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E PESQUISA – CESAP
SALVADOR
2019
VERA LÚCIA AZEVEDO SIMÕES
SALVADOR
2019
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 04
9. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 19
ANEXOS ....................................................................................................................................... 21
RESUMO
O tema proposto neste artigo buscou conhecer como acontece a inclusão de alunos que mesmo
apresentando acentuada Dificuldade de Aprendizagens Específicas - DAE's não apresentam laudo
médico que comprovem seu diagnóstico no momento da matrícula na rede pública de ensino.
Estudar e aprofundar-se na temática abordada nesse trabalho é de suma importância para que
psicopedagogos e docentes saibam como lidar no dia a dia com as dificuldades desses alunos. O
objetivo de estudo foi a reflexão para um olhar atento do psicopedagogo, assim como do docente
para que estes possam perceber qual a real necessidade daquele aluno que apresenta um possível
diagnóstico de dificuldade de aprendizagem específica dentro do ambiente escolar. A metodologia
utilizada foi a pesquisa bibliográfica, bem como a pesquisa qualitativa onde teve a participação de
70 (setenta) professores atuantes de escolas públicas que responderam uma pesquisa na plataforma
do Google Forms e que ajudou muito na realização desse artigo. O laudo médico apesar de não ser
exigência para a matrícula, segundo o MEC, faz-se necessário para atender algumas especificidades
no que diz respeito ao Atendimento Educacional Especializado, assim como pressuposto para que
a gestão escolar possa solicitar Auxiliar de Desenvolvimento Infantil para dar apoio ao aluno com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
matriculados nas classes comuns das escolas públicas.
ABSTRACT
The theme proposed in this article sought to know how the inclusion of students happens that even
with a marked Specific Learning Difficulty - SLD do not present a medical report that proves their
diagnosis at the time of enrollment in the public school system. Studying and deepening the theme
addressed in this work is of paramount importance so that psychopedagogists and teachers know
how to deal with the difficulties of these students on a daily basis. The objective of the study was to
reflect on the psychopedagogue's attention, as well as the teacher, so that they can understand the
real need of that student who presents a possible diagnosis of specific learning difficulties within
the school environment. The methodology used was bibliographic research, as well as qualitative
research, in which 70 (seventy) public school teachers participated, who answered a survey on the
Google Forms platform and which helped a lot in the realization of this article. The medical report,
despite not being a requirement for enrollment, according to the MEC, is necessary to meet some
specificities with regard to Specialized Educational Assistance, as well as an assumption for school
management to request Child Development Assistants to provide support. to students with
disabilities, global developmental disorders and high skills or giftedness, enrolled in the common
classes of public schools.
1. INTRODUÇÃO
Muitos alunos matriculam-se nas escolas públicas e particulares todos os anos e, mesmo
tendo Dificuldades de Aprendizagens Específicas, as denominadas DAE’s, alguns não possuem
laudo médico. No entanto, as escolas precisam matricular essas crianças, pois é exigência do MEC
que toda criança em idade escolar seja matriculada, mesmo sabendo que alguns desses alunos
precisam de atendimento especial no seu processo de ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva,
procura-se nesse trabalho buscar argumentos de como um psicopedagogo e até mesmo um professor
deverá proceder diante de alunos que apresentam DAE’s e que não têm laudo médico que comprove
o seu diagnóstico.
A importância do psicopedagogo frente às dificuldades de aprendizagens específicas de
alunos matriculados sem apresentar laudo médico é algo relevante no contexto escolar. A obra do
russo psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934) pode ajudar muito na busca por estratégias
pedagógicas inclusivas. Postula o autor que o desenvolvimento de qualquer pessoa depende das
oportunidades de aprendizagem e das relações que o indivíduo estabelece. O autor defendia que os
alunos fossem encorajados a superar suas habilidades através da ZDP (Zona de Desenvolvimento
Proximal), significa que o indivíduo tem potencial, mas às vezes não atingiu ainda sua
potencialidade, podendo atingir com a ajuda de um adulto ou de uma criança mais experiente.
Já para HUDSON (2019, p.9), alguns alunos com DAE’s podem parecer capazes e
articulados, mas geralmente têm baixo rendimento em determinadas matérias ou tarefas. É por isso
que se faz necessário o estudo dessa temática, assim como a formação, dedicação e um olhar
diferenciado do psicopedagogo, dos docentes e de todos que trabalham no ambiente escolar para
com os alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem.
Sendo assim, abordaremos neste artigo as características e principais dificuldades de
aprendizagens que alguns alunos apresentam em sala de aula e que os mesmos não apresentam
Laudo Médico; o conceito de Laudo Médico e a sua exigência dentro do ambiente escolar;
Resolução do Ministério da Educação - MEC sobre Laudo Médico; atuação do psicopedagogo
diante de alunos sem laudo médico e que apresentam DAE. Ressaltando que houve a participação
de 70 (setenta) professores, atuantes de escolas públicas de Salvador e Lauro de Freitas onde
contribuíram muito para a realização desse trabalho. Essas perguntas foram disponibilizadas online
através da ferramenta Google Form, enviadas através de WhatsApp. Todas as respostas dos
participantes encontram-se no Anexo desse artigo.
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É conhecida pelo método educativo que desenvolveu e que ainda é usado hoje em escolas públicas e privadas mundo
afora. Destacou a importância da liberdade, da atividade e do estímulo para o desenvolvimento físico e mental das
crianças. Para ela, liberdade e disciplina se equilibrariam, não sendo possível conquistar uma sem a outra. Adaptou o
princípio da auto-educação, que consiste na interferência mínima dos professores, pois a aprendizagem teria como base
o espaço escolar e o material didático.
2
Em 2002, a Confederação Espanhola para Pessoas com Deficiência Mental aprovou por unanimidade uma resolução
substituindo a expressão “deficiência mental” por “deficiência intelectual”.
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de forma responsável e apresenta-lhe diversificados recursos didáticos, esse aluno poderá adquirir
excelentes desempenhos escolares.
Alunos com DAE’s podem parecer capazes e articulados, mas geralmente têm baixo
rendimento em determinadas matérias ou tarefas. Podem apresentar trabalhos escritos
abaixo do padrão esperado e serem desorganizados ou “difíceis”. Por outro lado, esses
mesmos alunos podem ser engenhosos, perspicazes, criativos e talentosos. O desafio para
os professores é possibilitar que esses jovens encontrem maneiras de contornar seus
problemas e aproveitar seus talentos.
4.1 DISLEXIA
Alunos com dislexia têm dificuldade com a linguagem escrita e, consequentemente, terá
problemas com a leitura, escrita, ortografia. Segundo Worthington (2013, apud HUDSON, p.26), a
dislexia foi definida como uma “dificuldade de interpretação da linguagem escrita em um indivíduo
que não tem deficiência visual, deficiência auditiva ou deficiência intelectual. ”
Algumas técnicas de captação de imagens do cérebro de pessoas com dislexia mostram que
as informações são processadas de maneira diferente das demais pessoas. Segundo SCHNEP (2014
apud HUDSON, 2019, p.27), crianças com Dislexia “tendem a pensar mais em imagens do que em
palavras e fazem conexões laterais rápidas”. Em geral, a dislexia é descoberta devido a discrepância
que tem o aluno entre a boa capacidade oral e seu desempenho ruim na leitura e escrita.
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4.2 DISCALCULIA
A discalculia de acordo o Department for Education and Skill em 2001 foi definida como uma
“condição que afeta a capacidade de adquirir habilidades matemáticas”. Isso significa que
indivíduos com discalculia apresentam dificuldades para realizar cálculos ou resoluções
matemáticas.
De acordo a Associação Britânica de Dislexia (apud HUDSON, 2019, pg.52), a discalculia
foi reconhecida na Inglaterra como uma dificuldade de Aprendizagem Específica (DAE) e pode ser
identificada através de exames especializados.
Segundo HUDSON (2019, p.53), a maioria dos alunos com discalculia apresenta alguns
indicadores como: a não compreensão intuitiva dos números, ele não sabe automaticamente qual é
o número maior ou menor do que outro; frequentemente contará usando os dedos; inverte números,
por exemplo, 650 ao invés de 605; pode confundir números parecidos como 3 e 8 ou 6 e 9; tem
dificuldade em arredondar números; não consegue realizar simples cálculos mentais; dados
numéricos são complicados de serem lembrados; apresenta dificuldades em aprender tabuada
principalmente a de multiplicação.
4.3 DISGRAFIA
até a forma escrever com o lápis, ou caneta parece desajeitada. O aluno demora para copiar e pode
reclamar de dor na mão.
A Associação Americana de Psiquiatria descreve a disgrafia como “habilidades de escrita que
estão substancialmente abaixo daquelas esperadas, dadas a idade do indivíduo, a inteligência medida
e a educação apropriada”. Sendo assim, certas atitudes do psicopedagogo são importantes frente ao
aluno com disgrafia. Ele pode se mostrar compreensivo, mas também deixar claro que o ato de
escrever necessita de concentração extra e deverá encontrar maneiras de contornar as dificuldades
do aluno para que ele acompanhe o restante da turma e não se sinta frustrado nem prejudicado.
4.4 DISPRAXIA
O prefixo DIS da palavra ‘dispraxia’ vem do latim e significa dificuldade. Praxia vem do
grego e significa fazer. Então a ‘dispraxia’ significa dificuldade em fazer. O indivíduo que tem
dispraxia tem dificuldade de movimento e coordenação, principalmente as habilidades do fazer com
as mãos. E um Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC), esse é outro termo para
determinar que uma pessoa tem dispraxia.
Aluno com dispraxia pode parecer desajeitado por tropeçar, derramar ou deixar coisas caírem,
ficar inquieto na aula, tem dificuldade com jogos, dificuldade para equilibrar-se, andar de bicicleta,
dançar. Geralmente isso influenciará na coordenação motora fina como: caligrafia ruim e
habilidades de desenho imaturas; lentidão para se vestir, para amarrar um cadarço, laços.
É preciso o psicopedagogo, o professor estar cientes das dificuldades genuínas do aluno.
Deixar claro para o aluno que valoriza o intelecto e a participação dele na sala de aula. Manter o
chão da sala desimpedido de mochilas no chão, livros, casacos; certificar que o aluno está ciente de
degraus ou outros obstáculos próximos à sala de aula. Ou seja, antecipar possíveis acidentes no
próprio ambiente escolar. Se o aluno estiver se sacudindo pode ser para manter o equilíbrio e obter
feedback muscular, nesse caso é benefício para o aluno deslocar-se do recinto periodicamente.
(HUDSON, 2019, p. 82-103).
4.5 TDAH
Imagem 1: neurotransmissores
Cortex Pré-Frontal
Fonte: Google
Ressaltando que o Cortex Pré-Frontal é o responsável pela inibição da impulsividade, pelo
autocontrole, pelo planejamento, pela capacidade de organização. Se essa região for afetada
acontece o transtorno de déficit de atenção e geralmente a impulsividade. É por isso que o
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Neurotransmissores são os mensageiros químicos responsáveis pelo controle do comportamento racional, lógico,
comportamental e de personalidade do indivíduo.
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psicopedagogo, os professores, a família e a sociedade de um modo geral deverá ter um olhar atento
para o indivíduo que apresenta quadro típico de TDAH.
4.6 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA
TEIXEIRA (2019, p.77) esclarece que o termo síndrome de Asperger tem sido utilizado para
um diagnóstico semelhante às deficiências do autismo, porém os indivíduos que apresentam esta
síndrome tendem a apresentar maiores habilidades linguísticas, intelectuais e de comunicação do
que os diagnosticados com TEA.
Segundo o Manual do Autismo, esse nome vem do médico pediatra vienense Hans Asperger
que identificou um grupo de meninos os quais eram mais capazes dentro do espectro do autismo.
Segundo Hans Asperger, essas crianças “apresentavam problemas comportamentais e de
comunicação, mas também uma série de habilidades; sua fala e inteligência estavam na faixa de
normal a alta”. (HUDSON, 2019 p.126).
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4
Considera-se Atendimento Educacional Especializado – AEE, segundo o Parecer CNE/CEB nº 13, o “conjunto de
atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar
ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular”
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transtornos, distúrbios. Ele com técnicas e ações apropriadas de prevenção ou correção poderá
intervir no problema sendo ele de natureza emocional, mental, social ou física.
SANTOS (2011, p. 02) postula que,
O trabalho na instituição escolar apresenta duas naturezas: O primeiro diz respeito a uma
psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que apresentam dificuldades na escola. O
seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula, possibilitando o
respeito às necessidades e ritmos. Tendo como meta desenvolver as funções cognitivas
integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a
aprendizagem dos conceitos conforme os objetivos da aprendizagem formal. O segundo
tipo de trabalho refere-se à assessoria junto a pedagogos, orientadores e professores. Tem
como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e
redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da
aprendizagem dos conceitos e as diferentes áreas do conhecimento.
Um dos grandes desafios atualmente das escolas é saber lidar com os alunos que apresentam
dificuldades na aprendizagem escolar, principalmente aqueles sem laudo médico. Se a escola não
tiver profissionais bem qualificados pode desencadear no alunado mais problemas ou agravar os já
existentes, reforçando a desmotivação, o desinteresse e outros mecanismos de defesa, como a
indisciplina, a rebeldia ou a agressão que eles utilizam como álibi para justificar a dificuldade no
processo de aprendizagem.
A Coordenadora de Inclusão Educacional e Transversalidade da SMED, Jaqueline Araújo,
explica em uma palestra que é necessário que o professor, o psicopedagogo “olhem para as
potencialidades das pessoas com deficiência, no sentido de fortalecer a cultura de inclusão em nosso
cotidiano”. O psicopedagogo quando adota esse olhar diferenciado ele consegue distinguir que o
foco da sua atenção não são apenas as dificuldades de aprendizagem do alunado, mas o processo de
aprendizagem em sua totalidade, e se tiver algo que atrapalhe esse processo ele saberá identificar e
intervir, buscando sempre uma maneira que deixe o aluno se sentir mais confiante.
O psicopedagogo precisa ter um olhar atento não apenas para o aluno que possui um laudo
médico, visto que esse já está assistido e terá amparo dos professores, mas principalmente para
aquele que tem DAE e é cobrado, persuadido a fazer atividades como se fosse um aluno normal,
justamente por não apresentar laudo médico que comprovasse seu diagnóstico. Para Vygotsky (1989
apud COSTA 2006) “todas as crianças podem aprender e se desenvolver”. O autor ainda acrescenta
que mesmo a criança tendo sérias deficiências isso poderá ser compensado com ensino apropriado
e organizado que resulte em um desenvolvimento mental, ou seja, o aluno poderá alcançar a Zona
de Desenvolvimento Proximal - ZDP5. Então, isso sinaliza dizer que uma criança com dificuldade
5
Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é um conceito elaborado por Vygotsky, e define a distância entre o nível
de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda e o Nível de
desenvolvimento potencial determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em
colaboração com outro companheiro (uma criança mais velha).
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de aprendizagem específica é capaz de muito mais quando tem a assistência de outra pessoa do que
se fizesse sozinha.
Esta pesquisa teve como público alvo 70 (setenta) professores de diversas escolas e
localidades, onde responderam três perguntas, sendo duas de livre escolha dentre três alternativas e
outra subjetiva onde os professores que participaram da pesquisa opinaram de forma enriquecedora.
Essa pesquisa foi realizada no formulário online do Google Forms e encaminhada através de grupos
de WhatsApp de professores. Todas as opiniões relativas a terceira pergunta encontram-se
catalogadas no anexo deste artigo.
Seguem as perguntas e respectivas respostas calculadas em porcentagem e gráfico.
Pergunta 1
Ao perguntar ao professor para indicar a quantidade de alunos que frequenta sua sala de aula
e que apresenta notável dificuldade de aprendizagem específica, porém não tem laudo médico que
comprove seu diagnóstico, 55,7% marcou a opção ‘mais de 5 alunos por sala’; 41,4% marcou menos
de 5 alunos por sala e apenas 2,9% marcou que todos os alunos com DAE têm laudo médico.
Observa-se que a maioria dos alunos com DAE não apresenta laudo médico (55,7%). Como
vimos a LDB obedecendo a Constituição no seu artigo 208 assegura oferta obrigatória e gratuita,
inclusive a todos àqueles que não tiveram acesso na idade escolar. Ou seja, não fazendo objeções
para matriculas de alunos com alguma deficiência seja ela física, intelectual ou alguma dificuldade
de aprendizagem específica como Dislexia, Discalculia, Disgrafia, Dispraxia, TDAH, TEA,
Síndrome de Asperger, TOC. Isso significa dizer que o psicopedagogo ou professor não deverá
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ficar limitado a um diagnóstico formal, nesse caso o laudo médico, é necessário entender o processo
da dificuldade do aluno e intervir de forma profissional e sensata.
Pergunta 2
Ao perguntar ao professor entrevistado qual a principal dificuldade que o ele enfrenta diante
de alunos com Dificuldade de Aprendizagens Específicas – DAE’s que não apresentam laudo
médico, 18,6% respondeu que a dificuldade é por não ter apoio de um psicopedagogo na escola;
11,4% respondeu que sente dificuldade no processo de inclusão do aluno com DAE’s no momento
de estabelecer nota ou realização de atividades diferenciadas; apenas 1,4% acredita que a nota do
Ideb fica prejudicada, pois como esses alunos não possuem laudo médico são considerados normal,
ou seja não são computados como alunos de inclusão; já a maioria (68,6%) dos professores
responderam que todos os fatores anteriores respondidos são preponderantes para dificultar o
professor a lidar com alunos com dificuldade de aprendizagens específicas sem diagnóstico médico.
Nota-se que boa parte dos professores sentem a necessidade de ter apoio de um
psicopedagogo no ambiente escolar. Inclusive várias escolas particulares já adotam essa prática, já
a implementação de um psicopedagogo nas redes estaduais e municipais segundo o Ministério da
Educação (MEC), ocorrerá no Programa das Escolas Cívico-Militares onde a União colocará à
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disposição de governos estaduais e municipais estrutura e profissionais das Forças Armadas, sendo
que na área Didático-pedagógica haverá desenvolvendo de atividades de supervisão escolar e de
psicopedagogia. Ressaltando que a ideia do governo federal é ofertar 216 escolas cívico-militares
no país até 2023.
Pergunta 3
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados obtidos nesse trabalho, pode-se verificar o quanto é importante um
olhar atento do psicopedagogo para àqueles alunos que apresentam Dificuldade de Aprendizagem
Específica – DAE, mas que não possuem laudo médico. O resultado da pesquisa também contribuiu
muito na reflexão sobre a didática e o fazer pedagógico do profissional da educação, assim como
sobre a importância do apoio da família. Sabendo que a educação eficaz só acontece com base no
tripé: Aluno, Escola, Família; tendo o Aluno como o centro do processo ensino-aprendizagem.
Nesse contexto, espera-se que a escola proporcione ao aluno com DAE uma educação que o
torne crítico, politizado, consciente, com pensamento autônomo, que conheça seus direitos e
deveres. Para SCOZ (1998) uma das funções da aprendizagem é a função transformadora. É essa
que irá oportunizar a participação efetiva do aluno na sala de aula, influenciá-lo a ser protagonista
do seu próprio aprendizado, ter autoconfiança, aprender a conhecer sua história e valorizá-la.
Para a Coordenadora Ladjane Sousa6, existem duas situações para lidar com um aluno que
apresenta DAE: uma é burocrática e outra pedagógica. A burocrática diz respeito àquele aluno que
é acolhido por possuir um laudo médico e este tem todo suporte didático, amparado pela Secretaria
de Educação. A outra situação é unicamente pedagógica. Ou seja, àquela em que o aluno é acolhido
pela escola independente de um diagnóstico prescrito por um profissional da área da saúde. Segundo
ela, a partir do momento que o educador percebe que o aluno tem dificuldade nos conteúdos
apresentados, deverá ficar atento. O que fará a diferença é a sua didática, seu fazer pedagógico, sua
demonstração de comprometimento com aquele aluno, ressaltando que a aprendizagem não se limita
à escola, é necessário também o apoio da família no que diz respeito aos valores éticos, morais para
que a escola possa cumprir sua função social na construção do conhecimento desse aluno.
Então, com base nessas evidências nota-se que o laudo médico não é peça fundamental para
acontecer a inclusão. Se tiver um psicopedagogo institucional na escola é preciso que esse
profissional acompanhe cada caso, se proponha a ajudar o aluno, estabeleça grau de confiança e
trabalhe em parceria com o professor e também com a família desse aluno.
É necessário, sobretudo, entender a dificuldade do alunado. Nesse sentido, deverá respeitar
seu tempo, seus limites, proporcionando meios para que ele interaja com o conhecimento de forma
lúdica, com atividades diferenciadas e valorizando suas habilidades. Tudo isso com o objetivo de
minimizar as limitações causadas pela deficiência. Logo, a DAE não deve ser empecilho para o
aluno desenvolver seu potencial no que diz respeito as quatro aprendizagens fundamentais da
educação: aprender a Conhecer, aprender a Fazer, aprender a Conviver, aprender a Ser.
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Doutoranda e escritora, Ladjane Alves Sousa, é Coordenadora Pedagógica da Escola Municipal Paulo Freire.
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9. REFERÊNCIAS
BOSSA, Nádia. Dificuldade de Aprendizagem: o que são? Como tratá-las? Porto Alegre:
Artmed, 2000.
COSTA, Dóris Anita Freire. Superando limites: a contribuição de Vygotsky para a educação
especial. Rev. Psicopedag. [online]. São Paulo, 2006, v. 23, n. 72, pp.232-240. ISS 0103-8486
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n°. 9394 de dezembro de 1996. Brasília:
Congresso Nacional, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
Acesso em: 12/01/2020.
TEIXEIRA, Gustavo. Manual do autismo. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2019.
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