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Ensaio de flexão
Alunos:
Esta maior área de aplicação da tensão é muito importante, dada a natureza probabilística
da ruptura de materiais cerâmicos. Assim, também se faz necessário o tratamento
posteriormente dos dados através do método de Weibull, que determina um fator m, que indica
a confiabilidade do material.
2 Introdução
Materiais cerâmicos são geralmente muito duros e excelentes quando se trata de suportar
esforços compressivos. Entretanto apresentam baixa resistência à tração, alta fragilidade e baixa
homogeneidade. Para a análise da resistência a tração de materiais cerâmicos, as últimas duas
características citadas dificultam a realização de ensaios de tração. Uma boa alternativa é o
ensaio de flexão, o qual permite submeter uma grande superfície do corpo de prova (CP) a uma
mesma tensão trativa, atenuando os efeitos da baixa homogeneidade e eliminando a
necessidade de prender o CP com garras, uma dificuldade quando se trata de materiais muito
duros e frágeis.
2.1 Material
Os dados obtidos na tabela 1 são relativos a ensaios de flexão em corpos de prova
cerâmicos (pisos), recobertos com uma camada de esmalte — sempre voltada para baixo nos
ensaios realizados.
2.2 Procedimento
Foram ensaiados 31 corpos de prova numa máquina de ensaio de flexão por 4 pontos,
ilustrado na figura 1. Os aplicadores de carga (os dois cilindros na parte superior) desciam sobre
os CP, mediando a força, até rompê-los. A tabela 1 mostra o resultado dos 31 ensaios, listando
a forma máxima e a deflexão máxima no momento de ruptura para cada CP.
Tabela 1 - dados experimentais dos ensaios de flexão
A principal vantagem do método de ensaio de flexão por 4 ponto é que a tensão trativa
máxima atua sobre uma extensa área da superfície do material. A figura 2 mostra como são
calculados os esforços internos no corpo de prova.
𝐹 𝐹
𝑀− ∙ 𝑥 + ∙ (𝑥 − 25,5) = 0
2 2
𝑀 = 12,75 ∙ 𝐹 [𝑁 ∙ 𝑚𝑚]
Fica claro então que, para 25,5 ≤ 𝑥 ≤ 51 𝑚𝑚, o momento fletor no CP é constante,
variando apenas com a intensidade da força F, como ilustra a figura 3.
Figura 3 - distribuição do momento fletor ao longo do eixo x do corpo de prova (em função da força aplicada)
Com o momento fletor em mãos, podemos calcular a tensão normal ao longo da seção
transversal dos corpos de prova. Mas primeiro precisamos calcular o momento de inércia da
seção transversal (figura 4) em torno do eixo neutro.
Figura 4 - seção transversal dos corpos de prova
𝑏ℎ3
𝐼𝑧𝑧 = [𝑚𝑚4 ]
12
103
𝐼𝑧𝑧 = 54 ∙ = 4500 𝑚𝑚4
12
Dessa forma, podemos calcular a distribuição da tensão normal no interior dos CP’s,
ilustrada na figura 5.
Cálculo da tensão trativa na superfície inferior dos corpos de prova na região entre os
dois aplicadores de carga:
𝑀∙𝑦
𝜎= [𝑀𝑃𝑎]
𝐼𝑧𝑧
12,75 ∙ 𝐹 ∙ (10⁄2)
𝜎𝑚á𝑥 = = 0,014166667 ∙ 𝐹 [𝑀𝑃𝑎]
4500
O resultado acima relaciona a tensão normal (trativa) na superfície inferior (esmaltada)
dos corpos de prova. Usando as forças obtidas na tabela 1, calculou-se a tensão normal para
cada CP e o resultado é mostrado na tabela 2.
Tabela 2 - máxima tensão trativa na superfície inferior de cada corpo de prova
Para um material frágil, a probabilidade de fratura é uma função do volume, pois quanto
maior o volume, maior as chances de haver um defeito na composição do material – um elo
fraco – e, portanto, maior as chances de fratura. A probabilidade de fratura levando em conta o
volume pode ser equacionada como:
𝜎 𝑚
− ∫𝑉 ( ) ∙𝑑𝑉
𝐹 =1−𝑒 𝜎0
Figura 6 - gráfico da probabilidade estimada para cada nível de tensão (em azul) e a (linha de tendência (em laranja)
calculada com a equação de Weibull
Como utilizou-se o mesmo volume para todos os CP’s a integral da expressão F fica
simplificada e a equação se reduz a:
𝜎 𝑚
−( )
𝐹 =1−𝑒 𝜎0
A equação acima é mais fácil de trabalhar na sua forma linearizada, onde o coeficiente
𝑚 representa a inclinação da reta gerada.
1
ln (ln ( )) = 𝑚 ∙ ln(𝜎) − 𝑚 ∙ ln(𝜎0 )
1−𝐹
(𝑒−1)
Na equação acima pode-se perceber que quando 𝐹 = 𝑒
= 0,6321205 tem-se 𝜎 =
𝜎0 , ou seja, 𝜎0 [𝑀𝑃𝑎] é a tensão na qual o material têm 63,21% de chance de romper.
Tabela 5 - linearização das frequência de ocorrência de ruptura
1
𝑛𝑖 𝜎𝑖 [MPa] 𝐹𝑖 ln(𝜎𝑖 ) ln(ln ( ))
1 − 𝐹𝑖
1 8,16 0,0323 2,0988 -3,4176
2 8,49 0,0645 2,1387 -2,7077
3 8,63 0,0968 2,1547 -2,2849
4 9,44 0,1290 2,2445 -1,9794
5 9,59 0,1613 2,2610 -1,7379
6 10,23 0,1935 2,3251 -1,5366
7 10,44 0,2258 2,3458 -1,3628
8 10,74 0,2581 2,3744 -1,2090
9 11,53 0,2903 2,4446 -1,0702
10 11,68 0,3226 2,4581 -0,9430
11 11,93 0,3548 2,4788 -0,8250
12 11,97 0,3871 2,4821 -0,7143
13 12,72 0,4194 2,5430 -0,6095
14 13,12 0,4516 2,5740 -0,5095
15 13,39 0,4839 2,5947 -0,4134
16 13,49 0,5161 2,6019 -0,3203
17 13,59 0,5484 2,6091 -0,2295
18 13,86 0,5806 2,6291 -0,1404
19 13,91 0,6129 2,6326 -0,0523
20 15,50 0,6452 2,7410 0,0355
21 16,41 0,6774 2,7979 0,1235
22 16,66 0,7097 2,8133 0,2125
23 17,01 0,7419 2,8336 0,3035
24 17,02 0,7742 2,8342 0,3975
25 17,27 0,8065 2,8490 0,4961
26 17,65 0,8387 2,8708 0,6013
27 17,89 0,8710 2,8840 0,7167
28 18,41 0,9032 2,9130 0,8482
29 21,95 0,9355 3,0887 1,0083
30 21,96 0,9677 3,0892 1,2337
𝜎 4,0303
−(15,229)
𝐹 (𝜎) = 1 − 𝑒
A reta em azul escuro na figura 7 foi gerada usando a linearização da equação acima, em
azul claro estão os pontos experimentais.
ln(𝜎𝑖 )
ln(ln 1Τ1 − 𝐹𝑖 )
3 Discussões
Para que somente 1 em 10.000 corpos de prova falhe, a tensão não pode ser maior que
𝜎 = 0,106 𝑀𝑃𝑎
𝜎 4,0303
1 −( )
=1−𝑒 15,229 ⇒ 𝜎 = 0,1060 𝑀𝑃𝑎
10000
Com a tensão causada pelos aplicadores de carga citados anteriormente, a força 𝐹 não pode
superar: