um dos principais elementos para o bom andamento de uma instituição; é uma
área‑chave em que deve prevalecer a qualidade das informações, e o fluxo deve ser livre. As complexidades
se mostram inicialmente pelo número de públicos envolvidos, que são múltiplos, com os quais a entidade,
necessariamente, precisa se relacionar. Vejamos:

5.1 Públicos de interesse: os stakeholders

O relacionamento entre a empresa e a sociedade tem entre seus principais representantes o público
externo, que é formado por:

• sociedade em geral;

• consumidores/usuários;

• opinião pública/sociedade;

• formadores de opinião – jornalistas, acadêmicos, professores, influenciadores;

• governos (municipais, estaduais, federais);

• políticos;

• concorrentes;

• distribuidores.

Entre os relacionamentos com o público externo, dos mais importantes são os que são travados com
os formadores de opinião, que são representados pela mídia e os diversos meios de comunicação de
massa: televisão; revistas; rádio; jornais; mídia externa e internet.

Observação

Após a internet, os formadores de opinião se multiplicaram muito, hoje


qualquer um pode criar um blogue, fazer um canal de vídeo e expor suas
opiniões. Se conseguir seguidores, passa a influenciar pessoas a respeito
de produtos, programas e pessoas. É mais um público de interesse para as
empresas acompanharem.

Internamente, a empresa precisa construir boas relações com seu público interno, representado por:

• funcionários;

• colaboradores;
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• prestadores de serviços;

• terceirizados;

• acionistas e fornecedores.

O público interno é formado pelos colaboradores (funcionários, fornecedores e parceiros).

“Trata-se de uma ferramenta estratégica de planejamento que aplica a comunicação interna e a


comunicação externa para melhorar o fluxo de informações e o relacionamento organizacional, com o
objetivo de garantir sua sustentabilidade no mercado” (VAZ, 2016).

“A comunicação empresarial é uma atividade multidisciplinar que envolve métodos e técnicas


de relações públicas, jornalismo, assessoria de imprensa, lobby, propaganda, promoções, pesquisa,
endomarketing e marketing” (PIMENTA, 2015, p. 98).

A partir dessa definição, observa-se que a comunicação empresarial é complexa e depende da


utilização de diversas técnicas e gestão eficiente para que aconteça de forma ideal.

Se em casa, no seio familiar, com pais, filhos, companheiros, a comunicação não é das atividades
mais fáceis, imagine numa empresa em que muitos fatores estão presentes. Os fatores que influenciam
a comunicação pessoal também se aplicam à comunicação das organizações.

Os públicos de interesse não se resumem aos que já foram citados. Veja:


Comunidade Investidores/ Outras empresas/
financeira acionistas concorrentes
Fornecedores
Públicos
internacionais
Instituições de
pesquisa Líderes de
Organização opinião
Governo
Sindicatos

Consumidores Meios de
comunicação
Comunidade Organizações Funcionários
sociais

Figura 19

Na visão de Lupetti (2012), podemos destacar ainda os stakeholders-chave:

• Força de vendas: indivíduos ligados direta ou indiretamente à organização que realizam a venda
dos produtos ou serviços.

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• Intermediários: empresas que atuam entre a entidade produtora e o consumidor final, como
distribuidoras, atacadistas, lojas varejistas, lojas de comércio eletrônico.

• Influenciadores: são formadores de opinião, que avaliam a empresa, sua marca e produtos e
influenciam o julgamento de outras pessoas pelo papel social que ocupam.

• Consumidores finais: conjunto de pessoas que possuem certas características em comum que
fazem delas consumidoras atuais ou potenciais de determinado produto ou serviço ofertado por
uma empresa.

• Consumidores empresariais: organizações que consomem os produtos ou serviços ofertados por


uma empresa.

Figura 20 – A empresa precisa lidar com diversos tipos de público de interesse: os stakeholders

5.2 Desafios em comunicação empresarial

Tudo o que uma empresa faz em termos de comunicação é para construir e manter a imagem
corporativa. E o que é imagem?

Imagem é o que as pessoas veem da empresa, como se fosse um espelho. Os participantes


dos processos da empresa, sejam internos, sejam externos, os chamados stakeholders (públicos
de interesse), têm uma percepção da empresa, que tem a ver com a identidade corporativa ou a
visão que as pessoas têm da organização. Claro que é preciso trabalhar para que essa imagem seja
sempre positiva.

As empresas modernas entendem que se comunicar com seus diversos públicos é uma necessidade
básica para mostrar o que elas fazem para consolidar a imagem institucional e evitar boatos e distorções
que a falta de comunicação pode causar, seja no público interno, seja no externo (MATOS, 2004, p. 92).

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Quadro 9

Tipos de públicos Definição Exemplos


Clientes, funcionários, acionistas,
Primários Públicos que afetam diretamente a organização. sócios, fornecedores.
Públicos que não afetam de forma direta, por não Imprensa, associações de classe,
estarem engajados em suas transações, porém
Secundários grupos de pressão, organizações
podem prejudicar a imagem da empresa ao não governamentais.
mobilizar a opinião pública.

Comunicação interna

Os funcionários devem ser motivados por meio da comunicação interna, meio pelo qual se
desenvolvem valores e técnicas. Pimenta (2015, p. 100) explica que valores como responsabilidade,
compromisso, cooperação, solidariedade e dedicação são vitais para o trabalho em equipe. Já as técnicas
são formas de comunicação que possibilitam às equipes operacionalizarem melhor seus procedimentos,
por exemplo, por meio dos grupos de trabalho, reuniões estruturadas para criar, avaliar e controlar novos
procedimentos e métodos de trabalho. Matos (2004) acentua ainda que a comunicação é um fator
humanizador para o relacionamento entre a empresa e os colaboradores, uma vez que os funcionários
é que vão fazer as mudanças necessárias para a atuação em ambiente globalizado, adotando posturas
diferenciadas no atendimento ao cliente.

Atendimento ao cliente

Os consumidores atuais são bem informados e aprenderam a se amparar no Código de Defesa do


Consumidor. Não é viável que nenhuma empresa pense sequer em desafiar as vontades de seu cliente,
conhecedor de seus direitos, sabendo do poder que pode exercer nos negócios empresariais. Foi por essa
evolução que as empresas passaram a ter atendimentos especiais para seus consumidores, criando o
Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), a figura do ombudsman e as ouvidorias.

Ética, lobby e relacionamento com governos

Lobby, no Brasil, vem sempre acompanhado da confusão que a palavra traz. Quando pensamos
nas confusões políticas de nossos representantes, o pagamento de propinas, o tráfico de influências,
geralmente as pessoas falam que eles estão fazendo lobby. Não estão. Lobby, na verdade, é um grupo
de pressão na esfera política, um grupo de pessoas ou organizações que tentam influenciar, aberta ou
secretamente, as decisões do Poder Público em favor de seus interesses.

Talvez a confusão venha desse “secretamente”. Fazer lobby é algo natural. Se uma empresa utiliza
determinado elemento na elaboração do seu produto, é justo que acompanhe legislações pertinentes
junto ao Congresso, pois se esse item for proibido de um dia para o outro a empresa terá que saber o
que fazer a respeito. Essa negociação e discussão com deputados, por exemplo, sobre a proibição ou não
desse uso é lobby e não há nada de errado com isso. Ilegal é tentar coagir o deputado a votar a favor
ou contra a proibição, ou mesmo se este político exigir dinheiro para fazer essa votação conforme a
vontade da empresa.
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Lobby literalmente significa “vestíbulo”. É a prática adotada por empresas que desejam defender seus
interesses junto aos governos e políticos. No Brasil, essa atividade é frequentemente interpretada como
sinônimo de corrupção. Nos Estados Unidos, ao contrário, é regulamentada desde 1946, o que favorece a
transparência nas relações entre grupos organizados e poderes públicos (TERCIOTTI; MACARENCO, 2013).

Saiba mais

Para moralizar um pouco mais essas relações, a profissão do lobista foi


reconhecida em 2018.

VENTURINI, L. Governo reconhece lobby como profissão. Por que


isso ainda diz pouco. Nexo, 21 fev. 2018. Disponível em: <https://www.
nexojornal.com.br/expresso/2018/02/21/Governo-reconhece-lobby-como-
profiss%C3%A3o.-Por-que-isso-ainda-diz-pouco>. Acesso em: 21 nov. 2018.

Responsabilidade social

Responsabilidade social, segundo o Livro Verde da Comissão Europeia (2001), é um conceito


segundo o qual as empresas decidem, voluntariamente, contribuir para uma sociedade mais justa e
para um ambiente mais limpo. Nesse sentido, a organização não trabalharia apenas por seu lucro, mas
pelos interesses de toda a sociedade, como os trabalhadores, as comunidades locais, os clientes, os
fornecedores, as autoridades públicas e os concorrentes.

O cuidado com as relações entre empresa e funcionários faz parte do cuidado com sua imagem
e com a responsabilidade social. A concorrência é muito acirrada e a oferta de produtos cada vez
mais extensa. Pode-se escolher entre os melhores preços, produtos biodegradáveis, que têm melhor
assistência técnica, empresas que respeitam os direitos trabalhistas, entre outras.

Cuidados com o meio ambiente também fazem parte da responsabilidade social, e a sustentabilidade
é garantir a preservação e qualidade da água, do solo e do ar, em níveis suficientes para manter a vida
animal, vegetal e humana para as gerações futuras.

Qualquer entidade que não encarar esses desafios em comunicação estará fadada ao fracasso.

5.3 Comunicação institucional

Todos os temas comentados em desafios da comunicação fazem parte de um tipo de comunicação muito
especial nas empresas, sobre a qual os autores divergem sobre o nome correto. Alguns chamam de relações
públicas, gestão da marca, outros de comunicação institucional, responsabilidade social empresarial, mas o
objetivo é atuar para proteger e cuidar da marca, buscando criar relações duradouras com os públicos de
interesse. Quais públicos? Conforme já comentamos, todos os públicos que de alguma forma se relacionam
com a empresa: clientes, funcionários, sociedade de maneira geral, imprensa, governos e outros.

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Trataremos aqui pelo nome de comunicação institucional, assim como Kunsch (2009, p. 164),
que apresenta a área como “responsável direta, por meio da gestão estratégica das relações
públicas, pela construção e formatação de uma imagem e identidade corporativas fortes e
positivas de uma organização”.

A importância principal da comunicação institucional se deve à necessidade de ampliação de


relacionamentos tanto com fornecedores, com clientes e outros públicos, como pela busca da
vantagem competitiva.

Tudo o que a empresa mostra, dentro ou fora de suas dependências, comunica e atribui-lhe uma
imagem, algo que as pessoas podem ver e julgar, atribuindo boas ou más associações. Por exemplo,
o visual do local em que a empresa está instalada, o aspecto das pessoas envolvidas no trabalho, a
conservação dos veículos de transporte, as condições de trabalho oferecidas aos funcionários e tantas
outras possibilidades. Observe que todas essas condições que se relacionam à organização podem
comunicar e atribuir-lhe uma imagem positiva ou negativa.

Para criar e desenvolver essa imagem, a empresa deve ter uma ação institucional, que se resume
na geração de fatos para que sejam comunicados ao público-alvo de interesse para aquela ação,
uma vez que uma das funções específicas da comunicação institucional, por meio das relações
públicas, é dar atenção ao relacionamento das entidades com seus públicos antes, durante e após
as ações institucionais, além de propor estratégias e implementar programas específicos para criar
a imagem positiva.

Em linhas gerais, a atividade de relações públicas e comunicação institucional realiza muitas


funções, como:

• Construir uma identidade corporativa consistente e coerente.

• Planejar e implementar políticas de responsabilidade social.

• Elaborar a política de comunicação da organização.

• Planejar e executar a comunicação com o público interno da organização.

• Instrumentalizar a alta direção com informações que possam auxiliar na tomada de decisão.

• Monitorar comportamento e atitude dos stakeholders.

• Estruturar e administrar serviços de atendimento ao consumidor.

• Realizar a assessoria de imprensa para manter relacionamento com a mídia.

• Gerenciar o relacionamento com os governos e atuar como lobista com os públicos de interesse.

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5.3.1 Branding e relações públicas

Brand significa marca em inglês, e é uma palavra utilizada quando falamos em gerenciamento de marcas.

Marca é tudo o que nos faz reconhecer uma empresa de forma diferente de outra, como seu nome,
seu logotipo, sua fachada. Dizemos que a marca é o maior patrimônio da empresa, assim como o é o
nosso próprio nome.

Pastore (2018, p. 145) define “elemento de marca como tudo o que caracteriza a marca, como nome,
logotipo, slogan, cores e identidade visual”. Todo o investimento em comunicação das organizações
serve para que tenham uma imagem positiva perante as pessoas e isso se resulta no valor patrimonial
da marca, o brand equity.

Observação

As ações envolvidas na gestão da marca são chamadas de branding.

Pastore (2018, p. 81) explica o brand equity como “o ativo financeiro que a marca representa”. A autora
exemplifica com a camiseta da marca Hering, que custa R$ 30,00 a R$ 50,00 e uma da marca JohnJohn, que
custa R$ 200,00. Por que será que existe essa diferença toda, uma vez que ambas são camisetas? As pessoas
pagam a mais pela JohnJohn só para ter uma camiseta dessa marca, elas valorizam o produto e a marca.

Esse patrimônio é gerido por meio de ações que possam criar e manter essa imagem positiva junto
aos públicos de interesse, o que é feito por meio da comunicação institucional via relações públicas.

Segundo a Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP), relações públicas são definidas como o

[...] esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração


para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização
pública ou privada e seu pessoal, assim como entre a organização e todos os
grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente (PINHO, 2001, p. 83).

É no escopo de trabalho de relações públicas que estão as atividades de assessoria de imprensa,


o relacionamento com públicos externos e internos, lobby e gerenciamento de crise. Sem dúvida, a
questão envolve diversos programas criados para promover ou gerenciar a imagem das organizações ou
de seus produtos ou serviços. Kunsch (2009) destaca que as relações públicas auxiliam os subsistemas
organizacionais em seus processos de gestão e de relacionamento, fato que as suporte para as entidades
cumprirem suas missões e alcançarem seus objetivos.

As principais funções de relações públicas são cuidar de “assessoramento, pesquisa, planejamento,


execução (comunicação) e avaliação” das relações com todos os públicos envolvidos. Trata-se de função
estratégica que busca não apenas cuidar do relacionamento, mas do planejamento dessas ações de
relacionamento para que surtam efeito no resultado da companhia.
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Assim, o planejamento de relações públicas envolve:

• fixar os objetivos de marketing;

• escolher as mensagens e os veículos apropriados;

• implementar o plano; e

• avaliar os resultados.

Citemos o exemplo de uma feira de negócios. Você já visitou alguma feira de sua área de atuação?
As empresas de determinado setor se juntam para expor num mesmo lugar os seus produtos e suas
marcas. Qual o objetivo dessa ação? Trazer ao cliente e ao prospect (possível cliente) as informações que
precisam para decidir comprar os produtos, naquele momento e depois. Quanto mais informações tiver,
maior a chance de adquirir algum item.

A comunicação institucional é acentuada como uma visão estratégica das empresas e fundamenta-se
em conceitos abstratos, como identidade, imagem e reputação, e lida com ampla diversidade de públicos.

Identidade

Identidade é o que vemos da empresa, a manifestação visual da realidade de organização. É representada


pelo nome, logotipo, slogan, o conjunto de produtos e serviços por ela ofertados, as instalações físicas, os
uniformes, a folheteria (cartão de visita, papel timbrado, envelope), frota de veículos e tudo o que pode
tornar tangível os valores, cultura e suas características.

Ao observamos o logotipo de uma empresa, nós o reconhecemos como a própria organização e o


que ela representa, ou seja, estamos diante de sua identidade empresarial. Os elementos tangíveis dessa
identidade expressam a cultura da entidade, são vitais para dar o suporte à formação de uma imagem
consistente da organização.

Kunsch (2009) identifica três pressupostos da identidade corporativa:

A identidade de uma organização está associada a tudo o que é inerente ao


seu modo de ser, sua conformação, sua razão de existir.

A identidade de uma organização é formada pelo seu lugar social, sua missão,
pelo modo de atuação, pelas respostas que fornece ao meio ambiente e pelos
insumos que dele recebe para manter-se integrada, atuante e persistente.

A identidade de uma organização se constrói a cada instante de sua


existência, na relação que mantém com os demais sistemas que lhe são afins,
permitindo, com isso, que ela seja reconhecida e aceita como integrante de
um sistema maior que a contenha (KUNSCH, 2009, p. 10).
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Imagem

A empresa trabalha para ter, manter e criar uma excelente imagem junto à opinião pública.
A formação da imagem é o principal patrimônio de uma empresa, e hoje é até possível mensurar
essa imagem por meio de empresas especializadas que fazem cálculos de percepção da imagem
e da marca, o chamado brandy equity.

Imagem é o reflexo da identidade da organização, é a forma como os públicos veem e percebem


a empresa, o que fica na mente das pessoas em relação a ela. A empresa não cria a imagem, mas
disponibiliza elementos tangíveis e estímulos discursivos que, quando lidos pelos receptores, contribuirão
para formar a imagem percebida.

Pense em uma empresa qualquer. Só de você se lembrar dela já existe uma imagem dela percebida
por você em sua mente. Você consegue se lembrar de alguma comunicação dessa entidade? Uma
propaganda? Uma campanha institucional? Pense se o que você conhece dela é alinhado ao que você
recebe nas ações de comunicação dessa organização.

Figura 21

As marcas são nomes, símbolos, ícones que representam uma empresa e a torna diferente de todas
as outras e reconhecida como tal. Quando vemos a imagem desse palhaço já lembramos do McDonald’s.

Figura 22

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E essa outra marca?

Reputação

O conceito de reputação é a imagem ao longo do tempo. A imagem é a visão que temos da empresa
percebida em nossa mente. Essa imagem, com o passar do tempo, forma a reputação, a visão de longo
prazo para a organização. A boa reputação torna-se um diferencial competitivo pela impossibilidade
de se copiar essa característica. A reputação requer investimento em longo prazo e pode ser manchada
rapidamente com situações negativas, como acidentes graves, erros de conduta de representantes,
associação a situações de corrupção, infração de leis e normas.

Entenda por que o escândalo da Volkswagen é um problema mundial de saúde pública

Em 2016, a Volkswagen, uma das maiores montadoras do mundo, envolveu-se em um


problema ético e de responsabilidade social de proporções globais, abalando a imagem, a
reputação e a credibilidade da empresa. Acompanhe o caso.

Entenda por que o escândalo da Volkswagen é um problema mundial de saúde pública

Em setembro de 2017, o governo dos Estados Unidos acusou a marca de fraudar


resultados em testes de poluentes em 500 mil veículos vendidos no país – entre eles, as
versões TDI dos carros Golf, Jetta, Beetle e Audi A3, produzidas entre 2009 e 2015, além de
Passats feitos entre 2014 e 2015. Após o caso cair no noticiário e especulações começarem,
a Volkswagen admitiu, no dia 22 de setembro, que 11 milhões de veículos movidos a diesel,
em modelos de várias marcas pertencentes ao grupo, foram adulterados. O caso tem sido
mencionado na mídia internacional como Dieselgate, em referência ao caso Watergate,
grande escândalo da história política dos Estados Unidos.

A fraude prejudica a imagem da montadora alemã, já que a empresa que se posicionava


como ambientalmente consciente, tendo, em carta de julho de 2014 ao Greenpeace,
assumido o compromisso de reduzir as emissões de CO2 até 2020. As ações da empresa
sofreram queda abrupta e Martin Winterkorn renunciou ao cargo de presidente executivo
da Volkswagen.

Nos EUA, a empresa será obrigada fazer um recall e consertar os veículos gratuitamente.
A Volkswagen anunciou que separou 6,5 bilhões de euros (cerca de R$ 29 bilhões) para arcar
com multas e consertar os carros. O valor equivale a metade do lucro da montadora previsto
para este ano.

[...]

Fonte: Chiapetta ([s.d.]).

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Exemplo de aplicação

Deixando de lado todo o mal que essa ação causou às pessoas e ao meio ambiente, pense ainda
o que aconteceu com a marca. A Volkswagen sempre foi uma das marcas mais queridas e sólidas no
ramo automotivo.

Pesquise as ações que ela realizou para reverter essa situação. É muito interessante observar como a
organização tratou a situação e os efeitos à imagem. Você acredita que a Volkswagen conseguiu reaver
sua credibilidade? Se não, acha que obterá êxito?

Uma área de comunicação institucional se alimenta de resultados de pesquisa, de uma busca constante
por informações sobre o que pensam esses públicos sobre a empresa, os produtos, os dirigentes, as ações
e os programas desenvolvidos por ela em um horizonte de tempo específico. Com esses dados, é mais
fácil identificar cada uma das necessidades desses públicos.

Como destaque entre as ferramentas específicas para a comunicação institucional estão as relações
públicas e a assessoria de imprensa, que são permeadas por ações de responsabilidade social como
atitude comum para a companhia, realizada e compreendida em todos os âmbitos da empresa.

5.3.2 Responsabilidade social empresarial

Deve envolver todas as ações das empresas. Entidades que não dão atenção a esse quesito estão
fadadas ao fracasso. A responsabilidade social apresenta-se como uma forma de gerenciar o negócio
por meio de um modelo pautado na ética, no relacionamento justo e transparente da organização com
seus públicos. Para tal, deve-se contrabalançar e articular assuntos que incluam as metas da empresa
com o desenvolvimento sustentável, a questão vai além de distribuir dinheiro para projetos sociais.
As empresas passaram a se preocupar em ter uma ação responsável, principalmente com o avanço
tecnológico e a informação mais presente, trazendo aos consumidores notícias sobre todos os temas.
Esse avanço promoveu a criação do Código de Defesa do Consumidor, e esses fatores combinados
levaram à maior importância do cliente e suas opiniões.

Existe até normatização internacional para que as empresas adotem atitudes responsáveis, como a
ISO 26000, que padroniza essas atividades (ABNT, 2010). O objetivo é a orientação, não se trata de uma
lei. Ao fazer o inventário de informações sobre as atividades de responsabilidade social, as empresas já
melhoram sua atuação nesse sentido.

5.3.3 Sustentabilidade

A exigência da sociedade em busca de melhores comportamentos empresariais ocorre porque o mundo


pede ações globais para fomentar o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade do planeta, das nações
e das empresas. Na proposta de Elkington (1997), o triple botton line (três ideias a serem tratadas, numa
tradução livre): social, econômico e ambiental. Para atender a esses requisitos, nota-se que as empresas
devem abordar e cuidar dos fatores sociais e ambientais, sem esquecer do fator econômico e da lucratividade.

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Como ações que garantam a sustentabilidade empresarial, podemos citar:

• Fatores ambientais:

— atendimento à legislação;

— impactos ambientais;

— produtos ecologicamente corretos;

— reciclagem;

— tecnologias limpas;

— tratamento de resíduos efluentes.

• Fatores sociais:

— prática de responsabilidade social;

— compromisso com o desenvolvimento das pessoas;

— promoção e participação em projetos sociais;

— suporte à comunidade.

• Fatores econômicos

— estratégias de negócios;

— foco no mercado;

— ter um foco definido;

— qualidade e custo;

— resultado;

— vantagem competitiva.

A responsabilidade social transformou-se em um diferencial competitivo, quando faz parte da


cultura da companhia, e não apenas um catalisador de mídia para as boas ações feitas, ou seja, as
atitudes devem ser realizadas de verdade! Essas ações, no entanto, têm potencial para atrair visibilidade
e credibilidade às companhias, melhorando a imagem e promovendo bons resultados de lucratividade,
pois estão inseridas num contexto que favorece a sociedade como um todo.
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Em geral, a área de responsabilidade social é um braço dentro da comunicação corporativa e


institucional, sendo administrada pelas relações públicas. Segundo Andrade (2003), pode propor ações
das mais diversas ordens:

• Apoio ao desenvolvimento social e econômico local.

• Preservação do meio ambiente.

• Criar ambiente de trabalho agradável.

• Proporcionar bem-estar aos funcionários extensivo aos familiares.

• Garantir a transparência das informações da empresa.

• Criar meios de comunicação que proporcionem informações completas e abundantes aos públicos
de interesse.

• Defender os interesses dos acionistas nas decisões da empresa.

• Propor relacionamento econômico com fornecedores e intermediários com benefícios mútuos.

• Buscar a melhoria da lucratividade da empresa por meio da satisfação dos consumidores.

Andrade (2003) ainda sugere ações específicas a serem realizadas na comunidade em que a
empresa atua:

• Política de “portas abertas”.

• Reuniões com os líderes da comunidade.

• Publicações em geral.

• Contribuições para instituições de caridade.

• Colaboração com os poderes políticos.

• Colaboração com as associações de classe ou profissionais.

• Auxílio a clubes esportivos e outras organizações recreativas.

• Comemorações de eventos especiais.

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5.3.4 Marketing social

Entre as atividades que as empresas realizam no âmbito de responsabilidade social pode-se incluir
o marketing social, que é associado à perspectiva mercadológica. Seu uso, no entanto, já definido por
Kotler desde os anos 1970, busca aplicar as ferramentas do marketing para fins sociais, e não apenas
com o fito de criar e melhorar a imagem das empresas.

O marketing social apresenta a gestão estratégica para promover a aceitação de uma ideia ou causa.
As empresas passaram a praticar o marketing social para atender a uma demanda da sociedade por
uma postura mais sustentável das organizações e, com isso, obter vantagem competitiva. De maneira
ampla, Kunsch (2009, p. 110) destaca o marketing social como um projeto que visa implantar e controlar
programas que procuram aumentar a aceitação de uma ideia ou prática social num grupo-alvo.

Entre as possibilidades em marketing social, podemos elencar o marketing de:

• filantropia: doação de recursos a uma instituição beneficente;

• campanhas sociais: veiculação de mensagens de interesse público na mídia para difundir uma
ideia ou arrecadar recursos para uma causa ou instituição;

• patrocínio dos projetos: patrocínio a terceiros ou programas sociais;

• promoção social do produto e da marca: uso de marca de instituição na campanha.

5.3.5 Funções de relações públicas

A criação de notícias e fatos noticiáveis é uma importante ferramenta de comunicação para a área
de relações públicas. A imagem institucional pode ser melhorada com as ações realizadas e que são
usadas para atingir os objetivos traçados, conforme veremos a seguir.

Criação da identidade visual

Ação feita para que o público reconheça e associe imediatamente o nome da empresa à marca. A marca
é transmitida por todos os pontos de contato da empresa com os públicos: logotipos, cartões e papéis de
carta, folhetos, cartazes, formulários, cartões de visita, instalações, uniformes e vestuário.

Publicações

Realizado o diagnóstico empresarial, é preciso criar ações de comunicação personalizadas e


segmentadas para cada um dos públicos, interno e externo. Segundo Rego (1986, p. 119), “as publicações
visam projetar a entidade externamente, para que fique conhecida e, internamente, para assegurar
melhor produtividade, o que se reverterá em aumento de vendas e de lucro”. Podemos dizer que a
principal função é transmitir a imagem de credibilidade da empresa junto ao mercado.

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A comunicação institucional interna busca fazer publicações que elevem o espírito de solidariedade,
estimulando companheirismo, dedicação, motivação, entre outros. Externamente, o objetivo é criar e manter uma
boa imagem da empresa, apresentando a organização e seus produtos com suas qualidades a serem admiradas.

Obviamente que não se trata apenas de publicações como artigos, é preciso criar e produzir
publicações institucionais (jornais e revistas, boletins informativos, sites e perfis nas redes sociais),
materiais audiovisuais, como programas de rádios e TVs para o formato tradicional, ou pela internet,
tanto para público externo quanto interno (chamados de rádios e TVs corporativas). Além dessas
ações, o processo envolve intranet, auxílio na criação dos discursos realizados pelos representantes da
organização e relatórios anuais com os resultados da empresa.

Figura 23 – A Natura, por exemplo, faz um relatório anual com formatos específicos para cada público:
imprensa, acionistas, consumidores, cada um deles com a linguagem adequada e as informações de interesse

Eventos

São um instrumento de comunicação com formatos diversos e podem ser realizados com várias
finalidades: melhorar relacionamento com determinado público para gerar um fato noticiável que atraia
o interesse da imprensa; chamar a atenção de públicos específicos para novos produtos; atividades
especiais como conferências, seminários, exposições, concursos, passeios, competições e aniversários;
apresentações e palestras em associações comerciais ou em reuniões de vendas; atividades de prestação
de serviços de interesse público, como contribuir com trabalho voluntário dos funcionários e dos
diretores a uma causa social; contribuições em dinheiro para essas causas.

Patrocínios

Assim como os eventos, possuem diversas formas de realização, incluindo os patrocínios esportivos,
culturais, área social e ambiental. Pode ter diversos objetivos, entre os quais:

• Criar e melhorar a imagem da marca.

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• Despertar o interesse do público-alvo.

• Criar uma identidade atrelada ao tipo de evento que patrocina.

• Construir ou reforçar a identidade de uma marca.

• Promover um canal de comunicação com o mercado-alvo da empresa patrocinadora.

• Potencializar as vendas, conquistando novos clientes e mercados.

• Gerar um potencial de repercussão e visibilidade.

• Ativar a lembrança da marca da empresa e seus produtos.

Gerenciar a imagem e realizar pesquisas

Trata-se de acompanhar a imagem da organização para criar uma reputação positiva e munir-se de
resultados de pesquisas para mensurar a percepção da imagem da empresa junto aos stakeholders. Isso
é feito para monitorar e propor ações que tragam avanço à imagem da entidade e, consequentemente,
fazendo que as pessoas tenham melhor percepção sobre a ela.

Assessoria de imprensa

Como vimos, o relacionamento com a imprensa é essencial. Assim, é preciso se esforçar para sempre
ampliar o rol de profissionais conhecidos nos veículos, pois é preciso obter espaço para divulgar a
marca, a empresa ou os produtos; relacionar-se com os públicos, por meio das mídias e divulgar dados
favoráveis e de interesse da companhia.

Essa área funciona de forma integrada ao processo de comunicação externa e cuida das informações
e notícias sobre a empresa, distribuindo-as para a mídia em geral (jornal, revista, televisão, rádio e
internet), e também consiste no relacionamento com jornalistas e públicos formadores de opinião.
Sua atuação é vital para zelar pela imagem organizacional da empresa.

A assessoria de imprensa é feita no âmbito das relações públicas e quase sempre é executada pela
mesma equipe, pois as funções se sobrepõem, conforme acentuaremos a seguir.

Entre as principais funções realizadas pelo assessor de imprensa, que geralmente é um jornalista
ou relações públicas, mas pode ser qualquer profissional que tenha afinidade com as funções, é ter boa
comunicação e facilidade no trato com pessoas. As atribuições incluem:

• Elaborar press releases (texto específico para os jornalistas) e encaminhá-los ao mailing de impresa,
junto com o press kit, sugerindo pautas noticiáveis.

104
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

• Releases: conteúdos editoriais sobre a empresa para serem enviados aos veículos de comunicação
com o intuito de gerar pauta que ocupe espaço espontâneo na mídia (não pago).

• Elaborar o kit de imprensa (press kit) com informações (textos, fotos) para facilitar o trabalho dos
jornalistas sobre a empresa. Depois da internet, esse material é on-line e distribuído quase sempre
pelo site da empresa.

• Divulgar eventos

— Monitorar o conteúdo publicado na mídia sobre a organização, por meio da elaboração de


clippings de notícias.

— Clipping da mídia impressa, eletrônica e digital: monitoramento diário do material veiculado na


mídia sobre a organização, vital para a mensuração dos resultados das ações de comunicação
da empresa.

— Criar e monitorar conteúdo editorial pago: publicidade legal, anúncio institucional, comunicados.

— Treinar e orientar os assessorados sobre como se relacionar com a imprensa (media training).

• Organizar entrevistas coletivas

— Promover encontros periódicos com a imprensa especializada, pois ter bom relacionamento
com a mídia é fundamental, inclusive mantendo-a informada sobre a empresa.

— Tentar aumentar (no caso de informações positivas) ou neutralizar (no caso de informações
negativas) o fluxo de informação veiculado na mídia sobre o assessorado.

— Oferecer entrevista exclusiva a um veículo de comunicação específico, com o intuito de


valorizar a informação.

— Gerenciar mídia espontânea: matérias veiculadas a partir de fatos cobertos pela imprensa ou
gerados a partir de release enviado pela empresa para os veículos de comunicação.

— Conduzir entrevista coletiva concedida a vários veículos de comunicação sobre assuntos de


interesse público.

Gestão de crise

Observe que essas áreas e atividades estão umas ligadas às outras e é praticamente impossível separá-
las. Não dá para tratar de responsabilidade social isoladamente de ações de relações públicas, assim
como não dá para falar em ações que usam o marketing social de forma independente da comunicação
institucional da empresa. Didaticamente os conceitos são diferentes, mas na prática um planejamento
de comunicação institucional deve abranger todos esses pontos.
105
Unidade III

5.3.6 Profissional para comunicação institucional

Existe um profissional específico para desempenhar a função de relações públicas, que é reconhecido
pela Lei nº 5.377, de 21 de dezembro de 1967. Conforme a lei (BRASIL, 1967, art. 2), deve tratar das
seguintes atividades:

a informação de caráter institucional entre a entidade e o público, através


dos meios de comunicação;

a coordenação e planejamento de pesquisas da opinião pública, para


fins institucionais;

a planejamento e supervisão da utilização dos meios audiovisuais, para


fins institucionais;

a planejamento e execução de campanhas de opinião pública;

do ensino das técnicas de Relações Públicas, de acordo com as normas a


serem estabelecidas, na regulamentação da presente Lei.

O profissional deve sempre estar bem informado a respeito da empresa e do mercado, bem como
possuir boa comunicação oral e escrita, isto é, apto a transmitir as informações aos públicos de interesse.

As ações devem ser proativas e monitoradas para rever o que deve ser feito e direcionar melhor os
resultados esperados. É preciso destacar fatos que mereçam atenção dos veículos de comunicação. Esses fatos
devem ser estimulados e criados na empresa, para criar uma identidade corporativa marcante e diferenciada.

Vamos imaginar que uma indústria de tecnologia compre um equipamento de grande porte. Ninguém vai
saber disso ou para o que serve o artigo e como vai beneficiar a prestação de serviço que a empresa faz. Isso
pode ser um fato comunicável que poderá repercutir positivamente na imagem da entidade. Para isso, serão
elaborados releases para serem enviados aos veículos de comunicação de interesse. Assim, o diretor da área
pode dar uma entrevista a uma revista técnica do segmento e é possível promover uma visita de acadêmicos
da área ao local, que pode gerar diversas pautas para os jornalistas. Veja que há muitas possibilidades!

A realização dessas ações deve ser feita com planejamento e mensuração de resultados, integrando
um plano de comunicação amplo para compreender-se o caminho que deve ser percorrido para a
construção da imagem empresarial. A imagem positiva reverte-se tanto em lucros como na atração de
profissionais qualificados para a companhia.

5.4 Customer Relationship Management (CRM) e relacionamento

A sigla CRM é a abreviatura em inglês para Gerenciamento de Relacionamento com Clientes.


Na maioria das empresas, envolve programas de computador especializados, capazes de gerenciar
bancos de dados e informações das empresas para facilitar o relacionamento com os clientes.
106
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Esses programas acumulam muitas referências sobre o cliente, suas necessidades, particularidades,
avisos sobre compras, família, entre outros. Dessa forma, a empresa busca oportunidades para
encantá-lo, sempre que possível, antecipando-se às suas necessidades, ou atendendo-o de forma
satisfatória. Encantar o cliente é a ordem nos negócios!

O CRM é a gestão da base de dados, por meio de softwares, para implementação de comunicação
direta com públicos segmentados, com o objetivo de atender a estratégias relacionais. CRM não
é a mesma coisa que marketing de relacionamento, mas é uma ferramenta que dá suporte para a
efetivação de estratégias de relacionamento. A execução de uma estratégia de relacionamento não é
algo meramente operacional e solucionável pela aquisição de um software. É uma filosofia de gestão da
empresa orientada para a geração de valor para o cliente (MADRUGA, 2007).

Observe os indicadores para a organização de um programa de relacionamento:

• rentabilidade real do cliente;

• frequência do relacionamento;

• potencial de expansão de novos negócios;

• nível de satisfação do cliente.

O relacionamento com o cliente e os programas de CRM foram o caminho natural para o


desenvolvimento e a criação das áreas de atendimento ao consumidor.

5.5 Comunicação e atendimento ao cliente

As imagens empresariais são representações feitas pelas pessoas em razão das próprias experiências
e história de vida de cada um. Se tivermos uma experiência boa ou ruim com um produto, ou com
o atendimento de alguma companhia, isso vai determinar uma imagem positiva ou negativa em
relação a eles.

Segundo Cahen (1990, p. 157), “imagem é o conceito que as pessoas têm e/ou formam sobre as coisas”.
Podemos dizer que a comunicação empresarial é responsável pela formação da imagem institucional, o
principal patrimônio de uma empresa.

A era do cliente há muito propagada tem criado áreas específicas para a empresa atendê-los da
melhor forma. Assim, temos o SAC, feito no âmbito pessoal, por telefone, ou virtual (redes sociais e
aplicativos próprios ou de comunicação, como WhatsApp), a figura do ombudsman e a ouvidoria, que
defendem os interesses do cliente, dentro da organização e para os casos não resolvidos nas instâncias
anteriores, a internet e as redes sociais, que se transformaram em um SAC para as empresas e os serviços
de reclamações on-line.

107
Unidade III

Figura 24 – O cliente tem sempre razão. Será? E quando tem, o que devemos fazer? E quando não tem?

5.5.1 Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC)

Quando um cliente compra um produto ou serviço, espera receber da empresa um atendimento


adequado, sobretudo quando houver algum tipo de dificuldade, como artigo que não funciona, serviço
que não se realiza, entrega que não acontece, entre outras. Para atender esses casos, as entidades
dispõem (ou deveriam dispor) de Setor/Serviço de Atendimento ao Cliente/Consumidor (SAC).

O SAC apresenta-se como o canal de comunicação entre a empresa, os clientes e as áreas internas
da companhia. Como clientes podemos entender os clientes finais e os intermediários (revendas, pontos
de vendas, franqueados, vendedores). A central de atendimento do SAC é formada pelos canais de
atendimento ao consumidor, seja para pedir informações e tirar dúvidas sobre o produto, seja para fazer
reclamações e cancelar sua compra. A central de atendimento é um conjunto de soluções e facilidades
(equipamentos, sistemas e pessoal) utilizadas para fazer a interface entre os clientes e a empresa.

Essas unidades ou departamentos esclarecem dúvidas, prestam informações e registram queixas dos
consumidores. Nessas áreas, o cliente tem a possibilidade de ter seu problema resolvido, trata‑se de um
setor importante no caminho de excelência no atendimento, pois o cliente não pode ser desrespeitado.
É preciso acentuar que sua criação foi promovida após a implementação do Código de Defesa do
Consumidor, nos anos 1980, e não por bondade das organizações.

A área de atendimento ao cliente, por meio do SAC ou de uma central de atendimento, o call center,
existe para resolver os problemas dos clientes e evitar empecilhos com a justiça. Vejamos as atribuições
do SAC:

Ouvir e orientar os clientes.

Transformar as informações coletadas em base para desenvolvimento de


ações estratégicas.
108
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Envolver as diversas áreas internas, para aperfeiçoar produtos e serviços a


partir das questões trazidas pelos clientes.

Acompanhar produtos antes e depois de seu lançamento, analisando a


reação dos clientes, buscando pontos de atenção e problemas.

Criar pesquisas com os clientes para divulgar e lançar produtos, de forma


integrada com o marketing.

Manter contato com os órgãos de defesa do consumidor.

Estabelece comunicação única e personalizada com os clientes.

Facilitar o acesso dos consumidores ao fabricante, solucionando reclamações


com rapidez e eficiência (CONFEA, 2011, p. 12).

As empresas sempre deram tão pouca importância a essa área, que foi preciso termos uma lei para
proceder o processo do atendimento ao consumidor. O Decreto nº 6.523/2008 (lei do atendimento ao
cliente) propõe algumas regras para esse trabalho, das quais destacamos alguns pontos (BRASIL, 2008).

Quadro 10

O atendimento ao cliente deve ser gratuito e custeado pelas empresas – não pode ser cobrado nada do cliente
para obter esse atendimento: as ligações devem ser gratuitas e o atendimento deve estar disponível 24 horas por
dia, sete dias por semana.
A empresa não pode “encerrar” a chamada antes da conclusão do atendimento e, se o atendente transferir o caso
para outro setor, não pode pedir que o consumidor repita sua história após o registro pelo primeiro atendente.
Não devem ser transferidas ligações para casos de reclamações e cancelamentos de serviços, tendo os atendentes
treinamentos cabíveis para resolver essas situações.
A empresa deve observar ainda a proibição de veiculação de mensagens publicitárias durante a espera pelo
atendimento, sendo possíveis apenas se houver consentimento do consumidor para tal.
A empresa obriga-se a fornecer o número de registro da demanda, com data, horário e objetivo da demanda,
como manter gravações das chamadas pelo período mínimo de 90 dias. O consumidor tem o direito de acessar
esse histórico e conteúdo de seu atendimento, em um prazo máximo de 72 horas, seja por meio eletrônico, seja
por correspondência, conforme sua exigência.
Os pedidos de informação e os cancelamentos solicitados pelo cliente devem ser processados imediatamente pelo
SAC, e outros casos devem ser resolvidos em um prazo máximo de cinco dias úteis, a contar da data de registro.
O não cumprimento das regras impõe punições previstas no artigo 56 da Lei nº 8.078/1990 – Código de Defesa do
Consumidor – que vão desde multas até a suspensão das atividades da companhia.
Os dirigentes dessas áreas devem estar atentos a estes fatores e primarem pela qualidade do atendimento ao
cliente. Alguns dos dispositivos utilizados para gerenciar a área e garantir o cumprimento das leis: tempo médio
de atendimento (TMA), taxas de abandono e outras métricas propostas pelo call center.
Nem todos os segmentos são obrigados a ter um SAC, mas ele é obrigatório (e tem regras definidas por decreto
federal) para energia elétrica, telefonia móvel ou fixa, televisão por assinatura, planos de saúde, aviação civil,
empresas de ônibus interestaduais, seguradoras, bancos, financeiras, operadoras de cartões de crédito e consórcios.
O consumidor deve procurar o SAC de acordo com o problema. Por exemplo, se for sobre a entrega, com o
fornecedor, se for para alguma dúvida referente ao produto, com o fabricante.

Adaptado de: Brasil (2008).

109
Unidade III

5.5.2 Ombudsman e ouvidoria

Ombudsman, termo inglês mantido em nosso uso corrente, significa, em primeira instância,
funcionário governamental que investiga as queixas contra órgãos públicos. Na prática brasileira, é um
colaborador na empresa que representa o cliente internamente. Quando o SAC não consegue solucionar
a demanda do cliente, o ombudsman entra em ação. Se uma entidade resolve ter esse cargo, é importante
que o profissional tenha poderes para resolver as questões do cliente, pois sua função é defender e lutar
pelos direitos do cidadão. Além do profissional que atende o cliente externo, algumas empresas têm a
figura do ombudsman interno, para atuar no mesmo sentido, só que defendendo os funcionários.

A ouvidoria não deve ser confundida com o SAC. Segundo o Manual de Boas Práticas de Ouvidorias
da Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente – Abrarec, em parceria com a Associação
Brasileira de Ouvidores/Ombudsmen, a ouvidoria atua na defesa dos direitos dos cidadãos, consumidores
e usuários de produtos e serviços no esclarecimento dos seus deveres e na prevenção e solução de
conflitos, definindo a ouvidoria como “a instituição que representa os legítimos interesses dos cidadãos
no ambiente em que atua, na busca de soluções definitivas” (ABRAREC, 2015, p. 11).

Em algumas empresas, apesar de não haver formalmente a figura do ombudsman, existe o ouvidor
e a ouvidoria para resolver os casos os quais o atendimento ao cliente não conseguiu solucionar. “A
palavra ouvidor surgiu a partir de ombudsman, expressão de origem nórdica, a qual resulta da junção
da palavra ombud, que significa ‘representante’, ‘procurador’, com a palavra inglesa man, ‘homem’”
(BARROSO FILHO, 2015). Podemos dizer que a ouvidoria representa a mesma função do ombudsman,
mas com uma característica mais departamental do que pessoal (NAVAJAS, 2016).

É dever da ouvidoria garantir uma avaliação justa e imparcial às demandas dos consumidores,
viabilizando um canal de comunicação direto entre o cidadão e as organizações, atuando como
segunda instância administrativa no atendimento de suas manifestações. Para isso, ela age de forma
independente e estratégica.

A ouvidoria deve ser acionada depois de esgotadas as possibilidades de atendimento ou solução


por outros canais. Os ouvidores possuem autonomia para, caso necessário, contatar diversas áreas da
empresa. Por isso, o serviço pode ser considerado uma última instância (antes de entrar na Justiça) para
a solução dos conflitos entre empresa/fornecedor e o cliente. Para abrir uma ocorrência com a ouvidoria,
o consumidor deve ter o número do protocolo fornecido pelo SAC em mãos.

Hoje não são só as empresas buscam a qualidade máxima no atendimento ao cliente, é uma prática
comum em órgãos governamentais, muitos deles possuindo ouvidorias.

A cidade de São Paulo possui desde 2001 a Ouvidoria Geral da Cidade de São Paulo (OGM),
regulamentada por lei, com a função principal de coordenar e orientar a atuação das demais unidades
de ouvidoria dos órgãos e entidades municipais. Há diversas funções no escopo do trabalho:

Orientar a atuação das demais unidades de ouvidoria dos órgãos e entidades


do Poder Executivo Municipal.
110
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Examinar manifestações referentes à prestação de serviços públicos pelos


órgãos e entidades do Poder Executivo Municipal.

Propor a adoção de medidas para a correção e a prevenção de falhas e


omissões pelos responsáveis pela inadequada prestação do serviço público.

Produzir estatísticas indicativas do nível de satisfação dos usuários dos


serviços públicos prestados no âmbito do Poder Executivo Municipal.

Contribuir com a disseminação das formas de participação popular no


acompanhamento e fiscalização da prestação dos serviços públicos.

Identificar e sugerir padrões de excelência das atividades de ouvidoria do


Poder Executivo Municipal.

Sugerir ao Controlador Geral a propositura de medidas legislativas ou


administrativas, visando corrigir situações de inadequada prestação de
serviços públicos.

Promover capacitação e treinamento relacionados às atividades de ouvidoria.

Analisar as denúncias e representações recebidas na Controladoria Geral do


Município, encaminhando-as, conforme a matéria, às unidades competentes
para a adoção das medidas cabíveis (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2014).

Vamos conhecer o caso da Ouvidoria da Agência de Autorregulamentação das Associações de


Proteção Veicular e Patrimonial (AAAPV):

Mais de 90% dos casos levados à Ouvidoria da AAAPV são solucionados em até
10 dias

Em funcionamento desde o fim de outubro de 2017, a Ouvidoria da Agência de


Autorregulamentação das Associações de Proteção Veicular e Patrimonial (AAAPV) já
recebeu dezenas de casos e carrega um número extremamente positivo: mais de 90% foram
resolvidos com a mediação da Agência, sem precisar de apoio judicial.

Os problemas relatados chegam pelo telefone, e-mail e website da entidade


representativa. Atualmente, o mecanismo é visto pelo setor não como uma vitória
para o consumidor, mas também para as mútuas. O caminho é simples: após narrar o
acontecido, o associado envia documentos que comprovem as alegações, um diretor
entra em contato com a associação filiada para ouvir a versão da mútua e, depois, são
propostas soluções para satisfazer ambas as partes.

111
Unidade III

Casos variados

De acordo com o diretor responsável pela Ouvidoria, Leandro Ribeiro, as demandas


são variadas. “Temos casos ‘simples’, de usuários que estão insatisfeitos com algum
reparo feito no veículo e mais complexos, como a demora do pagamento em caso de
perda total do veículo. Eles querem maior agilidade nas indenizações e nós ajudamos
nisso, claro, com o apoio das filiadas, que têm boa vontade de resolver as coisas de
forma pacífica”, comentou.

O administrador Kleverton Lemos, de 29 anos, faz parte do quadro de casos mais


complexos, resolvidos com a intermediação da Ouvidoria. Lemos se envolveu em um
acidente no ano passado e teve o caso classificado como “perda total”. O associado não
estava conseguindo entrar em consenso com a mútua para que o pagamento ocorresse
de forma mais rápida. Com a ajuda dos ouvidores, ele recebeu os R$ 19 mil referentes
a um Renault Megane Dynamique 2008 dez dias após entrar em contato com a Central
de Atendimento.

Ele conta que ficou sabendo da Ouvidoria pelo site da mútua, que divulga os benefícios
da Agência. “Poucas vezes fui tratado com tanto respeito e atenção. E este tratamento foi
unânime, da secretária que trabalha na sede, Karla Nascimento, ao diretor Leandro Ribeiro.
Estou surpreso e muito satisfeito com o serviço”, comentou.

Fonte: Simek (2018).

Figura 25

A mobilidade facilitou as comunicações com os clientes e inverteu a ordem das ferramentas


tradicionais, na qual a empresa procura o cliente. Agora, o cliente procura a empresa por meio das
ferramentas digitais, como as mídias e redes sociais.

112
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

5.5.3 A internet e as redes sociais

Após a disseminação da internet, em especial das redes sociais, o atendimento ao cliente e os SACs se
transferiram para esses locais. Afinal, os consumidores acostumaram-se a ter suas respostas atendidas
mais rapidamente ao “colocarem a boca no trombone”, ganhando uma expressiva visibilidade ao fazer
suas reclamações por meio da internet.

As empresas passaram a dar atenção a essas queixas de forma muito mais rápida do que pelos canais
convencionais, e os consumidores transformaram o microfone desses locais em ponto de referência para
saber a qualidade do atendimento ao cliente. O telefone ainda é bastante utilizado, mas a tendência é
que o atendimento se transfira quase que totalmente para os canais digitais e aplicativos.

O pedido de informações ou a queixa exposta nos canais da internet, seja em blogues, sites, portais
ou nas redes sociais, podem ser visualizados por qualquer um e, se não houver uma resposta, causa
danos à imagem e à reputação da empresa.

O atendimento tradicional, como vimos, segue regras explicitadas pela legislação, mas para o canal
on-line não há regulamentação, mas o que importa é a agilidade com que as marcas identificam,
respondem e resolvem casos de atendimento.

Como encontrar informações sobre esse tipo de atendimento? Como não existe leis, uma empresa
com extensa base de dados sobre o tema, mais de 665 clientes que utilizam os softwares vendido por
ela, realizou uma pesquisa em 2016, apresentando os resultados em congresso da área (NAVAJAS, 2016).

A pesquisa apresentou os seguintes números: de janeiro a julho de 2016, as marcas receberam


cerca de 3,9 milhões de casos para atendimento nestes canais. A rede social com mais ocorrências foi o
Facebook, com 71%, seguido do Twitter (22%) e do Instagram – rede social que tem poucos casos desse
tipo, com apenas 7% das ocorrências.

Segundo o estudo, os segmentos mais demandados pelos consumidores no atendimento digital são
o de Telecom, varejo, e-commerce e instituições financeiras. Os mais ágeis na resposta ao consumidor
são o de serviços públicos e o de Telecom. A empresa que realizou a pesquisa, Sprinklr, encontrou três
momentos e o tempo necessário para o atendimento:

• Identificação do caso: tempo para detectar uma mensagem nas redes – em 84% das ocorrências,
as marcas conseguem identificar as mensagens em menos de um minuto e, assim, já colocá-las
na fila de atendimento.

• Respostas às mensagens: depois da identificação é preciso responder aos clientes – 77% das
respostas são dadas em menos de uma hora, em média das três redes sociais.

• Taxa de resolução do caso: quanto tempo os consumidores têm seus problemas resolvidos nas
redes sociais. Em média, 24 horas para a solução do caso em 84% dos casos (NAVAJAS, 2016).

113
Unidade III

Essa pesquisa dá uma ideia da expressividade que cerca o assunto atendimento ao cliente via redes
sociais e o tamanho da preocupação que envolve nas empresas.

Figura 26

Antigamente, as reclamações se escondiam nas cartas dos leitores dos jornais. Hoje qualquer
reclamação assume proporções enormes quando chega à internet.

5.5.4 Sites de reclamação

Tendo essa visibilidade aumentada, as empresas se deram conta da dificuldade que seria manter um
bom atendimento ao cliente e hoje dispõem de áreas exclusivas para se relacionar e monitorar o que as
pessoas vêm dizendo sobre sua marca.

Podemos observar que não se trata apenas de resolver o problema do cliente, mas de estar atento ao
burburinho realizado em razão de seu atendimento. É uma mudança de paradigma, na qual a empresa
precisa ser proativa para falar com seu cliente antes que ele invada as redes sociais e os canais destinados
às reclamações como o Reclame Aqui, site que trouxe mais poder ao consumidor, confrontando o que
diz o cliente com as respostas das empresas.

Reclame Aqui

Funcionando desde 2001, foi o primeiro a ter destaque nessa seara. Surgiu após o seu fundador,
Mauricio Vargas, ter uma reclamação ignorada por uma empresa. Especializada e com know how
importante na área, o Reclame Aqui tem diversas funcionalidades e possui mais de 18 milhões de
reclamações cadastradas, com informações abundantes e rankings com organizações que mais e menos
recebem queixas, números de atendimentos e, o mais importante, os comentários dos clientes, positivos
e negativos, e as respostas das instituições. O site tem sido o terror dos empresários quando se trata de

114
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

reclamações de clientes. Funciona como uma rede social, com login e senha, e pode ser acessado com
os dados do Facebook.

Cerca de 600 mil pessoas (números de 2018) buscam o site todos os dias para verificar a reputação
de entidades e conhecer o histórico de comentários a respeito de seu atendimento antes de comprar,
contratar um serviço ou resolver um problema.

Outras iniciativas nesse sentido foram localizadas ao realizar essa pesquisa, como o reclamao.com.
br e o denuncio.com.br, mas não foram obtidas informações específicas sobre atendimentos e rankings.

Você conhecia essas iniciativas? Já usou esses serviços? Teve casos resolvidos? Vale refletir sobre esse
tema para propor um atendimento ao cliente de qualidade na organização em que você trabalha ou em
seu próprio negócio.

Se com todo o aparato de atendimento o cliente ainda continuar com pendências com as empresas,
poderá adotar medidas legais por meio do Procon, órgão que regulamenta as relações entre os
consumidores e as empresas.

6 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO INTERNA

Os funcionários podem ficar bastante frustrados ao tomarem conhecimento de fatos que se


relacionam à organização por meio do público externo, pelos clientes ou pelos meios de comunicação
de massa. Matos (2004) exemplifica a decepção proporcionada ao funcionário que lê o jornal e se depara
com uma notícia sobre a empresa, falando de uma crise, ou de uma fusão, por exemplo.

Segundo Pimenta (2015), a comunicação interna serve para comunicar/tornar comum a todas as
pessoas, de todos os escalões, quais os planos, metas e objetivos da entidade; envolver os funcionários para
que contribuam no cumprimento desses objetivos; interação e integração das pessoas, departamentos
e áreas para concretizar esses alvos.

Para estabelecer um processo de comunicação interna transparente, ágil e participativo, é preciso:

• identificar o perfil do público interno;

• construir uma rede de canais que garantam a eficiência da comunicação;

• definir mensagens-chave e posicionamentos da empresa;

• formalizar mecanismos e práticas de feedback.

A adoção de práticas em comunicação interna integrando a comunicação empresarial tem


mostrado que melhora muito a relação com os públicos de interesse. Hoje o funcionário é parceiro,
não mais empregado.

115
Unidade III

Figura 27 – O foco da comunicação interna são os funcionários

6.1 Fatores que influenciam a comunicação interna nas organizações

A comunicação empresarial integra todos os meios, formatos e públicos para que a instituição atinja
seus objetivos e construa uma imagem favorável.

Os fatores acentuados a seguir influenciam a comunicação eficaz no nível empresarial: estrutura


da organização, canais formais e informais, autoridade, especialização do trabalho, propriedade da
informação e sobrecarga de informação. Vamos conhecer o assunto.

Estrutura da organização

Muitas vezes a estrutura da empresa e seus canais formais de comunicação não permitem o fluxo
livre e contínuo da comunicação nos diversos níveis, ou não atingem todos os lugares, por causa do
tamanho da entidade e da distância entre as unidades, como filiais, lojas e outros. Quanto mais níveis
e departamentos, maior é a possibilidade da mensagem ser modificada, atuando como um filtro,
acrescentando ou retirando partes do conteúdo da mensagem.

Autoridade da administração

Apesar de inerente às organizações, a presença da autoridade sempre inibe comunicações livres e


abertas. Por outro lado, os subordinados adotam posturas favoráveis em relação à autoridade, evitando
expressar problemas, desacordos e comunicações informais. A estrutura de autoridade também deve
respeitar a hierarquia da empresa, para que se faça no nível adequado e ser claro sobre quem se comunica
com quem.

Especialização do trabalho

As diversas divisões, departamentos e áreas dificultam a movimentação fluida da comunicação,


pois divide a empresa em grupos de interesses, atitudes e vocabulário próprios. Imagine o pessoal
da área financeira falando em sua lógica e linguajar característico com as pessoas do marketing da
empresa. É uma confusão só!
116
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Propriedade da informação

O ato de dividir a informação com os outros membros da instituição é uma dificuldade, pois quem
tem informação tem poder, diz um ditado popular. Por isso, encontrar formas de organizar a informação
é imprescindível, e os processos de gestão do conhecimento nas empresas estão em voga. A empresa não
pode ficar à mercê de determinado funcionário “dono” de uma área e que conhece todos os processos
e ninguém mais tem acesso a eles.

Sobrecarga de informações

Algumas entidades padecem desse mal quando se percebe que a quantidade de informação é
mais importante do que a qualidade. Esse excesso pode levar à paralisação do funcionário, por não ter
condições de selecionar e analisá-las corretamente e sem saber qual o seu comportamento e atividade
a ser realizada, qual sua prioridade.

6.2 Fluxos da comunicação

Matos (2004) acentua que a comunicação interna pode ter um fluxo descendente, ascendente,
horizontal e transversal (entre pares), conforme mostra a figura a seguir.

Descendentes ou Ascendentes ou Horizontais/


up down top down transversais
Da alta direção para os Dos funcionários para Entre os funcionários/
funcionários a alta direção departamentos

Figura 28

• Direção vertical

— Fluxo descendente ou up down: instruções, diretivas, procedimentos e metas saem dos cargos
de níveis hierárquicos mais altos para os de níveis mais baixos. É também chamado de centrífuga
quando a empresa tem muitos órgãos e departamentos, que dá a ideia para baixo e para fora.
Quanto maior o espaço que a entidade pretende atingir, mais pode sofrer perda de informações
e a ação dos ruídos.

— Fluxo ascendente ou top down: anseios, expectativas, resultados e sugestões saem dos
cargos inferiores para os superiores. A comunicação é feita das bases para a altal direção.
A tendência é que os funcionários somente informem o que acreditam que seus superiores
desejam saber.

117
Unidade III

• Direção horizontal e transversal

— Fluxo lateral: inclui os dois tipos citados e permite a circulação da informação entre os
funcionários ou grupos de um mesmo nível hierárquico e o melhor entrosamento entre
os níveis hierárquicos. A dificuldade é se algum grupo retiver informações importantes
para controlar outros.

6.3 Rede formal e rede informal

As mensagens são transmitidas dentro da empresa pelas redes, que podem ser formais e informais.
Nas primeiras, circulam as mensagens oficiais e legitimadas pela estrutura da empresa, utilizando os
canais (veículos) formais, conforme serão expostos adiante.

Os canais formais também apresentam problemas na comunicação, de cima para baixo: as informações
podem ser filtradas, modificadas ou interrompidas, em algum escalão, como o gerencial, a coordenação ou
a supervisão. Os superiores só passam aquilo que é relevante aos subordinados.

Na comunicação de baixo para cima, acontece a mesma coisa por razões diferentes. Os gerentes
médios não comunicam os dados irrelevantes (em especial aqueles que vão de encontro aos seus
interesses) aos superiores para evitar que estes fiquem sobrecarregados com informações desnecessárias.

Os canais formais também podem inibir o fluxo livre de informações entre os diversos níveis da
organização. Quando os canais formais não conseguem manter a comunicação fluente e permeando
todos os níveis organizacionais, da direção ao cargo mais baixo da empresa aparecem os canais informais.

A rede de boatos é um tipo de comunicação informal e são os vários caminhos pelos quais as
comunicações informais atravessam uma instituição. Os boatos sempre começam com índices, algo que
sugere alguma situação, como o cheiro de fumaça a indicar que alguém estava fumando por ali, ou
quando vemos nuvens escuras no céu e sabemos que há a possibilidade de chuva.

Nas empresas, alguns índices podem dar início aos boatos, por exemplo, compra de novos
equipamentos e transferência de funcionários, ou fatos, como declarações da diretoria, circular, notícia
veiculada na mídia, entre outros.

A capacidade de multiplicação dos boatos faz com que eles saiam do controle e da parte interna da
empresa, passando a atuar em outros ambientes, como as casas dos funcionários, outras entidades e o
mercado. Esses fatores tornaram-se ainda mais preocupantes após a internet, que permite a disseminação
de ideias em segundos por meio de e-mails e pelas redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram e outras).

Nas redes informais, conhecidas como rádio peão ou rádio corredor, veiculam-se todas as mensagens
inadequadas para circulação nas redes formais. Nem toda comunicação informal é rádio peão. Uma
conversa entre o chefe e o subordinado é uma comunicação informal, mas não necessariamente para
disseminar boatos.

118
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

A comunicação deve respeitar o nível hierárquico da empresa, isto é, quem se comunicará com
quem, e dita o fluxo da comunicação que determina o caminho da mensagem, desde o emissor até o
receptor, na direção vertical ou horizontal.

A comunicação empresarial é a responsável pela imagem da organização perante seu público interno
e externo. Mas como evitar a criação e disseminação dos boatos?

É importante que a entidade tenha canais para ouvir os funcionários, o que permite monitorar
o clima organizacional e antecipar possíveis problemas. Os colaboradores devem ser orientados e
sensibilizados quanto às mais diversas situações da empresa. Deve-se primar ainda por canais de
comunicação que atendam às necessidades de informação do público interno. O planejamento deve
prever campanhas que busquem alcançar os objetivos traçados para a área. Buscar desenvolver as
habilidades de comunicação dos funcionários também ajuda a manter boas comunicações na empresa.

Você deve ter observado que a comunicação interna deve trabalhar em conjunto com a área de
Recursos Humanos, pois muitas ações de melhoria em comunicação interna dependem de treinamento
dos funcionários.

6.4 Canais ou veículos de comunicação interna

Segundo Chinen (2010), entre os canais de propagação de conhecimento interno estão a intranet,
que é utilizada para comunicação rápida e objetiva. A revista e o jornal também integram as unidades
e contribuem para o desenvolvimento profissional, além de agregar as famílias dos funcionários, o que
é muito bom para causar motivação nesse público. O autor ainda refere‑se às reuniões gerenciais, por
videoconferência ou presenciais, que facilitam a distribuição das informações gerenciais, os resultados,
e a integração dos diversos setores para trabalhar com os mesmos objetivos. Quadros de avisos podem
agregar informações gerais e devem ser atualizados constantemente (CHINEN, 2010).

A comunicação interna busca elevar o espírito de solidariedade, estimulando companheirismo,


dedicação e motivação. Os canais são os recursos ou instrumentos usados para comunicação na empresa
e podem ser realizados de forma oral, escrita ou gestual. Acentuamos a seguir os mais utilizados:

Figura 29 – As reuniões presenciais de trabalho podem acontecer nos mais variados locais,
por exemplo, enquanto se espera pelo cliente

119
Unidade III

Quadro 11

Comunicação não verbal


Gestual, comportamental, olhar, expressões faciais, riso e sorriso, aparência, postura,
distância, pontualidade, velocidade da fala, dicção, entonação de voz e ênfase; avisos
sonoros e campainhas; cartão de ponto; comunicação visual, o leiaute, o ambiente e a
decoração, cores, sinalização interna e a identidade visual, telefone muito baixo ou muito
alto; uniformes e vestuário (camisas, bottons e bonés); toque; orientação e proximidade;
paralinguagem (qualquer som ou qualidade de voz que acompanha a fala e revela a situação
em que o falante se encontra (se ele está bem, mal, alegre, triste, cansado etc.).
Recursos visuais
Escritos: instruções e ordens escritas, circulares, cartas pessoais, manuais, quadro de avisos,
jornais murais, boletins informativos internos e externos (newsletters), panfletos, jornais
e revistas, relatórios de atividades, formulários, fax, e-mails, internet/intranet, bilhetes e
lembretes, avisos internos, declaração de missão, visão e valores, manuais internos, cartas,
ofícios e memorandos, avisos e placas, jornal interno, caixas de sugestões e cartazes.
Pictográficos: pinturas, fotografias, desenhos, diagramas e mapas.
Escritos pictográficos: cartazes, filmes mudos com legenda, gráficos, diplomas e certificados.
Simbólicos: luzes, bandeiras, flâmulas e insígnias.
Recursos auditivos diretos
Sistemas de rádio, avisos sonoros, telefones, intercomunicadores automáticos e autofalantes.
Conversas, entrevistas, reuniões e conferências.
Recursos auditivos simbólicos
Sirenes, apitos e buzinas, sinos e outros sinais.
Recursos audiovisuais
Televisões internas, telões e projeções multimídias e via internet, filmes, demonstrações;
vídeos, videoconferências, teleconferências.

Adaptado de: Torquato (1996, p. 65).

É bom lembrar que quase todos os meios apontados no quadro anterior também existem no
formato digital, como os informativos, as conversas e os e-mails. Podemos acrescentar toda a gama de
comunicações na rede, como o site, as trocas de mensagens eletrônicas, os filmes e vídeos disponibilizados
no site e as imagens. Temos ainda as comunicações realizadas por meio dos aplicativos de comunicação,
como o WhatsApp e os aplicativos próprios das empresas.

Observação

House organs são veículos de comunicação dirigidos ao público


interno, como os jornais para funcionários, revistas que chegam às casas
deles para serem compartilhadas com a família, bem como as newsletters
e os informativos.

120
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Figura 30 – Comunicação verbal e não verbal, como nas placas de trânsito e de sinalização interna nas empresas

Assim, superar as barreiras organizacionais à comunicação deve ser uma busca constante.
Para isso, os aspectos relevantes devem ser explícitos do modo mais claro possível para obter
uma comunicação mais eficaz e significativa. As fontes de informação também devem ser claras
e prover informações completas aos receptores. Pensar o ambiente físico de forma a reduzir as
divisões entre as pessoas para melhorar a interação e a circulação da informação, sem descuidar
da privacidade.

6.5 Endomarketing

Mais que apenas comunicação interna, o endomarketing surgiu para motivar o público interno.
Ele é formado a partir de ações de marketing voltadas para melhorar a satisfação e a ligação com o
público interno. Para que a entidade tenha sucesso, é vital ter funcionários motivados com os objetivos
empresariais e engajados neles. Por exemplo, se haverá o lançamento de um novo produto, é importante
que os colaboradores o conheçam antes do público em geral. Como nos sentiríamos sabendo pelos
outros (mídia) o que está havendo no local em que trabalhamos?

Com tal configuração, o endomarketing almeja atender melhor os clientes externos. Esse
programa é apontado por especialistas da administração moderna como um dos principais
diferenciais competitivos que transformam os colaboradores nos principais criadores da imagem
institucional das organizações.

Para motivar os funcionários, é recomendável, na visão de Pimenta (2015, p. 125):

• ouvi‑los e, a partir de suas sugestões, criar formas de integração;

121
Unidade III

• retribuir seu empenho com o que for possível (melhor remuneração ou brindes);

• suprir suas necessidades físicas e psicológicas;

• respeitar a sua personalidade e seu humor;

• proporcionar segurança no ambiente de trabalho.

Claro que detalhar cada uma dessas atividades geraria uma unidade inteira para este livro-texto, que
não tem o objetivo de esgotar esse tema.

Assim, é importante que as empresas trabalhem nesse engajamento do público interno, para que
todos consigam fazer parte da identidade cultural da empresa e participem das mudanças estruturais,
estratégias, decisões, enfim, da condução das diretrizes organizacionais da entidade em que trabalham.
Os funcionários sentem‑se participantes daquele todo e empenham‑se em conseguir resultados cada
vez melhores, porque se sentem reconhecidos e encorajados.

Algumas ações de endomarketing adotadas pelas empresas são as palestras motivacionais, café
da manhã com o presidente, eventos e ações de incentivo para área de vendas, de atendimento, entre
outras. Especialistas asseguram que as ações de endomarketing devem fazer parte de um planejamento
maior, e não apenas ser formado por ações esporádicas e pontuais.

A maioria dos programas de endomarketing têm buscado contemplar ações de qualidade de


vida e focadas no bem-estar dos funcionários, o que vai ajudar na melhora da produção e na
capacidade intelectual das equipes. A 3M do Brasil valoriza e investe em endomarketing. Em seus
informativos internos, os funcionários são o centro das atenções, consolidando uma metodologia
de comunicação, nascida na empresa há cerca de trinta anos e que hoje se tornou disciplina dos
cursos de Administração de Empresas.

Na Fiat, o endomarketing faz parte da vida não só do funcionário,


como de sua família também. A montadora oferece festas de
debutantes para as filhas de seus colaboradores e festas para
aniversários de casamento. Além disso, a empresa oferece test‑drive
aos funcionários. Afinal, o colaborador é o primeiro cliente da
montadora (TERRA, 2008).

Na Toyota, os novos funcionários passam por um treinamento de cinco meses para entender
como é feita a produção dos carros, quais as necessidades e dificuldades acentuadas pelos clientes
nas concessionárias e ainda para aprender sobre a cultura Toyota. Após esse período, é considerado
apto e pode apresentar ideias para melhorias no dia a dia da empresa. Assim, a equipe se sente
mais útil, aumentando o seu empenho. Constantemente os funcionários recebem capacitações e
palestras motivacionais.

122
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Exemplo de aplicação

Esse assunto é bem interessante. Pesquise na internet ações de endomarketing em outras empresas.
Você vai descobrir um mundo de possibilidades que podem ajudar a motivar os funcionários e elevar os
resultados da companhia. A entidade na qual você trabalha desenvolve programas de endomarketing?
De qual tipo? Você acredita que essas ações deixam os funcionários mais motivados? Você se sente
motivado por elas?

Lembrete

Matos (2004, p. 127) explica que os especialistas da administração


apontam o endomarketing como “um diferencial competitivo para
transformar os funcionários da empresa nos principais criadores da
imagem institucional”.

6.6 Comunicação administrativa

Além da comunicação institucional e interna, que tratamos anteriormente, as empresas precisam


ter qualidade nas comunicações do dia a dia. A comunicação administrativa trata das estratégias
e dos meios de comunicação a serviço das atividades de gestão da entidade e utiliza instrumentos
formais e informais.

Na definição dessa estratégia, a organização deve focar nos seguintes aspectos:

• o objetivo e o destinatário da comunicação;

• na linguagem e nos meios mais adequados;

• o tempo certo de comunicar;

• como obter as respostas à comunicação em questão.

6.6.1 Veículos de redação administrativa

Para cada necessidade, objetivo ou situação, há um veículo de comunicação adequado. As redações


administrativas mais comuns, segundo Pimenta (2015, p. 152-154), são:

E-mail ou correio eletrônico – mensagens instantâneas e posts

Recurso que permite a troca de mensagens e arquivos digitais de forma rápida e versátil por meio da
internet. Um dos meios que têm substituído algumas formas tradicionais de comunicação, intensamente
usado nas empresas. Neste item, o assunto do e-mail é o que tem mais importância, pois determinará a

123
Unidade III

abertura ou não do documento para leitura. Dada a facilidade de exclusão, é preciso pensar direito num
bom título para os e-mails profissionais.

Trata-se de correspondência utilizada para as mais diversas finalidades, como assuntos gerais
com variadas instituições, solicitar ou agradecer colaboração, justificar atos ou atitudes, homenagear,
censurar e advertir, entre outros.

As cartas de apresentações, também utilizadas mais por meios digitais, podem ter vários motivos,
como apresentar produtos, pessoas, empresas. Muito comum é a carta de apresentação enviada junto
com o currículo para que a empresa conheça um pouco mais sobre a pessoa.

É preciso estar atento. Se nosso público ainda utiliza e gosta das cartas convencionais em papel,
nós devemos assim nos comunicar com ele, pois demonstra respeito e nos mantêm sempre perto
do cliente.

Dicas para escrever cartas objetivas, com clareza:

a) utilizar preferencialmente a ordem direta ou lógica (sujeito, verbo


complementos); às vezes, essa ordem precisa ser alterada em benefício da
própria clareza;

b) usar as palavras e as expressões em seu sentido mais comum;

c) evitar períodos com negativas múltiplas;

d) transformar as orações negativas em positivas, sempre que possível;

e) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto;

f) escolher com cuidado o vocabulário, evitando o jargão técnico;

g) evitar neologismos (palavras, frases ou expressões novas, ou palavras


antigas com sentidos novos), preciosismos (delicadeza ou sutileza excessiva
no escrever) e regionalismos;

h) utilizar palavras ou expressões de língua estrangeira somente quando


indispensável (GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ, 2006, p. 9-10).

Procuração

Documento pelo qual uma pessoa confere poderes legais a outra para tratar de negócios ou agir em
seu nome.

124
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Notificação

Documento por meio do qual se informa o destinatário, pessoa física ou jurídica, sobre procedimentos
a serem tomados pelo interessado, ou medidas que serão tomadas pelo remetente.

Ata

Documento de registro do desenvolvimento de uma reunião, assembleia ou sessão. Deve ser escrita
com clareza, resumidamente. Os numerais (datas, entre outros) devem ser grafados por extenso.

Boletim

Texto produzido para informação interna ou externa. Em geral, é composto de resultados de pesquisa
ou resumo de algum evento importante.

Manual

Texto didático, para ser utilizado por várias pessoas, que apresenta informações e orientações em
linguagem técnica.

Jornais e revistas

Esses veículos têm sido substituídos por suas versões on-line e são cada vez mais raros no papel.
Devem seguir o mesmo formato, linguagem e qualidade técnica dos jornais e revistas em circulação,
tratando de assuntos de interesse interno e externo à empresa.

Saiba mais

O livro a seguir apresenta diversos modelos da redação administrativa.

FRANÇA, A. S. Comunicação escrita nas empresas: teorias e práticas. São


Paulo: Atlas, 2013.

6.6.2 Boas práticas no uso da internet na empresa

As boas práticas no uso da internet, bem como do e-mail, têm sido assunto recorrente quando
se pretende analisar o que é correto ou não no uso do endereço eletrônico profissional. Conforme
estudiosos da área, apesar dos benefícios obtidos por meio da internet, as empresas podem sofrer
problemas judiciais que podem ser trazidos pelos funcionários, tais como: “spam enviados utilizando
o e-mail da empresa (e-mail corporativo), deixando assim a empresa responsável pelo envio do e-mail,
instalação de software pirata e até a falta de ética do funcionário em transferir informações da empresa
a terceiros” (OLIVEIRA; SOUZA, 2007).

125
Unidade III

Segundo os autores, outro problema é a queda da produtividade dos funcionários com as funções
que exercem. Por exemplo, eles citam: “contatos nos programas de mensagens instantâneas de amigos
e parentes, acesso a sites que não fazem parte do ramo de atividade da empresa ou como o setor que o
funcionário trabalha” (OLIVEIRA; SOUZA, 2007).

A conclusão dos autores leva em consideração a importância de as empresas terem políticas


claras de acesso à internet e a necessidade de que as “restrições englobem tanto sites de
provedores de e-mails gratuitos e particulares quanto o acesso a sites que fujam do âmbito do
trabalho, pois, embora ainda não haja leis específicas, a justiça já reconhece como legal este tipo
de conduta” (OLIVEIRA; SOUZA, 2007).

6.7 Correspondência com órgãos oficiais

As correspondências com órgãos oficiais seguem normas estritas e a maioria deles têm um manual
específico para a escrita. Por muito tempo esse tipo de comunicação foi considerado truncado e com
teor rebuscado. Há uma busca pela simplificação que se reflete também nesses manuais. Por exemplo,
ainda existe a formalidade nos pronomes de tratamento.

Requerimento

Documento que serve para fazer solicitações a uma autoridade e é também chamado de petição.

Ofício

Comunicação oficial expedida por autoridades da administração pública e dirigida a particulares,


quase sempre em resposta aos requerimentos.

Edital

Os editais empresariais mais frequentes são para a escolha de empresas fornecedoras de produtos
diversos, assembleia geral e inscrição para concursos. As licitações para tomada de preços, escolha de
empresas para realização de obras por órgãos do governo são feitas por editais também.

Pronomes de tratamento

Há formas adequadas de tratamento para a comunicações com órgãos oficiais. Como se trata de um
tema muito específico, sugerimos que você consulte documentos dos órgãos para conhecê-las, pois não
serão objeto desse material. Apenas para exemplificar, o Presidente da República e Vice-Presidente da
República devem ser tratados como Vossa Excelência. O vocativo a ser usado para esses representantes
é Excelentíssimo Senhor Presidente da República.

Os outros membros do Poder Executivo, como os ministros de Estado, Secretário-Geral da Presidência


da República e outros são chamados de Vossa Excelência também, mas o vocativo para eles é apenas
Senhor Ministro das Relações Exteriores, Senhor Ministro do Meio Ambiente.
126
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Saiba mais

Há manuais em quase todos os órgãos federais, estaduais e municipais.


Se você precisa utilizar esse tipo de comunicação consulte-os antes.
Conheça alguns deles:

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Manual de Redação da Presidência da República. Brasília,
2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
ManualRedPR2aEd.PDF>. Acesso em: 6 nov. 2018.

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE (FUNASA). Manual de Redação


de Correspondência e Atos Oficiais da Fundação Nacional de Saúde. 2
ed. Brasília, Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: <http://www.
funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/adm_redOficial.pdf>. Acesso
em: 6 nov. 2018.

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. Departamento Estadual de Arquivo


Público. Manual de Comunicação Escrita Oficial do Estado do Paraná.
Curitiba, Paraná, 2014. Disponível em: <http://www.escoladegestao.pr.gov.
br/arquivos/File/2014/pp_manual_web.pdf>. Acesso em: 6 nov. 2018.

6.8 Relatório

Documento que contém informações, fatos, estatísticas ou recomendações coletadas por


uma pessoa ou grupo, com o objetivo de melhorar processos ou serviços. Descreve fatos, registra
observações, pesquisas, investigações, fatos ou relata a execução de serviços ou experiências.
Os relatórios podem ser de vários tipos: individual ou coletivo; simples ou complexo; parcial ou
completo; periódico ou eventual.

Na escrita do relatório, é preciso cuidar dos seguintes aspectos: organização, precisão, clareza,
veracidade e boa apresentação das informações. Em geral, utilizam-se gráficos, tabelas, diagramas
e estatísticas.

Conforme a necessidade da empresa, é possível que haja muitos tipos de relatórios. Por exemplo, as
áreas de vendas e de atendimento ao cliente possuem diversas formas de relatórios, com vários tipos
de informações diferentes. Comumente, elas adaptam esses dados nos formatos de que precisam para
a tomada de decisões. Outras variantes dos empresariais são ainda os relatórios de reunião e os de
ocorrência, relatórios técnicos, administrativos, de estágio, de visita e outros que forem preciso para
resolver problemas específicos.

127
Unidade III

Observação
No mundo acadêmico, existem ainda os relatórios científicos, apreciação
sobre um tema, cursos realizados e outros.
Sugestão de esquema para um relatório (NADÓLSKIS, 2013, p. 207):

Na capa:

título do relatório;
nome do relator;
cidade;
ano.

Na folha de rosto:

título do relatório (ref).


para;
elaborado por;
assunto;
local;
data de elaboração;
tipo de relatório (parcial, total, inicial, final);
natureza (normal, confidencial, reservado, secreto).

Nas folhas seguintes:

resumo (O quê? Quem? Como? Onde? Por quê? O que se fez? Recomendações);
introdução;
objetivos (o que se pretende);
métodos (entrevista, questionários, observações, testes, etc.);
meios (instrumentos);
duração (quanto tempo?);
pessoal envolvido (quem?);
desenvolvimento;
fatos, constatações (exatos, objetivos, em sequência);
avaliação crítica (motivos e consequências, ou causas e efeitos);
recomendações (medidas a serem tomadas);
conclusões (resultados esperados);
anexos;
referências;
local e data;
assinatura, nome legível, identificação funcional.
128
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Saiba mais

Em uma rápida pesquisa na internet, você encontrará muitos modelos


de relatórios. Certifique-se de que atendem às suas necessidades. Você pode
fazer adaptações nos modelos para que se adequem ao que você precisa.

O Sebrae apresenta um manual para elaboração de relatórios


técnicos gerenciais.

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS


(SEBRAE). Instrumento de apoio gerencial. Relatórios gerenciais. Sebrae,
[s.d.]. 4 p. Disponível em: <http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/
ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/AABA27FA43CD38C183257589005C34
06/$File/NT0003FD3E.pdf>. Acesso em: 6 nov. 2018.

6.9 Currículo

Qualifica uma pessoa, por meio de sucintas informações a respeito de sua formação acadêmica e
experiência profissional. A linguagem deve ser concisa, destacando os dados de forma objetiva. Não deve
haver valorização dos dados com o uso de adjetivos. Deixe essa valorização para quem lê o currículo.

Evite abreviar nomes de entidades, escolas, empresas ou órgãos públicos. A apresentação já indica o
cuidado e a organização da pessoa que o expõe, portanto capriche no visual:

• redija em terceira pessoa;

• não há necessidade de juntar comprovantes;

• elimine os itens nos quais não tenha nada a declarar.

As partes essenciais, segundo Nadólskis (2013, p. 7), são:

• objetivo: indique o cargo ou a função que pretende;

• dados pessoais de identificação;

• formação e experiência profissional (indicar sempre data de início e de término).

As informações devem ser verdadeiras, mas a seleção deve contemplar o que é mais importante para
valorizar o interessado conforme as necessidades do destinatário. Você deve elaborar um currículo com
esse foco para cada empresa que você se interessar. Pode, ao menos, personalizar um parágrafo inicial
no currículo com esse foco.

129
Unidade III

Roteiro para elaborar o currículo:

• Identificação (nome, data de nascimento, estado civil, residência, telefone, e-mail);

• Objetivo.

• Antes dos itens formação e experiência, redija um parágrafo mais pessoal, explicando sobre as
experiências em destaque e pontos dignos de nota.

• Formação (graduação, pós-graduação, outros cursos, conhecimento de idiomas e informática).

• Experiência profissional (empresas em que trabalhou, períodos, o que fazia, resultados alcançados).

• Outras informações (trabalhos voluntários, outras formações não pertinentes ao cargo, assuntos
interessantes sobre você).

O currículo deve ser enviado com uma carta de apresentação, que deve conter, além do objetivo,
suas pretensões em relação à empresa.

Figura 31 – O currículo precisa ser atualizado constantemente e


refletir as experiências e grau escolar do candidato a uma vaga

Resumo

Esta unidade trouxe muitos conhecimentos diferentes. Vimos toda


a base da comunicação empresarial, como os stakeholders e os desafios
da comunicação empresarial, representados pela comunicação interna,
atendimento ao cliente, ética e relacionamento com governos e a
responsabilidade social.

130
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Estudamos os caminhos da comunicação institucional e seu árduo


trabalho para criar e manter uma boa imagem para as organizações, os
planejamentos para as ações que implicam diretamente na opinião das
pessoas e no valor da marca e todo o esforço que a área de relações públicas
precisa realizar para isso.

Outro foco foi o relacionamento e o atendimento ao cliente, áreas


sensíveis na atualidade que deixam a empresa exposta aos consumidores
descontentes, pois muitos recorrem aos canais de atendimento, como o
SAC, o ombudsman, a ouvidoria, as redes sociais e os sites de reclamação.

Na sequência, tratamos dos assuntos da comunicação interna, que


busca criar e manter um bom relacionamento para a empresa e seus
colaboradores, um dos públicos mais importantes, pois sem ele o produto
ou serviço não chega ao consumidor. Pudemos entender como funcionam
as relações de comunicação entre a instituição e os funcionários para buscar
harmonia nessa questão. Conhecemos o endomarketing e os mistérios da
redação comercial, chamada de comunicação administrativa, envolvendo
todos os públicos, órgãos do governo e até os currículos.

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