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06/05/2016 O diagnóstico em Gestalt­terapia > Instituto de Psicologia Gestalt em Figura

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Gestalt­terapia
O diagnóstico em Gestalt­terapia
por Graça Gouvêa

O diagnóstico em GT objetiva definir fenomenologicamente um processo: como esta pessoa está
funcionando no momento e para quê funciona deste modo, a que necessidades atende e a que
necessidades deixa de atender.

Um diagnóstico baseado nos rótulos nosológicos oriundos da Psiquiatria clássica, sem uma
compreensão psicodinâmica, de nada servem ao propósito do diagnóstico gestáltico, uma vez que
impedem a percepção do processo.

No entanto, uma compreensão do jogo evolutivo das fantasias que estão presentes, do ponto de vista
psicodinâmico, pode ser instrumento valioso para se fazer um diagnóstico mais preciso.
Consequentemente, a Gestalt­terapia não ignora as formulações psicodinâmicas, mas procura, antes de
qualquer formulação diagnóstica, favorecer a um contato, no presente, com a pessoa do cliente.

Para a Gestalt­terapia, uma pessoa funciona como um todo. Alguns comportamentos, ideias ou
sentimentos podem representar aspectos desfuncionais ou desatualizados em relação ao todo, inibindo
a autorregulação e a capacidade criativa do organismo.

Onde tais aspectos se manifestam, é função do diagnóstico gestáltico detectar de que forma se
organizam e para que servem. A função do terapeuta, por sua vez, é perceber, compartilhando, na
medida do possível, com seu cliente, uma vez que tal "diagnóstico" só pode ser compreendido e
validado ou não através da relação terapêutica.

Devemos lembrar que, para as terapias de fundamentação existencial­humanistas, não existem
verdades maiores ou melhores no terapeuta que possam reconhecer, no sintoma do paciente, um
significado estudado a priori. O sentido do vivido é dado por quem o vive. Tanto o vivido pelo

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terapeuta quanto o vivido pelo cliente.

Podemos considerar o diagnóstico de diferentes pontos de vista: a partir da relação estabelecida com o
paciente (contato); a partir da teoria a qual o terapeuta se refere, e sua implicação em seu próprio
ponto de vista (do terapeuta). Poderíamos acrescentar, ainda, o ponto de vista do paciente e da
percepção que tem de si mesmo e de seu sintoma (motivação para o tratamento). Todos estes pontos
de vista devem ser pensados como um "jogo" de interações interdependentes. Pensar o paciente e o
terapeuta como um sistema dentro de um sistema maior (os grupos aos quais cada pertence) é uma das
vantagens do diagnóstico gestáltico.

O terapeuta não pode esquecer que o cliente faz um "diagnóstico" partindo da percepção de seu
"sintoma", ou seja, de seus comportamentos mais ou menos disfuncionais. Já o "diagnóstico" do
terapeuta deve aliar à percepção fenomenológica uma determinada compreensão do homem, no
sentido mais genérico. Tal compreensão implica numa metodologia de intervenção terapêutica.

Segundo Goodman, a psicopatologia em GT é "o estudo da interrupção, da inibição ou outros
acidentes no processo do ajustamento criador". E Perls especificou: "O estudo da maneira como uma
pessoa funciona em seu meio é o estudo do que acontece na fronteira de contato entre o indivíduo e
seu meio. É nessa fronteira de contato que os eventos psicológicos têm lugar" (GINGER, GINGER,
1995 ­ p. 127).[1]

"O homem saudável (ideal) identifica sem esforço a necessidade dominante no momento, sabe fazer
escolhas para satisfazê­las e está disponível para a emergência de uma nova necessidade: ele está sob
o efeito de um fluxo permanente de formações e, depois, de dissoluções de "gestalten" (plural
de "gestalt", na língua original alemã), movimento ligado à hierarquia de suas necessidades perante o
aparecimento sucessivo de figuras, em primeiro plano, sobre o fundo de sua personalidade"
(GINGER, GINGER, 1995 ­ p. 129).[1]

Este "fluxo permanente de formações ", denominado "Ciclo de Contato­Retração" ou "Ciclo da
Gestalt" se subdivide em diferentes etapas (com denominações diferentes segundo diferentes autores
da GT), apresentamos o ciclo como é proposto por Zinker (GINGER, GINGER, 1995[1]; ZINKER,
1979[2]): sensação; awareness (tomada de consciência); mobilização da energia; ação; contato;
retração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1]: GINGER, S E GINGER, A.­ GESTALT­ UMA TERAPIA DO CONTATO , São Paulo:
Summus, 1995.

[2]: ZINKER, J. ­ EL PROCESO CREATIVO EN LA TERAPIA GUESTALTICA , Buenos Aires:
Paidos, 1a. ed., 1979.

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