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Interpretação de Exames
Laboratoriais
MÓDULO IV
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na Referência Consultada.
MÓDULO IV
Imunologia
1. Princípios
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componentes do sistema imune são os Linfócitos T, Linfócitos B, Fagócitos
Mononucleares, Neutrófilos, Eosinófilos, Basófilos, Plaquetas e células teciduais.
Além dos leucócitos, também fazem parte do sistema imune às células do
sistema mononuclear fagocitário (SMF), também conhecido por sistema retículo-
endotelial e mastócitos. As primeiras são células especializadas em fagocitose e
apresentação do antígeno ao sistema imune. São elas: macrófagos alveolares (nos
pulmões), micróglia (no tecido nervoso), células de Kuppfer (no fígado) e
macrófagos em geral.
Os mastócitos
são células do tecido conjuntivo,
originadas a partir de células
mesenquimatosas (células de
grande potência de diferenciação
que dão origem às células do
tecido conjuntivo). Possuem
citoplasma rico em grânulos
basófilos (coram-se por corantes
básicos). Sua principal função é
armazenar potentes mediadores
químicos da inflamação, como a
Mastócitos
histamina, heparina, ECF-A (fator Fonte: www.afh.bio.br
quimiotáxico – de atração- dos
eosinófilos) e fatores
quimiotáxicos (de atração) dos
neutrófilos. Elas participam de
reações alérgicas (de
hipersensibilidade), atraindo os
leucócitos até o local e
proporcionando uma
vasodilatação. O nosso
organismo possui mecanismos
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de defesa que podem ser
diferenciados quanto a sua
especificidade, ou seja, existem
os específicos contra o antígeno
("corpo estranho") e os
inespecíficos que protegem o
corpo de qualquer material ou
microorganismo estranho, sem
Plasmócitos
que este seja específico. Fonte: www.efoa.br
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conhecidas como inflamação.
Essas substâncias atraem
mais células de defesa, como
neutrófilos e macrófagos, para
a área afetada.
A vasodilatação aumenta a temperatura no local inflamado, a elevação na
temperatura favorece as reações químicas e celulares, estimulando a migração de
células de defesa. Algumas das substâncias liberadas no local da inflamação
alcançam o centro termorregulador localizado no hipotálamo, originando a febre.
Apesar do mal-estar e
desconforto, a febre é um importante fator no
combate às infecções, pois além de ser
desfavorável para a sobrevivência dos
microorganismos invasores, também estimula
muitos dos mecanismos de defesa de nosso
corpo. Por diapedese, neutrófilos e monócitos
são atraídos até o local da inflamação,
passando a englobar e destruir (fagocitose) os
agentes invasores. A diapedese e a
Esquema simplificado do
fagocitose fazem dos neutrófilos a linha de
processo febril
frente no combate às infecções. Fonte: www.afh.bio.br
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dos quais tomam parte vários tipos celulares, o que chamamos resposta imune
específica.
Os linfócitos T e B são
responsáveis pelo reconhecimento
específico dos antígenos. Cada célula B
está geneticamente programada para
codificar um receptor de superfície
específico para um determinado
antígeno, os linfócitos T constituem
várias subpopulações diferentes com
uma variedade de funções. Em outras Foto em Microscopia Eletrônica
palavras, os Linfócitos B são como de Varredura
Aumento: 20.000 vezes
soldados pré-programados para Linfócito T Citotóxico (amarelo)
combater uma determinada doença, atacando célula tumoral
(vermelho)
existindo diversos batalhões, cada um Fonte: www.ciencianews.com.br
direcionado para um antígeno
específico. Os linfócitos T são divididos
em duas classes, os Linfócitos T
Citotóxico e os Linfócitos T Auxiliar: Os
Linfócitos T Auxiliares são como
comandantes que organizam as ações
e os Linfócitos T Citotóxicos são como
agentes especializados em destruir as
células do próprio organismo infectadas Linfócito B produzindo
Imunoglobulinas
pelos agentes estranhos ou mutantes. Fonte: Escola Paulista de
Medicina - UNIFESP
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2.1 LINFÓCITOS B:
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Os linfócitos B em repouso não produzem imunoglobulinas, mas quando
estimulados por substâncias químicas como interleucinas (como a IL-4 e a IL-1) vão
sofrer expansão clonal e se transformar numa célula ativa denominada de
plasmócito. Os plasmócitos possuem na sua ultra-estrutura, o Retículo
Endoplasmático Rugoso e o Complexo de Golgi desenvolvidos, e o núcleo com
aspecto de roda de carroça. Secretam ativamente anticorpos específicos na
resposta imune específica.
2.2 LINFÓCITOS T:
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Auxiliar é a célula que interage Fonte: ASM Microbelibrary ©
(http://www.microbelibrary.org).
com os macrófagos,
reconhecendo o epítopo que lhe
é apresentado. A interleucina-1
estimula a expansão clonal de
linfócitos T Auxiliares
monoclonais.
Eles vão secretar diversas interleucinas, sendo, portanto, dividido em
Linfócitos T Auxiliar (Helper) 1 e Linfócito T Auxiliar (Helper) 2. Esses subtipos de LT
Helper secretam interleucinas distintas, cada uma com uma função específica.
Algumas funções principais dos linfócitos T-Helper:
* Estimulação do crescimento e proliferação de linfócito T Citotóxicos e
Supressores contra o antígeno;
* Estimulação do crescimento e diferenciação dos Linfócitos B em
plasmócitos para produzir anticorpos contra o antígeno;
* Ativação dos macrófagos;
* Auto estimulação (um linfócito T Helper pode estimular o crescimento da
população de linfócito T Helpers).
Linfócitos T Supressores são linfócitos que têm a função de modular a
resposta imune através da inibição da mesma. Ainda não se conhece muito a
respeito desta célula, mas sabe-se que ele age através da inativação dos linfócitos T
Citotóxicos e Helpers, limitando a ação deles no organismo numa reação imune.
Sabe-se que o linfócito T Helper ativa o linfócito T Supressor que vai controlar a
atividade destes linfócitos Helpers, impedindo que eles exerçam suas atividades
excessivamente. Os linfócitos T Supressores também participam da chamada
tolerância imunológica, que é o mecanismo por qual o sistema imune usa para
impedir que os leucócitos ataquem as próprias células do organismo. Portanto, se
houver deficiência na produção ou ativação dos linfócitos T supressores, poderá
haver um ataque auto-imune ao organismo.
O linfócito T Citotóxico apresenta receptores TCR. Especializado para o
reconhecimento de antígenos na superfície de outras células. Produz proteínas que
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matam células estranhas, células infectadas por vírus e algumas células cancerosas.
O linfócito T de memória apresenta receptores TCR, e é uma célula preparada para
responder mais rapidamente e com maior intensidade, diante de nova exposição ao
mesmo antígeno.
2.4 MACRÓFAGOS:
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diversas enzimas hidrolíticas em seus lisossomas. Não possuem a mieloperoxidase,
mas matam bactérias por liberação de radicais derivados do oxigênio, como o
superóxido, radical hidroxila e o peróxido de hidrogênio (H2O2). Estes vão oxidar a
membrana da célula da bactéria e formar pontes dissulfeto entre os aminoácidos
cisteína de diversas proteínas estruturais da bactéria, o que leva a morte da mesma.
Possui funções de extrema importância para o sistema imune:
* Apresentador de antígenos: Os macrófagos são células que vão fagocitar
a antígeno e digeri-lo no fagolisossoma. Porém, os seus epítopos são levados até a
superfície da célula e apresentado ao linfócito T ou ao linfócito B, que
resumidamente irá estimular todo o sistema imune do organismo e "convocar" as
células para o ataque.
* Limpador: Os macrófagos são células que chegam para fazer a limpeza
de um tecido que necrosou, ou que inflamou. Eles fagocitam restos celulares, células
mortas, proteínas estranhas, calo ósseo que se formou numa fratura, tecido de
cicatrização exuberante etc. Após esta limpeza, os fibroblastos ativos (no caso de
uma necrose) vão ao local e preenchem o espaço com colágeno.
* Produtor de interleucinas: O macrófago é o principal produtor da
Interleucina I (IL-1). Ele produz a IL-1 quando fagocita organismos invasores
(micróbios), que dá o alarme para o sistema imune. Esta citocina estimula linfócitos
T Helper até o local da infecção, onde serão apresentados aos epítopos nos
macrófagos. Além disso, a IL-1 estimula a expansão clonal dos linfócitos T Helper e
dos linfócitos B específicos contra os epítopos (são moléculas específicas dos
antígenos que é capaz de criar uma população de células específica para combatê-
lo). A IL-1 é responsável pela febre nas infecções e inflamações que ocorrem no
corpo. Ela vai ao hipotálamo e estimula a produção de prostaglandinas, que ativam o
sistema de elevação da temperatura. A IL-1 também aumenta a produção de
prostaglandinas pelos leucócitos, que vai contribuir para a inflamação e dor. Além
disso, a IL-1 estimula a síntese de proteínas de adesão leucocitária nos endotélios e
facilita a adesão dos leucócitos para realizar a diapedese.
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Os macrófagos são
responsáveis pelo sistema monocítico
fagocitário (SMF), pois vem da
maturação dos monócitos que chegam
pelo sangue. Existem células que são
morfologicamente diferentes dos
macrófagos, mas tem a mesma função,
e provém dos monócitos da mesma Quatro macrófagos
forma, sendo, então parte do SMF. São Fonte: www.aids-info.ch
2.5 MASTÓCITOS:
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É a principal célula
responsável pelo choque anafilático. O
processo de ativação da degranulação
(exocitose) se baseia na sensibilização
destas células (mastócitos). Esta
sensibilização ocorre da seguinte forma: o
primeiro contato com o alérgeno (substância
irritante que causa a alergia) estimula a
produção de IgE específicas que se unem Mastócito
aos receptores de superfície dos mastócitos, Fonte: Escola Paulista de
Medicina - UNIFESP
pois estes são rico em receptores de IgE. No
segundo contanto, as IgE ligadas ao
mastócito se ligam ao alérgeno e
desencadeia a liberação de todos os
mediadores inflamatórios.
Com isso a histamina causa uma vasodilatação, a heparina é
anticoagulante, o ECF-A chama os eosinófilos e a fator quimiotáxico dos neutrófilos
chama os neutrófilos ao local. O SRS-A (slow reacting substance of anaphilaxis) tem
como efeito produzir contração lenta da musculatura lisa. Esta contração da
musculatura lisa é importante quando essa reação anafilática ocorre no pulmão e
leva a uma broncoconstricção (asma alérgica).
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O sistema complementar (complemento) é um conjunto de
aproximadamente 20 proteínas séricas cuja principal função é o controle do
processo inflamatório. As proteínas deste sistema promovem a fagocitose, controlam
a inflamação e interagem com os anticorpos na defesa imune.
As citosinas são moléculas diversas que fornecem sinais para os linfócitos,
fagócitos e outras células do organismo. Todas as citosinas são proteínas ou
péptidos, algumas contendo glicoproteínas. Os principais grupos de citosinas são:
Interferons (IFNs, que limitam a propagação de certas infecções virais), Interleucinas
(Ils, a maioria delas está envolvida na indução de divisão e diferenciação de outras
células), Fatores estimuladores de colônias (CSFs, divisão e diferenciação das
células tronco na medula óssea e dos precursores dos leucócitos sangüíneos),
Quimiocinas (direcciona a movimentação das células pelo organismo) e outras
citosinas (são particularmente importantes nas reacções inflamatórias e citotóxicas).
3.1 ANTICORPOS:
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com outros elementos do sistema imune, como os fagócitos ou com uma das
moléculas do complemento.
Antígenos são quaisquer moléculas que possam ser reconhecidas pelo
sistema imune adaptativo. O reconhecimento do antígeno é a base principal de
todas as respostas imunes adaptativas. O ponto essencial a ser considerado com
relação ao antígeno é que a estrutura é a força iniciadora e condutora de todas as
respostas imunes. O sistema imune evoluiu com a finalidade de reconhecer os
antígenos e destruir e eliminar a sua fonte. Quando o antígeno é eliminado, o
sistema imune é desligado.
O princípio da vacinação está baseado em dois elementos fundamentais
da resposta imune adaptativa: memória e especificidade. O objectivo no
desenvolvimento da vacina é alterar o patogene ou as suas toxinas de tal modo que
eles se tornem inócuos sem perderem a antigenicidade.
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capaz de secretar anticorpos ativamente). Os anticorpos são produzidos com a
função principal de neutralizar e eliminar o antígeno que estimulou a sua produção.
Esse processo de eliminação é feito de diversas formas e, na maioria das vezes, a
produção do anticorpo é mantida por longos períodos, sendo responsável pela
chamada imunidade. Anticorpos também podem ser chamados de gamaglobulinas
ou imunoglobulinas (Ig). Existem basicamente cinco classes de imunoglobulinas que
variam na forma e atividade, porém mais de uma classe é produzida durante o
processo de infecção, ou seja, duas classes de imunoglobulinas podem ser
produzidas contra um mesmo antígeno. As classes de imunoglobulinas são A, M, G,
D e E, sendo chamadas Imunoglobulina A (IgA), Imunoglobulina M (IgM), etc.
Todo o desenvolvimento das atuais técnicas imunológicas aqui descritas
só foi possível com o desenvolvimento da técnica de obtenção de anticorpos
monoclonais, uma vez que os anticorpos utilizados em ensaios laboratoriais para
detecção de marcadores devem ser específicos para a patologia que se está
pesquisando.
Os anticorpos são a chave para o diagnóstico e terapêutica de muitas
patologias responsáveis por epidemias e por doenças como o cancro. A
biotecnologia é um meio de obter e produzir esses anticorpos.
A ligação de antigénios aos receptores membranares dos linfócitos que os
reconhecem, estimula a sua divisão, originando clones - seleção clonal.
Os anticorpos podem ser utilizados para reconhecer moléculas específicas
com grande precisão e podem ser produzidos em laboratório através da injecção de
antigénios em animais. Após a resposta imunitária efetuada pelos animais em
contato com o agente infeccioso, recolhem-se os anticorpos do seu plasma
sanguíneo. Este processo tem como vantagem a obtenção de uma elevada
quantidade de anticorpos. Contudo, nos animais e nos seres humanos, a resposta
imunitária é, na maior parte das vezes, policlonal, isto é, desenvolvem-se diferentes
populações de linfócitos B perante o mesmo agente patogênico. Este tipo de
resposta torna-se menos eficiente porque não é canalizado o esforço para a
produção do anticorpo mais apropriado, produzido por um único clone de linfócitos B
- monoclonal. Na produção deste tipo de anticorpos, um animal é injetado com um
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antígeno e, passado algum tempo, é morto. Os linfócitos B são extraídos do baço do
animal, incubados in vitro e é feita a fusão com células de mieloma (um tipo de
célula tumoral), com o intuito de obter anticorpos monoclonais.
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A técnica atualmente
mais utilizada para detecção de
marcadores de infecções é o
ELISA (do inglês Enzyme Linked
Immuno Sorbent Assay) e suas
variações. De maneira geral a
técnica é realizada de duas
maneiras: Pesquisa de antígenos e Placa de ELISA
anticorpos. Fonte: www.virology-online.com
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Esquema de um ELISA para pesquisa de anticorpos
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paciente é adicionado um reagente contendo agora o mesmo antígeno a ser
pesquisado, marcado com a mesma enzima. Haverá uma competição para ligar-se
aos anticorpos adsorvidos na parede do poço, quanto mais antígeno estiver
presente no soro do paciente, menos antígeno do reagente irá se ligar. Percebe-se
que neste caso, a reação é inversa, ou seja, quanto mais colorido for o meio, menos
antígeno estava presente no soro do paciente.
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Leitor de placas de ELISA
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basófilos e de espécies ativas de oxigênio pelos leucócitos, vasoconstrição,
contração da musculatura lisa, aumento da permeabilidade dos vasos, agregação
plaquetária e citólise.
O SC é uma cascata protéica com função importante na defesa humoral
inespecífica. Para um funcionamento normal do mesmo, todos os componentes da
cascata devem estar presentes em níveis plasmáticos normais e com uma função
fisiológica adequada. A ativação do SC ocorre por duas vias, o que permite a
resposta eficiente a diversos processos agressores. O dano provocado no tecido
autólogo é controlado por mecanismos de regulação competentes.
Os componentes da via clássica, assim como da via terminal, são
designados com o símbolo "C" seguidos com o número correspondente (C1, C3,
etc.). Já os componentes da via alternativa, exceto C3, são designados com nomes
convencionais ou símbolos diferentes (exemplo: fator D, fator B, properdina). A
designação dos componentes ativados é feita por uma barra colocada sobre o
símbolo da proteína ou do complexo protéico correspondente (exemplo: C1-C4b2a,
fator B, etc.). Os produtos da clivagem enzimática são designados por letras
minúsculas que seguem o símbolo de determinado componente (exemplo: C5a,
C5b). Quando o componente ou fragmento é inativado, é adicionada a letra "i"
(exemplo: C3bi, Bbi).
As deficiências de proteínas do SC são incomuns, mas não raras. Por
exemplo, a freqüência da deficiência heterozigótica de C2 é de cerca de 1:100
nascidos vivos, enquanto que da homozigótica é de cerca de 1:10.000. A deficiência
dos componentes iniciais da via clássica pode estar associada com saúde normal,
doenças dos colágenos ou infecções. As deficiências de C3 ou de proteínas
reguladoras de C3 freqüentemente levam a infecções severas. As deficiências de
componentes da via alternativa ou da via efetora comum podem acarretar infecções,
particularmente por Neisseria spp. A deficiência de inibidor de C1 causa
angioedema. As deficiências congênitas (primárias) ou adquiridas (secundárias) de
proteínas de ativação da cascata do SC predispõem as doenças auto-imunes ou
infecciosas específicas, em sua maioria por bactérias piogênicas de agressividade
considerável, como, por exemplo, o meningococo. As deficiências de proteínas de
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regulação estão implicadas também em doenças do tipo auto-imunes, como é o
caso do angioedema e da hemoglobinúria paroxística noturna.
3.3 CITOCINAS:
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replicar-se, vai ativar o gene codificante do interferon. Após a síntese proteíca, a
proteína sai da célula e entra na corrente sanguínea, até chegar às células vizinhas
que ainda não foram atacadas. A proteína liga-se à membrana celular dessas
células e ativa o gene codificante de proteínas antivirais. Estas proteínas virais, por
sua vez, vão impedir a replicação do vírus, quando este tentar replicar-se nessas
células. Os IFN são produzidos na fase inicial da infecção e constituem a primeira
linha de resistência a muitas viroses. Existem três tipos de Interferons:
* Interferons Alfa
(IFNa) é produzido por por
leucócitos e outras células
infectadas por vírus. O Interferon
Alpha, sintético, é usado para o
combate de muitas doenças
virais, como Hepatite C e HIV,
porém tem alta toxicidade. A
malignidade dessas doenças,
Produção de Interferons durante
faz com que os efeitos colaterais
infecção viral aguda
sejam suportados.
* Interferon Beta
(IFNb) é produzido por
fibroblastos e células epiteliais
infectados por vírus.
* Interferon Gama (IFNg) é produzido por alguns linfócitos T ativados e
Células NK em resposta a um determinado antígeno (incluindo antígenos virais) ou
por mitoses de linfócitos.
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uma variedade de funções, mas a maioria delas está envolvida na indução da
divisão de outras células. Cada interleucina atua sobre um grupo limitado e
específico de células que expressam receptores adequados para cada interleucina.
É importante destacar que a hematopoiese é regulada por mais de uma interleucina.
As IL-1 e IL-6 estão envolvidas na ativação do ciclo celular das células-tronco em
repouso (ou auto-renováveis). A IL-3 está envolvida no crescimento dos precursores
das linhagens hemopoiéticas da mesma forma que o fator estimulador de colônias
de granulócitos/macrófagos (GM – CSF). Na medida em que as células se
diferenciam, citocinas específicas de linhagens apresentam atividades importantes; a
eritropoietina para os eritrócitos, o fator estimulador de colônias de macrófagos (M –
CSF) para os macrófagos, o fator estimulador de colônias de granulócitos (G – CSF)
para os granulócitos, entre outros.
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Tabela de Interleucinas
Fonte: Artigo Educacional: Avanços tecnológicos em hematologia
laboratorial – Paulo C. Naoum.
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produzidos. Alguns CSF também promovem a diferenciação extramedular de
células.
Finalmente outras citocinas além das acima citadas, como são os casos
do fator de necrose tumoral - TNFa e TNFb e do fator de transformação de
crescimento (TGF b) que, embora possuem várias funções, são particularmente
importantes nas reações inflamatórias e citotóxicas. Nesse contexto específico das
citocinas, o futuro da análise laboratorial certamente deverá estar direcionada na
monitoração quantitativa e na determinação qualitativa das diferentes interleucinas,
bem como nas respostas às reações fisiopatológicas causadas por processos
inflamatórios e citotóxicos.
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ENSAIOS IMUNOLÓGICOS:
1. FATOR REUMATÓIDE:
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população normal, especialmente os idosos, pode apresentar positividade para FR.
Esses percentuais de incidência, tanto nas patologias como nos pacientes normais,
assim como a ocorrência de falsos positivos, variam de acordo com a sensibilidade e
a especificidade do método utilizado.
Os ensaios tradicionais para investigação do FR empregavam partículas
de látex revestidas por imunoglobulina G humana (Prova do Látex) ou, na
Hemaglutinação Indireta, hemácias de carneiro, revestidas por imunoglobulina de
coelho (Reação de Waller-Rose). A prova do látex era considerada mais sensível, e
a reação de Waller-Rose mais específica. Realizadas em conjunto, fornecem dados
complementares.
Atualmente, o método de referência para a pesquisa do FR é a
nefelometria, que fornece um resultado numérico em UI/mL, em vez dos resultados
em títulos, resultantes de diluições fornecidas pelo método anterior (látex), o que
permite um melhor acompanhamento dos pacientes. Com a nefelometria, podem ser
identificadas as três classes de auto-anticorpos, ou seja, o FR das classes IgG, IgM
e IgA.
A identificação e a quantificação da classe do FR que se encontra elevada
podem ser realizadas pelo método de ensaio imunoenzimático. A utilidade clínica
dessa individualização e quantificação tem sido cada vez mais explorada. Por
exemplo, a presença de FR IgA nas manifestações extra-articulares da AR com
ausência de FR IgM ou IgG; a predominância na AR de FR IgM, sendo que o FR IgG
e IgA estão geralmente presentes, mas em baixa freqüência e quantidade. É
incomum a detecção concomitante do FR das três classes em outra patologia que
não a artrite reumatóide.
2. VDRL (LUES):
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unidades de atenção primária de saúde. Apresenta uma técnica rápida de
microfloculação, na qual utiliza antígenos extraídos de tecidos como a cardiolipina,
um lípide derivado do coração de bovinos. A cardiolipina, quando combinada com
lecitina e colesterol, forma sorologicamente um antígeno ativo, capaz de detectar
anticorpos humorais presentes no soro durante a infecção sifilítica, uma a quatro
semanas após o aparecimento do cancro primário. As dosagens quantitativas do
VDRL, expressas em títulos, em geral se elevam até o estágio secundário. A partir
do primeiro ano da doença, os títulos tendem a diminuir, podendo a reatividade
desaparecer mesmo sem tratamento. Com a infecção corretamente tratada, o VDRL
tende a negativar-se entre 9-12 meses, embora a reatividade em baixos títulos (<
1:8) possa perdurar por vários anos ou até por toda a vida.
Os anticorpos estão presentes nas primeiras semanas da doença e,
quando em títulos iguais ou maiores de 1/16, sugerem fortemente casos de sífilis;
títulos inferiores, geralmente até 1/8, são encontrados em diferentes patologias,
especialmente no lúpus eritematoso sistêmico e como títulos residuais (cicatriz
sorológica) de sífilis anteriormente tratada.
A pesquisa de anticorpos
treponêmicos, que são específicos
contra o Treponema pallidum, é
indicada como testes confirmatórios
e pode ser realizada pela
imunofluorescência indireta (FTA-
ABS) e pela hemaglutinação passiva Treponema pallidum visto em
(TPHA). microscopia de Campo Escuro
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com lúpus eritematoso sistêmico, durante a gravidez, na lepra, mononucleose,
leptospirose, artrite reumatóide, cirrose biliar primária e doenças associadas à
produção de globulinas anormais.
A reação de hemaglutinação passiva (TPHA) é, também, considerada
teste confirmatório. Resultados falso-positivos são relatados em diferentes
patologias. Sua sensibilidade é similar à do FTA-ABS, com exceção da investigação
da fase primária, quando é menos sensível. Assim como no FTA-ABS, se positivos,
os anticorpos permanecem por toda a vida como cicatriz sorológica. O diagnóstico
da sífilis congênita baseia-se na presença de anticorpos IgM, sendo o método de
escolha a pesquisa do FTA-ABS IgM. Entretanto, um resultado negativo não afasta a
possibilidade de infecção, já que a positividade só acontece em cerca de 80% dos
casos. A persistência de reações sorológicas positivas, treponêmicas e não-
treponêmicas, por mais de seis meses após o nascimento é altamente indicativa de
sífilis congênita.
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estreptocócicas. Apesar de níveis
circulantes de ASLO serem encontrados
na maioria dos pacientes com febre
reumática e glomerulonefrite pós-
estreptocócica, sua maior indicação é no
seguimento de pacientes com febre
reumática, já que nesses casos os títulos Streptococcus visualizados
em microscopia eletrônica
se correlacionam melhor com a atividade
da doença. Cerca de 80 a 85% dos casos
de febre reumática cursam com altos
títulos.
Streptococcus visualizados
em microscopia óptica
4. BRUCELOSE:
167
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A contaminação relacionada à
ocupação profissional, como é o caso de
fazendeiros, veterinários, processadores
de carne, são a fonte mais freqüente. Na
população em geral, a fonte mais comum
de contaminação é a ingestão de leite e
derivados não-pasteurizados e o
Microscopia eletrônica
consumo de carne crua. Pode ser
mostrando Brucella abortus
transmitida de pessoa a pessoa, pela
Fonte:
placenta e durante a amamentação, e
www.cienciahoje.uol.com.br
são citados casos raros de contaminação
por atividade sexual.
A infecção pode distribuir-se amplamente pelo organismo, causando
lesões praticamente em qualquer órgão, com mais freqüência no coração, ossos e
articulações, tratos respiratório, gastrointestinal e geniturinário, globo ocular, pele,
sistema nervoso central e sistema endócrino. O quadro clínico inicial é comum a
outras doenças febris. O período de incubação dura em média de 1 a 3 semanas,
podendo, em alguns casos, durar vários meses. A multiplicação intracelular do
microrganismo ocorre nos gânglios linfáticos e sistema reticuloendotelial. A
gravidade do quadro é variável, podendo apresentar-se com comprometimento leve
a grave. O quadro apresenta sintomas comuns como febre, mialgia, cefaléia,
anorexia, artralgia e lombalgia. O exame clínico pode ser pouco expressivo ou
apresentar linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, dor à palpação da coluna
vertebral, dor abdominal e outras manifestações.
O diagnóstico preciso é feito mediante a associação de história compatível
com probabilidade de infecção, sinais clínicos e detecção de anticorpos por reações
de aglutinação, visíveis a olho nu. O diagnóstico é de grande importância no período
pré-natal, pois pode levar à morte fetal.
Os antígenos bacterianos têm a capacidade de induzir a formação de
anticorpos específicos, inicialmente da classe IgM e logo após das classes IgG e IgA
. Esses anticorpos aparecem a partir da segunda semana da doença, com picos
168
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entre a terceira e sexta semanas. Títulos maiores ou iguais a 1/160 são
considerados significativos quando encontrados em região não-endêmica. Em áreas
endêmicas e em profissionais de alto risco de contaminação, são considerados
significativos títulos iguais ou acima de 1/320.
Altos títulos de IgM indicam infecção aguda; altos títulos de IgG, infecção
em atividade; quando mais baixos, podem significar infecção passada. Recomenda-
se a análise pareada com intervalo de duas semanas na avaliação dos casos
duvidosos: variações de quatro vezes o título anterior são sugestivas de infecção
aguda. Reações com títulos baixos podem ser encontradas em pacientes vacinados
contra febre tifóide. Podem ser encontradas reações cruzadas por infecção por
outras bactérias e após intradermorreação, com antígenos de Brucella.
5. DOENÇA DE CHAGAS:
169
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Nas situações de
imunossupressão, pode ocorrer a reativação
do quadro, que muitas vezes é fatal. A
transmissão ocorre por vetores
hematófagos, mas pode se dar por via
congênita, transfusional e outras formas
menos freqüentes, como a inoculação
involuntária em laboratório. Tripanosoma cruzi
Agente causador da
Os métodos sorológicos para
Doença de Chagas
diagnóstico da doença de Chagas
apresentam sensibilidade e especificidade
elevadas, sendo úteis para o diagnóstico nas
fases aguda e crônica da doença.
Entretanto, é possível a reação positiva por
reatividade cruzada com as leishmanioses,
especialmente com a forma visceral e as Barbeiro
Agente transmissor da
formas cutâneo-mucosas da leishmaniose doença de Chagas
tegumentar, e com outros antígenos em
comum.
Por isso, é recomendável a realização de reações por diferentes métodos
como Hemaglutinação (Hemácias de carneiro com antígenos de Tripanosoma cruzi
adsorvido nas membranas e com a presença de anticorpos no soro do paciente
haverá uma aglutinação visível a olho nu), Imunofluorescência (utilização de placas
contendo antígenos de Tripanosoma cruzi e após mistura com soro do paciente são
adicionados anticorpos marcados com reagentes fluorescentes que serão
posteriormente analisados em microscópios especiais), e Enzima Imunoensaio
(ELISA). Devem ser realizados no mínimo dois métodos, para que se controlem
mutuamente, visto que, em cada método, são utilizados diferentes antígenos e
formas do parasita, o que permite diminuir a possibilidade de resultados falso-
positivos. Resultados positivos devem ser encontrados nos dois métodos utilizados
para confirmar o diagnóstico. Nos casos de apenas um método apresentar
170
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positividade, faz-se necessária a análise clínica da história epidemiológica, achados
clínicos e outros exames diagnósticos complementares. Na fase aguda, anticorpos
das classes IgM e IgG são detectáveis. Na fase crônica, são encontrados anticorpos
da classe IgG. Os níveis de reatividade diferem para cada método e de acordo com
a finalidade do diagnóstico. Os valores considerados para triagem de doadores de
sangue são sempre inferiores aos considerados para o diagnóstico clínico.
6. PROTEÍNA C REATIVA:
171
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A proteína C reativa deve ser utilizada como auxiliar no diagnóstico,
controle terapêutico e acompanhamento de diversas patologias, uma vez que é o
mais sensível e precoce indicador de processos inflamatórios resultantes de
infecções, carcinomas, necrose tecidual e cirurgias. Depois de 24 horas, a
velocidade de hemossedimentação (VHS) é complementar à PCR.
Durante muitos anos, a PCR foi utilizada apenas no contexto de avaliação
de processos inflamatórios, mas, atualmente, vem assumindo outros papéis
importantes na clínica devido ao desenvolvimento de técnicas que possibilitam dosar
a quantidade desta proteína em valores mínimos, e tal técnica é descrita como PCR
Ultra-sensível. A dosagem quantitativa, pela técnica de imunonefelometria, utilizando
anticorpos monoclonais antiPCR, ao contrário dos métodos tradicionais qualitativos,
permite a liberação de resultados quantitativos (mg/dL) que facilitam a interpretação
clínica e o acompanhamento laboratorial de cada caso.
Por exemplo, podemos citar que, como marcador de mortalidade nos
primeiros 24 meses após infarto agudo do miocárdio (IAM), foi de maior valor que as
enzimas cardíacas. Além disso, altos níveis séricos de PCR puderam ser
considerados fatores preditivos de ruptura cardíaca subaguda pós-IAM. Nove
pacientes apresentando esse tipo de complicação foram comparados ao grupo
controle de 28 pacientes infartados sem complicações. No grupo com ruptura
cardíaca, níveis elevados de PCR, superiores a 20 mg/dL, foram evidenciados no
segundo dia pós-IAM. Um marcador tradicional de lesão muscular, a enzima CPK,
não mostrou diferença significativa entre os dois grupos. A sensibilidade diagnóstica
de altos níveis séricos de PCR, predizendo uma possível ruptura cardíaca pós-IAM,
foi de 89%, garantindo o seu uso na prática cardiológica.
Com a recente descoberta de componentes inflamatórios na
arteriosclerose, a PCR foi proposta como indicador de risco para doença coronariana
e acidentes vasculares cerebrais. O risco, revelado pelos altos teores séricos de
PCR, é independente de fatores ligados à dislipidemia e pode ser reduzido pelo uso
de aspirina como tratamento profilático. Essas novas hipóteses de patogêneses de
doenças arterioescleróticas associadas à possibilidade de terapêutica preventiva
abrem novas perspectivas, que devem ser consideradas. Da mesma forma, níveis
172
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aumentados da PCR parecem estar relacionados a eventos coronarianos em
pacientes com angina estável ou instável.
Em outras áreas da medicina, como a infectologia e a cirurgia, a
importância da PCR também deve ser levada em conta. O uso da dosagem da PCR
foi avaliado num estudo envolvendo 193 casos de endocardite infecciosa. Níveis
elevados de PCR puderam ser evidenciados em casos que cursaram com
complicações, levando à conclusão de que a PCR é um bom marcador prognóstico e
pode ser utilizada para monitorar a resposta à terapia antimicrobiana em
endocardites infecciosas.
Na recuperação cirúrgica, a PCR aumenta nas primeiras 4 a 6 horas,
revelando picos séricos por volta das 48 a 72 horas de pós-operatório, em
concentrações de 2,5 a 3,5 mg/dL. Em cirurgias que cursam com evolução favorável,
os níveis de PCR normalizam-se por volta do sétimo dia após o procedimento
cirúrgico. Na vigência de complicações, os valores da PCR permanecem elevados, e
podem atingir níveis superiores a 3,5 mg/dL.
Em estados inflamatórios crônicos, as concentrações de PCR podem
persistir altas indefinidamente. Em casos de LES e outras doenças do colágeno,
colites ulcerativas e leucemia, as concentrações são, geralmente, normais, porém
marcadamente mais altas nas infecções bacterianas do que nas virais, auxiliando no
diagnóstico diferencial. Na febre reumática, a PCR é um bom parâmetro de
reagudização, pois persiste em concentrações elevadas (>4 mg/dL) quando a
doença está ativa, embora decaindo a níveis normais durante a remissão.
Encontram-se níveis elevados de PCR e de haptoglobina em pacientes
com espondilite anquilosante HLA-B27 clinicamente ativa; mas nem a PCR nem a
haptoglobulina estão elevadas nos casos ativos com HLA-B27, em que são
encontradas concentrações elevadas de IgA. Soros com altas concentrações de
PCR contêm normalmente fator de necrose de tumor elevado (FNT). A relação de
FNT/PCR poderia ser útil no acompanhamento de rejeição de transplantes renais. O
aumento da PCR urinária em associação com baixos níveis de beta-2-
macroglobulina em pacientes com transplante renal é indicativo de infecção extra-
173
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renal (sensibilidade 100%, especificidade 99%). A elevação de ambas as proteínas
na urina é uma forte indicação de infecção bacteriana ou de rejeição aguda.
Aproximadamente 60% de recém-nascidos saudáveis podem apresentar,
normalmente, concentrações de PCR acima de 1 mg/dL durante os primeiros 20 dias
de vida. Conseqüentemente, as faixas de referência de adultos não são adequadas
para crianças.
7. MONONUCLEOSE INFECCIOSA:
174
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avaliação da doença crônica.
A reação de Paul-Bunnell pesquisa a presença de anticorpos heterófilos
contra hemácias de carneiro. São considerados sugestivos de mononucleose títulos
superiores a 1/56. Entretanto, esses anticorpos podem pertencer a outro grupo de
anticorpos heterófilos, como os encontrados na doença do soro e no soro normal
(anticorpos de Forssman). Como os anticorpos heterófilos que surgem na
mononucleose possuem a característica de serem absorvidos pela hemácia de boi e
de não serem absorvidos pelo rim de cobaia, a reação de Paul-Bunnell-Davidsohn
explora essa característica, permitindo a exclusão de outros anticorpos heterófilos,
servindo dessa forma como teste confirmatório. Um pequeno percentual de falso-
positivos foi descrito em linfomas, na leucemia linfocítica aguda, na hepatite
infecciosa, no carcinoma de pâncreas, na infecção por citomegalovírus, na artrite
reumatóide e na rubéola.
A pesquisa de anticorpos para o vírus EBV se faz necessária para a
confirmação do diagnóstico da mononucleose naqueles casos nos quais os
pacientes apresentam alterações clínicas sugestivas, porém sem os achados
hematológicos clássicos e os títulos negativos para anticorpos heterófilos. São
anticorpos específicos que aparecem ao final do período de incubação, atingindo
títulos mais baixos durante a fase de recuperação, que irão persistir por toda a vida
como indicadores de imunidade para essa doença.
Os anticorpos específicos para EBV devem ser pesquisados também para
o diagnóstico diferencial das patologias que podem mimetizar um quadro de
mononucleose, como pode acontecer em quadros de hepatites virais agudas,
colagenoses, síndrome de soroconversão do HIV-1, infecção por citomegalovírus e
toxoplasmose.
8. EPSTEIN-BARR VÍRUS:
175
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desordens linfoproliferativas em pacientes imunossuprimidos. Recentemente, foi
descrita a síndrome ativa crônica severa, na qual a linfoproliferação continua ativa.
Já o papel etiológico do EBV em outras patologias como artrites reumáticas, doença
de Hodgkin e síndrome de fadiga crônica ainda não estão bem definidas.
Na fase aguda da mononucleose infecciosa, anticorpos IgM e IgG para
antígenos precoces do EBV (EA), antígenos do capsídeo viral (VCA) e antígenos
nucleares (EBNA) aparecem em seqüência. A pesquisa mais utilizada é a de
anticorpos IgM contra VCA por enzima imunoensaio. A positividade indica infecção
aguda. Entretanto, a presença de anticorpos IgM para VCA ou IgM /IgG para EA,
com ausência ou baixa concentração de anticorpos contra EBNA, indica infecção
recente ou em curso.
A presença de anticorpos contra VCA e a relação IgG/IgM inferior a 1
podem auxiliar no diagnóstico de casos difíceis. A análise da avidez de anticorpos
IgG contra VCA do EBV também é útil em casos de reativação ou infecção recente.
A persistência de EA e/ou VCA IgG em títulos altos indica infecção crônica pelo
EBV.
A pesquisa de anticorpos
específicos para EBV deve ser realizada
nos quadros de mononucleose para
confirmação do diagnóstico ou nos
casos com suspeita clínica que cursa
com anticorpos heterófilos negativos,
não sendo diagnosticada pelos métodos
tradicionais, e também para o
diagnóstico diferencial das patologias Vírus Epstein-Barr
que podem mimetizar um quadro de Fonte: www.sciencenews.org
mononucleose (mononucleose-like),
como hepatites virais agudas,
colagenoses, síndrome de
soroconversão do HIV-1, citomegalia e
toxoplasmose.
176
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A comparação de métodos de cultura de células e a amplificação
genômica por PCR indicam a maior sensibilidade da técnica molecular (PCR) na
detecção de EBV. A infecção crônica por EBV pode ser detectada pela presença do
DNA-EBV em sangue periférico por PCR. Em pacientes em tratamento profilático
com imunoglobulinas, o diagnóstico sorológico pode acarretar problemas relativos a
reações falso-positivas.
A técnica de PCR usando células mononucleares de sangue periférico
pode ser usada para o diagnóstico preciso e precoce da infecção por EBV em
pacientes altamente vulneráveis, com doenças linfoproliferativas, nos quais a PCR
apresenta-se altamente sensível, mesmo em amostras de saliva.
A PCR é útil em detectar o EBV em outras patologias tais como:
pneumonite intertiscial, pericardite e miocardites a partir da análise de tecidos ou de
líquidos corpóreos. Entretanto, deve-se ter o cuidado de proceder à avaliação
qualitativa e quantitativa em amostras coletadas em diferentes datas, além da
correlação clínica para a confirmação da relação entre os sintomas e a etiologia viral.
177
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de uma enduração medida e liberada em
milímetros. A leitura deve ser realizada 48
horas após a aplicação.
A ausência de enduração
significa um teste negativo, conforme
esperado em pacientes não-vacinados, que
nunca tiveram contato com o
microrganismo ou em situações que levem
a alergia cutânea, como por exemplo:
sarampo, sarcoidose, uso de corticóide ou
de drogas imunossupressoras, lepra Reação de PPD positiva
lepromatosa, entre outras.
A positividade encontrada em pacientes vacinados ou que já tiveram
contato prévio com o microrganismo é normalmente entre 5 a 10 mm de enduração,
podendo ser encontradas reações superiores geralmente associadas à presença de
flictenas. Crianças imunizadas podem necessitar de dose de reforço para apresentar
uma reação cutânea positiva.
10. HIV:
178
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de anticorpos ocorre quando a viremia inicial diminui e o quadro persiste até o
aparecimento da doença. Anticorpos são neutralizantes do agente infeccioso,
havendo forte correlação entre essa atividade e a habilidade de bloquear a interação
entre as glicoproteínas do vírus gp 120/160 e as moléculas CD4 dos linfócitos.
O vírus pertence
ao gênero Lentivirus, da família
Retroviridae. Após a penetração
na célula por fusão com a
membrana, o core viral se
desintegra e o HIV transcreve o
seu RNA em DNA através da
transcriptase reversa. O DNA viral
pode permanecer no citoplasma
ou integrar-se ao genoma da Partículas virais do HIV (azul)
célula, sob forma de pró-vírus, deixando um linfócito para infectar
outra célula.
latente por tempo variável, Fonte: www.wellesley.edu
replicando toda vez que a célula
entra em divisão. A acumulação
destas partículas no citoplasma
tem sido associada à morte celular
isolada.
A união das proteínas virais e genoma para formação de virion se dá no
citoplasma, liberando-se por brotamento através de fusão com a membrana celular.
Esse nível de interação varia de pessoa para pessoa e pode ser preditivo de um
curso clínico de longa duração. Na fase clinicamente estável, indivíduos infectados
geralmente apresentam níveis de viremia baixos e persistentes e uma depleção
gradual de linfócitos T CD4(+) que pode levar a uma severa imunodeficiência, ao
aparecimento de múltiplas infecções oportunistas, a neoplasias e à morte.
O diagnóstico laboratorial pode ser feito pela pesquisa de anticorpos
contra o HIV-1 por técnicas imunoenzimáticas e Western-blot. Essas técnicas,
embora precisas, apresentam limitações em determinados casos, tais como:
179
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crianças em idade até 15 meses, nas quais a permanência de anticorpos maternos,
adquiridos na fase gestacional através da placenta, no momento do parto ou na fase
pós-parto, através do colostro, pode determinar resultados falso-positivos; casos de
infecção recente, em períodos inferiores a 2 ou 3 meses, nos quais não houve,
ainda, a soroconversão, e casos que apresentam resultados indeterminados ou
duvidosos.
Sorologia: Os testes
sorológicos mais comuns são
os imunoenzimáticos como
ELISA (Enzyme Linked
Immunosorbent Assay) e ELFA
(Enzyme Linked Fluorescent
Assay); esses testes que
pesquisam anticorpos
circulantes (anti-HIV) utilizam
antígenos, adsorvidos em fases
Esquema de um vírus HIV
sólidas, que podem ser de Fonte:
origem sintética, peptídeos www.geocities.com/mpennafort/hiv_ciclo
.html
sintéticos (geralmente gp41 e
p24 para o HIV-1 e gp36 para o
HIV-2) ou o próprio vírus
inativado.
O método ELFA apresenta uma versão para a detecção simultânea de
anti-HIV e antígeno p24 (HIV-DUO), favorecendo o diagnóstico precoce de infecção
por HIV, antecipando-o em até sete dias, quando comparado a métodos que
detectam apenas anti-HIV.
Os métodos enzimáticos são, preferencialmente, utilizados para triagens
de diferentes populações, em bancos de sangue e amostras sorológicas de
indivíduos com sintomatologia sugestiva ou mesmo assintomáticos e com história de
situação de risco.
180
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Os testes imunoenzimáticos, licenciados e comercializados atualmente,
apresentam sensibilidade e especificidade que ultrapassam 98% a 99%.
Segundo recomendações do Ministério da Saúde, a liberação de um teste
sorológico anti-HIV positivo só pode ser concretizada se pelo menos dois testes
forem realizados em paralelo, com a mesma amostra, por metodologia de diferente
procedência (outro fabricante, outro tipo de antígeno ou diferente princípio
metodológico) Se os resultados forem positivos ou discordantes (+/ -), necessita-se
da realização de um teste confirmatório, sendo o Western-blot o utilizado na rotina
da maioria dos laboratórios privados. Caso após estas duas etapas o resultado final
se caracterize como positivo, uma segunda amostra clínica deve ser solicitada para
a repetição do procedimento realizado na primeira amostra. Havendo discordância
entre os resultados da 1ª amostra com os obtidos na 2ª amostra, solicita-se uma
nova coleta.
O testes confirmatórios da presença de anticorpos anti-HIV indicado em
crianças com até dois anos de idade é a reação em cadeia da polimerase (PCR)
para a pesquisa do cDNA-HIV.
Em indivíduos com alto risco de exposição ao HIV, uma reatividade
intensa pelo teste imunoenzimático apresenta um valor preditivo de 99%. Podem
ocorrer reatividades falso-positivas em testes imunoenzimáticos, principalmente em
pacientes com hepatite alcoólica, outras patologias em que ocorram anormalidades
imunológicas, neoplasias, mulheres multíparas e indivíduos politransfundidos, os
quais desenvolveram anticorpos contra antígenos HLA classe II, presentes em
linhagens de células onde há a replicação do HIV.
Os testes imunoenzimáticos para HIV-1 detectam 40% a 90% de infecções
causadas por HIV-2, e testes de ELISA licenciados para HIV-2 divulgam a
sensibilidade de 99%. A opção mais utilizada atualmente são os testes
imunoenzimáticos que detectam, simultaneamente, anticorpos contra HIV-1 e HIV-2.
A detecção de antígeno p24 do HIV-1 circulante por teste imunoenzimático
é particularmente útil em determinadas situações. Nas primeiras semanas após a
infecção, o antígeno p24 está presente no soro, antes da detecção dos anticorpos.
Com o aparecimento desses, o antígeno p24 torna-se indetectável, permanecendo
181
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assim por meses ou anos. O reaparecimento da antigenemia durante o curso da
infecção geralmente está associado a um prognóstico desfavorável.
Métodos para a detecção de antígeno p24, principalmente aqueles que
utilizam dissociação ácida, também têm sido utilizados para acompanhar pacientes
em tratamento antiviral, conforme demonstrado durante ensaios clínicos. Sua
eficácia, porém é comprometida em virtude da baixa sensibilidade dos métodos
atualmente disponíveis, sendo substituídos pela detecção da carga viral por
metodologias de biologia molecular.
Western-Blot: O método de Western-Blot é amplamente utilizado como
teste confirmatório dos resultados obtidos em testes imunoenzimáticos. Outros
testes também são indicados, como imunofluorescência em células fixadas e o teste
RIPA (Radio Immuno Precipitation Assay). O Western-Blot utiliza antígenos do HIV,
obtidos em cultura de linhagem celular, separados eletroforeticamente em bandas
distintas, posteriormente transferidas para membrana de nitrocelulose. A reação
ocorre entre os antígenos em contato com os anticorpos, presentes no soro ou no
plasma de indivíduos infectados.
Padrões específicos de reações podem ser identificados, e, embora a
definição de testes positivos seja controvertida, a ausência de reações específicas
para os diferentes antígenos do HIV confirma a reação negativa.
Precursor do
gp160
Envelope Viral (env)
Proteína do
Envelope Viral (env)
gp120
Liga-se ao
CD4
Proteína do
p24
core viral (gag)
Transcriptase
p31
Reversa (pol)
182
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Padrões de positividade (presença de anticorpos) podem ser definidos no
teste confirmatório de Western-Blot, pela visualização de bandas correspondentes
às três principais proteínas virais: a proteína do núcleo, p24 ou p31 e duas proteínas
do envoltório, gp41 e gp120/gp160. Alternativamente, o Centers for Diseases Control
and Prevention-CDC recomenda que pelo menos uma das duas, p24 ou
gp120/gp160, seja identificada. Outras bandas de antígenos do HIV são p17, p31,
p51, p55, p66.
Padrões definindo casos indeterminados, quando apenas uma das três
principais bandas é visualizada no teste de Western-Blot, podem ocorrer, causando
dúvidas quanto a real interpretação. Indivíduos infectados, em fase avançada da
AIDS, podem não apresentar reatividade para p24, sugerindo resultado
indeterminado. Alguns podem apresentar esse padrão por longo período de tempo,
sem evidências de infecção por HIV. As interpretações mais corretas e apropriadas
para os resultados de testes de ELISA reativos e Western-blot indeterminados
envolvem avaliações clínicas e acompanhamento laboratorial.
Conforme Portaria n° 59 de 28/01/03 do Ministério da Saúde, deverão
constar nos laudos as metodologias e antígenos virais usados em cada ensaio. O
diagnóstico sorológico somente poderá ser confirmado após análise de no mínimo
02 (duas) amostras de sangue coletadas em momentos diferentes.
Procedência dos kits e antígenos utilizados: BioRad - Proteína
recombinante; Diasorin - Proteína recombinante; Biochem - Peptídios sintéticos
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Linha 1: Soro HIV+ (Controle Positivo)
Linha 2: Soro HIV- (Controle Negativo)
Linha A: Paciente A - Ausência de Bandas: Negativo
Linha B: Paciente B - Bandas presentes mas sem critérios: Indeterminado
Linha C: Paciente C - Bandas p31 OU p24 E bandas gp 160 OU gp120:
Positivo.
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As proteínas do
HTLV encontram-se
codificadas nos genes gag
(grupo antígeno), pol.
(polimerase) e env (envelope),
flanqueados por seqüências
terminais longas repetidas
(LTR), que contêm sinais
importantes para o controle da
Microscopia Eletrônica mostrando o vírus
expressão dos genes virais. A HTLV (verde) infectando um linfócito T
região gag é inicialmente (amarelo)
Fonte: www.britannica.com
traduzida em uma proteína
precursora (p53) que é clivada
em: proteína da matriz (Ma)
ou p19, proteína do capsídeo
(Ca) ou p24 e proteína do
nucleocapsídeo.
A protease é codificada por uma seqüência de leitura aberta (open reading
frame - ORF), situada entre a parte 3' da região gag e a parte 5' da região pol. A
integrase e a transcriptase reversas são codificadas na região pol. De forma distinta
dos outros retrovírus, esse possui uma região particular com cerca de 2 Kb, situada
imediatamente acima da LTR 3', denominada inicialmente pX, em razão da sua
natureza desconhecida. Essa região contém pelo menos 4 ORF que codificam as
proteínas p40 tax, p27 Rex, p21 Rex, p12 I, p13 II, p30 II.
O diagnóstico laboratorial da infecção por HTLV pode ser realizado por
técnicas sorológicas, tais como testes imunoenzimáticos (ELISA), testes de
imunoblotting (Western-Blot) e imunofluorescência indireta (IFI), que detectam
anticorpos para as proteínas estruturais do vírus. Contudo, a técnica de reação em
cadeia da polimerase (PCR) permite rápido acesso às seqüências de DNA e RNA,
celular e viral, possibilitando o diagnóstico dos indivíduos que, embora portadores do
vírus, ainda não produzem anticorpos em níveis detectáveis. Essa é também a
185
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técnica mais sensível para a detecção de seqüências de provírus de retrovírus
humanos, mesmo quando o número de cópias é baixo. Além dessas técnicas,
existem métodos moleculares que são utilizados na quantificação do vírus circulante
no organismo do hospedeiro.
O risco de transmissão via amamentação e o grau de infectividade in vitro
podem ser avaliados através da detecção dos marcadores de infecção e replicação
viral no leite de mães portadoras do HTLV, por técnicas de PCR e co-cultura de
células mononucleares do leite materno (BMMC).
12. TOXOPLASMOSE:
186
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A IgM não ultrapassa a placenta, sendo útil no diagnóstico da infecção
congênita em recém-nascido.
Interpretação dos anticorpos IgA: Detectados em infecções agudas e na
doença congênita. Podem persistir por meses, até mais de 1 ano. Maior
sensibilidade que IgM na infecção congênita.
Teste de Hemaglutinação: Útil para indicar prevalência, mas não para o
diagnóstico de infecção neonatal ou quadro recente em gestante, devido à
possibilidade de falso-positivos. Detecta anticorpos mais tardiamente que a
imunofluorescência e que os estes imunoenzimáticos.
Teste de Imunofluorescência Indireta (IFI) IgM: Detecta IgM nas primeiras
semanas, desaparecendo em meses. Títulos baixos podem persistir por mais de um
ano em 20% dos casos. Falso-positivos para fator reumatóide e fator antinuclear
podem ocorrer. Devido à possibilidade de resultados falso-positivos (7%) é
aconselhável à repetição da sorologia em três semanas e a sua confirmação com
um outro método mais específico como ELFA.
Teste de Imunofluorescência Indireta (IFI) IgG: Título começa a subir entre
4 e 7 dias após IgM. Pico em oito semanas e início de queda no sexto mês, sendo
que títulos baixos podem persistir por anos. Falso-positivos para fator antinuclear e
falso-negativos para títulos baixos de IgG podem ocorrer.
Imunoensaio Enzimático IgA: Detectada na infecção recente,
permanecendo elevada por no mínimo 26 semanas. Não atravessa a placenta e não
é absorvida pelo leite materno, tendo, pois, utilidade no diagnóstico de
Toxoplasmose congênita. Apresenta sensibilidade de 83,3% e especificidade de
94% em crianças com toxoplasmose congênita durante os doze primeiro meses de
vida. No primeiro mês de vida, a combinação de IgA e IgM melhora o desempenho
dos ensaios em relação aos mesmos de forma isolada.
Imunoensaio Enzimatico IgM: Trata-se de método totalmente
automatizado, preciso, rápido e de alta reprodutibilidade. Apresenta especificidade
de 98% e sensibilidade de 95%. Por tratar-se de um método sensível pode
permanecer detectável até dois anos após a infecção aguda. Um único resultado
positivo não pode ser considerado patognomônico de toxoplasmose recente.
187
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Conforme orientação norte-americana do FDA, resultados positivos requerem
confirmação por uma forma alternativa de ensaio, como ELFA, e coleta de nova
amostra após três semanas.
Imunoensaio Enzimático IgG: Esse método apresenta especificidade de
98% e sensibilidade de 96%. Independente do nível de anticorpos, não pode
predizer se a infecção é recente ou tardia. Alto índice de positividade na população
brasileira.
Enzyme Linked Fluorescent Assay (ELFA) IgM - captura: Método
automatizado, de grande reprodutibilidade, que elimina as interferências do fator
reumatóide. Devido a sua alta sensibilidade, pode detectar níveis baixos de
anticorpos por longos períodos após fase aguda (18 meses). Útil para confirmação
de IgM positivos em outros ensaios. Apresenta sensibilidade de 100% e
especificidade de 98,6%. Em pacientes imunocomprometidos resultado negativo
desse teste não exclui o diagnóstico de toxoplasmose.
Enzyme Linked Fluorescent Assay (ELFA) IgG: Títulos altos não predizem,
de forma isolada, infecção recente. Apresenta sensibilidade de 98,1% e
especificidade próxima a 100%.
Teste de Avidez IgG (Imunoensaio enzimatico): Na fase aguda anticorpos
IgG ligam-se fracamente ao antígeno (baixa avidez). Na fase crônica
(> 4 meses) tem-se elevada avidez. É indicado para mulheres grávidas,
principalmente no primeiro trimestre, que apresentam IgG e IgM positivos. A
detecção de anticorpos de alta avidez em pacientes com IgM positivo indica infecção
adquirida há mais de 4 meses. Tratamento antiparasitário pode manter a baixa
avidez por mais de quatro meses. Estudo em amostra brasileira evidenciou ser o
teste de Avidez de IgG o melhor marcador de infecção aguda em pacientes com IgM
positivo.
13. CITOMEGALOVÍRUS:
188
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endêmico em todo o mundo e levando as graves lesões congênitas. A infecção pelo
CMV causa um grande espectro de manifestações clínicas, variando de evoluções
assintomáticas e infecções sublínicas a quadros de maior gravidade, dependendo da
condição imunológica do paciente.
Quando sintomática em pacientes imunocompetentes, geralmente evolui
com um quadro semelhante ao de mononucleose, com febre, linfadenopatia,
alterações hematológicas (leucopenia e trombocitopenia) e, muitas vezes, com
sinais e sintomas hepáticos, pulmonares, gastrintestinais ou neurológicos.
A transmissão pode se dar por via transplacentária, respiratória, oral,
venérea, por intermédio do aleitamento, de transplante de órgãos e transfusão
sangüínea. O antígeno já pode ser detectado a partir da 4ª semana que se segue à
infecção (período de incubação). Na fase aguda, o vírus pode ser identificado em
diferentes secreções corporais. Os anticorpos da classe IgM aparecem logo no início
da fase aguda, e os da classe IgG, uma semana mais tarde.
Assim como no herpes simples e nos demais vírus do grupo herpes, a
infecção pode permanecer latente por toda a vida ou evoluir com episódios de
reativação. Depois da primoinfecção, o vírus se mantém de forma latente, com a
viremia persistente, porém em níveis baixos. Os anticorpos desenvolvidos se
mantêm positivos por toda a vida (IgG). Em situações que levem à diminuição da
condição imunológica, pode ocorrer a replicação viral com reativação do quadro.
A infecção pelo CMV apresenta
maior significado clínico nas mulheres
grávidas, em recém-nascidos (infecção
congênita), nos imunossuprimidos, como os
casos de pacientes transplantados, portadores
de neoplasias, pós-operatório de cirurgia
cardíaca, em curso de grandes agressões
Esquema do
infecciosas e nos indivíduos com AIDS. Citomegalovírus
Fonte: www.laboratoriogenoma.it
189
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(IgG) específicos para CMV tem uma prevalência muito alta (>60% da população de
adulto), e, como já citado, as manifestações clínicas da infecção são muito variadas.
Embora o isolamento do vírus seja ainda considerado o padrão ouro,
outras técnicas estão sendo desenvolvidas para a avaliação da viremia, que, por ser
intermitente, exige exame de amostras consecutivas para permitir um diagnóstico
mais seguro. A coleta deve ser pareada com amostra da fase aguda e da fase de
convalescença. Isso quer dizer que devem ser colhidas com 10 a 14 dias de
intervalo. A presença de anticorpos heterófilos e de fator reumatóide pode levar a
resultados falso-positivos dos anticorpos IgM. Nos casos neonatais, a transferência
transplacentária pode também induzir a falsa positividade.
As pesquisas geralmente se baseiam na presença de CMV
(particularmente das inclusões virais). Aumentos significativos dos anticorpos IgG
CMV específicos por IFI ou EIA sugerem, mas não comprovam, infecção aguda ou
reativação de uma infecção por CMV.
Anticorpos de baixa
avidez fazem a distinção entre a
resposta imune primária e a reativação
da infecção por CMV (caracterizada por
alta avidez de IgG). O teste de avidez de
anticorpos é um procedimento
laboratorial que permite estimar o
período aproximado em que ocorreu a Microscopia Eletrônica
infecção. mostrando Citomegalovírus
Percentuais de avidez inferiores a 30% sugerem que a infecção ocorreu
há menos de dois meses. Percentagens superiores a 40% sugerem que a infecção
ocorreu há mais de três meses e que os anticorpos IgM, caso presentes, são
residuais e desprovidos de significado clínico.
O achado de percentuais entre 30% e 40% é considerado indeterminado,
já que não permite a definição do período provável da infecção. Quando a avaliação
está sendo realizada em gestantes, o tempo de gestação deve ser levado em conta.
190
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Anticorpos IgM específicos para CMV podem ser detectados em adultos
por Enzima imunoensaio (EIA), em ambas as infecções de CMV nas infecções
primárias, em cerca de 93 a 100% dos casos, e nas infecções reativadas, em
aproximadamente 40% dos casos. Porém, a resposta de IgM pode estar reduzida ou
ausente em pacientes imunocomprometidos com infecção ativa. A maioria dos
pacientes de AIDS (95%) já é soropositivo para CMV antes de a infecção pelo HIV
ser diagnosticada. Manifestações do sistema nervoso central e periférico causadas
pela infecção por CMV são muito raras. Entretanto, nos casos de AIDS, comumente
são diagnosticadas encefalites por CMV. Os índices dos anticorpos CMV podem ser
usados para diferenciar síntese intratecal da infiltração da barreira hematoencefálica
pelo CMV.
Os métodos mais rápidos, sensíveis e específicos para diagnóstico de
CMV são os de biologia molecular, a reação em cadeia da polimerase (PCR) e a
captura híbrida, especialmente em neonatos infectados congenitamente, em
amostras de medula óssea, análise de órgãos sólidos para transplante, pacientes
imunocomprometidos, indivíduos imunocompetentes com infecção ativa e doadores
de sangue. A evolução da PCR quantitativa para CMV tem mostrado que CMV DNA
em liquor é mais elevado em pacientes com CMV relacionado à polirradiculopatia do
que nos que sofrem de encefalites, e que a quantificação do CMV pode ser útil na
monitoração da terapia antiviral.
Sendo assim, os métodos moleculares para a detecção do vírus são
importantes aliados para identificar os pacientes ao alto risco de desenvolvimento da
doença. Nesse sentido, a qualificação da carga viral para o CMV pela técnica de
reações em cadeia de polimerase ou pela captura híbrida permite a definição da
viremia e a monitoração da terapêutica.
14. RUBÉOLA:
191
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É uma doença normalmente moderada, com complicações pouco
freqüentes, que pode ser assintomática em cerca de 50% dos casos ou cursar com
manifestações clínicas discretas. Entretanto, quando acomete gestantes suscetíveis,
especialmente durante o primeiro trimestre e, com menor freqüência, no segundo
trimestre de gravidez, pode levar ao aborto espontâneo ou à síndrome de rubéola
congênita, com comprometimentos cardíacos, oculares, auditivos e do sistema
nervoso fetal. Os riscos abortivos e teratogênicos da infecção em mulheres grávidas
tornam de grande importância à investigação pré-natal de anticorpos contra o vírus
da rubéola.
O contágio ocorre por via respiratória, e o período de incubação, de 2 a 3
semanas, é seguido por sintomas virais e rash cutâneo maculopapular, com
linfadenopatia suboccipital. Os anticorpos anti-rubéola são detectáveis logo após o
desaparecimento do rash cutâneo. Os primeiros a aparecer são da classe IgM,
detectáveis cerca de 4 a 5 semanas após a infecção (ou vacinação). Atualmente,
métodos ultra-sensíveis possibilitam sua detecção por mais tempo (seis meses ou
mais). A seguir, aparecem os da classe IgG, que, quer por infecção natural ou por
vacinação, persistem pelo resto da vida.
A infecção quase sempre
confere imunidade permanente.
Entretanto, a reinfecção pode
ocorrer, especialmente nos
indivíduos vacinados,
apresentando aumento da
concentração de anticorpos da
classe IgG. A resposta de
anticorpos da classe IgM está Vírus da Rubéola
Fonte : www.vietsciences.free.fr
tipicamente ausente ou baixa, mas
pode acontecer, embora raramente,
o que dificulta significativamente
sua interpretação.
192
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Anticorpos IgM são detectados por EIA em 100% dos pacientes entre 11 e
25 dias depois do exantema; em 60% a 80% dos indivíduos 15 a 25 dias após a
vacinação, e em 90% a 97% das crianças com rubéola congênita, entre 2 semanas e
3 meses depois do nascimento. O anticorpo materno IgG, adquirido passivamente,
desaparece após 6 a 7 meses. O feto não desenvolve IgM antes de 18 a 20
semanas de gestação. A imunidade ativa é raramente adquirida antes dos dois anos
de idade.
Nas investigações de possíveis infecções fetais e pós-natais, é necessário
evitar reações falso-positivas para IgM pela presença de fator reumatóide,
mononucleose infecciosa, infecção por parvovírus e citomegalovírus. Em alguns
casos, as mulheres grávidas podem ser reativas para anticorpos IgM para rubéola,
citomegalovírus, varicela-zoster e sarampo. Todos os resultados de IgM positivos
devem ser confirmados por mais de um método em soros pareados e comparados
com a história clínica detalhada.
O diagnóstico laboratorial é realizado por técnicas imunoenzimáticas que
avaliam e quantificam a presença de anticorpos IgM e IgG, com a finalidade de
diferenciar entre infecção aguda, passada, congênita ou vacinação. As novas
técnicas imunoenzimáticas eliminaram a possibilidade de resultados falso-positivos e
falso-negativos.
Pesquisam anticorpos IgG e IgM com maior sensibilidade, permitindo
detecção mais precoce e efetiva por maior período de tempo. No entanto, a grande
sensibilidade desses testes, ao tornar possível a detecção de anticorpos IgM,
mesmo em níveis baixos, por longo período de tempo após a fase aguda, fez com
que a presença de IgM não seja suficiente para o diagnóstico da doença em fase
aguda.
A presença de soroconversão é conclusiva de infecção aguda. A presença
de anticorpos IgM indica infecção aguda. Porém, pode ser atribuída a níveis
residuais de infecção passada ou reação pós-vacinação. Atualmente, para definir a
fase da doença, dispomos da avaliação dos testes de avidez dos anticorpos IgG.
Esses testes baseiam-se na característica de baixa avidez que os anticorpos
apresentam pelo antígeno, durante o início da resposta imunológica. Portanto, na
193
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infecção recente, estão presentes os anticorpos IgG de baixa avidez, e nas
infecções mais antigas, encontramos os de alta avidez. Consideram-se de baixa
avidez índices inferiores a 30%, que indicam que a infecção ocorreu nos últimos três
meses. Índices superiores a 60% são considerados de alta avidez, apontando para
uma infecção ocorrida há mais de três meses. Valores entre 30% e 60% não
permitem a caracterização da fase da doença.
A infecção pelos vírus Herpes simplex (HSV) está entre as infecções virais
de maior prevalência na população mundial. Existem dois sorotipos diferenciados:
HSV1 e HSV2. São vírus DNA, da família Herpetoviridae, e reagem cruzadamente,
pois os sorotipos possuem em torno de 50% de homologia seqüencial. O
desenvolvimento, nas últimas décadas, de técnicas sorológicas que identificam e
diferenciam os sorotipos tem aumentado não só a possibilidade de diagnosticar e
tratar as infecções como também de compreender melhor sua patogenia e meios de
transmissão, em especial do herpes perinatal.
A transmissão pode se dar pelo contato com superfícies mucosas
infectadas por soluções de continuidade da pele e mucosas, relações sexuais e
durante o parto. A disseminação do vírus ocorre pela migração centrífuga dos vírions
através dos nervos sensoriais periféricos. Na porta de entrada, na derme e na
epiderme, ocorre o processo de replicação, e as partículas virais são transportadas
pela terminação nervosa retrogradamente ao núcleo dos neurônios sensórios.
Conhece-se menos a sucessão de eventos a partir desse ponto. Em alguns casos,
ocorre a infecção com a replicação viral e morte celular em nível mucocutâneo. Em
outros, o vírus fica em estado de latência. O detalhamento dos mecanismos da
persistência em latência do HSV e sua reativação periódica permanecem obscuros.
O primeiro episódio de doença herpética, a primoinfecção, é normalmente
acompanhado de sinais e sintomas envolvendo lesões mucosas e extramucosas.
Apresenta longa duração dos sintomas e da permanência dos vírus na lesão e uma
taxa maior de complicações do que os episódios de reagudização ou recorrentes. A
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gengivoestomatite aguda é a manifestação mais comum das primoinfecções. É mais
freqüente entre um e quatro anos de idade. O herpes labial e as úlceras de córnea
são as infecções sintomáticas recorrentes mais freqüentes.
As manifestações clínicas e a evolução da infecção dependem da idade,
da localização, do estado imunológico do paciente e do tipo antigênico do vírus.
Exposição ao sol (luz ultravioleta), imunossupressão e traumas cutâneos ou do
gânglio podem levar à reativação. Ocasionalmente, múltiplas linhagens do mesmo
subtipo viral são detectadas em um mesmo paciente, principalmente os
imunossuprimidos. Esse fato sugere a possibilidade de infecção exógena por
diferentes linhagens de um mesmo subtipo.
A infecção pelo tipo 1 é,
freqüentemente, adquirida mais cedo do
que a do tipo 2. Cerca de 90% dos
adultos apresenta anticorpos contra
HSV1 em torno dos 50 anos de idade.
Nas populações socioeconômicas
desfavorecidas, a faixa etária decresce Herpes Vírus
Fonte: www.kcom.edu
para 30 anos.
Os anticorpos contra o tipo 2 não são rotineiramente detectados até a
puberdade. As taxas de prevalência desses anticorpos correlacionam-se com a fase
de vida sexual ativa, o que distingue um grupo de outro. O percentual aumentou 30
pontos nos últimos 12 anos nos Estados Unidos. Numa avaliação obstétrica, 25% da
população investigada tinham anticorpo positivo; entretanto, apenas 10% relatavam
história de lesão genital. Cerca de 50% dos adultos heterossexuais, com vida sexual
ativa, apresenta anticorpos positivos, sendo a taxa 5% maior entre as mulheres.
O HSV tipo 1 está associado a uma variedade de infecções envolvendo
lesões mucocutâneas orolabiais, oftálmicas, meningoencefálicas, podendo
eventualmente causar lesões viscerais e genitais, enquanto o HSV tipo 2 (HSV2)
normalmente causa as infecções genitais sexualmente adquiridas. Ambos os tipos
podem causar lesões nas diferentes localizações, e a infecção clínica é
indistinguível.
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Tanto o HSV1 como o HSV2 pode ser responsável por lesões
mucocutâneas primárias em qualquer localização. A duração e a intensidade da
infecção independem do sorotipo envolvido. Entretanto, o tipo de vírus e a
localização da primoinfecção irão afetar a freqüência e a probabilidade de recidiva.
Estudos recentes demonstram que tanto a freqüência quanto à probabilidade são
maiores quando a infecção é causada pelo HSV2. A infecção genital por HSV2
ocorre com freqüência oito a dez vezes maiores que a infecção genital por HSV1.
Por outro lado, a infecção oral-labial por HSV1 ocorre mais freqüentemente do que a
infecção oral-labial por HSV2. A probabilidade de reativação da infecção causada
pelo HSV2 é duas vezes maior.
Em indivíduos imunocompetentes, a infecção limita-se às localizações
mucocutâneas e ao gânglio sensorial. Em indivíduos imunossuprimidos, as lesões
causadas tanto pela primoinfecção quanto pelas reativações tendem a ser mais
extensas e a persistir por muito mais tempo do que nos indivíduos
imunocompetentes. Nesses pacientes, o quadro é grave, geralmente com
comprometimento esofagiano, pneumonite intersticial e doença disseminada com
comprometimento visceral. A infecção pelo HSV2 é do tipo infecção oportunista
importante em indivíduos infectados pelo HIV. Calcula-se que até 90% desses são
co-infectados com HSV2.
Em um pequeno número de casos, a infecção pelo HSV leva a encefalite
viral e a um dano neurológico severo. O HSV, principalmente o tipo 1, pode causar
encefalite em adultos pela reativação de infecção latente. As infecções mais
agressivas, com risco de vida, são a perinatal e as que ocorrem em indivíduos
imunocomprometidos, incluindo pacientes com AIDS.
Existem dados que demonstram que os pacientes que apresentam
episódio primário intenso e não-tratado têm índices mais elevados de recorrência em
longo prazo.
A resposta imune, humoral e celular manifestam-se nas primeiras
semanas e persistem por toda a vida. Embora não possuam caráter imunizante,
induzem manifestações mais brandas e apresentam reação cruzada entre os dois
subtipos. A sorologia permite a identificação de anticorpos IgM e IgG de forma
196
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qualitativa. A avaliação deve ser realizada em sorologia pareada para melhor
interpretação dos resultados.
O isolamento viral em cultura de tecidos era o método de escolha para o
diagnóstico e tipagem do HSV. O HSV pode ser detectado em cultura depois de 2 a
8 dias, mas, em vários casos, como nos de baixos títulos virais, cura das lesões ou
lesões atípicas, o vírus não pode ser isolado. A sensibilidade do isolamento do HSV
em cultura de tecido é de aproximadamente 105 vírions por mL. A reação em cadeia
da polimerase (PCR) é o método de escolha para o diagnóstico da infecção por
HSV. É altamente sensível (até cinco vírions por ensaio), específica (98-100%), e
pode identificar o genótipo e a quantificação viral. A PCR quantitativa pode ser útil
para monitorar a resposta à terapia antiviral. Os ensaios mais comumente usados
para distinguir o tipo 1 do tipo 2 são os que utilizam a avaliação da presença de
anticorpos contra glicoproteínas do HSV1 (gG1) e do HSV2 (gG2).
Além disso, o ensaio realizado por PCR permite o diagnóstico utilizando-
se diferentes materiais como sangue, liquor, líquido amniótico, vilosidades coriônicas
e sangue fetal. O líquido amniótico poderá ser coletado a partir da 12ª semana até o
final da gestação. Porém, o período ideal para a coleta situa-se entre a 14ª e a 16ª
semana. O período ideal para a coleta de vilos trofoblásticos situa-se entre a 10ª e a
12ª semana de gestação. No entanto, esse prazo poderá estender-se até a 14ª
semana. O período ideal para a coleta do sangue fetal situa-se entre a 18ª e a 22ª
semana de gestação.
16. HEPATITES:
197
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manifestações sistêmicas, semelhantes àquelas observadas em diferentes
infecções, não permitindo, dessa forma, um diagnóstico etiológico preciso.
Os principais agentes virais hepatotrópicos causadores de hepatite são
designados como: vírus da hepatite A (HAV); vírus da hepatite B (HBV); vírus da
hepatite C (HCV); vírus da hepatite Delta (HDV); vírus da hepatite E (HEV) e vírus
GBV-C (HGV). Cada um apresenta características estruturais e genômicas que
permitem diferenciá-los, detectadas por diferentes metodologias laboratoriais com
sensibilidade e especificidade definidas.
Infecções persistentes causadas por HBV, HCV e HDV estão sempre
associadas à doença hepática crônica, podendo evoluir para a cirrose e o
hepatocarcinoma.
16.1 Hepatite A:
198
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detectados na fase aguda e no início
da convalescença. Títulos menores
são detectados 3 a 4 meses após o
acometimento da doença e podem
persistir por mais de 6 meses, em 20
a 30% dos indivíduos, e até por 1 ano
em 5 a 10%.
199
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16.2 Hepatite B:
200
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espontânea na maioria. Cerca de 5% de adultos e 90% de neonatos infectados
desenvolvem hepatites crônicas.
O período de incubação para HBV varia de 45 a 180 dias. As
características clínicas da doença variam consideravelmente. A icterícia acontece
em menos de 10% dos casos em crianças abaixo de cinco anos de idade. Porém, a
icterícia se manifesta em 50% de crianças mais velhas e em adultos. Os sintomas
incluem anorexia, náusea, vômitos, queixas gripais e fadiga. Achados físicos variam
de anormalidades inespecíficas mínimas a icterícia e hepatomegalia e,
ocasionalmente, características extra-hepáticas que refletem fenômenos
imunológicos, como vasculites, nefrites por imunocomplexos, artrites e poliarterite
nodosa.
A maioria dos adultos com infecção por HBV aguda apresenta
recuperação total, e cerca de 5%, especialmente os homens, desenvolvem infecção
crônica, que é freqüentemente assintomática. Dez a 20% desses pacientes podem
progredir para cirrose ou câncer hepático.
Três fases de replicação viral acontecem durante o curso da infecção por
HBV, especialmente em pacientes com hepatites crônicas.
Fase de Alta Replicação: Está associada à presença de HBsAg, HBeAg e
HBV DNA. Ocorrem aumentos nas aminotransferases, e, histologicamente,
comprova-se a atividade inflamatória moderada. O risco de evolução para cirrose é
alto.
Fase de Baixa Replicação: Associada à perda do HBeAg, a diminuição ou
a não-detecção de concentrações de DNA-HBV. A soroconversão, com
aparecimento de anti-HBe, pode indicar diminuição da atividade inflamatória, uma
vez que indica diminuição da replicação viral.
Fase Não-Replicante: Associada à ausência, a concentrações
indetectáveis ou só detectáveis por meio de técnicas ultra-sensíveis de marcadores
de replicação viral, a inflamação apresenta-se diminuída, e os achados histológicos
não são significativos.
O aumento das aminotransferases, especialmente da ALT (TGP), durante
a hepatite aguda B, varia de um aumento médio a moderado a um aumento notável,
201
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superior a 100 vezes o valor da normalidade. As concentrações de ALT são
normalmente mais altas que as de AST. A concentração de bilirrubina sobe na
maioria dos pacientes com infecção aguda. A icterícia clínica manifesta-se em 50%
de adultos com concentrações de bilirrubina de 3,0 mg/dL. Concentrações maiores
podem acontecer. Uma elevação leve da fosfatase alcalina também é evidente. Em
pacientes que desenvolvem insuficiência hepática fulminante, uma queda rápida em
ALT e AST (TGO) pode levar à conclusão errônea de que a infecção hepática está
se resolvendo, quando, na realidade há perda de hepatócitos. Aumentos nas
concentrações de aminotransferases durante mais de seis meses são indicativos de
evolução para a hepatite crônica. O HBV pode determinar uma variedade de
doenças hepáticas, incluindo infecção aguda autolimitada, hepatite fulminante,
hepatite crônica com progressão para cirrose e falência hepática, hepatocarcinoma e
estado de portador crônico assintomático.
Sistemas de antígenos e anticorpos específicos são definidos como
marcadores biológicos e sorológicos do HBV e podem ser detectados por testes
laboratoriais sorológicos que apresentam alta sensibilidade e especificidade. O
HBsAg e a IgM anti-HBc são os principais marcadores em processos de infecção
aguda, embora a IgM anti-HBc possa permanecer reativa por alguns meses, em
determinados indivíduos, após essa fase. O HBsAg pode ser detectado em soro e
plasma, em períodos de 3 a 13 semanas após o início da infecção, dependendo da
carga viral à qual o indivíduo foi exposto.
A concentração máxima anterior ao desenvolvimento dos sintomas pode
ser definida por alguns métodos quantitativos ou estimada por métodos
semiquantitativos, quando comparada ao valor limite da reação (cut off). Estima-se
que de 5 a 10% dos indivíduos infectados apresentem a IgM anti-HBc como único
marcador de infecção aguda. Outro antígeno estrutural, HBeAg, deve ser
pesquisado sempre após a confirmação do marcador HBsAg. A detecção do
antígeno, que pode ocorrer antes do desenvolvimento dos sintomas, define o grau
de infectividade e de replicação viral. A soroconversão para anti-HBe ocorre durante
as 5 primeiras semanas da doença, definindo a diminuição da replicação viral e,
conseqüentemente, do grau de infectividade.
202
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A persistência do HBsAg, em concentrações elevadas, da ordem de dez a
cem vezes o valor limite, e a presença do HBeAg em análises seriadas, por períodos
de até 4 meses, associam-se à evolução para a infecção crônica. Anticorpos contra
o HBcAg, da classe IgG, são detectados de 12 a 20 dias após a fase aguda da
doença, persistindo por muitos anos. Esses anticorpos podem indicar infecção
passada, na ausência de HBsAg, ou infecção crônica, quando associados ao
antígeno de superfície.
Alguns estudos
demonstram a presença de IgG
anti-HBc como único marcador
em até 10% dos indivíduos.
Esse resultado apresenta
diferentes significados que
devem ser analisados para
determinadas situações:
- Baixas
concentrações de IgG anti-HBc, Evolução dos marcadores do HBV
geralmente inferiores a 10 durante uma infecção
vezes o valor limite, sugerem
infecção passada sem
replicação viral;
- Altas concentrações de IgG anti-HBc, superiores a 10 vezes o valor
limite, sugerem infecção passada com replicação viral indetectável, sendo
necessário, nesses casos, o acompanhamento por meio da pesquisa do DNA HBV
por PCR qualitativo;
- Valores de IgG anti-HBc próximos ao valor limite sugerem reatividade
inespecífica.
Em todos os casos mencionados, deve-se avaliar a necessidade de
análises em novas coletas, utilizando-se metodologias de diferentes procedências. A
complementação dos resultados, por meio da análise do HBeAg e anti-HBe, deve
ser realizada. Porém, a ausência do antígeno nem sempre está associada à
203
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diminuição da replicação viral. A não-detecção do HBeAg em portadores com
elevada replicação viral é possível e associa-se às mutações do DNA HBV na região
do pré-core/core.
A detecção do DNA HBV em soro, plasma e tecido hepático auxilia na
definição da replicação viral efetiva (indivíduos HBsAg-negativo) e no diagnóstico
precoce (crianças nascidas de mães HBsAg-positivo). Após a detecção qualitativa,
recomenda-se a análise quantitativa da carga viral (DNA HBV). Essa avaliação
apresenta sensibilidade superior a 70% quando comparada à detecção do HBeAg,
sendo indicada para a monitorização do tratamento.
A pesquisa de anticorpos específicos para o HBsAg é indicada para definir
a fase de convalescença e redução drástica da replicação viral, sugerindo
imunidade. A recomendação para o diagnóstico laboratorial é a análise de pelo
menos duas amostras de material biológico, soro ou plasma, em períodos diferentes,
seguindo metodologias tradicionais.
16.3 HEPATITE C:
204
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A infecção pelo HCV
assemelha-se à causada pelo vírus B,
e os sintomas iniciais da doença são
inespecíficos e/ou gastrointestinais,
seguindo-se a icterícia. Os níveis de
alanina aminotransferase apresentam
flutuações, com valores inferiores aos
observados nas hepatites A e B. O
curso clínico da hepatite C é menos
severo que o da B, porém a evolução Vírus da Hepatite C
para a forma crônica da doença ocorre Fonte: www.nih.go.jp
em 50% dos pacientes infectados pelo
vírus C, em comparação aos 5 a 10%
dos casos de indivíduos infectados
pelo vírus B.
A detecção de anticorpos contra o HCV, em amostras de soro de
pacientes infectados, pode ser feita por ensaios imunológicos específicos. Porém,
esses anticorpos refletem a exposição prévia ao agente infeccioso e não podem ser
considerados marcadores da infecção atual. Não estão, ainda, disponíveis métodos
imunológicos diretos para a detecção de antígenos virais e métodos de cultura
celular para o isolamento viral. A quantificação dos níveis de alanina
aminotransferase, associada à sorologia, é utilizada como indicador auxiliar na
avaliação da infecção pelo HCV, porém não constitui medida direta da viremia.
A reação em cadeia da polimerase (PCR), pela amplificação exponencial
do ácido nucleico viral, permite a detecção e a quantificação em amostras de soro ou
plasma, constituindo-se em medida direta para avaliação da viremia.
A capacidade de detectar e de quantificar a carga viral é altamente desejável e será
especificamente requerida nas seguintes condições: estabelecer o agente etiológico
em casos de infecção aguda, quando ensaios imunodiagnósticos são negativos;
identificação de indivíduos assintomáticos; monitorização da viremia em casos
crônicos, com propósitos prognósticos ou quando o imunodiagnóstico resulta em
205
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dados inconsistentes; identificação de pacientes crônicos com elevada carga viral,
que possuem, portanto, alto risco de desenvolvimento do carcinoma hepatocelular;
monitorização da terapia antiviral; detecção do HCV em indivíduos anti-HCV
positivos que tenham desenvolvido auto-anticorpos; detecção do HCV em doadores
e receptores de transplantes hepáticos; avaliação da transmissão vertical do HCV.
As técnicas de rT-PCR e PCR são utilizadas para a detecção e a
quantificação do RNA viral ou do DNA pró-viral integrado ao genoma da célula
hospedeira, em amostras de soro ou plasma, tecido hepático e células do sangue
periférico. Rotineiramente, o método da rT-PCR é utilizado com boa sensibilidade e
especificidade como teste qualitativo e quantitativo em análises de soro ou plasma.
A metodologia utilizada permite a amplificação em quantidade do genoma viral
(RNA-HCV). Estudos têm demonstrado que reações contendo 10 ou mais cópias de
RNA-HCV são positivas. Esse valor é equivalente a 2.000 cópias de RNA-HCV por
mililitro de soro ou plasma.
A genotipagem para HCV é obtida com a utilização de métodos em
biologia molecular e de seqüenciamento genômico, os quais são úteis para definir os
genótipos e subtipos para estudos de epidemiologia molecular, estudo clínico e
monitoramento da hepatite C.
16.4 Hepatite D:
206
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HBsAg e de IgG anti-HDV, em altos títulos, indica evolução para a infecção crônica,
com detecção e quantificação do RNA HDV em soro ou plasma e detecção do HDAg
em tecido hepático. Testes específicos são desenvolvidos para a detecção do HDAg
e RNA HDV no soro, complementados pela maior sensibilidade do teste para IgM
anti-HDV. A monitorização do tratamento deve ser feita por testes quantitativos, que
permitem a detecção mínima de 10 cópias do genoma viral. O HDV apresenta
diferentes genótipos: I, II e III, sem haver, entretanto, correlação definida com a
evolução clínica.
16.5 Hepatite E:
16.6 Hepatite G:
A hepatite viral é causada por diversos agentes, com seu próprio modo de
transmissão e replicação, e as doenças causadas por esses vírus diferem
significativamente em relação à severidade do dano hepático. Entretanto, várias
evidências laboratoriais e epidemiológicas têm sugerido a existência de agentes
adicionais, que podem ser transmitidos por via parenteral. Cerca de 10 a 20% de
casos de doença hepática é de etiologia desconhecida. Um agente em potencial
207
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está associado ao soro de um cirurgião (com as iniciais "GB"), que havia
desenvolvido hepatite aguda sem história epidemiológica conhecida. Estudos
experimentais de Deinhardt e cols. (1967) de inoculação em primatas (Saguinus sp.)
com o soro desse indivíduo mostraram que o material induziu hepatite nos animais,
e o agente envolvido é mencionado como agente GB.
Experimentos adicionais de passagem em cultura de células levaram à
caracterização de GB como agente viral. Entretanto, a variação de hospedeiros
primatas e experimentos cross-challenge sugeria que o agente GB era distinto dos
vírus das hepatites atualmente conhecidos, em humanos.
Além disso, anticorpos específicos aos vírus das hepatites A, B, C, E não
eram induzidos pela inoculação de GB em macacos, como não eram detectados em
imunoensaios.
Foi descrita a clonagem molecular de dois genomas, com características
semelhantes à flavivirus de macacos experimentalmente infectados. Esses genomas
representam dois vírus independentes: GB-vírus A (GBV-A) e GB-vírus B (GBV-B).
Têm sido descritos estudos de PCR para a detecção de GBV-A e GBV-B RNA e o
uso de imunoensaios para anticorpos específicos aos antígenos codificados pelos
genomas dos agentes GB. Os genomas de GBV-A e GBV-B apresentam
semelhança limitada na seqüência de nucleotídeos entre si (27%) e com o vírus da
hepatite C (28%), nas regiões NS3 (helicase) e NS5B (RNA-polimerase dependente
de RNA). Os seus genomas apresentam respectivamente 9.493 e 9.143
nucleotídeos. Os genomas desses agentes estão organizados de forma bastante
semelhante à pestivírus e flavivírus, com genes codificando proteínas estruturais e
não-estruturais em terminações 5' e 3', respectivamente.
O grau de divergência na seqüência entre GBV-A e GBV-B e outros
membros da família Flaviviridae demonstra que os agentes GB representam dois
novos gêneros nessa família.
Um terceiro agente viral, recentemente notificado, foi identificado no soro
de vários pacientes com hepatite criptogênica (não A-E). Devido ao alto grau de
identidade com GBV-A (59% em nível de nucleotídeos e 64% em nível de
aminoácidos), esse vírus foi chamado GB-vírus C (GBV-C). Análises filogenéticas
208
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demonstraram que o GBV-C é um membro adicional dos Flaviviridae, distinto do
grupo HCV e mais intimamente relacionado ao GBV-A.
A transmissão do HGV por meio de transfusões de sangue e por outras
vias de exposição parenteral, tais como em usuários de drogas injetáveis, tem sido
claramente estabelecida. A partir daí, conclui-se que vários pacientes HGV-positivo
tenham sido co-infectados com HBV ou HCV, provavelmente devido aos fatores de
risco compartilhados da infecção. O rastreamento das doações de sangue para
esses vírus também elimina as unidades de sangue infectadas por HGV, reduzindo
dessa forma a incidência de hepatite pós-transfusional relacionada ao HGV. Estudos
demonstram que a infecção por HGV está associada à hepatite na maioria dos
pacientes investigados. Há também pacientes com níveis normais de transaminases
que requerem estudos adicionais de seqüenciamento para determinar se são
portadores ou pacientes em estado quiescente da doença. A associação do vírus
com a doença hepática crônica e sua presença em pacientes com dupla infecção
por HBV ou HCV é irrefutável. Entretanto, sua associação e potencial envolvimento
na hepatite fulminante e carcinoma hepatocelular ainda estão sendo investigados.
Estudos retrospectivos evidenciaram os seguintes pontos:
- a doença relacionada ao HGV é geralmente branda, com níveis pouco
elevados de ALT (TGP);
- a infecção por HGV pode ser persistente e acompanhada de hepatite
crônica;
- as infecções por HCV/HGV e HBV/HGV podem ocorrer simultaneamente
e resultam em co-infecções persistentes;
- a prevalência de HGV em doadores de sangue é maior do que HCV e
não se relaciona aos níveis de ALT presentes nos doadores;
- nas infecções duplas, os níveis de ALT são maiores e mais
freqüentemente aumentados;
- indivíduos com infecções duplas crônicas podem apresentar severa
necroinflamação hepática;
- 6% e 10% de indivíduos cronicamente infectados por HBV e HCV
apresentam, respectivamente, positividade para HGV.
209
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16.7 Hepatite por TTV:
210
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etiologia desconhecida, 39%, carcinoma hepatocelular e 48%, cirroses. Embora a
detecção de DNA-TTV tenha sido feita em tecidos hepáticos, não há confirmação de
sua patogenicidade para o fígado. Estudos vêm sendo desenvolvidos para a
definição de um novo agente hepatotrópico.
211
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células, melanoma, carcinoma de células da ilhota pancreática e hipernefroma. No
neuroblastoma, o NSE se correlaciona com o prognóstico, mas não é útil para o
acompanhamento das recidivas. O uso primário de NSE está no carcinoma
pulmonar de pequenas células. Cerca de 70% desses pacientes apresenta níveis
altos de NSE. O NSE pode ser usado para monitorar os efeitos da terapia e a
avaliação de recaídas antes das evidências clínicas.
Elevações da desidrogenase láctica são notáveis em quase todas as
malignidades. Os valores encontrados na neoplasia se sobrepõem com valores em
doenças benignas. Não tem nenhum valor como um marcador tumoral de triagem,
entretanto, tem utilidade limitada na monitorização da terapia em malignidades
hematológicas. São encontrados níveis extremamente altos nos casos de leucemias
em crianças e nos casos de linfoma não-Hodgkin nos qual o tratamento fracassou.
Os níveis de ferritina podem elevar-se em neoplasias, especialmente na
doença de Hodgkin, nas leucemias agudas, nos carcinomas de mama, fígado,
pulmão, cólon e reto, em tumores de próstata e testículos e no mieloma múltiplo.
São úteis na monitorização da evolução da doença.
Os níveis de fosfatase alcalina são úteis em neoplasias para avaliar a
presença de metástases envolvendo fígado e osso. Valores muito elevados são
vistos em pacientes com lesões osteoblásticas, como as encontradas no carcinoma
de próstata com metástase óssea. Elevações menores são vistas quando as lesões
são osteolíticas, como as encontradas no carcinoma metastático de mama. Outras
condições malignas com infiltração hepática como leucemias, linfomas e sarcoma
podem cursar também com elevação da fosfatase alcalina. Sua elevação pode
ocorrer também pela presença de isoformas patológicas.
Os níveis de fosfatase ácida podem estar alterados em pacientes com
carcinoma de próstata. Os que se encontram confinados dentro da cápsula
normalmente apresentam níveis normais; já nos casos com metástases, mais da
metade dos pacientes apresenta níveis elevados. Níveis alterados podem ser
observados em pacientes com hipertrofia benigna de próstata, retenção urinária de
monta e após manipulação prostática. A fração não-prostática encontra-se elevada
em condições em que existe um hipermetabolismo ósseo, como nas metástases
212
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ósseas no câncer de mama, pulmão, tireóide, mielomas e em situações de grande
destruição de eritrócitos e de plaquetas em patologias hematológicas malignas.
17.2 GLICOPROTEÍNAS:
213
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O HCG é secretado através do sinciciotrofoblasto placentário. A cadeia
alfa dessa molécula compartilha seqüência homóloga com hormônio luteinizinante
(LH), mas a cadeia beta é única. O beta-HCG é normalmente encontrado no soro e
na urina durante a gravidez. Porém, pode também estar presente em 10% dos
pacientes com doença inflamatória intestinal benigna, úlcera duodenal e cirrose
hepática. Além disso, o beta-HCG é achado em quase 100% dos pacientes com
tumores trofoblásticos e em 10% a 40% de tumores de células não-germinativas,
como carcinoma do pulmão, mama, trato GI e ovário. Em pacientes com tumores
trofoblásticos (células germinativas) comoseminomas, teratomas e coriocarcinomas,
o beta-HCG é muito útil diagnosticando, monitorando terapia, prevendo o
aparecimento de metástases e predizendo o fracasso de tratamento ou recidivas da
doença. Quando avaliado em combinação com AFP, torna-se particularmente útil na
detecção dos seminonas.
O TPA é achado no soro de pacientes com carcinoma de células
escamosas de cabeça e pescoço, pulmão e bexiga, mas também é encontrado em
condições benignas, processos cicatriciais, gravidez e doenças inflamatórias. Além
disso, o TPA pode ser achado em 20% das doenças benignas da mama, sendo por
isso não-específico para o diagnóstico ou a monitoração de câncer.
O SCC-A, subfração do antígeno tumoral TA-4, está elevado nos
carcinomas de células escamosas do útero, endométrio e em outros carcinomas da
área genital. TA-4 e SCC-A também estão presentes em níveis altos em tumores de
células escamosas de cabeça e pescoço, pulmão e cérvix. O SCC-A é útil na
monitorização da terapia nesses tumores, mas não para o diagnóstico.
O PSA é uma glicoproteína com atividade enzimática proteolítica que
dissolve gel seminal depois da ejaculação. PSA é achado em tecido prostático
normal, benigno e maligno e no plasma seminal, e é produzido no citoplasma das
células acinares prostáticas e no epitélio ductal. Níveis de PSA são elevados no
câncer de próstata. Também são achados níveis de PSA altos na hipertrofia benigna
de próstata e nas prostatites agudas ou crônicas. Os níveis de PSA correlacionam-
se diretamente com o volume da próstata, com a fase do câncer e com a resposta à
terapia. O carcinoma de próstata é a única forma de câncer em homens nos quais
214
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PSA é detectável no soro. Por isso, a dosagem de PSA é recomendada, em
combinação com o exame retal digital, para investigação do câncer de próstata.
215
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O CA 125 é uma muciglicoproteína grande com baixo teor de carboidrato
que se expressa no epitélio do cólon embrionário e é encontrada em várias doenças
benignas e malignas. O monitoramento dos níveis de CA 125 é muito útil durante
tratamento de câncer ovariano para mulheres de todas as idades.
17.4 HORMÔNIOS:
216
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17.5 MOLÉCULAS DO SISTEMA IMUNE:
217
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polipose familiar do cólon, WT-1 no tumor de Willms e p53 encontrado em uma
grande variedade de tumores (epiteliais, leucemia, linfoma, sarcoma e
neurogênicos). Um ensaio imunofluorimétrico para quantificação da proteína p53 tem
demonstrado sua presença no câncer ovariano e no câncer de mama.
Como já citado, não há nenhum marcador tumoral perfeito, e, por isso, não
devem ser usados para screening da presença de neoplasias malignas.
O PSA é atualmente o único marcador aprovado pelo FDA, em
combinação com o toque retal para triagem para câncer de próstata. A AFP é
apropriadamente usada como um teste de triagem em populações de risco
(chineses, japoneses e esquimós do Alasca). A calcitonina pode ser usada como um
teste de screening para câncer em famílias de pacientes com carcinoma medular da
tireóide.
Vários testes são eficazes no diagnóstico diferencial de tumores
específicos. A AFP e beta-HCG são úteis no diagnóstico diferencial de tumores de
células germinativas não-seminomas, quando utilizadas na colocação clínica
apropriada. O CA 125 é usado na avaliação de massas ovarianas, mas com
reservas. Embora CA125 tenha se mostrado elevado antes da descoberta clínica de
câncer ovariano, menos de 50% dos pacientes com doença inicial apresentam
elevações nos níveis de CA 125. Por outro lado, em mulheres na pré-menopausa,
várias condições benignas são associadas a elevações moderadas de CA 125. Uma
combinação de ensaios que usam CA 125, CA 15-3 e TAG72 (anticorpo monoclonal
específico para fragmento de gonadotrofina urinária) demonstraram, em estudo
realizado, uma especificidade de 99,9%, detectando câncer ovariano em estágios
precoces, mas os números de pacientes foram considerados insuficientes para
extrapolar o resultado para a população em geral.
Proteínas M detectadas por eletroforese de proteína no soro não são úteis
para screening para mieloma, porque só 50% dos pacientes que apresentam
proteína monoclonal têm mieloma múltiplo. O diagnóstico, o prognóstico e a
monitorização da terapia dependem não só da descoberta de uma proteína
monoclonal, mas também da caracterização do tipo de imunoglobulina. Pacientes
com mieloma IgA apresentam taxa de sobrevida significativamente reduzida e
218
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complicações mais severas da doença do que os pacientes com mieloma IgG ou
doença de cadeias leves.
Os marcadores tumorais citados têm aplicabilidade na monitorização da
progressão da doença ou da eficácia da terapia. A freqüência da monitorização não
é padrão, mas uma freqüência apropriada deveria testar mensalmente no período
pós-operatório, durante os primeiros seis meses, a cada dois meses durante mais
seis meses, trimestralmente durante o ano seguinte e duas vezes ao ano nos anos
subseqüentes.
219
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importantes células do nosso sistema imunológico, conforme mostra a tabela a
seguir:
220
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HEMOSTASIA:
221
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As plaquetas aderem à fibrila de colágeno (adesividade plaquetária) e,
para que a adesividade seja estável, é importante a interação com o fator "von
Willebrand" (glicoproteína de adesividade).
Após a adesividade, outras plaquetas vão aderir às plaquetas unidas ao
colágeno formando um aglomerado (agregação plaquetária). Esse processo se faz
em poucos segundos e costuma-se designá-lo por hemostasia primária, reservando-
se a expressão hemostasia secundária para a ativação dos fatores que levam à
formação da trombina e, conseqüentemente, da fibrina. Este segundo processo
demora vários minutos para ser completado e é de suma importância porque, para
que o trombo hemostático primário seja efetivo, ele deverá ser consolidado pela
ação da trombina e pela participação da fibrina.
Devemos ter em mente que essa subdivisão é puramente didática pois, há
interdependência e simultaneidade na participação das plaquetas, dos fatores
plasmáticos e da parede lesada do vaso.
Há inúmeras situações em que este equilíbrio entre coagulação-
hemorragia está abalado e para tal deve-se analisar profundamente o “local” onde
existe a deficiência e para tal lança-se mão dos testes laboratoriais para detecção
das alterações na hemostasia, seja para avaliações da normalidade (pré-
operatórios), seja para avaliação de hemorragias ou acompanhamento do uso de
medicamentos (anticoagulantes).
Coagulação do sangue: A coagulação sangüínea pode ocorrer através de
duas vias básicas: Intrínseca (em que os elementos necessários à coagulação já
estão presentes no sangue) e a Extrínseca (em que há necessidade de um elemento
externo ao sangue para que se processe). As vias intrínseca e extrínseca confluem
para uma via final comum.
222
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A Cascata da Coagulação: A via intrínseca da coagulação envolve mais
fatores que a extrínseca. Na via extrínseca, a tromboplastina (III) atua sobre o fator
VII, ativando-o. O fator VII ativado age sobre o fator X, já na via final comum.
Na via intrínseca, a
calicreína deflagra a ativação dos
fatores XII, XI e IX, em cascata, ou
seja, um ativa o seguinte numa
seqüência ordenada. O fator IX,
em presença de Cálcio e fator VIII
(anti-hemofílico) ativa o fator X,
iniciando a via final comum. Na via
comum, a protrombina é ativada
pelo fator X ativado (tenha o
processo se iniciado pela via
extrínseca ou pela intrínseca),
formando-se Trombina. A trombina
converte Fibrinogênio em Fibrina,
mas também ativa o fator XIII,
responsável pela polimerização da
fibrina.
223
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Formação do Retículo de Fibrina: A polimerização da fibrina é fruto da
reação catalisada pelo fator VIII ativado, que se comporta como uma amidase. A
fibrina polimerizada é insolúvel, arruma-se formando um retículo que aprisiona
células do sangue, formando um tampão ou coágulo, cujo objetivo original seria o
fechamento de uma solução de continuidade na parede do vaso. Quando o sistema
é ativado dentro do vaso (ou no próprio coração), o coágulo obstrui o fluxo
sangüíneo, sendo o processo chamado de Trombose. O coágulo é o trombo.
224
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organismo, num anticoagulante: ao produzir a trombomodulina, o endotélio cria um
complexo capaz de ativar o sistema proteína S-proteína C.
Sistemas
Anticoagulante e Fibrinolítico: A
antitrombina III é ativada pela
heparina e representa a principal
defesa anticoagulante. A
trombomodulina, produzida pelo
endotélio, ativa o sistema proteína
C/proteína S, segunda linha de
defesa antitrombo. Caso essa
defesa seja vencida, entra em
ação o sistema fibrinolítico, capaz
de lisar o trombo e restabelecer a
patência de vasos ocluídos por
coágulos sangüíneos.
225
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Esquema simplificado da cascata da coagulação
1. Anticoagulantes:
1.1 Heparinas:
226
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parcial e necessidade de infusão contínua rigorosamente controlada. De forma
alternativa, pode-se iniciar o tratamento com heparinas de baixo peso molecular, que
são fragmentos menores e purificados da molécula de heparina, administrados por
via subcutânea. Esta forma de tratamento reserva-se a pacientes com trombose
venosa distal, ou para aqueles que apresentem risco de sangramento. O tratamento
deve ser iniciado com a heparina e, após um curto período, deve ser associado um
anticoagulante oral. A utilização concomitante (heparina + anticoagulante oral) se faz
necessária até o momento que o anticoagulante oral atinge seu pleno efeito
(normalmente em 4 a 7 dias). A heparina é mantida até que o tempo de protrombina
(PT), alterado pela antivitamina estiver em níveis terapêuticos, equivalente a uma
relação normatizada internacional (RNI). O uso de heparina apresenta como
complicações, além das hemorragias, a indução à trombocitopenia (podendo
aparecer do 4º ao 15º dia do tratamento), cujas conseqüências podem ser
catastróficas levando ao óbito se não diagnosticada precocemente. Podem ocorrer
ainda osteoporose e fraturas espontâneas em pacientes em uso crônico (acima de
três meses) de doses de iguais ou superiores a 30.000 UI diárias. Durante a
gestação, deve ser usada apenas heparina, uma vez que não atravessa a barreira
placentária; o mesmo não acontece com o uso de anticoagulantes orais que
ultrapassam a placenta e causam malformações fetais.
227
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em média 36 horas. O tratamento com warfarin deve ser iniciado após alguns dias
de heparina ou até concomitante a esta. Uma vez que é necessário três a cinco dias
para diminuir os fatores vitamina K-dependentes, a heparina deve ser mantida até
alterar significativamente as duas vias da coagulação.
228
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Esse teste é substituído pela realização do tempo de tromboplastina parcial ativado,
que fornece um resultado fidedigno das alterações de via intrínseca. Está
prolongado na deficiência severa (<6%) de qualquer fator de coagulação plasmática
conhecido exceto o fator XIII (fator estabilizante da fibrina) e o fator VII;
Afibrinogenemia; Presença de um anticoagulante circulante (incluindo heparina).
Apresenta-se normal na Trombocitopenia; Deficiência do fator VII; Doença de Von
Willebrand; Leves defeitos de coagulação devido a qualquer causa. Interferentes:
Falsamente aumentado em pacientes em uso de Anticoagulantes e Tetraciclinas e
falsamente reduzido em paciente em uso de Corticosteróides e Epinefrina.
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Como teste de referência para o acompanhamento da anticoagulação oral,
o TAP não fornecia a uniformidade desejada, gerando resultados que variavam
amplamente em comparações intra e interlaboratoriais. Por esse motivo, depois de
diferentes tentativas de padronização, em 1983, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) estabeleceu em conjunto com o Comitê Internacional de Trombose e
Hemostasia e a Comissão Internacional de Padronização em Hematologia, a
recomendação para a utilização mundial do ISI (International Sensibility Index) e a
conversão dos resultados obtidos em INR (International Normalized Ratio) ou RNI.
Com esses dados, podem calcular o índice de sensibilidade internacional
(ISI) para cada lote de tromboplastina produzido. Esse valor de ISI, fornecido pelo
fabricante em cada lote enviado, é utilizado para o cálculo do INR (razão
normalizada internacional). Quanto maior o ISI, menor a sensibilidade do reagente.
O INR é obtido por um cálculo que divide o valor do TAP encontrado na
amostra do paciente pelo resultado do TAP de um pool de plasmas normais,
elevados ao ISI. Portanto, na prática, ele passa a funcionar como um TAP
padronizado intra e interlaboratorialmente.
O horário ideal para a coleta do sangue para avaliação do TAP está
diretamente relacionado ao horário da administração do medicamento. Os principais
protocolos apontam que os anticoagulantes devem ser administrados à tarde (18h) e
o material colhido na manhã seguinte (até às 10h), de modo a garantir a absorção
adequada do medicamento. Entretanto, na prática, a melhor indicação é que o
paciente tome o medicamento sempre no mesmo horário e faça a coleta no mesmo
prazo em que realizou as anteriores.
O exame pode ser
feito manualmente em BM ou
através de diversos aparelhos
disponíveis hoje no mercado.
Verifica-se o tempo que leva
para esse plasma citratado
coagular e corresponde com
uma tabela disponível pelo
230
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fabricante contendo o RNI/ISI. Equipamento muito utilizado na
determinação de TAP, TTPA,
Existem drogas que
Fibrinogênio, Anticoagulante Lúpico.
alteram a ação dos
anticoagulantes orais:
Drogas que potencializam a ação dos anticoagulantes orais: Alguns
antibióticos, antiinflamatórios, ácido acetilsalicílico, antidepressivos tricíclicos,
antiagragantes plaquetários, cimitidina e outras drogas com ação no trato
gastrointestinal, hormônios tereoidianos, antilipemiantes, imunossupressores, entre
outras;
Drogas que inibem a ação dos anticoagulantes orais: Alguns antibióticos,
antiácidos, contraceptivos orais, barbitúricos, antifúngicos, álcool, diuréticos,
corticorióides, anti-histamínicos, esteróides, entre outros.
231
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2.6 Fibrinogênio:
232
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Os ACL são espécies-específicos e são neutralizados pela adição de
fosfolipídios (plasma rico em plaqueta). São anticorpos muito heterogêneos no que
diz respeito às suas características imunológicas e à variação de complexos
fosfolipídicos e protéicos que atuam como seu alvo antigênico.
Dados recentes sugerem que outras proteínas, como a proteína C, a
proteína S e a trombomodulina, são também alvos para ACL.
Apesar da sua atividade anticoagulante in vitro, na prática os
anticoagulantes lúpicos estão relacionados a manifestações tromboembólicas
recorrentes arteriais (menos freqüentemente) e venosas, abortos repetidos, e, em
certos casos, são encontrados em pacientes hígidos, assim como em diferentes
situações clínicas, como doenças auto-imunes, neoplasias, quadros infecciosos
virais, bacterianos e parasitários, distúrbios neurológicos e uso de alguns
medicamentos.
A detecção laboratorial de ACL não deve ser baseada em um único teste.
Deve-se realizar uma combinação de testes de screening com ensaios para excluir
deficiências de fator de coagulação ou a presença de um inibidor de fator, os quais
podem dar origem a resultados falso-positivos para ACL. Ou seja, a detecção deve
ser realizada em etapas: screening para identificação da alteração; exclusão de
déficit de fator, confirmando assim a presença de um inibidor e a caracterização do
tipo de inibidor.
É importante também a interferência da heparina e dos anticoagulantes
orais nos resultados, determinando, portanto, que o teste seja realizado somente
após 2 semanas da suspensão dos anticoagulantes orais e 48 horas após a última
dose de heparina.
Na avaliação da síndrome de antifosfolipídios, alguns dados indicam que
os ensaios de ACL predizem com mais segurança trombose, perda fetal recorrente e
trombocitopenia do que os ensaios para ACA. Entretanto, aproximadamente 60%
dos pacientes são positivos tanto para ACL quanto para ACA, enquanto os 40%
restantes são positivos apenas para ACA ou para ACL.
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2.8 Resistência à Proteína C Ativada:
2.9 Proteína S:
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