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Edição º , Outubro - ISSN -

Formação continuada inclusiva: tecendo considerações


Ademárcia Lopes de Oliveira Costa (1)
O Pibid oferece aos alunos mais que com- É com base nessas considerações que
REITOR
D . Mi o u Ma i s Ki pa a
promisso com o exercício do magistério nas pensamos a formação do professor inclusivo,
VICE-REITORA escolas públicas, oportuniza a articulação tanto inicial quanto continuada que, por prin-
D a. Ma ga ida de A ui o Cu ha entre escolas, educação superior e sistemas cípio, compreendemos que deveriam ser
PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO estadual/municipal. Traz, assim, em sua pro- complementares, apenas diferentes momen-
D a. Ali e A d éia Ni olli posta, a construção permanente de um diálo- tos de um mesmo processo de formação, que
COORDENADOR INSTITUCIONAL go sobre saberes/práticas/ação docente. Por se entende como inacabado, em efetiva cons-
PIBID UFAC
ser gestado dentro das escolas, proporciona trução, por isso, contínuo e permanente.
Ms. Elde Go es da Sil a
aos licenciandos, futuros professores, vivên- Ressaltamos que, ao denominarmos de
cias de práticas didáticas e pedagógicas nos professor inclusivo, referimo-nos a todo e
âmbitos da formação inicial e continuada. É qualquer docente, que prime e anseie por
sobre este último elemento que reside esta uma escola plural, pois, na atualidade, já não
reflexão. se pode mais, enquanto profissional docente
Nas últimas décadas, a formação docente furtar-se à participação no processo de cons-
tem sido desafiada a corresponder às vertigi- trução dessa escola. Independentemente de
nosas transformações pelas quais passa a onde se encontre o professor – se na educa-
sociedade, a educação, em geral, e a escola, ção básica ou superior – já bate à porta o alu-
Expedie te de um modo mais específico. Aqui, inseri- no deficiente. Isso não pode mais ser ignora-
mos a educação inclusiva e, mais especifica- do. Logo, pensar sobre a formação docente,
Editores mente, um componente de sua complexa ci- nesse contexto, qualquer que seja ela, é ter
Alexa d e Melo de Sousa randa – aquele voltado à inclusão do aluno como fundamento a busca pela criação de
Rosa e Ga ia Sil a
com deficiência nas escolas regulares. Essa uma prática pedagógica assentada em bases
Taia e Cast o dos Sa tos
temática fez surgir uma gama considerável que respeitem e valorizem as diferenças pre-
Redação de estudos sobre o assunto, dentre eles, des- sentes na sala de aula e que negue a discrimi-
Alexa d e Melo de Sousa
Rosa e Ga ia Sil a
tacam-se aqueles que ressaltam a formação nação e a segregação. Portanto, se a forma-
Taia e Cast o dos Sa tos continuada como aporte necessário para o ção inicial vive, nos últimos anos, momentos
docente constituir-se investigador de sua pró- de reconfiguração com a reestruturação dos
Revisão
Alexa d e Melo de Sousa pria prática e, esta, vista como um mote in- cursos de graduação, urgente se faz pensar-
dutor de criação e possibilidade de constru- mos a formação continuada que tenha, de
Diagra ação ção formativa, se transmuta em um espaço de fato, uma perspectiva inclusiva.
Rosa e Ga ia Sil a
reflexão crítica, na qual se problematiza, se Nessa direção, uma formação continuada
Supervisão avalia e se refaz a ação pedagógica. inclusiva não pode ser vista como um pro-
Taia e Cast o dos Sa tos Nesse contexto, a formação docente que cesso puramente individual, uma vez que a
Edição o li e: .ufa . vise um indivíduo inclusivo com capacidade reflexão é inerente ao trabalho docente, mas,
htps://issuu. o /geped.pi id para refletir criticamente, pressupõe explorar necessário se faz que ela ocorra de maneira
a natureza social e histórica presentificada sistemática e compartilhada. Isso nos faz
nas relações entre as pessoas e suas formas pensar que é preciso direcionar o olhar para o
Apoio
de agir diante dos problemas. Não basta in- professor enquanto ser inacabado, contradi-
Assesso ia de E e tos
e Ce i o ial terpretar e explicar a realidade que ronda a tório e multifacetado que construiu sua histó-
As o - Assesso ia de docência, é preciso intervir nela, reduzindo a ria de vida fundada nas diversas e complexas
Co u i ação distância entre teoria e prática. relações estabelecidas ao longo de sua traje-
tória e, a partir das quais molda o seu perfil pessoal e pro- dades e aspirações reais docentes possibilitando que os
fissional. professores participem de maneira consciente, implicados
Assim, a formação continuada deve possibilitar um es- em sua ética e valores. Dessa forma, na interação com os
paço de trocas e construção, no qual receitas prontas são outros, vão analisando seus posicionamentos e considera-
descartadas e não se encon- ções, levando em conta os elementos da subjetividade soci-
trará uma múltipla habilita- al, permitindo-lhes o desenvolvimento de um papel cons-
ção e especialização para trutivo e criativo. Dessa maneira, a formação continuada
as possíveis dificuldades possibilita ao docente um confronto consigo mesmo, uma
em uma sala de aula, uma consciência de que as possibilidades não se esgotam e,
vez que essas são caracte- consequentemente, não se terá domínio pleno de seu trans-
rísticas de cursos estan- curso, uma vez que se estará em constante busca, vivenci-
ques, previamente pensa- ando o processo de construção de conhecimento, ao mes-
dos sem levar em conside- mo tempo em que reflete e analisa sua prática pedagógica.
ração a realidade a que se Podemos, então, dizer que a formação centrada na esco-
destina. Defendemos uma la é mais que mera transferência do espaço físico no qual
formação continuada do- essa formação acontece, mas diz respeito a um novo enfo-
cente que permita ao pro- que para redefinir os conteúdos, as estratégias, os protago-
Profa. Ademárcia Lopes de Oliveira Costa
fessor refletir sobre sua nistas e os propósitos da formação. Trata-se, pois, de bus-
prática, possibilitando-o a criação de novas teorias e, nesse car desenvolver nos professores o paradigma colaborativo.
processo, o auxilie em suas necessidades e na construção Nessa proposição, a transformação das escolas regula-
do seu conhecimento, partindo de sua realidade micro da res em escolas inclusivas, revestidas como lócus de forma-
sala de aula, mas considerando, também, o contexto mais ção, se revela uma tarefa complexa, uma vez que exige
amplo que o envolve, direcionando o olhar para si, para distintos tipos de mudanças: as pontuais e direcionadas,
seu aluno e para os demais participantes desse “canal de como no currículo, nas práticas pedagógicas e na gestão
comunicação”. Nessa perspectiva, a formação continuada, escolar, e as mudanças macros, que atravessam o âmbito
deve considerar “[...] a formulação dos conhecimentos do escolar e vão além da sala de aula, envolvendo os aspectos
professor, sua própria prática pedagógica, seu contexto acadêmico, político, social, cultural e econômico.
social, sua história de vida, suas singularidades e os demais Em suma, apresentamos, neste texto, elementos para a
fatores que o conduziram a uma prática acolhedo- construção de uma proposta de formação continuada, como
ra” (FIGUEIREDO, 2008, p. 144). possibilidade de transformação das escolas regulares em
Assim, faz-se necessário considerar a diversidade e as escolas inclusivas. No entanto, não podemos entendê-la
diferenças que compõem o corpo docente da escola, pois é como a solução para todos os problemas que acometem a
neste espaço que o professor avança no modo de produzir a inclusão dos alunos com deficiência no ensino regular. Pa-
sua ação e, assim, vai transformando a sua prática. Consi- ra que ocorram mudanças efetivas no quadro educacional
deração defendida por Imbernón (2009), quando aborda a brasileiro em relação à inclusão desses alunos é preciso
importância de não se separar a formação continuada do solucionar alguns problemas educacionais gerais que pare-
contexto em que os participantes dessa formação atuam. cem cristalizados e naturalizados socialmente, como, re-
Para esse autor, a formação baseada nas complexas situa- provação, evasão, indisciplina, erro, fracasso, insucesso
ções problemáticas da escola auxilia a gerar alternativas de escolar e degradação da qualidade do ensino público.
mudanças no contexto em que está inserida. A formação continuada na perspectiva inclusiva é um
Observar a escola a partir dessa perspectiva é conceber meio de incluirmos com qualidade os alunos com deficiên-
o professor no centro das discussões e do debate educativo, cia no ensino regular e uma forma de tornarmos as escolas
é percebê-lo como essencial no processo de mudança da abertas à diferença e ao diálogo. No entanto, ela não se faz
escola e da sociedade, valorizando-o e reconhecendo-o sozinha. É necessário gestar projetos de intervenção que
como protagonista do processo formativo. Nesse sentido, visem um resultado a longo prazo e que envolva não ape-
importam as experiências concretas, os problemas reais, as nas a escola, mas o contexto em que ela está inserida, nor-
situações do cotidiano que desequilibram o trabalho nas teado pelo respeito às diferenças e singularidades docentes
salas de aula, pois são eles a matéria-prima das mudanças, e discentes. O Pibid nos parece uma política de formação
uma vez que as questões sobre a própria prática, as compa- que pode contribuir para este processo.
rações, a análise das circunstâncias e dos fatos que levam a Referências
inquietações ou propõem respostas vão definindo, pouco a FIGUEIREDO, Rita Vieira. A formação de professores para a inclusão dos alunos no espaço
pedagógico da diversidade. In: MANTOAN, Maria Teresa Egler (Org.). O desafio das dife-
pouco, aos professores, as suas “teorias pedagógicas”. Para renças nas escolas. Petr opólis: Vozes, 2008. p. 141-145.
tanto, consideramos necessário incentivar a interação entre IMBERNÓN, Francisco. Formação permanente do professorado: novas tendências. São
Paulo: Cortez, 2009.
os docentes para que estudem juntos, em um processo co-
laborativo de busca do percurso pedagógico inclusivo. (1) Professora do Centro de Educação, Letras e Artes – CELA/UFAC. Doutora
em Educação. Atua nos Cursos de licenciaturas ministrando as disciplinas de
Logo, uma formação continuada que tenha como foco Didática e Fundamentos da Educação Especial. Desenvolve pesquisas principal-
de discussão a educação inclusiva, deve partir das necessi- mente nas linhas de Formação Docente (inicial e continuada), Educação Inclusi-
va e Representações Sociais.
Alexandre Melo de Sousa
Rosane Garcia
Tatiane Castro dos Santos

A Escola de Ensino Fundamental Serafim da Silva Sal- mento e desenvolvimen-


gado está localizada no bairro Aeroporto Velho, na Baixada to dos trabalhos, de acor-
da Sobral, e conta com turmas nos três turnos: os anos finais do com os temas: Dro-
do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano) funciona nos tur- gas, Órgãos do Sentido,
nos matutino e vespertino, e a Educação de Jovens e Adul- Minhocário, Pirâmide
tos (EJA), no período noturno. Alimentar, Microscópio,
Quitanda Científica (raiz,
caule, folha, flor, fruto e semente), Aborto, DST's, entre ou-
tros. Além de demonstrações de experimentos e um espaço
sobre Bioma.
O Instituto Federal do Acre também colaborou com o
sucesso do evento cedendo o Planetário para que os alunos
pudessem ver e entender o universo, mais especificamente,
Como tem acontecido nos últimos anos, no dia 28 do as constelações.
mês de outubro, a escola contou com uma Feira de Ciências Para a formação dos bolsistas Pibid, a feira foi uma opor-
organizada pelos professores com a ajuda dos bolsistas Pi- tunidade de despertar o espírito de liderança e trabalho em
bid. “Para organização dos conteúdos e divisão e organiza- equipe; desenvolver conhecimento e experimentos práticos
ção dos alunos foram realizadas reuniões semanais, quando dos diversos assuntos e verificar como isso pode ser utiliza-
foram repassadas as informações necessárias para que os do, também, em sala de aula; ultrapassar os conhecimentos
bolsistas Pibid pudessem orientar os alunos”, contou Elisa- próprios das Ciências Biológicas e promover a Interdiscipli-
ma Conceição de Lima, supervisora do Pibid Biologia. naridade na escola, e na formação dos futuros professores.
Um dos grandes diferenciais da ação foi a Interdiscipli- O Pibib Biologia, na Escola Serafim da Silva Salgado,
naridade. Todos os professores, de algum modo, colabora- conta com os bolsistas: Felipe Nogueira de Oliveira, Lucas
ram no desenvolvimento dos projetos, orientação e direção Pires de Olveira, Mikaelle Pereira Gomes, Rafael Ruan Ara-
dos conteúdos. Os professores de Língua Portuguesa e Ar- ujo Pinto e Simony Rolim de Oliveira, coordenados pela
tes, por exemplo, colaboraram na organização das salas te- professora Ruslayd Abreu e supervisionados pela professora
máticas, na confecção de cartazes, na revisão dos textos; os Elisama Conceição, que destacou: “do ponto de vista didáti-
professores de Matemática auxiliaram no desenvolvimento co pedagógico, a feira foi um grande sucesso, pois ultrapas-
dos experimentos que foram expostos. Ou seja, a ação mos- sou as expectativas, desenvolveu o domínio de conteúdo dos
trou que as disciplinas dialogam e que não há construção de bolsistas, auxiliou na aprendizagem no desenvolvimento de
conhecimento de forma isolada. um projeto em grande escala. Com o desenvolvimento de
As turmas foram divididas em equipes, que por sua vez, novos projetos dessa magnitude, a formação será cada vez
contavam com professores e bolsistas Pibid no acompanha- melhor”.
DESTAQUE DO MÊS
Espanhol
Os bolsistas do Pibid Espanhol “A Música hispano-americana como recurso didático nas
participaram da VI Semana Acadê- aulas de ELE”, ministrada pelos professores da Ufac Dina
mica do Curso de Letras Espanhol Yajaira Vera Cavero Sanchez e Luciano Mendes Saraiva;
“Língua e Cultura: olhares trans- “La enseñanza-aprendizaje de lenguas en contextos multi-
culturais e o ensino de Espanhol lingües y multiculturales: enfoques plurales y competencia
na atualidade” e do II Seminário plurilingüe”, ministrada pela professora Maristela Alves de
de Ensino de Língua Espanhola do Souza Diniz (Ufac) e “O olhar do estrangeiro desde corpos
Acre. nossos”, ministrada pelo professor (Ufac).
O evento conjunto foi realizado A VI Semana Acadêmica do Curso de Letras Espanhol
durante os dias 9 e 11 de outubro, no campus sede da Uni- contou com apresentações artístico-culturais, além de co-
versidade Federal do Acre. De acordo com os organizado- municações orais e pôsteres dos trabalhos acadêmicos de-
res, a proposta foi promover discussões sobre questões aca- senvolvidos no Curso de Letras Espanhol da Universidade
dêmicas e culturais, bem como propiciar um espaço de de- Federal do Acre, dentre eles algumas práticas de ensino
bate acerca da importância social do ensino de Espanhol aplicadas nas escolas pelos bolsistas do Pibid Espanhol.
frente as recentes mudanças vividas no cenário educativo
brasileiro, agregando reflexões sobre as línguas de forma
geral.
Os debates foram centralizados em temas sobre o
Ensino e aprendizagem
de línguas, Ensino e Tec-
nologias de Informação e
Comunicação, Estudos da
linguagem, Estudos de
literaturas e Estudos cul-
turais.
Aos participantes fo-
ram oferecidas oficinas

“O Pibid é importante porque proporciona o nosso con-


tato com a docência logo no início da vida acadêmica,
Com a palavra, os nos dando a oportunidade de observar e vivenciar a rea-
lidade escolar, comparando a teoria estudada com a
que fazem ID...
prática desenvolvida. Participar do Pibid significa con-
tribuir, de certa forma, no processo de aprendizagem
dos alunos de escolas públicas. Essa experiência tam-
Emylaine Oliveira bém traz mais qualidade para a nossa formação e co-
Bolsista Pibid Pedagogia
nhecimento sobre a nossa futura profissão.”

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