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Um dos temas mais fascinantes colocados pela revolução de 1789 foi a questão da educação
popular. De certa forma até hoje ainda se tenta, particularmente nos países do Terceiro
Mundo, levar adiante o programa dos revolucionários franceses, especialmente o do filósofo
Condorcet.
A Declaração e a educação
É bom lembrar que a idéia de que todos nós, independentemente de sexo, religião, raça,
nascimento ou situação social, devemos ter acesso à mesma educação foi um dos mais
significativos e duradouros legados da Revolução Francesa de 1789. Chegar a ela, a essa
conquista, realmente não tem sido fácil, mas o primeiro passo foi inquestionavelmente dado
pela proclamação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 26 de agosto de
1789, e reafirmado por uma outra declaração de direitos, a de 1793, em seu artigo 22.
Rousseau e La Chalotais
Rousseau
condenou o
castigo físico
Segundo ele, ensinar as letras aos operários e camponeses seria desviá-los das tarefas que a
natureza e a ordem social haviam determinado para eles!... Foi o que bastou para que
ninguém menos do que Voltaire, um elitista assumido, se congratulasse com o pedagogo,
pois, para o grande escritor, as luzes não eram para "alfaiates e bodegueiros", mas sim um
apanágio da aristocracia pensante.
Mais radical ainda foi o cura de Lisieux, o padre Réguis que em seus sermões arengava
contra a inutilidade de esclarecer os trabalhadores; "saber ler e escrever", dizia ele do seu
púlpito, "não os ensinará a melhor lavrar a terra, não irá lhes melhorar os costumes, nem
lhes tirar a malícia [...] nem os torna mais dóceis ao seu pastor, nem os torna mais virtuosos
e mais cristãos". Louvem-se, no entanto, alguns professores jansenistas (dissidência
católica), como Jean-Baptiste Crévier, que contra-argumentava terem sido os "Evangelhos
escritos para serem lidos" e que a fé seria reforçada por aqueles que tinham o domínio dos
princípios cristãos expressos nos livros.