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3º BIMESTRE 

28 de julho de 2016.  

Teoria Geral dos Recursos 

 Definição: fazer “re‐correr” o processo, ou melhor, “continuar” a tramitação.  
 Natureza jurídica 
o Endoprocessual:  é  a  continuação  da  mesma  relação  processual,  mesmo  que  por 
partes diferentes.  
o Direito público subjetivo das partes.  
o Outros mecanismos processuais: mecanismos de impugnação autônoma. Rescisória, 
anulatória, mandado de segurança, etc.  
 Disposição da matéria no CPC: previsto taxativamente.  
o Pedido de reconsideração não é recurso, não interrompe prazos.  
o Art. 994 e seguintes 
 Objetivos dos recursos:  
o Reforma:  a  parte  pede  a  substituição  do  comando  normativo,  do  conteúdo  da 
decisão.  
o Invalidação:  em  casos  de  extinção  prematura,  em  que  não  há  sentença  com 
conteúdo normativo, ou seja, mérito.   
o Integração: exclusivo aos embargos de declaração, cabível em casos de:  
 Omissão 
 Contradição 
 Obscuridade 
 Erro material  
 Justificativas: Ada Pellegrini. Inconformismo com o provimento jurisdicional.  
 Classificação  
o Total ou parcial: conforme recorre‐se da decisão inteira, ou parte dela, a critério do 
recorrente.  
 Reexame  necessário:  embora  não  seja  recurso,  somente  se  admite  o 
reexame necessário de decisões inteiras.  
o Fundamentação vinculada ou livre:  
 Vinculado: a lei especifica a matéria. Ex.: recurso extraordinário, especial, etc.  
 Livre:  recurso  que  traz,  por  base,  o  simples  inconformismo  com  a  decisão. 
Ex.: apelação.   
o Ordinários e extraordinários:  
 Ordinário: é, em regra, o primeiro recurso contra uma decisão.  
 Extraordinário: os demais recursos após o primeiro.  
o Principal  e  adesivo  (Art.  997,  §1º):  recurso  adesivo  é  uma  criação  para  evitar  o 
“efeito surpresa”, de que a parte contrária recorra. Garante‐se ao recorrido interpor 
recurso adesivo.  
 A adesividade é uma forma de interposição, e não um “recurso”.  
 Sucumbência reciproca  
 Justificativa 
 “Reformatio in pejus”: exceto se a outra parte recorrer também.  

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 Petição  
 Relação  de  dependência:  o  recurso  adesivo  terá  o  mesmo  destino  que  o 
principal, em termos de admissibilidade.  
 Contrarrazões  e  preclusão:  preclusão  consumativa  pelo  protocolo  das 
contrarrazões sem o recurso adesivo.  
 Princípios  
o Classificação em: 
 Constitucionais e Infraconstitucionais 
 Explícitos e Implícitos  
o Duplo grau de jurisdição ou duplo reexame: constitucional 
 Recurso ordinário em JECs: recurso inominado, apreciado no mesmo grau de 
jurisdição.  
 Colegialidade:  do  órgão  julgador,  de  três,  cinco  ou  todos  os  membros  do 
Tribunal.  
 Manifestação horizontal 
 Controle  monocrático:  em  caráter  de  exceção,  para  hipóteses  de 
flagrante erro ou acerto, com julgamento pelo relator.  
 Agravo interno: visa garantir o principio da colegialidade.  
 Reserva  de  plenário  (Art.  97,  CF):  só  o  plenário  pode  conhecer  algumas 
matérias, por previsão constitucional.  
o Taxatividade: implícito. Só é recurso aquilo que a lei define como recurso, seja na lei 
geral ou especial.  
 Recursos não podem ser “criados” pelas partes. Somente se recorre através 
de mecanismos consignados em Lei.  
 Também não se pode misturar elementos de vários recursos em um único.  

01 de setembro de 2016.  

Recursos (continuação) 

 Recapitulação:  a  matéria  de  recursos  é  responsável  pela  sobrecarga  de  trabalho  do  Poder 
Judiciário.  Entretanto, a sua oportunização é em grande  parte benéfica: contempla‐se uma 
perspectiva humana, a correção de erros judiciários, etc.  
 Princípios (continuação)  
o Taxatividade:  os  recursos  são  previstos  numerus  clausulus  no  CPC,  em  sua  grande 
maioria no art. 994. Não podem ser inventados.  
o Tipicidade: recurso é apenas aquilo que está na Lei.  
 Somente são recorríveis decisões. Despachos, não tendo conteúdo decisório, 
não são recorríveis.  
 Despacho não é ato privativo de Juiz (somente interlocutórias e sentenças). 
Os escrivães e funcionários juramentados podem dar andamento processual.  
 Crítica:  despachos  mandando  pagar  custas,  tendo  conteúdo 
decisório,  podem  ser  recorridos,  mas  somente  se  o  Juiz  tiver  se 
manifestado.  

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o Unirrecorribilidade  ou  singularidade:  cada  ato  decisório  comporta  somente  um 
recurso – aquele que melhor se amoldar ao caso, ainda que haja dúvida. Não podem 
dois recursos correr ao mesmo tempo.  
 Exceção:  quando  houver  ao  mesmo  tempo  ofensa  a  Lei  Federal  e 
Constituição  Federal,  os  Recursos  Especial  e  Extraordinário  podem  ser 
protocolados  simultaneamente.  Contudo,  primeiro  será  julgado  o  Recurso 
especial, e após isso, o Extraordinário. Isso porque, muitas vezes, o Recurso 
especial tem uma questão de prejudicialidade em relação ao extraordinário.  
o Correlação: cada decisão comporta apenas um recurso adequado à ela.  
 Ex.: contra sentença cabe apelação. Contra sentença obscura cabe embargos 
de  declaração.  Contra  interlocutória  em  casos  urgentes  cabe  agravo  de 
instrumento.  
o Fungibilidade:  autoriza  que  um  recurso  não  correlato,  se  preenchidos  os  requisitos 
necessários, possa ser apreciado como se fosse o recurso correto.  
 A fungibilidade não abre espaço para erros grosseiros.  
 Instrumentabilidade  recursal:  se  é  possível  receber  um  recurso  como  se 
fosse  outro,  também  deve  ser  possível  possibilitar  a  emenda  do  recurso, 
havendo erros sanáveis.  
 Origem  na  instrumentalidade  das  formas  do  processo  de 
conhecimento.  
 Permite inclusive transformar um REsp em RE.  
o Voluntariedade:  todo  recurso  é  voluntário.  O  recurso  é  um  ônus  perfeito.  É 
permitido  recorrer  ou  não,  e  ainda  desistir  do  recurso  a  qualquer  momento  até  a 
sessão de julgamento, independente de contrarrazões da parte recorrida.   
 Reexame  necessário:  em  casos  onde  a  Fazenda  Pública  sucumbe  e  seu 
procurador não recorre, a Lei determina que os autos sejam encaminhados 
para  o  Tribunal  para  uma  conferencia.  Não  se  trata  de  recurso,  pois  este 
somente é voluntário.  
o Dialeticidade: não se pode copiar e colar peças anteriores para elaborar um recurso. 
Deve‐se atacar a decisão.  
 É defender os mesmos fundamentos sob perspectivas diferentes.  
o Proibição  da  “reformatio  in  pejus”:  o  Tribunal  não  pode  reformar  a  decisão  para 
piorar  a  situação  da  sentença  recorrida.  No  máximo,  a  situação  desfavorável  será 
mantida.  
 Exceções:  
 Nulidade  absoluta  (art.  485,  §3º)  pode  ser  apontada  em  qualquer 
momento.  Nessa  hipótese,  reabre‐se  o  processo,  sendo  possível 
piorar a situação.  
 Litigância de má fé.  

02 de setembro de 2016.  

Recursos (continuação)  

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 Princípios (continuação) 
o Irrecorribilidade em separado das interlocutórias: somente nos Juizados Especiais, as 
interlocutórias não podem ser recorridas. Só cabe um recurso ao final do processo, 
contra a sentença, o recurso inominado.  
 Art.  1015,  CPC.  Só  pode  agravar  de  situações  urgentes  (exceções)  fica  o 
agravo limitado aos casos elencados pelo CPC, e alguma outra hipótese não 
contemplada, mas reconhecida como urgente.  
 As  interlocutórias,  hoje,  são  recorríveis  por  apelação,  após  a  sentença,  ou 
por agravo, se for questão urgente. Se não for urgente, não cabe agravo. Não 
cabe nem mandado de segurança, pela falta de direito liquido e certo.  
 No  processo  de  execução,  presume‐se  que  todas  as  interlocutórias  são 
urgentes.  
 Diante disso, as interlocutórias no processo de conhecimento não precluem 
– até o momento da sentença.  
 Na  apelação,  as  interlocutórias  serão  atacáveis  por  preliminares  – 
contrariando, em certo sentido, sua natureza de respostas/evitar o mérito.  
 Isso  possibilitou  a  extinção  de  agravo  retido,  um  recurso  contra 
interlocutórias,  a  ser  apreciado  no  momento  da  apelação  (caso  houvesse), 
tendo a principal finalidade de evitar a preclusão.   
o Consumação:  o  protocolo  do  recurso  gera  preclusão  consumativa.  Ou  seja, 
protocolar,  por  engano,  no  PROJUDI,  o  rascunho  do  recurso  impede  que  a  versão 
definitiva seja apresentada em momento posterior.  
 O  TJ‐PR  flexibiliza,  excepcionalmente,  este  principio  se  a  peça  for 
visivelmente  um  rascunho,  sem  os  documentos  necessários,  e  o  protocolo 
dos recursos ocorrer no mesmo dia.  
o Complementariedade: há direito a complementar o recurso nas seguintes hipóteses:  
 Alteração de oficio, pelo Juiz, da decisão recorrida. Ex.: corrigir erro material.  
 Alteração por força de embargos de declaração.  
 Juízo de admissibilidade: condições para que o recurso seja apreciado/conhecido.  
o Conhecimento e provimento 
o Juízo positivo e negativo: a deliberação da admissibilidade tem efeito ex tunc, ou seja, 
retroativo.  
o Pressupostos ou requisitos recursais:  
 Intrínsecos: dizem respeito a existência do direito de recorrer.  
 Extrínsecos: dizem respeito ao modo pelo qual se recorre (tempo, etc.).  
o Cabimento 
 Taxatividade e correlação 
 Art. 1001 
o Legitimidade 
 Art. 996. Partes, terceiro, MP.  
 Litisconsórcio: art. 1005.  
 Se a matéria do recurso for pertinente, necessariamente, a ambas as 
partes, o recurso de um aproveita ao outro. O ideal, contudo, é que 
todos os prejudicados recorram.  
 Advogado: tem direito de recorrer de suas verbas sucumbenciais.  

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 Terceiro (art. 996):  
 CPC1973:  proporcionava  a  mesma  possibilidade,  porém,  definia 
terceiro  como  “aquele  com  relação  de  interdependência  com  a 
causa”, ou seja, sofre prejuízo direto. Poderia, desde o inicio, ter sido 
incluído como parte no processo.   
 CPC2015:  poderia,  desde  o  inicio,  ter  sido  incluído  como  parte  ou 
assistente no processo.  
 O terceiro, não tendo  participado do  processo, não apresentou seu 
pedido  e  causa  de  pedir,  não  podendo  alterar  a  pré‐existente  no 
processo,  elaborada  pelas  partes.  Assim,  no  recurso,  assumirá  uma 
das seguintes posturas:  
o Oposição:  o  terceiro  comparece  ao  processo,  recorrendo 
(pedido de invalidação), invocando que o direito discutido ali 
lhe pertence.  
o Assistência: apoia a tese de uma das partes.  
o Art. 996, p. único.  
 Possibilidade de ação  
 Art. 997, §1º.  
 Amicus curiae (art. 138, §§1º e 2º): geralmente, uma associação, que 
tem interesse naquela matéria e deseja contribuir, normalmente em 
matérias especializadas e técnicas.  
o Embora  tenha  uma  participação  importantíssima  no 
processo,  não  pode  interpor  recurso,  exceto  embargos  de 
declaração e demandas repetitivas.  
 Juiz (art. 146, §5º): em casos nos quais o Juiz é reconhecido suspeito 
ou  impedido,  há  como  consequência  pagar  as  custas  do  processo. 
Desta decisão, proferida pelo Tribunal, o Juiz pode recorrer.   
 MP: pode atuar como:  
o Parte 
o Custus leges (fiscal da lei)  
o Essas  formas  de  atuação  são  mutáveis  entre  si,  a  qualquer 
momento, inclusive no momento de recorrer.  
o Interesse: não basta ter legitimidade, mas também interesse.  
 Utilidade  e  possibilidade:  análise  retro  e  prospectiva,  quais  os  prejuízos  da 
decisão e quais os potenciais benefícios do recurso.  
 Sucumbência: é o prejuízo sofrido.  
 Em casos de sucumbência recíproca, autor e réu terão interesse em 
recorrer.  
 Não se aplica aos embargos de declaração.  
 Pedido 
o Alternativo: não tem interesse recursal o autor. O réu pode 
recorrer.  
o Sucessivo 
 Diversidade de fundamentação: não gera interesse recursal.  
 Inexistência de fato impeditivo ou extintivo:  

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 Existência de sumula vinculante do STF.  
 Prática de ato incompatível.  
 Recurso repetitivo.  

09 de setembro de 2016.  

Recursos (continuação)  

o Tempestividade:  simplificação  de  prazos.  Todos  os  recursos  têm  15  dias  úteis  de 
prazo, com exceção dos embargos de declaração (5 dias úteis).  
 Art. 1003, §5º.  
 Art. 1023.  
 Natureza  peremptória:  não  se  admite  realização  de  acordo  ou  transação 
sobre prazos recursais, ainda que calendário processual, prazos processuais, 
realização de perícia, etc.  
 Justa causa (art. 223): possibilidade de protocolar o recurso no primeiro dia 
útil seguinte após expirado o prazo, desde que comprovada justa causa. Ex.: 
morte  do  advogado,  morte  da  parte,  sistema  fora  do  ar  (comprovado  por 
certidão da OAB).   
 Carga  por  estagiário:  antigamente,  a  carga  de  autos  físicos  realizada  por 
estagiário  não  abria  o  prazo  para  recurso.  Atualmente,  é  pacífico  que 
qualquer acesso do advogado aos autos abre o prazo para recurso.    
 Processo eletrônico: o fechamento do fórum impede apenas o protocolo em 
processo físico.  
 Feriado local (art. 1003, §6º): permite o protocolo no dia útil seguinte, desde 
que especificado na peça o fato de ser feriado local, bem como comprovação 
do feriado.  
 Comprovação  posterior:  embora  não  haja  previsão  expressa,  tendo 
em vista que o recurso pode ser emendado no CPC atual, admite‐se 
majoritariamente  que  seria  possível  comprovar  posteriormente  o 
feriado local.  
 Protocolo via correio (art. 1003, §4º): mantido no CPC atual tendo em vista a 
falta de protocolo integrado em algumas comarcas.  
 Fax (Lei 9800/99): a responsabilidade pelo fax é do transmitente. Estando o 
fax ilegível de qualquer forma, o recurso não será conhecido.  
 Interposição  prematura  (art.  218,  §4º):  atualmente  é  permitido  interpor  o 
recurso prematuramente, ou seja, antes de aberto o prazo.   
 Recurso interposto antes do julgamento dos embargos de declaração  
 Se os embargos não são conhecidos, a decisão permanece inalterada.  
 Se os embargos são conhecidos e:  
o Providos: alteram a decisão. Nesse caso, tanto na sistemática 
do  CPC  anterior  como  no  atual,  permite‐se  que  a  peça  de 
recurso  seja  modificada  para  adequá‐la  a  decisão  que  foi 
alterada.   

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o Improvido:  não  alteram  a  decisão.  Nesse  caso,  o  CPC1973 
intimava  o  recorrente  para  confirmar  o  recurso  para  o 
Tribunal. O CPC2015, contudo, dispensa tal intimação, pois a 
decisão não foi modificada.   
 MP (art. 180) e Estado (art. 183): possuem prazo em dobro para recorrer.  
 Litisconsórcio (art. 229, §2º): o CPC1973 previa, dentro da ideia de processo 
físico, prazo em dobro para recorrer, havendo litisconsórcio. Atualmente,  o 
CPC2015 expressa a inaplicabilidade do prazo em dobro em caso de processo 
eletrônico.  
o Regularidade de forma:  
 Peças: são duas peças, uma de interposição e a peça de razões (para reforma 
da  decisão  de  1º  grau).  As  peças  devem  ter  completude,  no  sentido  de 
possuírem inicio, meio e fim. Devem ser elaboradas para, além de preencher 
os requisitos, obter o devido provimento jurisdicional.  
 Leis de organização judiciária  
o Preparo  
 Abrangência  
 “Deserção”: quando o recurso não teve o preparo das custas.  
 Comprovação  
 Ato  de  interposição  (art.  1007,  caput):  momento  em  que  se 
comprova o preparo das custas.  
 Comprovação posterior (§§4º e 5º): admite‐se o preparo tardio, em 
dobro.  
 Complementação:  admite‐se  a  complementação  das  custas  em 
momento posterior.  
 Dispensa  e  isenções:  a  Justiça  Gratuita  não  retira  do  recorrente  o 
ônus da sucumbência e multas.  
 Justo impedimento: havendo justo impedimento (Ex.: banco fechou 
mais  cedo,  greve  dos  bancos),  permite‐se  o  preparo  em  momento 
posterior, no mesmo valor.  
 Preenchimento  da  guia:  o  STJ  atualmente  entende  que,  mesmo 
havendo  erro  no  preenchimento  da  guia  de  recolhimento,  em 
especial  quanto  ao  Código  de  Recolhimento,  não  pode  haver 
deserção do recurso.   

29 de setembro de 2016.  

Apelação  

 Art. 1009 a 1014 
 Histórico:  é  o  recurso  contra  sentenças  e  interlocutórias  não  urgentes.  Todos  os 
ordenamentos têm alguma espécie de apelação.  
 Juízo de admissibilidade 

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o Bipartido: sistema do CPC1973. A ideia era filtrar em primeira instancia as apelações 
para enxugar o trabalho dos Tribunais. Contudo, da decisão que nega apelação cabe 
agravo de instrumento – apreciado pelo Tribunal.  
o Único:  sistemática  estabelecida  no  CPC2015.  O  Juízo  de  primeiro  grau  tem  a  única 
função  de,  interposta  apelação,  intimar  a  parte  contrária  para  apresentar 
contrarrazões e remeter tudo ao Tribunal.   
 Cabimento 
o Interlocutórias: nas preliminares de apelação.  
o Sentenças 
o Conteúdo e função:  
 Peça  de  interposição:  dirigida  ao  Juízo  recorrido,  manifestando  o 
inconformismo com a decisão, e pedindo a remessa do caderno processual, 
juntamente com as razões, para a instancia superior.  
 Razões de apelação: expressa‐se a motivação do recurso.  
o Art. 1009, §§1º e 2º. Preliminares.  
 Requisitos (art. 1010):  
o Nome e qualificação das partes: a qualificação das partes é questionável na apelação, 
tendo em vista que o caderno processual acompanha o recurso para o Tribunal.  
o Exposição  dos  fatos  e  motivos:  não  são  os  mesmos  expostos  na  inicial  ou 
contestação. O fato do qual se recorre em apelação é a sentença. A fundamentação 
é  a  mesma  da  discussão  da  ação  de  primeiro  grau,  mas  sob  o  ponto  de  vista  da 
sentença,  no  sentido  de  combate‐la.  Pode‐se  alegar  fato  novo  no  processo.  Fato 
novo aquele que quem alega não teve acesso, e que ocorreu depois. É novidade no 
novo código a alegação de preliminares ao mérito da apelação, referente a decisões 
interlocutórias em que o apelante. Tais decisões interlocutórias são as que não estão 
previstas no art.1015. 
Não é necessário que se alegue em apelação nulidades formais, ou que podem ser 
sanadas com mera petição nos autos. 
O recurso de invalidação(um tipo de apelação) pode ser objeto de questionamento 
em apelação ‐  e também pode ser invalidado. 
o O pedido de nova decisão: que o recurso seja conhecido e provido.  
o Documentos  
 Preparo das custas 
 Portes de remessa e retorno: somente se processo físico 
 Atos do Tribunal  
 Documento novo: aquele que não existia, ou por motivo de força maior não 
houve possibilidade de acesso ao mesmo.  
 Admissibilidade:  art.485,  §3º(possibilidade  de  se  reconhecer  nulidades  absolutas)  hoje  a 
apelação  possui  a  admissibilidade  única,  que  quem  vai  dizer  se  é  admissível  ou  não  é  a 
segunda  instância,  tornando  assim  o  processo  mais  rápido.  Na  prática,  qualquer  recurso  tá 
chegando ao tribunal de 2ª instância. 
 Procedimento:  
o Art. 932, CPC: incumbe ao relator, monocraticamente:  
 Negar conhecimento na falta de requisito recursal.  

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 Negar  provimento  se  o  recurso  contrariar  sumula  de  Tribunal  Superior  ou 
julgador.  
 Dar  provimento  se  o  recurso  estiver  consoante  sumula  ou  julgamento 
repetitivo de Tribunal Superior.  
o Instrumentalidade dos recursos (art. 932, § único, CPC) 
o Não sendo caso de decisão monocrática, o relator elaborará o relatório e seu voto.  
o Também  incumbe  ao  relator  determinar  os  efeitos  atribuídos  ao  recurso:  efeito 
suspensivo ou devolutivo (este último excepciona‐se os embargos de declaração).  
 Art. 1.012, caput, CPC. A apelação possui, em regra, efeito suspensivo.  
 §1º.  Excepcionalmente,  sem  efeito  suspensivo.  É  o  caso  de  situações  de 
urgência incompatíveis com o efeito suspensivo.  
 §4º.  Em  exceção  à  exceção,  admite‐se  atribuição  de  efeito  suspensivo 
mesmo  em  casos  incompatíveis  com  o  efeito  suspensivo.  Diante  de  um 
flagrante  prejuízo,  demonstrando  indícios  de  fraude,  caberia  esta  hipótese 
extrema.  
 §1º.  Requerimento  de  efeito  suspensivo:  antes  mesmo  da  apelação  chegar 
ao  Tribunal,  é  possível,  em  casos  urgentes,  por  petição  protocolada 
diretamente  no  Tribunal,  pedir  o  efeito  suspensivo  ao  recurso.  Isto  torna  a 
câmara de julgamento preventa.  
 §3º. Efeito suspensivo a posteriori: também é possível, uma vez distribuído o 
recurso no Tribunal e iniciado seu trâmite, se a urgência surgir em momento 
posterior à interposição do recurso.  

30 de setembro de 2016.  

Apelação (continuação)  

 Efeitos: suspensivo ou devolutivo.  
o Ações  conexas:  é  a  extensão  dos  benefícios.  Havendo  várias  apelações  em  ações 
conexas,  se  numa  delas  for  determinado  o  efeito  suspensivo,  seja  pela  regra  da 
apelação ou pela exceção da exceção, este aproveita a todas as ações conexas.  
o Limites da devolução: o efeito devolutivo, isto é, devolver a matéria para julgamento, 
é limitado pelo beneficio que se espera do recurso (reforma ou invalidação).  
 Fundamentos  da  decisão:  fundamentos  não  apreciados  pelo  Juízo  de 
primeiro  grau  podem  ser  invocados  no  recurso,  desde  que  constante  na 
argumentação  promovida  perante  o  Juízo  monocrático.  Isso  se  justifica 
porque os fundamentos não são sujeitos à coisa julgada.  
 “Causa madura” (art. 1013, §3º): é uma exceção ao principio da supressão de instancia. Em 
regra, a matéria deve ser apreciada pelo Juízo a quo, e somente depois apreciada pelo Juízo 
ad quem. Aplica‐se quando a matéria é limitada a questão de direito ou que não dependa de 
dilação probatória.  
 Fatos novos (art. 1014): é pouco comum, mas possível, que por ocasião da apelação surjam 
fatos  novos,  pautados  em  documentos  ou  informações.  Em  regra  a  apelação  não  traz 
matéria  fática,  limitando‐se  aos  fatos  já  discutidos,  apreciados  e  julgados  em  primeira 

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instancia.  No  entanto,  se  for  um  fato  novo,  que  o  apelante  não  teve  condições  de  levar  à 
primeira  instancia,  porque  superveniente  ou  o  documento  que  o  declarava  não  estava  em 
seu poder, o Tribunal invalida a sentença e devolve os autos para que seja apreciado no fato 
novo no Juízo de primeiro grau.  
o Recursos para os Tribunais Superiores: é vedado analise de fatos.  
o Entretanto, em sede de apelação, se o fato é novo, é possível a sua análise.  

Agravo de instrumento (art. 1.015 e seguintes) 

 Histórico  
o O Agravo sofreu uma série de modificações até assumir sua forma atual, inclusive no 
tipo  de  decisões  que  impugnava.  De  origem  portuguesa,  sempre  teve  a  função  de 
impugnar decisões intermediárias.  
o No CPC1973, o agravo era considerado um gênero, do qual eram espécies:  
 De instrumento  
 Retido  
 Interno (regimental) 
 Destrancamento  
o No  CPC2015,  a  ideia  de  gênero  e  espécies  de  agravo  foi  extinta,  passando  existir 
recursos autônomos:  
 Agravo  de  instrumento  (art.  1.015):  fundamentação  vinculada,  hipóteses 
urgentes.  É  protocolado  e  endereçado  diretamente  no/ao  Tribunal. 
Prescinde‐se da petição de interposição, instruído com peças obrigatórias.  
 Agravo retido: foi extinto no CPC2015.  
 Agravo Interno 
 Agravo de Destrancamento  
o O agravo de  instrumento  é um dos recursos mais formalistas que existe. Daí  que a 
interposição  de  agravo  de  instrumento,  diretamente  no  Tribunal,  não  exige  duas 
peças, mas é possível faze‐lo: colocam‐se todas as formalidades exigidas na peça de 
interposição, para deixar as razões do agravo melhor expostas.  
o Qualificam‐se  as  partes  e  os  advogados,  obrigatoriamente,  tendo  em  vista  ser  a 
primeira vez que se dirige àquele Juízo.  
o O  agravo  de  instrumento  só  é  cabível  nas  hipóteses  do  art.  1.015.  Se  não  estiver 
elencada aqui, a decisão não está sujeita à preclusão, e será combatida na apelação, 
após a sentença, se for o caso.   
 Terminologia  
 Requisitos (art. 1.016):  
o Nome das partes 
 O CPC não fala em qualificação das partes, embora seja devida a qualificação 
porque é a primeira peça dirigida àquele Juízo.  
o Fatos e fundamentos: o fato impugnado é a decisão interlocutória.  
o Princípio da dialeticidade, um novo ponto de vista dos mesmos fundamentos. Pedir a 
invalidação da decisão ou a sua reforma.  

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o Nome e endereço completo dos advogados constantes do processo: para que se faça 
a  intimação  pelo  Diário  da  Justiça  se  o  procurador  não  estiver  cadastrado  no 
PROJUDI.  
o Peças  obrigatórias  (art.  1.017):  o  agravo  de  instrumento  será  instruído, 
obrigatoriamente, com as seguintes peças:  
 I.  Obrigatoriamente,  com  cópias  da  petição  inicial,  da  contestação,  da 
petição  que  ensejou  a  decisão  agravada,  da  própria  decisão  agravada,  da 
certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a 
tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e 
do agravado; 
 As procurações outorgadas aos advogados das partes.  
 Certidão da respectiva intimação ou qualquer outro documento que 
comprove  a  tempestividade  do  recurso:  os  pressupostos  recursais, 
dentre eles a tempestividade, são verificadas pelo próprio Tribunal.  
 Petição inicial e contestação: se não houver contestação nos autos, 
no  caso  de  revelia,  ou  antes  da  defesa  do  réu,  o  CPC  permite  ao 
advogado que declare a inexistência dessa peça nos autos.  
 Facultativamente: qualquer peça e documento já constante do processo, que 
o  agravante  entenda  útil  ao  recurso.  Só  podem  ser  juntados  documentos 
diferentes se forem referentes a fatos novos.  
 Pagamento das custas e porte de retorno, quando devidos.  
 Não há porte de remessa, pois o protocolo do agravo de instrumento 
é  direto  no  Tribunal,  fundamentalmente  diferente  do  porte  de 
remessa (serviço da Secretaria do Juízo de Primeiro Grau).  
 Na  falta  de  qualquer  peça  ou  outro  documento  obrigatório  ao  agravo  de 
instrumento, deve o julgador permitir a emenda do recurso.  
 O  agravo,  quando  o  processo  é  eletrônico,  não  forma  mais  instrumento. 
Basta o recurso.  

06 de outubro de 2016.  

Agravo de instrumento (continuação)  

 Juntada nos autos: pressuposto do ônus da comprovação.  
o Por abrir novos autos no Tribunal, o Juízo de primeiro grau deve ser comunicado da 
interposição do agravo de instrumento.  
o Art.  1.108.  Se  o  processo  for  físico,  o  agravo  de  instrumento  interposto  deve  ser 
comprovado ao Juízo de primeiro grau, que é um requisito de admissibilidade (que 
existe  após  o  momento  da  interposição).  O  prazo  é  de  três  dias  contados  da 
interposição.  
 Se o processo for eletrônico, é facultativa a comprovação.  
o Finalidade: o dever de juntar cópia do agravo em primeira instancia teria a finalidade 
de:  

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 Das  contrarrazões:  como  efeito  secundário,  dá  conhecimento  ao  agravado 
do  inteiro  teor  da  petição  de  agravo  de  instrumento,  tendo  em  vista  que 
tramita  no  Tribunal  em  autos  apartados  e  a  intimação  do  agravado  (feita 
pelo Tribunal) não é acompanhada de copia do agravo.  
 Método da retratação: permite ainda ao juiz a quo o juízo de retratação.  
o É  ônus  do  agravado  informar  ao  Tribunal  que  o  agravante  não  juntou  cópia  do 
agravo de instrumento em primeiro grau, em preliminar de contrarrazões.  
 Julgamento monocrático 
 Requisição de informações 
 Contrarrazões  
o Juntada de documentos: desde que sejam documentos novos. É pouco comum, mas 
é possível que nas contrarrazões seja possível a juntada de novos documentos.  
 Preferencia  de  julgamento  (art.  946):  se  houver  agravo  de  instrumento  e  apelação  para 
serem julgados, o agravo de instrumento será julgado antes.  
o Prejudicialidade: depende do caso concreto, mas é possível o agravo de instrumento 
ser questão prejudicial da apelação.  
 Ex.:  indeferimento  de  justiça  gratuita  (decisão  interlocutória  agravada)  e 
posterior  extinção  (sentença  apelada).  Nesse  caso,  a  apelação  se  confunde 
com a fundamentação do agravo.  
o Julgamento da causa  
 Prazo para julgamento (art. 1º e 2º) 

Agravo interno 

 Art. 1.021.  
 Terminologia: o agravo é interno porque cabível dentro de um Tribunal, contra as decisões 
do relator.  
o Na prática forense, ainda é amplamente conhecido pelo nome “Agravo Regimental”, 
porque previstos no Regimento Interno de cada Tribunal.  
o O  Regimento  Interno  não  pode  criar  normas  processuais  –  competência  legislativa 
exclusiva da União – mas é permitido regulamenta‐las sem contrariar a Lei Federal.  
 Tudo  que  é  processo  é  lei  federal.  Procedimentos  ainda  podem  ser 
regulamentados pelos Estados.  
 Cabimento:  agravo  interno  impugna  qualquer  decisão  de  relator,  em  qualquer  tipo  de 
recurso.  
 Finalidade: garantia de aplicação do principio da colegialidade.  
o Ex.: o art. 932 permite ao relator julgar monocraticamente.  
o É um recurso obrigatório para acessar os Tribunais Superiores.  
o Também proporciona juízo de retratação ao relator.  
 Dever de fundamentação do agravante (§1º): é necessário, assim que o agravante enfrente a 
decisão  monocrática,  impugnando  seus  fundamentos.  Não  basta  simples  pedido  de 
reconsideração ou repetição dos fundamentos do anterior.  
 Endereçamento 
 Prazo 

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 Método da retratação: só pode acontecer após a oportunidade das contrarrazões. Depois de 
apresentadas, ou esgotado seu prazo, o relator poderá se retratar.  
 Dever  de  fundamentação  do  relator  (§3º):  ao  mesmo  tempo  que  o  CPC  impõe  o  dever  de 
fundamentação do agravante, o relator também deve enfrentar a matéria exposta no agravo 
interno.  
 Má‐fé do agravante (§4º)  
o Multa:  de  litigância  de  má‐fé.  Se  não  houver  fundamentação  no  agravo  interno,  e 
ficar configurada o caráter protelatório, fixa‐se multa de 1 a 5% sob o valor da causa.  
o Condicionante  dos  recursos  seguintes:  enquanto  não  paga,  não  se  pode  interpor 
REsp ou RE. 
 Exceção: Fazenda Pública e Justiça Gratuita, que pagarão ao final.  
 Inclusão em pauta (§2º): a inclusão em pauta é dar conhecimento, divulgar a data, intimando 
as partes e aplicando o principio da publicidade do processo. É novidade no CPC.  
 Possibilidade de sustentação oral (art. 937, §3º): no CPC atual, no agravo interno, é possível 
sustentação oral nas ações de competência originária. 

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