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Filosofia do Direito e Exame de Ordem

Se eu passaria em exame de ordem atual?

Alguém me questionou sobre a elevada dificuldade do Exame de


Ordem e falou que até eu não passaria no mesmo. Lendo o exame, acredito
que não acertaria todas, mas acima de 50% acho que teria a capacidade.
Desta feita, muitas questões são de simples memória, como a que se referia
a prescrição trabalhista, ou aos alimentos cobrados de avós. Sobre as
questões de ética pareceu mais avançado o questionamento, e no geral
outras disciplinas exigem o básico para um profissional da área jurídica.

Sobre questão que citou Montesquieu

A questão de número 10 de prova de Exame de Ordem de 2017 citou


Montesquieu em seu cabeçalho, de tal modo que assim dizia: “É verdade que
nas democracias o povo parece fazer o que quer, mas a liberdade política
não consiste nisso”. A questão em detalhe se referia a Constitucional e a
alternativa a se assinalar devia refletir o conceito do pensador francês sobre
a liberdade. Mas antes vamos falar desse pensador. Fato é que o Barão de
Montesquieu não era pobre, e tinha assim propriedade de terras e um ponto
de vista iluminista sobre o mundo, logo pautado na razão e não mais em
questão escolástica ou teológica. Deste modo, a sua preocupação, além da
razão, era com as leis, numa obra sua chamada “O Espírito das Leis”, e
ainda outras sobre peças de teatro ou guerra. A liberdade estava entre uma
conquista nas gerações de direitos presentes na Constituição, ao lado de
igualdade e outros. Isso foi demonstrado pelo pensador Norberto Bobbio, em
sua obra “A era dos direitos”. Deste modo, há direitos de primeira, segunda,
terceira geração etc. Modernamente vemos o Direito Ambiental, a Bioética,
Digital e outros tratarem de geração atual. Mas voltando ao Exame de Ordem
da OAB, vemos que uma leitura básica da obra “O Espírito das leis”, mesmo
em sua versão de resumo (versão que ainda tenho), já demonstra que a
resposta estaria que a liberdade para esse autor se referia a cumprir a lei.

John Locke no Exame de Ordem

Se já não bastasse cair questão de Montesquieu, agregou o


contratualista John Locke, com a citação “O povo maltratado em geral, e
contrariamente ao que é justo, estará disposto em qualquer ocasião a livrar-
se do peso que o esmaga”. Locke escreveu obra chamada “Segundo tratado
sobre o governo civil”, a qual usei em meu trabalho de conclusão de curso de
Direito, para o tema da propriedade privada. Também Locke é conhecido da
filosofia como um empirista, ou seja, ele vê a realidade como algo
unicamente explicável através do que o homem pode aprender através dos
seus sentidos. Essa era a questão nona do Exame de Ordem, e também
tratava de Direito Constitucional. Então, aí mora a pegadinha. Apesar de o
autor ser um contratualista, a questão se referia mesmo à propriedade
privada, onde a defesa da mesma pode justificar uma resistência, uma vez
que o povo o pode usar para defender sua propriedade.

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