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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE BENGUELA

DEPERTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO


ISCED-BENGUELA

TRABALHO ACADÉMICO DE
SEMINÁRIO ESPECIALIZADO

TEMA:
DIAGNÓSTICO E ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
PARA PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO EM
CONTEXTO SALA DE AULA
ALUNOS COM DISLEXIA

ESTUDANTE

Açucana Mandele Tchiwaya

O PROFESSOR
Abraão Beu Sandala

Benguela, Dezembro de 2021


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE BENGUELA
DEPERTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
ISCED-BENGUELA

DIAGNÓSTICO E ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA


PARA PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO EM
CONTEXTO SALA DE AULA
ALUNOS COM DISLEXIA

Estudante: Açucana Mandele Tchiwaya


4º Ano.
Educação Especial
Pós-Laboral

O PROFESSOR
Abraão Beu Sandala
ÍNDICE
PROGRAMA DO SEMINÁRIO ..................................................................................... 4

DIAGNÓSTICO E ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM CONTEXTO SALA


DE AULA PARA ALUNOS DISLÉXICOS.................................................................... 4

ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO ....................... 4

Objectivo Geral ......................................................................................................... 4

Objectivos específicos ............................................................................................... 4

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 6

DISLEXIA ENQUANTO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICA ...... 7

Conceito de Dificuldades de Aprendizagem Específicas .......................................... 7

Conceito de dislexia .................................................................................................. 7

Classificação da Dislexia ........................................................................................... 9

Dislexia Adquirida .................................................................................................. 10

Características da Criança Disléxica ....................................................................... 11

Diagnóstico De Dislexia .......................................................................................... 13

O PAPEL DO PROFESSOR .......................................................................................... 14

Como Pode O Professor Ajudar A Criança Disléxica: ............................................ 15

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 17


PROGRAMA DO SEMINÁRIO
DIAGNÓSTICO E ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM
CONTEXTO SALA DE AULA PARA ALUNOS DISLÉXICOS

ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO


Durante o processo de aprendizagem da leitura e escrita, a utilização de
métodos de ensino desadequados e a falta de respeito pelas fases de leitura e
potencialidades do aluno podem influenciar o agravamento desta perturbação. Depois
da entrada na escola, os problemas dos alunos disléxicos agravam-se com uma má
qualidade do ensino: o elevado número de alunos por sala, um método de ensino
excessivamente expositivo e centrado no professor em que a mesma aula é dirigida a
todos os alunos.
Em conformidade, os professores podem ajudar os alunos disléxicos:
✓ Sinalizando e orientando as crianças em risco;
✓ Dando respostas às necessidades específicas de cada criança
disléxica, através da criação de situações pedagógicas
diferenciadas;
✓ Adoptando comportamentos que motivem a criança para a
aprendizagem.
Objectivo Geral
Capacitar os professores do Ensino Primário sobre o diagnóstico e orientação
para alunos com disléxicos em contexto sala de aula.

Objectivos específicos
Aferir o grau de conhecimento dos professores do ensino primário
sobre o diagnóstico e orientação psicopedagógica em contexto sala de aula para
os alunos com dislexia;
Fornecer aos professores do ensino primário fundamentos teóricos e
práticos sobre o diagnóstico e orientação psicopedagógica em contexto sala de
aula para alunos disléxicos.

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Seminário: Teórico e Prático.
Público-alvo: Professores do ensino Primário.
Enquadramento: Zona de influência pedagógica.
Métodos de ensino: Explicativo, demonstrativo e repetitivo.
Duração: 2 horas.

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INTRODUÇÃO
O presente trabalho partiu da problemática relacionada com as dificuldades de
aprendizagem ao nível da leitura e da escrita, em que se enquadra a dislexia. Como
futuros especialistas em educação especial, julgamos importante reflectir e investigar
sobre estas áreas, bem como as dificuldades que lhes estão subjacentes. Através da
reflexão e investigação, pretendemos descobrir fundamentos, causas, perspectivas e
estratégias a desenvolver e capacitar os professores do ensino primário no diagnóstico e
orientação psicopedagógica em contexto sala de aula com o fim de proporcionar o
sucesso educativo dos nossos alunos, bem como a promoção de uma autoestima que
proporcione uma sólida construção das suas personalidades.
O insucesso escolar é uma preocupação constante da nossa sociedade, porque
temos acesso a mais conhecimento, ou por força de organização das Instituições e da
sociedade, existem hoje muitas crianças que não são bem-sucedidas na aprendizagem.

Para Lopes (2001), é cada vez mais notório, nas escolas do Ensino Primário,
dificuldades ao nível da leitura. Tal problemática tem diferentes origens e extensões. A
dislexia, é uma das dificuldades de leitura que as crianças podem ter, para além da
disgrafia, disortografia e discalculia, e que está a tornar-se cada vez mais frequente.
É imprescindível que se faça um diagnóstico atempado e uma intervenção
precoce através de um amplo conjunto de estratégias e recursos, pois quanto mais
precoce for a intervenção, maiores serão as possibilidades de atenuar tais problemas
(Dongen, 1984, cit. in Rebelo, 1988). Tal motivo, suscitou-nos o interesse e a motivação
para realizarmos este trabalho, orientado especificamente para a Dislexia.

6
DISLEXIA ENQUANTO DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM ESPECÍFICA
Muitos têm sido os termos para designar os alunos que, devido a circunstâncias
diversas, não atingem as metas esperadas para a sua faixa etária ou ano de escolaridade
em que se encontram. Nos últimos anos, têm-se explorado os conceitos de Dificuldades
de Aprendizagem (DA) e, mais recentemente, de Dificuldades de Aprendizagem
Específicas (DAE). Contudo, não é a escolha de terminologias o maior entrave, mas sim
o facto de pais, professores, técnicos de saúde, entre outros que rodeiam as crianças, não
conseguirem chegar a um entendimento no que diz respeito às características dos alunos
com DAE. Esta questão torna-se mais premente porque, de acordo com Correia (2004),
a categoria das DA não é contemplada na legislação, tendo como consequência o
insucesso educativo e, mesmo, o abandono escolar. A dislexia enquadra-se dentro do
conceito das DAE e será tratada enquanto talão longo do presente capítulo.

Conceito de Dificuldades de Aprendizagem Específicas


Ao longo dos tempos, muitas têm sido as designações para o que, actualmente,
designamos como “Dificuldades de Aprendizagem”, mesmo decorrendo estas de
problemas de aprendizagem provocados por aquilo que alguns autores designam de
dispedagogia.
Correia (2008) refere que o conceito de Dificuldades de Aprendizagem
Específicas deve ser utilizado para englobar os problemas de aprendizagem
considerados primários ou específicos, inerentes a quem se encontra em processo de
ensino e de aprendizagem e para os quais há dificuldade em encontrar uma origem ou
explicação, na medida em que não estão relacionados com nenhuma deficiência em
particular.

Conceito de dislexia
A proliferação de definições que encontramos nos manuais da especialidade,
não nos facilita o trabalho de definir dislexia. Não é consensual a definição etimológica
de Dislexia, mas fica a ideia de se tratar de uma dificuldade, associada à leitura ou à
linguagem.
Pereira entende que ― «dislexia» provém da junção de «dis», distúrbio, com
«lexia», do Latim leitura, ou do Grego, linguagem (2009: 7).

7
No ponto anterior, percebemos que a dislexia faz parte do espectro das
Dificuldades de Aprendizagem Específicas, sendo, como tal, um conceito cuja
compreensão se encontra, ainda, em evolução, mesmo porque também são inúmeras as
definições que foram surgindo ao longo dos anos, de acordo com a perspectiva de cada
autor.
Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem
neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correcção e/ou fluência na leitura de
palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de
um Défice Fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às
condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão
leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir o desenvolvimento do
vocabulário e dos conhecimentos gerais. (Associação Internacional de Dislexia, 2003,
cit. por Teles, 2004).
Ainda de acordo com Teles (2004), esta é a definição que maior consenso
apresenta, na medida em que também é aceite pela grande maioria da comunidade
científica. Dela podemos destacar o facto de a dislexia:
✓ Ser uma incapacidade específica de aprendizagem de origem neurobiológica
e, como tal, de caráter permanente;
✓ Caracterizar-se por dificuldades na correção e fluência na leitura, nas
capacidades de decifração e na ortografia, sendo que as mesmas resultam de um
défice
fonológico inesperado em relação às capacidades cognitivas e condições
educativas.
A dislexia é uma desordem a nível de desenvolvimento da linguagem cuja
principal característica consiste numa dificuldade permanente em processar informação
de ordem fonológica. Esta dificuldade envolve codificar, recuperar e usar de memória
códigos fonológicos e implica défices de consciência fonológica e de produção do
discurso. Esta desordem, com frequência geneticamente transmitida, está por via de
regra presente à nascença e persiste ao longo de toda a vida. Uma característica
marcante desta desordem manifesta-se nas deficiências a nível da oralidade e da escrita.
“(Kamhi, 1992 cit. in Hennig,2005: 18).

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Classificação da Dislexia
De acordo com alguns autores e, segundo Rebelo (1988) e Lopes (2001),
existem diversos subtipos de dislexia, pois nem todos os disléxicos apresentam as
mesmas características e os mesmos problemas. Assim, não existe uma dislexia, mas
sim várias dislexias, de acordo com a causa que lhes está implícita.
Há diferentes critérios para se distinguir subgrupos, baseando-se alguns autores
no momento de aparecimento, outros na etiologia, gravidade, extensão e cronicidade
dos problemas, ou no tipo de comportamentos alterados (Cruz, 1999 e Lopes, 2001).

Quanto à altura do seu aparecimento, é importante distinguir as dislexias


adquiridas das dislexias evolutivas ou desenvolvimentais (Cruz, 1999 e Lopes, 2001).
A dislexia adquirida é a que caracteriza as pessoas que liam correctamente e que perdem
essa capacidade como consequência de uma lesão cerebral (Ellis, 1984, cit. in Cruz,
1999), sendo a dislexia evolutiva aquela que se refere a alterações da leitura que surgem
sem existirem causas aparentes.
A principal característica que distingue as dislexias acima apresentadas é o
facto de que nas dislexias adquiridas se conhece a causa que afecta o cérebro e que pode
explicar a alteração ocorrida, enquanto que nas dislexias evolutivas as causas não são
conhecidas. De acordo com Cruz (1999), existem vários tipos de dislexia adquirida e de
dislexia evolutiva, tal como se pode ver no seguinte quadro:

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• Fonológica: Dificuldade no uso do procedimento
subléxico por lesão cerebral.
• Superficial: Dificuldade no uso do procedimento léxico
Dislexia Adquirida por lesão cerebral.
• Profunda: Dificuldade no uso de ambos os procedimentos
por lesão cerebral.

• Fonológica: Dificuldade na aquisição do procedimento


subléxico por problemas fonológicos, perceptivo - visuais e
neurobiológicos.
• Superficial: Dificuldade na aquisição do procedimento
Dislexia Evolutiva léxico por problemas fonológicos, perceptivo - visuais e
neurobiológicos.
• Profunda: Dificuldade na aquisição de ambos
procedimentos.
Adapt. Cruz (1999: 158)

Dislexia Adquirida
Rebelo (1988), é da opinião de que na dislexia adquirida se podem distinguir
vários tipos, de acordo com a localização das lesões. Caso a lesão ocorra no hemisfério
cerebral esquerdo, a dislexia será fonémica, o que significa que o indivíduo tem
dificuldades em analisar as partes de uma palavra, em fazer o seu registo fonético e a
sua memória auditiva é a curto prazo. Se a lesão incidir no hemisfério direito, a dislexia
é entendida como sendo superficial, tendo o indivíduo dificuldade no reconhecimento
das palavras, em usar palavras irregulares e em compreender o que lê fluentemente
(Taylor & Taylor, 1983, cit. in Rebelo, 1988).
Também Benson (1981, cit. in Rebelo, 1988), distingue na dislexia adquirida
três tipos, consoante a localização das lesões. No seu entender existe a dislexia
posterior, em que o indivíduo perde a fala, mas permanece com a capacidade de escrita
e leitura; a dislexia central em que já não tem a capacidade de ler e escrever e a dislexia
anterior, na qual o indivíduo apresenta dificuldades com a sintaxe.

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Já Cuetos (1997, cit. in Lopes, 2001), defende que a dislexia adquirida se pode
classificar de dislexia periférica e/ou dislexia central, podendo ambas terem várias
designações, conforme o quadro abaixo apresentado:

Dislexia periférica Dislexia central


• Dislexia atencional: os leitores • Dislexia fonológica: se os leitores lêem
reconhecem as letras isoladamente e as paralvras familiares e não lêem ou têm
palavras globalmente, mas não conseguem dificuldade na leitura de pseudopalavras, e
identificar as letras quando inseridas numa confundem as palavras ortograficamente
palavra; similares;
• Dislexia visual: os erros são do tipo visual • Dislexia superficial: se os leitores lêem as
embora os leitores conheçam as letras palavras regulares e até as pseudopalavras,
isoladamente; mas não conseguem ler quando se ajustam
• Dislexia letra a letra: se os leitores, antes as regras de conversão grafema a fonema;
de lerem uma palavra, a soletram • Dislexia semântica: os leitores lêem a
oralmente. maioria das palavras mas não entendem o
seu significado;
• Dislexia profunda: os leitores têm
dificuldades em lerem pseudopalavras e
acederem o seu significado.

Adapt. Lopes (1999: 158)

Características da Criança Disléxica


De acordo com Rebelo (1988), os problemas que as crianças disléxicas
apresentam situam-se ao nível do desenvolvimento cognitivo. Existem sintomas de
motricidade, percepções espaciais inexactas, hiperactividade e sintomas de
impulsividade.
Para diversos autores, os disléxicos revelam atraso de desenvolvimento de
sensório motricidade, da linguagem, essencialmente na percepção auditiva e das funções
intermodais, existindo ainda outros que consideram que os disléxicos têm um distúrbio
na aquisição da linguagem, determinado geneticamente. Contudo, Rebelo (1988),
afirma que os disléxicos têm inteligência normal, não conseguindo sim obterem
resultados escolares suficientes na leitura e na escrita, consequentemente.

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Lopes (2001) e Baroja et al. (2002), afirmam que as crianças disléxicas
apresentam uma série de características comuns que se projectam, por um lado, na sua
maneira de ser – características de conduta – e, por outro lado, nas suas realizações
escolares – características escolares.
✓ Inversão de letras na leitura e na escrita;
✓ Omissão de palavras na leitura e na escrita;
✓ Dificuldade em transformar letras em sons e em palavras;
✓ Dificuldade em recuperar da memória sons e letras;
✓ Dificuldade em usar sons para criar palavras;
✓ Dificuldade em compreender o significado, a partir de letras e sons.
O aluno disléxico pode apresentar as seguintes características e
comportamentos em sala de aula:
✓ Recusa de situações e actividades que exigem a leitura e a escrita, devido ao seu
receio de fracassar;
✓ Sentimento de tristeza e de auto-culpabilização, podendo apresentar uma atitude
depressiva perante as suas dificuldades;
✓ Sentimento de insegurança e de vergonha como resultado do seu sucesssivo
fracasso;
✓ Sentimento da incapacidade, inferioridade e de frustração por não conseguir
superar as suas dificuldades e por ser sucessivamente comparado com os seus
pares;
✓ Ansiedade perante situações de avaliação ou perante actividades que impliquem
a utilização da leitura e da escrita;
✓ Fadiga devido ao empenho na superação das dificuldades, sendo que a fadiga
provoca uma maior instabilidade na concentração;
✓ Dificuldades de concentração da atenção;
✓ Desinteresse e cansaço nas actividades de escrita.

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Diagnóstico De Dislexia
Tal como afirma Fonseca (1980), o diagnóstico não pode contribuir para que
haja concorrência competitiva entre especialistas nem a falta de uma linguagem
interdisciplinar, pois acima de tudo está em causa a dignidade da pessoa humana. Este,
nunca se deverá afastar do pensamento educacional, que lhe dá coerência e sentido.
Frequentemente, a dislexia é confundida com outros problemas de adaptação
escolar, essencialmente com os de atraso de desenvolvimento e/ou desmotivação para as
tarefas escolares. Isto resulta de uma visão superficial da problemática da criança, onde
não assumem relevância as causas que motivam essa falta de rendimento escolar, a par
de uma atitude passiva, onde se espera que, à medida que a criança se desenvolve física
e psicologicamente, resolva, espontaneamente, tais dificuldades. Perante tudo isto, há
necessidade de fazer um diagnóstico psicopedagógico a todas as crianças que revelam
qualquer tipo de dificuldade escolar, na tentativa de descobrir as causas que a originam
e, orientar cada um segundo os seus problemas específicos (Baroja et al., 2002).
Baroja et al, (2002), consideram que um bom diagnóstico deve contar com uma
série de dados proporcionados por uma rigorosa avaliação psicológica e pedagógica.
Segundo os mesmos autores, é extremamente importante que o professor tenha
conhecimento de todo o historial da criança no que diz respeito à sua evolução e
adaptação nos variados contextos, para que possa perceber, mais objectivamente, qual o
problema da criança. Tais informações deverão ser fornecidas pela família e pelos
contextos educativos por onde a criança já passou e recai sobre a opinião que o mesmo
ou os mesmos têm acerca:
✓ Da integração da criança no grupo: sociabilidade, aceitação na turma, no recreio,
nas actividades lúdicas;
✓ Da existência de determinado tipo de comportamentos: falta de atenção,
instabilidade,
apatia, desorganização, desnível entre uns trabalhos;
✓ Da história escolar: que abarcará não só a assiduidade da criança à escola, bem
como
as mudanças de escola e a idade em que começou a frequentá-la.

Já para Hennigh (2003), o apoio dos pais é indispensável, pois o que acontece
em casa pode influenciar a vida escolar da criança.

13
Neste sentido, a autora sugere que os pais devem estar o mais atento possível
aos seus filhos e fazerem anotações específicas quando observam a criança. Porque a
dislexia é uma problemática demasiado complexa, ela requer uma equipa
multidisciplinar, isto é, um trabalho conjunto de vários especialistas – professor da
turma, professor especializado da Educação Especial, psicólogos, neurologistas,
terapeutas, técnicos de serviço social que permita a formulação de um diagnóstico
fiável, para a elaboração de um programa educativo adequado às suas características
(Correia, 2005; Ferreira, 2006). A formulação do diagnóstico da dislexia requer, assim,
a conjugação de esforços de uma equipa interdisciplinar. O conhecimento do professor
sobre o aluno não é suficiente se não houver a aplicação de testes adequados e
administrados por profissionais competentes para a comprovação da problemática
(Ferreira, 2006; Hennigh, 2003).

O PAPEL DO PROFESSOR
De acordo com Hennigh (2003), o professor deve ser visto como um orientador
e um facilitador. Este papel do professor consiste em, mantendo um ambiente
estimulante e de apoio, orientar a criança na aprendizagem da descoberta da auto
compreensão, bem como do significado subjacente a cada exercício. O professor,
especialmente quando prepara o leitor com dislexia, trabalha formas de desempenhar
tarefas não familiares, ou que constituem um desafio e que envolvam o uso do código
linguístico. O professor competente que prepare as crianças nesse sentido, desenvolverá
e oferecerá aos alunos estratégias opcionais que promovem o seu sucesso, em vez de os
culpar por não serem bem-sucedidos com a estratégia que seleccionou.
Quando recebem um aluno disléxico nas suas salas de aula, muitos professores
centram-se instintivamente na causa das dificuldades de leitura que este apresenta.
Muitas pessoas associam a dislexia a uma doença que implica que a criança não é
inteligente ou que é incapaz de aprender. Pelo contrário, uma criança que apresenta
padrões de leitura típicos da dislexia pode revelar uma capacidade intelectual normal
ou, por vezes, elevada. A criança é capaz de aprender, apesar de as estratégias
tradicionais poderem não funcionar (Richardson, 1989, in Hennigh, 2003).

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Como Pode O Professor Ajudar A Criança Disléxica:
Iniciativas como:
✓ Sentar a criança num lugar próximo do professor ou de um colega que a possa
apoiar;
✓ Ficar atento a aspectos relacionados com a sua atenção, aotoconfiança e
autoestima;
✓ Promover situações de aprendizagens em que a criança participe ativamente na
vida do grupo;
✓ Colocar a criança junto de um colega que apresente maior rendimento escolar e
que tenha uma visão positiva da aprendizagem;
✓ Implementar modalidades de trabalho a pares (Tutoriais previamente
combinadas). O professor deve ter em conta os colegas que vão assumir o papel
de tutor e prepará-los para o desempenho desse papel;
✓ Cuidar as críticas e os modos como dar o feedbak as crianças, não marcando o
erro. Incentivar a criança.

Vantagens para a criança


✓ Promoção da auto-confiança e segurança da criança. Esta sente-se mais
confortável para esclarecer dúvidas e pode diminuir, gradualmente, os níveis de
ansiedade que sente;
✓ Oportunidade para seguir, com os colegas, padrões de leitura e escrita correcto
com os colegas;
✓ Experiência de situações de aprendizagem bem sucedidadas;
✓ Experiências de aprendizagem mais seguras, menos frustração e ansiedade;
✓ Incremento da segurança e da motivação.

15
CONCLUSÃO
Para os disléxicos, o segredo da leitura é um mistério. Eles não compreendem o
motivo pelo qual se torna tão difícil converter os sons em letras, as letras em sílabas e as
sílabas em palavras. Também se sentem frustrados quando, por força de trabalho árduo,
apesar de terem conhecimento das regras da língua, continuam a cometer erros de
omissão, inversão ou supressão.
Reforça-se a chamada de atenção para a importância do papel do professor
como um elemento fundamental neste processo e na promoção de adequadas
competências de aprendizagem. Do mesmo modo para a importância das interacções e
experiências no contexto de sala de aula, quer na perspectiva individual, como
cooperativa e colaborativa que influenciam a forma como o aluno aprende e dar sentido
às suas aprendizagens. O recurso à actividade lúdica (Jogos e brincadeiras) pode
desempenhar um papel crucial no desenvolvimento global de competências desses tipos
de alunos.
Finalmente destaca-se a importância de um trabalho conjunto de modo a que
exista um reforço das estratégias que o professor utiliza na escola ou estratégias que os
pais utilizam em casa. É do mesmo modo importante que ambas as partes se mantenham
actualizadas em relação ao progresso e às dificuldades da criança, tanto em casa como
na escola e sempre que possível com apoio técnicos especializados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Baroja, F.et al. (2002).La deslexia origen,diagnóstico y recuperacion. Madrid.
CEPE, S.L.
Cruz, V. (1999). Dificuldade de aprendizagem-fundamentos. Porto editora.
Porto.
Correia, L. (2008). Dificuldades aprendizagem específicas: Contributos para
uma definição portuguesa. Porto editora.
Duarte, J. & Matias, N. (2018). Manual de Educação Especial para professores
do ensino primário. Luanda.
Hennig, P. (2005). Compreender a dislexia.Porto editora.
Lopes, M. (2001). Dificuldades específicas na leitura e escrita: A deslexia.
Sonhar,VIII.2.
Teles, P. (2004). Dislexia: Como identificar, como intervir. Revista portuguesa
de clínica geral. Lisboa.
Rebelo, J. (1988). Disléxicos e aprendizagem da leitura .Revista portuguesa da
pedagogia XXII, 39-63.

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