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As entradas e bandeiras foram expedições que penetravam o interior com objetivo de apresar
índios e procurar minerais.
São Vicente, o primeiro núcleo de povoamento fundado no Brasil, foi superado pelo
Nordeste. O fracasso da empresa açucareira deu-se devido à pobreza do solo vicentino, à estreiteza
do litoral e a distância em relação aos mercados consumidores europeus.
Sem apoio da metrópole, isolados em relação à Europa, marginalizada economicamente e
praticando uma agricultura de subsistência, os vicentinos começaram a procurar outras formas de
sobrevivência organizando bandeiras, que se tornavam verdadeiras empresas em busca de captura
de índios e riquezas nos sertões.
Além do apresamento de índios e da busca de ouro, as bandeiras tinham ainda outra função
importante para a Metrópole: serviam de ponta de lança da conquista e povoamento do interior,
numa época em que Espanha e Portugal estavam longe de ter definido a fronteira de seus domínios
no coração da América do Sul. Em algumas expedições, essa função política e militar se destacou.
Foi o caso da bandeira chefiada por Antônio Raposo Tavares, que deixou São Paulo em 1648 para
desbravar milhares de quilômetros do sertão até o Amazonas.
Preparado para enfrentar qualquer bloqueio, Raposo Tavares dividiu a bandeira em duas
colunas. A primeira, chefiada por ele próprio, reunia 120 paulistas e 1 200 índios. A segunda, um
pouco menor, era comandada por Antônio Pereira de Azevedo. Viajando separadamente, os dois
grupos desceram o Tietê até o rio Paraná, de onde atingiram o Aquidauana. Em dezembro de 1648,
reuniram-se às margens do rio Paraguai, ocupando a redução de Santa Bárbara.
Depois de unificada, a bandeira prosseguiu viagem em abril de 1649, alcançando o rio
Guapaí (ou Grande), de onde avançou em direção à cordilheira dos Andes. Estava em plena
América espanhola, entre as cidades de Potosí e Santa Cruz de la Sierra (hoje território da Bolívia).
Aí permaneceu até meados de 1650, explorando o mais possível a região. De julho de 1650 a
fevereiro de 1651, já reduzida a algumas dezenas de homens, empreendeu a etapa final: seguiu pelo
Guapaí até o rio Madeira e atingiu o rio Amazonas, chegando ao forte de Gurupá, nas proximidades
de Belém. Diz a lenda que os remanescentes da grande expedição chegaram exaustos e doentes ao
forte e que, voltando a São Paulo, Raposo Tavares estava tão desfigurado que nem seus parentes o
reconheceram. Como resultado da aventura, vastas regiões desconhecidas entre o trópico de
Capricórnio e o equador passavam a figurar nos mapas portugueses. Essa bandeira de demarcação
de limites, preação de índios e coletas de drogas do sertão (cacau, pau-cravo, canela e ervas
medicinal) é um marco da presença portuguesa em nossa região (foi chamada de “A Grande
Bandeira de Limites”)
As atividades dos jesuítas no Rio Madeira começaram em 1669, com a fundação da missão
Tupinambarana na foz do Rio Madeira, que deu origem a Parintins. Novas missões iam sendo
instaladas no percurso do Rio Madeira, na medida em que se ampliavam as atividades das drogas do
sertão, e também, a pedido do governo do Pará, temendo novas invasões, principalmente,
castelhanas.
A força de trabalho indígena passa a ser constante na colônia. Intensifica-se a captura do
índio através das tropas de resgates, descimentos ou “guerras justas”.
Em 1722, Francisco Mello Palheta, em conseqüência do avanço da ação missionária
castelhana no Guaporé, próximo às minas de ouro do Mato Grosso, organizou uma expedição
composta por 128 pessoas que percorreu todo o Rio Madeira. Ele registrou a presença de indígenas
das missões espanholas de Mojos e Chiquitos, chegou até as missões jesuítas espanholas de Santa
Cruz de Cajubava e de São Miguel, mostrando aos jesuítas que o Rio Guaporé era o limite natural
que dividia as possessões de Portugal e Espanha.
O governo português temendo a proximidade da presença espanhola e a possibilidade de
contrabando com as minas de ouro do Mato Grosso, proibiu a navegação pelo Rio Madeira através
do alvará de 27 de outubro de 1733.
ATIVIDADES
01. A respeito do povoamento e colonização da região Amazônica é correto afirmar, exceto:
a) a primeira fase ocorreu entre os séculos XVII e XVIII com a exploração das drogas do Sertão e
do ouro no Guaporé.
b) a segunda fase é marcada pelo trabalho extrativo; exploração da Borracha.
c) a Segunda Guerra Mundial, provoca um novo surto de progresso na área do Alto Madeira,
atraindo milhares de nordestinos (os Soldados da Borracha).
d) a descoberta de ouro no Madeira, na área de Porto Velho, trouxe um novo fluxo migratório,
predominantemente sulista.
02. Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador. O europeu com visão
de mundo calcada em preconceitos menosprezou o indígena e sua cultura. Ao acreditar nos
viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da população
indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram para o citado
decréscimo foram:
a) A captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosí.
b) As guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos.
c) O canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel e vingativo
dos naturais.
d) As missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na extração da
borracha.
e) As epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios.
03. Assinale a única alternativa que não foi fator preponderante para o domínio português na região
amazônica:
a) Coleta de drogas do sertão
b) Ação missionária
c) Busca de escravo indígena
d) Expansão da fronteira pecuária
e) Implantação de fortificações.
05. A partir de 1750 com os tratados de limites, fixou-se a área territorial brasileira, com pequenas
diferenças em relação à configuração atual. A expansão geográfica havia rompido os limites
impostos pelo Tratado de Tordesilhas. No período colonial, os fatores que mais contribuíram para a
referida expansão foram:
a) criação de gado no vale do São Francisco e desenvolvimento de uma sólida rede urbana.
b) apresamento do indígena e constante procura de riquezas minerais.
c) cultivo de cana-de-açúcar e expansão da pecuária no Nordeste.
d) ação dos donatários das capitanias hereditárias e Guerra dos Emboabas.
e) incremento da cultura do algodão e penetração dos Jesuítas no Maranhão.
07. Assinale V ou F:
( ) O aumento da demanda externa sobre a borracha promoveu paralelamente uma
intensificação da exploração de mão-de-obra nos seringais.
( ) O Escândalo de Putumayo divulgado na Europa por Walter Hardenburg ressaltou as
condições cruéis e desumanas do trabalho nos seringais da Amazônia.
( ) A dependência do seringueiro em relação ao barracão vinculava-o perpetuamente ao
seringalista pela dívida e através da coerção física.
( ) Já no final do século XlX o abastecimento dos seringais do Madeira era totalmente utilizado
pela produção local de alimentos como milho, arroz, mandioca e banana.
08. Antes da criação da capitania de Mato Grosso, a Coroa portuguesa determinou a fundação de
uma vila no vale do Alto Guaporé, para marcar o domínio português na região. Mas, somente em
1752, D. Antônio Rolim de Moura pôs em prática essa ordem régia, fundando às margens do rio
Guaporé:
a) Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá.
b) Vila de São José do Rio Negro.
c) Vila Bela da Santíssima Trindade.
d) Vila de Santo Antônio do Madeira.
09. No governo de Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres foi construído às margens do rio
Guaporé um forte estratégico para apoio da rota das Monções do Norte, que estabeleciam ligações
comerciais e administrativas entre Belém e Vila Bela da Santíssima Trindade. Atualmente existem
projetos de restauração desse monumento para torná-lo atração turística. Trata-se do Forte:
a) Coimbra.
b) Iguatemi.
c) Príncipe da Beira.
d) Guajará-Mirim.
10. Quanto ao processo de conquista colonial na fronteira amazônica dos rios Guaporé e Madeira,
NÃO é possível afirmar:
a) Entre as sociedades indígenas que mais ofereceram resistência aos missionários e aos
conquistadores portugueses no alto rio Madeira, durante o século XVIII, destaca-se a dos Mura.
b) Vila Bela da Santíssima Trindade foi fundada em 1752, às margens do rio Guaporé, para servir de
sede da Capitania de Mato Grosso, estando articulada ao comércio com o Estado Grão-Pará pela
navegação dos rios Guaporé-Mamoré-Madeira-Amazonas.
c) O contrabando inexistiu nas fronteiras portuguesa e espanhola, pois o controle das Coroas
Ibéricas era severo e os missionários e os índios auxiliaram intensamente na fiscalização do ouro, da
prata e do gado.
d) O Forte Real Príncipe da Beira, apesar de não concluído, atendeu aos objetivos de servir como
um local estratégico de demarcação das posses portuguesas às margens orientais do rio Guaporé.