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Daí o presente pedido de contracautela, que sustenta o risco de grave lesão à or-
dem e à economias públicas.
II
Por outro lado, há reconhecer que, não obstante a mencionada orientação, essa
Corte tem entendido ser cabível, em situações excepcionais, o pedido de suspensão de de-
cisões cautelares em controle concentrado de constitucionalidade, quando da subtração dos
efeitos da lei questionada decorrerem efeitos concretos e imediatos que possam resultar em
grave lesão aos valores protegidos pelas medidas de contracautela. Nessa linha, inclusive,
decidiu-se recentemente na SL 879 (Plenário, DJe 5.5.2017).
Importante, então, mencionar que (i) a última atualização de valores da planta ge-
nérica de valores parece datar de 1997 (Lei 2.585/1997); (ii) a Lei 6.250/2017 visou a corrigir
assimetrias entre o IPTU pago por imóveis assemelhados e a ampliar a base de contribuintes,
já que antes dela, “dos cerca de 1.900.000 (um milhão e novecentos mil) imóveis cadastra-
dos aproximadamente 1.100.000 (um milhão e cem mil) gozavam de alguma espécie de isen-
ção”, e, “paralelamente, reduziu o percentual das alíquotas de 1,2%, 2,8% e 3,5% para
1,0%, 2,5% e 3,0%, para imóveis residenciais, não residenciais ou territoriais, respectiva-
Conforme entendimento que o Supremo Tribunal Federal vem adotando para de-
limitar o que seja ordem pública nos pedidos de contracautela, insere-se no conceito de or-
dem pública o de ordem administrativa em geral, concebida esta como a normal execução
dos serviços públicos, o regular andamento das obras públicas e o devido exercício das fun-
ções da Administração pelas autoridades constituídas 2. Assim, configura afronta à ordem pú-
blica o provimento judicial que dificulta ou obstaculiza – sem causa legítima – o adequado
exercício dos serviços pela Administração Pública.
2 Nesse sentido: SS 4.405, Relator Ministro Presidente CEZAR PELUSO, DJe 27.10.11; SS 4.044, Relator Ministro Presidente GILMAR
MENDES, DJe 9.12.2009.
É também evidente o risco à economia pública, porque, nos termos da Nota Téc-
nica da Secretaria Municipal de Fazenda do Rio de Janeiro, a exclusão dessa fonte orçamen-
tária acarretaria uma redução de 300 milhões de reais na receita anual do Município. Ainda
de acordo com o relatório, a lei suspensa teria escalonado o aumento do IPTU para 50% do
aumento em 2018 e 100% a partir de 2019, de modo que “em 2019 a queda das receitas pre-
vistas seria de R$ 600 milhões com o cancelamento da revisão do IPTU”.
Induvidoso, portanto, que, com a supressão dessa receita, será necessário o con-
tingenciamento de recursos de outras áreas, com o potencial desequilíbrio das finanças muni-
cipais e abalo à ordem e à econômica públicas.
Além disso, merece destaque a aptidão que as discussões sobre matéria tributária
têm para se irradiar, podendo alcançar uma gama significativa de contribuintes, de modo que,
aqui, é possível entrever o efeito multiplicador das demandas originais, traduzido na potenci-
alidade de a discussão se repetir em diferentes processos.