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SISEs

Sistema de Interação Solo - Estrutura


02-02-2011

Manual Teórico
Sumário I

SISEs – Sistema de Interação Solo - Estrutura


MANUAL TEÓRICO
Sumário
1. Introdução .................................................................................................................. 1
2. Efeitos da Interação Estrutura-Solo ........................................................................ 2
2.1. Influência do tempo x material da estrutura ......................................................... 2
2.2. Influência do Número de Pavimentos e Sistema Estrutural .................................. 3
2.3. Influência do Processo Construtivo ...................................................................... 5
3. Capacidade de Carga do Solo – Sapatas.................................................................. 8
3.1. Formulação Teórica de TERZAGHI e VESIC ..................................................... 8
Observações........................................................................................................... 14
3.2. Tabela de Tensões Básicas da NBR 6122:1996 ................................................. 15
Prescrição Especial para Solos Granulares ............................................................ 16
Prescrição Especial para Solos Argilosos .............................................................. 17
3.3. Correlação Empírica por SPT ............................................................................. 17
3.4. Observações ........................................................................................................ 18
Conforme SPT ....................................................................................................... 18
Sobrecarga q .......................................................................................................... 19
Método de Cálculo Adotado .................................................................................. 19
Relatórios de Tensão ............................................................................................. 20
4. Capacidade de Carga do Solo – Tubulões ............................................................. 21
4.1. Formulação Teórica de TERZAGHI & SKEMPTON ........................................ 21
Argilas ................................................................................................................... 21
Areias .................................................................................................................... 22
4.2. Correlação Empírica por SPT ............................................................................. 23
5. Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões .............................. 24
5.1. Métodos Implementados ..................................................................................... 25
5.2. Valores Padronizados ......................................................................................... 26
Tipo de Solo .......................................................................................................... 26
SPT – Tensão Admissível ..................................................................................... 26
Tipo de Solo – Tensão Admissível ........................................................................ 28
i) Prescrição Especial para Solos Granulares ........................................................ 29
ii) Prescrição Especial para Solos Argilosos ......................................................... 30
Resumo dos Diversos Métodos –Valores Padronizados........................................ 30
5.3. Ensaio de Placa ................................................................................................... 31
Tabela de TERZAGHI .......................................................................................... 31
Tabela de Outros Autores ...................................................................................... 32
Resumo dos Diversos Métodos – Ensaios de Placas ............................................. 32
5.4. Recalque Vertical Estimado ............................................................................... 33
Teoria da Elasticidade / Valor Típico .................................................................... 33
Teoria da Elasticidade / SCHMERTMANN ......................................................... 36
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II SISEs – Sistema de Interação Solo Estrutura – Manual Teórico

Teoria da Elasticidade / TEIXEIRA & GODOY ................................................... 37


Método de SCHULTZE & SHERIF ...................................................................... 37
Método de PARRY ................................................................................................ 39
Método de BOUSSINESQ..................................................................................... 43
Método de RAUSCH & CESTELLI GUIDI ......................................................... 43
Módulo Edométrico – Tabelas ............................................................................... 44
Módulo Edométrico – SPT .................................................................................... 48
Resumo dos Diversos Métodos – Recalque Vertical ............................................. 49
6. Coeficiente de Reação Horizontal (CRH) – Sapatas e Tubulões.......................... 51
6.1. Sapatas ................................................................................................................ 51
6.2. Tubulões ............................................................................................................. 51
Tipo de Solo........................................................................................................... 51
Conforme SPT/m ................................................................................................... 53
Resumo dos Diversos Métodos .............................................................................. 54
7. Correções sobre CRV e tensão em sapatas ............................................................ 55
Modelo de Correção do Coeficiente de Mola ........................................................ 56
Modelo de Pressão de Contato ............................................................................... 65
8. Observações Gerais – Sapatas e Tubulões ............................................................. 77
9. Capacidade de Carga Estaca / Solo – Estacas ....................................................... 79
9.1. Modelo de Ruptura Estaca – Solo ....................................................................... 79
9.1.1 Método Aoki-Velloso ................................................................................... 80
9.1.2 Método Décourt-Quaresma ........................................................................... 83
9.1.3. Antunes e Cabral SEFE III .......................................................................... 85
9.1.4. Philipponnat ................................................................................................. 86
9.1.5 Pedro Paulo Velloso...................................................................................... 89
9.1.6. Alonso .......................................................................................................... 91
9.1.7. David Cabral ................................................................................................ 93
10. Mecanismo de Transferência Axial de Carregamento – Estacas....................... 95
10.1. Comentários ...................................................................................................... 98
11. Estimativa de Recalques - Estacas........................................................................ 99
11.1. Teoria da Elasticidade ....................................................................................... 99
11.1.1 Recalque sem efeito de grupo ................................................................... 101
11.1.2.Recalque com efeito de grupo ................................................................... 102
11.2. Módulo de Elasticidade do Solo ..................................................................... 105
11.3. Modelo de Distribuição de Cargas Pontuais na Estaca ................................... 107
Carga na base ....................................................................................................... 107
Carga no fuste ...................................................................................................... 107
11.4 Exemplo de cálculo de recalque de uma estaca ............................................... 107
12. Coeficientes de Reação Vertical (CRV) – Estacas ............................................. 108
12.1. Cálculo de CRV para Estacas e Tubulões ....................................................... 108
12.2. Aplicação para a Interação Integrada Estrutura – Solo ................................... 111
13. Observações Sobre o CRV – Estacas.................................................................. 113
14. Coeficientes de Rigidez Horizontal (CRH) – Estacas ....................................... 114
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Sumário III

14.1. Coeficiente e Módulo de Reação Horizontal .................................................. 114


14.2. Variação do Módulo de Reação com a Profundidade ..................................... 115
14.3. Modelo Conforme SPT/m............................................................................... 115
14.4. Resumo dos Diversos Métodos ...................................................................... 117
15. Recalques Admissíveis ......................................................................................... 118
15.1. Requisitos de Norma ...................................................................................... 121
16. Artigo CILAMCE ................................................................................................ 123
16.1. Introdução ao artigo ........................................................................................ 124
16.2. A TQS e o Sistema CAD/TQS ....................................................................... 127
16.3. Sistema de Integração Solo-Estrutura da TQS................................................ 128
Elementos de fundação do SISEs/TQS................................................................ 129
Sapatas Isoladas ................................................................................................... 130
Sapatas Associadas e Radiers .............................................................................. 130
Fundação Profunda: Estacas e Tubulões ............................................................. 131
Detalhamento dos Perfis de Sondagens ............................................................... 132
Modelos matemáticos para representar o solo: Histórico Geral .......................... 133
Modelo mecânico do SISEs/TQS ........................................................................ 137
Valores Padronizados (VP) ................................................................................. 138
Ensaio de Placa (EP) ........................................................................................... 138
Recalque Vertical Estimado (RE) ........................................................................ 138
16.4. Exemplos numéricos ....................................................................................... 139
Sapata sobre uma base não-deformável ............................................................... 139
Efeito de Influência entre 2 Sapatas .................................................................... 142
16.5. Conclusões ...................................................................................................... 146
17. Referências Bibliográficas e Bibliografia Consultada ...................................... 148
17.1. Geral ............................................................................................................... 148
17.2. Sapatas e Tubulões ......................................................................................... 148
17.3. Estacas ............................................................................................................ 150

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Introdução 1

1. Introdução
Nos escritórios de projeto estrutural, em geral, a estrutura é calculada supondo todos os
apoios indeslocáveis, na qual resulta num conjunto de cargas que é passado para o
engenheiro de fundações que dimensiona os elementos de fundações e estima os
recalques comparando-os com recalques admissíveis. Porém, na realidade, estas
fundações devido à deformação do solo, impõem à estrutura, geralmente hiperestáticas,
um fluxo de carregamento diferente da hipótese de apoios indeslocáveis, alterando os
esforços atuantes nos elementos estruturais e nas reações no solo.

A consideração da interação estrutura-solo possibilita a análise dos efeitos da


redistribuição de esforços nos elementos estruturais, em especial das cargas nos pilares.
Como um exemplo: dois edifícios com estruturas iguais (geometria, materiais e cargas)
construídas em terrenos diferentes, apresentam esforços diferentes nos elementos
estruturais, devido à ocorrência de recalques, ou seja, os procedimentos usuais de
cálculo que não consideram a deslocabilidade nos apoios podem induzir a erros, em
alguns casos significativos, na estimativa dos esforços e cargas nas fundações. Portanto,
o comportamento da estrutura depende do sistema estrutura–maciço de solos, sendo que
os elementos estruturais acostumados a chamar de “fundações” são partes integrantes
da estrutura e o comportamento desse conjunto inseparável é que se denomina interação
estrutura–solo.

Figura 1.1 – Sistema estrutura + maciço de solo

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2 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

2. Efeitos da Interação Estrutura-Solo


2.1. Influência do tempo x material da estrutura
Alguns exemplos básicos que representam os comportamentos mais prováveis de
acordo com o tipo de sistema e ou materiais utilizados na estrutura são:

Caso A, estruturas infinitamente rígidas apresentam recalques uniformes. Por causa da


tendência do solo deformar mais no centro do que na periferia, devido à continuidade
parcial do solo, a distribuição das tensões de contato nos apoios é menor no centro e
maior nos cantos externos. Esta distribuição de tensões assemelha-se ao caso de um
corpo infinitamente rígido apoiado em meio elástico. Os edifícios muito altos e com
fechamento das paredes resistentes trabalhando em conjunto com a estrutura, podem
apresentar comportamento semelhante a este modelo.

Caso B, uma estrutura perfeitamente elástica possui a rigidez que não depende da
velocidade da progressão dos recalques, podendo ser mais rápidos ou lentos, não
influindo nos resultados. Os recalques diferenciais obviamente, serão menores que os
de rigidez nula (Caso D) e a distribuição de tensões de contato variam muito menos
durante o processo de recalque. Estruturas de aço são os que se aproximam a este
comportamento.

Caso C, uma estrutura visco–elástico, como o de concreto armado, apresenta rigidez


que depende da velocidade da progressão de recalques diferenciais. Se os recalques
acontecem num curto espaço de tempo, a estrutura tem o comportamento elástico (Caso
B), mas se esta progressão é bastante lenta, a estrutura apresenta um comportamento
como um líquido viscoso e tenderá ao caso D. Essa característica acontece graças ao
fenômeno de fluência do concreto que promove a redistribuição das tensões nas outras
peças menos carregadas, relaxando significativamente as tensões locais.

Caso D é a estrutura que não apresenta rigidez aos recalques diferenciais. Este tipo de
estrutura se adapta perfeitamente às deformações do maciço de solo. A distribuição de
tensões de contato não se modifica perante a progressão dos recalques. As estruturas
isostáticas e edifícios compridos ao longo do eixo horizontal são os casos que se
aproximam a este tipo de comportamento.

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Efeitos da Interação Estrutura-Solo 3

Figura 2.1 – Casos de interação solo – estrutura, CHAMECKI (1969).

O SISEs, apesar de a análise estar voltada para edifícios de concreto armado, se utiliza
de recalques imediatos e não em função ao longo do tempo (não considerando a
reologia do material), sendo então a modelagem numérica elástica (caso B).

2.2. Influência do Número de Pavimentos e Sistema


Estrutural
GUSMÃO (1994) indica que o número de pavimentos é um dos fatores mais influentes
na rigidez da estrutura, quanto maior o número de pavimentos de uma estrutura, maior
será a sua rigidez. GOSHY (1978) observou a influência maior nos primeiros
pavimentos, utilizando a analogia de vigas – parede.

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4 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 2.2 – Analogia da viga - parede, GOSHY (1978).

RAMALHO e CORRÊA (1991) analisaram dois edifícios com fundações em sapatas,


um edifício com sistema laje cogumelo e o outro edifício com sistema laje, viga, pilar,
fazendo uma comparação entre considerar o solo como totalmente rígido ou elástico.
Os resultados da análise mostram que a influência da consideração da flexibilidade da
fundação nos esforços da superestrutura é muito grande. Mesmo com o solo com
coeficiente de deformabilidade de E = 100.000 kN/m2, portanto relativamente rígido, a
diferença entre considerar ou não se mostrou bastante significativa em alguns
elementos da estrutura.

Observou-se que nos pilares, os esforços normais e momentos fletores tendem a uma
redistribuição que torne os seus valores menos díspares, onde os maiores valores
tendem a diminuir e os menores a aumentar.

Os edifícios com sistemas estruturais do tipo laje cogumelo mostraram serem mais
sensíveis às fundações flexíveis que os de sistema laje, viga, pilar, por terem dimensões
de pilares relativamente grandes, o que implica em tendência de apresentarem elevados
valores de momentos fletores na base.

GUSMÃO (1994) apresenta dois parâmetros para fins comparativos entre considerar ou
não a interação estrutura-solo:

- Fator de recalque absoluto AR=Si / S


- Fator de recalque diferencial DR= [Si-S] / S

onde: Si = recalque absoluto de apoio i


S = recalque absoluto médio

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Efeitos da Interação Estrutura-Solo 5

Com o uso destes parâmetros, o autor apresenta três casos reais de edifícios,
comparando-os com resultados estimados convencionalmente (sem a consideração da
rigidez da estrutura) e com os resultados medidos no campo. Através destas
comparações o autor prova que o efeito da interação estrutura-solo realmente tende a
uniformizar os recalques da edificação.

Figura 2.3 – Efeito de interação, GUSMÃO (1994).

2.3. Influência do Processo Construtivo


Segundo GUSMÃO e GUSMÃO FILHO (1994), durante a construção à medida que
vai subindo o pavimento, ocorre uma tendência à uniformização dos recalques devido
ao aumento da rigidez da estrutura, sendo que esta rigidez não cresce linearmente com
o número de pavimentos.

Figura 2.4 – Efeito da seqüência construtiva, GUSMÃO & GUSMÃO FILHO (1994).

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6 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

FONTE et al. (1994) confrontaram os resultados dos recalques de fundações em sapatas


medidos na obra de um edifício de quatorze andares com as previsões dos modelos
numéricos entre considerar ou não a interação estrutura-solo e efeitos construtivos.

Os resultados indicaram que o modelo que não considera a interação solo - estrutura,
superestima a previsão dos recalques diferenciais por não considerar a rigidez da
estrutura;

O modelo que considera a interação estrutura-solo, mas aplica carregamento


instantâneo para a estrutura completa, acaba subestimando a previsão dos recalques,
devido a não consideração do carregamento gradual na estrutura e acréscimo de rigidez,
o que induz a rigidez da estrutura maior que a real.

Os resultados que mais aproximaram com os medidos no campo, foi o modelo que
considera os efeitos da interação estrutura-solo e a aplicação gradual de elementos
estruturais que faz com que a rigidez dos elementos sofra constantes modificações para
cada seqüência de carregamento.

Para simular numericamente a seqüência construtiva, onde um pavimento em


construção não causa esforços solicitantes nos demais elementos superiores que ainda
nem foram construídas, HOLANDA JR. (1998) utiliza o processo seqüencial direto.
Este processo analisa para cada levantamento de pavimento, considerando apenas o
carregamento aplicado no último pavimento com todas as barras construídas até aquele
momento, prosseguindo até que o edifício atinja o seu topo. Como todas as análises
realizadas são elásticas e lineares, os esforços finais de cada elemento são determinados
pela simples soma dos seus respectivos esforços calculados em todas as etapas. Para
considerar que o pavimento é construído nivelado e na sua posição original prevista no
projeto, os recalques finais da fundação e os deslocamentos verticais de todos os nós do
pórtico são obtidas da mesma forma, pela superposição.

Respeitando a seqüência construtiva, os deslocamentos verticais dos nós de um


pavimento não são afetados pelo carregamento dos pavimentos abaixo. Portanto, os
deslocamentos diferenciais entre os nós de um mesmo pavimento diminuem nos
andares superiores, sendo máximos à meia altura do edifício. No topo correspondem à
deformação somente do último pavimento. As deformações dos pilares seguem o
mesmo raciocínio.

Todo processo apresentado até aqui é uma simplificação para fundações quando o seu
comportamento é simulado como elástico linear. Na realidade, para fundações
profundas e mesmo para sapatas, este processo deve ser estudado levando em
consideração o comportamento não linear físico (material) do solo, ou seja, considerar o
efeito de plasticidade.

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Efeitos da Interação Estrutura-Solo 7

Figura 2.5 – Simulação da seqüência construtiva

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3. Capacidade de Carga do Solo –


Sapatas
O cálculo da capacidade de carga, que no caso de fundações superficiais é a tensão de
ruptura, depende das características do maciço de solo, da geometria do elemento de
fundação e de sua profundidade de assentamento. Define-se então a tensão de ruptura
ou capacidade de carga do sistema sapata-solo pela nomenclatura  R .

A tensão admissível do solo é obtida introduzindo-se fatores de segurança sobre a


tensão de ruptura. Cada método de cálculo / autor possui seu conjunto de fatores.

A NBR 6122:1996 menciona quatro critérios que podem ser usados para a
determinação da tensão admissível ( a):

1 - Métodos teóricos: teoria de TERZAGHI com fatores de VESIC ou outros;


2 - Prova de Carga: baseado na curva de carga-recalque;
3 - Métodos semi-empíricos: para fundação profunda, tendo-se os métodos de Aoki-
Velloso, Décourt-Quaresma, etc.;
4 - Métodos Empíricos: Tabela das Tensões Básicas na NBR 6122/96 ou outras
correlações (SPT).

No SISEs foram implementados os três seguintes métodos de cálculo de tensão


admissível para fundações superficiais:

1 - Formulação Teórica por TERZAGHI & VESIC;


2 - Tabelas de Tensões Básicas da NBR 6122/96;
3 - Correlação Empírica por SPT.

3.1. Formulação Teórica de TERZAGHI e VESIC


Esta formulação foi desenvolvida por TERZAGHI (1943), onde se calcula a tensão de
ruptura do solo. Nela o solo pode romper mediante dois modos: ruptura geral (ou
generalizada) e ruptura local:

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 9

σ´r σr Tensão

A
B

Recalque
Relativo

Figura 3.1 – Curvas típicas tensão x recalque (TERZAGHI, 1943).

Caso o solo seja compacto ou rijo, tem-se a ruptura geral do maciço de solo,
caracterizada por uma ruptura brusca com pequenos recalques iniciais (Curva A). Este
modelo de ruptura é empregado para areias compactas ou argilas rijas, e a expressão
baseada na teoria da elasticidade é dada por:

 R  c  N c  S c  q  N q  S q  0,5    B  N   S 

Caso o solo seja fofo ou mole, então se tem a dita ruptura local, caracterizada pelo
constante aumento de recalques, sem que haja um ponto de ruptura brusca do solo
(Curva B). Este modelo de ruptura é empregado para as areias fofas e argilas moles,
sendo a expressão proposta por TERZAGHI (1943):

 R  c'  Nc'  Sc  q  Nq'  Sq  0,5    B  N'  S

Para ambas as formulações, temos:

Sc , Sq , S : fatores de forma, Tabela 3.1;


 : peso específico do solo, Tabela 3.2;
 : ângulo de atrito interno do solo, Tabela 3.3;
c : coesão do solo, Tabela 3.4;
N c , N q N N c' , N q' e N' : fatores de capacidade carga, ver Figuras 3.2 e 3.3;

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10 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

j
q j    i  hi : sobrecarga na cota de assentamento da fundação (em FL-2);
i 1

h : distância da superfície do solo até a cota de assentamento da fundação;


c'  (2 3)  c ;
tg '  ( 2 3 )  tg .

Sapata Sc Sq S
Corrida (L/B>5) 1,0 1,0 1,0
Circular 1,2 1,0 0,6
Retangular 1,2 1,0 0,8

Tabela 3.1 – Fatores de forma (TERZAGHI & PECK, 1967).

Descrição do Peso Específico (tf/m3)


Compacidade/Consistência
solo Natural Saturado
Areia Fofa (SPT≤4) 1,8 2,0
Areia Pouco compacta (4<SPT≤8) 1,8 2,0
Areia Mediana/ compacta (8<SPT≤18) 1,9 2,1
Areia Compacta (18<SPT≤40) 1,9 2,1
Areia Muito Compacta (40<SPT) 1,9 2,1
Areia Conforme SPT * *
Argila Mole (SPT≤5) 1,7 1,7
Argila Média (5<SPT≤10) 1,8 1,8
Argila Rija (10<SPT≤19) 1,9 1,9
Argila Dura (19<SPT) 2,2 2,2
Argila Conforme SPT * *
Pedregulho Limpo 1,6 2,0
Pedregulho Grosso anguloso 1,8 2,1
Silte Muito argiloso 1,7 1,7
Silte Argiloso 1,8 1,8

Tabela 3.2 – Peso específico do solo

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 11

Descrição Ângulo de
Compacidade/Consistência
do solo atrito (graus)
Areia Fofa (SPT≤4) 30
Areia Pouco compacta (4<SPT≤8) 32,5
Areia Mediana/ compacta (8<SPT≤18) 32,5
Areia Compacta (18<SPT≤40) 35
Areia Muito Compacta (40<SPT) 40
Areia Conforme SPT *
Areia Conforme SPT (Teixeira, 1996) *
  15  20  NSPT
Argila Mole (SPT≤5) 17,5
Argila Média (5<SPT≤10) 20
Argila Rija (10<SPT≤19) 25
Argila Dura (19<SPT) 30
Argila Conforme SPT *
Pedregulho Limpo 37,5
Pedregulho Grosso anguloso 40
Silte Muito argiloso 20
Silte Argiloso 27,5

Tabela 3.3 – Ângulo de atrito interno

Descrição do Coesão (tf/m2)


Compacidade/Consistência
solo Efetiva Não-Drenada
Areia Fofa (SPT≤4) 0,0 0,0
Areia Pouco compacta (4<SPT≤8) 0,0 0,0
Areia Mediana/ compacta (8<SPT≤18) 0,0 0,0
Areia Compacta (18<SPT≤40) 0,0 0,0
Areia Muito Compacta (40<SPT) 0,0 0,0
Areia Conforme SPT * *
Argila Mole (SPT≤5) 1,0 1,75
Argila Média (5<SPT≤10) 2,0 3,75
Argila Rija (10<SPT≤19) 2,5 7,5
Argila Dura (19<SPT) 2,5 45
Argila Conforme SPT * *
Pedregulho Limpo 0,0 0,0
Pedregulho Grosso anguloso 0,0 0,0
Silte Muito argiloso 1,0 1,75
Silte Argiloso 0,0 3,0
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12 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Tabela 3.4 – Valores de coesão do solo

OBS.: os valores com o caractere (*) presentes nas tabelas são utilizados como
codificação interna do programa para o cálculo da capacidade de carga.

0 20 40 60 80 100 120 140

40 40
Ãngulo de atrito interno ( )

o
Nc(45 )= 133,87
o
Nq(45 )= 134,87
o
N(45 )= 271,75
30 30

20 20

10 Nc 10
Nq
N
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140
Fatores de capacidade de carga Ruptura Generalizada
Figura 3.2 – Fatores de capacidade de carga Ruptura Generalizada

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 13

0 10 20 30 40 50 60 70 80

50 50
Ângulo de atrito interno ( )
o

40 40

30 30

20 20
'
Nc
'
Nq
10 ' 10
N

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Fatores de capacidade de carga - Ruptura Local
Figura 3.3 – Fatores de capacidade de carga Ruptura Local

Para o cálculo da Tensão Admissível, utilizam-se fatores de segurança sobre a tensão de


ruptura:

r
a 
FS

O valor de r é obtido conforme as equações de TERZAGHI e VESIC e usando as


tabelas e figuras anteriores tanto para a ruptura geral como para a ruptura local. O valor
de FS (fator de segurança) é indicado de acordo com a NBR 6122:1996:

Condição Coeficiente de segurança


Tensão de ruptura de fundações superficiais 3,0
Capacidade de carga de estaca ou tubulões sem
2,0
prova de carga
Capacidade de carga de estaca ou tubulões com
1,6
prova de carga

Tabela 3.5 – Coeficientes de segurança globais mínimos – NBR 6122:1996

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14 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Ainda conforme a NBR 6122, os valores de coesão e ângulo de atrito, utilizados para a
determinação da capacidade de carga do solo tem que ser reduzidos por coeficientes de
ponderação:

Parâmetro Coeficiente de ponderação


Tangente do ângulo de atrito interno 1,4
Coesão para capacidade de carga de fundações 1,6
Coesão para estabilidade e empuxo de terra 1,5

Tabela 3.6 – Coeficientes de ponderação das resistências – NBR 6122:1996

Observações
i) Para alguns tipos de compacidade ou consistência do solo, não há valores válidos
neste método, assim no SISEs admitiu-se as seguintes relações:

Areia: fofa, pouco compacta e medianamente compacta, define-se como AREIA FOFA;
Areia: compacta e muito compacta, define-se como AREIA COMPACTA;

Argila: muito mole, mole e média, define-se como ARGILA MOLE;


Argila: rija e dura, define-se como ARGILA RIJA.

ii) O ângulo de atrito pode ser obtido conforme indicado por TEIXEIRA (1996), que
propõe a seguinte expressão para o cálculo do ângulo de atrito interno para solo
granular (areia):

  15  20  NSPT

iii) O termo “Conforme SPT” definido em várias tabelas do SISEs, quando escolhido
pelo usuário nos “Arquivos de Critérios”, indica que o programa associa
automaticamente o valor do número de golpes (SPT) da cota de assentamento, buscado
no arquivo de sondagens, com o tipo de solo da tabela em questão.
Como exemplo, suponha essa escolha para a obtenção do “Peso específico do solo”,
tabela 3.2. Se a cota de assentamento da fundação possui solo tipo areia com SPT de
valor 10 acima no Nível de água, então o SISEs emprega o valor de 1,9 tf/m3 para o
solo.

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3.2. Tabela de Tensões Básicas da NBR 6122:1996


Em função do tipo de solo da camada, retira-se o valor da tensão básica conforme
apresentado na Tabela 4 da NBR 6122:1996, ou na tabela 3.7 abaixo.

A tensão admissível neste caso é dada para sapatas por:

 a   0'  q  2,5   0

onde q sobrecarga efetiva até o nível de apoio do elemento de fundação,  0 é retirado


da tabela 3.7 e  0' leva em conta as correções necessárias e indicadas a seguir.

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Descrição do tipo de solo ** 0 (MPa)


Rocha sã, maciça, sem laminação 3,0
Rocha laminada, com pequenas fissuras 1,5
Solos granulares concrecionados, conglomerados 1,0
Pedregulho fofo 0,3
Pedregulho compacto a muito compacto 0,6
Argila dura (SPT >19) 0,3
Argila média (6  SPT  10) 0,1
Argila rija(11SPT19) 0,2
Areia muito compacta (SPT >40) 0,5
Areia compacta (19SPT40) 0,4
Areia med. compacta (9SPT18) 0,2
Silte muito compacto (ou duros) 0,3
Silte compactos (ou rijos) 0,3
Silte médio (medianamente compacto) 0,1
** valores válidos para largura de 2 m, em outros casos deve-se fazer correção

Tabela 3.7 – Valores das Tensões básicas (NBR 6122:1996)

Os valores da tabela de tensões básicas devem ser modificados em função das


dimensões e da profundidade do elemento de fundação, além do tipo de solo, conforme
prescrições da NBR 6122:1996, veja as prescrições para correção nos itens 3.2.1 e
3.2.2.

Prescrição Especial para Solos Granulares


Se solo abaixo até 2 vezes a largura da cota de apoio do elemento de fundação é do tipo
(solo granular e areias), corrige-se a tensão básica em função de sua largura (B), de
duas maneiras:

1 - Construções não sensíveis a recalques,


Realiza-se uma redução proporcional à menor largura da fundação, com o uso da
expressão:
 1,5 
 0'   0 1  ( B  2)  2,5   0 ( B  10m)
 8 

2 - Construções sensíveis a recalques


Caso B > 2m, a NBR 6122/96 recomenda fazer uma verificação dos eventuais efeitos
de recalques. Não se corrige as tensões básicas.

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 17

Caso B < 2m, emprega-se a redução proporcional indicada em “Construções não


sensíveis a recalques”.

Dentro do SISEs, no arquivo de critérios de projeto, é possível definir se a construção é


sensível ou não a recalques, conforme indicação do usuário (default: é sensível a
recalque).

Prescrição Especial para Solos Argilosos


Para solos que sejam argilosos (conforme definido pelo usuário em sondagem), devem-
se reduzir os valores da tabela com a expressão:

10
 0'   0  (Área da fundacao  10m 2 )
Área da fundacao

Esta redução pode ser rigorosa em alguns casos, e no SISEs, seguindo recomendações
indicadas na versão anterior da norma de Fundações, caso este valor reduzido seja
menor que a metade do valor da tabela, usa este último como redução:

 0'   0 
10 
 0
Área da fundacao 2

3.3. Correlação Empírica por SPT


Este método é muito aplicado no meio técnico, onde o valor médio do SPT considerado
é a média dos valores dentro do bulbo de pressões, estimado até uma distância de 2
vezes a largura da sapata (Figura 3.4).

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Figura 3.4 – Cálculo do SPT médio dentro do bulbo de pressões

A relação da tensão admissível é dada por:

SPTmédio
a   q (kgf / cm 2 ) com 5  SPTmédio  20
5,0

onde q sobrecarga efetiva no nível de apoio do elemento de fundação.


A recomendação do intervalo do SPT medio não é seguida no SISEs, sendo aplicado a
relação anterior para quaisquer valor.

3.4. Observações
Essas observações servem tanto para os elementos de fundação rasas (sapatas/radiers)
como para os tubulões.

Conforme SPT
Nos arquivos de critérios as tabelas que se referem ao item ‘Conforme SPT” indica que,
para cada metro da sondagem, o SISEs associa o valor do SPT desta cota com os
valores de compacidade (areia) ou consistência (argila) mediante a relação clássica que
é reproduzida na tabela 3.8 a seguir.

Desta forma, em função do tipo de areia ou argila associado ao SPT, busca-se o valor,
quer na tabela de peso específico, de coesão, de tensões básicas, etc.

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Capacidade de Carga do Solo – Sapatas 19

Compacidade Intervalo do SPT


Areia fofa SPT  4
Areia pouco compacta 4  SPT  8
Areia medianamente compacta 8  SPT  18
Areia compacta 18  SPT  40
Areia muito compacta SPT > 40

Consistência
Argila muito mole SPT  2
Argila mole 2  SPT  5
Argila média 5  SPT  10
Argila rija 10  SPT  19
Argila dura SPT > 19

Tabela 3.8 – Relação entre SPT com compacidade e consistência

Sobrecarga q
No cálculo da tensão admissível por um dos métodos descritos anteriormente, a
sobrecarga q é obtida mediante o somatório dos efeitos do peso próprio em cada
camada acima da cota de assentamento da fundação, onde o SISEs busca
automaticamente os pesos específicos na tabela 3.2, conforme SPT de cada cota.

Método de Cálculo Adotado


No arquivo de critérios, o usuário define o método de cálculo das tensões admissíveis,
clicando em “Capacidade de Carga”, podendo ser 1, 2 e até 3 escolhas, para o caso de
fundação superficial ou 1 e 2 procedimentos para o caso de tubulão.
Além desses métodos de cálculo descritos, é possível também que o usuário imponha
um valor de tensão admissível, devendo ser em kgf/cm2, nessa mesma tela de
“Arquivos de Critérios” o qual valerá para todos os elementos de fundação do mesmo
tipo.
Ou dentro do “Editor de Fundação” da pasta infra, definir um valor de tensão
admissível para cada elemento de fundação de forma independente.
Com esses valores de tensões admissíveis, o SISES, após a geração e processamento e a
emissão de resultados, apresenta relatórios comparando-os com as tensões atuantes em
cada ponto da fundação para cada um dos casos de cálculo adotados.

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Relatórios de Tensão
A impressão dos resultados comparativos de tensões admissíveis com atuantes segue a
seguinte etapas:
1) Cada elemento de fundação (EF) conduz a um a, denominado de Tensão
Admissível Local;
2) Determina-se uma tensão admissível representativa para toda a obra (a
mínimo) – denominado de Tensão Admissível Global; o qual é calculado para
cada método escolhido tomando-se o menor valor dentre todos os EF de um
mesmo tipo da obra.
3) Calcula-se a porcentagem de área de cada EF que está acima da tensão
admissível local e global.
4) Calcula-se a tensão média aritmética atuante em cada EF que é comparada
com TAL e TAM.

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Capacidade de Carga do Solo – Tubulões 21

4. Capacidade de Carga do Solo –


Tubulões
O cálculo da capacidade de carga do solo, que no caso de tubulões é a tensão de
ruptura, depende das características do maciço de solo, da geometria do elemento de
fundação e de sua profundidade de assentamento. Define-se então a tensão de ruptura
ou capacidade de carga do sistema base do tubulão-solo pela nomenclatura  R .

A tensão admissível do solo é obtida introduzindo-se fatores de segurança sobre a


tensão de ruptura. Cada método de cálculo / autor possui seu conjunto de fatores.

A NBR 6122:1996 menciona quatro critérios que podem ser usados para a
determinação da tensão de admissível (a):

1 - Métodos teóricos: teoria de TERZAGHI com fatores de VESIC ou outros;


2 - Prova de Carga: baseado na curva de carga-recalque;
3 - Métodos semi-empíricos: para fundação profunda, tendo-se os métodos de Aoki-
Velloso, Décourt-Quaresma, etc.;
4 - Métodos Empíricos: Tabela das Tensões Básicas na NBR 6122/96 ou outras
correlações (SPT).

No SISEs foram implementados dois métodos de cálculo de tensão admissível para


tubulões:

1 - Formulação Teórica por TERZAGHI & SKEMPTON;


2 - Correlação Empírica por SPT;

4.1. Formulação Teórica de TERZAGHI &


SKEMPTON
Para o cálculo da capacidade de carga do solo (  R ), para tubulões, são utilizadas as
expressões desenvolvidas por Skempton para argilas e por Terzaghi para areias:

Argilas
A relação para cálculo da tensão admissível é expressa por:

Cu  N c
a  q
3,0
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22 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Cu : coesão obtida em ensaio rápido, definido na tabela 3.4;


Nc : é um fator de forma obtido em função da relação profundidade e diâmetro da base,
tabela 4.1;
j
q    h , ou q    i 1 , sobrecarga em FL-2, onde q é a sobrecarga na cota j, i é a
i 1

i-ésima cota de espessura unitária que possui o peso especifico  i , com i = 1,.., j.

L/D Nc
0 6,2
0,25 6,7
0,50 7,1
0,75 7,4
1,00 7,7
1,50 8,1
2,00 8,4
2,50 8,6
3,00 8,8
4 9,0

Tabela 4.1 – Relação de profundidade e diâmetro da base com o fator de forma Nc

Areias
A relação para cálculo da tensão admissível para areia é expressa por:

0,5    D  N '  S  q  N q '  S q


a 
3,0

Onde
 : peso específico efetivo da camada;
D : diâmetro da base do tubulão;
S  = 0,6, ver tabela 3.1 (seção circular);
q : sobrecarga efetiva no nível de apoio limitada a um valor máximo calculado a
“10*D” de profundidade;
S q = 1,0, ver tabela 3.1 (seção circular);
N q' e N' : fatores de capacidade carga, ver figura 3.3.

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Capacidade de Carga do Solo – Tubulões 23

4.2. Correlação Empírica por SPT


Este método é muito aplicado no meio técnico, onde o valor médio do SPT considerado
é a média dos valores dentro do bulbo de pressões, estimado até uma distância de 2
vezes o diâmetro da base (B) (Figura 4.1).

Figura 4.1 – Cálculo do SPT médio dentro do bulbo de pressões

A relação da tensão admissível é dada por:

SPTmédio
a  (kgf / cm 2 ) com 10  SPTmédio  40
4,0

de modo que os valores desta relação deve ser limitados a:

 a  5,0 kgf / cm2  argilas


 a  8,0 kgf / cm2  areias

As mesmas observações descritas no item 3.4 valem para a Capacidade de Carga do


Solo em Tubulões.

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24 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

5. Coeficiente de Reação Vertical (CRV) –


Sapatas e Tubulões
Para considerar a influência do solo junto à fundação, usou-se a hipótese de Winkler,
onde se estabelece que as pressões aplicadas sejam proporcionais, em uma relação
escalar, ao recalque mobilizado. Não havendo influência entre o ponto de aplicação
desta pressão com sua vizinhança.

Considerando esta hipótese, estabelece uma relação discreta (pontual) entre fundação-
solo, mediante a definição de uma constante de mola que representará a rigidez do
maciço. Para isto, é necessário definir o valor de Kv o qual é denominado de
Coeficiente de Reação Vertical (CRV). Este é um valor escalar que representa o
coeficiente de rigidez que o solo possui para resistir ao deslocamento mobilizado por
uma pressão imposta. Ele é análogo ao coeficiente de mola, mas não relacionado a uma
força, mas sim a uma pressão (força por área), de acordo com o exemplo esquemático
na figura 1:

F=k.d P = kv . d

F P
F

d
d

k
kv

a) b)

Figura 5.1
a) coeficiente de mola, quociente entre força – deslocamento;
b) coeficiente de reação vertical, quociente entre pressão – deslocamento.

Neste sentido, este texto descreve vários métodos, os quais foram implementados no
SISEs, para obtenção deste coeficiente. Ele pode ser obtido por três diferentes
maneiras: 1) Valores padronizados; 2) Ensaio de Placa; e 3) Recalque vertical estimado.

A seguir, são definidas e apresentadas cada uma dessas categorias, bem como seus
métodos e particularidades, que foram implementados no SISEs.

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 25

5.1. Métodos Implementados


Os métodos implementados no SISEs para a determinação do coeficiente de reação
vertical (CRV) do solo são:

1. VALORES PADRONIZADOS (VP)


Vários pesquisadores apresentam tabelas e ábacos que relacionam o módulo de reação
vertical com o tipo de solo. Estes valores foram obtidos em ensaios in situ em regiões e
condições específicas, conforme podem ser averiguados nas referências bibliográficas
indicadas. Assim, os seus valores podem não ser representativos em certas condições,
devendo ficar a critério do profissional o seu uso. Foram considerados três métodos
nesta categoria, os quais são:

1.a) Tipo de Solo;


1.b) SPT – Tensão Admissível;
1.c) Tipo de Solo - Tensão Admissível.

2. ENSAIO DE PLACA (EP)


São chamados também de métodos racionais, onde os parâmetros de deformabilidade
são obtidos in situ ou em laboratórios mediante o ensaio de provas de carga em placas.
Os ensaios mais conhecidos são os apresentados nas tabelas de:

2.a) Terzaghi;
2.b) Outros autores.

3. RECALQUE VERTICAL ESTIMADO (RE)


De acordo com a definição de módulo de reação vertical, que pode ser escrito como:

kv  P
d

é possível estimar o coeficiente vertical (Kv) a partir do cálculo do recalque da


fundação sobre o maciço mobilizado por uma pressão unitária. Os métodos
desenvolvidos então nesta categoria foram:

3.a) Teoria da Elasticidade / Valor Típico;


3.b) Teoria da Elasticidade / SCHMERTMANN;
3.c) Teoria da Elasticidade / TEIXEIRA & GODOY;
3.d) Método de SCHULTZE & SHERIF;
3.e) Método de PARRY;
3.f) Método de BOUSSINESQ;
3.g) Método de RAUSCH & CESTELLI GUIDI;
3.h) Módulo Edométrico – Tabelas;
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26 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

3.i) Módulo Edométrico – SPT.

5.2. Valores Padronizados


Tipo de Solo
Neste método, os valores do coeficiente de reação vertical (Kv), em FL-3, são
relacionados ao tipo de solo indicados na Tabela de Béton – Kalender de 1962, vide
Tabela 5.1.

Referência bibliográfica: MORAES (1981).

Valores de Kv (em kgf/cm3)


Turva leve-solo pantanoso 0,5 a 1,0
Turva pesada-solo pantanoso 1,0 a 1,5
Areia fina de praia 1,0 a 1,5
Aterro de silte, areia e cascalho 1,0 a 2,0
Argila molhada 2,0 a 3,0
Argila úmida 4,0 a 5,0
Argila seca 6,0 a 8,0
Argila seca endurecida 10,0
Silte compactado com areia e pedra 8,0 a 10,0
Silte compactado com areia e muita pedra 10,0 a 12,0
Cascalho miúdo com areia fina 8,0 a 12,0
Cascalho médio com areia fina 10,0 a 12,0
Cascalho grosso com areia grossa 12,0 a 15,0
Cascalho grosso com pouca areia 15,0 a 20,0
Cascalho grosso com pouca areia compactada 20,0 a 25,0

Tabela 5.1 – Valores de Kv da tabela de Béton – Kalender

SPT – Tensão Admissível


Neste método, obtêm-se a média dos valores do SPT compreendidos dentro do bulbo de
pressões, vide Figura 5.2. Nesta figura, o escalar “cte” é a profundidade para determinar
o bulbo de pressão, e é indicado no arquivo de critérios de projeto ou no editor de
fundações que pode variar de 1 a 3. Com o valor do número de golpes médio, calcula-se
a tensão admissível pela conhecida relação empírica:

 solo  0,20  SPTmédio (kgf/cm2)

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 27

Com as tensões admissíveis estimadas, retira-se da tabela SAFE, MORRISON (1993),


o valor de Kv em kgf/cm3, Tabela 5.2.2.

Referência bibliográfica: MORRISON (1993).

Figura 5.2 – Exemplificação do cálculo do valor médio do SPT dentro do bulbo de pressões.

Tensão Admissível Kv Tensão Admissível Kv


(kgf/cm2) (kgf/cm3) (kgf/cm2) (kgf/cm3)
0,25 0,65 2,15 4,3
0,30 0,78 2,20 4,4
0,35 0,91 2,25 4,5
0,40 1,04 2,30 4,6
0,45 1,17 2,35 4,7
0,50 1,30 2,40 4,8
0,55 1,39 2,45 4,9
0,60 1,48 2,50 5,0
0,65 1,57 2,55 5,1
0,70 1,66 2,60 5,2
0,75 1,75 2,65 5,3
0,80 1,84 2,70 5,4
0,85 1,93 2,75 5,5
0,90 2,02 2,80 5,6
0,95 2,11 2,85 5,7
1,00 2,2 2,90 5,8
1,05 2,29 2,95 5,9
1,10 2,38 3,00 6,0
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28 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

1,15 2,47 3,05 6,1


1,20 2,56 3,10 6,2
1,25 2,65 3,15 6,3
1,30 2,74 3,20 6,4
1,35 2,83 3,25 6,5
1,40 2,92 3,30 6,6
1,45 3,01 3,35 6,7
1,50 3,10 3,40 6,8
1,55 3,19 3,45 6,9
1,60 3,28 3,50 7,0
1,65 3,37 3,55 7,1
1,70 3,46 3,60 7,2
1,75 3,55 3,65 7,3
1,80 3,64 3,70 7,4
1,85 3,73 3,75 7,5
1,90 3,82 3,80 7,6
1,95 3,91 3,85 7,7
2,00 4,0 3,90 7,8
2,05 4,1 3,95 7,9
2,10 4,2 4,0 8,0

Tabela 5.2.2 - Valores para Kv ; SAFE, MORRISON (1993)

Tipo de Solo – Tensão Admissível


Neste método, em função do tipo de solo da camada, retira-se o valor da tensão básica
conforme apresentado na Tabela 4 da NBR 6122:1996, ou na Tabela 5.3, fazendo as
correções de profundidade e de geometria conforme preconiza esta mesma norma para
solos granulares e argilosos.

Com as tensões admissíveis estimadas, retira-se da tabela SAFE, MORRISON (1993),


o valor de Kv em kgf/cm3.

A tabela 5.3 a seguir, que relaciona a descrição do solo e sua tensão admissível, é
reproduzida no SISEs, item arquivo de critérios. Duas novas linhas são adicionadas a
esta tabela, linhas referentes ao item “Conforme SPT” para areia e argila que, em
função da cota de assentamento da fundação e de seu respectivo valor de SPT, busca –
para cada caso de areia e/ou argila – a sua classificação de consistência e compacidade
conforme a tabela 7.1 e o valor da tensão admissível.
Referência bibliográfica: CINTRA et al. (2003), MORRISON (1993).

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 29

Descrição do tipo de solo ** s (MPa)


Rocha sã, maciça, sem laminação 3,0
Rocha laminada, com pequenas fissuras 1,5
Solos granulares concrecionados, conglomerados 1,0
Pedregulho fofo 0,3
Pedregulho compacto a muito compacto 0,6
Argila dura (SPT >19) 0,3
Argila média (6  SPT  10) 0,1
Argila rija(11SPT19) 0,2
Areia muito compacta (SPT >40) 0,5
Areia compacta (19SPT40) 0,4
Areia med. compacta (9SPT18) 0,2
Silte muito compacto (ou duros) 0,3
Silte compactos (ou rijos) 0,3
Silte médio (medianamente compacto) 0,1
** valores válidos para largura de 2 m, em outros casos deve-se fazer correção

Tabela 5.3 – Valores das Tensões básicas (NBR 6122:1996)

Os valores da tabela de tensões básicas devem ser modificados em função das


dimensões e da profundidade do elemento de fundação, além do tipo de solo, conforme
prescrições da NBR 6122:1996.

i) Prescrição Especial para Solos Granulares


Se solo abaixo até 2 vezes a largura da cota de apoio do elemento de fundação é do tipo
(solo granular e areias), corrige-se a tensão básica em função de sua largura (B), de
duas maneiras:

1 - Construções não sensíveis a recalques,


Realiza-se uma redução proporcional à menor largura da fundação, com o uso da
expressão:

 1,5 
 0'   0 1  ( B  2)  2,5   0 ( B  10m)
 8 

2 - Construções sensíveis a recalques:


Caso B > 2m, a NBR 6122/96 recomenda fazer uma verificação dos eventuais efeitos
de recalques. Não se corrige as tensões básicas.
Caso B < 2m, emprega-se a redução proporcional indicada em “Construções não
sensíveis a recalques”.
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30 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Dentro do SISEs, no arquivo de critérios de projeto, é possível definir se a construção é


sensível ou não a recalques, conforme indicação do usuário (default: é sensível a
recalque).

ii) Prescrição Especial para Solos Argilosos


Para solos que sejam argilosos (conforme definido pelo usuário em sondagem), devem-
se reduzir os valores da tabela com a expressão:

10
 0'   0 ( Area da fundacao  10m2 )
Área da fundacao

Esta redução pode ser rigorosa em alguns casos, e no SISEs, seguindo recomendações
indicadas na versão anterior da norma de Fundações, caso este valor reduzido seja
menor que a metade do valor da tabela, usa este último como redução:

 0'   0
10 
 0
Área da fundacao 2

Resumo dos Diversos Métodos –Valores Padronizados


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Vertical com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, propagação de tensões, associação de camadas,
grau de dependência do SPT, etc. Esta tabela tem o objetivo de auxiliar a seleção do
método desejado e apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às
camadas da sondagem.

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 31

Método Tipo Considera Propaga- Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção de ção ção is a dência
calculo Camadas? Tensões Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRV gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo
Tipo de Solo Qquer Não Não Não Sim CRV Nenhum

SPT – Tensão Qquer Sim- Não Sim Não --- Total


Admissível Bulbo
Tipo do Solo Qquer Não Não Não Sim T.Adm. Nenhum
Tensão
Admissível Areia Não Não Sim Não T.Adm. Parcial
Argila

5.3. Ensaio de Placa


Tabela de TERZAGHI
Neste método, os valores de Kv (kgf/cm3) são relacionados ao tipo de solo fornecido
por TERZAGHI (1955) e indicados na Tabela 5.4. Estes valores foram obtidos no
ensaio de uma placa quadrada de lado um pé (30 cm), por isso indicados por k30. Deve
ser então corrigido para considerar o efeito de dimensão e forma, conforme indicação
nas relações abaixo:

Para argilas:  B k


kv  30 30

2
 B  30 
Para areias: kv     k30
 2B 

onde B é o lado menor da sapata, em centímetros.

Referência bibliográfica: VELLOSO & LOPES (1996), TERZAGHI (1955).

Argila Rija Muito rija Dura


faixas de valores 1,6 – 3,2 3,2 – 6,4 > 6,4
valores propostos 2,4 4,8 9,6
Areia Fofa Med. compacta Compacta
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32 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

acima do NA 1,3 4,2 16


abaixo do NA 0,8 2,6 9,6

Tabela 5.4 – Valores de k30 da tabela TERZAGHI (kgf/cm3)

Tabela de Outros Autores


Neste método, os valores de Kv (kgf/cm3) propostos por outros autores são
relacionados ao tipo de solo. Os valores de k30 são apresentados na Tabela 5.5 e
também devem ser corrigidos conforme as expressões do método 5.3.1:

Descrição do tipo de solo k30 (kgf/cm3)


Areia fina de praia 1,0 a 1,5
Areia fofa seca úmida 1,0 a 3,0
Areia média seca úmida 3,0 a 9,0
Areia compacta seca úmida 9,0 a 20,0
Areia pedregulhosa fofa 4,0 a 8,0
Areia pedregulhosa compacta 9,0 a 25,0
Pedregulho arenoso fofo 7,0 a 12,0
Pedregulho arenoso compacto 12,0 a 30,0
Rochas brandas ou alteradas (saprólito) 30,0 a 500,0
Rocha sã 800,0 a 30.000

Tabela 5.5 – Valores de k30 propostos por outros autores

Referência bibliográfica: ACI (1988), CALAVERA (2000), BOWLES (1997).

Resumo dos Diversos Métodos – Ensaios de Placas


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Vertical com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, propagação de tensões, associação de camadas,
grau de dependência do SPT, etc. Esta tabela tem o objetivo de auxiliar a seleção do
método desejado e apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às
camadas da sondagem.

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 33

Método Tipo Considera Propaga- Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção de ção ção is a dência
calculo Camadas? Tensões Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRV gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo

Terzaghi Qquer Não Não Não Sim K30 Nenhum

Outros Autores Qquer Não Não Não Sim K30 Nenhum

5.4. Recalque Vertical Estimado


Teoria da Elasticidade / Valor Típico
Nesta opção, empregam-se as expressões analíticas de MINDLIN, indicadas em
POULOS & DAVIS (1974), que são as respostas exatas de deslocamentos (d) dentro do
meio contínuo semi-infinito homogêneo para um dado carregamento. No caso de se
simular o meio heterogêneo e com o plano do indeslocável em uma posição conhecida,
Figura 5.3b, usa-se o procedimento de STEINBRENNER, POULOS (1967), o qual é
descrito no item 11 desse manual. Para isto é necessário conhecer o módulo de
elasticidade e o coeficiente de Poisson do solo em cada camada.

O módulo de elasticidade é obtido conforme os valores sugeridos pela tabela 5.6. O


coeficiente de Poisson do solo é indicado na tabela 5.7, valores sugeridos por
TEIXEIRA & GODOY (1996).

Referência bibliográfica: TEIXEIRA & GODOY (1996), POULOS & DAVIS (1974),
POULOS (1967).

Descrição do tipo de solo E (kgf/cm2)


Argila conforme SPT *
Areia conforme SPT *
Areia normal adensada E = 5 (SPT+5)
Areia sobreadensada E = 180+(7,5.SPT)
Argila terciária de SP E = 55,4+(25,9.SPT)
Areia fofa (SPT <= 4) 50
Areia pouco compacta (SPT 5 a 8) 200
Areia medianamente compacta (SPT 9 a 18) 500
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34 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Areia compacta (SPT 19 a 40) 700


Areia muito compacta (SPT > 40) 900
Argila muito mole (SPT <= 2) 10
Argila mole (SPT 2 a 5) 20
Argila média (SPT 6 a 10) 50
Argila rija (SPT 11 a 19) 80
Argila dura (SPT > 19) 150

Tabela 5.6 – Valores típicos para o módulo de elasticidade do solo

Descrição do tipo de solo 


Argila conforme SPT *
Areia conforme SPT *
Areia fofa (SPT <= 4) 0,30
Areia pouco compacta (SPT 5 a 8) 0,29
Areia medianamente compacta (SPT 9 a 18) 0,28
Areia compacta (SPT 19 a 40) 0,27
Areia muito compacta (SPT > 40) 0,26
Argila muito mole (SPT <= 2) 0,24
Argila mole (SPT 2 a 5) 0,23
Argila média (SPT 6 a 10) 0,22
Argila rija (SPT 11 a 19) 0,21
Argila dura (SPT > 19) 0,21

Tabela 5.7 – Valores sugeridos para o coeficiente de Poisson do solo

O recalque (d) abaixo do vértice de uma área retangular carregada com carga
uniformemente constante - Figura 5.3a - é dado pela equação indicada em Poulos &
Davis (1974). Esta relação foi desenvolvida para o cálculo do recalque apenas no
vértice, assim, para calcular o recalque no seu centro, é necessário dividi-la em quatro
regiões retangulares, ou seja, usar a metade do valor de seus lados e multiplicar por
quatro para obter o recalque central, ou seja, a expressão de Poulos & Davis (1974) fica
redigida por:
.
4 p b 1  2
d  
 1  2   A  
1 

 B
E  
Onde:

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 35

  1  m2  n2  m2   
  m  n 1  m  n  1 
2 2
1
A n
2   1  m 2  n 2  m 2 

 1  m2  n2  1
 

n  m 
B  arctg  

2  n  1 m  n
2 2

mL
b
n z
b
Com
p: carga uniformemente distribuída, no SISEs; p = 1kgf/cm2;
b: metade do menor lado da fundação;
L: metade do maior lado da fundação;
E: módulo de elasticidade;
 : coeficiente de Poisson;
d: recalque calculado

Figura 5.3a – Localização e variáveis para cálculo do recalque de uma área retangular.

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36 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura


  p=1


 


 

plano indeslocável
Figura 5.3b – Maciço de solos heterogêneo e com plano indeslocável a distância h.

Teoria da Elasticidade / SCHMERTMANN


Este método utiliza a mesma formulação do item 5.4.1, empregando também o
procedimento de Steinbrenner. Mas o módulo de elasticidade é obtido conforme
proposto por SCHMERTMANN (1978), sendo dado pela relação:

E  3  K  SPT ( MPa )

onde K depende do tipo de solo. Na Tabela 5.8 são apresentados seus valores típicos
propostos por TEIXEIRA (1993):

Descrição do tipo de solo K (MPa)


Areia com pedregulhos 1,10
Areia 0,90
Areia Siltosa 0,70
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,30
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,20

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 37

Tabela 5.8 – Valores sugeridos de K


Referência bibliográfica: CINTRA et al. (2003), SCHMERTMANN (1978),
TEIXEIRA (1993).

Teoria da Elasticidade / TEIXEIRA & GODOY


Este método utiliza a mesma formulação do item 5.4.1, empregando também o
procedimento de Steinbrenner. Mas o módulo de elasticidade é obtido conforme
proposto por TEIXIERA & GODOY (1996) que estabelece a seguinte relação para
fundações diretas:

E    K  SPT (MPa )

onde  é um coeficiente que correlaciona a resistência de ponta (qc) com o SPT. Seus
valores para a areia e argila foram propostos por TROFIMENKOV (1974) e são
apresentados na Tabela 5.9. O coeficiente K é o mesmo utilizado no item 5.4.2 e
apresentado na Tabela 5.8.

Descrição do tipo de solo 


Areia 3
Silte 5
Argila 7

Tabela 5.9 – Valores sugeridos de .

Referência bibliográfica: CINTRA et al. (2003), SCHMERTMANN (1978),


TEIXEIRA (1993).

Método de SCHULTZE & SHERIF


Este modelo é utilizado para a estimativa de recalques em solos arenosos, sendo a
expressão utilizada para o cálculo do valor deste recalque dada por:

S  P  Fr
d
SPT 0,87
 (1  0,4  Dr )
médio B

Com:

d – recalque vertical (cm);


S – o coeficiente de recalque (cm3/kgf), conforme Figura 5.4;
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38 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Dr – profundidade da fundação (m);


B – largura da fundação (m);
P – pressão aplicada pela fundação sobre o solo (kgf/cm2);
SPTmédio – valor médio obtido conforme descrito e exemplificado na Figura 5.2;
Fr – fator de redução, conforme Tabela 5.10;
DS – espessura entre a cota de assentamento da fundação e a cota do indeslocável (m);

100
80 L/B = 1
L/B = 2
60
Coeficiente de recalque S (cm /kg)

L/B = 5
L/B = 100
40
3

20

10
8
6

1
0,5 1 2 3 4 5 10 20 30 40 50
Largura da fundação B (m)

Figura 5.4 – Relação entre o coeficiente de recalque versus largura da fundação do método
de Schultze & Sherif.

L/B
1 2 5 100
Ds / B
2 1 1 1 1
1,5 0,91 0,89 0,87 0,85
1,0 0,76 0,72 0,69 0,65
0,5 0,52 0,48 0,43 0,39

Tabela 5.10 – Valores dos fatores de redução - Fr

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 39

p=1 Dr

DS

plano indeslocável
Figura 5.5 – Definição dos parâmetros empregados no método de SCHULTZE & SHERIF.

Referência bibliográfica: SCHULTZE & SHERIF (1973), MOURA (1995).

Método de PARRY
Este modelo é utilizado para a estimativa de recalques em solos arenosos, sendo a
expressão utilizada para o cálculo do valor deste recalque dada por:

SPT Parry
d
B  a  CW  C D  CT

Com:
d – recalque vertical (m);
SPT Parry – valor médio do SPT;
B – largura da fundação (m), vide Figura 5.6;
a – constante igual a 3x10– 4 ( m2/kN);
CD – coeficiente de influência da profundidade, vide figura 5.7;
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40 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

CT – coeficiente de correção da espessura da camada compressível, vide Figura 5.8;


CW – coeficiente de correção da influência do lençol freático, veja relações a seguir.

O valor de SPT Parry é obtido mediante o emprego da seguinte relação:

3  N1  2  N 2  N3
SPT Parry 
6

onde se deve considerar os valores de N1 , N 2 e N3 conforme esquematizado na Figura


5.9.
Os valores de CW são dados de acordo com as expressões abaixo:

Dw
CW  1  quando 0  Dw  De
De  0,75  B
Dw  2  B  De  Dw 
CW  1  quando De  Dw  2  B
2  B  De  0,75  B 

CW  1 quando 2  B  Dw

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 41

p=1 De
Dw

NA

2B T

plano indeslocável
Figura 5.6 – Definição dos parâmetros empregados no método de Parry.

3
CD

1
0 2 4 6 8 10
De/B

Figura 5.7 – Coeficiente de influência da profundidade, PARRY (1971).


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42 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

1,0

CT

0,5

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
T/B

Figura 5.8 – Coeficiente de correção da espessura da camada compressível, PARRY (1971).

SPTi

SPTj
B
SPTk
0,75B
N1
SPT
m
1,5B
SPT
n

SPT
o N2 2B
SPT
p

SPTq

SPTr N3
SPTs

SPT
t
N 1 = (SPT j + SPTk+ SPTm) / 3
SPT
u
N 2 = (SPTn + SPTo+ SPTp ) / 3
SPT
v N 3 = (SPTq + SPTr + SPTs+ SPTt ) / 4

Figura 5.9 – Exemplificação do cálculo do valor médio do SPT dentro do bulbo de


pressões para o método de PARRY.

Referência bibliográfica: PARRY (1971), PARRY (1978), MOURA (1995).


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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 43

Método de BOUSSINESQ
Neste método, calcula-se o recalque do meio elástico mediante a expressão de
BOUSSINESQ, aplicada a uma placa circular admitida rígida e submetida a uma
pressão constante. A relação é dada por:

2  E0
kv  (kgf/cm3)
R    (1  2 )

Com:

E0 : módulo edométrico do solo, obtido conforme a tabela 5.11;


R: raio da placa de fundação, para as fundações retangulares, usou-se um raio
equivalente (cm);
: coeficiente de Poisson, obtido conforme tabela 5.7.

Descrição do tipo de solo E0 (kgf/cm2)


Turfa 1a5
Argila molhada 15 a 40
Argila plástica 40 a 80
Argila endurecida – plástica 80 a 150
Areia solta 100 a 200
Areia compacta 500 a 800

Tabela 5.11 – Valores do módulo edométrico sugeridos por CESTELLI


GUIDI (Moraes, 1981)

Referência bibliográfica: MORAES (1981).

Método de RAUSCH & CESTELLI GUIDI


Neste método os valores de Kv (kgf/cm3) são obtidos mediante o uso da
expressão:

E0
kv  (tf/m3)
f F

Com:
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44 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

E0: módulo edométrico do solo, obtido conforme a tabela 5.11;


f: coeficiente adimensional que depende da área da fundação, de valor
admitido constante igual a 0,4;
F: área da fundação em m2.

Referência bibliográfica: MORAES (1981).

Módulo Edométrico – Tabelas


Neste método, o recalque é estimado com o uso da expressão:

NSPT
 i  H i
d 
i k ( E0 ) i

Com:

NSPT: número total de golpes medidos na sondagem;


k: primeira camada subjacente a cota de assentamento da fundação;
 i : valor da tensão na cota i que resulta da aplicação da pressão unitária na
cota k;
Hi: espessura da camada i, que é igual a 1m;
( E0 )i : módulo edométrico da camada i do solo, obtido conforme a tabela
5.11.

A expressão acima indica que se deve calcular a contribuição de cada camada


para o recalque total. Assim, em função da pressão unitária admitida aplicada
na cota de assentamento da fundação, obtêm-se a tensão mobilizada ao longo
de todas as camadas subjacentes, bem como o seu módulo edométrico e sua
espessura. Admite-se a espessura como a distância entre a medida de um SPT
e seu adjacente, ou seja, igual a 1m.

Com a medida final do recalque e admitindo uma pressão unitária aplicada,


pode-se chegar ao valor do módulo de reação vertical, usando a definição de
Winkler:

kv  P  1
d d

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 45

SPT
(E0 )k-2 p=1
(E0 )k-1
(E0 )k %(p)=k

(E0 )k+1 %(p)=k+1

%(p)=k+2

(E0 )NSPT %(p)=NSPT

plano indeslocável

Figura 5.10 – Exemplificação dos parâmetros empregados no método


Módulo Edométrico.

É possível fazer a determinação da propagação de tensões ao longo das camadas


por três procedimentos, os quais são usados no SISEs:

i) método Simplificado;
ii) método de Boussinesq;
iii) método de Love.

Cada um deles é descrito a seguir.

i) Método Simplificado
A propagação da tensão é feita tomando-se como hipótese um decréscimo linear
de seu valor ao longo da profundidade, de razão definida a priori pelo usuário.
Assim, seja a Figura 5.11, a tensão aplicada na base da fundação é dada por:

 0  F BL

Ao longo da profundidade esta tensão é propagada linearmente, valendo para


uma cota genérica z:

F BL
 Z   0 
B  2Z
X   L  2Z
X  B    L 
2Z
X
2Z
X 
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46 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

O valor da variável “X” é fornecido no arquivo de critérios de projeto sendo


BL
que  1 e indica o índice de propagação da tensão ao
B  2XZ   L  2XZ 
longo da profundidade.

F
B

Z x /X
1 2.Z
L+

B+2.Z / X

Figura 5.11 – Propagação de tensão com hipótese de decréscimo linear.

ii) Método de Boussinesq


Em BOUSSINESQ (1885) são apresentadas primeiramente as expressões,
obtidas via resolução das relações da elasticidade, para cálculo de
deslocamentos e tensões dentro de um meio homogêneo, elástico e semi-
infinito mobilizados ao se aplicar uma força vertical concentrada na
superfície livre deste meio. A partir de então vários autores generalizaram
estas expressões, considerando casos como pressões distribuídas em uma área
retangular, circular, parabólica, cônico, etc.

Assim, têm-se as expressões de HOLL (1940) que apresenta as relações de


tensões e deslocamentos mobilizados no meio em conseqüência de um
carregamento vertical, retangular e uniforme aplicado na superfície,
conforme exemplificado na Figura 5.12 indicado na expressão abaixo:

p 
  LB LBh  1 1  
 z (h)   arctg     2  2  
2  
 
 h  R3 R3  1
R R 2  
 

Com:

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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 47

R1  L  h 
2 2

R2  B  h 
2 2

R3  L2  B2  h 2
B

L p

h z


z
h

Figura 5.12 – Meio elástico, homogêneo e semi-infinito sujeito a um


carregamento vertical, retangular e uniforme.

Referência bibliográfica: BOUSSINESQ (1885), HOLL (1940), POULOS


& DAVIS (1974).

iii) Método de Love


LOVE (1945) apresentou as relações obtidas pela teoria da elasticidade,
também derivadas de BOUSSINESQ (1885), para o caso da aplicação de um
carregamento vertical, circular e uniforme, onde a expressão para a tensão na
direção z é dada por:

   2
3


   
 z (h)  p  1  
1
 2
 1  a  

 

 
 h  

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48 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

p
x

h z


z
h

Figura 5.13 – Meio elástico, homogêneo e semi-infinito sujeito a um


carregamento vertical, circular e uniforme.

Módulo Edométrico – SPT


Este método é similar ao apresentado no item 5.4.8, mas o módulo edométrico é
calculado mediante uma correlação com o número de golpes, o SPT, o qual fora
proposto por SCHULTZE & MENZENBACH (1961). A relação é dada por:

E0 i  C1  C2  SPT i


onde i é uma camada genérica do maciço. As constantes C1 e C2 são indicadas na
tabela 5.12.

Descrição do tipo de solo C1 C2


Areia fina abaixo do lençol de água 71 4,9
Areia fina acima do lençol de água 52 3,3
Areia 39 4,5
Areia argilosa 43,8 11,8
Areia e argila 38 10,5
Areia fofa 24 5,3

Tabela 5.12 – Constantes (bar/golpe) usadas na determinação do módulo edométrico


mediante o SPT
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Coeficiente de Reação Vertical (CRV) – Sapatas e Tubulões 49

Referência bibliográfica: SCHULTZE & MENZENBACH (1961).

Resumo dos Diversos Métodos – Recalque Vertical


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Vertical com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, propagação de tensões, associação de camadas,
grau de dependência do SPT, etc. Esta tabela tem o objetivo de auxiliar a seleção do
método desejado e apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às
camadas da sondagem.

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50 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Método Tipo Considera Propaga- Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção de ção ção is a dência
calculo Camadas? Tensões Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRV gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo
Areia
Elasticidade Argila Sim-St/Po Não Sim Não --- Total
Valor Típico
Areia
Argila Sim-St/Po Não Não Sim E, Ni Nenhum
Outro
Elasticidade
Schmertmann Qquer Sim-St/Po Não Sim Sim K e Ni Parcial

Elasticidade
Teixeira Godoy Qquer Sim-St/Po Não Sim Sim Alfa, K Parcial
Ni
Schultze
& Areia Sim- Não Sim Não --- Total
Sherif Bulbo

Parry Areia Sim- Não Sim Não --- Total


Bulbo

Boussinesq Qquer Não Não Não Sim Eo e Ni Nenhum

Rausch &
Cestelli Guidi Qquer Não Não Não Sim Eo Nenhum

Módulo
Edométrico Qquer Sim Sim Não Sim Eo Nenhum
Tabelas
Módulo
Edométrico Qquer Sim Sim Sim Sim C1 e C2 Parcial
SPT

St/Po: Recalque através de proposição por Steinbrenner, Poulos (1967)

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Coeficiente de Reação Horizontal (CRH) – Sapatas e Tubulões 51

6. Coeficiente de Reação Horizontal


(CRH) – Sapatas e Tubulões
6.1. Sapatas
Para o caso de fundações rasas, a consideração dos deslocamentos devido a forças
horizontais é de difícil equacionamento, pois se tem que levar em conta o coeficiente de
atrito sapata-solo. Trata-se de um problema típico de contato.

No SISEs, para o caso de fundações diretas, tipo sapatas, o Coeficiente de Reação


Horizontal (CRH) do solo é estimado como uma parcela do Coeficiente de Reação
Vertical (CRV).

6.2. Tubulões
Para o caso de fundações profundas, a consideração dos efeitos horizontais é muito
importante. Neste sentido, define-se o CRH, Coeficiente de Reação Horizontal, que
possui a mesma interpretação física do CRV, mas relativos ao quociente entre as
pressões horizontais ( Ph ) e o seu recalque d h .

Ou seja, ele fica expresso como:

Ph
kh 
dh

Neste sentido, foram implementados dois métodos clássicos da literatura para a


inserção deste coeficiente no SISEs para os elementos de fundação do tipo tubulão. Eles
foram:

1) CRH - Tipo de solo;


2) CRH - Conforme SPT/m;

Tipo de Solo
Neste método a proporcionalidade entre tensão e o deslocamento é caracterizada pelo
denominado Módulo de Reação Horizontal (K), com unidade de FL-2.

Para este método, consideram-se dois tipos de solo de referência para o seu cálculo. Os
solos argilosos pré-adensados e as areias e as argilas normalmente adensadas.

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52 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

No caso de argilas pré-adensadas, mostra-se que o CRH não varia com a


profundidade, ou seja, este valor é constante, dependendo apenas do seu tipo de
consistência. Neste sentido, a Tabela 6.1 é adaptada de TERZAGHI (1955) para este
caso:

Descrição do tipo de solo K (kgf/cm2)


Argila Média 8
Argila Rija 50
Argila Muito Rija 100
Argila Dura 195

Tabela 6.1 – Valores do CRH para argila pré-adensadas conforme Terzaghi (1955)

Para as areias puras ou argilas moles, a rigidez aumenta com a profundidade em


função da maior pressão geostática. Isto é indicado pela seguinte relação:

K   h  z i

Onde  h é uma constante tabelada e depende do tipo do solo e z é a profundidade de


cálculo do CRH. Os valores de  h foram propostos por TERZAGHI (1955) e são
indicados na tabela 6.2.

Descrição do tipo de solo h seco h saturado


Areia fofa 0,26 0,15
Areia med. compacta 0,80 0,50
Areia compacta 2,00 1,25
Argila muito mole 0,06 0,06
Argila mole 0,08 0,08
Silte muito mole fofo 0,055 0,055

Tabela 6.2 – Valores da constante do coeficiente de reação horizontal - h



(kgf/cm3) para areia ou argila norm. adensada conforme TERZAGHI (1955)

Desta forma, a constante de mola do modelo de WINKLER é obtida multiplicando o


Módulo de Reação Horizontal (K) pelo quinhão do comprimento do tubulão, de forma a
se escrever:

kh  K  l

Onde ∆l é o comprimento de influência da fundação, no presente caso, computa-se a


influência de cota do SPT, assim ∆l = 1 m.
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Coeficiente de Reação Horizontal (CRH) – Sapatas e Tubulões 53

Referência bibliográfica: TEIXEIRA& GODOY (1996), Terzaghi (1955).

Conforme SPT/m
Nesta formulação, apresentada por Waldemar Tietz em TIETZ (Década de 70), utiliza-
se um coeficiente de proporcionalidade (m), com unidade FL-4, que caracteriza a
variação do coeficiente horizontal em relação ao tipo do solo. Essa formulação é
originalmente aplicada a tubulões com mais de 1m de diâmetro. Este coeficiente
depende do tipo de solo, sua consistência ou compacidade e do intervalo do SPT da sua
camada, ver valores nas Tabelas 6.3 e 6.4.
Desta forma, a constante de mola do modelo de Winkler é obtida multiplicando este
coeficiente de proporcionalidade (m) pelo quinhão do comprimento do tubulão, pela
profundidade da camada e pelo diâmetro do fuste, de forma a se escrever para uma
camada genérica i:

kh i  m  z  D  l i

SOLO ARGILOSO CONSISTÊNCIA SPT m (tf/m4)


Turfa Meio líquido 0 25
Argila Muito mole 1 75
Argila Mole 3 150
Argila Média 6 300
Argila Rija 12 500
Argila Muito rija 22 700
Argila Dura 30 900

Tabela 6.3 – Valores de m (tf/m4) para argila

SOLO ARENOSO COMPACIDADE SPT m (tf/m4)


Areia Fofa 1 150
Silte Pouco compacta 7 300
Silte Medianamente c. 20 500
Areia Compacta 40 800
Argila Muito compacta 50 1500

Tabela 6.4 – Valores de m (tf/m4) para areia

Referência bibliográfica: TIETZ (Década 70), SCHAFFER, A. (1995).

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54 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Resumo dos Diversos Métodos


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Horizontal com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, associação de camadas, grau de dependência do
SPT, etc. Esta tabela também o objetivo de auxiliar a seleção do método desejado e
apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às camadas da
sondagem.

Método Tipo Considera Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção ção is a dência
calculo Camadas? Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRH gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo

Tipo Argila Sim Não Sim Kh Nenhum


do Dura
Solo Areia
Argilas Sim Não Sim nh Nenhum
moles
SPT/m Argila Sim Sim Não ---- Total
Areia

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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 55

7. Correções sobre CRV e tensão em


sapatas
As tensões atuantes em cada elemento de fundação superficial (sapatas/radiers) não
possuem uma distribuição constante para as fundações flexíveis, conforme indicado
pelas referências de TEIXEIRA & GODOY (1996), VELLOSO & LOPES (1996) e
esquematizados na Figura 7.1. Dessa forma, para simular essa distribuição não
constante entre fundação/solo, desenvolveram-se duas metodologias para simular esse
efeito.

Figura 7.1 - Pressão de contato para fundação flexível – Adap. de Borowicka (1936, 1938)

A primeira, denominada de ”Modelo de Correção do Coeficiente de Mola”, atua sobre


o valor de CRV de elemento de fundação. Assim, independentemente do Método de
Cálculo do CRV escolhido, aplica-se um ponderador sobre esse valor, levando a
influência do solo variar de ponto a ponto da fundação. Assim, as análises de esforços,
recalques e tensões do projeto são realizadas sobre essa configuração.
A segunda, denominada de “Modelo de Pressão de Contato”, realiza a correção de
contato entre a fundação/solo sobre as tensões constantes obtidas na análise
convencional. Essa correção é realizada em função de características mecânicas e
geométricas do conjunto fundação/solo, mediante um fator de rigidez relativo - K r .
Em seguida, são apresentados com mais detalhes os procedimentos de cálculo das
tensões de contato fundação/solo desenvolvidos no SISES.
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56 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Modelo de Correção do Coeficiente de Mola


Para diversos casos de rigidez relativa entre solo-sapata, se obtém - via Teoria da
Elasticidade - valores de deslocamentos para os pontos da sapata, os quais geram uma
curva de recalque, a qual é empregada para determinar um coeficiente de rigidez em
cada ponto da sapata. Veja exemplo.
Seja a sapata com um pilar em uma determinada posição, conforme Figura 7.2a. Os
deslocamentos calculados (via Teoria da Elasticidade, já considerando a sapata, sua
rigidez, geometria, tipo de solo), estão esquematicamente indicados na Figura 7.2b.

Pilar

Pilar

Figura 7.2a – Planta Sapata – Pilar

P=1
P=1

w = 0,15
i

w = 0,54
2
w = 0,15
i
w1= 1
w = 0,54
2
Figura 7.2b – Vista Sapata - Pilar
w=1
A relação entre recalque (w) e1 força aplicada (P) é dada pela relação clássica:
P  kw
1
ou para o caso de força unitária: k
w
Assim, para os deslocamentos exemplificados e indicados na Figura 7.2b, têm-se os
coeficientes de molas, os quais são apresentados na Figura 7.3:

1 1 1
k1   1 ; k 2   1,85 ; k i   6,67
1 0,54 0,15
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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 57

P=1

k1=1 k 2=1,85 k i=6,67

Figura 7.3 – Valores de mola distintos na mesma sapata

O valor do coeficiente de mola calculado conforme método escolhido em “Critérios de


Projeto” (k SISEs ) é então ponderado da seguinte maneira:


kiSISEs  k SISEs  ki 
Veja o modelo adotado esquematicamente nas Figuras 7.4a e 7.4b.

Sises
k : igual p/ todos os nós

k Sises k Sises k Sises

Figura 7.4a – Obtenção do CRV constante para toda a fundação

Sises
k : diferente p/ cada nó da sapata

Sises Sises
k1 = k * (k )
1
Sises Sises Sises Sises
k2 = k * (k ) ki = k * (k )
2 i

Figura 7.4b – Modelo de correção do CRV na fundação

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58 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

A avaliação do recalque fora tomado seguinte modelo da teoria da Elasticidade, de


modo a considerar a sapata integrada com o solo homogêneo, seguindo referência de
Poulos & Davis (1974).
Estes deslocamentos foram calculados em uma rotina específica para quatro (4)
posições do pilar sobre a sapata, indicados na Figura 7.5.

Pilar no centro Pilar no bordo

Pilar no canto Pilar no meio do quadrante

Figura 7.5 – Modelos considerados para posição do pilar na sapata

Foi aproximada então uma curva de ajuste para os quatro (4) casos, de modo que para
cada uma destas posições do pilar na sapata, é possível obter o deslocamento de certo
ponto qualquer da sapata. Normalizaram-se os deslocamentos para ponderá-los no
intervalo de 0 a 1.
Isto é feito também para dois (2) casos de geometria de sapata, de comprimento L e
L L
largura B:  1;  2 ; onde se notou que os valores não se alteravam
B B
significativamente para outras escalas.
Além das curvas para os diferentes fatores de geometria, também se considerou a
relação entre rigidez sapata/solo, com o parâmetro kr dado por:

kr  

1 1  solo
2


E sapata H
 
3


6 1  sapata
2

E solo R

Onde se gerou resultados para dois tipos de kr: kr = 1 e kr = 0,05.

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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 59

Desse modo, com os dados da geometria de cada fundação, das propriedades mecânicas
conhecidas (Módulo de Young e Coeficiente de Poisson) tanto da fundação como do
solo, via dados de Sondagens, calcula-se o fator de rigidez relativa entre fundação/solo
(kr). Em seguida, em função da posição excêntrica do pilar sobre a fundação, de modo a
se enquadrar em um dos quatro casos possíveis indicados na Figura 7.5, se obtém os
coeficientes ponderados de mola e realiza a operação conforme esquematizado na
Figura 7.4b.

Exemplo 7.1: Sapata semi-flexível – Pilar Centrado


Seja a sapata e o solo com as seguintes propriedades:

HSAPATA = 0,15 m SAPATA = 0,2 SOLO = 0,25


ESAPATA = 210 000 kgf/cm2 ESolo = 300 kgf/cm2
Raio = 0,5 m

Gerando o fator de rigidez Kr = 3


Define-se os seguintes pontos sobre a sapata, Figura 7.5.
Para o caso do pilar no centro da sapata, os valores de deslocamento vertical e dos
coeficientes de mola vertical são calculados e descritos a seguir.

Pto 1 : w = 0,7 → k1 = 1,5


Pto 2 : w = 0,7 → k2 = 1,5
Pto 3 : w = 0,7 → k3 = 1,5
Pto 4 : w = 0,7 → k4 = 1,5
Pto 5 : w = 1 → k5 = 1
Pto 6 : w = 0,9 → k6 = 1,2
Pto 7 : w = 0,8 → k7 = 1,25

1m
Pto3 Pto4

Pto5
Pto7 1m

Pto6

Pto1 Pto2

Figura 7.5 – Indicação dos pontos da sapata e com pilar central

Exemplo 7.2: Sapata flexível– Pilar Centrado


Seja a sapata e o solo com as seguintes propriedades:

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HSAPATA = 0,05 m = 5cm SAPATA = 0,2 SOLO = 0,25


ESAPATA = 210 000 kgf/cm2 ESolo = 700 kgf/cm2
Raio = 0,5 m

Gerando o fator de rigidez Kr = 0,05


Os pontos sobre a sapata é o indicado pela Figura 7.5.
Para o caso do pilar no centro da sapata, os valores de deslocamento vertical e dos
coeficientes de mola vertical são calculados e descritos a seguir.

Pto 1 : w = 0,3 → k1 = 3,4


Pto 2 : w = 0,3 → k2 = 3,4
Pto 3 : w = 0,3 → k3 = 3,4
Pto 4 : w = 0,3 → k4 = 3,4
Pto 5 : w = 1 → k5 = 1
Pto 6 : w = 0,5 → k6 = 1,8
Pto 7 : w = 0,4 → k7 = 2,5

Exemplo 7.3: Sapata semi-flexível– Pilar Pto 6


Seja a sapata e o solo com as seguintes propriedades:

HSAPATA = 0,15 m SAPATA = 0,2 SOLO = 0,25


ESAPATA = 210 000 kgf/cm2 ESolo = 300 kgf/cm2
Raio = 0,5 m

1m
Pto3 Pto4

Pto5
Pto7 1m
Pto6

Pto1 Pto2

Figura 7.6 – Indicação dos pontos da sapata e com pilar central

Gerando o fator de rigidez Kr = 3


Para o caso do pilar no ponto 6, os valores de deslocamento vertical e dos coeficientes
de mola vertical são calculados e descritos a seguir.

Pto 1 : w = 1 → k1 = 1
Pto 2 : w = 0,6 → k2 = 1,6
Pto 3 : w = 0,1 → k3 = 8,2
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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 61

Pto 4 : w = 1 → k4 = 1
Pto 5 : w = 0,5 → k5 = 1,9
Pto 6 : w = 0,6 → k6 = 1,5
Pto 7 : w = 0,7 → k7 = 1,4

Exemplo 7.4: Sapata flexível – Pilar Pto 6


Seja a sapata e o solo com as seguintes propriedades:

HSAPATA = 0,05 m = 5cm SAPATA = 0,2 SOLO = 0,25


ESAPATA = 210 000 kgf/cm2 ESolo = 700 kgf/cm2
Raio = 0,5 m

Gerando o fator de rigidez Kr = 0,05


Para o caso do pilar no ponto 6, os valores de deslocamento vertical e dos coeficientes
de mola vertical são calculados e descritos a seguir.

Pto 1 : w = 0,4 → k1 = 2,8


Pto 2 : w = 0,5 → k2 = 2,1
Pto 3 : w = 0,1 → k3 = 9,9
Pto 4 : w = 0,4 → k4 = 2,8
Pto 5 : w = 0,5 → k5 = 2
Pto 6 : w = 0,9 → k6 = 1,1
Pto 7 : w = 0,6 → k7 = 1,8

Exemplo 7.5: TQS: Projeto Sap_areia


Seja o projeto Sap_areia, indicado na Figura 7.7.
O modelo gerou o fator de rigidez Kr = 76
A distribuição do coeficiente de mola para esse fator é indicada na Figura 7.8.

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62 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

S1 - distribuiçao do K
Figura 7.7 – Geometria da sapata com pilar centrado

1,32 1,25 1,33 1,51


1,47

1,32 1,33
1,15 1,08 1,15

1,25 1,25
1,08 1 1,08

1,33 1,15 1,08 1,32


1,15

1,51 1,33 1,25 1,32 1,47

Figura 7.8 – Distribuição do Coeficiente de Mola na Sapata S1

Nas figuras 7.9 e 7.10 mostram-se outro recurso do SISES para visualização dos
isovalores de tensões das fundações do projeto, respectivamente, para o caso de não se
aplicar e aplicar a correção do CRV.

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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 63

Figura 7.9 – Isovalores de tensão para o modelo de Não-Correção do CRV

Figura 7.10 – Isovalores de tensão para o modelo de Correção do CRV

Para o caso de Não Correção do CRV, nos relatórios de tensões das fundações, observe
nas figuras 7.11 e 7.12 que em função das tensões admissíveis definidas pelo usuário,
Figura 7.11, e confrontando-as com as atuantes na fundação, Figura 7.12, não há avisos
de verificação de valores ultrapassados, figura 7.11.
Por outro lado, para o caso de se aplicar a correção do CRV, nas Figuras 7.13 e 7.14, os
limites são ultrapassados, veja aviso de verificação em 7.14.
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64 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 7.11 – Relatório de tensões admissíveis e de verificação no modelo de Não-Correção


do CRV

Figura 7.12 – Relatório de distribuição de tensões atuantes no modelo de Não-Correção do


CRV

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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 65

Figura 7.13 – Relatório de tensões admissíveis e de verificação no modelo de Correção do


CRV

Figura 7.14 – Relatório de distribuição de tensões atuantes no modelo de Correção do CRV

Modelo de Pressão de Contato


Conforme Borowicka (1936, 1938), e também indicado no livro de Teixeira & Godoy
(1996), as distribuições de tensões de contato entre fundação superficial e o solo se
configuram conforme gráfico apresentado na Figura 7.1, onde se tem a resposta desta
para o caso de fundação de base circular de raio R e para o caso de sapata corrida.

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66 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Com o intuito de simular esta distribuição, foram aproximados curvas, via uma
aproximação por mínimos quadrados com função polinomial, para os fatores de
rigidezes ( K r   , K r  1 , K r  0,5 , K r  0,05 ). Onde K r é dado por:

    3
1 1   solo
2
E sapata  H sapata 
Kr     

6 1  sapata
2
 
E solo  Rsapata  

Com
 solo : coeficiente de Poisson do solo;
 sapata : coeficiente de Poisson da sapata;
Esolo : módulo de elasticidade longitudinal do solo;
Eestaca : módulo de elasticidade longitudinal da sapata;
H : espessura da sapata;
R : raio equivalente da sapata.
Obs.:
1. Estipulou-se no Sises que se usará como referência o gráfico para a fundação
circular, sendo obtido, para cada fundação retangular, um raio equivalente
usando a seguinte regra:

Raio equivalente estimado em 70% do maior valor entre as dimensões da


fundação, ou seja:
R = 0,7*Max[Dim(x);Dim(y)];
2. Emprega-se um valor fixo do Coeficiente de Poisson de 0,2, sapata = 0,2;

3. Foram definidos os seguintes intervalos para ponderar as pressões de contato:

K R  1 ; 0,5  K R  1 ; 0,05  K R  0,5 ; 0,01  K R  0,05

Assim, após definir o parâmetro Kr da fundação, calcula-se - para cada ponto (X,Y) -
seu fator de ponderação da pressão de contato, com o uso das curvas ajustadas
conforme a Figura 7.1. Este valor calculado é usado para multiplicar o valor que fora
obtido no Sises para cada ponto da fundação. Veja exemplos a seguir.

Exemplo 7.5: Fundação quadrada

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B B

Correções Csobre CRV e tensão em sapatas C


67

AA (Kr = 0,05) AA (Kr = 0,5)

0,63 0,64 0,69


0,8 0,8 0,87 0,77
1,03
0,9
1,45

BB (Kr = 0,05) BB (Kr = 0,5)


A A
0,69
0,78 0,7 0,75
0,78 0,9
0,8 1,03
1,06
1,45
B B

CC (Kr = 0,05) CC (Kr = 0,5)

C 1,03 C
1,45

AA (Kr = 0,05) AA (Kr = 0,5)

q
0,63 0,64 0,69
0,8 0,8 0,87 0,77
1,03
0,9
1,45

BB (Kr = 0,05) BB (Kr = 0,5)

0,69
0,78 0,7 0,75
0,78 0,9
1,06 0,8 1,03
1,45

AA (Kr = 0,05) AA (Kr = 0,5)

CC (Kr = 0,05) 0,63 CC (Kr = 0,5)


0,8 0,8 0,64 0,69
0,87 0,77
1,03
0,9
1,45
1,03
BB (Kr = 0,05) 1,45 BB (Kr = 0,5)

0,69
0,78 0,7 0,75
0,78 0,9
Figura 7.15 – Fatores de ponderação da pressão de contato
1,06
1,03 0,8
para Kr = 0,5 e Kr = 0,05 em
1,45
diversos pontos da fundação flexível.

Obs.CCNo
(Kr =Sises,
0,05) na escolha do presente modelo, os valores
CC (Krda
= 0,5)figura 7.15 devem ser

multiplicados pela tensão obtida com o modelo sem correção para cada ponto da
fundação, gerando a distribuição não-uniforme.
1,03
1,45

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68 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Dessa forma, é possível escolher no Arquivo de Critérios, veja na Figura 7.16, os


seguintes procedimentos para escolha da distribuição de tensão de contato.

a) Modelo de Tensões de Contato com Distribuição Uniforme:

Nesse caso, como os CRVs são formulados para serem iguais para um mesmo elemento
de fundação, portanto, para as combinações onde as ações verticais são predominantes
as tensões de contato, em geral, também uniformes, veja Figura 7.17.

Figura 7.16 – Escolha do Modelo Uniforme de Tensões de Contato em arquivos de Critérios

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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 69

k k k

Emissão de Resultados (gráficos e relatórios)

processamento global

f f f f/ A
f/ A f/ A

Figura 7.17 – Modelo Uniforme de Tensões de Contato

b) Modelo de Tensões de Contato com Distribuição Não-Uniforme:

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70 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 7.18 – Escolha do Modelo Não-Uniforme de Tensões de Contato em arquivos de


Critérios

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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 71

k k k

Emissão de Resultados (gráficos e relatórios)

processamento global

f f f f/ A
f/ A f/ A

Distribuição Não-Uniforme


1
(fator1)* (fator2)* 
n
(fatorn)*
2

Figura 7.19 – Modelo Não-Uniforme de Tensões de Contato

Exemplo 7.6: Projeto SapUnica_02


Nesse exemplo, com geometria indicada na Figura 7.20, mostra-se os resultados dos
relatórios do Sises em forma de texto e gráficos para as duas situações: Tensão
Uniforme e ao Uniforme.

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72 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

As figuras 7.21 e 7.22 indicam os valores obtidos para o Modelo de Tnsão de Contato
Uniforme e as Figuras 7.23 e 7.24 para as Não-Uniformes.

Figura 7.20 – Geometria da sapata do projeto

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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 73

Figura 7.21 – Relatórios de distribuição uniforme das tensões atuantes e admissíveis no


Sises

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74 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 7.22 – Isovalores de tensão para o modelo de tensões de contato


uniforme

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Correções sobre CRV e tensão em sapatas 75

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76 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 7.23 – Relatórios de distribuição não-uniforme das tensões atuantes e admissíveis no


Sises

Figura 7.24 – Isovalores de tensão para o modelo de tensões de contato não-uniforme

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Observações Gerais – Sapatas e Tubulões 77

8. Observações Gerais – Sapatas e


Tubulões
a) Nos arquivos de critérios as tabelas que se referem ao item ‘Conforme SPT” indica
que, para cada metro da sondagem, o SISEs associa o valor do SPT desta cota com os
valores de compacidade (areia) ou consistência (argila) mediante a relação clássica que
é reproduzida na Tabela 8.1 a seguir. Desta forma, em função do tipo de areia ou argila
associado ao SPT, busca-se o valor nas tabelas onde isto seja habilitado.

Compacidade Intervalo do SPT


Areia fofa SPT  4
Areia pouco compacta 4  SPT  8
Areia medianamente compacta 8  SPT  18
Areia compacta 18  SPT  40
Areia muito compacta SPT > 40

Consistência
Argila muito mole SPT  2
Argila mole 2  SPT  5
Argila média 5  SPT  10
Argila rija 10  SPT  19
Argila dura SPT > 19

Tabela 7.1 – Relação entre SPT com compacidade e consistência

b) O computo dos coeficientes verticais ao longo dos nós do fuste do tubulão é feito
usando um dos métodos de cálculo de CRV conforme selecionado pelo usuário nos
programas de edição das fundações. De maneira que os valores tanto verticais como
horizontais são atribuídos nos nós do fuste e da base do tubulão, conforme esquema da
Figura 8.1. O SISEs adota o mesmo coeficiente horizontal para as duas direções
perpendiculares.

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78 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

kh

kv

kh

kv

kh

kv

kh kh kh

kv kv kv

Figura 8.1 – Distribuição dos coeficientes de molas ao longo do tubulão

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Capacidade de Carga Estaca / Solo – Estacas 79

9. Capacidade de Carga Estaca / Solo –


Estacas
9.1. Modelo de Ruptura Estaca – Solo
Um grupo de estacas forma um complexo sistema por ser formado pelo conjunto de
estacas próximas entre si interagindo com o solo, altamente hiperestático pelas
condições de contorno, além de ser ligado no topo pelo bloco rígido que normalmente
está em contato com o solo. A transferência de cargas ocorre através das interações
entre a estrutura (estacas + blocos de coroamento + superestruturas) e os solos
adjacentes.

Os mecanismos envolvidos na transferência de carga dependem do modo como a estaca


for carregada, ou seja, por esforço axial, lateral, de torção ou pela combinação destes.
Estes serão mais complexos quanto mais complicado for o sistema de carregamento.

No SISEs serão consideradas apenas as estacas verticais carregadas axialmente e


submetidas a esforços de compressão. Para estacas lançadas com pequenas inclinadas
também será feita essa consideração.

A transferência da carga de compressão Ni recebida pela estaca i para o solo, se dá


basicamente em duas parcelas:

- ao longo do fuste, devido ao pequeno movimento relativo entre a estaca e o solo, em


função do carregamento aplicado, o qual provoca o surgimento de tensões de
cisalhamento que dão origem a reação (força) Pl;

- na base da estaca, devido à pressão de contato com o solo, que também depende do
movimento vertical da estaca, o qual provoca o surgimento de tensões que dão origem à
reação (força) Pp.

A determinação do diagrama de transferência de carga ao longo da estaca-solo depende


intimamente de como o sistema comporta no estado de ruptura. Existem vários métodos
para a estimativa de ruptura do sistema estaca-solo. Escolheram-se para o SISEs os
métodos Aoki-Velloso (1975) e Decóurt-Quaresma (1978), que atualmente são os
utilizados e estudados no Brasil.

A seguir são descritos os métodos de cálculo de capacidade de carga lateral e de ponta


que estão implementados no SISEs. Na tabela 9.1, indica-se os métodos que são
recomendados para cada tipo de estaca, conforme indicado na literatura.

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80 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

9.1.1 Método Aoki-Velloso


Este método, com base nos resultados semi-empíricos, estima o diagrama de ruptura do
sistema estaca – solo. Inicialmente foi concebido com base nos ensaios de penetração
estática CPT, mas através da correlação podem ser utilizados os dados do índice à
penetração dinâmica SPT, o mais empregado na atualidade.

PR  PL  PP Carga de ruptura do sistema estaca-solo;


PL  U  l  rl Carga de ruptura lateral ao longo do fuste da estaca;
PP  A  rp Carga de ruptura na base da estaca

Para:

U = perímetro da seção transversal do fuste da estaca;


rl = atrito lateral específico;
A = área da ponta da estaca;
l = trecho onde se admite r constante, sugere-se adotar para cada 1 metro.

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Capacidade de Carga Estaca / Solo – Estacas 81

Figura 9.1 – Carga de ruptura do contato estaca – solo.

N 0 z  é o diagrama de esforço normal na profundidade z no fuste da estaca.

Segundo AOKI & VELLOSO (1975):

qc K . NSPT
rp  
F1 F1
fs  . K . NSPT
rl  
F2 F2

N SPT é o número de SPT obtido nas sondagens à percussão ao longo da profundidade


onde será instalado a estaca. O rl é o atrito lateral específico de um trecho do
comprimento da estaca e depende do solo e tipo da estaca empregada. Os valores de  e
K mais prováveis para os solos da cidade de São Paulo são apresentados na tabela
abaixo:

Tipo de Terreno K ( MPa)  (%)


Areia 1,00 1,4 Tipo de estaca F1 F2
Areia siltosa 0,80 2,0 Franki 2,50 5,00
Areia silto argilosa 0,70 2,4 Pré-moldadas 1,75 3,50
Areia argilosa 0,60 3,0 Escavadas 3,00 6,00
Areia argilo siltosa 0,50 2,8
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82 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Silte 0,40 3,0


Silte arenoso 0,55 2,2
Silte areno argiloso 0,45 2,8
Silte argiloso 0,23 3,4
Silte argilo arenoso 0,25 3,0
Argila 0,20 6,0
Argila arenosa 0,35 2,4
Argila areno siltosa 0,30 2,8
Argila siltosa 0,22 4,0
Argila silto arenosa 0,33 3,0

Tabela 9.1 – Valores dos coeficientes do Método Aoki-Velloso, ALONSO (1983).

Para estacas pré-moldadas de pequeno diâmetro, o valor F1=1,75 mostrou-se muito


conservador. Por isso, Aoki (1985) faz nova proposição para o coeficiente empírico:
D
F1  1  , onde D = diâmetro do fuste da estaca em metros.
0,80
F2  2 F1

Aoki (1996) comenta que o coeficiente F2 pode variar entre uma a duas vezes o valor
de F1 e que, portanto, F2  2 F1 é a hipótese mais conservadora. Para estacas
escavadas, segundo Aoki (1976) dependendo do maior ou menor grau de perturbação
introduzido no terreno pelo processo empregado, F2 varia entre 4,5 e 10,5 (com
F2  2 F1 ). Segundo Velloso (1978) apud ABMS (2000) podem ser adotados valores
F1 = 3,5 e F2 = 7,0 para estacas escavadas com lama bentonítica.

É necessário frisar que os métodos semi-empíricos para o cálculo da capacidade de


carga só podem ser aplicados aos tipos de estacas e regiões geotécnicas para os quais
foram estabelecidos. Nas outras regiões onde falta caracterização científica, o
importante é o levantamento do perfil do solo através da sondagem e determinação do
tipo de solo pelo método tato-visual por profissionais experientes e com rigor técnico.
Para o cálculo da carga admissível deverá ser usado um coeficiente de segurança de no
mínimo 2:

PR
Padm 
2

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Capacidade de Carga Estaca / Solo – Estacas 83

9.1.2 Método Décourt-Quaresma


Este método, ao contrário do método Aoki-Velloso (1975), parte diretamente dos
ensaios SPT. Ele foi inicialmente estabelecido em 1978 para estacas pré-moldadas de
cravação, mas os autores afirmam que também podem ser aplicados para outras estacas
como escavadas, Strauss, Franki, etc. Este método foi revisto em 1982, 1987 e 1996
apud ABMS (2000).

O atrito lateral específico rl é obtida pela fórmula empírica:

N
rl   1 (tf/m 2 ) , onde 3  N  50 em função do número de SPT;
3

Ou em sistema internacional:

N 
rl  10  1 (kPa)
 3 

O atrito lateral específico deverá ser multiplicado pela área de contato do fuste da
estaca-solo para cada metro de profundidade. O somatório das capacidades laterais ao
longo do fuste fornecerá a capacidade lateral acumulada PL.
Inicialmente os valores de número de SPT foram estabelecidos como sendo 3 o mínimo
e 15 o máximo. Mas em 1982, o limite superior foi estendido para 50 para estacas de
deslocamentos (cravação), embora seja difícil cravar estacas com solos granulares e
número de SPT maior que 20. O interessante nesse método, é que para a estimativa de
atrito lateral de ruptura, não se distingue o tipo de solo como ocorre em Aoki-Velloso
(1975). Mais adiante, veremos que com a introdução de coeficientes  no cálculo de
carga admissível é que diferencia entre solos argilosos, siltosos, arenosos e tipo de
estaca utilizada.

Já na resistência da ponta da estaca é estimado segundo tipo de solo:

PP  r p A b , onde: A b é a área da base da estaca;


rp  C N p (tensão de ruptura da base);

N p é a média entre os valores de número de SPT na profundidade da ponta da estaca


em estudo, o imediatamente acima e o imediatamente abaixo;

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84 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

C é um fator característico do solo, ajustado através de 41 provas de carga realizadas


em estacas pré-moldadas de concreto. Nas provas de carga que não atingiram a ruptura,
utilizou-se a carga de ruptura convencional correspondente ao recalque de 10% do
diâmetro da estaca). Seus valores básicos são:

C= 12 tf/m2 para as argilas;


C= 20 tf/m2 para os siltes argilosos;
C= 25 tf/m2 para os siltes arenosos;
C= 40 tf/m2 para as areias.

Décourt (1996) introduziu os coeficientes  e  segundo o tipo de solo e estaca:

Injetadas
Escavada Escavada Hélice Injetadas
Tipo de solo (sob
a seco (bentonita) contínua (raiz)
pressão)
Valores típicos de 
Argilas 0,85 0,85 0,30* 0,85* 1,00*
Siltes** 0,60 0,60 0,30* 0,60* 1,00*
Areias 0,50 0,50 0,30* 0,50* 1,00*
Valores típicos de 
Argilas 0,80* 0,90* 1,00* 1,50* 3,00*
Siltes** 0,65* 0,75* 1,00* 1,50* 3,00*
Areias 0,50* 0,60* 1,00* 1,50* 3,00*
* Valores sugeridos diante do reduzido número de dados disponíveis;
** Pode ser considerado também como solos intermediários.

Tabela 9.2 – Coeficientes do Método Décourt-Quaresma, ALONSO (1983).

Décourt (1982) propõe a utilização de quatro coeficientes parciais de segurança


referentes às seguintes incertezas: Fp (de parâmetros do solo), Ff (da formulação
adotada), Fd (das deformações excessivas) e Fc (das cargas). Para o atrito lateral sugere
os valores Fp =1,10 ; Ff =1,00 ; Fd =1,00 ; Fc =1,20 , cuja multiplicação resulta  l =1,10
x 1,00 x 1,00 x 1,20 =1,32, adota-se  l =1,30 e para resistência da ponta Fp =1,35 ;
Ff =1,00 ; Fd =2,50 ; Fc =1,20 , cuja multiplicação resulta  p =1,35 x 1,00 x 2,50 x 1,20
=4,05, adota-se  p =4,00.

Então, os coeficientes de segurança “globais” referentes às parcelas de atrito lateral será


1,3 e para a parcela de ponta fica igual a 4,0. Assim a carga admissível deve atender
simultaneamente a:
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Capacidade de Carga Estaca / Solo – Estacas 85

  PL   PP
Padm  
1,3 4,0
PR   PL    PP
Padm  
2 2

Dentre os dois resultados, deverá escolher a menor dos dois, por exemplo:

Dado uma estaca escavada a seco num solo arenoso     0,50 , com PL=18 tf e
PP=42 tf, tem-se:

 PL  PP 0,5x18tf 0,5 x 42tf


Padm      12tf
1,3 4,0 1,3 4,0
PR  PL   PP 0,5 18tf  0,5  42tf
Padm     15tf
2 2 2

Então, 12tf (a menor) será adotada como carga admissível para as condições do solo e
tipo de estaca deste exemplo.

Vale lembrar que estas expressões de cargas admissíveis Padm são de uso exclusivo
quando a ruptura lateral (PL) e ruptura na ponta (PP) são estimadas pelo método
Decóurt-Quaresma, não fazendo sentido aplicar no método Aoki-Velloso ou nos outros
métodos.

9.1.3. Antunes e Cabral SEFE III


Método para estimativa de capacidade de carga de estacas, conforme proposto por
Antunes e Cabral no SEFE III em 1996 (Seminário de Engenharia e Fundações
Especiais e Geotecnia). Este método é bastante empregado para estacas do tipo hélice.

Define-se então o atrito lateral específico ao longo do fuste por:


b (i)  N SPT (i)
rl (i)  1 (kgf / cm2 )
100

Onde
A carga de ruptura lateral ao longo do fuste da estaca é dada por:
Lestaca
PL   r U 100
i 1
l (kN)

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86 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Onde:
b1 : coeficientes tabelados para areia, silte e argila, fornecido em porcentagem de
kgf/cm2, conforme tabela 9.3;
rl é computado em kgf/cm2 ;
U é perímetro da estaca, em metros;

A parcela de tensão de ruptura da ponta é dada por:


rp  b2  N SPT (kgf / cm2 )

E a carga de ruptura na base da estaca fica:


PP  rp  A 100 (kN)

Onde:
b 2 : coeficientes tabelados para areia, silte e argila, fornecido em kgf/cm2, conforme
tabela 9.3;
A: área da ponta da estaca, em metros quadrado;

Tipo de Solo 1 (% de kgf/cm2) 2 (kgf/cm2)


Areia 4 2
Silte 2,5 1
Argila 2 1

Tabela 9.3: Valores dos coeficientes  1 e 2.

9.1.4. Philipponnat
Método semi-empírico. Correlacionado com CPT.
O atrito lateral específico ao longo do fuste é dado pela relação:
αf . qc (i)
rl (i) =
αs

A carga de ruptura lateral ao longo do fuste da estaca é dada por:


Lestaca
PL   r U 1000
i 1
l (kN)

A parcela de tensão de ruptura da ponta é dada por:


rp   p  q cm

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E a carga de ruptura na base da estaca fica:


PP  rp  A 1000 (kN)

Com qc sendo calculado conforme indicado no método Aoki-Velloso:


qc  K  N SPT

Onde:
U: perímetro da estaca, em metros;
A: área da ponta da estaca, em metros quadrado;
K: coeficientes do Método Aoki-Velloso (tabela 9.1), com K definido em MPa;
qc(i) é o valor de qc em cada cota (i) de sondagem ao longo do fuste;
qcm é a média da região compreendida entre 3 vezes o diâmetro acima e abaixo da cota
i;
Os coeficientes f, s e p são indicados nas tabelas 9.4, 9.5 e 9.6, respectivamente.

Tabela 9.4: Valores de f , Garcia (2006).

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Tabela 9.5: Valores s em cada camada, Goulart (2001).

Tabela 9.6: Valores de p, Albuquerque (1996).

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9.1.5 Pedro Paulo Velloso


Método semi-empírico. Correlacionado com CPT.

O atrito lateral específico ao longo do fuste é indicado por:


rl    l  f c

A carga de ruptura lateral ao longo do fuste da estaca fica indicada por:


Lestaca
PL   r U 10
i 1
l (kN)

Onde
: coeficiente indicado na tabela 9.7;
: coeficiente indicado na tabela 9.8;
fc é o atrito lateral medido no ensaio de cone, relacionado com o SPT por:
f c  a'N SPT
'
b
, com Nspt obtido em cada camada do fuste;
a’, b’: tabela 9.10;
U: perímetro da estaca.

Tipo de estacao 
Cravada 1
Escavada 0,5

Tabela 9.7: Valores de , Moura (1997).

Fator de carregamento 
Compressão 1
Tração (não definido no Sises) 0,7

Tabela 9.8: Valores de , Moura (1997).

A parcela de tensão de ruptura da ponta é expressa por:


rp    b  qcm
A carga de ruptura na base é expressa por:
PP  rp  A 10 (kN)

Onde
: tabela 9.7;

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D
b  1,016  0,016  (estacas comprimidas, com D em metros)
d
b = 0 (estacas tracionadas) ;

Se  < 0  = 1 (estacas comprimidas, isto acontece se D  2,3m);

D: diâmetro do fuste da estaca;


A: área da ponta da estaca;
d = 0,0356 m = diâmetro da ponta do cone do CPT;
qc é a resistência de ponta é dada por: qc  a  N SPT
b

a, b: tabela 9.10;
qc1 + qc 2
qcm =
2
De modo que qc1 é a média de qc de NSUP*D acima da ponta e qc2 é a média de qc de
NINF*D abaixo da ponta. Default: Nsup = 8, Ninf = 8, ver tabela 9.9.

Tabela 9.9 Valores de bulbo definidos em arquivos de critérios.

Figura 9.2 - Critério de cálculo de carga de ponta


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Tabela 9.10: Parâmetros de correlação entre o CPT e SPT de Moura (1997).

As camadas abaixo da profundidade final da estaca recebem valores iguais da última


camada, repetir valores para a, b, a’, b’ e para N SPT.

9.1.6. Alonso
Este método é baseado em medidas de ensaios de SPT-T (sondagem à percussão com
medida de torque). Os valores de resistência empregados no método são de torque: T máx
e Tmín (Tres). Detalhes sobre o ensaio de SPT-T, ver Peixoto (2001).

Conforme Magalhães (2005):

Se entrada de dados for por SPT, correlacionam-se estes com valores de torque (kgf.m)
por:
Tmáx  1,2  N SPT
Tmín  1,0  N SPT

Se entrada de dados for por adesão – atrito lateral (fs) em kPa, converte-se adesão para
torque (kgf.m) da seguinte forma:
Tmáx  0,18418 f S MÁXIMA
Tmín  0,18418 f S MÍNIMA

Se entrada de dados for por torque em (kgf.m), então:


Tmáx = Tmáx
Tmín = Tmín
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O atrito lateral específico ao longo do fuste em cada camada é expresso por:


 T
rl  Al máx
0,18418

Se rl > (limites tabela 6.1) → rl = rl limite (kPa)

A carga de ruptura lateral ao longo do fuste da estaca é dada por:


Lestaca
PL   r U  l
i 1
l (kN)

Com
Al: coeficiente de correção do atrito lateral, ver tabela 9.11;
U: perímetro da estaca;
l = 1m (considerando que a cada metro da camada rl seja constante);

Tabela 9.11: Valores de limites de rl e do coeficiente de correção (Al) por Alonso (1996)
para estaca hélice contínua. (fonte Almeida Neto, 2002).

A parcela de tensão de ruptura da ponta é relacionada com o T mín (Tres) por:


(1)
Tmín  Tmín
( 2)
rp  bAl  (kPa)
2

E a carga de ruptura na base é expressa por:


PP  A  rp (kN)

Com
Al: fator de correção, tabela 9.12;

(1)
Tmín : média aritmética dos valores de torque mínimo (kgf.m) no trecho Nsup*D, acima
da ponta, adotando valores nulos caso comprimento da estaca < NsupD;

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(2)
Tmín : média aritmética dos valores de torque mínimo (kgf.m) no trecho Ninf*D, abaixo
da ponta.
adota  se
Se Tmín(1) ou ( 2 )
 Tcritério    Tmín
(1) ou ( 2 )
 Tcritério

As camadas abaixo da profundidade final da estaca recebem valores iguais da última


(2)
camada, repetir valores para Tmín .

Como default:
Nsup = 8
Ninf = 8
Tcritério = 40 kgf .m

Tabela 9.12: Valores de  Al (kPa/kgf.m), Magalhães (2005).

Alonso (1996) enfatiza que estas correlações dependem do local, devendo realizar
ensaios de SPT-T e correlacioná-los com SPT de forma estatisticamente adequada.

9.1.7. David Cabral


Método semi-empírico específico para estaca raiz.
Deve-se conhecer e considerar a pressão de injeção (p) de aplicação de golpes de ar na
resistência lateral da estaca.
O atrito lateral específico ao longo do fuste é expresso por:
rl  b0  b1  NSPT

Com
1: índice que depende do tipo de solo, ver tabela 9.13;
D: diâmetro do fuste da estaca em metros;
p: pressão de ar comprimido em kgf/cm2; (entre 0 e 4 kgf/cm2).

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94 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

0 sendo dado por:


Se estaca raiz, conforme Paschoalin Filho (2008):
b0  1  0,11 p  D
adota  se
Se rl  200    rl  200 kN / m 2

A carga de ruptura lateral ao longo do fuste da estaca é dada por:


Lestaca
PL   r U (kN)
i 1
l

A parcela de tensão de ruptura da ponta é expressa por:


rp  b0  b2 100 (kPa)

E a carga de ruptura na base é expressa por:


PP  A  rp (kN)
com
2: índice que depende do tipo de solo, ver tabela 9.13;

Tabela 9.13: Índices  1 e 2 para estaca raiz, conforme Nogueira (2004).

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Mecanismo de Transferência Axial de Carregamento – Estacas 95

10. Mecanismo de Transferência Axial de


Carregamento – Estacas
Segundo AOKI (1979) as observações experimentais mostram que:

- o atrito lateral no momento da ruptura PL é quase totalmente mobilizado com o


pequeno deslocamento no topo da estaca: 4 mm a 10 mm, aparentemente independente
do tipo ou dimensão da estaca;

- a resistência pela ponta na ruptura PP é mobilizada para grandes deslocamentos,


sendo dependente das dimensões da estaca, entre de 8 % do diâmetro para as estacas
cravadas e até 30% do diâmetro para as estacas escavadas.

Estes fatos evidenciam que o atrito lateral, na maioria das vezes, é mobilizado antes da
base, podendo-se admitir de forma simplificada que a reação na base da estaca só se
inicia após a total mobilização do atrito lateral. Para a carga aplicada P no topo da
estaca, menor que ruptura PR e maior que ruptura lateral PL, admite-se que toda a
resistência lateral é mobilizada no fuste e a diferença entre P e o PL fornece a carga na
base da estaca, Figura 10.1:

Pp  P  PL

Figura 10.1 – Modelo de transferência de carga, AOKI (1979).


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96 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Neste caso, o diagrama de força normal na profundidade z da estaca é:

N O z   P  PLz 

No caso em que P aplicado for menor que a resistência lateral PL, o recalque é da
ordem de alguns milímetros e admite-se que todas as cargas serão resistidas pelo
contato lateral do fuste da estaca e o solo. Nesta condição, a base da estaca não recebe
carregamento, ou seja, Pp = 0. Neste caso, pode-se recorrer a duas hipóteses:

- Modelo A, onde admite a distribuição parcial da carga à medida que vai vencendo a
resistência lateral máxima ao longo do fuste. (Fig. 10.1);

- Modelo B, admite que a distribuição se manifeste ao longo do fuste da estaca,


redistribuindo as cargas, neste caso o diagrama de esforço normal da estaca é:

N O z   P1  PLz  / PL

Figura 10.2 – Obtenção do diagrama para o Modelo B de transferência.

Nesta proposição, tanto no Modelo A como no Modelo B, o diagrama de transferência


de carga depende somente do conhecimento do diagrama de ruptura estaca-solo e da
carga aplicada no topo da estaca, ou seja, o problema altamente hiperestático deixa de
ser indeterminado e o diagrama de transferência de carga passa a ser conhecido,
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Mecanismo de Transferência Axial de Carregamento – Estacas 97

segundo AOKI (1979). A simplificação adotada neste processo é que apesar de levar
em consideração os efeitos do grupo de estacas para estimativa de recalques, o
diagrama de transferência de carregamento continua sendo o mesmo da estaca isolada.
A melhor maneira de traçar o diagrama de transferência é a realização de provas de
carga nas estacas, porém devido ao custo para mobilizar equipes de alta qualificação e
equipamentos, este processo não é comum nas obras.

Figura 10.3 – Diagramas de atrito lateral específico.

Para o caso de carga aplicada no topo da estaca for menor que a resistência lateral
acumulada do fuste, ou seja, P < PL, a transferência de cargas locais para trechos de
estacas, segue duas hipóteses de acordo com o modelo adotado:

- caso for Modelo A, o carregamento P somente passará para camadas mais profundas,
vencendo a resistência de ruptura contato fuste-solo, podendo-se subdividir em duas
regiões: a região A onde vale P - PL(z) > 0 e a região C onde vale P – PL(z) < 0, e
entre estas duas regiões, o ponto B, onde P - PL(z) = 0 é a profundidade onde cessa a
transferência de atrito lateral. Abaixo desse ponto o atrito lateral é nulo. Neste modelo,
o atrito lateral específico desenvolvido é a própria resistência local Q(z) de ruptura
fuste-solo.

- caso for Modelo B, o carregamento P passará para camadas mais profundas,


vencendo proporcionalmente a resistência do contato fuste-solo. Neste modelo,
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98 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

diferente do modelo A, os atritos laterais específicos fuste-solo serão distribuídos


proporcionalmente de acordo com o nível de carregamento e somente atingirá a
resistência local Q(z) quando a carga no topo da estaca se igualar ao PL (resistência
lateral acumulada do contato fuste-estaca).

10.1. Comentários
Neste item foi mostrado os dois modelos (hipóteses) de transferência de cargas axiais
ao longo do fuste da estaca. É bom lembrar que dependendo do tipo de solo (coesivo ou
não) e método construtivo (estaca cravada ou escavada), o comportamento de
transferência pode ser mais próximo da realidade para o modelo B de transferência do
que o modelo A. A melhor maneira de escolher qual o modelo a adotar é executando a
prova de carga na estaca.

Além dos métodos AOKI-VELLOSO (1975) e DECÓRT-QUARESMA (1978),


existem outros métodos como VELLOSO (1981), TEIXEIRA (1996) e outros que
foram concebidos para determinados tipos de estacas como o método da BRASFOND
(1991), CABRAL (1986), LIZZI (1982), SALIONI (1985), BUSTAMANTE; DOIX
(1985) para estacas tipo raiz e métodos de ANTUNES; CABRAL (1996), ALONSO
(1996) para estacas tipo hélice contínua. Para estes últimos métodos acredita-se que por
ter sido concebido para o caso particular de estaca, podem ser mais confiável do que os
métodos Aoki-Velloso e Décourt-Quaresma que foram concebidos para estacas de
cravação. Todos esses métodos poderão ser implementados futuramente no programa
computacional para enriquecer os critérios de estimativa de ruptura.

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Estimativa de Recalques - Estacas 99

11. Estimativa de Recalques - Estacas


11.1. Teoria da Elasticidade
A estimativa de tensões e recalques em um ponto no interior do solo, induzido por uma
estaca sob carregamento vertical é um problema altamente complexo que envolve
vários aspectos como: a interação solo-elemento de fundação, a deformação do solo, a
deformação do próprio elemento de fundação, a mudança nas características do solo e
das tensões originais, decorrentes da instalação da estaca. Para se proceder ao cálculo
da parcela  S (recalque na base da estaca) deve-se adotar um modelo matemático
representativo do comportamento do solo.

Segundo VESIC (1975) pode-se lançar mão de três modelos:

a) Função de transferência de carga (curvas t – z);


b) Solução analítica do meio elástico semi-infinito, isótropo, homogêneo, caracterizado
pelo módulo de elasticidade (ES) e pelo coeficiente de Poisson ();
c) Uso de um modelo numérico: Elementos finitos, Elemento de Contorno, Volumes
Finitos, etc.

A adoção do primeiro tipo - que os apoios que o solo oferece são substituídos por molas
de rigidez conhecida e obedecendo a lei reológica expressa pela função de transferência
de carga; faz crer que um ponto só se desloca se ali for aplicada uma carga. Na
realidade, pontos distantes do local carregado, também sofrem deslocamentos, devido à
continuidade do meio. Essa continuidade do meio é melhor representado pelos modelos
b e c, sendo este ultimo de aplicação pouco difundida devido à dificuldade e alto custo
computacional para modelar e analisar o maciço de solo, principalmente levando-se em
conta a interação com a super e a infra-estrutura.

A solução de recalques de um grupo de estacas imersas em solo foi apresentada em


AOKI & LOPES (1975), como uma extensão de VESIC (1975), através da
superposição dos efeitos de cargas no interior do solo utilizando a solução de
MINDLIN (1936), segundo o qual as cargas que um grupo de estacas transmite ao
terreno são discretizadas em um sistema estaticamente equivalente de cargas
concentradas, cujos efeitos são superpostos nos pontos em estudo.

Para o cálculo de recalque imediato, utilizam-se as equações de MINDLIN (1936),


considerando o solo como elástico semi-infinito, embora o solo não seja um material
perfeitamente elástico, homogêneo e isótropo. Esta equação onde a carga está aplicada
em profundidade fornece as expressões das tensões verticais e seus correspondentes
recalques. O SISEs aborda apenas a expressão de recalque vertical rZ .
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100 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 11.1 – Meio elástico semi-infinito, MINDLIN (1936).

O recalque na profundidade z no ponto B devido a carga pontual P é:

P(1  )  3  4 8(1 - )2  (3  4 ) (z - c)2 (3  4 )( z  c) 2  2cz 6cz (z  c)2 


rz       
8E(1 - )  R1 R2 R13 R23 R25 

onde: R1  R 2  ( z - c )2
R2  R 2  ( z  c )2

= Coeficiente de Poisson
E = módulo de deformabilidade do solo, ou modulo de elasticidade;
P = carga aplicada dentro do meio contínuo;
B (x,y,z) é o ponto em estudo, onde se quer saber o recalque rZ.

Para o SISEs, são considerados dois modelos para cálculo do recalque para um certo
ponto do maciço, o primeiro que apenas leva em consideração a influência das estacas
contidas no mesmo bloco, denominado “sem efeito de grupo” e o segundo –
denominado de “com efeito de grupo”- que leva em consideração a influência de todas
as estacas do projeto, este último mais geral, mas também que demanda um tempo
computacional bem maior que o primeiro modelo.

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Estimativa de Recalques - Estacas 101

11.1.1 Recalque sem efeito de grupo


Para o cálculo dos recalques da ponta de uma estaca i, as parcelas das forças laterais e
de ponta desta estaca têm, muitas vezes, mais influencia do que as forças advindas de
outras estacas. Este modo, este modelo, leva apenas e consideração este efeito local.
Uma grande vantagem deste modelo é o baixo custo computacional, ma vez que não é
necessário avaliar a influência de todas as estacas para o cálculo deste recalque na
estaca i.
Assim, para um bloco que contem um total de “Nestacadobloco” estacas, a base da estaca i
pode se deslocar devido às cargas aplicadas ao longo do fuste Q(z) e ou da ponta Pp. De
acordo com VESIC (1975) pode-se escrever:

Nestaca do bloco Nestaca do bloco

 i
s 
j 1
j
s, f  
j 1
j
s, b

Com:
 s,j f = parcela de recalque na base da estaca i devido à ação de forças de fuste da
estaca j do bloco;
 s,j b = parcela de recalque na base da estaca i devido à ação de forças da base da estaca
j do bloco.
 si = recalque total da base da estaca i;

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102 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 11.2 – Cálculo de recalque sem efeito de grupo

11.1.2.Recalque com efeito de grupo


Neste caso, o modelo é mais realista, pois leva em conta a influência de todas as estacas
do projeto para o computo do recalque da estaca i. Desta forma, a mobilização de uma
estaca influência em todo o maciço contínuo. A desvantagem deste modelo é seu alto
custo computacional.
Assim, para um projeto que contem um total de “N” blocos, sendo que cada
bloco contem “M” estacas, a base da estaca i pode se deslocar devido às cargas
aplicadas ao longo do fuste Q(z) e ou da base (ponta) Pp devido a todas as estacas do
projeto. De acordo com VESIC (1975) pode-se escrever:


N blo cos M estaca do blocoK M estaca do blocoK

 i
s 
k 1



j 1
j
s, f  j 1
 j
s, b 


Com:
 s,j f = parcela de recalque na base da estaca i devido à ação de forças de fuste da
estaca j do bloco k;
 s,j b = parcela de recalque na base da estaca i devido à ação de forças da base da estaca
j do bloco k.

 si = recalque total da base da estaca i;

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Estimativa de Recalques - Estacas 103

Figura 11.3 – Cálculo de recalque com efeito de grupo

As fórmulas apresentadas por Mindlin (1936) partem da hipótese de que o solo é um


meio homogêneo e semi–infinito, o que não corresponde à realidade do solo natural que
apresenta estratificação e camada indeslocável em uma determinada profundidade. Para
levar em conta estes problemas, pode-se recorrer ao artifício proposto por
STEINBRENNER (1934), ainda considerando o solo como semi–infinito e com o uso
de MINDLIN (1936) calcula-se:

- o recalque r i na profundidade “i” no nível entre a superfície e o indeslocável;


- o recalque r h na profundidade “h” escolhido como nível indeslocável.

Figura 11.4 – Procedimento de STEINBRENNER (1934).

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104 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Como no nível indeslocável o recalque é teoricamente nulo, qualquer recalque no nível


“i” que esteja no nível acima será obtido pela diferença entre os recalques dos dois
níveis:

Figura 11.5 – Aplicação do procedimento para várias camadas.

A proposição de Steinbrenner pode ser generalizada para o caso em que existem várias
camadas antes do indeslocável. O cálculo é feito da camada de baixo para cima,
admitindo-se que todo o solo, do indeslocável para cima, seja do mesmo material da
camada 2. Em seguida, calcula-se o recalque r i no topo da camada 2 e r h no nível do
indeslocável. O recalque nesta camada será r a:

r a = r i - r h

O procedimento é repetido, levando-se o indeslocável para o nível da camada já


calculada e utilizando-se as características do solo imediatamente acima calculando o
recalque r b. O recalque no nível da aplicação da carga será obtido pela superposição
dos recalques r i das camadas.

Aplicando o mesmo raciocínio para caso de estacas imersas no solo, tem-se:

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Estimativa de Recalques - Estacas 105

Figura 11.6 – Procedimento de STEINBRENNER para estacas.

Onde se determina para cada nível da camada o correspondente r i com características


daquela camada em estudo. Portanto, o recalque s é o somatório de todos os recalques
de n camadas abaixo do nível da base da estaca, lembrando-se que os recalques na base
da estaca devem levar em conta os efeitos de outras estacas j além da própria estaca i.
Feito isso, o recalque no topo da estaca i é a soma do recalque na base da estaca s e a
deformação elástica do fuste p:

o i =  s i +  p i

A validade do processo que utiliza STEINBRENNER (1934) é comprovada em alguns


trabalhos; entre eles destaca-se o relatório apresentado em KUSAKABE et al. (1989).

11.2. Módulo de Elasticidade do Solo


Estimar o módulo de elasticidade (o termo correto para o solo é módulo de
deformabilidade) é um dos assuntos mais difíceis da engenharia de fundação. Por sua
natureza de material heterogêneo, o módulo de deformabilidade do solo varia conforme
o nível de carregamento aplicado, saturação e de região onde está sendo utilizado. Uma
formulação que vale para uma região pode não valer mais na outra. A sua escolha
correta é o que determina a estimativa de recalque o mais próximo da realidade.
Seguem-se algumas fórmulas e tabelas para estimar a ordem de grandeza:

VALORES TÌPICOS
SOLO
(kgf/cm²)
Silte arenoso residual de São Paulo E = 1,15 Rp
Silte argiloso residual de São Paulo E = 2,40 Rp
Aterro compactado de silte argiloso E = 3,00 Rp
Areia normalmente adensada E = 5 (SPT + 5)
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106 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Areia sobreadensada E = 180 + (7,50 SPT)


Argila terciária de São Paulo E = 55,4 + (25,9 SPT)
Argila muito mole (nº. SPT ≤ 2) 10
Argila mole (nº. SPT 3 a 5) 20
Argila média (nº. SPT 6 a 10) 50
Argila rija (nº. SPT 11 a 19) 80
Argila dura (nº. SPT > 19) 150
Areia fofa (nº. SPT ≤ 4) 50
Areia pouco compacta (nº. SPT 5 a 8) 200
Areia medianamente compacta (nº. SPT 9 a 18) 500
Areia compacta (nº. SPT 19 a 40) 700
Areia muito compacta (nº. SPT > 40) 900

Tabela 11.1 – Estimativas de módulo de deformabilidade do solo, PENNA (2004).

Na Tabela 11.1, Rp é a resistência do terreno ao avanço da ponta de cone, em unidade


de tensão (kgf/cm²), força dividida pela área do cone, de 10cm². Além dessa tabela,
para solos arenosos, MELO (1971) apud ALBIERO (1993) apresenta uma expressão
empírica para previsão do módulo de deformabilidade E S em função do número do
SPT:

E = 220 x 10 (1,224 + 0,405 log N) (kPa)

Onde N é o número de SPT da sondagem.

Diferentemente do módulo de deformabilidade do solo, o coeficiente de Poisson tem


pouca influência para o recalque. Quanto aos valores do coeficiente de Poisson, têm-se
as seguintes estimativas:

SOLO POISSON
Argila saturada 0,50
Argila não-saturada 0,30
Areia 0,35
Silte 0,30

Tabela 11.2 – Estimativa dos coeficientes de Poisson do solo, PENNA (2004).

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Estimativa de Recalques - Estacas 107

11.3. Modelo de Distribuição de Cargas Pontuais na


Estaca
A idéia básica utilizada pelo sistema SISEs é distribuir as cargas no fuste e na ponta
(base) da estaca em cargas estaticamente equivalentes, de modo que represente o mais
próximo possível a realidade da obra. Dentro deste conceito, quanto maior a
discretização feita, melhor será a representatividade dos resultados.

Carga na base
A carga na base da estaca é admitida como sendo uniformemente distribuída, sendo
transformada em um sistema estaticamente equivalente de cargas pontuais atuando em
cada uma das subáreas divididas em n1 x n2 partes iguais. Sendo n1 (nº de divisões da
circunferência) e o n2 (nº de divisões do raio da base Rb).

Carga no fuste
Para a carga no fuste da estaca admite-se uma distribuição linear. A circunferência, de
raio Rs é subdividida em n1 partes iguais e o trecho do fuste entre as profundidades (D2 -
D1) é subdividido em n3 partes iguais. Sendo i,k os índices da posição do ponto I i,k da
superfície do fuste.

11.4 Exemplo de cálculo de recalque de uma estaca


São apresentados no arquivo Exemplos_Estaca_unica_Aoki_recalque.pdf em anexo
dois exemplos os quais calculam a distribuição de forças laterais e de ponta e o cálculo
do recalque empregando, respectivamente os modelos A e B e as equações de Mindlin.

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108 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

12. Coeficientes de Reação Vertical


(CRV) – Estacas
12.1. Cálculo de CRV para Estacas e Tubulões

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Coeficientes de Reação Vertical (CRV) – Estacas 109

Figura 12.1 – Fluxograma geral de processamento e transferência de dados.


ê
O CRV (coeficiente de reação vertical) pode ser entendido como rigidez do contato
estaca-solo. Aplica-se no topo de cada estaca i o carregamento Pi obtido pela resolução
de pórtico espacial, considerando inicialmente como apoiado em base rígida. O CRV da
estaca é a razão entre a carga aplicada Pi no topo e o deslocamento sofrido na base da
estaca  i , que pode ser resolvido pelo modelo de Aoki-Lopes, com efeito de grupo:

Pi
CRV estaca i 
i

Onde Pi é carga aplicada no topo da estaca e  i é o recalque na base da estaca +


deformação elástica do fuste (caso for para considerar).

Levando-se em consideração a proporcionalidade das forças distribuídas ao longo do


fuste e na base da estaca, pode-se fazer seguinte relação:

Para o Coeficiente de reação vertical do fuste na profundidade j da estaca i, tem-se:

CRV estacai CRV CRV estacai F fuste j, i


 CRV fuste j, i 
fuste j, i
m
, ou seja: m
F fuste j, i

j 1
F fuste j, i  F ponta,i 
j 1
F fuste j, i  F ponta,i

Na expressão acima, a distribuição das forças F fuste j, i ao longo do fuste, depende do


modelo de transferência (modelo A ou B) que for adotado, quando P<PL(z). O
m
denominador F
j 1
fuste j, i  F ponta,i  Pi pode ser entendido como carga atuante no topo

da estaca. Caso esta carga seja menor ou igual a resistência lateral acumulada do fuste
PL, pela teoria de VESIC(1975), fica entendido como todo o carregamento resistido
pelo fuste, tornando a parcela de carga na ponta (base) zero, F ponta,i  0 .

Para o Coeficiente de reação vertical da ponta da estaca i, tem-se:

Pi
F ponta,i
i F ponta,i
CRV ponta i   CRV pontai 
Pi i

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110 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Caso o carregamento aplicado no topo da estaca for todo absorvido pelo fuste, ou seja,
P  PL , não terá carga na base da estaca, F ponta,i  0 , portanto CRV ponta,i  0 .

O somatório dos coeficientes de reações verticais do fuste e da ponta deverá resultar em


coeficiente de reação da estaca i:

 CRV
j 1
fuste j, i  CRV ponta,i  CRV geral,i

Onde j = 1 , 2, 3, ... , m da estaca i

Fisicamente, a expressão acima pode ser entendida como um conjunto de “molas” que
se distribuem ao longo do fuste e na base da estaca, e que estas “molas” representam
proporcionalmente a distribuição de rigidezes do contato estaca-solo segundo a lei de
transferência de cargas. Isso significa que se for adotado o modelo A de transferência, o
carregamento será distribuído começando do topo em direção à base, onde cada “mola”
será solicitada por um carregamento e caso atingir a sua plastificação será repassado
para “molas” subseqüentes. Neste modelo, a carga na base da estaca só será mobilizada
caso todo o contato fuste-solo atinja a sua plastificação (deslizamento). Caso for
adotado o modelo B de transferência, o carregamento será proporcionalmente
distribuído ao longo do fuste, e como no modelo A, só será transferido para a base da
estaca quando toda a resistência lateral da estaca for vencida pelo carregamento
aplicado no topo, ou seja, quando entra em plastificação.

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Coeficientes de Reação Vertical (CRV) – Estacas 111

Figura 12.2 – Representação da estaca.

Vale ressaltar que o “trunfo” deste modelo é a sua simplicidade em relação aos modelos
mais sofisticados (método dos elementos finitos ou elementos de contorno), facilitando
sua aplicação e a representatividade. A “mola” idealizada não é a mola de Winkler,
pois:

- ela varia conforme o nível de carregamento, inclusive altera a curva quando o


carregamento ultrapassa a resistência lateral PL do fuste. Portanto, a “mola” representa
a não linearidade do comportamento da estaca;

- ela é influenciada pelo efeito de grupo de estacas, ou seja, o carregamento de uma


estaca influenciará nos recalques das demais estacas próximas.

Vale ainda esclarecer que não existe coeficiente de mola constante para um
determinado solo. O seu valor depende da interação completa da rigidez da estrutura x
solo. Por exemplo, os coeficientes de mola da fundação de um edifício sobre o solo “A”
não são os mesmos se for construído sobre esse mesmo solo um edifício com outra
rigidez (número de pavimentos, arranjos estruturais ou sistemas estruturais diferentes).

12.2. Aplicação para a Interação Integrada Estrutura


– Solo
Pode simular a interação estrutura-solo nos seguintes passos:

1.- com o programa de pórtico espacial (ou plano), calcula-se as reações nas estacas
(apoios do bloco de coroamento), inicialmente considerando-os totalmente engastados;

2.- com estas reações, calcula-se os recalques (deslocamentos na ponta da estaca +


encurtamento do fuste da estaca), considerando-os efeitos do grupo pela teoria da
elasticidade. Calculam-se as rigidezes equivalentes, dividindo as forças (reações de
apoio) aplicadas pelos respectivos recalques;

3.- volta-se na estrutura, substituindo os apoios do bloco pelos blocos efetivos (rígidos
e/ou flexíveis) e as estacas devidamente discretizadas até a base.

4.- aplicam-se aos nós da estrutura da fundação discretizada os CRV’s e CRH’s através
de vínculos elásticos e representativos da presença do solo.

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112 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

5.- resolve-se toda a estrutura integrada (fundação + superestrutura). Os resultados


obtidos já são os resultados finais nos elementos de fundação e nas vigas e pilares do
edifício.

Figura 12.3 – Interação estrutura-solo.

A filosofia adotada neste sistema, de acrescentar molas de rigidez equivalente aos nós
dos elementos de fundação discretizados, permite que a estrutura faça a sua adaptação
de acordo com a sua própria rigidez, sem a necessidade da introdução de forças nas
fundações e imposição de deslocamentos nos apoios. Não é um processo de
convergência iterativa, pois toda a estrutura (super e infra) é resolvida simultaneamente.

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Observações Sobre o CRV – Estacas 113

13. Observações Sobre o CRV – Estacas


O método AOKI-LOPES (1975) à luz da teoria da elasticidade com o uso de solução de
MINDLIN(1936) e processo de STEINBRENNER(1934) tornou possível a análise dos
efeitos de ações de grupos de elementos de fundações, sem a necessidade de
discretização do meio envolvente (maciço de solo). Porém a transferência de cargas
para o solo adjacente é feita como se fosse meio contínuo, incluindo o espaço
preenchido pelas estacas, não considerando a descontinuidade do maciço. Esta ‘lacuna’
só é resolvida com o uso de ferramentas mais sofisticadas como a combinação de
método dos elementos de contorno e método dos elementos finitos discretizando tanto o
maciço de solo como elementos de estacas para simular a existência de diferentes
materiais (estaca x solo) e a introdução de elementos de contato para simular o
deslizamento relativo estaca/solo.

Seria interessante verificar mediante a comparação dos dois métodos, se esta


descontinuidade ocupada pelas estacas até que ponto é realmente significativa ou não.
Também é importante enfatizar que nem todos os resultados numéricos mais
‘sofisticados’ são verdadeiros para o uso prático, pois o solo é um material que
dificilmente se pode simular com realismo.

Outra simplificação do modelo é o diagrama de transferência de carregamento da estaca


ao longo do fuste. A resistência máxima do contato fuste – solo pode mudar com o
efeito do grupo de estacas devido à deformação do solo adjacente provocados pela
interação do conjunto. Este efeito é de difícil quantificação, e no momento não está
sendo considerado no modelo.

Após alguns testes com as rotinas de cálculo, chegou-se a seguinte conclusão:

- quanto menor o número de subdivisões (n1, n2, n3), menos precisão terá os recalques
nos pontos desejados. Do contrário, quanto mais discretizado, melhor será a
representação da distribuição de cargas na estaca, pois o nosso objetivo é tentar simular
a integração numérica através de subdivisões.
- o processo possui convergência, ou seja, após certo número não há mais melhora dos
resultados. Por “default” o sistema opera com valores n1 = 8, n2 = 4 e n3 = 30, por
apresentarem resultados satisfatórios.

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114 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

14. Coeficientes de Rigidez Horizontal


(CRH) – Estacas
O CRH (coeficiente de reação horizontal) pode ser entendido como a rigidez do contato
estaca-solo, mas nesse caso, ao contrário do CRV, na direção horizontal.

As forças horizontais podem ser causadas por vento, empuxo de terra, sismo, etc. No
projeto de uma fundação profunda submetida a um carregamento deste tipo é necessário
calcular os deslocamentos e obter os diagramas de momento fletor e esforço cortante.

14.1. Coeficiente e Módulo de Reação Horizontal


Para o estudo de estacas submetidas a esforços de tração são frequentemente utilizados
métodos decorrentes do coeficiente de reação horizontal estimado, na grande maioria
dos casos a partir dos resultados de sondagens à percussão (SPT) associada à
classificação táctil-visual dos solos.

O coeficiente de reação horizontal (kZ) tem como hipótese básica a consideração de que
a pressão atuante na profundidade z é proporcional ao deslocamento sofrido pelo solo:

Z
kZ 
y

Conforme ALLONSO (1989), essa conceituação, semelhante à hipótese de Winkler,


embora aplicada ao caso de vigas horizontais sobre apoios, perde o sentido quando
aplicada a estacas, sendo modernamente utilizado o módulo de reação horizontal (K).
Este módulo é definido como a relação entre a reação do solo, na profundidade z, e o
deslocamento horizontal:

p
K
y

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Coeficientes de Rigidez Horizontal (CRH) – Estacas 115

14.2. Variação do Módulo de Reação com a


Profundidade
O valor do módulo de reação horizontal possui dois tipos de variação: constante ou
linearmente crescente com a profundidade. Nas argilas pré-adensadas, o módulo (K) é
constante com a profundidade (z), mas nas areias e argilas normalmente adensadas
varia linearmente com a profundidade, de acordo com a expressão (K = nH z), onde nH
é denominado “constante do coeficiente de reação horizontal”.

As tabelas abaixo apresentam valores típicos para K e nH :

ARGILAS PRÉ-ADENSADAS VALOR DE K (MPa)


CONSISTÊNCIA ORDEM DE GRANDEZA VALOR PROVÁVEL
Média 0,70 a 4,0 0,8
Rija 3,0 a 6,5 5,0
Muito Rija 6,5 a 13,0 10,0
Dura > 13,0 19,5

Tabela 14.1 – Valores do módulo de reação K para argilas pré-adensadas.

COMPACIDADE DA AREIA ou
VALOR DE nH (MPa)
CONSISTÊNCIA DA ARGILA
SECA SUBMERSA
Areia fofa 2,6 1,5
Areia medianamente 8,0 5,0
Areia compacta 20,0 12,5
Silte muito fofo - 0,2
Argila muito mole - 0,55

Tabela 14.2 – Valores da constante do coeficiente de reação horizontal nH.

14.3. Modelo Conforme SPT/m


Ainda para o cálculo de fundações profundas carregadas transversalmente, foi
implantado no sistema SISEs o modelo de WALDEMAR TIETZ. Este método,
apresentado na revista ESTRUTURAS nº. 76, foi concebido inicialmente para tubulões
com diâmetro igual ou superior a 1 m.

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116 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Diferentemente das estacas submetidas somente ao esforço axial de compressão, que


depende mais do tipo de solo abaixo da ponta, para estacas submetidas à ação
horizontal o mais importante é o solo que envolve os primeiros metros de profundidade
do fuste. Quando um tubulão dentro do solo se desloca no sentido horizontal, o solo
exerce sobre sua superfície lateral bC (reduzida) uma pressão variável com a
profundidade:

CZ  m  z (tf/m³)

Onde: Cz : é denominado “coeficiente de recalque do solo;


m : em (tf/m4) é o coeficiente de proporcionalidade que caracteriza a variação
do coeficiente CZ em relação à qualidade do solo;
z : é a profundidade das respectivas camadas do solo consideradas a partir da
superfície do solo ou do nível da base do bloco.

As tabelas abaixo apresentam os valores típicos de m:


SOLO ARENOSO COMPACIDADE SPT m (tf/m4)
Areia Fofa 1 150
Silte Pouco compacta 7 300
Silte Medianamente c. 20 500
Areia Compacta 40 800
Argila Muito compacta 50 1500

Tabela 14.3 – Valores do coeficiente de proporcionalidade m para solos arenosos.

SOLO ARGILOSO CONSISTÊNCIA SPT m (tf/m4)


Turfa Meio líquido 0 25
Argila Muito mole 1 75
Argila Mole 3 150
Argila Média 6 300
Argila Rija 12 500
Argila Muito rija 22 700
Argila Dura 30 900

Tabela 14.4 – Valores do coeficiente de proporcionalidade m para solos argilosos.

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117

A correlação do número de SPT com os coeficientes de proporcionalidade do solo


tabelado pela norma russa precisa ser comprovada para o solo brasileiro. Existem
algumas correlações para relacionar o NSPT com a capacidade de ruptura, mas em
principio, o autor (WALDEMAR TIETZ) desconhece método semi-empírico prático tal
como ocorre para estacas axialmente carregadas como os métodos de AOKI-
VELLOSO e DÉCOURT-QUARESMA.

Outra observação importante é que atualmente o SISEs não aborda todas as análises
propostas por TIETZ para a determinação do coeficiente de recalque do solo C Z , sendo
estes (largura efetiva, efeito de grupo, continuidade do solo, etc) incluídos
posteriormente no sistema.

14.4. Resumo dos Diversos Métodos


Abaixo é apresentada uma tabela resumindo os diversos métodos para cálculo do
Coeficiente de Reação Horizontal com algumas características importantes de cada um,
tais como: consideração de camadas, associação de camadas, grau de dependência do
SPT, etc. Esta tabela tem o objetivo de auxiliar a seleção do método desejado e
apresentar o número de variáveis a serem definidas na associação às camadas da
sondagem.

Método Tipo Considera Associa- Associa- Variáve- Depen-


para Solo Diversas ção ção is a dência
calculo Camadas? Camada Camada definir do
do Sonda- Sonda- por Método
CRH gem gem camada / SPT
pelo pelo
SPT Titulo
Tipo Argila Sim Não Sim K Nenhum
do Dura
Solo Areia
Argilas Sim Não Sim nh Nenhum
moles
SPT/m Argila Sim Sim Não ---- Total
Areia

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118 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

15. Recalques Admissíveis


O recalque absoluto é definido pelo deslocamento vertical descendente de um elemento
de fundação. A diferença entre os recalques absolutos de dois elementos de fundação é
recalque diferencial. O recalque diferencial, pelo fato de impor distorções às estruturas,
pode acarretar em fissuras, dependendo da sua magnitude, daí a necessidade de
quantificar recalques admissíveis do ponto de vista estrutural. Mostra-se a seguir, os
recalques diferenciais admissíveis preliminares para estruturas de edifícios altos de
concreto armado, resultados de observações em VARGAS & SILVA (1973).

Obs.: Os números em % fora dos parênteses se referem aos edifícios estreitos


(dimensão padrão menor que 15 m) e os que estão dentro dos parênteses são para
edifícios largos (dimensão padrão maior que 15 m).

- Recalque diferencial inferior a 0,18 % (0,20 %) do vão considerado, não produzirá


danos nem inclinação em prédios altos;

- Recalque diferencial inferior a 0,31 % (0,26 %) do vão considerado, dará origem a


fissuras nas alvenarias, mas não gerando inclinações em prédios altos;

- Recalque diferencial inferior a 0,42 % (0,60 %) do vão considerado, dará origem a


fissuras na estrutura e pequena inclinação em prédios altos;

- Recalque diferencial inferior a 0,45 % (0,80 %) do vão considerado, dará origem a


fissuras na estrutura e inclinação notável; exigirá reforço de fundações.

É importante fazer uma observação de que, em alguns prédios (edifícios com 6


pavimentos no máximo) se tem verificado que mesmo com os recalques diferenciais
superiores aos indicados acima, nada sofreram em termos estruturais. O conceito de
recalque admissível, pelo menos para os prédios, está intimamente ligado à tradição da
comunidade.

Os casos mais conhecidos no Brasil são os edifícios da orla marítima de Santos – SP,
com movimentos mais próximos a corpo rígido, pois os recalques provêm de camadas
de argilas subjacentes que sofrem adensamento; a camada de areia sobre a qual se
apóiam os elementos de fundações diretas tendem a absorver grande parte das
distorções da estrutura.

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Recalques Admissíveis 119

Golombek apud ALONSO (1991), cita uma palestra do prof. Milton Vargas “Recalque
excessivo é questão de temperamento. Nos EUA um recalque de 2 cm é um escândalo
nacional; em Santos (SP) quando um prédio recalca só 50 cm todo mundo fica feliz”.
Hoje, em Santos esta posição está mudando, reduzindo os valores de recalques com o
uso de fundações profundas, pois o temperamento do usuário de Santos está mudando.
A Folha de São Paulo em 29/07/90, apud ALONSO (1991) afirma que os edifícios
tortos de Santos chegam a valer 40 % do preço de mercado.

Em 1963, Bjerrum, com base no trabalho de Skempton & McDonald, publicado em


1956, propôs os limites da distorção angular para vários tipos de obra.

CHAMECKI (1958) critica a maneira como o conceito de recalques admissíveis está


sendo aplicado na prática de engenharia. O recalque diferencial estimado, sem a
consideração da rigidez da estrutura e cuja sua relação com o recalque diferencial real é
desconhecida, é utilizado como padrão para o projeto de fundações de estruturas.
Enquanto uns prescrevem para recalque diferencial admissível 1/1000 do vão, outros
oferecem valores mais ousados como 1/500 e 1/300. Concluindo-se que para um
mesmo valor de recalque diferencial estimado, pode o recalque diferencial real variar
desde valores muito próximos a zero (estruturas com altíssima rigidez) até o valor
muito próximo a do calculado (estrutura com baixíssima rigidez). Assim, um mesmo
valor admissível pode oferecer desde a segurança exagerada e anti–econômica até
perigo de ruína para a estrutura.

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120 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 15.1 – Recalques limites e conseqüências.

Figura 15.2 – Distorção angular limite.

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Recalques Admissíveis 121

15.1. Requisitos de Norma

A NBR 6118:2003 atual, diferente da sua versão anterior, de 1978, possui uma visão de
integração de todos os elementos estruturais e praticamente obriga o uso de recursos
computacionais para a análise global das estruturas. Em face disso também se preocupa
sobre a questão da integração estrutura-solo, resumindo superficialmente nos dois itens:

11.3.3.3 Deslocamentos de apoio


“Os deslocamentos de apoio só devem ser considerados quando gerarem esforços
significativos em relação ao conjunto das outras ações, isto é, quando a estrutura
for hiperestática e muito rígida”.

A maioria dos edifícios de múltiplos pavimentos em concreto armado são altamente


hiperestáticos e rígidos. Ou seja, para saber se existe ou não esforços significativos,
deve ser analisado a interação estrutura-solo. Vale lembrar que os esforços obtidos pela
combinação de ações (permanente + sobrecarga + ventos), no caso de obtidos pela
combinação com efeitos de 2ª Ordem global (Gama Z, P-Delta) sem a preocupação com
a deformabilidade do solo. Esta prática poderá fornecer resultados equivocados e contra
a segurança. Felizmente, na maioria dos edifícios além do coeficiente de segurança alto
nas fundações, ainda existe contribuição significativa de paredes de alvenaria de
vedação que funciona como biela, enrijecendo lateralmente a estrutura em
contraventamento, tornando os efeitos menores que estimados (calculados).
Recentemente, com exceção das paredes externas, as paredes internas em alvenaria
estão sendo substituídas por sistemas mais leves, como Dry-Wall ou gesso acartonado e
divisórias que não contribuem para o contraventamento, ou seja, a tendência atual é
transferir todos os esforços para os elementos estruturais (sistemas laje, vigas, pilares e
pilares-parede). Daí a importância do calculista em conhecer o modelo numérico
utilizado e suas considerações.

14.2.2 Premissas necessárias à análise estrutural


“A análise deve ser feita com um modelo estrutural realista, que permita
representar de maneira clara todos os caminhos percorridos pelas ações até os
apoios da estrutura e que permita também representar a resposta não-linear dos
materiais. Em casos mais complexos a interação solo-estrutura deve ser
contemplada pelo modelo.”

Quando a estrutura pode ser considerada como mais ou menos complexa? O assunto é
mais sofisticado do que parece, pois envolve o maciço de solo, conjunto de materiais
altamente heterogêneo com difícil avaliação do módulo de deformação (E SOLO), e
resistência que depende do grau de saturação e efeitos das fundações mais próximas
que podem gerar sobrepressões nos bulbos de tensões. Para atingir o “modelo realista”
da Norma, é imprescindível a consideração da interação estrutura-solo.
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122 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Quem não se adequar ao novo conceito não se faz sentido em adquirir os softwares
mais complexos, se já começa errando na concepção (condições de contorno) e tem o
grande risco de acumular os erros de incerteza que envolve o fenômeno tão complexo.

O domínio do estudo da interação estrutura-solo não tem o objetivo somente em prever


os possíveis esforços secundários devido aos recalques diferenciais e dimensionar a
estrutura para tal. O seu principal objetivo é ajustar melhor no dimensionamento dos
elementos estruturais de fundações e do edifício simultaneamente para minimizar os
efeitos nocivos dos recalques diferenciais nas estruturas. E com esta consideração,
procura-se otimizar a distribuição dos esforços, analisando-se integralmente a estrutura
e o maciço de solo. O objetivo final é tentar obter recalque diferencial zero, pelo menos
na teoria, para que na prática a estrutura sofra o mínimo possível os efeitos da
deformabilidade do solo.

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Artigo CILAMCE 123

16. Artigo CILAMCE


Nelson Covas
nelson@tqs.com.br
TQS Informática – Sistemas Computacionais/ Engenharia Estrutural
Rua Pinheiros, n 706 c/02 - CEP 05422-001, São Paulo, SP, Brasil

Valério S. Almeida
valerio@em.ufop.br
Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Ouro Preto
Campus Universitário – Ouro Preto – MG - Brasil

Sumário. A consideração da deformabilidade do solo no projeto de edifícios em


concreto armado é um tema tratado no meio acadêmico e em escritórios de engenharia
estrutural há décadas. Entretanto, no Brasil não existia até então um sistema
computacional que fosse capaz de oferecer ao usuário um ferramental que simule a
interação solo-estrutura de maneira prática, eficiente e com nível de respostas
confiável do ponto de vista acadêmico e prático. Neste intuito, a empresa TQS
Informática Ltda vem desenvolvendo um modelo numérico denominado de SISEs –
Sistema de Interação Solo-Estrutura; que configura num sistema que acopla o edifício
3D, a infra-estrutura e o maciço de solos. O edifício é baseado nas normas técnicas de
concreto armado e na metodologia usual de elaboração e representações de projetos
estruturais empregados no Brasil. Os elementos de fundação simulam as fundações
diretas (sapatas, radiers) ou profundas (estacas e tubulões) e o maciço de solos pode
ser representado como um meio não – homogêneo com a cota do indeslocável prescrita
a priori pelo usuário. Assim, as sapatas isoladas ou em grupos são analisadas no
artigo comparando as respostas obtidas pelo SISEs/TQS com formulações presentes na
literatura advindas de outras técnicas numéricas, tal como método de elementos finitos
ou método de elementos de contorno.

Palavras-chave: Sistema de Interação Solo-Estrutura, SISEs, Edifício em Concreto


Armado, Fundação, Solo, Método de Elementos Finitos, Método de Elementos de
Contorno.

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124 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

16.1. Introdução ao artigo


O edifício em conjunto com o maciço de solos representa um sistema mecânico
integrado único. As ações que ocorrem na superestrutura são transferidas para o solo,
mobilizando este o qual se deforma e define uma configuração de equilíbrio para o
conjunto estrutura/solo, Fig. 1.a. Entretanto, este mecanismo integrado, ou mais
especificamente a inter-relação entre a super, infra e subestrutura e o maciço de solos,
de modo geral é analisada de forma independente. Na prática, a análise do edifício é
tomada considerando-se os pilares engastados em sua base, conforme Fig. 1.b, gerando
reações que posteriormente são transferidas ao projetista de fundações que usa estes
valores para dimensionar e verificar seus elementos de fundação, Fig. 1.c.
Esta simplificação de projeto advém do alto grau de complexidade para avaliar o
conjunto mecânico integrado. Pois, cada um dos subsistemas por si já representa um
vasto campo de estudo, quer na variabilidade de parâmetros físicos e geométricos, quer
nas correspondentes idealizações dos modelos mecânicos. Somando-se a isto, os
diferentes ramos de interesse e de conhecimento dos projetistas e pesquisadores nesta
área são voltados para referenciais diferentes.
a) b) c)

maciço de solos maciço de solos

plano indeslocável plano indeslocável

Figura 1 – a) Modelo integrado solo-estrutura; b) Modelo simplificado da


estrutura; c) Modelo simplificado da fundação.

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Artigo CILAMCE 125

Por um lado, o projetista de fundações analisa a complexa integração entre a


subestrutura e o maciço de solos, como a determinação da capacidade de carga de
estacas ou o cálculo das tensões de ruptura das sapatas que estão submersas em solos
estratificados ou colapsíveis, expedientes previstos pela norma de Projeto e Execução
de Fundações do Brasil, NBR 6122 (1996). Os projetistas não consideram as mudanças
de configurações que estes perfis de solo provocam na superestrutura, levando
obviamente a um estado de tensões e recalques não previsto no sistema
subestrutura/maciço, projetado então de forma desacoplada com a superestrutura.
Em contrapartida, o projetista estrutural está voltado para os efeitos que ocorrem
na superestrutura, como por exemplo, a consideração do fenômeno de não-linearidade
geométrica (efeito de 2ª ordem) ou o comportamento não linear do material que o
edifício está sujeito, e onde ambos os procedimentos devem ser avaliados por força da
norma de Projeto de Estruturas de Concreto do Brasil, NBR 6118 (2000). Sendo que o
projetista também não leva em conta os efeitos que o meio de apoio está sujeito quando
da absorção das ações, e nas posteriores modificações da superestrutura que possa
acarretar nas vigas, pilares, etc.
Para o caso da avaliação qualitativa e quantitativa dos edifícios de forma isolada,
ou seja, sem a consideração do maciço, na literatura existem diversos modelos para
análise de maneira criteriosa seu comportamento. Citam-se os trabalhos de Pinto
(2002), Chan et al. (2000), Franco (1995), Vecchio & Emara (1992), Pimenta & Yojo
(1992) e Franco & Vasconcelos (1991), onde todos são aplicados no campo da análise
não-linear geométrica. Para o caso da análise não-linear física, têm-se os trabalhos de
Oliveira (2001), Martins (2001) e Kim & Lee (1993) que introduzem o efeito plástico
nas lajes e vigas do edifício. Martins (2001), Smith & Coull (1991) e Taranath (1988)
analisam edifícios com núcleos resistentes e com a consideração a rigidez transversal à
flexão das lajes.

Nota-se que os modelos empregados para representar o edifício são enriquecidos a


cada dia, onde além de considerar os seus efeitos não-lineares, também são
incorporadas a influência das lajes, do núcleo estrutural e a até a presença da alvenaria
para a melhor avaliação de seu comportamento estrutural, Holanda Jr. (2002) e
Mamaghani et al. (1999).
Entretanto, uma análise mais criteriosa sobre o comportamento do edifício deve
também considerar, além da inclusão destes efeitos citados anteriormente, a influência
da deformabilidade do maciço onde a superestrutura se apóia. Neste sentido, existem
várias pesquisas voltadas a este estudo.
Lopes & Gusmão (1991) investigaram o desenvolvimento de recalques de um
pórtico apoiado em um meio elástico semi-infinito, empregando os procedimentos de
Mindlin (1936). Este pórtico representava um edifício de concreto armado e estava
sujeito apenas a carregamento vertical.

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126 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Ramalho & Corrêa (1991) estudaram o comportamento de edifícios apoiados em


meio elástico semi-infinito e homogêneo considerando os elementos de fundações
apenas do tipo sapata. O solo foi representado pelo Método de Elementos de Contorno
(MEC), e as sapatas foram representadas pelo Método de Elementos Finitos (MEF).
Insere-se o efeito das ações de vento neste modelo de interação. Noorzaei et al. (1993)
avaliam as respostas de um pórtico plano apoiado em um meio não-homogêneo e
considerando-se a não-linearidade física do pórtico. Uma maneira mais criteriosa de
avaliar o maciço é possibilitando a inclusão de uma camada indeslocável a uma
distância indicada em projeto, uma vez que os modelos de modo geral, partem da
hipótese de que a camada indeslocável está a uma distância infinita, não levando em
conta a possível presença de rochas no maciço. Somado a esse fator, a consideração do
maciço como um meio não-homogêneo pode levar a um modelo mais próximo das
condições reais de campo, uma vez que a origem do maciço advém de transformações
geológicas que não geram propriedades homogêneas ao meio contínuo. Nesta linha,
alguns modelos também têm levado em conta estas condições, por exemplo, os
trabalhos de Moura (1995), Reis (2000), Romanel et al. (2000), Romanel & Kundu
(1990), Gusmão (1990), Antunes & Iwamoto (2000), Holanda Jr. (1998) e Almeida &
Paiva (2004).
Estes trabalhos citados que leva em conta a presença do maciço possuem restrições
quanto a sua aplicabilidade. Alguns não permitem a inclusão de elementos de fundação,
outros só consideram ações verticais no edifício, um outro grupo representa a não-
homogeneidade e a camada indeslocável mas não consideram o edifício com efeito de
2ª. ordem ou de geometria qualquer.
Como conseqüência, é lícito afirmar que todos estes trabalhos citados acima
abordaram de forma superficial e com pouca praticidade uma aplicação real de projeto,
pois todos possuem restrições quer no tocante a modelos mecânicos do edifício
integrado com o maciço, quer na difícil usabilidade para o lançamento da geometria do
edifício ou dos perfis geológicos das sondagens, quer em inexistir um gerador de malha
ou visualizador de resultados adequado para o usuário. Soma-se também ao fato destes
trabalhos não avaliarem de maneira completa todos os elementos estruturais quanto aos
Estados Limites de Serviço e Último em função das normas correntes de Execução de
Estruturas de Concreto Armado do Brasil, NBR 6118 (2000) e de Fundações, NBR
6122 (1996).

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Artigo CILAMCE 127

Neste intuito, a empresa TQS Informática Ltda vem desenvolvendo um modelo


numérico denominado de SISEs, Sistema de Interação Solo-Estrutura, que configura
num modelo que acopla o edifício 3D, a infra-estrutura e o maciço de solos. O edifício
é baseado nas normas técnicas de concreto armado e na metodologia usual de
elaboração e representações de projetos estruturais empregados no Brasil. É possível
também considerar os efeitos de 2ª. ordem e a não-linearidade física no pórtico
espacial. Os elementos de fundação simulam as fundações diretas (sapatas isoladas,
associadas e radiers) ou profundas (estacas e tubulões) e o maciço de solos pode ser
representado como um meio não – homogêneo com a cota do indeslocável prescrita a
priori pelo usuário. Assim, neste artigo é apresentada a metodologia empregada para a
modelagem dos elementos de fundações e do maciço de solo, apresentando então
algumas comparações numéricas de sapatas isoladas entre as análises feitas pelo
SISEs/TQS e formulações teóricas ou numéricas presentes na literatura clássica.

16.2. A TQS e o Sistema CAD/TQS


A TQS Informática Ltda é uma empresa de desenvolvimento de sistemas
computacionais gráficos e de cálculo para engenharia estrutural. O desenvolvimento
destes sistemas computacionais foi baseado nas normas técnicas de concreto armado e
na metodologia usual de elaboração e representações de projetos estruturais empregadas
pelas empresas brasileiras.
Os sistemas CAD/TQS fazem o cálculo das solicitações dos elementos de viga,
pilar utilizando elementos de pórtico espacial e as lajes pelos processos de grelha
equivalente ou por elementos finitos planos, inclui a análise de estabilidade,
dimensionamento, detalhamento e desenhos de formas, vigas, pilares, lajes
(convencionais, nervuradas, planas e cogumelos), blocos e sapatas. Para elementos
especiais (pontes, muros, escadas, pré-moldados, etc.) tem-se um editor gráfico
exclusivo e orientado para o detalhamento de armaduras. Para lajes e vigas o sistema
também possibilita a utilização de concreto protendido.
Os sistemas CAD/TQS não dependem de outros sistemas computacionais gráficos
de editoração de desenhos. Foi desenvolvido um editor gráfico próprio, totalmente
incorporado aos sistemas CAD/TQS, voltado à engenharia estrutural, onde o usuário
lança a estrutura, visualiza resultados, edita armaduras, emite os desenhos em
impressora ou traçador gráfico, etc. Este editor é um dos principais motivos pela
abrangência e produtividade dos sistemas CAD/TQS. O desenvolvimento dos métodos
de cálculo do edifício espacial com os demais elementos existentes é baseado no
Método de Elementos Finitos, Soriano (2003).

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128 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

16.3. Sistema de Integração Solo-Estrutura da TQS


Atualmente, a TQS está em fase de finalização do SISEs, Sistema de Interação
Solo-Estrutura, que é um sistema computacional bastante abrangente para a análise da
interação estrutura-solo, onde se devem aproveitar todas as ferramentas de cálculo,
lançamento e editoração já existentes no CAD/TQS.

Com este intuito, lança-se graficamente o edifício, realiza-se a geração adequada e


automática dos carregamentos de uma estrutura pelo MGC (Mecanismo Gerador de
Carregamentos) dos sistemas CAD/TQS, conforme preconiza a norma brasileira NBR
6118. Assim, dezenas de combinações de carregamentos são criadas, processadas e
enviadas ao geotécnico para a elaboração do projeto de fundações junto com o modelo
da superestrutura. Entretanto, este elevado volume de informações, embora correto do
ponto de vista técnico, continua trazendo problemas para o engenheiro geotécnico na
elaboração do projeto dos elementos de fundações, pois este não estava acostumado a
analisar a fundação considerando estes elevados número de combinações. Neste
sentido, o SISEs/TQS vem a abrir também muitas possibilidades para pesquisa nesta
frente.
A filosofia básica do SISEs/TQS consiste no seguinte:

1. O modelo básico lançado pelo engenheiro estrutural envolvendo os diversos


materiais, a geometria e os carregamentos são passados ao engenheiro geotécnico;
2. O engenheiro geotécnico alimenta no sistema as diversas sondagens realizadas no
terreno;
3. São selecionados os tipos de fundações (rasa e/ou profunda) mais adequados para o
projeto, podendo haver tipos de elementos diferentes num mesmo projeto: estacas,
radiers e tubulões;
4. As dimensões dos elementos de fundação (sapatas, radiers, estacas, tubulões, etc.)
são pré-dimensionadas pelo geotécnico;
5. Estes elementos são lançados no SISEs/TQS junto aos respectivos pilares advindos
do modelo estrutural;
6. São selecionados critérios de projeto para a simulação da presença do solo junto aos
elementos de fundação (capacidade de carga, métodos para cálculo de recalques, etc);
7. São calculados os coeficientes de influência do solo em cada ponto discretizado da
fundação e anexados ao modelo estrutural da fundação, conforme as diversas
metodologias disponíveis na literatura e implementadas no SISEs/TQS;
8. O SISEs/TQS cria um novo modelo estrutural contendo toda a superestrutura em
conjunto com os elementos de fundação, discretizados convenientemente e com a
influência do solo já integrada. Este novo modelo é resolvido, possibilitando todos os
recursos disponíveis no CAD/TQS, como por exemplo a consideração da análise não-
linear geométrica (P-  );

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Artigo CILAMCE 129

9. O engenheiro geotécnico analisa os resultados para todas as condições de


carregamentos (alfanuméricos e/ou gráficos) para verificar a adequação dos elementos
de fundação adotados com as tensões de ruptura, a capacidade de carga do solo e os
recalques máximos mobilizados;
10. Se necessário, ajustes nos elementos de fundação são realizados e o processo é
refeito até que a solução desejada do ponto de vista de tensões de ruptura, recalques
seja atingida;
11. O novo modelo integrado solo-estrutura é repassado ao engenheiro estrutural, o qual
avalia as respostas nos elementos estruturais (vigas, pilares, lajes, etc) e, caso necessite,
altera alguma propriedade do material ou geometria de qualquer elemento. Ele
reprocessa o modelo solo-estrutura até atingir uma configuração de projeto
conveniente;
12. O modelo pode ser repassado ao geotécnico, que reavalia a nova distribuição de
esforços e recalques na fundação. Esta interatividade, totalmente automatizada no
sistema TQS, entre os profissionais pode ser feita até que uma condição ótima seja
atingida para ambos.

Elementos de fundação do SISEs/TQS


O SISEs/TQS disponibiliza os seguintes tipos de elementos de fundação para a
modelagem da fundação:

a. Sapatas Isoladas;
b. Sapatas Associadas, com e sem furos existentes;
c. Radiers, com e sem furos existentes;
d. Estacas: circulares, quadradas, retangulares (Barrete) sob bloco rígido ou
flexível;
e. Tubulão: fuste e base circular;

Destaca-se que todos os elementos de fundação são modelados pelo Método de


Elementos Finitos com elementos lineares com as funções de forma de flexão
(polinômio completo do 3º. grau), normal e torcional (ambos com polinômio completo
do 1º. grau) ou seja, um elemento finito de pórtico espacial convencional.
A simulação das sapatas (isoladas ou associadas), radiers e dos blocos só é
possível com sua geometria retangular.
Para todos os elementos de fundação, no SISEs/TQS é necessário definir certos
parâmetros de projeto, como: suas dimensões, espessura, ângulo de inclinação em
planta ou em corte, valor da resistência do seu concreto de formação, sua cota para
assentamento e de arrasamento, peso próprio, grau de refinamento para geração da
malha de elementos finitos, dentre outros parâmetros de projeto, os quais são
detalhados no manual do sistema. O SISEs/TQS insere automaticamente todos os
elementos de fundação no modelo do edifício.

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Sapatas Isoladas
A representação dos elementos de sapata isolada é feita associando-se um certo
pilar do edifício a sapata, veja Fig. 2. Para este elemento, só é possível representá-lo
com geometria retangular.

Figura 2 – Editor de sapatas isoladas do SISEs/TQS

Sapatas Associadas e Radiers


No editor de fundação, para cada radier ou sapata associada, pode-se definir dois
tipos de regiões: Sapata Contígua Retangular (SCR) e Região Complementar
Retangular (RCR). Para o primeiro caso, é necessário associar um pilar da
superestrutura a esta região, enquanto que em RCR não é possível associar um pilar a
ela. Em cada caso, pode-se definir uma altura específica. Da mesma maneira que a
sapata isolada, é apenas possível representá-lo com geometria retangular, veja Fig. 3.

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Artigo CILAMCE 131

Figura 3 – Editor de radier do SISEs/TQS

Fundação Profunda: Estacas e Tubulões


O SISEs disponibiliza os seguintes tipos de estacas:
i. Escavada: Pequeno diâmetro, grande diâmetro e com lama bentonítica;
ii. Pré-moldada: Cravada ou prensada;
iii. Franki: Fuste apiloada ou fuste vibrado;
iv. Outras: Strauss, Hélice Contínua, Raiz, Metálica, Injetada sob alta pressão ou Não-
Padrão.

As estacas podem ser verticais ou inclinadas, onde os blocos de capeamento


podem ser definidos de dois tipos: flexível ou rígido. Para o primeiro tipo, sua
geometria é retangular podendo conter até 12 estacas. Para o bloco rígido, sua
geometria pode ser triangular, retangular, pentagonal ou hexagonal, veja Fig. 4.
Para o elemento de tubulão, sua geometria é de fuste e de base circular, estando
associando apenas um pilar para cada tubulão.

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132 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 4 – Editor de estacas do SISEs/TQS

Detalhamento dos Perfis de Sondagens


O cálculo dos fatores de influência do solo no SISEs/TQS é baseado na
intercorrelação dos dados advindos dos perfis de sondagens editados pelo usuário com
os modelos de cálculo desenvolvidos pelo SISEs/TQS.
Os perfis de sondagens são introduzidos em um editor de fácil entrada e de
visualização imediata. Assim, adiciona-se um perfil, suas coordenadas na obra, cota do
nível de água, cota do indeslocável (caso seja atingida na sondagem), os valores de
resistência à penetração (SPT), a classificação das camadas, etc., conforme Fig. 5.
Para cada camada de um perfil de sondagem, o sistema exige a associação deste
com um certo valor de tabela ou a um certo modelo a ser usado para cálculo dos seus
coeficientes de influência do solo desta camada de metro em metro. Esta escolha
também depende do tipo de elemento de fundação, ver Fig. 6.
Em função da grande variabilidade dos dados de sondagens obtidas numa mesma
obra, o que é característico na área de fundações, o SISEs/TQS disponibiliza cinco
opções para que o usuário associe, conforme seu critério de projeto, as diversas
sondagens existentes, podendo escolher, para cada tipo de elemento de fundação, uma
das seguintes opções:

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Artigo CILAMCE 133

 Média ponderada entre as duas sondagens mais próximas;


 Média ponderada entre todas as sondagens;
 Média aritmética entre todas as sondagens;
 Sondagem mais próxima;
 Sondagem específica, conforme seleção do usuário.

Deste modo, o sistema monta os valores de influência do solo de cada ponto da


fundação em função do critério de ponderação adotado pelo usuário para cada
sondagem.

Figura 5 – Editor de sondagem do SISEs/TQS

Modelos matemáticos para representar o solo: Histórico


Geral
Existem diversos procedimentos empregados para a simulação do solo. Entretanto,
quatro métodos são os que mais se destacam na literatura sobre o assunto, sendo os

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134 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

seguintes: a) Analítico; b) Camada Finita; c) Discreto Contínuo, MEF ou MEC; d)


Mola Equivalente ou Modelo de Winkler.
Os modelos a) e b) são pouco utilizados de modo geral, pois são de aplicações
restritas com relação à limitação de tipo de geometria, carregamento ou material. Mas
para consulta sobre estes métodos, citam-se as seguintes referências: Burmister (1945),
Poulos (1967), Chan et al. (1974), Davies & Banerjee (1978), Gibson (1967, 1974) para
o caso a); e Booker et al. (1989), Lee & Small (1991), Southcott & Small (1996) e Ta &
Small (1998), para o caso b.

Os dois últimos casos (c e d) representam os procedimentos mais empregados para


a simulação do solo. O caso c utiliza os potentes métodos numéricos, mais
precisamente o emprego do método de elementos finitos (MEF) e o de elementos de
contorno (MEC).
O MEF é a mais versátil e poderosa ferramenta usada em problemas de análise
estrutural. No entanto, para o caso de ser aplicado na análise de domínio infinito
(solos), é uma ferramenta difícil na preparação dos dados, onerosa para o seu
armazenamento e resolução do sistema final e exige certos cuidados para a imposição
de restrições de deslocamentos para a simulação de domínios infinitos, uma vez que a
sua formulação clássica é baseada na imposição de condições de contornos. Para o caso
3D, isto se torna ainda mais contundente, uma vez que é necessário usar centenas ou
milhares de elementos finitos do tipo sólido. Assim, poucos pesquisadores têm
empregado o MEF na análise de maciços, citando-se os trabalhos de Ottaviani (1975) e
Chow & Teh (1991).

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Artigo CILAMCE 135

Figura 6 – Editor dos parâmetros de cada camada de solo do SISEs/TQS

O MEC é uma ferramenta muito adequada para a análise do solo, devido às suas
características peculiares: i) funções ponderadoras que já contemplam as condições de
contorno atendidas a grandes distâncias; e ii) exige apenas que a região em contato com
o solo seja discretizada, por exemplo, na análise de sapatas sobre o solo 3D é necessário
apenas a representação do solo com a malha 2D desta fundação, ao passo que o MEF
exige uma discretização tridimensional do problema.

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136 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

A solução de Mindlin (1936) é o principal ponto de partida para a construção das


funções ponderadoras a serem empregadas pelo método, entretanto ela é apenas válida
para um meio homogêneo e semi-infinito, o que também restringe a aplicação em
propósitos genéricos, uma vez que o solo é intrinsecamente não-homogêneo e com a
possibilidade da camada indeslocável ser prescrita em projeto. Neste caso, é comum
usar um expediente não correto sob o ponto de vista do formalismo matemático, mas
que não afeta muito as respostas finais, que é o modelo simplificado e prático de
Steinbrenner (Poulos, 1967). Este expediente emprega a solução de Mindlin calculando
os deslocamentos de um determinado ponto e subtraindo-se este do deslocamento
surgido na cota indeslocável (  xSteinbrenner   xMindlin   hMindlin), onde  x é o
deslocamento na cota x e  h é o deslocamento na cota do plano indeslocável. Este
modelo simplificado também leva em conta a não-homogeneidade do maciço. Citam-se
nesta linha de aplicação os trabalhos de Almeida & Paiva (2004), Antunes & Iwamoto
(2000), Holanda Jr. (1998) e Maier & Novati (1987).
Para o caso b, o meio contínuo é substituído por um sistema de molas equivalente e
discreto, também conhecido como modelo de Winkler. A maior vantagem na aplicação
deste modelo é sua simplicidade e relativa facilidade para implementação
computacional. Este argumento se consolida ainda mais quando se integra ao solo os
elementos de fundação e de edifício baseado no MEF. Uma vez que as características
de esparsidade e simetria da matriz de rigidez final não se perdem, fato bastante
relevante em termos de menor armazenamento e velocidade de cálculo na resolução do
sistema linear para problemas de médio e grande porte processados em
microcomputadores, principalmente para o caso de se considerar efeitos não-lineares,
expediente considerado no sistema TQS.
A maior desvantagem deste método é com respeito à escolha dos módulos de
reação da mola para representar o maciço. Esses parâmetros deveriam ser calculados
experimentalmente para cada perfil do solo, mas, na prática, é comum empregá-los em
outros perfis com características diferentes, o que pode levar as soluções incertas e
imprecisas. Nessa linha, desenvolvem-se os trabalhos de Mylonakis & Gazetas (1998),
Lee (1993), Randolph & Wroth (1979) e Cheung & Zienkiewicz (1965).

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Artigo CILAMCE 137

Modelo mecânico do SISEs/TQS


O SISEs/TQS foi desenvolvido a partir do modelo de Winkler. Tal escolha foi
tomada em função da obrigatoriedade de se ter um sistema solo/estrutura com
propósitos genéricos no tocante a análise e projetos estruturais, procurando aproveitar o
sistema CAD/TQS já consolidado, como os sistemas de lançamentos e cálculo de
elementos finitos, da montagem e resolução do sistema linear e não-linear. Uma vez
que tais mudanças implicariam na criação de modelos mecânicos e numéricos novos
que deveriam ser testados exaustivamente e mesmo assim teriam um período de
maturação no meio técnico. Além disso, quaisquer outra escolha implicaria numa
grande quantidade de dados para armazenamento e processamento, somados aos já
existentes no complexo modelo de edifício do CAD/TQS, quer seja usando o MEF 3D
ou o MEC.
Assim, para considerar a influência do solo junto à fundação, partiu-se da hipótese
de Winkler, onde ela estabelece que as tensões aplicadas no solo sejam proporcionais,
em uma relação escalar, ao recalque mobilizado. Não havendo influência entre o ponto
de aplicação desta tensão com sua vizinhança.
Ou seja, estabelece uma relação pontual entre fundação-solo, mediante a definição
de uma constante de mola que representará a rigidez do maciço. Para isto, é necessário
definir o valor de Kv e Kh e o qual é denominado de módulo de reação vertical e
horizontal. Este é um valor escalar que representa o coeficiente de rigidez que o solo
possui para resistir ao deslocamento mobilizado por uma tensão imposta. Ele é análogo
ao coeficiente de mola, mas não relacionado a uma força, mas sim a uma tensão (força
por área). Veja exemplo esquemático na Fig. 7 para melhor entendimento.

F=k.d P = kv . d

F P
F

d
d

k
kv

a) b)

Figura 7 – a) Definição do coeficiente de mola, quociente entre força –


deslocamento; b) Definição do módulo de reação vertical, quociente entre tensão –
deslocamento.

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138 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Neste sentido, a TQS Informática Ltda procurou na literatura e nos centros de


pesquisas do Brasil diversas metodologias usuais que empregam este modelo de molas.
Para o caso das fundações diretas, dividiu-se em três diferentes categorias de cálculo
destes coeficientes: 1) Valores padronizados; 2) Ensaio de Placa; e 3) Recalque vertical
estimado.
A seguir, é definido e apresentado cada uma dessas categorias bem como as
referências dos métodos que foram implementados no SISEs/TQS. Destacando-se que
todas as expressões, tabelas e gráficos relativos a todos os métodos listados em seguida
já estão inseridos no SISEs/TQS, bastando ao usuário selecionar suas opções. Além
disso, são possíveis que sejam inseridos outros valores nas tabelas conforme critério de
cada projetista.

Valores Padronizados (VP)


Vários pesquisadores apresentam tabelas e ábacos que relacionam o módulo de
reação com o tipo de solo. Estes valores foram obtidos em ensaios in situ em regiões e
condições específicas, conforme podem ser averiguados nas referências bibliográficas
indicadas. Assim, os seus valores podem não ser representativos em certas condições,
devendo ficar a critério do profissional o seu uso. Foram considerados três métodos
nesta categoria, os quais são:

 Tipo de Solo: Moraes (1981);


 SPT – Tensão Admissível: Morrison (1993);
 Tipo de Solo - Tensão Admissível: Cintra et al. (2003), Morrison (1993).

Ensaio de Placa (EP)


São chamados também de métodos racionais, onde os parâmetros de
deformabilidade são obtidos in situ ou em laboratórios mediante o ensaio de provas de
carga em placas. Os ensaios mais conhecidos são os apresentados nas tabelas de:

 Terzaghi: Velloso & Lopes (1996), Terzaghi (1955);


 Outros autores: ACI (1988), Calavera (2000), Bowles (1997).

Recalque Vertical Estimado (RE)


De acordo com a definição de módulo de reação vertical, que pode ser escrito
como:

kv  P
d
(1)

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Artigo CILAMCE 139

onde P e d representam a tensão atuante e o deslocamento mobilizado na fundação,


conforme esquema da Fig. 7b.
É possível estimar o coeficiente vertical (kv) a partir do cálculo do recalque da
fundação sobre o maciço mobilizado por uma tensão unitária. Os métodos
desenvolvidos nesta categoria foram:

 Teoria da Elasticidade/ Valor Típico: Teixeira & Godoy (1996), Poulos & Davis
(1974);
 Teoria da Elasticidade / Schmertmann: Cintra et al. (2003), Schmertmann
(1978);
 Teoria da Elasticidade / Teixeira & Godoy: Trofimenkof (1974);
 Schultze & Sherif: Moura (1995), Schultze & Sherif (1973);
 Parry: Moura (1995), Parry (1971), Parry (1978);
 Boussinesq: Moraes (1981), Poulos & Davis (1974);
 Rausch & Cestelli Guidi: Moraes (1981);
 Módulo Edométrico – Tabelas: Boussinesq (1885), Holl (1940), Poulos & Davis
(1974);
 Módulo Edométrico – SPT: Schultze & Menzenbach (1961).

16.4. Exemplos numéricos


Apresenta-se a seguir dois exemplos onde comparou-se as respostas obtidas pelo
SISEs/TQS com os verificados na literatura. O primerio caso, é um exemplo clássico
apresentado na literatura internacional e o segundo teve o intuito de verificar a
influência nos recalques na presença de duas sapatas, confrontado as respostas do
SISEs/TQS com um modelo numérico de referência.

Sapata sobre uma base não-deformável


Este exemplo avalia uma sapata isolada apoiada sobre um meio homogêneo com a
base indeformável a uma distância de 10 m. A geometria e as propriedades relevantes
para sua simulação são apresentadas na Fig. 8.

Considerou-se o SISEs/TQS com apenas um pilar ligado a fundação,


desconsiderou o peso próprio e forças concentradas no pilar. Foi ajustado um valor de
peso próprio para a sapata (1,92 tf/m3) de modo a resultar em um carregamento idêntico
ao indicado na literatura. A discretização adotada no SISEs/TQS está esquematizada na
Fig. 10.

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140 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Ap B A B
p=0,01 MPa p=0,01 MPa
Esolo= 9,1 MPa Esolo= 9,1 MPa
m solo = 0,3 solo = 0,3

5m
10 m

5m
10 E lâmina= 21000 MPa
m
10m E lâmina= 21000
h lâmina= 0,15 lâmina= 0,15
C t = 0,26m
5m lâmina C t = 0,26m
5m lâmina
h = 10m
h = 10m

a)
Figura 8 – Sapata sobre baseb) c)
a) indeformável e dados dos parâmetros do solo e da sapata b) c)

Apresentam-se para o SISEs/TQS as respostas para o método baseado na Teoria da


Elasticidade (TE), que utiliza as relações de Poulos & Davis (1974) junto com o
procedimento de Steinbrenner para representar a base indeformável. Neste caso, é
necessário alimentar no SISEs/TQS o módulo de deformabilidade e o coeficiente de
Poisson do solo. Assim, no editor de sondagem admitiu-se um perfil de solo com uma
camada única de areia com SPT constante para simular meio homogêneo e a cota do
indeslocável. Para o método denominado TE/Típico usa-se os valores sugeridos por
Teixeira & Godoy (1996) para estes dois parâmetros elásticos. Para o método
TE/Schmertmann o módulo de elasticidade, proposto por Schmertmann (1978), é dado
pela seguinte relação válida para fundações diretas:

E  3  K  SPT
(2)

onde K depende do tipo de solo, e são indicados valores típicos por Teixeira (1993).
Para o método chamado de TE/ Teixeira & Godoy , o módulo de deformabilidade é
obtido conforme proposto por Teixeira & Godoy (1996) que estabelece a seguinte
relação para fundações diretas:

E    K  SPT
(3)

onde  é um coeficiente que correlaciona a resistência de ponta (qc) com o SPT, onde
seus valores para a areia e argila foram propostos por Trofimenkov (1974).

A Tabela 1 apresenta as respostas obtidas por diversas metodologias e pelo


SISEs/TQS, verificando-se que os valores estão bem próximos entre si, apenas havendo
uma maior distorção com relação ao trabalho de Fraser & Wardle (1974) que modelam
o espaço semi-infinito usando a técnica dos elementos de superfície, onde a matriz final
de influência é obtida usando-se as técnicas de transformações de integral. Sadecka
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Artigo CILAMCE 141

(2000) avalia os deslocamentos ao longo da profundidade do meio por meio de funções


pesos não lineares, e admite-se a influência da lâmina (placa) apoiada na superfície do
solo usando o MEF. Almeida & Paiva (2004) utilizam o MEC para simular o solo e o
MEF para representar a sapata.

Tabela 1. Deslocamentos verticais para o centro da sapata

Método Desloc. central (cm)


Fraser & Wardle (1974) 0,730
Sadecka (2000) 0,618
Almeida & Paiva (2004) 0,647
SISEs/TQS – TE/Valor Típico 0,658
SISEs/TQS – TE/Schmertmann 0,606

SISEs/TQS – TE/Teixeira & Godoy 0,606

Figura 9 – Visualizador de recalques do SISEs/TQS - método TE/ Valor Típico (m)

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142 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Figura 10 – Discretização adotada no SISEs/TQS para a sapata.

Efeito de Influência entre 2 Sapatas


Este segundo exemplo tem a finalidade de comparar a influência que duas sapatas
vizinhas e carregadas têm sobre os valores de recalques. Isto porque o método de
cálculo do SISEs/TQS é o de mola de Winkler, que como principal deficiência é não
levar em conta a presença num certo ponto os efeitos de forças aplicados em outros
pontos vizinhos nos coeficientes do solo, o que dá ao método esta característica não-
contínua.
Neste sentido, a Fig. 11 apresenta o exemplo a ser avaliado, indicando os valores
empregados, bem como a discretização usada para simulá-lo pelo MEF.

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Artigo CILAMCE 143

Aplicou-se um peso próprio sobre os elementos de fundação de valor = 3,5 tf/m 3 de


modo que a resultante em cada sapata fosse de 25,2 tf. Isto dividido pela área da sapata
(9m2) resulta em 2,8 tf/m2, conforme valor de projeto, Fig. 11. Desconsiderou-se o peso
próprio e as forças advindas dos 2 pilares. A discretização adotada para as sapatas pelo
SISEs/TQS está indicada na Fig. 12. Neste exemplo também se considerou no editor de
sondagens do SISEs/TQS um SPT constante com a profundidade para indicar um meio
homogêneo, com valor igual ao indicado na Fig. 11, sendo que a cota do indeslocável
foi estabelecida e uma distância de 1000 m para representar o meio semi-infinito.
Comparou-se este exemplo com a formulação desenvolvida em Almeida & Paiva
(2004), que representa o problema com um modelo contínuo advindo do acoplamento
MEC/MEF.
Na Tabela 2, os modelos do SISEs/TQS - TE/Valor Típico e SISEs/TQS –
TE/Schmertmann são os mesmos apresentados no exemplo anterior. O modelo de
SISEs/TQS – TE/Schultze & Sherif, detalhado em Moura (1995), é baseado na
estimativa de recalques em solos arenosos, onde se estabelece uma expressão que leva
em conta a geometria da sapata, sua profundidade no maciço, a tensão aplicada, um
SPT médio obtido dentro do bulbo de pressões e a relação entre a cota de assentamento
e a cota do indeslocável.
O modelo de SISEs/TQS - TE/Parry, Moura (1995), apresenta uma expressão para
cálculo do recalque em que computa o valor médio do SPT, a geometria e a cota de
assentamento da fundação, a espessura da camada compressível, e a posição do lençol
freático.
A Tabela 2 e a Fig. 13 indicam as respostas obtidas, demonstrando boa
concordância entre os diversos métodos. A diferença percentual obtida, para o caso do
centro e vértice da sapata entre o método contínuo e o SISEs/TQS – TE/Schmertmann é
de -0,4% e 9,6%, respectivamente, o que em termos de projeto são pequenos. É válido
destacar que as respostas obtidas pelo SISEs/TQS obtêm valores mais próximos tanto
para o centro como para o vértice da sapata, entretanto, este valor médio do SISEs/TQS
está dentre os extremos do modelo contínuo. Além disso, a influência das duas sapatas
nas respostas não indicaram uma diferença discrepante entre as duas diferentes
metodologias de cálculo, validando o procedimento de cálculo do SISEs/TQS.

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144 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

A B

g=2,8 tf/m2
h = 0,4m 0,0 m

13 (SPT)
Esapata= 2,8E+6 tf/m2
 = 0,2
sapata 13 (" ")

13 (" ") E s= 3921 tf/m2


s= 0,2
13 (" ")

13 (" ")
6m
13 (" ")

1000 m

Fig. 11 – Esquema geral do exemplo e discretização usada para a sapata e o maciço

Tabela 2. Deslocamentos verticais para pontos indicados na sapata (mm)

Método Pto A Pto B Pto C


Almeida & Paiva (2004) 2,25 2,40 2,50
SISEs/TQS – TE/Valor Típico 2,31 2,31 2,30

SISEs/TQS – TE/Schmertmann 2,26 2,26 2,26


SISEs/TQS – TE/Schultze & Sherif 1,88 1,88 1,87

SISEs/TQS - TE/Parry 1,94 1,94 1,94

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Artigo CILAMCE 145

Fig. 12– Discretização adotada no SISEs/TQS para as sapatas

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146 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

Fig. 13 – Visualizador de recalques do SISEs/TQS: método TE/ Valor Típico (m)

16.5. Conclusões
O artigo teve o intuito de apresentar um novo ferramental para a aplicação em
projetos e em pesquisas no campo da análise de problemas de interação solo-estrutura.
Conforme demonstrado no artigo, existem diversas metodologias que avaliam o
problema. Entretanto, estes procedimentos apresentam restrições quanto a sua
aplicabilidade em propósitos genéricos na análise de edifícios.
O desenvolvimento do SISEs/TQS tem dois principais pontos como premissa,
primeiro em apresentar um modelo numérico que seja capaz de reproduzir de maneira
satisfatória o comportamento mecânico do conjunto solo-estrutura. E o segundo em
disponibilizar um sistema que seja fácil sua editoração, geração de malha e análise,
tudo isto sem perder sua característica principal que é a possibilidade de modelagem de
edifícios reais, incluindo efeito de segunda ordem, lajes via elementos finitos,
elementos de fundações mistos, etc.
Para o primeiro caso, avaliaram-se dois exemplos para fundações rasas, os quais
foram comparados com valores apresentados na literatura internacional sobre o assunto,
onde as respostas obtidas no SISEs/TQS demonstraram boa concordância com outras
formulações, como as advindas de métodos semi-analíticos ou dos métodos numéricos,
por exemplo, o método de elementos de contorno.

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Artigo CILAMCE 147

A segunda premissa também foi atingida, pois a TQS informática Ltda possui uma
vasta experiência no desenvolvimento de sistemas computacionais na parte gráfica e
sistemas de interface com o usuário. Acrescenta-se também que o sistema CAD/TQS
possui uma grande aceitação e confiança por parte dos projetistas e por pesquisadores
em diversos centros acadêmicos do Brasil, como ferramental de análise de edifícios em
concreto armado.
Por fim, o artigo é o primeiro a ser apresentado com referência ao desenvolvimento
do SISEs - Sistema de Interação Solo Estrutura – pela TQS informática. Pretende-se em
outras publicações apresentar de maneira mais específica as diversas possibilidades de
aplicações do sistema, como por exemplo a análise de um edifício real considerando o
efeito de segunda ordem, a interação entre elementos mistos de fundação (estacas com
sapatas), a influência da laje maciça, o efeito de vento, etc, todas estas possibilidades
disponíveis no SISEs/TQS.

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148 Sises – Sistema de Interação Solo - Estrutura

17. Referências Bibliográficas e


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