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Elementos de Máquinas

Elementos de Máquinas

SENAI CIMATEC®
Elementos de Máquinas

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Elementos de Máquinas

Elementos de Máquinas

Salvador
2009
Elementos de Máquinas

Copyright 2009 por SENAI DR BA. Todos os direitos reservados

Área Tecnológica de Manutenção Industrial

Elaboração: Valtércio Passos e Gilson Assis

Revisão Técnica: Derval Ubirajara Leite Lima

Revisão Pedagógica: Maria Inês de Jesus Ferreira

Normalização: Sueli Madalena Costa Negri

Catalogação na fonte (NIT – Núcleo de Informação Tecnológica)


_______________________________________________________________

SENAI- DR BA. Elementos de máquinas. Salvador, 2008.


225p .il. (Rev.01)

1. Elementos de máquinas I. Título

CDD 621.8
________________________________________________________________

SENAI CIMATEC
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Salvador – Bahia – Brasil
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APRESENTAÇÃO

Com o objetivo de apoiar e proporcionar a melhoria contínua do padrão de qualidade


e produtividade da indústria, o SENAI BA desenvolve programas de educação profissional e
superior, além de prestar serviços técnicos e tecnológicos. Essas atividades, com conteúdos
tecnológicos, são direcionadas para indústrias nos diversos segmentos, através de
programas de educação profissional, consultorias e informação tecnológica, para
profissionais da área industrial ou para pessoas que desejam profissionalizar-se visando
inserir-se no mercado de trabalho.

Este material didático foi preparado para funcionar como instrumento de consulta.
Possui informações que são aplicáveis de forma prática no dia-a-dia do profissional, e
apresenta uma linguagem simples e de fácil assimilação. É um meio que possibilita, de
forma eficiente, o aperfeiçoamento do aluno através do estudo do conteúdo apresentado no
módulo.

Por ser um material dinâmico, que merece constante atualização e melhorias, caso o
leitor encontre erros, inconsistências, falhas e omissão de algum conteúdo, favor entrar em
contato com a Área de Desenvolvimento de Produtos Industriais do SENAI CIMATEC.
Estamos sempre abertos para melhorar o nosso material didático.

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Elementos de Máquinas

SUMÁRIO
1. Introdução ...............................................7
7. Sistemas de Transmissão .................. 130
2. Elementos de Fixação ..........................10
7.1 Variador de Velocidade: ............ 130
2.1 Rebites: ........................................13 7.2 Tipos de Variadores: .................. 130
2.2 Roscas:.........................................12 7.3 Outros Sistemas de Transmissão:
2.3 Padrões de Roscas e Definições: 13 133
2.4 Parafusos, Porcas e Arruelas: .....13
2.5 Anel Elástico ...................................9
2.6 Parafuso de Potência: ....................9
2.7 Pré-carregamento dos Parafusos 10
2.8 Montagem-Torque: .......................10
2.9 Chaveta: .......................................11
3. Molas .......................................................7
3.1 Tipos de Molas: ..............................7
3.2 Materiais para Molas: .....................9
3.3 Manutenção de Molas: ...................9
4. Mancais de Deslizamento .......................7
4.1 Mancais de Deslizamento: .............7
4.2 Classificação dos mancais de
deslizamento: ..............................................7
4.3 Mancal Axial: ..................................8
4.4 Mancal Inteiriço: .............................8
4.5 Mancal Ajustável: ...........................8
4.6 Mancal Reto Bipartido: ...................8
4.7 Mancal a Gás: ................................9
4.8 Materiais para Bucha: ....................9
4.9 Formas Construtivas das Buchas: .9
4.10 Manutenção de Mancais: ...............9
5. Mancais de Rolamento ...........................7
5.1 Tipos e Seleção: .............................7
5.2 Os Tipos de Rolamentos ................7
5.3 Designação dos Rolamentos: ........9
5.4 Rolamentos Com Proteção: ...........9
5.5 Separadores ou Gaiolas:................9
5.6 Cuidados com os Rolamentos: ....10
5.7 Defeitos Comuns nos Rolamentos:
10
5.8 Manutenção em Rolamentos: ......11
5.9 Vida Útil do Rolamento:................12
5.10 Representações de Rolamentos
nos Desenhos Técnicos: ...........................12
6. Elementos de Transmissão ....................7
6.1 Descrição de alguns elementos de
transmissão .................................................8
6.2 EIXOS E ÁRVORES: .....................9
6.3 Polias e Correias: .........................12
6.4 Correntes: ...................................135
6.5 Transmissão: ..............................135
6.6 Tipos de Correntes: ....................136
6.7 Cabos: ........................................139
6.8 Engrenagens: .............................131
6.9 Acoplamento: .............................134
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Introdução 1

1. Introdução secção transversal; momento torsor (Mt);


força normal ou Axial: devido à força axial
concentrada.
Inicialmente vamos definir o que são os Resistentes: Tensão Normal (σ): devido
elementos de máquinas, as cargas às forças normais e cortantes.
atuantes nos elementos, quem são os Tensão de Cisalhamento (): devido à
elementos e para que servem. força cortante e ao momento torsor.
Os elementos de máquinas são elementos
constituintes de máquinas e equipamentos Principais esforços solicitantes:
com o objetivo de fixar ou de transmitir
movimentos. a) Tração: O esforço de tração é um tipo
Os elementos de máquinas podem ser de de esforço que atua na direção axial de
dois tipos: Móveis (Permanentes ou fixos). um elemento (barra, cabo, etc), fazendo
Os elementos de fixação são elementos com que este elemento tenha uma
presentes nas máquinas com finalidade tendência a se alongar nesta direção
de fixar partes não soldadas e ser um (direção axial), ou seja, na direção que a
canal de transmissão potência.Os mais carga atua. Devemos também notar que a
utilizados em mecânica são: rebites, tração além de atuar na direção axial,
pinos, cavilhas, parafusos, porcas, também atua perpendicularmente a
arruelas, e chavetas. secção transversal do corpo que está
Enquanto os elementos de transmissão sendo tracionado. (Figura 1)
mais utilizados são: engrenagens,
correias, correntes, rodas de atrito, roscas
e etc.
As cargas atuantes são as forças sofridas
e/ou transmitidas pelos elementos
constituintes das máquinas. A seguir
faremos um breve resumo de tais cargas.
Cargas Presentes nos Elementos de
máquinas:
Os elementos de máquinas, eixos,
engrenagens, polias, parafusos e etc,
trabalham constantemente suportando Figura 1. Esforços de tração
esforços e/ou transmitindo-os.
Existem os esforços externos que se
b) Compressão: Esforço solicitado por
dividem em: Ativos e Reativos
duas forças “F”, no entanto diferentemente
Ativos: Carga distribuída, carga
do esforço de tração as forças ocorrem
concentrada e momento estáticos de
comprimindo o elemento, produzindo um
forças;
encurtamento do material. (Figura 2)
Reativos: Reações de apoios (mancais e
vínculos).
Existem os esforços Internos que se
dividem em: Solicitantes e Resistentes
Solicitantes: Momento Fletor (M): devido
ao momento estático de forças; força
cortante (Q): devido às cargas externas
concentradas perpendiculares ao eixo da

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provocando ou tendendo provocar uma


curvatura.(Figura 5).

Figura 5. Flexão

f) Torção: Nesse caso duas forças “F”


tendem atuar no elemento em um plano
Figura 2. Esforços de compressão perpendicular ao seu eixo no intuito de
torcer cada secção reta deste.(Figura 6)
c) Flambagem: Quando a barra
comprimida é proporcionalmente muito
comprida em relação à sua secção
transversal, ocorrendo assim a flambagem
(encurvamento), graças à atuação de
duas forças “F”, que atuam no sentido de
comprimir a barra. (Figura 3)

Figura 6. Torção

Tensão admissível do material:

É a tensão máxima de trabalho para cada


material:
Na maioria das construções, essa tensão
é tomada na região elástica do material e
em função dela dimensiona-se o
Figura 3. Flambagem elemento;
Na construção de aeronaves, para evitar
problemas de peso, essa tensão é tomada
d) Cisalhamento: Duas forças grandes e na região plástica do material.
opostas “Q” atuam no sentido
perpendicular ao eixo do elemento, onde Tensão admissível para materiais dúcteis
as duas forças tendem cisalhar (cortar) o (aços) (Equação 1)
elemento.(Figura 4)
É uma relação entre a tensão de
escoamento do material (Se) e coeficiente
de segurança (n):

Equação 1. Cálculo da tensão admissível para


materiais dúcteis.
Figura 4. Cisalhamento
Se
e) Flexão: Um elemento de máquina é 
submetido à flexão quando uma força “F” n
atuar perpendicularmente ao seu eixo

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Tensão admissível para materiais frágeis


(Equação 2)
É a relação entre a tensão de ruptura do
material (Sr) e o seu coeficiente de
segurança (n):

Equação 2. Cálculo da tensão de admissão para


materiais frágeis.

Sr
 
n

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Elementos de Fixação
TIPO FUNÇÃO
2
Pino cônico Ação de centragem.

A ação de retirada do pino de furos cegos é facilitada


Pino cônico com haste roscada
por simples aperto da porca.

Requer um furo de tolerâncias rigorosas e é utilizado


Pino cilíndrico
quando são aplicadas as forças cortantes.

Apresenta elevada resistência ao corte e pode ser ou


Pino elástico pino tubular partido assentado em furos, ou com
variação de diâmetro considerável.

Serve para alinhar elementos de máquinas. A


Pino de guia distância entre os pinos deve ser bem calculada para
evitar o risco de ruptura.

serve para alinhamento, fixação e


2. Elementos de Fixação transmissão de potência. Os pinos se
diferenciam por suas características de
utilização, forma, tolerâncias
Os métodos típicos de fixação ou união de dimensionais, acabamentos superficiais,
peças incluem o uso de itens como materiais e tratamento térmico. (
parafusos, porcas, parafusos de pressão, )
parafusos de retenção, pinos, retentores Veja os exemplos abaixo.(Figura 7)
de mola, etc. Desenhos mecânicos e
trabalhos com metal, freqüentemente,
contêm instruções sobre vários métodos
de união, e a curiosidade de qualquer
pessoa interessada pode, naturalmente,
resultar na aquisição de um bom acervo
de conhecimentos a respeito dos métodos
de fixação de peças. Detalharemos a
partir de agora os principais elementos
utilizados na fixação componentes
mecânicos.

Pinos:

Os pinos têm a finalidade de alinhar ou


fixar os elementos de máquinas,
permitindo uniões mecânicas, ou seja,
uniões em que se juntam duas ou mais
peças, estabelecendo, assim, conexão
entre elas. É uma peça geralmente
cilíndrica ou cônica, oca ou maciça que

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Figura 7. Aplicação de pinos

Na Figura 7, temos um exemplo de


aplicação dos pinos.
Na parte superior, um pino alinhando uma
tampa fixada por parafuso e na parte
inferior uma alavanca fixada ao eixo
através de um pino.
Os alojamentos para pinos devem ser
calibrados com alargador que deve ser
passado de uma só vez pelas duas peças
a serem montadas (Figura 8). Esta
calibragem é dispensada quando se usa
pino estriado ou pino tubular partido
(elástico).

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Tabela 1 Classificação dos pinos

TIPO FUNÇÃO

Pino cônico Ação de centragem.

A ação de retirada do pino de furos cegos é facilitada


Pino cônico com haste roscada
por simples aperto da porca.

Requer um furo de tolerâncias rigorosas e é utilizado


Pino cilíndrico
quando são aplicadas as forças cortantes.

Apresenta elevada resistência ao corte e pode ser ou


Pino elástico pino tubular partido assentado em furos, ou com
variação de diâmetro considerável.

Serve para alinhar elementos de máquinas. A


Pino de guia distância entre os pinos deve ser bem calculada para
evitar o risco de ruptura.

Figura 8. Tipos de pinos

O principal esforço a que os pinos, de As cavilhas classificam-se conforme o tipo,


modo geral, estão sujeitos é o de norma e aplicação. (Tabela 2)
cisalhamento. Por isso, em função de Os pinos estriados, pinos entalhados, pinos
alinhar ou centrar devem estar a maior ranhurados ou, ainda, rebite entalhado são
distancia possível entre si, para chamados de cavilhas. A diferenciação entre
diminuir os esforços de corte. Quanto pinos e cavilhas leva em conta o formato dos
menor a proximidade entre os pinos, elementos e suas aplicações. Por exemplo,
maior o risco de cisalhamento e menor pinos são usados para junções de peças que
a precisão no ajuste. se articulam entre si e cavilhas são utilizadas

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em conjuntos sem articulações; nominal.A cavilha é uma peça cilíndrica,


indicando pinos com entalhes externos fabricada em aço, cuja superfície externa
na sua superfície. Esses entalhes é recebe três entalhes que formam ressaltos. A
que fazem com que o conjunto não se forma e o comprimento dos entalhes
movimente. A forma e o comprimento determinam os tipos de cavilha. Sua fixação
dos entalhes determinam os tipos de é feita diretamente no furo aberto por broca,
cavilha. (Figura 9) dispensando-se o acabamento e a precisão
do furo alargado.
Para especificar pinos e cavilhas deve-
se levar em conta seu diâmetro

Figura 9. Tipos de pinos cavilhas


Tabela 2. Classificação de cavilhas conforme, tipos , normas e aplicação

TIPO NORMA UTILIZAÇÃO


KS1 DIN 1471 Fixação e junção.
KS2 DIN 1472 Ajustagem e articulação
Fixação e junção em casos de aplicação de forças variáveis
KS3 DIN 1473
e simétricas, bordas de peças de ferro fundido.
KS4 DIN 1474 Encosto e ajustagem.
KS6 e
Ajustagem e fixação de molas e correntes.
KS7
Utilizado nos casos em que se tem necessidade de puxar a
KS9
cavilha do furo.
KS10 Fixação bilateral de molas de tração ou de eixos de roletes.
KS8 DIN 1475 Articulação de peças.
KS11 e
Fixação de eixos de roletes e manivelas.
KS12
KS4 DIN 1476 Fixação de blindagens, chapas e dobradiças sobre metal.
KS5 DIN 1477 Fixação de blindagens, chapas e dobradiças sobre metal.
Eixo de articulação de barras de estruturas, tramelas,
KS7
ganchos, roletes e polias.
Cupilha ou Contrapino:

Cupilha é um arame de secção


semicircular, dobrado de modo a
formar um corpo cilíndrico e uma
cabeça. (Figura 10)

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quando a junção deve ser estanque, é


decisiva a utilização de solda ou rebites caso,
por exemplo, de caldeiras, reservatórios e
tubos sujeitos a altas pressões.
Figura 10. Contrapino
No entanto a junção por rebite é mais
simples e menos dispendiosa do que as
Sua função principal é a de travar junções por solda e podem ser desfeitas em
outros elementos de máquinas como caso de necessidade, cortando-se a cabeça
porcas. dos rebites.
Devemos observar que o rebite compõe-se
de um corpo em forma de eixo cilíndrico e de
uma cabeça. A cabeça pode ter vários
formatos. Os rebites são elementos
fabricados em aço, alumínio, cobre ou latão,
isso dependendo muito de sua aplicação. Os
rebites são utilizados para unirem
rigidamente peças ou chapas,
principalmente, em estruturas metálicas
(como foi visto anteriormente), de
Figura 11. Utilização dos contrapinos reservatórios, caldeiras, máquinas, navios,
aviões, veículos de transportes e treliças.
As ligações realizadas com rebites podem
Nesse caso, a cupilha não entra no
ser de três tipos:
eixo, mas no próprio pino. O pino
Ligações Resistentes: Quando o objetivo
cupilhado é utilizado como eixo curto
principal é conseguir que as duas peças
para uniões articuladas ou para
ligadas transmitam os esforços e/ou resistam
suportar rodas, polias, cabos, etc.
aos mesmos, como se fossem uma única.
(Figura 11)
Ex: nas estruturas metálicas de edifícios,
pontes etc.
2.1 Rebites: Ligações Estanques: Quando se pretende
que as juntas da ligação impeçam a
As peças das estruturas metálicas são, passagem de gases ou líquidos. Ex:
usualmente, ligadas entre si por depósitos, tubulações, etc.
intermédio de rebites e soldas. Esses Ligações Resistentes e Estanques: Quando
dois tipos de junções originam se pretende que tenham simultaneamente as
estruturas de elevadas resistências em características dos dois tipos anteriores.
comparação com as junções feitas por
parafusos ou pinos. Além do mais,
dicados. Ex: construção naval,
caldeiras etc.
Tipos de rebites e suas proporções:
O quadro a seguir mostra a
classificação dos rebites em função do
formato da cabeça e seu emprego em
geral.(Tabela 3)

Tabela 3 Classificação dos rebites

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Além do quadro anterior que é bastante


figurativo, podemos falar um pouco
mais sobre alguns tipos de rebites,
como:

Rebite de Cabeça Redonda – DIN 123:


Figura 12. Rebite de cabeça redonda
Esse tipo de rebite possui maior
diâmetro (D) e maior altura (K) na
cabeça, por isso é utilizado como Rebite de Cabeça Chata ou Cabeça
vedação e força em união estanque Embutida:
como caldeiras.
Esse tipo de rebite é utilizado quando a
Rebite de Cabeça Redonda – DIN 124: superfície rebitada deve ser plana sem
saliências. Sua principal utilização está nas
Esse tipo de rebite é utilizado em construções navais e aeronáuticas. São
uniões de estruturas metálicas que menos resistentes na cabeça do que os
suportam grandes esforços (Figura 12). rebites de cabeça redonda e apresentam
vantagem de ter que escarear o furo onde
vão ser alojados.
O comprimento “L” inclui também a altura da
cabeça.(Figura 13)
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A Figura 14, mostra o excesso de material (z)


necessário para se formar a segunda cabeça
do rebite em função dos formatos da cabeça,
do comprimento útil (L) e do diâmetro do
rebite (d).

Figura 13. Rebite de cabeça chata

Devemos salientar que a fabricação de


Figura 14. Aplicação dos rebites a frio
rebites é padronizada, ou seja, segue
normas técnicas que indicam medição
da cabeça, do corpo e do comprimento Para solicitar ou comprar rebites devemos
útil dos rebites. indicar todas as especificações.
Nos quadros abaixo apresentamos as
proporções padronizadas para os Exemplo:
rebites. Os valores que aparecem na Material do Rebite: Aço 1006 -1010.
representação abaixo são constantes, Tipo de cabeça: redondo.
ou seja, nunca mudam. Diâmetro do “corpo: (1/4)’’ X (3/4)” de
comprimento útil.
Especificação de rebites:
Rebitagem:
Antes de unirmos peças ou chapas por
processo de rebitagem, devemos A denominação depende da forma da cabeça
adquirir os rebites adequados e para do rebite bruto, cabeça primitiva, e de seu
isso é necessário conhecer as diâmetro que é normalmente um milímetro
especificações, ou seja: menor que o diâmetro do furo. A cabeça
rebitada deve ser parecida com a cabeça
De que o material é feito. primitiva. O rebite golpeado, depois de
rebitado preenche totalmente o furo.
O tipo de sua cabeça. Devemos aqui salientar que o processo de
rebitagem pode ser feito por meio de dois
O diâmetro de seu corpo. processos:
Processo Manual:
O seu comprimento útil.
Esse processo de rebitagem está descrito na
O comprimento útil do rebite própria palavra como podemos ver, ou seja,
corresponde à parte do corpo que vai é um processo feito a mão. Antes de
formar a união. A parte que vai ficar iniciarmos a rebitagem manual, devemos
fora da união é chamada de sobra comprimir as duas superfícies metálicas a
necessária e vai ser usada para formar serem unidas, com o auxilio de duas
a outra cabeça do rebite. No caso de ferramentas: O contra peso, que fica sobre
rebite com cabeça escareada, a altura as chapas, e o repuxador que é uma peça de
da cabeça do rebite também faz parte aço com furo interno, na qual é introduzida a
do seu comprimento útil. O símbolo ponta saliente do rebite. Após as chapas
usado para indicar o comprimento útil serem prensadas, o rebite é martelado até
(L) e a sobra necessária (z). Na encorpar, isto é dilatar e preencher
especificação do rebite é importante totalmente o furo. Depois, através do martelo
você saber qual será o: de bola, o rebite é “boleado”, ou seja,
arredondado através de martelamento. A
O diâmetro do rebite. Figura 15 mostram o boleamento. Em
O tipo de cabeça a ser formado. seguida, o formato da segunda cabeça é feito
O modo como vai ser fixado o rebite: A por meio de outra ferramenta chamada
frio ou a quente. estampo, em cuja extremidade possui uma

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cavidade que será usada como matriz quando é usada a rebitadeira pneumática ou
para cabeça redonda. hidráulica, pois essa máquina é silenciosa,
trabalha com rapidez e permite rebitamento
mais resistente, pois o rebite preenche
totalmente o furo, sem deixar espaço.
Apesar dos benefícios da rebitagem dos
processos mecânicos, as rebitadeiras são
máquinas grandes e não trabalham em
qualquer posição.Nos casos em que é
necessário o deslocamento da pessoa e dá
máquina, é preferível o uso do martelo
Figura 15. Rebitagem manual
pneumático.

Processo Mecânico: Rebitagem a quente e a frio:

O processo mecânico é feito por meio Tanto a rebitagem manual como a mecânica
de martelo pneumático ou de pode ser feita a quente ou a frio.
rebitadeiras pneumáticas e hidráulicas.
O martelo pneumático é ligado a um Na rebitagem a quente o rebite é aquecido
compressor de ar por tubos flexíveis e por meio de forno a gás, elétricos ou
trabalha a uma pressão entre 5 Pa – 7 maçarico até atingir a cor vermelho-brilhante.
Pa, controlada pela alavanca do cabo. Depois o rebite é martelado à mão ou à
O martelo funciona por meio de um máquina, após isso ocorre o martelamento
pistão ou êmbolo que impulsiona a do rebite até atingir a forma desejada. A
ferramenta existente na sua rebitagem a quente é indicada para rebites
extremidade. Essa ferramenta é o com diâmetro superior a 6,35 mm, sendo
estampo, que dá a forma à cabeça do aplicada, especialmente, em rebites de aço.
rebite e pode ser trocado, dependendo A rebitagem a frio é feita por martelamento
da necessidade. Abaixo ilustramos, em simples, sem utilizar qualquer fonte de calor.
corte, um tipo de martelo pneumático É indicada para rebites com diâmetro de até
para rebitagem. A rebitadeira 6,3 mm, se o trabalho for à mão, e de 10 mm,
pneumática ou hidráulica funciona por se for à máquina. Na rebitagem a frio usam-
meio de pressão contínua. Essa se rebites de aço, alumínio e etc.
máquina tem forma de um C e é
constituída de duas garras, uma fixa e Exemplo de Rebitagem Manual:
outro móvel com estampos nas
extremidades.(Figura 16) Nesse exemplo, você vai ver toda a
seqüência de operação de uma rebitagem,
usando-se rebites de cabeça escareada
chata:
Prepare o material: Elimine as rebarbas dos
furos a fim de assegurar uma boa aderência
entre as chapas.
Alinhe as chapas: Se necessário, prenda as
chapas com grampos, alicates de pressão ou
morsa manual. Caso haja furos que não
coincidam, passe o alargador.
Prepare os rebites: Calcule o comprimento
do rebite de acordo com o formato da
Figura 16. Rebitagem mecânica cabeça. Se necessário, corte o rebite e
rebarbe-o.
Rebite: Inicie a rebitagem pelos extremos da
O sistema manual é utilizado para linha de rebitagem.(Figura 17)
rebitar em locais de difícil acesso ou
peças pequenas.
A rebitagem por processo mecânico
apresenta vantagens, principalmente

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e envolvidas por duas outras chapas que as


recobrem dos dois lados.
Quanto ao número de rebites que devem ser
colocados, pode-se ver que, dependendo da
largura das chapas ou do número de chapas
que recobrem a junta, é necessário colocar
uma, duas ou mais fileiras de rebites. (Figura
19(a) e (b)).

Figura 17. Rebitagem manual

Tipos de Rebitagem:
Os tipos de rebitagem variam de
acordo com a largura das chapas que Figura 19. Rebitagem de recobrimento simples (a) e
serão rebitados e o esforço que serão dupla (b)
submetidos às chapas. Temos então:

Rebitagem de recobrimento: Quanto à distribuição dos rebites, existem


Nesse tipo de rebitagem as chapas são vários fatores a considerar: O comprimento
apenas sobrepostas e rebitadas. Esse da chapa, a distância entre a borda e o rebite
tipo destina-se apenas a suportar mais próximo, o diâmetro do rebite e o passo.
esforços e é empregado na fabricação O passo é a distância entre os eixos dos
de vigas e estruturas metálicas. (Figura rebites de uma mesma fileira. É importante
18)
ressaltar que o passo deve ser bem
calculado para evitar o empenamento das
chapas.
No caso de junção que necessitem de uma
boa vedação, o passo deve ser calculado em
duas vezes e meia ou três vezes o diâmetro
do corpo do rebite. A distância entre os
rebites e as bordas das chapas deve ser
Figura 18. Rebitagem de recobrimento igual a pelo menos uma vez e meia o
diâmetro do corpo dos rebites mais próximos
a essa borda. (Figura 20)

Rebitagem de recobrimento simples:

É destinada a suportar esforços e


permitir fechamento ou vedação. É
empregada na construção de caldeiras
a vapor e recipientes de ar comprimido.
Nessa rebitagem as chapas se
justapõem e sobre elas estende-se
outra chapa para cobri-las Figura 18.
Figura 20. Fileiras de rebites
Rebitagem de recobrimento duplo:
Cálculo para rebitagem:
Usada unicamente para uma perfeita
vedação. É empregada na construção
Para rebitar, é preciso escolher o rebite em
de chaminés e recipientes de gás para
função da espessura da chapa que se deseja
iluminação. As chapas são justapostas

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fixar, do diâmetro do furo e do Σ S = somatório das espessuras das chapas.


comprimento excedente do rebite, que
vai formar a segunda cabeça. Observe Para rebites de cabeça redonda e cilíndrica,
abaixo os passos utilizados para fazer temos:(Equação 6)
esses cálculos.
Cálculo do diâmetro do rebite: A Equação 6. Cálculo do comprimento para rebites de
escolha do rebite é feita de acordo com cabeça redonda e cilíndrica
a espessura da chapa que se quer
rebitar. A prática recomenda é que se
considere a chapa de menor espessura
L  1,5.d   S
e se multiplique esse valor por 1,5,
segundo a fórmula: (Equação 3) Para rebites de cabeça escareada Temos:
Consideramos Y = 1,0 , logo a fórmula é
Equação 3. Cálculo do diâmetro do rebite dada pela Fórmula (Equação 7)

Equação 7. Cálculo do comprimento para cabeça


d  1,5.  S escareada

Onde: L  1,0.d   S
d = diâmetro;
< S = menor espessura de chapa;
1,5 = constante ou valor
predeterminado.
Cálculo do diâmetro do furo: O
diâmetro do furo pode ser calculado
multiplicando-se o diâmetro do rebite
pela constante 1,06. A fórmula é
apresentada na equação: (Equação 4) Figura 21. Exemplos de rebites de cabeça escareada
Equação 4. Cálculo do diâmetro do furo (b) e redonda (a)

Defeitos de Rebitagem:
dF  1,06.dR
Os principais defeitos de rebitagem são
devidos, geralmente, ao mau preparo das
chapas a serem unidas e à má execução das
Onde: operações nas fases de rebitagem.
Os defeitos causados pelo mau preparo das
dF = diâmetro do furo; chapas são:
dR = diâmetro do rebite; Furo fora de eixo, formando degraus: Esse
1,06 = constante ou valor permitido. problema diminui a resistência do corpo.
Chapas mal encostada: Nesse caso, o corpo
Cálculo do comprimento útil do rebite: do rebite preenche o vão existente entre as
O cálculo desse comprimento é feito chapas, encunhando-se entre elas. Isso
por meio da seguinte fórmula:(Equação produz um engrossamento da secção do
5) corpo do rebite, reduzindo sua resistência.
Diâmetro do furo muito maior em relação ao
Equação 5. Cálculo do comprimento do rebite diâmetro do rebite, faz o rebite assumir um
eixo inclinado, que reduz muito a pressão do
L  Y .d   S aperto.
Os defeitos causados pela má execução das
Onde: diversas operações e fases de rebitagem
L = comprimento útil do rebite; são:
Y = constante determinada pelo Aquecimento excessivo do rebite: Com isso
formato da cabeça do rebite; as características físicas do rebite são
d = diâmetro do rebite; alteradas, pois após esfriar, o rebite contrai-
se e então a folga aumenta. Se a folga

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aumentar, ocorrerá o deslizamento das


chapas.
Rebitagem descentralizada: A cabeça
do rebite fica fora do eixo em relação
ao corpo e em relação
à primeira cabeça. Com isso ele perde
a capacidade de apertar as chapas.
Mal uso de ferramentas para fazer a
cabeça: Com isso a cabeça do rebite
apresenta irregularidades como
rebarbas e rachaduras.
O comprimento do corpo do rebite é
pequeno em relação à espessura da Figura 23. Exemplo de utilização de roscas
chapa: Nessa situação o material
disponível para rebitar a segunda Passo (P) é a distância entre pontos
cabeça não é suficiente e ela fica correspondentes de filetes adjacentes,
incompleta, com uma superfície plana. medida paralelamente ao eixo da
rosca.(Figura 24)
Eliminação dos defeitos: Diâmetro maior ou nominal d é o maior
diâmetro da parte roscada.
Para eliminação dos defeitos devemos Diâmetro menor ou de raiz dr é o menor
remover a cabeça do rebite. Isso pode diâmetro da parte roscada.
ser feito por três processos: como Diâmetro médio dm é a média dos diâmetros
talhadeira, lima e esmerilhadeira. maior e menor.
Ângulo de hélice β.
2.2 Roscas:

Rosca é uma saliência de perfil


constante, helicoidal, que se
desenvolve de forma uniforme, externa
ou internamente, ao redor de uma
superfície cilíndrica ou cônica. Essa
saliência é denominada filete. As
roscas podem ser internas ou externas.
As roscas internas encontram-se no
interior das porcas. As roscas externas
se localizam no corpo dos
parafusos.(Figura 22) Figura 24. Parâmetros das roscas

Os filetes das roscas apresentam vários


perfis. Esses perfis, sempre uniformes, dão
nome às roscas e condicionam sua
aplicação.
Triangular: É o mais comum. Utilizado em
Figura 22. Roscas internas e internas parafusos e porcas de fixação, uniões e
tubos.(Figura 25)
s roscas permitem a união e
desmontagem de peças, como
também, movimento de peças. O
parafuso que movimenta a mandíbula
móvel da morsa é um exemplo de
movimento de peças.(Figura 23)
Figura 25. Rosca triangular

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Elementos de Máquinas

Trapezoidal: Empregado em órgãos


de comando das máquinas operatrizes
(para transmissão de movimento suave
e uniforme), fusos e prensas de
estampar (balancins mecânicos).(Figura
26)

Figura 26. Rosca trapezoidal

Figura 29. Sentido de rosqueamento


Redondo: Empregado em parafusos
de grandes diâmetros e que devem 2.3 Padrões de Roscas e Definições:
suportar grandes esforços, geralmente
em componentes ferroviários. È Roscas Triangulares:
empregado também em lâmpadas e As roscas triangulares classificam-se,
fusíveis pela facilidade na segundo o seu perfil, em três tipos:
estampagem.(Figura 27) Rosca Métrica; Rosca Americana; e
Rosca Whitworth;
Para nosso estudo, vamos detalhar apenas
três tipos: a Métrica, a Americana e a
Whitworth.

Rosca métrica de perfil triangular ISO ABNT


Figura 27. Rosca redonda – NB97:

Dente de serra: Usado quando a força A rosca métrica fina, num determinado
de solicitação é muito grande em um só comprimento, possui maior número de filetes
sentido (morsas, macacos, pinças para do que a rosca normal. Permite melhor
tornos e fresadoras).(Figura 28) fixação da rosca, evitando afrouxamento do
parafuso, em caso de vibração de máquinas.
Exemplo: em veículos.
A fórmula para confecção das roscas
Whitworth normal e fina é a mesma. Apenas
variam os números de filetes por polegada.
Utilizando as fórmulas anteriores, você
obterá os valores para cada elemento da
Figura 28. Rosca dente de serra rosca.

Sentido de direção da rosca: 2.4 Parafusos, Porcas e Arruelas:


Dependendo da inclinação dos filetes
em relação ao eixo do parafuso, as Os parafusos são formados por um corpo
roscas ainda podem ser direitas e cilíndrico roscado, que pode ter vários
esquerdas. formatos e suas dimensões normalizadas.
Na rosca à direita, o filete sobe da Segundo as normas, os parafusos se
direita para a esquerda. diferenciam pela rosca, forma de cabeça,
Na rosca esquerda, o filete sobe da haste e forma de aciona mento.
esquerda para a direita.(Figura 29) Havendo necessidade de travar elementos,
usa-se parafuso sem cabeça com pontas
adequadas ao trabalho a que se destinam.
Quando o parafuso está sujeito a forças de
serviço severas como, por exemplo: pressão
de vapor, gases ou líquidos, a união é feita

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através de parafusos com haste (ou A força de aperto resulta da tensão do


colo) de dilatação. Esse elemento parafuso ao ser apertado. A tensão
absorve muito bem as forças produzida tem de ser superior às forças
pulsatórias, por isso é bastante opostas a ela durante o funcionamento. A
usado em motores de combustão tensão resultante chama-se tensão inicial.
interna.
A vantagem em usar um parafuso com Comportamento dos Parafusos:
haste de dilatação é que, nas situações
citadas, distribui-se a tensão por toda a Ao se apertar um parafuso a tensão aumenta
haste. Enquanto num parafuso comum continuamente até certo ponto. Continuando-
a tensão se concentra no final da se a apertá-lo nota-se uma diminuição
rosca. Segundo norma DIN o diâmetro progressiva da tensão até ocorrer o
da haste deve ser 10% menor que o rompimento.
diâmetro do fundo da rosca, e entre o Na zona de tensão progressiva o parafuso
diâmetro maior da rosca e o diâmetro deforma-se elasticamente. Deformado, sua
da haste é necessário um ângulo de tendência é voltar ao comprimento inicial,
20°. não podendo fazê-lo, devido às peças de
As uniões roscadas sujeitas à união, exerce a força de aperto.Continuando-
solicitação transversal necessitam de se a apertá-lo provocam-se deformações
recursos adicionais para proteger o plásticas, isto é, o parafuso mantém seu
parafuso contra o cisalhamento e comprimento deformado, mesmo após
manter a posição das partes. cessar o esforço de tração. Um parafuso
apertado dessa forma não possui força de
Porcas: aperto ou tensão inicial.
A forma de se ter um aperto adequado é
As porcas têm normalmente forma manter a deformação dentro da zona
prismática ou cilíndricas, com um furo elástica. Quer dizer, dentro do limite de
roscado, por onde entra o elasticidade do material de que é fabricado o
parafuso.(Figura 30) parafuso.
Em geral, os parafusos são apertados com
chaves comuns, o que gera uma das
seguintes situações:
Os parafusos pequenos (até 12mm) ficam
demasiadamente apertados;
Os parafusos grandes (acima de 12mm)
ficam pouco apertados;
Os parafusos ficam adequadamente
apertados devido à habilidade do mecânico.
Para evitar estas variações e obter um
trabalho seguro devem-se usar ferramentas
Figura 30. Porcas indicadoras de aperto e seguir as
especificações do fabricante da máquina ou
Exceção a essa regra é a porca cega equipamento.
onde à altura é 0,8 do diâmetro nominal Ferramentas Indicadoras de Aperto:
da rosca e porcas para pequenos
esforços em que a altura é 0,5 do Tipos Especificados de Aperto:
diâmetro nominal.
Especificado por torção (torque) em libras por
Utilização das Roscas: polegadas, Kg.cm,lb.pé.N.m ou Kg.m – é
importante verificar se a tração é dado para
As roscas fazem parte dos parafusos e parafuso seco ou lubrificado. Em caso da
porcas que são elementos de união falta de especificação do lubrificante, usar
com fechamento de forças, isto é, graxa com bissulfeto de molibdênio (Molikote
caracterizados pelo aperto de uma G);
peça sobre a outra, criando uma área Especificado por fração de volta - isto é,
de grande atrito. encosta-se o parafuso até eliminar toda a
folga e dá-se mais uma fração de volta,

14
Elementos de Máquinas

exemplo 90 ou 120°, conforme óleos nos furos cegos a fim de evitar o


especificação do fabricante. Esse travamento hidráulico;
procedimento elimina a influência do Encostar todos os parafusos antes de apertar
coeficiente de atrito que varia entre o primeiro;
0,15µ e 0,25 µ a seco e entre 0,11 µ e Apertar os parafusos evitando deformações e
0,19 µ com lubrificante; desalinhamentos.
Especificado pela medição do A Tabela 4 mostra seqüências adequadas de
comprimento que aumenta com o aperto. Deve-se observar ainda que os
aperto -para isso a cabeça e a ponta parafusos que estão sujeitos a forte
devem ter bom acabamento.Mede-se o solicitação de trabalho em altas temperaturas
parafuso precisam ser reapertados a estas
antes de colocá-lo e aperta-se até temperaturas.
atingir o comprimento especificado pelo
fabricante ou, na falta deste, usar 0,2%
do comprimento.

Comportamento das Porcas:

A porca como um todo sofre


compressão e seus filetes sofrem
tração, flexão e esforços de
cisalhamento. Esforços estes que não
estão uniformemente distribuídos por
todas as voltas do filete. Em formas
normais de porcas, a primeira volta
absorve aproximadamente 1/3 do
esforço total.
A resistência ao cisalhamento e à
flexão é de 20 a 35% maior nos filetes
da porca do que nos filetes do
parafuso. Por isso encontramos, com
freqüência, porcas feitas com materiais
de menor resistência do que o material
do parafuso.

Montagem com Parafusos:

Na montagem, usando parafusos,


deve-se considerar a resistência do
parafuso e das peças fixadas por ele.
Também se deve ter à mão os manuais
de serviços das máquinas que
fornecem a seqüência de operações e
os torques. Na falta destes dados
procede-se do seguinte modo:
A fim de reutilizar um parafuso, deve-se
examiná-lo quanto a trincas, planeza,
estado da rosca, estado da cabeça e
esquadro entre corpo e cabeça. Não é
aconselhável tentar recuperar
parafusos ou porcas danificadas;
Limpar e examinar os alojamentos dos
parafusos (corpo da máquina ou
porca). Repassar a rosca com macho
condizente para eliminar
rebarbas ou impurezas no fundo dos
filetes. Limpar novamente e não deixar

15
Elementos de Máquinas

Tabela 4 Aperto de parafusos e porcas

Danos Típicos em Roscas: do parafuso, em diâmetro inferior ao do


núcleo da rosca.
Quebra do parafuso; Cisalhamento ou O extrator é constituído de aço-liga especial
arrancamento da cabeça. e possui uma rosca dente-de-serra, múltipla,
Neste caso, para extrair a parte cônica e à esquerda. Geralmente, é
restante improvisa-se um alojamento encontrado em jogos para vários diâmetros
para chave de boca fixa; ou usa-se diferentes.
extrator apropriado para casos em que
a quebra tenha se dado no mesmo Rosca Interna Danificada:
plano que a superfície da peça.
A seqüência para o uso do extrator, o
qual requer apenas um furo, no centro
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Há várias maneiras de consertar uma


rosca interna avariada, a melhor
geralmente é a colocação de um
inserto.
Quando a parede for suficiente, o furo
deve ser alargado e roscado.Em
seguida, coloca-se no furo um pino
roscado, que deve ser faceado e fixado
por solda ou chaveta. A última
operação é furá-lo e roscá-lo com a
medida original.

Tensão Inicial Aparente:

Existem duas situações onde o


mecânico aplica o momento de torção
correto e o equipamento apresenta
falhas no aperto com pouco uso.
Atrito excessivo - causado por erros de
forma e posição, falta de lubrificação e
asperezas nas superfícies de
deslizamento. Esses
fatores farão com que boa parte do Figura 31. Desalinhamento
torque aplicado seja empregada para
vencer o atrito em questão. Logo, isto
não permitirá que a tensão no parafuso
atinja a zona elástica. Com isso,
Identificação Normalizada:
teremos uma tensão inicial apenas
aparente.
Identificação segundo DIN 267:
Desalinhamento (principalmente em
Ela é feita por dois algarismos no parafuso e
prisioneiros) - causado por furo roscado
um na porca. O primeiro algarismo
oblíquo. Neste caso, uma parte
multiplicado por 100, fornece a resistência à
importante do momento de torção é
tração do material. Multiplicando por 10, o
absorvida pela deformação forçada no
produto do primeiro pelo segundo obtemos o
prisioneiro e pela deformação no
limite de escoamento do material. Nas porcas
assentamento oblíquo da porca. Deste
aparece apenas o algarismo indicador da
modo, apesar de o valor do momento
resistência à tração.
de torção estar correto, a tensão inicial
é puramente aparente; pois, o parafuso
Identificação segundo SAE J429:
deformou-se, ao ser apertado, mas não
se alongou elasticamente.(Figura 31)
Ela é feita por marcas na cabeça do parafuso
e na porca.

Arruelas:

As arruelas têm a função de distribuir


uniformemente a força de aperto entre a
porca/parafuso e as partes montadas.
Durante o funcionamento de um mecanismo,
as vibrações, os esforços e os atritos tendem
a desapertar as peças roscadas. Devido a
isso, muitos tipos de arruelas têm, também, a
função de elemento de trava.

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Elementos de Máquinas

2.5 Anel Elástico A dureza do anel deve ser compatível com os


elementos que trabalham com ele.
É um elemento usado para impedir o A uniformidade da pressão em volta da
deslocamento axial, posicionar ou canaleta assegura a aderência e resistência.
limitar o curso de uma peça deslizante O anel nunca deve estar solto, mas alojado
sobre um eixo. È conhecido, também, no fundo da canaleta com certa pressão.
por anel de retenção, de trava ou de A superfície do anel deve estar livre de
segurança. rebarbas, fissuras e oxidações.
Fabricado de aço para molas, tem a Em aplicações sujeitas à corrosão, os anéis
forma de anel incompleto, que se aloja devem receber tratamento anti-corrosivo
em um canal circular construído adequado.
conforme normalização.(Figura 32) Em caso de anéis de secção circular, utilizá-
los unicamente ou uma vez.
Utilizar ferramentas adequadas para evitar
entortamentos e esforços exagerados.
Montar o anel com a abertura apontando
para os esforços menores, quando possível.
Nunca substituir um anel normalizado pelo
“equivalente" feito de chapa ou arame sem
os mesmos critérios.

2.6 Parafuso de Potência:

O parafuso de potência é um dispositivo


usado em máquinas para transformar o
movimento angular em movimento linear e,
usualmente, para transmitir potência. São
aplicações familiares do parafuso de
potência: o fuso do torno, o parafuso para
torno de bancada, os parafusos para prensas
e macacos.
A Figura 33 mostra uma representação
esquemática da aplicação de parafusos de
potência em uma prensa. Aplica-se um
Figura 32. Tipos de anéis torque T às extremidades dos parafusos por
meio de um par engrenagens; o cabeçote da
Dados para manutenção dos anéis: prensa é acionado, movimentando-se para
baixo ou para cima a depender do que se
Falhas dos anéis elásticos: As falhas queira.
dos anéis podem ocorrer devido a
defeitos de fabricação ou condições de
operação. No segundo caso, as causas
podem ser vibração, impacto, flexão,
alta temperatura ou atrito excessivo.
Há também o agravante de casos em
que o projeto previa esforço estático,
mas as condições de trabalho geraram
esforço dinâmico. Esta última situação
faz com que o alojamento do anel
também se danifique.

Pontos a observar na montagem: Figura 33. Aplicação de Parafusos de potência em uma


prensa
Na montagem dos anéis, alguns pontos
importantes devem ser observados:

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Quando o avanço é suficientemente


grande ou o atrito suficientemente
pequeno, de modo que a carga baixe
por si só, fazendo o parafuso girar sem
emprego de qualquer força externa, o
torque T será negativo ou nulo. Quando
se obtém um torque positivo, diz-se
que o parafuso é auto-retentor. A Figura
34 mostra um parafuso de potência com
roscas quadrada, com diâmetro médio
Figura 35. União por parafuso
dm , passo p e ângulo de hélice β,
carregado por uma força axial de
compressão.
2.8 Montagem-Torque:

Tendo aprendido que um pré-carregamento


elevado é desejável em uniões importantes,
devem-se agora considerar os meios de
assegurar que o pré-carregamento se
processe por ocasião da montagem das
peças.
Quando se pode medir com um micrômetro o
comprimento total de um parafuso montado,
pode-se determinar o alongamento do
Figura 34. Parafuso de potência com rosca parafuso devido à carga inicial de montagem
quadrada Fi. Assim, simplesmente aperta-se a porca
até o parafuso alongar de uma certa
2.7 Pré-carregamento dos quantidade. Isto assegura que o pré-
Parafusos carregamento desejado seja atingido.
O alongamento de um parafuso não pode ser
Quando se deseja uma união medido, se a extremidade roscada ficar em
desmontável, sem empregar métodos um furo cego. Em muitos casos, mesmo em
destrutivos, e que seja suficientemente montagens com porcas, é impraticável medir-
resistente para suportar as cargas se o alongamento do parafuso, devendo-se,
externas de tração, de cisalhamento ou em tais situações, estimar o torque de
a combinação delas, usar uma junta montagem necessário para estabelecer o
simplesmente aparafusada, com pré-carregamento. Dessa forma, pode-se
arruelas endurecidas, é uma boa usar uma chave com torquímetro, uma
solução. pneumática ou um método de controlar o giro
Tal união está ilustrada na Figura 35, na da porca.
qual o parafuso primeiramente é A chave com torquímetro tem mostrador que
apertado para produzir uma força inicial indica o torque aplicado.
de tração Fi, após a qual são aplicadas Com a chave pneumática, a pressão do ar é
as cargas externas de tração P e a ajustada de maneira que o aperto cesse,
carga externa de cisalhamento Fs.O quando se atinge o torque desejado; em
efeito de pré-carregamento é dar, às algumas chaves
partes, em compressão melhor pneumáticas, o ar é automaticamente
resistência à carga de tração externa e descarregado, quando se atinge o torque
aumentar o atrito entre as peças, para marcado.
resistirem melhor à carga de O método de controlar o giro da porca requer
cisalhamento. A carga de cisalhamento que, primeiramente, seja definido o
não afeta a tração final no parafuso, significado de montagem sem folga. As
podendo, portanto, ser desprezada no condições de montagem sem folga são
estudo do efeito da carga externa de atingidas com alguns impactos da chave de
tração na compressão das peças e na impacto ou por um homem usando uma
tração resultante no parafuso. chave comum. Uma vez atingidas as
condições de montagem sem folga, todo giro

10
Elementos de Máquinas

adicional desenvolverá uma tração útil


no parafuso. Neste método, deve-se
calcular um número fracionário de
voltas da porca, necessário para prover
o pré-carregamento desejado. Por
exemplo, para parafusos estruturais
pesados de cabeça sextavada, o
método estabelece que a porca deve
ser girada no mínimo 180°, a partir das
condições iniciais, sob condições
ideais. Note-se que este é também o
Figura 36. Chaveta tipo cunha
giro correto para as porcas das rodas
de um carro de passageiro.
Com algumas definições e O princípio da transmissão é pela força de
simplificações, pode-se achar no torque atrito entre as faces da chaveta e o fundo do
T para a montagem através da fórmula rasgo dos elementos, devendo haver uma
simplificada.(Equação 8) pequena folga nas laterais.(Figura 37)

Equação 8. Fórmula simplificada do torque

T =0,20Fi d
Sendo T, o torque necessário para um
pré-carregamento Fi , quando se
conhece as dimensões do parafuso. Figura 37. Princípio de transmissão de forças em
uma chaveta

Havendo folga entre os diâmetros da árvore


2.9 Chaveta: e do elemento movido, a inclinação da
chaveta provocará na montagem uma
Chaveta é um corpo prismático que determinada excentricidade, não sendo,
pode ter faces paralelas ou inclinadas, portanto aconselhado o seu emprego em
em função da grandeza do esforço e montagens precisas ou de alta rotação.(Figura
tipo de movimento que deve transmitir. 38)
È construída normalmente de aço.
A união por chaveta é um tipo de união
desmontável, que permite às árvores
transmitirem seus movimentos a outros
órgãos, tais como engrenagens e
polias.

Classificação e Características:

Chaveta de Cunha (ABNT-PB-121):


Empregada para unir elementos de
máquinas que devem girar. Pode ser
com cabeça ou sem cabeça, para
Figura 38. Folga entre o eixo e o elemento movido
facilitar sua montagem e
desmontagem. Sua inclinação é de
1:100, o que permite um ajuste firme Chaveta Encaixada (DIN 141, 490 e 6883):
entre as partes (Figura 36).
É a chaveta mais comum e sua forma
corresponde ao tipo mais simples de chaveta
de cunha. Para facilitar seu emprego, o rasgo

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da árvore é sempre mais comprido que pelo posicionamento (uma contra a outra), é
a chaveta (Figura 39). muito comum o seu emprego para
transmissão de grandes forças, e nos casos
em que o sentido de rotação se alterna (Erro!
Fonte de referência não encontrada.).

Figura 39. Chaveta encaixada

Figura 41. Chaveta tangencial


Chaveta Meia-cana (DIN 143 e 492):

Sua base é côncava (com o mesmo


raio do eixo). Sua inclinação é de Chaveta Transversal:
1:100, com ou sem cabeça. Não é
necessário rasgo na árvore, pois Aplicada em uniões de órgãos que
transmite o movimento por efeito do transmitem movimentos não só rotativos
atrito, de forma que, quando o esforço como também retilíneos alternativos (Figura
no elemento conduzido é muito grande, 41).
a chaveta desliza sobre a árvore.
Chaveta Plana (DIN 142 e 491):

É similar à chaveta encaixada, tendo,


porém, no lugar de um rasgo na árvore,
um rebaixo plano. Sua inclinação é de
1:100 com ou sem cabeça.
Seu emprego é reduzido, pois serve
somente para a transmissão de
pequenas forças (Figura 40). Figura 42. Chaveta transversal

Quando é empregada em uniões


permanentes, sua inclinação varia entre 1:25
e 1:50. Se a união necessita de montagens e
desmontagens freqüentes, a inclinação pode
ser de 1:6 a 1:15 (Figura 42).

Figura 40. Chaveta plana

Chaveta Tangencial (DIN 268 e 271):

É formada por um par de cunhas com


inclinação de 1:60 a 1:100 em cada
rasgo. São sempre utilizados duas
chavetas e os rasgos são Figura 43. Chaveta transversal simples e dupla
posicionados a 120°.
A designação tangencial é devido a sua
posição em relação ao eixo. Por isso, e

12
Elementos de Máquinas

Chaveta Paralela (DIN 269):


Tolerâncias para Chavetas:
É, normalmente, embutida e suas faces
são paralelas, sem qualquer O ajuste da chaveta deve ser feito em função
conicidade. O rasgo para o seu das características de trabalho a que vai ser
alojamento tem o seu comprimento. As submetida.
chavetas embutidas nunca têm cabeça
e sua precisão de ajuste é nas laterais, A Figura 46 mostra os três tipos mais
havendo uma pequena folga entre o comuns de ajustes e tolerâncias para
ponto mais alto da chaveta e o fundo chavetas e rasgos.
do rasgo do elemento conduzido (Figura
43).

Figura 44. Chaveta paralela

A transmissão do movimento e das


forças é feita pelo ajuste de suas faces
laterais com as do rasgo da chaveta. A Figura 46. Tolerâncias para chavetas
chaveta paralela varia quanto à forma
de seus extremos (retos ou Dados para Manutenção:
arredondados) e quanto à quantidade
de elementos de fixação à árvore. O material mais usado nas chavetas é aço
Pelo fato de a chaveta paralela com baixo teor de carbono (~ 0,2%), visto
proporcionar um ajuste preciso na que é sempre preferível uma falha na
árvore não ocorre excentricidade, chaveta ao invés de uma falha em outro
podendo, então, ser utilizada para componente mais caro.
rotações mais elevadas. Na substituição de chavetas é preciso
considerar o acabamento superficial, o ajuste
Chaveta de Disco ou Meia-lua tipo e o arredondamento dos cantos para evitar
Woodruff (DIN 496 e 6888): força de atrito excessiva. O estado dos
canais de chaveta deve estar em boas
É uma variante da chaveta paralela, condições, principalmente Quanto à chaveta
porém recebe esse nome porque sua de cunha, outros cuidados na montagem
forma corresponde a um segmento devem ser observados: uma tensão de
circular (Figura 446). aperto que não gere danos, fissuras (Figura
47(b)), ou excentricidade, deve ser feita uma
proteção da parte saliente dessas peças para
evitar acidentes.
Quando for necessário construir canais de
chavetas, as dimensões têm que ser
normalizadas e os cantos precisam ter raios
para evitar concentração de tensões (Figura
47(c)).
Figura 45. Chaveta de disco ou meia lua

É comumente empregada em eixos


cônicos por facilitar a montagem e se
adaptar à conicidade do fundo do rasgo
Figura 47. Dados para manutenção
do elemento externo.

13
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de aumentar a resistência; este procedimento


Nunca se deve aumentar a reduz a capacidade básica da árvore ou do
profundidade dos rasgos com objetivo cubo a uma carga externa.
quanto à perpendicularidade, pois além
do esforço de cisalhamento, que tende
a virá- las em sua sede, as chavetas
sofrem torção.
Eventualmente, em condições
favoráveis, pode-se trocar uma chaveta
paralela por um tipo meia-lua. Esse tipo
praticamente elimina os problemas com
torção; especialmente se o eixo for
temperado.

14
Elementos de Máquinas

Molas 3

3. Molas

São elementos elásticos de grande


importância, empregados com os
seguintes objetivos: absorver energia,
como em suspensão de automóveis; Figura 49. Molas Helicoidais
acumular energia, como em relógios;
manter elementos sob tensão
controlada, como em válvulas; medir, Barra de torção – fabricada de vergalhão
como em balanças e outros redondo ou quadrada (Figura 50). Também
instrumentos (Figura 48). submetida a um torque.

Figura 50. Barra de torção

Mola espiral - trabalha para torção. É


fabricada de arame ou fita de aço (Figura
51), enrolada em espiral plana e deforma-se
sob a aplicação de um momento torsor.(Figura
51)

Figura 48. Parâmetros principais de uma mola

As molas realizam esforços de tração,


compressão, torção e flexão. A seguir
os tipos mais comuns.

3.1 Tipos de Molas:


Figura 51. Mola espiral
Mola helicoidal - Nas formas cilíndrica, Mola de torção - fabricada com fios de
barriletada ou cônica. Trabalha para secção circular ou prismática (Figura 52), para
compressão ou tração. O travas, esperas ou molas de retorno.
barriletamento ou conificação visa
aumentar o curso sem encostar as
espiras (Figura 49 (a)). Pode ter a
secção circular ou prismática (Figura 49).
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Figura 52. Mola de torção

Mola de disco - plana feita de chapa


de aço recortada de várias
maneiras.(Figura 53)
Figura 56. Feixe de molas balestra

Mola anelar - constituída por anéis com


chanfros alternadamente internos e externos
superpostos em um cilindro (Figura 57). Sob
compressão axial, os anéis internos
contraem-se e os externos expandem-se.
Usada para solicitações de alta rigidez.
Figura 53. Mola disco

Mola prato - feita de chapa conificada.


Trabalha para compressão (Figura 54).
É formada por uma pilha de discos
montados com as concavidades
alternadamente opostas. Possibilita
variar a rigidez e capacidade de carga
apenas mudando o número de discos
ou sua disposição.

Figura 57. Mola anelar

Mola de borracha - é formada por tarugos


de borracha, separados por discos metálicos
Figura 54. Mola prato
(Figura 58), que trabalha para compressão.
Possui alta capacidade de armazenar
Mola de flexão - consiste em uma ou energia e resiste bem ao cisalhamento.
várias lâminas de aço, levemente Usada habitualmente para isolar vibrações.
curvas ou planas, sustentadas em uma Em veículos e máquinas, emprega-se um
ponta (vigas de balanço) (Figura 55(a)) e tipo chamado coxim, que é um bloco de
carregadas na outra. Pode ser também borracha colado a placas de metal.
sustentada em ambas às pontas e
carregadas ao centro (Figura 55(b)).

Figura 55. Molas de flexão


Figura 58. Mola de borracha
Uma forma especial de mola de flexão
é a formada por feixes de molas (mola Mola de plastiprene - feita em forma de
balestra - Figura 56); que utiliza várias tarugos de uretano sólido. Está substituindo
lâminas de comprimentos diferentes, com vantagem a mola de aço usada em
conseguindo grande resistência. ferramentaria, visto que resiste muito bem
aos óleos, raramente quebra de imprevisto,

8
Elementos de Máquinas

suporta altas pressões e tem ótima a 0,2% de vanádio. Usado especialmente


flexibilidade (Figura 59). para molas de válvulas.
Aço mola revenido - contém de 0,85 a 1% de
carbono e 0,3 a 0,45% de manganês. Seu
limite de ruptura está entre 1050 e 1 750
N/mm2.
Aço inoxidável para molas - com 0,12% de
carbono, 17 a 20% de cromo e 8 a 10% de
níquel. Seu limite de ruptura está entre 1 050
e 1 960 N/mm2.
Bronze fosforoso para molas - com 5% de
estanho e 0,5% de fósforo. Seu limite de
Figura 59. Mola plastiprene
ruptura é 660 N/mm2.

Mola voluta - formada por uma lâmina


relativamente larga, enrolada em hélice 3.3 Manutenção de Molas:
cônica com superposição das espiras.
É usada quando são exigidos peças Uma mola devidamente especificada durará
muito compactas e amortecimento pelo muito tempo. Em caso de abuso, apresentará
atrito entre as espiras (Figura 60). os seguintes danos:

Quebra - causada por excesso de flexão ou


torção;
Flambagem - ocorre em molas helicoidais
longas por falta de guia;
Amolecimento - causado por
superaquecimento presente no ambiente ou
devido ao esforço de flexão.

Recomendações:
Figura 60. Mola de voluta Evitar a sobrecarga da mola - ela foi
especificada para uma solicitação
3.2 Materiais para Molas: determinada, não devendo ser submetida a
um esforço maior que o previsto.
Aço piano - contém de 097 a 1% de Impedir a flambagem - se a mola helicoidal
carbono, 0,25 a 0,40% de manganês e comprimida envergar no sentido lateral,
0,1 a 092% de silício. Seu limite de providenciar uma guia.
ruptura é de 1 700 N/mm2. Evitar o superaquecimento - providenciando
Aço mola trefilado duro - contém 0,5 a refrigeração e troca da mola que mudou de
0,65% de carbono e 0,7% a 1% de coloração.
manganês. Seu limite de ruptura está Evitar desgaste não uniforme das pontas -
entre 840 e 1 260 N/mm2. isso criaria um esforço adicional não previsto.
Aço laminado a quente - contém de 0,9 Testar as molas nas revisões periódicas da
a 1,05% de carbono. Seu limite de máquina - fazê-lo num dispositivo que
ruptura está entre 1 230 e 1 370 indique a relação entre o curso e o peso
N/mm2. aplicado sobre a mola. Trocar a mola que
Aço silício-manganês (SAE-9260) - enfraquecer.
com 0,6% de carbono, 0,6 a 0,9% de Evitar tentativas de consertar a mola
manganês e 1,8 a 2,2% de vanádio. quebrada esticando-a, é inútil. Somente em
Seu limite de ruptura está entre 1 400 e casos de quebra das pontas de molas muito
2 100N/mm2. Usado para molas de pesadas, é possível consertá-las soldando-as
veículos. com eletrodos de alto cromo.
Aço cromo-vanádio -(SAE-6150) - com Quando uma emergência tornar
0,5% de carbono, 0,5 a 0,8% de indispensável a fabricação de uma mola,
manganês, 0,9 a 1,2% de cromo e 0,15 considerar o tipo de material e seu estado
superficial; evitando marcas de ferramentas,
riscos de matrizes de trefilação, incrustações,

9
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rugosidade excessiva e
descarbonetação superficial. As molas
helicoidais podem ser enroladas a frio
até o diâmetro do arame de 13mm.

10
Elementos de Máquinas

Mancais de Deslizamento 4

4. Mancais de Deslizamento

São conjuntos destinados a suportar as rotação. São feitas de materiais macios,


solicitações de peso e rotação de eixos como o bronze e ligas de metais leves.
e árvores. No ponto de contato entre a
superfície do eixo e a superfície do
mancal ocorre atrito.
Dependendo da solicitação de
esforços, os mancais podem ser de
deslizamento ou de rolamento.

4.1 Mancais de Deslizamento:

Os mancais de deslizamento,
geralmente, são constituídos de uma
bucha fixada num suporte. Esses
mancais são usados em máquinas Figura 62. Mancal em corte
pesadas ou em equipamentos de baixa
rotação, porque a baixa velocidade
evita superaquecimento dos
componentes expostos ao atrito.(Figura 4.2 Classificação dos mancais de
61) deslizamento:

Pelo sentido das forças que suportam os


mancais, classificam-se em: axiais, radiais e
mistos.
Axiais - Impedem o deslocamento na direção
do eixo, isto é, absorvem esforços
longitudinais.(Figura 63)

Figura 61. Mancal de deslizamento

Os usos de buchas e de lubrificantes


permitem reduzir esse atrito e melhorar
a rotação do eixo. As buchas são, em
geral, corpos cilíndricos ocos que
envolvem os eixos, permitindo-lhes Figura 63. Mancal axial
uma melhor
Radiais - Impedem o deslocamento na
direção do raio, isto é, absorvem esforços
transversais.(Figura 64)
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A Figura 66 mostra um caso para rotação


alternada com respectivo detalhe para
lubrificação.

Figura 67. Mancal axial - rotação alternada

Figura 64. Mancal radial 4.4 Mancal Inteiriço:

MISTOS - Têm, simultaneamente, os Fabricado, geralmente, de ferro fundido e


efeitos dos mancais axiais e empregado como mancal auxiliar embuchado
radiais.(Figura 65) ou não.(Figura 68)

Figura 68. Mancal inteiriço

4.5 Mancal Ajustável:


Figura 65. Mancal misto

Fabricado de ferro fundido ou aço e


Formas construtivas dos mancais: embuchado, a bucha tem sempre forma que
permite reajuste radial. Empregado,
Os mancais, em sua maioria, são geralmente, em tornos e máquinas que
constituídos por uma carcaça e uma devem funcionar com folga constante.(Figura
bucha. A bucha pode ser 69)
dispensada em casos de pequena
solicitação.

4.3 Mancal Axial:

Feito de ferro fundido ou aço, tem


como fator principal a forma da
superfície que deve permitir uma Figura 69. Mancal ajustável
excelente lubrificação. A figura abaixo
mostra um mancal axial com rotação
em sentido único e o detalhe dos 4.6 Mancal Reto Bipartido:
espaços para lubrificação.(Figura 66)
Feito de ferro fundido ou aço e embuchado
com buchas de bronze ou casquilhos de
metal antifricção. Empregado para exigências
médias.(Figura 70)

Figura 66. Mancal axial - rotação em sentido


único

8
Elementos de Máquinas

processo faz com que o óleo fique retido na


porosidade do material e com o calor do
trabalho venha à superfície cumprir sua
função.
O teflon é também autolubrificantes, porém é
sua estrutura física que lhe confere essa
Figura 70. Mancal reto bipartido propriedade.
Um caso particular de bucha é o casquilho,
4.7 Mancal a Gás: que é resultante da adição de metais
antifricção em um metal base. O casquilho
O gás (nitrogênio, ar comprimido, etc.) pode ter a forma do furo do mancal, ou ainda
é introduzido através de furos radiais a forma de fitas de metal enroladas para
no mancal e mantém o eixo suspenso serem comprimidas nos alojamentos.(Figura
72)
no furo. Isso permite altas velocidades
e baixo atrito. Empregado em turbinas
para esmerilhamento e outros
equipamentos de alta velocidade.

Figura 71. Mancal a gás

Figura 72. Casquilho

4.8 Materiais para Bucha:

Os materiais para bucha devem ter as


seguintes propriedades:
Baixo módulo de elasticidade, para
facilitar a acomodação à forma do eixo;
Baixa resistência ao cisalhamento, para
facilitar o alisamento da superfície; Figura 73. Fitas de metal enroladas
Boa capacidade de absorver corpos
estranhos para efeito de limpar a 4.9 Formas Construtivas das Buchas:
película lubrificante;
Resistência à compressão, à fadiga, à Uma bucha bem construída deve conter
temperatura de trabalho e a corrosão; espaço (cuneiforme) adequado para atuação
Boa condutibilidade térmica; do lubrificante. São apresentadas, a seguir,
Coeficiente de dilatação semelhante ao as secções transversais mais comuns e suas
do aço. aplicações.

Os materiais mais usados são: bronze 4.10 Manutenção de Mancais:


fosforoso, bronze ao chumbo, latão,
ligas de alumínio, metal antifricção, A tarefa de manutenção é eliminar os fatores
ligas de cobre sinterizado com adição que implicam desgaste prematuro dos
de chumbo ou estanho ou grafite em mancais.
pó, materiais plásticos como nylon e
politetrafluretileno (teflon). De acordo com levantamentos feitos por
várias entidades, os perigos de danificar os
Os sinterizados são autolubrificantes mancais distribuem-se em:
por serem mergulhados em óleo
quente após sua fabricação. Este

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Sujeira 43 a 45
%.
Falhas de lubrificação 10 a 15
%.
Montagem deficiente 13,5
%.
Desalinhamento 10 a 13
%.
Sobrecarga 8 a 9
%.
Corrosão 4 a 5
%.
Outros 4 a 5
%.

Abaixo estão indicados alguns


cuidados que se devem tomar quando
da montagem dos mancais. Figura 75.Exemplo de folgas excessivas

Cuidados para Montagem de Mancais


Bipartidos: O alojamento do mancal pode estar fora da
tolerância (dimensões, ovalização,
Evite a inversão da posição do etc.).(Figura 76)
casquilho ou a troca do superior pelo
inferior, pois pode obstruir a passagem
de óleo.

Evitar o rasqueteamento ou lixamento


interno, para não prejudicar o
acabamento e a forma, e evitar a
incrustação de partículas estranhas. Figura 76. Exemplo de tolerância inadequada
O aperto excessivo ou
dimensionamento incorreto pode
provocar uma deformação ou folga no Cuidados para Montagem de Buchas sob
casquilho.(Figura 74) Pressão:

As buchas devem ter um ajuste r6 e


montadas em furo H7 , para obter um ajuste
forçado. O furo da bucha deve ter E6 ou F7,
que ao ser comprimido na montagem, diminui
para H6.
Para facilitar à compressão a bucha deve ser
chanfrada com um ângulo de 5 º e
Figura 74. Exemplo de aperto excessivo lubrificada.
As buchas devem ser introduzidas nos
Folgas excessivas entre os pinos de mancais bem alinhadas com auxílio do
guia e os furos ou mesmo a inversão dispositivo de arraste (Figura 77) ou mandril
da tampa podem provocar uma auxiliar na prensa.
descentralização.(Figura 75) Deve-se evitar o uso do martelo.

10
Elementos de Máquinas

Figura 77.Introdução da bucha no mancal

As buchas de metal sinterizado são


comprimidas adequadamente com um
mandril suporte para evitar empeno,
rompimento da bucha e manter a
medida do furo.
O quadro abaixo apresenta os danos
mais comuns nos mancais e suas
causas.

11
Elementos de Máquinas

Mancais de Rolamentos 5

5. Mancais de Rolamento São geralmente constituídos de dois anéis


concêntricos, entre os quais são colocados
elementos rolantes como esferas, roletes e
Quando necessitar de mancal com agulhas. Os rolamentos de esfera compõem-
maior velocidade e menos atrito, o se de(Figura 79)
mancal de rolamento é o mais
adequado. Os rolamentos são
classificados em função dos seus
elementos rolantes. Veja os principais
tipos, a seguir.(Figura 78)

Figura 79.Partes de um rolamento

O anel externo é fixado no mancal, enquanto


que o anel interno é fixado diretamente ao
eixo.
Figura 78.Tipos de elementos rolantes
As dimensões e características dos
rolamentos são indicadas nas diferentes
Os eixos das máquinas, geralmente, normas técnicas e nos catálogos de
funcionam assentados em apoios. fabricantes.Ao examinar um catálogo de
Quando um eixo gira dentro de um furo rolamentos, ou uma norma específica, você
produz-se, entre a superfície do eixo e encontrará informações sobre as seguintes
a superfície do furo, um fenômeno características:
chamado atrito de escorregamento.
Quando é necessário reduzir ainda Características dos rolamentos:(Figura 80)
mais o atrito de escorregamento,
utilizamos um outro elemento de D: diâmetro externo;
máquina, chamado rolamento. Os d: diâmetro interno;
rolamentos limitam, ao máximo, as R: raio de arredondamento;
perdas de energia em conseqüência do L: largura.
atrito.
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específica como: máquinas agrícolas,


motores elétricos, máquinas, ferramentas,
compressores, construção naval etc.

Quanto aos elementos rolantes, os


rolamentos podem ser:

De esferas - os corpos rolantes são esferas.


Apropriados para rotações mais
elevadas.(Figura 82)

Figura 80.Características de um rolamento

Em geral, a normalização dos


Figura 82. Rolamentos de esferas
rolamentos é feita a partir do diâmetro
interno d, isto é, a partir do diâmetro do
eixo em que o rolamento é utilizado. De rolos - os corpos rolantes são formados
Para cada diâmetro são definidas três de cilindros, rolos cônicos ou barriletes.
séries de rolamentos: leve, média e Esses rolamentos suportam cargas maiores
pesada. e devem ser usados em velocidades
As séries leves são usadas para cargas menores.(Figura 83)
pequenas. Para cargas maiores, são
usadas as séries média ou pesada. Os
valores do diâmetro D e da largura L
aumentam progressivamente em
função dos aumentos das cargas.
Os rolamentos classificam-se de
acordo com as forças que eles
suportam. Podem ser radiais, axiais e
mistos.
Figura 83. Rolamento de rolos
Radiais não suportam cargas axiais e
impedem o deslocamento no sentido
transversal ao eixo. (Figura 81(a)). De agulhas - os corpos rolantes são de
Axiais - não podem ser submetidos a pequeno diâmetro e grande comprimento.
cargas radiais. Impedem o São recomendados para mecanismos
deslocamento no sentido axial, isto é, oscilantes, onde a carga não é constante e o
longitudinal ao eixo. (Figura 81(b)). espaço radial é limitado.(Figura 84)
Mistos - suportam tanto carga radial
como axial. Impedem o deslocamento
tanto no sentido transversal quanto no
axial. (Figura 81(c)).

Figura 81. Classificação dos rolamentos de


acordo com as cargas Figura 84. Rolamentos de agulhas

Conforme a solicitação, apresentam


uma infinidade de tipos para aplicação

8
Elementos de Máquinas

Tabela 5 Vantagens e desvantagens dos rolamentos

Vantagens Desvantagens
Menor atrito e aquecimento Maior sensibilidade aos choques
Baixa exigência de lubrificação Maiores custos de fabricação
Intercambialidade internacional Tolerância pequena para carcaça e
alojamento do eixo.
Não há desgaste do eixo Não suporta cargas tão elevadas
como os mancais de deslizamento
Pequeno aumento da folga durante a vida útil Ocupa maior espaço radial

5.1 Tipos e Seleção:

Os rolamentos são selecionados


conforme:
as medidas do eixo; o diâmetro interno
(d); o diâmetro externo (D); a largura
(L); o tipo de solicitação; o tipo de
carga; nº de rotação.
Figura 85. Rolamento fixo de uma carreira de
Com essas informações, consulta-se o esferas
catálogo do fabricante para identificar o
rolamento desejado.
Rolamento de Contato Angular de uma
Carreira de Esferas: Admite cargas axiais
5.2 Os Tipos de Rolamentos somente em um sentido e deve sempre ser
montado contra outro rolamento que possa
Os rolamentos podem ser de diversos receber a carga axial no sentido
tipos; fixo de uma carreira de esferas, contrário.(Figura 86)
de contato angular de uma carreira de
esferas, autocompensador de esferas,
de rolo cilíndrico, autocompensador de
uma carreira de rolos,
autocompensador de duas carreiras de
rolos, de rolos cônicos, axial de esfera,
axial autocompensador de rolos, de Figura 86. Rolamento de contato angular de uma
agulha e com proteção. carreira de esferas
Rolamento Fixo de uma Carreira de Rolamento Autocompensador de Esferas: É
Esferas: É o mais comum dos um rolamento de duas carreiras de esferas
rolamentos. com pista esférica no anel externo, o que lhe
Suporta cargas radiais e pequenas confere a propriedade de ajustagem angular,
cargas axiais e é apropriado para ou seja, de compensar possíveis
rotações mais elevadas. Sua desalinhamentos ou flexões do eixo.(Figura
capacidade de ajustagem angular é 87)
limitada. É necessário um perfeito
alinhamento entre o eixo e os furos da
caixa.

Figura 87. Rolamento autocompensador de esferas


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Rolamento de Rolo Cilíndrico: É Devido ao alto grau de oscilação entre rolos


apropriado para cargas radiais e pistas, existe uma distribuição uniforme da
elevadas. Seus componentes são carga.
separáveis, o que facilita a montagem e Rolamento de rolos cônicos: Além de cargas
desmontagem.(Figura 88) radiais, os rolamentos de rolos cônicos
também suportam cargas axiais em um
sentido. Os anéis são separáveis. O anel
interno e o externo podem ser montados
separadamente. Como só admitem cargas
axiais em um sentido, torna-se necessário
montar os anéis aos pares, um contra o
Figura 88.Rolamento de rolo cilíndrico outro.(Figura 91)

Rolamento Autocompensador de uma


Carreira de Rolos: Seu emprego é
particularmente indicado para
construções em que se exige uma
grande capacidade para suportar carga
radial e a compensação de falhas de
alinhamento.(Figura 89)

Figura 91. Rolamento de rolos cônicos

Rolamento axial de esferas: Ambos os tipos


de rolamento axial de esfera (escora simples
e escora dupla) admitem elevadas cargas
axiais, porém, não podem ser submetidos a
cargas radiais. Para que as esferas sejam
guiadas firmemente em suas pistas, é
necessária a atuação permanente de uma
carga axial mínima.(Figura 92)

Figura 89. Rolamento autocompensador de


uma carreira de rolos

Rolamento autocompensador de duas


carreiras de rolos: É um rolamento
adequado aos mais pesados serviços.
Os rolos são de grande diâmetro e
comprimento.(Figura 90)

Figura 92. Rolamentos de escora

Rolamento Axial Autocompensador de Rolos:


Possui grande capacidade de carga axial
devido à disposição inclinada dos rolos.
Também pode suportar consideráveis cargas
radiais. A pista esférica do anel da caixa
confere ao rolamento a propriedade de
alinhamento angular, compensando
Figura 90. Rolamentos autocompensador de
duas carreiras de rolos

8
Elementos de Máquinas

possíveis desalinhamentos ou flexões designação e informações como capacidade


do eixo.(Figura 93) de carga, peso, etc.

5.4 Rolamentos Com Proteção:

Em função das características de trabalho, os


rolamentos, às vezes, precisam ser
protegidos ou vedados. A proteção é feita por
Figura 93. Rolamento axial autocompensador vários tipos de placas (ou blindagem)
de rolos diferentes. Os principais tipos de placas são:
Placa de proteção Z - é encaixada numa
ranhura do anel externo e forma um vão
Rolamento de Agulha: Possui uma estreito com um rebaixo na face lateral do
seção transversal muito fina em anel interno.
comparação com os rolamentos de Placa de proteção LZ - o vão estreito é
rolos comuns. É utilizado formado sem o rebaixo no anel interno A
especialmente quando o espaço radial placa Z está sendo substituída pela LZ, mas
é limitado. os rolamentos continuarão sendo marcados
com a mesma letra Z.
Placa de vedação RS - é formada por uma
5.3 Designação dos Rolamentos: lâmina de aço e um lábio de borracha
sintética que toca o anel interno formando um
Cada rolamento métrico padronizado vedador de contato. Resiste a temperaturas
tem uma designação básica especifica de 80°c.
que indica o tipo de rolamento e a Placa de vedação RS1 -é um melhoramento
correlação entre suas dimensões da placa RS. Ela é feita de borracha nitrílica
principais. moldada sobre uma placa de reforço. Esta
Essas designações básicas placa resiste a temperaturas na faixa de -
compreendem 3, 4 ou 5 algarismos, ou 20°C a +100°C.
uma combinação de letras e Placa de vedação RS2 - idêntica à RS1,
algarismos, que indicam o tipo de porém feita com borracha fluoretada. Fato
rolamento, as séries de dimensões e o que permite o uso em temperaturas de -30°C
diâmetro do furo, nesta ordem. a +180° C.
Os símbolos para os tipos de rolamento As designações z e RS são colocadas à
e as séries de dimensões, junto com os direita do número que identifica o rolamento
possíveis sufixos indicando uma e, quando acompanhadas do número 2,
alteração na construção interna, indicam proteção de ambos os lados.
designam uma série de rolamentos.
A tabela a seguir mostra
esquematicamente como o sistema de 5.5 Separadores ou Gaiolas:
designação é constituído.Os
algarismos entre parênteses indicam A função da gaiola no rolamento é manter os
que embora eles possam ser incluídos corpos rolantes espaçados corretamente e,
na designação básica, são omitidos por no caso dos rolos, também guiá-los.
razões práticas. Como no caso do As gaiolas são feitas de chapa de latão ou
rolamento de duas carreiras de esferas aço e prensadas, ou maciças e usinadas. O
de contato angular onde o zero é latão é o material geralmente usado em
omitido. gaiolas usinadas, mas também são usados
Convém salientar que, para a aquisição aço, ferro fundido nodular, náilon ou plástico
de um rolamento, é necessário fenólico.
conhecer apenas as seguintes Os rolamentos com gaiolas prensadas
dimensões: o diâmetro externo, o podem ser usados na maioria das
diâmetro interno e a largura ou altura. aplicações, pois têm um ótimo espaço para o
Com esses dados, consulta-se o lubrificante e resistem a altas temperaturas.
catálogo do fabricante para obter a

9
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Para funcionamento com freqüente pequenos engripamentos de rolos ou


mudança de direção, vibrações, altas esferas, causados por partículas estranhas
rotações ou rápida aceleração usam-se ou falta de lubrificação.
rolamentos com gaiolas usinadas. Desgaste por brinelamento – é caracterizado
As gaiolas feitas de náilon ou plásticas na fase inicial pelo aparecimento de
fenólico são usadas para altas rotações canaletas nas pistas e é provocado por
sem provocar com isso grandes ruídos. vibrações durante o transporte.
Oxidação (ferrugem) – na fase inicial é
5.6 Cuidados com os caracterizada pelo aparecimento de nódoas
Rolamentos: regularmente espaçadas. Na fase final, é
caracterizado por áreas descascadas
Na troca de rolamentos, deve-se tomar eqüidistantes. É provocado pela
muito cuidado, verificando sua condensação de unidade sobre áreas
procedência e seu código correto. desprotegidas.
Antes da instalação é preciso verificar
cuidadosamente os catálogos dos Fadiga:
fabricantes e das máquinas, seguindo
as especificações recomendadas. A origem da fadiga está no deslocamento da
Na montagem, entre outros, devem ser peça, ao girar em falso. A peça se descasca,
tomados os seguintes cuidados: principalmente nos casos de carga
Verificar se as dimensões do eixo e excessiva.
cubo estão corretas; Descascamento parcial revela fadiga por
Usar o lubrificante recomendado pelo desalinhamento, ovalização ou por
fabricante; Remover rebarbas; conificação do alojamento.
No caso de reaproveitamento do
rolamento, deve-se lavá-lo e lubrificá-lo Falhas Mecânicas:
imediatamente para evitar oxidação;
Não usar estopa nas operações de O brinelamento é caracterizado por
limpeza; depressões correspondentes aos roletes ou
Trabalhar em ambiente livre de pó e esferas nas pistas do rolamento. Resulta de
umidade; aplicação da pré-carga, sem girar o
Rolamento de agulhas. rolamento, ou da prensagem do rolamento
com excesso de interferência.

5.7 Defeitos Comuns nos


Rolamentos:
Goivagem:
Os defeitos comuns ocorrem por:
Desgaste; Fadiga; Falhas mecânicas. É defeito semelhante ao anterior, mas
provocado por partículas estranhas que ficam
Desgaste: prensadas pelo rolete ou esfera nas pistas.
O desgaste pode ser causado por: Sulcamento:
Deficiência de lubrificação – além do É provocado pela batida de uma ferramenta
aparecimento da folga exagerada é qualquer sobre a pista rolante.
caracterizada pelo aspecto reluzente
das superfícies. Queima por corrente elétrica:
Presença de partículas abrasivas – É geralmente provocada pela passagem da
além da remoção do material nas corrente elétrica durante a soldagem. As
pistas, será notado desgastes mais pequenas áreas queimadas evoluem
pronunciado nas pontas dos rolos e rapidamente com o uso do rolamento e
nas gaiolas. provocam o deslocamento da pista rolante.
Desgaste por patinação (girar em falso) As rachaduras e fraturas resultam,
– é caracterizado por sulcos no exterior geralmente, de aperto excessivo do anel ou
do rolamento e é provocado por

10
Elementos de Máquinas

cone sobre o eixo. Podem, também, e a intensidade da vibração do rolamento.


aparecer como resultado do Com a mão, verifica-se a temperatura. Se ela
girar do anel sobre o eixo, estiver mais alta que o normal, algo está
acompanhado de sobrecarga. errado: falta ou excesso de lubrificação,
O engripamento pode ocorrer devido a sujeira, sobrecarga, fadiga, folga, pressão ou
lubrificante muito espesso ou viscoso. calor nos retentores, vindos de uma fonte
Pode acontecer, também, por externa. Mas é preciso lembrar que logo
eliminação de folga nos roletes ou após a lubrificação é normal ocorrer um
esferas por aperto excessivo. aumento da temperatura, que pode durar de
um a dois dias. Atualmente, existe um
termômetro industrial para medir
5.8 Manutenção em Rolamentos: temperatura.
Pela observação, pode-se verificar se há
Para evitar paradas longas na vazamento de lubrificante através dos
produção, devido a problemas de vedadores ou de bujões. Geralmente,
rolamentos, é necessário ter certeza de sujeiras mudam a cor do lubrificante,
que alguns desses rolamentos estejam tornando-o mais escuro. Nesse caso, é
disponíveis para troca. Para isso, é preciso trocar os vedadores e o óleo.Quando
aconselhável conhecer com o sistema de lubrificação for automático
antecedência quais rolamentos são deve-se verificar, regularmente, seu
utilizados nas máquinas e as funcionamento.
ferramentas especiais para sua
montagem e desmontagem. Lubrificação:
Os rolamentos são cobertos por um
protetor contra oxidação, antes de Com graxa - A lubrificação deve seguir as
embalados. De preferência, devem ser especificações do fabricante da máquina ou
guardados em local onde a equipamento. Na troca de graxa, é preciso
temperatura ambiente seja constante limpar a engraxadeira antes de colocar graxa
(21ºC). Rolamentos com placa de nova. As tampas devem ser retiradas para
proteção não deverão ser guardados limpeza. Se as caixas dos rolamentos
por mais de 2 anos. Confira se os tiverem engraxadeira, deve-se retirar toda a
rolamentos estão em sua embalagem graxa e lavar todos os componentes.
original, limpos, protegidos com óleo ou Com óleo - Olhar o nível do óleo e completá-
graxa e com papel parafinado. lo quando for necessário.
Nos rolamentos montados em Verificar se o respiro está limpo. Sempre que
máquinas deve-se verificar, for trocar o óleo, o óleo velho deve ser
regularmente, se sua parada pode completamente drenado e todo o conjunto
causar problemas. Os rolamentos que lavado com o óleo novo. Na lubrificação em
não apresentam aplicações muito banho, geralmente se faz a troca a cada ano
críticas, ou que não são muito quando a temperatura atinge, no máximo,
solicitados, não precisam de atenção 50ºC e sem contaminação; acima de 100ºC,
especial. quatro vezes ao ano; acima de 120ºC, uma
Na rotina de verificação são usados os vez por mês; acima de 130ºC, uma vez por
seguintes procedimentos: ouvir,sentir, semana, ou a critério do fabricante (Figura 93).
observar. Para ouvir o funcionamento
do rolamento usa-se um bastão de
madeira, uma chave de fenda ou
objetos similares o mais próximo
possível do rolamento.
Coloca-se o ouvido junto à outra
extremidade do objeto. Se o ruído for
suave porque o rolamento está em bom
estado. Se o ruído for uniforme, mas
Figura 94. Limpeza e Lubrificação
apresentar um som metálico é
necessário lubrificar o rolamento.
Atualmente, existem analisadores de Manutenção na Máquina Parada:
vibração que permite identificar a folga

11
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Comece a operação de inspeção, do rolamento (Figura 146). No diagrama, a


deixando a área de trabalho o mais curva A indica as condições de mínimo
limpo e seca possível. Estude o desgaste e a curva B indica as condições de
desenho da máquina antes de trocar o máximo desgaste. O espaço entre ambas as
rolamento. Limpe as partes externas e curvas está dividido em dez campos, de a até
anote a seqüência de retirada dos k, nos quais as condições de serviço pioram
componentes e as posições da gradativamente.
máquina. Tenha cuidado ao remover os Para obter o tempo de vida do rolamento,
vedadores, para não forçá-los muito. consulta-se a tabela da Figura 147 para
Verifique todos os componentes do encontrar o fator de desgaste (fv). Em
conjunto. seguida, consulta-se o diagrama e tem-se o
Verifique o lubrificante. Observe se tempo de funcionamento em horas.
existem impurezas. Assegure-se de
que não haverá penetração de sujeira e 5.10 Representações de Rolamentos
umidade, depois da retirada dos nos Desenhos Técnicos:
vedadores e das tampas. Proteja o
conjunto com papel parafinado, plástico Os rolamentos podem ser apresentados de
ou algum material similar. Evite o uso duas maneiras nos desenhos técnicos:
de estopa. Quando for possível, lave o simplificada e simbólica.
rolamento montado no conjunto, Observe, com atenção, cada tipo de
evitando desmontá-lo. Use um pincel representação.
molhado com querosene e seque com Observe novamente as representações
um pano bem limpo, seco e sem fiapos. simbólicas dos rolamentos e repare que a
Não lave mesma representação simbólica pode ser
rolamentos blindados com duas placas indicativa de tipos diferentes de rolamentos.
de proteção.Se os rolamentos estão Quando for necessário, a vista frontal do
em perfeitas condições de uso, deve-se rolamento também pode ser desenhada em
relubrificar de acordo com as representação simplificada ou
especificações do fabricante da simbólica.(Figura 95)
máquina. Monte cuidadosamente os
vedadores e as tampas.

5.9 Vida Útil do Rolamento:


Figura 95. Representação técnicas de rolamentos
Entende-se por duração de vida de um
rolamento o número de rotações que é
alcançado por 90% dos rolamentos,
antes que se apresentem fenômenos
de fadiga perceptíveis.
Dois são os fatores que determinam a
vida útil de um rolamento: as condições
de serviço e o fator de desgaste (f v) em
função dessas condições.
O número de rotações é transformado
em tempo de funcionamento e pode ser
obtido através do diagrama da duração

12
Elementos de Máquinas

Elementos de Transmissão 6

6. Elementos de Transmissão

Os principais elementos de máquina


utilizados para transmissão de
movimento são: correia, correntes,
engrenagens, rodas de atrito, roscas,
cabos de aço. Com esses elementos
são montados sistemas de transmissão
que transferem potência e movimento a
outro sistema.
Na figura abaixo, a polia condutora
transmite energia e movimento à polia
conduzida.(Figura 96)

Figura 97. Sistemas de transmissão por engrenagem

Seja qual for o tipo de variador, sua função


está ligada a eixos.
A transmissão de força e movimento pode
ser pela forma e por atrito. A transmissão
pela forma é assim chamada porque a forma
dos elementos transmissores é adequada
para encaixamento desses elementos entre
si. Essa maneira de transmissão é a mais
usada, principalmente com os elementos
chavetados, eixos-árvore entalhados e eixos-
Figura 96. Sistema de transmissão
árvore estriados.(Figura 98)

Os sistemas de transmissão podem,


também, variar as rotações entre dois
eixos. Nesse caso, o sistema de
rotação é chamado variador. As
maneiras de variar a rotação de um
eixo podem ser:
Por engrenagens; Por correias; Por
atrito.
Veja um exemplo de um variador por
engrenagens acionado por um motor
elétrico.(Figura 97)

Figura 98. Transmissão por forma

A transmissão por atrito possibilita uma boa


centralização das peças ligadas aos eixos.
Entretanto, não possibilita transmissão de
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grandes esforços quanto os por meio de pressão, de chaveta ou de


transmitidos pela forma. Os principais parafuso.(Figura 101)
elementos de transmissão por atrito
são os elementos anelares e arruelas
estreladas.(Figura 99)

Figura 99.Transmissão por atrito


Figura 101. Transmissão por correias
Esses elementos constituem-se de dois
anéis cônicos apertados entre si e que Correntes: São elementos de transmissão,
atuam ao mesmo tempo sobre o eixo e geralmente metálicos, constituídos de uma
o cubo.(Figura 100) série de anéis ou elos. Existem vários tipos
de corrente e cada tipo tem uma aplicação
específica.(Figura 102)

Figura 100. Transmissão por atrito Figura 102. Transmissão por correntes

As arruelas estreladas possibilitam Engrenagens: Também conhecidas como


grande rigor de movimento axial (dos rodas dentadas, as engrenagens são
eixos) e radial (dos raios). As arruelas elementos de máquina usados na
são apertadas por meio de parafusos transmissão entre eixos. Existem vários tipos
que forçam a arruela contra o eixo e o de engrenagem.(
cubo ao mesmo tempo. Figura 103)

6.1 Descrição de alguns


elementos de transmissão

Apresentamos, a seguir, uma breve


descrição dos principais elementos de
máquina de transmissão: correias,
correntes, engrenagens, rodas de
atrito, roscas, cabos de aço e
acoplamento.
Correias: São elementos de máquina
que transmitem movimento de rotação
entre eixos por intermédio das polias.
As correias podem ser contínuas ou
com emendas. As polias são
cilíndricas, fabricadas em diversos Figura 103. Transmissão por engrenagem
materiais. Podem ser fixadas aos eixos

8
Elementos de Máquinas

movimento de rotação entre dois eixos ou


Rodas de Atrito: São elementos de eixos-árvores.(Figura 106)
máquinas que transmitem movimento
por atrito entre dois eixos paralelos ou
que se cruzam.(Figura 104)

Figura 106. Sistema de Transmissão por acoplamento

6.2 EIXOS E ÁRVORES:

As máquinas contam com um dos principais


elementos de sua estrutura física: eixos e
Figura 104. Transmissão por atrito
árvores, que podem ter perfis lisos ou
compostos, em que são montadas as
Roscas: São saliências de perfil engrenagens, polias, rolamentos, volantes,
constante, em forma de hélice manípulos etc.
(helicoidal). As roscas se movimentam Os eixos e as árvores podem ser fixos ou
de modo uniforme, externa ou giratórios e sustentam os elementos de
internamente, ao redor de uma máquina.
superfície cilíndrica ou cônica. As Define-se árvore como elemento que gira
saliências são denominadas filetes. transmitindo potência submetida
Existem roscas de transporte ou principalmente a esforços de torção e
movimento que transformam o flexão.(Figura 107)
movimento giratório num movimento
longitudinal. Essas roscas são usadas,
normalmente, em tornos e prensas,
principalmente quando são freqüentes
as montagens e desmontagens.
Cabos de Aço: São elementos de
máquinas feitos de arame trefilado a
frio. Inicialmente, o arame é enrolado
de modo a formar pernas. Depois as
pernas são enroladas em espirais em
torno de um elemento central, chamado
núcleo ou alma.(Figura - 105) Figura 107. Árvores

Eixo é um elemento fixo ou não que suporta


rodas dentadas, polias,etc., estando sujeito
principalmente a esforços de flexão.No caso
dos eixos fixos, os elementos (engrenagens
com buchas, polias sobre rolamentos e
volantes) é que giram.(Figura 108)

Figura - 105 Transmissão por cabos de aço

Acoplamento: É um conjunto
mecânico que transmite força, e

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Tipos e Características de Árvores:

Conforme suas funções, uma árvore pode


ser de engrenagens (em que são montados
mancais e rolamentos) ou de manivelas, que
transforma movimentos circulares em
movimentos retilíneos. Para suporte de
forças radiais, usam-se espigas retas,
cônicas, de colar, de manivela e esféricas.
As forças axiais têm direção perpendicular
(90º) à seção transversal do eixo, enquanto
as forças radiais têm direção tangente ou
paralela à seção transversal do eixo.(Figura
Figura 108. Exemplo de eixos 110)

Quando se trata de eixo-árvore


giratório, o eixo se movimenta
juntamente com seus elementos ou
independentemente deles como, por
exemplo, (eixos de um esmeril), rodas
de trole (trilhos), eixos de máquinas-
ferramenta, eixos sobre mancais,
etc.(Figura 109)

Figura 110. Cargas axiais e radiais


Figura 109. Eixos

Tipos de Eixos:
Os eixos e árvores são fabricados em
aço ou ligas de aço, pois os materiais Quanto ao tipo, os eixos podem ser
metálicos apresentam melhores roscados, ranhurados, estriados, maciços,
propriedades mecânicas do que os vazados, flexíveis, cônicos, cujas
outros materiais. Por isso, são mais características estão descritas a seguir.
adequados para a fabricação de Eixos maciços: A maioria dos eixos maciços
elementos de transmissão: tem seção transversal circular maciça, com
Eixos com pequena solicitação degraus ou apoios para ajuste das peças
mecânica são fabricados em aço ao montadas sobre eles. A extremidade do eixo
carbono; é chanfrada para evitar rebarbas. As arestas
Eixo-árvore de máquinas e automóveis são arredondadas para aliviar a
são fabricados em aço-níquel; concentração de esforços.(Figura 111)
Eixo-árvore para altas rotações ou para
bombas e turbinas são fabricados em
aço cromo-níquel;
Eixos para vagões são fabricados em
aço-manganês.
Quando os eixos e árvores têm
finalidades específicas, podem ser
fabricado em cobre, alumínio, latão. Figura 111. Eixos maciços
Portanto, o material de fabricação varia
de acordo com a função dos eixos e
árvores.

10
Elementos de Máquinas

Eixos vazados: Normalmente, as circunferência. Essas ranhuras engrenam-se


máquinas-ferramenta possuem o eixo- com os sulcos correspondentes de peças
árvore vazado para facilitar a fixação que serão montadas no eixo. Os eixos
de peças mais longas para a usinagem. ranhurados são utilizados para transmitir
Temos ainda os eixos vazados grande força.(Figura 115)
empregados nos motores de avião, por
serem mais leves.(Figura 112)

Figura 115. Eixos-árvores ranhurados

Eixos-árvore estriados: Assim como os


eixos cônicos, como chavetas, caracterizam-
Figura 112. eixos vazados
se por garantir uma boa concentricidade com
boa fixação, os eixos-árvore estriados
Eixos cônicos: Os eixos cônicos também são utilizados para evitar rotação
devem ser ajustados a um componente relativa em barras de direção de automóveis,
que possua um furo de encaixe cônico. alavancas de máquinas etc.(Figura 116)
A parte que se ajusta tem um formato
cônico e é firmemente presa por uma
porca. Uma chaveta é utilizada para
evitar a rotação relativa.(Figura 113)

Figura 116. Eixo estriado

Eixos-árvore flexíveis: Consistem em uma


Figura 113. Eixos cônicos série de camadas de arame de aço
enroladas alternadamente em sentidos
opostos e apertadas fortemente. O conjunto
Eixos roscados: Esse tipo de eixo é
é protegido por um tubo flexível e a união
composto de rebaixos e furos
com o motor é feita mediante uma braçadeira
roscados, o que permite sua utilização
especial com uma rosca. São eixos
como elemento de transmissão e
empregados para transmitir movimento a
também como eixo prolongador
ferramentas portáteis (roda de afiar), e
utilizado na fixação de rebolos para
adequados a forças não muito grandes e
retificação interna e de ferramentas
altas velocidades (cabo de
para usinagem de furos.(Figura 114)
velocímetro).(Figura 117)

Figura 114. Eixos roscados

Figura 117. Eixos flexíveis


Eixos-árvore ranhurados: Esse tipo
de eixo apresenta uma série de
Manutenção dos Eixos e Árvores:
ranhuras longitudinais em torno de sua

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a um cubo de roda mediante disco ou


A especificação do eixo ou da árvore é braços.(Figura 118)
feita pelo projetista da máquina que
deve considerar vários fatores, tais
como: carga, operação, material,
dimensionamento, tratamento térmico.
Acabamento superficial e tolerâncias.
O projetista deve observar ainda que
um eixo é um elemento elástico e pode
expandir e contrair devido às
mudanças de temperatura. Figura 118. Exemplo de transmissão por polias e
correias
Durante a usinagem de um eixo ou
árvore devem se observar as
tolerâncias dimensionais, as tolerâncias Tipos de Polias:
de forma tais como ovalização,
conicidade e excentricidade, além do Os tipos de polia são determinados pela
estado forma da superfície na qual a correia se
superficial, rebarbas raios e as assenta. Elas podem ser planas ou
posições dos furos para lubrificação. trapezoidais.
Durante a montagem o fator mais Polias planas: As polias planas podem
importante a ser observado é o perfeito apresentar dois formatos na sua superfície
alinhamento do eixo ou da árvore, pois de contato. Segundo a norma DIN 111 essa
o desalinhamento provoca uma rápida superfície pode ser plana ou abaulada. A
quebra por fadiga. Na montagem de polia com superfície plana conserva melhor
retentores, deve-se observar a posição as correias e a polia com superfície abaulada
e dimensões a fim de evitar vazamento guia melhor as correias.
de óleo ou sulcos no eixo. Em gaxetas,
o aperto deve ser o suficiente para não
provocar superaquecimento.
A limpeza é fundamental para evitar o
desgaste por abrasão provocado pela
sujeira, e não devem ser esquecidos os
cuidados com lubrificação.
Figura - 119 Exemplo de polias planas

6.3 Polias e Correias: O acabamento superficial deve ficar entre


quatro e dez milésimos de milímetro. Quando
Para transmitir potência de uma árvore a velocidade da correia supera 25 m/s é
à outra, alguns dos elementos mais necessário equilibrar estática e
antigos e mais usados são as correias dinamicamente as polias.
e as polias. As polias apresentam braços a partir de 200
As transmissões por correias e polias mm de diâmetro. Abaixo desse valor, a coroa
apresentam as seguintes vantagens: é ligada ao cubo por meio de discos.(Figura
Possui baixo custo inicial, alto 120)
coeficiente de atrito, elevada
resistência ao desgaste e
funcionamento silencioso;
São flexíveis, elásticas e adequadas
para grandes distâncias entre centros.

Polias:
Figura 120. Exemplo de polias trapezoidais
As polias são peças cilíndricas,
movimentadas pela rotação do eixo do
motor e pelas correias.Uma polia é A polia trapezoidal recebe esse nome porque
constituída de uma coroa ou face, na a superfície na qual a correia se assenta
qual se enrola a correia. A face é ligada apresenta a forma de trapézio. As polias

12
Elementos de Máquinas

trapezoidais devem ser providas de T:.................................................15,25 mm


canaletas (ou canais) e são S:....................................................25,5mm
dimensionadas de acordo com o perfil W:...................................................22,5mm
padrão da correia a ser utilizada. Y:.........................................................4mm
Essas dimensões são obtidas a partir Z:........................................................3 mm
de consultas em tabelas. Vamos ver H:.......................................................22mm
um exemplo que pode explicar como K:.....................................................9,5 mm
consultar tabela. Imaginemos que se U = R:...............................................1,5mm
vai executar um projeto de fabricação X:...................................................8,25 mm
de polia, cujo diâmetro é de 250 mm,
perfil padrão da correia C e ângulo do
canal de 34º. Como determinar as
demais dimensões da polia?
Com os dados conhecidos,
consultamos (a tabela 06) e vamos
encontrar essas dimensões:(Tabela 6)
Perfil padrão da correia: C
Diâmetro externo da polia: ...........250
mm
Ângulo do
canal:...................................34º
Tabela 6 Dimensões normalizadas para polias em "V"

O perfil dos canais das polias em V


deve ter as medidas corretas para que
haja um alojamento adequado da
correia no canal. A correia não deve
ultrapassar a linha do diâmetro externo
da polia e nem tocar no fundo do canal, Figura 121. Posição correta de montagem das
correias trapezoidais
o que anularia o efeito de cunha.(Figura
121)

13
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Além das polias para correias planas e


trapezoidais, existem as polias para
cabos de aço, para correntes, polias
(ou rodas) de atrito, polias para
correias redondas e para correias
dentadas. Algumas vezes, as palavras
roda e polias são utilizadas como
sinônimos.(Figura 122)

Figura 122. Exemplos de outros tipos de polias

No quadro da próxima página, observe, com


atenção, alguns exemplos de polias,
ao lado, a forma como são representadas em
desenho.técnico.(Tabela 7)

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Tabela 7 Tipos de polias e suas representações

Material das Polias: materiais sintéticos. A superfície da polia não


deve apresentar porosidade, pois, do
Os materiais que se empregam para a contrário, a correia irá se desgastar
construção das polias são ferro fundido rapidamente.
(o mais utilizado), aços, ligas leves e

8
Elementos de Máquinas

Correias:
Outra correia utilizada é a correia dentada,
As correias mais usadas são planas e para casos em que não se pode ter nenhum
as trapezoidais. A correia em “V” ou deslizamento, como no comando de válvulas
trapezoidal é inteiriça, fabricada com do automóvel.(Figura 125)
seção transversal em forma de
trapézio. É feita de borracha revestida
de lona e é formada no seu interior por
cordonéis vulcanizados para suportar
as forças de tração.(Figura 123)

Figura 125. Correia dentada

Material das Correias:

Couro de boi – recebe emendas, suporta


bem os esforços e é bastante elástica;
Material fibroso e sintético – não recebe
emendas (correia sem-fim), própria para
forças sem oscilações, para polia de
pequeno diâmetro. Tem por material base o
algodão, o pêlo de camelo, viscose, o perlon
Figura 123. Correia em "V" e o náilon;
Materiais combinado, couro e sintético esse
tipo de correia possui a face interna feita de
O emprego da correia trapezoidal ou couro curtido ao cromo e a externa de
em “V” é preferível ao da correia plana material sintético (perlon). Essa combinação
porque, praticamente não apresenta produz uma correia com excelente
deslizamento. flexibilidade, capaz de transmitir grandes
Permite o uso de polias bem próximas. potências.
Eliminam os ruídos e os choques,
típicos das correias emendadas
(planas).
Relação de transmissão até 10:1. Transmissão:
Permite uma boa proximidade entre
eixos. A pressão nos flancos, em Na transmissão por polias e correias, a polia
conseqüência do efeito de cunha, que transmite movimento e força é chamada
triplica em relação à correia plana. polia motora ou condutora. A polia que
Partida com menor tensão prévia que a recebe movimento e força é a polia movida
correia plana. ou conduzida.
Menor carga sobre os mancais que a A maneira como a correia é colocada
correia plana. determina o sentido de rotação das polias.
Emprego de até doze correias numa Assim, temos:
mesma polia. Sentido direto de rotação – a correia fica reta
Existem vários perfis padronizados de e as polias têm o mesmo sentido de
correias trapezoidais.(Figura 124) rotação.(Figura 126)

Figura 124. Perfil das correias em "V"

131
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O tamanho da superfície de atrito é


determinado pela largura da correia e pelo
ângulo de abraçamento ou contato (α) (Figura
129) que deve ser o maior possível e calcula-
se pela seguinte fórmula.(Equação 9)

Equação 9. Cálculo da superfície de atrito

60.D2  D1 
Figura 126. Sentido direto de rotação   180º 
L
Sentido de rotação inverso – a correia
fica cruzada e o sentido de rotação das
polias inverte-se.(Figura 127)

Figura 127. Sentido de rotação inverso


Figura 129. Relação de transmissão

Para obter um bom ângulo de abraçamento é


necessário que:(Figura 129)
A relação de transmissão i não ultrapasse
6:1;

A distância entre eixos não seja menor que


1,2 (D1 + D2).

No acionamento simples, a polia motriz e a


Figura 128. Transmissão de rotação entre eixos
não paralelos movida giram no mesmo sentido. No
acionamento cruzado as polias giram em
Transmissão por correia plana: sentidos contrários e permitem ângulos de
abraçamento maiores, porém o desgaste da
Essa maneira de transmissão de correia é maior.
potência se dá por meio do atrito que
pode ser simples quando existe Relação de Transmissão:
somente uma polia motora e uma polia
movida, ou múltipla, quando existem Na transmissão por polias e correias, para
polias intermediárias com diâmetros que o funcionamento seja perfeito, é
diferentes. necessário obedecer alguns limites em
A correia plana, quando em serviço relação ao diâmetro das polias e o número
desliza e, portanto não transmite de voltas pela unidade de tempo. Para
integralmente a potência. estabelecer esses limites precisamos estudar
A velocidade periférica da polia movida as relações de transmissão.
é, na prática, sempre menor que a da Costumamos usar a letra i para representar a
polia motora. O deslizamento depende relação de transmissão. Ela é a relação entre
da carga, da velocidade periférica, do o número de voltas das polias (n) numa
tamanho da superfície de atrito e do unidade de tempo e os seus diâmetros.
material da correia e das polias.

132
Elementos de Máquinas

A velocidade tangencial (V) é a mesma do motor sobre as guias ou por sistema


para as duas polias, e é calculada pela basculante (Figura 129 (b)).
fórmula.(Equação 10)

Equação 10. Cálculo da velocidade


tangencial

V = π . D. n

Como as duas velocidades são iguais,


temos:

V1 = V2 => π. D1 . n1 = π . D2 . n2 Figura 130. Tensionador de correias

D1 . n1 = D2 . n2 ou n1/n2 = D2/D1 Procedimentos em Manutenção com


Correias e Polias:
Portanto: A correia é importante para a máquina.
Quando mal aplicada ou frouxa, provoca a
Equação 11. Cálculo da relação de perda de velocidade e de eficiência da
transmissão máquina; quando esticada demais, há quebra
dos eixos ou desgaste rápido dos mancais.
1/n2 = D2/D1 As polias devem ter uma construção rigorosa
quanto à concentricidade dos diâmetros
Onde: externos e do furo, quanto a
D1 = diâmetro da polia menor; perpendicularidade entre as faces de apoio e
D2 = diâmetro da polia maior; os eixos dos flancos, e quanto ao
n1 = número de rotações por minuto balanceamento, para que não provoquem
(rpm) da polia menor; danos nos mancais e eixos.
n2 = número de rotações por minuto Os defeitos construtivos das polias também
(rpm) da polia maior. influem negativamente na posição de
Na transmissão por correia plana, a montagem do conjunto de transmissão.
relação de transmissão (i) não deve ser Defeitos Comuns nas Correias Planas:
maior do que 6 (seis), e na transmissão Rachaduras no couro e deslocamento das
por correia trapezoidal esse valor não camadas. Causados por
deve ser maior do que 10 (dez). espessura muito grossa da correia para o
A transmissão por correia dentada diâmetro da polia menor;
permite uma transmissão de força sem Queda freqüente das correias. Causada por
deslizamento. Para a especificação das polias mal alinhadas ou tensão insuficiente
polias e correias dentadas, deve-se nas correias;
mencionar o comprimento da correia ou Polimento dos aros das polias. Causado por
o número de sulcos da polia, o passo deslizamento das correias devido a uma
dos dentes e a largura. A relação de tensão insuficiente.
transmissão (i) é dada por: Instalação de Transmissões por Correias em
i = nº de sulcos da polia maior / nº de V e suas Polias:
sulcos da polia menor Para boa eficiência (96%) e durabilidade
Tensionador ou Esticador: (mínima um ano), as transmissões por
correias devem obedecer às seguintes
Quando a relação de transmissão recomendações:
supera 6:1, é necessário aumentar o As polias acionadas e acionadoras devem
ângulo de abraçamento da polia menor. ser perfeitamente alinhadas e seus eixos
Para ajustar as correias nas polias, devem estar paralelos.
mantendo tensão correta, utiliza-se o O esticador deve ter um “jogo” suficiente para
tensionador ou esticador de correia, que as correias possam ser colocadas na
acionado por mola ou por peso (Figura polias sem serem forçadas.
130(a)). A tensão da correia pode ser Os canais das polias devem estar livres de
controlada também pelo deslocamento rebarbas, porosidade e outros defeitos.

133
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Os canais e correias em V devem estar Rachaduras na base da correia. São


livres de impurezas, especialmente de provocadas, provavelmente, por
lubrificantes, tanto na hora da primeira ressecamento da correia devido a um longo
colocação, como durante o serviço. O período de armazenamento ou devido a
conjunto de transmissão deve ser elevação da temperatura de trabalho.
protegido contra os respingos de óleo, Deterioração da base da correia. É
caídos de corpos estranhos, e contra provocada pelo desgaste excessivo das
cortes e machucaduras. canaletas. A correia está apoiada na base e
Todas as correias em V do jogo devem patina, queimando-se aos poucos. Nesse
enquadrar-se nas tolerâncias de caso, deve-se consertar ou trocar a polia.
comprimento, ter a mesma procedência Distorção da correia ou ruptura de cordonéis.
e a mesma data de aquisição. Se uma Podem ser provocadas pela colocação da
delas tiver outro comprimento ou correia sem afrouxar o esticador, forçando-a
receber tensão diferente, poderá torcer sobre a quina da canaleta. Podem ser
durante o trabalho, ou pular fora da sua provocadas, também, por correia frouxa que
canaleta. se torce até quebrar os cordonéis.
A tensão deve ser ajustada de acordo Ruptura da correia. Quando se rompe uma
com o manual da máquina. correia velha, a causa é fadiga ou desgaste
As polias planas que trabalham numa excessivo. Quando se rompe uma correia
transmissão por correias em V não nova, a causa é sobrecarga ou excesso de
devem ter coroamento (abaulamento). tensão.
Defeitos Comuns nas Correias em V:
Correia deteriorada ou pastosa. Esse Manutenção de Correias em V:
defeito é provocado por contato entre a
correia com o óleo lubrificante ou óleo Além de manter as correias limpas (a seco),
solúvel. Nesse caso, deve-se proteger outros cuidados periódicos devem ser
melhor a correia. Se o contato com tomados:
óleo for inevitável, usá-lo com Entre as primeiras dez e cinqüenta horas de
inibidores. serviço das correias novas, deve-se verificar
Deterioração ou desgaste excessivo a tensão e ajustar o esticador de acordo com
das laterais das correias. Esses especificações técnicas. Nesse período, as
defeitos podem ser causados por correias sofrem maior esticamento.
correia frouxa ou sobrecarregada ou, Fazer a verificação de tensão de correias em
ainda, pela presença de abrasivo ou V nas revisões de cem horas.
ferrugem. Nas revisões de cem horas, observar o
Em caso de correia frouxa, elimina-se o desgaste das correias e polias. No caso de
problema com a aplicação do esticador. correias novas tocarem no fundo do canal, as
Quando a correia está sobrecarregada, polias devem ser consertadas (repassar no
não se deve aplicar o esticador, pois torno se isso não prejudicar o número de
provocaria a quebra do eixo da polia ou rotações em demasia) ou substituídas.
o desgaste excessivo dos mancais. Cuidar para que o protetor das correias não
Deve-se, nesse caso, recalcular a seja removido.
solicitação com auxílio do manual ou Não existe conserto para correia em V
catálogo do fabricante. Pode-se, ainda, estragada.
verificar se há a possibilidade de Precauções na Manutenção de Correias em
aumentar a secção ou o número das V:
correias. Nunca trocar uma só correia num jogo. Se
Quando há a presença de abrasivo ou uma se quebrar ou for danificada, todas as
ferrugem na correia, deve-se protegê-la correias devem ser trocadas.
melhor. Nunca misturar, em um jogo, correias de
Rupturas nas laterais da polia. São marcas diferentes. Indicar, no pedido de
provocadas, geralmente, por ângulo compra, que se trata de jogo que trabalhará
errado das canaletas nas polias ou por em paralelo.
diâmetros pequenos demais. Deve-se, Verificar se os comprimentos das correias
nessa situação, medir os diâmetros e enquadram-se nas tolerâncias.
corrigir o defeito.

134
Elementos de Máquinas

Manutenção das Correias Dentadas:

Na instalação de correias dentadas não


se deve forçá-las nem empurrá-las
sobre os flanges das polias. Em geral,
uma redução na distância entre centros
ou alivio da tensão da polia esticadora
permitem que a correia seja instalada
facilmente. Caso contrário, uma ou
ambas as polias devem ser removidas.
O alinhamento das polias deve ser
verificado com esquadro e régua para Figura 132. Transmissão por correntes
garantir que esteja adequado (Figura
130). Em transmissões com distâncias
As correntes transmitem força e movimento,
entre centros muito grandes, dada a
que fazem com que a rotação do eixo ocorra
tendência de a correia operar
nos sentidos horário e anti-horário. Para isso,
encostada ao flange, é muitas vezes
as engrenagens devem estar num mesmo
recomendável recuar levemente a polia
plano. Os eixos de sustentação das
acionada para compensar qualquer
engrenagens ficam perpendiculares ao plano.
diferença. Este procedimento vale
A transmissão por correntes, normalmente, é
também para correias planas e em V.
utilizada quando não se podem usar correias
A firmeza da estrutura que suporta as
por causa da umidade, vapores, óleos, etc. É
polias é importante, pois variações na
ainda muito utilizada para transmissões entre
distância entre centros e folga na
eixos próximos, substituindo trens de
correia resultam no desencaixe dos
engrenagens intermediárias.
dentes, principalmente na partida.(Figura
O rendimento da transmissão de força e de
131)
movimento vai depender diretamente da
posição das engrenagens e do sentido da
rotação.

6.5 Transmissão:

A transmissão ocorre por meio do


acoplamento dos elos da corrente com
os dentes da engrenagem. A junção desses
elementos gera uma pequena oscilação
durante o movimento.(Figura 133)
Figura 131. Verificação do alinhamento das
polias

6.4 Correntes:

Conceito:

Um ou vários eixos podem ser


acionados através de corrente. A Figura 133. Transmissão por correntes
transmissão de potência é feita pela
forma através do engrenamento entre
os dentes da engrenagem e os elos da Algumas situações determinam a utilização
corrente; não ocorre o de dispositivos especiais para reduzir essa
deslizamento.(Figura 132) oscilação, aumentando, conseqüentemente,
a velocidade de transmissão.
Veja alguns casos.
Grandes choques periódicos - devido à
velocidade tangencial, ocorre intensa

135
SENAI CIMATEC®

oscilação que pode ser reduzida por


amortecedores especiais. O fechamento das correntes de rolo pode ser
Grandes distâncias - quando é grande feito por cupilhas ou travas elásticas,
a distância entre os eixos de conforme o caso. Essas correntes são
transmissão, a corrente fica “com utilizadas em casos em que é necessária a
barriga”. Esse problema pode ser aplicação de grandes esforços para baixa
reduzido por meio de apoios ou guias. velocidade como, por exemplo, na
Grandes folgas - usa-se um movimentação de rolos para esteiras
dispositivo chamado esticador ou transportadoras.(Figura 136)
tensor quando existe uma folga
excessiva na corrente. O esticador
ajuda a melhorar o contato das
engrenagens com a corrente.(Figura 134)

Figura 136. Fechamento de correntes de rolos

Várias correntes podem ser ligadas em


paralelo, formando correntes múltiplas
(Figura 137); podem ser montadas até oito
correntes em paralelo.

Figura 134. Tensor para correntes

6.6 Tipos de Correntes:

Correntes de rolo simples, dupla e


tripla - fabricadas em aço temperado,
as correntes de rolo são constituídas
de pinos, talas externa e interna, bucha
remachada na tala interna. Os rolos
ficam sobre as buchas.(Figura 135)
Figura 137. Correntes múltiplas

Corrente de Bucha: Essa corrente não tem


rolo, por isso os pinos e as buchas são feitos
com diâmetros maiores, conferindo mais
resistência a esse tipo de corrente que a
corrente de rolo. Entretanto, a corrente de
bucha se desgasta mais rapidamente e
provoca mais ruído.

Figura 135. Correntes de rolos

136
Elementos de Máquinas

Seus elos são fundidos na forma de corrente


e os pinos são feitos de aço.
Corrente de Elos Livres: Esta é uma
corrente especial usada para transportadores
e, em alguns casos, pode ser usada em
transmissões. Sua característica principal é a
facilidade de retirar-se qualquer elo, sendo
apenas necessário suspendê-lo. É conhecida
por “link chain”.(Figura 140)

Figura 138. Corrente de buchas

Corrente de Dentes: Nesse tipo de


corrente há, sobre cada pino articulado,
várias talas dispostas uma ao lado da
outra, onde cada segunda tala pertence
ao próximo elo da corrente. Dessa Figura 140. Corrente de elos livres
maneira, podem ser construídas
correntes bem largas e muito
resistentes. Além disso, mesmo Correntes Gall e de Aço Redondo:
com o desgaste, o passo fica, o de elo Utilizadas para o transporte de carga, são
a elo vizinho, igual, pois entre eles não próprias para velocidade baixa e grande
há diferença. Esta corrente permite capacidade de carga.(Figura 141)
transmitir rotações superiores às
permitidas nas correntes de rolos. É
conhecida como corrente
silenciosa.(Figura 139)

Figura 141. Correntes Gall e de aço redondo

Corrente Comum: Conhecida também por


cadeia de elos. Possui os elos formados de
vergalhões redondos soldados, podendo ter
um vergalhão transversal para esforço. É
usada em talhas manuais, transportadores e
em uma infinidade de aplicações.(Figura 142)

Figura 139.Correntes de dentes

Corrente de Articulação Figura 142. Correntes comuns ou cadeias de elos


Desmontável: Esse tipo de corrente é
usado em veículos para trabalho
Corrente de Blocos: É uma corrente
pesado, como em máquinas agrícolas,
parecida com a corrente de rolos, mas, cada
com pequena velocidade tangencial.
par de rolos, com seus elos, forma um sólido
137
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bloco. É usada nos transportadores e


os blocos formam base de apoio para
os dispositivos usados para
transporte.(Figura 143)

Figura 144. Engrenagens para correntes

Engrenagem para Correntes de Dentes:


Figura 143. Correntes comuns ou cadeia de As engrenagens para correntes de dentes
elos
têm dentes de flancos retos (sem evolvente).
O ângulo entre os flancos, sobre os quais se
Fabricação das Correntes: apóia um elo de corrente, compreende 60º.
Os flancos dos dentes dos elos da corrente
As talas são estampadas de fitas de devem ser um pouco abaulados para evitar
aço. Os rolos e as buchas são um apoio de canto.(Figura 145)
repuxados de chapas de aço ou
enrolados de fitas de aço. Os pinos são
cortados de arames de aço. As peças
prontas são, separadamente,
beneficiadas ou temperadas para
aproximadamente 60 Rockwell.
Engrenagens para Correntes:
As engrenagens para correntes têm
como medidas principais o número de
dentes (Z), o passo (p) e o diâmetro
(d). O passo é igual à corda medida Figura 145. Engrenagens para correntes de dentes
sobre o diâmetro primitivo desde o
centro de um vão ao centro do vão
consecutivo, porque a corrente se Fabricação das Engrenagens:
aplica sobre a roda em forma poligonal.
O perfil dos dentes corresponde ao Os principais materiais para fabricação de
diâmetro dos rolos da corrente e para engrenagens para correntes são: aço
que haja facilidade no engrenamento, laminado, aço fundido, ferro fundido e chapa
as laterais dos dentes são afiladas e de aço. Os dentes são fresados, moldados
10% mais estreitas que a corrente. por fundição ou estampos. Os cubos,
Algumas rodas possuem o perfil eventualmente, podem ser soldados e ligam-
modificado para compensar o se aos eixos através de chavetas.
alargamento produzido pelo desgaste. Manutenção das Transmissões por
Os dentes são formados de tal modo Correntes:
que os rolos colocados entre eles O ângulo de abraço da roda motriz não deve
tenham folga no flanco da frente e no ser menor que 1200.
flanco de trás.(Figura 144) O número máximo de dentes de qualquer
das rodas não deve exceder a 150.
A soma dos números de dentes das duas
rodas não deve ser menor do que 50; e o
número mínimo de dentes para cada roda é
16.
As rodas dentadas devem ser perfeitamente
alinhadas e os eixos nivelados.

138
Elementos de Máquinas

A distância entre eixos mais favorável A dimensão das correntes e engrenagens


está entre 30 e 50 passos. são indicadas nas Normas DIN, as quais
O tensor, quando necessário, deve especificam a resistência dos materiais de
estar do lado sem carga, ter o que é feito cada um dos elementos: talas,
engrenamento de três dentes no eixos, buchas, rolos etc.
mínimo, não deve estar mais perto do
que quatro elos da roda mais próxima e 6.7 Cabos:
deve ter 19 dentes, no mínimo.
Nas transmissões horizontais e Cabos são elementos de transmissão que
inclinadas a flexão deve ser suportam cargas (força de tração),
aproximadamente 1(um) mm para cada deslocando-as nas posições horizontal,
50 mm entre centros, medida no centro vertical ou inclinada. Os cabos são muito
entre eixos. Nas transmissões verticais empregados em equipamentos de transporte
e nas sujeitas a choque a flexão deve e na elevação de cargas, como em
ser quase nula. elevadores, escavadeiras, pontes rolantes.(
Para partidas com carga convém usar Figura 146)
esticador com molas.
O esticador deve permitir um jogo de
2% do comprimento total da corrente.
A velocidade máxima linear da corrente
não deve exceder os limites das
especificações.
Cuidados Durante a Vida Útil das
Correntes e Suas Rodas:
A lubrificação deve ser feita a óleo; a
graxa deve ser evitada. A lubrificação
deve ser regulada de maneira que não
apareça a coloração marrom na
corrente; pode ser feita a gotas, por
banho ou por jato. Figura 146. Exemplo de transmissão por cabos
A vida da roda dentada pode ser
prolongada, invertendo-a Cabos de Aço:
ocasionalmente. São feitos de arames estrados a frio que são
Não colocar um elo novo no meio dos inicialmente enrolados formando pernas; as
gastos. pernas são enroladas em espiras em torno
Não usar corrente nova nas rodas de um elemento central, chamado núcleo ou
dentadas velhas. alma.(
Lavar a corrente com querosene, nos Figura 147)
períodos dependentes das condições
de serviço, enxugar e mergulhar em
óleo, escorrendo o seu excesso.
Armazenar a corrente coberta de graxa
e embrulhada em papel.
Medir ocasionalmente o aumento do
passo causado pelo desgaste de pinos
e buchas (esticando a corrente). O
aumento máximo do passo permitido é
1%.
Medir o desgaste das rodas com uma
chapelona.
Substituir a corrente quando seu
comprimento, devido ao estiramento e
desgaste, aumentar em 3%. Figura 147. Composição dos cabos de aço
Verificar periodicamente o alinhamento
da corrente com a roda.

Dimensão das Correntes:

139
SENAI CIMATEC®

Figura 149. Indicação do passo em cabos


Construção dos Cabos:
Tipos de Cabos:
Um cabo pode ser construído em uma
ou mais operações, dependendo da
Existem vários tipos de distribuição de fios
quantidade de fios e, especificamente,
nas camadas de cada perna do cabo. Os
do número de fios da perna. Por
principais tipos de distribuição que vamos
exemplo: um cabo de aço 6 (seis) por
estudar são: normal, seale, filler e warrington.
19 significa que uma perna de 6 (seis)
Distribuição normal: Os fios dos arames e
fios é enrolada com 12 fios em duas
das pernas são de um só diâmetro (
operações, conforme segue (
Figura 150(a));
Figura 148)
Distribuição seale: As camadas são
alternadas em fios grossos e finos (
Figura 150(b));
Distribuição filler: As pernas contêm fios de
diâmetro pequeno que são utilizados como
enchimento dos vãos dos fios grossos (
Figura 150(c));
Tipos de Alma de Cabos de Aço:

Distribuição warrington: Os fios das pernas


têm diâmetros diferentes numa mesma
camada (
Figura 148. Construção de cabos Figura 150(d)).

Quando a perna é construída em várias


operações, os passos ficam diferentes
no arame usado em cada camada.
Essa diferença causa atrito durante o
uso e, conseqüentemente, desgasta os
fios. Passo é a distância entre dois
pontos de um fio em torno da alma do
cabo.(Figura 149)
Figura 150. Tipos de cabos

Especificação dos Cabos:

Tabela 8 apresenta valores referentes a


resistência à tração, em função do
material do fio.
Os materiais do núcleo do cabo podem
ser de fibras naturais, fibras artificiais,
amianto ou aço. Os núcleos de aço
aumentam a resistência à tração em
7%, porém diminuem a flexibilidade.
Os fios podem ser galvanizados ou
simplesmente lubrificados. Atualmente
está sendo usado o náilon estirado
como revestimento de cabos, o que dá
boa proteção.

140
Elementos de Máquinas

Tabela 8. Resistência à tração para diferentes materiais

Alma de asbesto: Tipo de alma utilizado em


cabos especiais, sujeitos a altas
As almas de cabos de aço podem ser temperaturas.
feitas de vários materiais, de acordo
com a aplicação desejada. Existem,
portanto, diversos tipos de alma.
Veremos os mais comuns: alma de
fibra, de algodão, de asbesto, de aço.
Alma de fibra: o tipo mais utilizado
para cargas não muito pesadas. As
fibras podem ser naturais (AF) ou Alma de aço: Tipo de alma que pode ser
artificiais (AFA). formada por uma perna de cabo (AA) ou por
As fibras naturais utilizadas um cabo de aço independente (AACI), sendo
normalmente são o sisal ou o rami. Já que este último oferece maior flexibilidade
a fibra artificial mais usada é o somada à alta resistência à tração.
polipropileno (plástico).
Tipos de Torção:
Vantagens das fibras artificiais:
Os cabos de aço, quando tracionados,
Não se deterioram em contato com apresentam torção das pernas ao redor da
agentes agressivos. alma. Nas pernas, também, há torção dos
São obtidas em maior quantidade. fios ao redor do fio central. O sentido dessas
Não absorvem umidade. torções pode variar, obtendo-se as situações:
Torção regular ou em cruz: Os fios de cada
Desvantagens das fibras artificiais: perna são torcidos no sentido oposto ao das
pernas ao redor da alma. As torções podem
São mais caras. ser à esquerda ou à direita. Esse tipo de
São utilizadas somente em cabos torção confere mais estabilidade ao
especiais. cabo.(Figura 151)
Alma de algodão: Tipo de alma que é
utilizado em cabos de pequenas
dimensões.

131
Elementos de Máquinas

Figura 153, mostra as formas possíveis de


amarração de cargas com cabos e os
coeficientes em relação à vertical.

Figura 151. Torção regular ou em cruz

Torção Lang ou em paralelo: Os fios


de cada perna são torcidos no mesmo
sentido das pernas que ficam ao redor
da alma. As torções podem ser à
esquerda ou à direita. Esse tipo de
torção aumenta a resistência ao atrito
(abrasão) e dá· mais flexibilidade. O
diâmetro de um cabo de aço
corresponde ao diâmetro da
Figura 153. Tipos de amarração de cargas
circunferência que o
circunscreve.(Figura 152)
Na aquisição de um cabo devem ser
consideradas as condições de trabalho como
velocidade, aceleração, quantia de curvas,
abrasão, corrosão e o peso próprio do cabo.
E, finalmente, na requisição devem constar o
comprimento, diâmetro, número de pernas e
fios, tipo de construção, torcedura,
lubrificação, acabamento, aplicação, carga
útil e resistência dos arames.

Polias e Tambores para Cabos:

O diâmetro das polias e tambores para cabos


deve ser o maior possível, considerando
Figura 152. Torção "Lang" ou em paralelo todos os fatores envolvidos no serviço. Para
uma rápida avaliação podem ser
Fatores para o Dimensionamento: considerados os diâmetros indicados.(Tabela
9)
O coeficiente de segurança deve estar
entre 500 e 850%, chegando a 1.300%
para os elevadores de passageiros. No
caso de suspensão de pesos fora da
vertical, tem-se de considerar que
existe uma redução da capacidade do
cabo.

A
Tabela 9 Especificação de cabos de aço

131
Elementos de Máquinas

Quanto à forma da canaleta (ou canal) Canais a 45º dão a máxima durabilidade
devem ser observadas as (Figura 154. Tipos de polias para cabos (b)).
recomendações do fabricante. Na Canais a 20º dão o máximo efeito de cunha
ausência dessas informações, podem- (Figura 154 (c)).
se considerar os seguintes dados: Os canais não devem ser largos demais para
Canais redondos guiam da melhor que o cabo tenha apoio nas laterais e não
maneira (Figura 154. Tipos de polias para deforme. O material deve ser resistente tanto
cabos (a)). à abrasão quanto à fluência (escoamento), a
fim de não se desgastar nem se deformar
facilmente.

Figura 154. Tipos de polias para cabos


Elementos de Máquinas

Figura 155. Tipos de fixação da ponta dos cabos de aços

Figura 156. Maneira de fixação da ponta dos cabos de aço

Manutenção dos Cabos de Aço: Manter o cabo sempre lubrificado. A


lubrificação do cabo deve ser incluída na
Além dos cuidados de instalação que ficha de lubrificação da máquina.
visam, principalmente, evitar o Os cabos devem ser inspecionados
aparecimento do nó que limita o periodicamente, conforme as recomendações
aproveitamento do cabo, deve-se ainda do fabricante da máquina. Nessa inspeção,
tomar os seguintes cuidados: devem ser observados:

Não deixar que o cabo encoste na Redução de secção de fios externos - o cabo
lateral da polia, no chão ou nos deve ser substituído quando atingir a
obstáculos ao longo do seu caminho. porcentagem determinada pelo fornecedor da
Evitar arrancadas ou mudanças máquina.
bruscas de direção.
Aplicar suavemente as forças. Indícios de corrosão - eliminar a causa.
Permitir que o cabo esteja bem
esticado antes de levantar o peso. Rompimento da alma - substituir
Manter o cabo sempre limpo. As imediatamente o cabo.
partículas abrasivas são Ondulação - depois de perceber a ondulação,
particularmente nocivas. deve-se observá-la de novo após algum

131
Elementos de Máquinas

tempo; se notar progresso do defeito, Escoamento do material do cabo devido ao


substituir o cabo. excesso de carga. Nesse caso não é
Aparecimento de "gaiola de possível recuperar o cabo, assim, ele deve
passarinho" - substituir imediatamente ser trocado.
o cabo.
Não se descuidar das argolas, pinos,
etc. Em caso de desgaste acima do 6.8 Engrenagens:
indicado pelo manual de serviço, eles
devem ser trocados ou Engrenagens são rodas com dentes
recondicionados. Na falta de indicação padronizados que servem para transmitir
do manual, considerar 10% da perda movimento e força entre dois eixos. Muitas
de secção como valor máximo. vezes, as engrenagens são usadas para
variar o número de rotações e o sentido da
Defeitos em Serviço: rotação de um eixo para o outro.
Elas permitem a redução ou aumento do
Quando um cabo de aço não momento torsor, com perdas mínimas de
corresponder às expectativas, devem energia, e aumento ou redução de
ser procurados os seguintes defeitos: velocidades, sem perda nenhuma de energia,
Cabo rompido - em caso de por não deslizarem.
rompimento de um cabo novo ou semi- A mudança de velocidade e torção é feita na
novo, onde o cabo mantém-se reto, o razão dos diâmetros primitivos. Aumentando
problema é excesso de carga ou a rotação, o momento torsor diminui e vice-
choque. versa. Assim, num par de engrenagens, a
Em caso de rompimento com maior delas terá sempre rotação menor e
entortamentos do cabo, é provável que transmitirá momento torsor maior. A
ele tenha-se soltado da polia e esteja engrenagem menor tem sempre rotação mais
apoiado sobre o eixo ou armação. alta e momento torsor menor.
Nesse caso, deve-se providenciar o O movimento dos dentes entre si processa-
protetor. se de tal modo que o diâmetro primitivo não
Gaiola de passarinho - é provocada há deslizamento, havendo apenas
pelo choque de alívio de tensão, ou aproximação e afastamento.
seja, quando a tensão, provavelmente Nas demais partes do flanco, existem ação
excessiva, tenha sido aliviada de deslizamento e rolamento. Daí conclui-se
instantaneamente. que as velocidades periféricas (tangenciais)
Cabo amassado - trata-se, dos círculos primitivos de ambas as rodas
provavelmente, de cruzamento de são iguais (lei fundamental do
cabos sobre o tambor ou de subida dos denteado).(Figura 158)
cabos sobre a quina da canaleta. Evita-
se esse problema mantendo o cabo
esticado e um enrolamento ordenado
do cabo no tambor;
Quebra de fios externos - trata-se de:
diâmetro da polia ou tambor
excessivamente pequeno ou mudança
freqüente de direção; corrosão;
abrasão não uniforme; e excesso de
tempo de trabalho do cabo.
Ondulação - trata-se de deslizamento
de uma ou mais pernas devido à
fixação imprópria ou devido a Figura 157. Trem de engrenagens
rompimento da alma.
Deterioração da alma - trata-se de falta
de lubrificação. Dependendo do tipo de
alma, esta pode fragmentar-se quando
resseca, ou pode apodrecer com
umidade ou penetração de líquidos
corrosivos.

131
SENAI CIMATEC®

Observe as partes de uma de uma engrenagem se encaixam nos vãos


engrenagem: dos dentes da outra engrenagem.(Figura 161)

Figura 158. Parte de uma engrenagem

Existem diferentes tipos de corpos de


engrenagem. Para você conhecer Figura 161. Engrenamento dos dentes
alguns desses tipos, observe as
ilustrações.(Figura 159) As engrenagens trabalham em conjunto. As
engrenagens de um mesmo conjunto podem
ter tamanhos diferentes. Quando um par de
engrenagens tem rodas de tamanhos
diferentes, a engrenagem maior chama-se
coroa e a menor chama-se pinhão.(Figura
162)

Figura 159. Exemplos de engrenagens

Os dentes são um dos elementos mais


importantes das engrenagens.
Observem, no detalhe, as partes
principais do dente de Figura 162. Representação de um pinhão e uma
coroa
engrenagem.(Figura 160)

Os materiais mais usados na fabricação de


engrenagens são: aço-liga fundido, ferro
fundido, cromo-níquel, bronze fosforoso,
alumínio, náilon.
Para interpretar desenhos técnicos de
engrenagens, é preciso conhecer bem suas
características. Analise cuidadosamente o
desenho a seguir e veja o significado das
Figura 160. Nomenclatura dos dentes de
engrenagens
letras sobre as linhas da engrenagem.(Figura
163)

Para produzir o movimento de rotação


as rodas devem estar engrenadas. As
rodas se engrenam quando os dentes

132
Elementos de Máquinas

m = Módulo – Dividindo-se o Dp pelo


número de dentes (Z), ou o passo (P) por p,
teremos um número que se chama módulo
(m). Esse número é que caracteriza a
engrenagem e se constitui em sua unidade
de medida. O módulo é o número que serve
de base para calcular a dimensão dos
dentes.
a = Ângulo de pressão – Os pontos de
contato entre os dentes da engrenagem
motora e movida estão ao longo do flanco do
dente e, com o movimento das engrenagens,
deslocam-se em uma linha reta, a qual
Figura 163. Elementos básicos das forma, com a tangente comum às duas
engrenagens engrenagens, um ângulo. Esse ângulo é
chamado ângulo de pressão (a), e no
As características dos dentes da sistema modular é utilizado normalmente
engrenagem são: com 20 ou 15º.
De = Diâmetro externo – É o diâmetro
máximo da engrenagem, isto é, o Perfil do Flanco do Dente:
diâmetro maior:(Equação 12)
O perfil do flanco do dente é caracterizado
por parte de uma curva cicloidal chamada
Equação 12. Cálculo de diâmetro externo evolvente. A Figura 164(a) apresenta o
De = m(Z+2) processo de desenvolvimento dessa curva.
O traçado prático da evolvente pode ser
Di = Diâmetro interno – É o diâmetro executado ao se desenrolar um fio esticado
menor da engrenagem; ao redor de um círculo, marcando-se a
Dp = Diâmetro primitivo – É o trajetória descrita por um ponto material
diâmetro imaginário que fica entre os definido no próprio fio.
diâmetros externo e interno da Quanto menor for o diâmetro primitivo (Dp),
engrenagem. Seu cálculo exato é De - mais acentuada será a evolvente. Quanto
2m; maior for o diâmetro primitivo, menos
c = Cabeça do dente – É a parte do acentuada será a evolvente, até que, em
dente que fica entre a circunferência uma engrenagem de Dp infinito (cremalheira)
primitiva (Dp) e a circunferência externa a evolvente será uma reta. Neste caso, o
(De) da engrenagem; perfil do dente será trapezoidal, tendo como
f = Pé do dente – É a parte do dente inclinação apenas o ângulo de pressão (a)
que fica entre a circunferência primitiva (Figura 164 (b)).
e a circunferência interna (ou raiz);
h = Altura do dente – corresponde à
soma da altura da cabeça mais a altura
do dente, ou (De - Di)/2;
e = Espessura de dente - É a medida
do arco limitada pelo dente, sobre a
circunferência primitiva (determinada
pelo diâmetro primitivo);
v = Vão do dente – É o vazio que fica
entre dois dentes consecutivos também
delimitados por um arco do diâmetro Figura 164.Desenvolvimento da envolvente
primitivo;
p = passo – É a soma dos arcos da
espessura e do vão (p=e+v), ou é a Geração da Evolvente:
medida que corresponde a distância
entre dois dentes consecutivos, medida Imagine a cremalheira citada no item anterior
à altura do Dp; como sendo uma ferramenta de corte que

133
SENAI CIMATEC®

trabalha em plaina vertical, e que a ser compensada pelo mancal ou rolamento.


cada golpe se desloca juntamente com Serve para transmissão de eixos paralelos
a engrenagem a ser usinada (sempre entre si e também para eixos que formam um
mantendo a mesma distância do ângulo qualquer entre si (normalmente 60 ou
diâmetro primitivo). É por meio desse 90º). (Figura 166).
processo contínuo que é gerada, passo
a passo, a evolvente (Figura 165).

Figura 166. Engrenagem cilíndrica de dentes


helicoidais

Figura 165. Geração da envolvente

O ângulo de inclinação do perfil (ângulo


de pressão a) sempre é indicado nas
ferramentas e deve ser o mesmo para
o par de engrenagens que trabalham
juntas.

Tipos de Engrenagens:

Existem vários tipos de engrenagem,


que são escolhidos de acordo com sua
função. Figura 167. Transmissão entre eixos paralelos e
eixos em ângulos
Engrenagens Cilíndricas de Dentes
Retos: Os dentes são dispostos
paralelamente entre si e em relação ao Engrenagens Cilíndricas com Dentes
eixo. Ê o tipo mais comum de Internos: É usada em transmissões
engrenagem e o de mais baixo custo. É planetárias e comandos finais de máquinas
usada em transmissão que requer pesadas, permitindo uma economia de
mudança de posição das engrenagens espaço e distribuição uniforme da força. As
em serviço, pois é fácil de engatar. É duas rodas do mesmo conjunto giram no
mais empregada na transmissão de mesmo sentido.
baixa rotação do que na de alta Engrenagem Cilíndrica com Cremalheira:
rotação, por causa do ruído que A cremalheira pode ser considerada como
produz. uma coroa dentada com diâmetro primitivo
Engrenagens Cilíndricas de Dentes infinitamente grande. É usada para
Helicoidais: Os dentes são dispostos transformar movimento giratório em
transversalmente em forma de hélice longitudinal.(Figura 168)
em relação ao eixo (Figura 166). É usada
em transmissão fixa de rotações
elevadas por ser silencioso devido a
seus dentes estarem em contato
constante. Tem, porém, uma
componente axial de força que deve

134
Elementos de Máquinas

oblíquos produzem uma força axial que deve


ser compensada pelos mancais.
Engrenagem Cilíndrica com Dentes em V:
Conhecida também como engrenagem
herringbone ou espinha de peixe. Possui
dentado helicoidal duplo com uma hélice à
direita e outra à esquerda. Isso permite a
compensação da força axial na própria
engrenagem, eliminando a necessidade de
compensar esta força nos mancais. Para que
Figura 168. Engrenagem cilíndrica com cada parte receba metade da carga, a
cremalheira engrenagem em espinha de peixe deve ser
montada com precisão e uma das árvores
Engrenagens Cônicas com Dentes deve ser montada de modo que flutue no
Retos: É empregada quando as sentido axial. Usam-se grandes inclinações
árvores se cruzam; o ângulo de de hélice, geralmente de 30 a 45º. Pode ser
intersecção geralmente 90º, podendo fabricada em peça única ou em duas
ser menor ou maior. Os dentes das metades unidas por parafusos ou solda.
rodas cônicas têm um formato também Neste último caso só é admissível o sentido
cônico, o que dificulta sua fabricação, de giro no qual as forças axiais são dirigidas
diminui a precisão e requer uma uma contra a outra.(
montagem precisa para o Figura 170)
funcionamento adequado.A
engrenagem cônica é usada par mudar
a rotação e direção da força, em baixas
velocidades.(Figura 169)

Figura 170. Engrenagem cilíndricas de dentes em


"V"

Engrenagem Cônica com Dentes em


Espiral: Empregada quando o par de rodas
cônicas deve transmitir grandes potências e
girar suavemente, pois com este formato de
dentes consegue-se o engrenamento
simultâneo de dois dentes. O pinhão pode
Figura 169. Engrenagem cônica com estar deslocado até 1/8 do diâmetro primitivo
dentes retos
da coroa. Isso acontece particularmente nos
automóveis para ganhar espaço entre a
Engrenagem Cilíndrica com Dentes carcaça e o solo.(
Oblíquos: Seus dentes formam um Figura 171)
ângulo de 20º com o eixo da árvore. Os
dentes possuem o perfil da evolvente e
podem estar inclinados direitos ou à
esquerda. Os dentes vão se
carregando e descarregando
gradativamente. Sempre engrena
vários dentes simultaneamente, o que
dá um funcionamento suave e
silencioso. Pode ser bastante solicitada
e pode operar com velocidades Figura 171. Engrenagem cônica com dentes em
espiral
periféricas até 160 m/s. Os dentes

135
SENAI CIMATEC®

f = Número de filetes do sem-fim.


Parafuso Sem-fim e Engrenagem
Côncava (coroa): O parafuso sem-fim Neste caso, não se calcula o aumento ou a
é uma engrenagem helicoidal com redução da velocidade em número de voltas
pequeno número (até 6) de dentes por minuto, mas o deslocamento (dv) linear
(filetes). O sem-fim e a coroa servem da cremalheira por volta do pinhão.(Equação
para transmissão entre dois eixos 15)
perpendiculares entre si. São usados
quando se precisa obter grande Equação 15. Cálculo do deslocamento linear da
redução de velocidade e conseqüente cremalheira por volta do pinhão
aumento de momento torsor. Quando o
ângulo de inclinação (y) dos filetes for d v =Z .P ou d v =D p .π
menor que 5º, o engrenamento é
chamado de auto-retenção. Isto Onde:
significa que o parafuso não pode ser Z = Número de dentes do pinhão;
acionado pela coroa. Nos P = Passo;
engrenamentos sem-fim, como nas Dp = diâmetro primitivo do pinhão.
engrenagens helicoidais, aparece
forças axiais que devem ser absorvidas Obs: A unidade resultante é milímetro por
pelos mancais. Entre o sem-fim e a volta, ou seja, m/volta.
coroa produz-se um grande atrito de
deslizamento. A fim de manter o Fabricação de Engrenagens:
desgaste e a geração de calor dentro
dos limites, adequam-se os materiais Normalmente são empregados dois
do sem-fim (aço) e da coroa (ferro processos para construir engrenagens. O
fundido ou bronze), primeiro, com fresas modulares consiste em
devendo o conjunto funcionar em abrir os vãos entre os dentes da
banho de óleo. engrenagem, um a um (Figura 171). O
Relação de Transmissão, para segundo com fresas tipo caracol, gerando
engrenagens em geral.(Equação 13) todos os dentes simultaneamente.

Equação 13. Cálculo da relação de Ao abrir os vãos dos dentes das


transmissão para engrenagens engrenagens, além de determinar o ângulo
de pressão entre os dentes, é necessário
determinar-lhes o perfil. Quando duas
D p2 Z2 engrenagens de mesmo módulo tiverem
i= =
D p1 Z1 quantidades de dentes diferentes, seus
diâmetros primitivos serão diferentes e,
conseqüentemente, o perfil dos dentes será
Onde: diferente.(Figura 172)
Dp1 = Diâmetro primitivo da
engrenagem motora;
Dp2 = Diâmetro primitivo da
engrenagem movida;
Z1 = Número de dentes da roda motora;
Z2 = Número de dentes da roda
movida;
Para coroa e sem-fim: (Equação 14)

Equação 14. Cálculo para coroa e sem fim

Z
i=
f
Figura 172. Processo de fabricação de
engrenagens utilizando fresas
Onde:
i = Relação de transmissão
Z = Número de dentes da coroa;

136
Elementos de Máquinas

Por isso, as fresas modulares são


construídas de modo que haja para
cada módulo um jogo de oito fresas
com perfis diferentes, em função do
número de dentes da engrenagem a
ser construída (Tabela 10).
Tabela 10. Jogo de oito fresas para execução das engrenagens até o módulo 10

A partir do módulo 10, as dimensões do


perfil do dente são muito maiores e, Assim, a partir do módulo 10 o jogo de fresas
conseqüentemente, as diferenças são modular é composto de 15 fresas (Tabela 11).
consideráveis
Tabela 11 Jogo de 15 fresas para execução das engrenagens acima do módulo 10

fresa não é o real correspondente ao número


de dentes a fresar, isto porque,
Escolha do Número da Fresa:

Para dentes retos: Basta consultar a com o movimento helicoidal da engrenagem


tabela e determinar o número da fresa há uma alteração no perfil natural do dente
em função do número de dentes de (evolvente).
engrenagem a ser confeccionada. Portanto, a fresa a ser escolhida deverá ter
Para dentes helicoidais: Para fresar outro número, em função de um número de
engrenagens com dentes helicoidais dentes imaginário (Zi), sempre maior que o
são empregadas as mesmas fresas número de dentes de uma engrenagem com
modulares utilizadas para as fresas dentes retos.
cilíndricas com dentes retos. O módulo Esses números podem ser conseguidos
deve ser o mesmo, porém o número da através de diagramas, ou podem ser
calculados em função do número de dentes

137
Elementos de Máquinas

real (Z) e da inclinação do ângulo da Procedimentos em Manutenção com


hélice (b). Veja a seguir no diagrama Engrenagens:
que para confeccionar uma Montagem de engrenagens cilíndricas:
engrenagem helicoidal de 52 dentes Para um par de engrenagens cilíndricas
com um ângulo de hélice de 38 graus, trabalharem, adequadamente, devem
será necessário usar a fresa número 7. coincidir a espessura dos dentes, a altura
Fabricação de Engrenagens por dos dentes, o passo e o perfil dos dentes.
Geração: O alinhamento e a concentricidade entre os
Chama-se processo por geração diâmetros da engrenagem e da árvore devem
porque o perfil do dente (evolvente) é ser os mais exatos possíveis, assim como o
gerado pelo movimento conjugado paralelismo entre os eixos.(Figura - 174)
entre a ferramenta e a peça. Nesse
processo, a ferramenta faz todos os
vãos da peça, contínua e
progressivamente.
A ferramenta (caracol) é semelhante a
uma rosca sem-fim com o perfil de uma
cremalheira (evolvente reta) tendo
somente a inclinação do ângulo de
pressão.(Figura 173)

Figura - 174 Alinhamento para montagem de


engrenagens

A distância entre centros pode ser calculada


pelas fórmulas:
Figura 173. Fresa caracol

Uma rosca modular possui a inclinação


do ângulo da hélice que deve ser Equação 16. Cálculo da distância entre centros
compensado inclinando-se o,cabeçote D p1 +D p 2
porta-ferramenta. Quando a a=
engrenagem a ser confeccionada for de 2
dentes retos, a inclinação do cabeçote
será a mesma do ângulo da hélice da Ou
ferramenta.
Se a engrenagem a ser confeccionada m.( Z1 +Z 2 )
a=
for helicoidal, a inclinação do cabeçote 2
porta-ferramenta será a do ângulo da
hélice da engrenagem mais (+) ou Os defeitos de paralelismo dos dentes em
menos (-) a inclinação da hélice da relação ao eixo da roda podem ser
ferramenta (em função do sentido da verificados percorrendo os flancos dos
hélice à direita ou à esquerda). dentes com um apalpador de precisão.(Figura
A engrenagem e a ferramenta - 175)
trabalham conjuntamente como uma
coroa e um sem-fim. Por exemplo, ao
se fazer uma engrenagem com Z = 50
dentes, para cada rotação dela, a
ferramenta dará 50 rotações, como se
estivessem engrenadas.
Conseqüentemente, o passo entre os
dentes da engrenagem será o mesmo
passo da ferramenta. O avanço da
ferramenta é no sentido da linha de
centro da peça.

131
SENAI CIMATEC®

Figura - 175 Defeitos de paralelismo Figura - 178mostram a distribuição da carga


sobre o flanco e a impressão de contato para
A principal dificuldade na montagem de a montagem e para o serviço.
engrenagens consiste em montá-las de
modo que, quando em contato, os
flancos se toquem em todo o seu
comprimento. Isso pode ser verificado
pintando-se uma das rodas com azul-
da-prússia.
Por outro lado, a experiência tem
mostrado que durante o
funcionamento, sob a influência da
carga na roda e da flexão do eixo, as
rodas montadas, corretamente,
acabam produzindo um contato
parcial.(Figura - 176)
Figura - 178 Distribuição de cargas em um dente de
engrenagem

Montagem de Engrenagens Cônicas:

As engrenagens cênicas com dentes retos


são muito sensíveis a deslocamentos de
seus eixos.
Qualquer desvio acarreta o contato somente
nos extremos dos dentes, o que provoca
desgaste prematuro do pinhão. A figura
abaixo mostra os casos mais comuns de
eixos deslocados.
Modernamente, estas engrenagens são
também fabricadas com os dentes arqueados
Figura - 176 Influência da carga no dente (abaulamento longitudinal), que são
insensíveis aos defeitos de posição.
Essas dificuldades levaram à As engrenagens cônicas com dentes em
fabricação do flanco com abaulamento espiral são insensíveis aos deslocamentos
longitudinal. Essa forma permite dos eixos porque os flancos estão,
adaptação às variações de carga, às diferentemente, curvados numa roda em
flexões do dente e aos pequenos erros relação à outra.
de montagem.(Figura - 177) Assim, produz-se o contato só na região
central, de modo que os deslocamentos dos
eixos são compensados por um movimento
de contato dos flancos.
Esta forma de dentes pode, portanto, ir-se
acomodando aos erros de deslocamento dos
eixos, incorreção de montagem e golpes de
carga que possam apresentar.
A maior dificuldade em verificar a montagem
das rodas cônicas é o fato de o vértice ser
imaterial.
Em vez do vértice do cone, escolhe-se na
roda uma superfície de referência adequada,
à qual se referem os dentes na sua
Figura - 177 Presença do abaulamento fabricação, verificação e montagem.
Às vezes verifica-se o corpo da roda,
A montada em seu eixo, antes da abertura dos
dentes.

132
Elementos de Máquinas

Folga Entre as Engrenagens: A lubrificação deve atingir toda a superfície


dos dentes.
A folga é necessária, pois sem ela A lubrificação deve ser mantida no nível,
haveria um emperramento, no caso de evitando excesso de óleo, que provoca o
as tolerâncias de fabricação das efeito de turbina, com conseqüente
engrenagens estarem na faixa superior, superaquecimento.
e as distâncias entre eixos, na faixa Usar o aditivo correto no óleo lubrificante.
inferior. A pré-carga dos rolamentos ou folga dos
Por outro lado, a folga entre as mancais deve ser mantida nos limites
engrenagens não pode ser grande recomendados, a fim de evitar
demais, pois provocaria vibração em desalinhamentos dos eixos, o que provocará
serviço. carga no canto dos dentes e possível quebra.
As folgas, geralmente, são O desgaste dos eixos e dos entalhes não
especificadas pelo fabricante da deve exceder os limites de ajuste, o que
máquina e medidas com relógio provocaria batidas, devido ao atraso,
comparador: fixando uma engrenagem recalcando os entalhes que
e movimentando a outra em dois provocaram desalinhamento, além de efeito
sentidos, com o apalpador do relógio sobre os flancos dos dentes.
no diâmetro primitivo. Depósitos sólidos do fundo da caixa de
Em caso de falta de dados pode-se engrenagem devem ser removidos antes de
usar a folga entre 2 e 3,5% do módulo. entrarem em circulação.

Montagem de Sem-fim e Coroa: Defeitos Comuns nas Engrenagens:

Nesta montagem, é importante que os Os defeitos mais freqüentes que ocorrem nas
eixos do sem-fim e da coroa fiquem engrenagens são desgaste, fadiga
nos planos paralelos E1 e E2. superficial, escoamento plástico e quebra.
A distância entre os planos é igual a Desgaste por Interferência: É provocado
distância entre eixos. Os eixos têm de por um contato inadequado entre
cruzar-se a 90º e o plano vertical E3, engrenagens, onde, a carga total está
que passa pelo eixo do sem-fim, deve concentrada sobre o flanco impulsor e a
passar pelo centro dos dentes da ponta do dente da engrenagem
coroa. impulsionada. Pode resultar em uma leve
O melhor modo de obter o alinhamento linha de desgaste, sem maiores
dos três planos é através de uma conseqüências, ou até em um dano
usinagem precisa dos alojamentos dos considerável.
eixos na carcaça e da montagem Desgaste Abrasivo: É provocado pela
correta dos mancais. presença de impurezas (corpos estranhos)
A posição correta pode ser verificada que se interpõem entre as faces de contato.
pintando-se (com azul-da-prússia) os Essas impurezas abrasivas podem estar no
flancos do sem-fim e fazendo o óleo.
acoplamento em seguida. Durante o Quebra por Fadiga: Começa, geralmente,
funcionamento sem carga a impressão com uma trinca do lado da carga, num ponto
de contato deve ser pequena e próxima de concentração de tensões perto da base
da extremidade do dente da coroa. A do dente, e termina com quebra total no
plena carga, a impressão de contato sentido longitudinal ou diagonal para cima.O
deve cobrir pelo menos 70% do desalinhamento na montagem ou em serviço
comprimento do dente. pode favorecer o surgimento de trincas.
Quebra por Sobrecarga: Não mostra sinais
Utilização dos Conjuntos Engrenados: de progresso da trinca. Pode resultar de
sobrecarga estática, choque ou problemas de
Os cuidados para uma boa utilização tratamento térmico. Em geral, apresenta do
dos conjuntos engrenados são: lado da compressão do dente, uma lombada
Evitar reversões de rotações e partidas cuja altura diminui de acordo com o tempo
bruscas sob carga. que leva para quebrar-se. A sobrecarga pode
A lubrificação deve eliminar a ser causada por penetração de um corpo
possibilidade de trabalho a seco.

133
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estranho entre os dentes, ou Tinido: Proveniente de alguma saliência no


desalinhamento devido ao desgaste ou dente, causada por uma batida ou pela
folga excessiva passagem de um corpo duro (estranho) entre
nos mancais. Ou, ainda, por perda de os dentes.
pré-carga nos rolamentos. Matraqueamento: É causado pela folga
Trincas Superficiais: Ocorrem nas excessiva entre os dentes (distância entre
engrenagens cementadas e centros) ou, às vezes, pelo desalinhamento
caracterizam-se por cisalhamento do entre duas engrenagens.
material. São provocadas pelo Chiado: Normalmente ocorre em caixas de
emperramento momentâneo e engrenagens, quando a expansão térmica
deslizamento conseqüente, que, por dos eixos e componentes elimina as folgas
sua vez, são provocados por vibrações, nos mancais ou nos encostos.
excesso de carga ou lubrificação Limalha no óleo: Se aparecer em pequena
deficiente. Essas trincas não quantidade, durante as primeiras 50 horas de
apresentarão maiores problemas se serviço, trata-se, provavelmente, de
não forem progressivas. amaciamento. Caso a limalha continue
Desgaste por Sobrecarga: É aparecendo após o amaciamento, significa a
caracterizado pela perda de material ocorrência de algum dano que pode ser
sem a presença de abrasivos no óleo. provocado por uma engrenagem nova, no
Ocorre geralmente em velocidades meio das usadas, ou o emprego de material
baixas e cargas muito altas. inadequado.
Lascamento: Os dentes temperados Superaquecimento: Pode ser causado por
soltam lascas, devido a falhas abaixo sobrecarga, excesso de velocidade, defeito
da superfície, originadas durante o de refrigeração ou de lubrificação. Pode,
tratamento térmico. Essas lascas ainda, resultar do efeito de freio hidráulico, se
podem cobrir uma área considerável do a circulação de óleo estiver deficiente. Neste
dente como se fosse uma só mancha. último caso, nota-se uma perda de potência.
Laminação ou Cilindramento: É Os desalinhamentos e a folga insuficiente
caracterizada pela deformação do perfil entre os dentes também geram
do dente. Essa deformação pode se superaquecimento.
apresentar como arredondamento ou Vibração; Pode ser causada por
saliências nas arestas dos dentes. empenamento dos eixos ou por falta de
Essas saliências são mais altas de um balanceamento dinâmico nas engrenagens
lado que do outro. Pode, ainda, de alta rotação, realizado no inicio de seu
apresentar-se como depressões no funcionamento ou após desgaste desigual
flanco da engrenagem motora e uma nas engrenagens. Outras causas de vibração
lombada perto da linha do diâmetro são: erros de fabricação; mau nivelamento da
primitivo da engrenagem movida. É máquina; fundação defeituosa; sobrecarga
causada pelo impacto, devido à ação com torção dos eixos e perda de ajuste dos
de rolar e deslizar sob carga pesada. mancais.
Sintomas de Irregularidades na
Engrenagem:
Baseado em alguns sintomas simples 6.9 Acoplamento:
de serem observados, o operador da
máquina ou equipamento poderá fazer Acoplamento é um conjunto mecânico,
ou pedir uma manutenção preventiva, constituído de elementos de máquina,
evitando, assim, a manutenção empregado na transmissão de movimento de
corretiva. rotação entre duas árvores ou eixos-
árvore.(Figura 179)
A seguir, os sintomas mais comuns:

Uivo: Normalmente aparece nas


rotações muito altas e quando não
existe folga suficiente entre as
engrenagens; quando estão
desalinhadas, excêntricas ou ovais.

134
Elementos de Máquinas

funcionem como se fossem uma única peça,


alinhando as árvores de forma precisa. Por
motivo de segurança, os acoplamentos
devem ser construídos de modo que não
apresentem nenhuma saliência.

Acoplamentos Permanentes Rígidos:

Acoplamento Rígido com Flanges


Parafusados: Esse tipo de acoplamento é
utilizado quando se pretende conectar
Figura 179. Uso de acoplamentos árvores, e é próprio para a transmissão de
grande potência em baixa velocidade.(Figura
180)
Os momentos de rotação são
transmitidos pelos acoplamentos
segundo os princípios de atrito e da
forma.
Emprega-se o acoplamento quando se
deseja transmitir um momento de
rotação (movimento de rotação e
forças) de um eixo motor a outro
elemento de máquina situado
coaxialmente a ele.
Principio de Atuação dos
Acoplamentos:
Figura 180. Acoplamento rígido com flanges
parafusados
O momento de rotação (Md) é o produto
da força (F) pela distância (L), sendo
calculada pela fórmula: Acoplamento com Luva de Compressão
ou de Aperto: Esse tipo de luva facilita a
Equação 17. Cálculo do momento de rotação
manutenção de máquinas e equipamentos,
com a vantagem de não interferir no
M d =F .L posicionamento das árvores, podendo ser
montado e removido sem problemas de
Para um mesmo momento de rotação a alinhamento. Tais luvas devem ser
ser transmitido, a distância L é menor construídas de modo que não apresentem
em um acoplamento pela forma do que saliências ou que estas estejam totalmente
em um acoplamento por atrito, pois F cobertas, para evitar acidentes. A união das
(Força) precisa ser menor em um luvas ou flanges à árvore é feita por chaveta,
acoplamento por atrito. Podemos encaixe com interferência ou cones.(Figura
181)
observar melhor através das figuras
abaixo o comprimento L e o momento
de rotação (Md).

Classificação dos Acoplamentos:

Os acoplamentos classificam-se em
permanentes e comutáveis. Os
permanentes atuam continuamente e
se dividem em rígidos e flexíveis. Os
comutáveis atuam obedecendo a um
comando. Os acoplamentos podem ser
fixos (rígidos), elásticos e móveis. Figura 181. Acoplamento com luvas de compressão
Os acoplamentos fixos servem para
unir árvores de tal maneira que

135
SENAI CIMATEC®

Acoplamento de Discos ou Pratos: Permitem a compensação de até 6 (seis)


Empregado na transmissão de graus de ângulo de torção e deslocamento
grandes potências em casos especiais, angular axial.
como, por exemplo, nas árvores de Veja a seguir os principais tipos de
turbinas, as superfícies de acoplamentos elásticos:
contato nesse tipo de acoplamento Acoplamento Elástico de Pinos: Os
podem ser lisas ou dentadas. Os eixos elementos transmissores são pinos de aço
dos acoplamentos rígidos devem ser com mangas de borracha.(Figura 184)
alinhados precisamente, pois estes
elementos não conseguem compensar
eventuais desalinhamentos ou
flutuações. O ajuste dos alojamentos
dos parafusos deve ser feito com as
partes montadas para obter o melhor
alinhamento possível.(Figura 182)

Figura 184. Acoplamento elástico de pinos

Acoplamento Perflex: Os discos de


acoplamento são unidos, perifericamente, por
uma ligação de borracha apertada por anéis
de pressão. Esse acoplamento permite o
jogo longitudinal de eixos.(Figura 185)
Figura 182. Acoplamento de discos ou
pratos

Acoplamentos Elásticos ou
Permanentes Flexíveis:
Esses elementos tornam mais suave a
transmissão do movimento em árvores
que tenham movimentos bruscos,
permitindo o funcionamento do
conjunto com desalinhamento paralelo,
angular e axial entre as árvores.(Figura -
183) Figura 185. Acoplamento perflex

Acoplamento Elástico de Garras: As


garras, constituídas por tocos de borracha,
encaixam-se nas aberturas do contra-disco e
transmitem o movimento de rotação.

Figura - 183 Acoplamento elástico

Os acoplamentos elásticos são


construídos em forma articulada,
elástica ou articulada e elástica.

136
Elementos de Máquinas

Figura - 188 Acoplamento de dentes arqueados


Figura - 186 Acoplamento elástico de
garras
Acoplamento Flexível Oldham: Permite a
Acoplamento Elástico de Fita de ligação de árvores com desalinhamento
Aço: Consiste de dois cubos providos paralelo. Quando a peça central é montada,
de flanges ranhuradas, nos quais está seus ressaltos se encaixam nos rasgos das
montada uma grade elástica que liga peças conectadas às árvores. O formato
os cubos. O conjunto está alojado em desse acoplamento produz uma conexão
duas tampas providas de junta de flexível através de ação deslizante da peça
encosto e de retentor elástico junto ao central.(Figura - 189)
cubo. Todo o espaço entre os cabos e
as tampas é preenchido com graxa.
Apesar de esse acoplamento ser
flexível, as árvores deve estar bem
alinhado no ato de sua instalação para
que não provoquem vibrações
excessivas em serviço.(Figura - 187)

Figura - 189 Acoplamento flexível Oldham

Junta de Articulação: É usada para


transmissão de momentos de torção em
casos de árvores que formarão um ângulo
fixo ou variável durante o movimento. A junta
de articulação mais conhecida é a junta
universal (ou Junta Cardan) empregada para
Figura - 187 Acoplamento elástico de fita
de aço transmitir grandes esforços. Com apenas
uma junta universal o ângulo entre as árvores
Acoplamento de Dentes Arqueados: não deve exceder à 15º. Para inclinações até
Os dentes possuem a forma 25º, usam-se duas juntas.(Figura 190)
ligeiramente curvada no sentido axial, o
que permite até 3 (três) graus de
desalinhamento angular. O anel
dentado (peça transmissora do
movimento) possui duas carreiras de
dentes que são separadas por uma
saliência central.(Figura - 188)

137
SENAI CIMATEC®

Figura 190. Junta de articulação comando. Esses acoplamentos são


mecanismos que operam segundo o principio
A junta com articulação esférica, com de atrito. Esses mecanismos recebem os
ou sem árvore telescópica, é nomes de embreagens e de freios.
empregada para transmitir pequenos As embreagens, também chamadas fricções,
momentos de torção.(Figura 191) fazem conexão entre árvores. Elas mantêm
as árvores, motriz e comandada, à mesma
velocidade angular.
Os freios têm as funções de regular, reduzir
ou parar o movimento dos corpos.
Segundo o tipo de comando existem os
acoplamentos comutáveis manuais,
eletromagnéticos, hidráulicos, pneumáticos e
os diretamente comandados pela máquina de
trabalho.
Os acoplamentos móveis podem ser: de
garras ou dentes, e a rotação é transmitida
por meio do encaixe das garras ou de
dentes.
Figura 191. Junta de articulação esférica
Embreagens:
A junta cardam e a junta com
articulação esférica não conseguem As embreagens, conforme o tipo, podem ser
dar a árvore comandada uma acionadas durante o movimento da máquina
velocidade constante, igual à da árvore ou com ela parada. As formas mais comuns
motriz. de embreagens acionadas em repouso são
Junta Universal Homocinética: Esse os de acoplamento de garras e os de
tipo de junta é usado para transmitir acoplamento de dentes. Geralmente, esses
movimento entre árvores que precisam acoplamentos são usados em aventais e
sofrer variação angular, durante sua caixas de engrenagens de máquinas
atividade. Essa junta é constituída de ferramentas convencionais.(Figura 193)
esferas de aço que se alojam em
calhas.(Figura 192)

Figura 192. Junta universal Homocinética

A junta Homocinética é muito usada em


veículos. A maioria dos automóveis é
equipada com esse tipo de junta.
Acoplamentos Móveis (ou Comutáveis):
São empregados para permitir o jogo
longitudinal das árvores. Esses
acoplamentos transmitem força e
movimento somente quando Figura 193. Acoplamentos de garras e de dentes
acionados, isto é, obedecem a um

138
Elementos de Máquinas

sapatas que, por sua vez, completam a


A seguir, serão apresentados os transmissão do torque.
principais tipos de embreagens Embreagem de Disco para Autoveículos:
acionadas em marcha. Consiste em uma placa, revestida com
Embreagens de Disco: Consiste em asbesto em ambos os lados, presa entre
anéis planos apertados contra um disco duas placas de aço quando a embreagem
feito com material com alto coeficiente está acionada.(Figura 196)
de atrito, para evitar o escorregamento
quando a potência transmitida.
Normalmente, a força é fornecida por
uma ou mais molas e a embreagem é
desengatada por uma alavanca.(
Figura 194)

Figura 196. Embreagem de disco para automóveis

O disco de atrito é comprimido axialmente


através do disco de compressão por meio de
molas sobre o volante. Com o deslocamento
do anel de grafite para a esquerda, o
Figura 194. Embreagem de disco acoplamento é aliviado e alavanca, que se
apóia sobre a cantoneira, descomprime o
Embreagem Cônica: Possuem duas disco através dos pinos. A ponta de árvores é
superfícies de fricção cônicas, uma das centrada por uma bucha de deslizamento.
quais pode ser revestida com um Embreagem de Disco para Máquinas: A
material de alto coeficiente de atrito. A cobertura e o cubo têm rasgos para a
capacidade de torque de uma adaptação das lamelas de aço temperadas.
embreagem cônica é maior que a de A compressão é
uma embreagem de disco de mesmo feita pelo deslocamento da guia de engate, e
diâmetro. Sua capacidade de torque as alavancas angulares comprimem, assim, o
aumenta com o decréscimo do ângulo pacote de lamelas. A separação das lamelas
entre o cone e o eixo. Esse ângulo. é feita com o recuo da guia de engate por
Esse ângulo não deve ser inferior a 8º meio do molejo próprio das lamelas opostas
para evitar o emperramento.(Figura 195) e onduladas. O ajuste posterior da força de
atrito é feito através da regulagem do cubo
posterior de apoio.
Embreagem de Escoras: Pequenas escoras
estão situadas no interior do acoplamento
fazendo a ligação entre as árvores. Essas
escoras estão dispostas de forma tal que, em
um sentido de giro, entrelaçam-se
transmitindo o torque. No outro sentido, as
escoras se inclinam e a transmissão cessa.
Embreagem Seca: É um tipo de embreagem
Figura 195. Embreagem cônica centrifuga em que partículas de metal, como
granalhas de aço, são compactadas sob a
ação de força centrífuga produzida pela
Embreagem Centrífuga: É utilizado rotação. As partículas estão contidas em um
quando o engate de uma árvore motora componente propulsor oco, dentro do qual
deve ocorrer progressivamente e a está também um disco, ligado ao eixo
uma rotação predeterminada. Os acionado. A força centrífuga comprime as
pesos, por ação da força empurram as

139
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partículas contra o disco, acionando o sinterizados, base de cobre ou ferro com


conjunto. adição de chumbo/estanho, e grafite/sílica,
Embreagem de Roda-Livre ou têm boas propriedades de desgaste e bons
Unidirecional: Cada rolete está coeficientes de
localizado em um espaço em forma de atrito.
cunha, entre as árvores interna e O tecido de asbesto flexível é usado em
externa. Em um sentido de giro, os sapatas rígidas. O asbesto, em várias
roletes avançam e travam o conjunto formas, é preferido por sua capacidade de
impulsionando a árvore conduzida. No atuar, em temperaturas altas, sem avarias.
outro sentido, os roletes repousam na
base da rampa e nenhum movimento é Manutenção de Acoplamentos:
transmitido. A embreagem unidirecional
é aplicada em transportadores Para a manutenção dos acoplamentos é
inclinados como conexão para árvores, necessário considerar as tensões a que
para travar o carro a fim de evitar um estão sujeItos os acoplamentos:
movimento indesejado para trás. cisalhamento da chaveta, compressão entre
Freio de Sapata e Tambor: O detalhe chaveta e árvore, compressão entre chaveta
característico deste freio é uma sapata e flange, cisalhamento do flange no cubo e
(ou parte de uma alavanca), revestida compressão e cisalhamento das peças
com material de alto coeficiente de transmissoras de torque.
atrito, comprimida contra uma roda Destes, o item mais vulnerável é o
giratória (ou tambor) ligada ao órgão a cisalhamento da chaveta, que não deve ser
frear. superdimensionada sem um estudo apurado
Freio de Sapatas Internas ou Freio a dos esforços envolvidos. Pois se a chaveta
Tambor: É um freio em que duas cisalha com freqüência, o problema em geral
sapatas curvas são forçadas para fora, está na especificação do acoplamento ou em
contra o interior da borda de um tambor erros de montagem (alinhamento, folga, etc.).
giratório. Os principais cuidados a tomar durante a
Freio Multidisco: Compõe-se de montagem dos acoplamentos são:
vários discos de atrito intercalados com Colocar os flanges a quente, sempre que
discos de aço. Os discos de aço giram possível e não deixar a temperatura exceder
em um eixo entalhado e os discos de a 135ºC;
atrito são fixados por pinos. O freio Evitar a colocação dos flanges através de
atua por compressão axial dos discos. golpes, usarem prensas ou dispositivos
Freio Centrífugo: É um freio onde as adequados;
sapatas (revestidas com asbesto) No caso de encaixe cênico, verificar se não
atuam, na parte interna de um tambor, existem diferenças de conicidade entre as
pela ação da força centrífuga contra a superfícies de contato;
ação de molas lamelares. A tensão da O alinhamento das árvores deve ser o melhor
mola determina o instante de ação do possível apesar de serem usados
freio. acoplamentos flexíveis, pois durante o
serviço é que ocorrerão os desalinhamentos
Materiais para Freios e Embreagens: a serem compensados;
Considerar a possível dilatação axial das
O material mais usado e geralmente árvores que deve ser compensada pela folga
mais satisfatório e econômico para entre os flanges do acoplamento;
tambores de freios e embreagens é o Fazer a verificação da folga entre flanges, e
ferro fundido. Embora o aço ao do alinhamento e da concentricidade do
carbono, o aço inoxidável, o metal flange com a árvore;
monel e outros sejam usados em casos Certificar se todos os elementos de ligação
específicos. As sapatas podem ser estão bem instalados antes de aplicar a
feitas em madeira ou com revestimento carga.
de couro, se as temperaturas de
trabalho forem baixas. Lubrificação de Acoplamentos:
As sapatas de metal podem ter vida
longa, porém o coeficiente de atrito é Os tipos de acoplamentos que requerem
relativamente baixo. Os metais lubrificação, em geral, não necessitam

140
Elementos de Máquinas

cuidados especiais. O melhor


procedimento é o recomendado pelo
fabricante do acoplamento ou pelo
manual da máquina. No entanto,
algumas características de graxas para
acoplamentos flexíveis são importantes
para uso geral:
Ponto de gota – 150º C ou acima;
Consistência - NLGI nº 2 com valor de
penetração entre 250 e 300;
Baixo valor de separação do óleo e alta
resistência à separação por
centrifugação;
Deve possuir qualidades lubrificantes
equivalentes às dos óleos minerais
bem refinados de alta qualidade;
Não deve corroer aço ou deteriorar o
neoprene (material das guarnições).
Essas indicações são válidas para
trabalhos em temperaturas ambientes
de -18 a 66º C.

141
Elementos de Máquinas

Sistemas de Transmissão 7

7. Sistemas de Transmissão cônicas móveis podem aproximar-se ou


afastar-se entre si, determinando assim uma
variação do diâmetro de contato e, desta
Com os elementos de transmissão, forma, da relação de transmissão mediante
vistos na unidade anterior, são uma regulagem da distância entre os centros
montados os sistemas de transmissão. dos eixos, já que a correia não pode variar
Esses sistemas têm por fim transmitir o seu comprimento. A ação de uma mola
número de rotações da árvore motora à obriga a correia a posicionar-se sobre o
árvore movida e, em muitos casos, máximo diâmetro de contato permitido pela
também variar o número de rotações separação dos eixos e a estar sempre
da árvore movida em relação à motora. tensionada.(Figura 197)

7.1 Variador de Velocidade:

A variação de velocidade de forma


escalonada é obtida por meio de várias
polias de diâmetros diferentes. Com
isso, na troca de rotações é perdido um
tempo com desaceleração parada,
troca de posição das alavancas e nova
Figura 197. Variador de velocidade com distância
aceleração. variável entre eixos

O variador de velocidade elimina estes


inconvenientes; funciona suavemente, Variador com Distância Fixa Entre Eixos:
sem impactos, e pode ser preparado É constituído por dois pares de polias
para adaptar-se automaticamente às cônicas que deslizam sobre dois eixos
condições de trabalho exigidas. paralelos, de forma que, quando as polias de
um par se aproximam, as do outro se
O variador de velocidade pode separam. Obtém-se, assim, uma variação
transmitir potências de até 150 kW, contínua da relação de transmissão,
com um campo de relação de enquanto varia o diâmetro de contato da
transmissão de 1:3 a 1:10. A variação correia sobre os dois pares de polias.(Figura
da velocidade em geral é executada 198)
com a máquina em movimento e com
baixa carga.

7.2 Tipos de Variadores:

Variador com Transmissão por


Correia: A mudança gradual da
rotação na transmissão por correia
obtém-se, variando o diâmetro de
contato da correia com as polias, cuja
distância entre eixos pode permanecer
variável ou fixa.
Variador com Distância Variável Figura 198. Variador de velocidade com distância fixa
entre Eixos: Somente as semi-polias entre eixos
Elementos de Máquinas

forma e não por atrito, não havendo,


Variador por Roda de Fricção: portanto, deslizamento.
Transmite o momento de giro por Variador de Bolas: O variador de bolas
fricção entre duas árvores paralelas ou (Wülfel-kopp) assemelha-se a um rolamento
que se cruzam a distâncias de esferas. As árvores de acionamento e de
relativamente curtas. É construído em saída estão alinhadas no centro e possuem
várias formas. nas extremidades internas um disco
Para conseguir condições adequadas cônico.(Figura 200)
de fricção, uma das rodas é recoberta
com material de atrito, como borracha,
couro ou material sintético. No caso de
pequenos esforços, a guarnição é
fixada elasticamente, e, em caso de
grandes esforços, a guarnição é
vulcanizada sobre a roda.A força a ser
transmitida é representada pelo
produto entre a força normal
(perpendicular à tangente no ponto de
contato) e o coeficiente de atrito μ, que
depende dos materiais das rodas. Figura 200. Variador de bolas
O rendimento do variador por roda de
Esses discos se unem por atrito por meio das
fricção está entre 0,8 e 0,9; é de baixo esferas, em número de três até oito,
custo de manutenção; precisa possuir
distribuídas eqüidistantemente. Um anel de
mancais com alta resistência e está retenção, que gira juntamente com as bolas,
limitado a 400 kW de transmissão de pressiona-as contra os discos cônicos. As
potência. bolas estão presas, de forma rotativa, a eixos
Variador PIV: O variador PIV (parallel
que podem bascular, mas não giram ao redor
ideal verstellbar) é muito usado e
das árvores. Esses eixos basculantes se
funciona pelo mesmo sistema que o guiam por sua extremidade quadrada, que se
variador com distância fixa entre eixos. encaixa em ranhuras radiais nas tampas da
No variador PIV, a distância entre eixos carcaça. Os eixos têm, no extremo oposto ao
também é fixa e as polias se quadrado, ressaltos esféricos que engrenam
aproximam e se afastam
em ranhuras inclinadas do anel de ajuste. O
gradualmente.(Figura 199) anel de ajuste está alojado na carcaça para
poder girar em torno do eixo horizontal do
variador. Quando acionada a alavanca de
ajuste, as ranhuras inclinadas deslocam os
eixos basculantes radialmente, mudando o
ponto de contato entre a bola e os cones. Os
pontos de contato têm uma distância
periférica diferente para cada cone, o que
permite uma relação de transmissão de 1:3
até 3:1.
Variador PK: Possui na árvore do induzido
do motor elétrico um cone que pode mover-
Figura 199. Variador PIV se axialmente para efetuar o ajuste do
número de rotações. Cone de acionamento
carcaça oscilante.(Figura - 201)
As polias são ranhuradas e a
transmissão é feita por corrente
composta por paletas que se tocam
ligeiramente no sentido transversal e,
com isso, se amoldam aos diferentes
passos das ranhuras das polias. Isso
permite que a transmissão seja pela

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lubrificação e destinado a reduzir a


velocidade. Os principais cuidados na
manutenção do redutor de engrenagens são:
Na desmontagem, iniciar pelo eixo de alta
rotação e terminar pelo de baixa rotação;
Na substituição de eixo e pinhão, considerar
ambos como uma unidade, isto é, se um ou
outro estiver gasto, substituir os dois;
Engrenagens e pinhões cônicos são
lapidados em pares e devem ser substituídos
Figura - 201 Variador PK por pares nestas mesmas condições. Os
fabricantes marcam os conjuntos aos pares e
O cone entra em contato com um anel geralmente indicam a folga a ser respeitada;
de rodagem que está unido a uma
Medir a folga entre os dentes para que esteja
engrenagem planetária que engrena
de acordo com as especificações;
em uma roda dentada central ajustada
Proteger os lábios dos retentores dos cantos
à árvore de saída. A carcaça onde agudos dos rasgos de chaveta por meio de
estão a roda planetária e a roda central papel envolvido no eixo. Não dilatar os lábios
realiza um movimento pendular em
dos retentores mais que 0,8 mm no
redor do eixo de acionamento. Quando diâmetro.(Figura - 203)
acionado o motor, o próprio peso da
carcaça oscilante, situada
obliquamente à linha vertical, é
necessário para iniciar a transmissão
de potência. A pressão dos dentes
entre as rodas dentadas exerce
retroativamente uma força FR sobre a
carcaça oscilante que repercute entre o
cone e o anel de rodagem como forma
de aperto FN. Com isso, produz-se a
fricção necessária para a transmissão
da potência. A carcaça oscilante atua
regulando a força de aperto.
Nesse variador, a relação de alavanca
entre o raio do anel de rodagem e o
raio da engrenagem planetária é
escolhida de tal modo que assegure o
funcionamento até a ponta do cone, Figura - 203 Redutor de velocidade
tendo em conta o coeficiente de atrito
entre o cone e o anel de rodagem. É
importante notar que o cone, o anel de Cuidados na Manutenção de Variadores:
acionamento e a roda planetária giram
no mesmo sentido.(Figura - 202) Os variadores de velocidade são conjuntos
mecânicos constituídos por diversos
elementos de máquinas estudados nas
unidades anteriores; portanto os cuidados
com rolamentos, eixos, árvores, chavetas,
etc. devem ser os já citados. Além destes,
são importantes os seguintes cuidados:

Figura - 202 Variação do número de velocidade


Alinhamentos e nivelamentos adequados;
no variador PK
Lubrificação;
Redutor de Velocidade: É conhecido Inspeções periódicas, com especial atenção
por redutor o conjunto de coroa e sem- para mancais, elementos de atrito,
fim ou de engrenagens acondicionado acoplamentos e elementos de ligação em
em uma carcaça com sistema de geral.

132
Elementos de Máquinas

Variador Eletromagnético: É metros, pois, devido à rarefação do ar, a


constituído basicamente por um potência se reduz.
ventilador de aço, que é acionado
diretamente pelo motor, um rotor, no 7.3 Outros Sistemas de Transmissão:
qual está ligado o eixo de saída do
variador, e uma bobina fixa de campo. Transmissão planetária: É um sistema que
Na medida em que se varia a excitação compreende uma engrenagem central,
da bobina (por meio de um chamada sol, ligada a um eixo central e
circuito eletrônico), será provocado um várias engrenagens satélites (ou planetárias)
aumento ou diminuição do fluxo engrenadas e girando em torno da
magnético, que por sua vez altera a engrenagem sol.(Figura - 204)
força de arraste do rotor de saída,
proporcionando assim um controle
contínuo na velocidade com aceleração
suave. O controle da velocidade se dá
pelo escorregamento entre o eixo
motriz e o eixo movido, o que
possibilita que o torque disponível à
saída do variador seja praticamente
igual ao torque do motor. A vantagem
desse variador, sobre os variadores
mecânicos, é a de não possuir peças
em contato físico, que pelo
friccionamento desgastam-se ao
transmitir o torque.O variador
eletromagnético, ainda, pode funcionar
como freio dinâmico de absorção ou
embreagem.

Instalação e manutenção do variador


eletromagnético:

A transmissão de torque com Figura - 204 Transmissão planetária


escorregamento, gera o aquecimento
interno do variador eletromagnético e, As engrenagens satélites são montadas no
por isso, ele é provido de um sistema porta-satélites que se apóia no eixo central.
de auto-arrefecimento. Esse sistema Há ainda a engrenagem anelar, cujos dentes
obriga a instalação do variador em local se engatam aos das engrenagens satélites.
com fácil renovação de ar. A poeira, em Com esse sistema, podemos arranjar os
geral, não traz grandes problemas, elementos de modo a obter
exceto se contiver muitas partículas seis possibilidades de movimento, conforme
ferrosas ou termoplásticas. As a tabela.(Tabela 12)
partículas ferrosas, sendo magnéticas,
ficam retidas no entre - ferro das partes
rotativas travando-as.
As partículas termoplásticas não
ocasionam problemas quando em
movimento, mas fundem-se com a
temperatura de trabalho, e quando o
variador pára e esfria ocorre o
colamento das partes rotativas. Por
causa disso, o eixo acionado terá a
mesma rotação do eixo acionador.
Outros cuidados exigidos são quanto
aos intervalos de lubrificação e à
instalação em altitudes acima de 1 000

133
Elementos de Máquinas

Tabela 12 Possibilidades de movimentos

Obs: O número de dentes das


engrenagens satélites (planetárias) não
afeta a relação de transmissão.
Fuso de Esferas Recirculantes: É
uma rosca de transmissão, com atrito
baixíssimo, em que o parafuso e a
porca têm filetes opostos, em formato
circular, para conter as esferas de
rolamento situadas entre eles.
A potência é transmitida entre o
parafuso e a porca por meio das
esferas que circulam continuamente
através de um tubo ligado à parte
externa da porca.(Figura - 205) Figura - 205 Fuso de esferas recirculantes
Elementos de Máquinas

Os fusos e as porcas são construídos


com aço para rolamento, temperados,
revenidos com 62 HRC e retificados.
Sua capacidade de carga é de até
400000 N e são fabricados com
diâmetros entre 16 e 80 mm. Seu
rendimento é de quase 100 %. Nas
máquinas CNC, são montadas duas
porcas com um elemento de ajuste e
pré-carga entre ambas.
Os principais cuidados na manutenção
dos fusos de esferas recirculantes são
com a lubrificação, a pré-carga
segundo a especificação e a
verificação mensal das tubulações de
lubrificação das porcas.(Figura - 206)

Figura - 206 Fuso de esferas recirculantes em


máquinas CNC

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Elementos de Máquinas

REFERÊNCIAS:

FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Elementos de Maquinas. São Paulo: Globo.


(Telecurso 2000).

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI. Elementos e


conjuntos mecânicos de máquinas. São Paulo.

SHIGLEY, Joseph E. Elementos de máquinas. L.T.C., 1990. 2 v.

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