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16/11/17

RECURSOS ESPECIAIS E EXTRAORDINÁRIOS

Os recursos extraordinários: recurso de fundamentação vinculada ou de estrito direito. São


recursos, de regra, sobre a interpretação, adstrição de sentido aos dispositivos constitucionais e
infraconstitucionais. São para discutir apenas o direito. Mas a ideia de que as questões de direito se
separam das questões de fato já foi superada.
Súmula 211 do STF pode ser cancelada. Não há a preocupação do prequestionamento devido
a mudança do CPC. Mas não se deve esquecer do prequestionamento. Não precisa na decisão
recorrida exista expressa menção a norma dita violada ou contrariada, basta que tenha a discussão
no tema sobre a questão federal ou constitucional que motiva o recurso especial ou extraordinário.
Isso atende ao requisito do prequestionamento.
O art. 1025, do CPC, permite a análise desse requisito. Prestar atenção na interpretação desse
dispositivo. Pode ser que avance, mas pode trazer risco.
Representam exceção a unirrecorribilidade, pois via de regra cabe apenas um único recurso.
Há ligação de natureza funcional da decisão e recurso cabível. Não faria sentido admitir mais de um
recurso com a mesma função. No entanto, os recursos extraordinário e especial representam
exceção a esse princípio da unirrecorribilidade, porque pode diante de decisão de tribunal de 2º
grau, pode interpor recurso especial e extraordinário concomitantemente, porque tem matérias
distintas desses recursos. Como a matéria da irresignação da parte sobre matéria constitucional e
infraconstitucional. Essa bipartição é um problema para o sistema, porque a CF contém em sua
estrutura normativa conjunto de dispositivos abertos. Por sua vez, perpassam todo o sistema
jurídico, de modo que nos deparamos problemas com dupla dimensão: constitucional e
infraconstitucional. Se tem sistema que permite interpor tanto recurso especial quanto
extraordinário para discutir mesmo acórdão. A jurisprudência do STF consolidou o entendimento de
que essa natureza reflexa da discussão, fica difícil saber o que e objeto de recurso especial e
extraordinário. Então, na prática, interpõe os 2, discutindo em cada um deles o que é possível em
termos de argumentação jurídica, mesmo que ele possa vir a não ser apreciado. Essa bipartição do
nosso sistema, acaba fazendo com que se interponha os dois recursos.
* Outra questão quanto a recursos de natureza extraordinária, diz respeito a necessidade de
esgotamento das vias ordinárias. Entende-se que para que possa interpor esses recursos não pode ter
deixado de esgotar na instância ordinária todos os recursos cabíveis. Exemplo, não pode interpor
contra decisão monocrática. Essa é a regra, mas há problema nela, porque as decisões monocráticas
são proferidas por relator, quando faz uso dessa possibilidade como espécie de porta-voz do órgão.
Quando ele julga de modo monocrático, deve fazê-lo atentando para o entendimento que já se
consolidou no tribunal. Se isso é verdade, que necessidade deve existir de interpor, por exemplo,
Agravo Interno, para obter pronunciamento do órgão colegiado. Se interpor recurso contra decisão
monocrática, na prática, ele não será atendido, por falta de esgotamento de recursos das instâncias
ordinárias.
O STJ e STF continuam sendo vistos como tribunais de controle, ou seja, são vistos como
órgãos que servem para exercer a fiscalização dos tribunais de justiça e TRF. Os quais existem para
fiscalizar os tribunais de 2º grau. Mas é possível outra leitura desses tribunais superiores. Os
tribunais superiores podem ser vistos com função de definir o direito, para além de mera
fiscalização. Essa possibilidade encontra, na jurisprudência, pequenas sinalizações a esse respeito.
Mesmo tendo havido desistência do recorrente, pode prosseguir com o julgamento do recurso.
Há precedentes do STJ no sentido de que mesmo havendo desistência do recorrente pode o
tribunal continuar com o julgamento do recurso. Porque eles envolvem não só às partes, mas
também toda a sociedade.
Esses recursos não possuem efeito suspensivo, ou seja, não impedem, uma vez interpostos,
que a decisão recorrida possa ser posta em prática. Não impede que o que tenha se beneficiado
dessa decisão possa se valer dela e colocar ela em prática. São recursos que se entende não obstam a
que a decisão recorrida possa produzir os seus efeitos práticos. Tanto quanto possível deve permitir
que a parte que se beneficiou de decisão judicial possa se beneficiar delas, pois tem o critério de
efetividade das decisões judiciais.
Esses recursos não impedem a execução da decisão recorrida. Isso não impede que não se
possa obter os efeitos suspensivos desses recursos.
O CPC prevê que parte interessada pode requerer diretamente ao relator ou não havendo a
ministro do STJ, de fazer pedido de efeito suspensivo. Isso ficou melhor do que ajuizar cautelar
como era antes, hoje apenas elabora petição.
O NCPC admite a possibilidade dos julgamentos em bloco, para solucionar questões que
pululam os tribunais, ou seja, deu-se ênfase a essa possibilidade do julgamento em bloco dos
recursos. Isso demonstra que não faz sentido que os tribunais superiores fiquem julgando
repetidamente a mesma questão. É possível que conjunto de recursos extraordinários sejam julgados
em bloco. Os demais recursos devem ser sobrestados. Os recursos representativos são julgados para
fixar entendimento dos demais.

* Aspectos específicos dessas modalidades processuais:


a) Recurso extraordinário: volta-se a assegurar a adequada interpretação das normas de
natureza constitucional. Art. 102, III, da CF. tem na CF 4 hipóteses de cabimento, qual seja, quando
viola norma de natureza constitucional. Importante ressaltar isso porque princípios jurídicos nem
sempre estão positivados, muitas vezes são implícitos, não há porque tratar de forma diferente
princípios jurídicos implícitos e explícitos. É cabível a interposição quando se depara com norma de
natureza inconstitucional, seja noma expressa ou por meio de princípio. A segunda é quando tem
decisão que declara inconstitucionalidade de tratado de lei federal. Outra hipótese de cabimento é
quando decisão julga válida lei local contestada em face da Constituição. Todo o sistema normativo
deve ter relação de adequação entre leis locais, federais e constitucionais. Devem estar em
consonância com as normas de natureza constitucional. Se tem decisão que julgue válida norma
local, leva à Corte. A quarta é quando tem julgamento de validade de lei local contestado em face de
lei federal. Todas as hipóteses de cabimentos previstos na CF submetem-se à repercussão geral: Art.
102, parágrafo 3º, da CF, e art. 1035 do CPC.
Esse requisito da repercussão geral é filtro que evidencia o que deveria ser a verdadeira
função institucional do STF, ou seja, avaliar as normas de natureza constitucional, desde que elas
possuam relevância de natureza generalizada. Essa repercussão geral se traduz em duas dimensões,
ou espécies de requisitos, de um lado precisa que a questão constitucional possua relevância, ou
seja, não pode ser de menor importância. A questão é relevante quando se vincula a questões de
natureza econômica, jurídica, social ou politica que transcenda o interesse das partes. Aqui tem a
possibilidade de considerar essa questão como questão dotada de repercussão geral. Mas o que é
questão constitucional? A doutrina deve ajudar a definir. A CF abarca muitas questões da vida
social. A tarefa de identificar a amplitude da repercussão geral se torna complexa. É o caso concreto
que permitirá identificar se a questão discutida no recurso está sujeita à repercussão geral. Não há
definição numerus clausus de questões dotadas de natureza constitucional no CPC. O NCPC
sinaliza: art. 1035, do CPC.
Art. 1.029, do CPC. Inovação que reafirma o compromisso do NCPC com o mérito da causa,
com a visão que enxerga nos recursos. Vícios formais devem ser desconsiderados.

-Problema do entendimento jurisprudencial que vedam recursos com natureza reflexa. Há


corrente jurisprudencial no sentido de que recursos de natureza constitucional por ofensa reflexa à
CF não são conhecidos. Essa jurisprudência deverá desaparecer, porque o NCPC fala do livre
trânsito dos recursos entre o STJ e STF. Nada impede que o relator encaminhe o recurso para o STJ
e vice-versa, caso de questão infraconstitucional. Se o juiz entende que é ofensa reflexa à CF,
permite a remessa.

b) Recurso especial: art. 105, III, da CF, são 3 requisitos. Quando tem decisão que contraria o
sentido de decisão do tribnal superior. Quando a decisão julga válida lei local, contrária à lei
federal; ou quando tem decisão que confere à lei federal interpretação diversa da conferida por
outro tribunal, seria conflito de jurisprudência. Se tem tribunal que se mostra contrário ao
entendimento adotado de outro tribunal, são divergências de entendimento de que deve dar para
aquela norma. Não cabe recurso especial quando tem decisão divergente do mesmo tribunal. Precisa
estar diante de decisões proferidas por tribunais distintos, sob pena de não ver configurada a
divergência dada pela lei. A divergência é aquela que deve demonstrar aproximação do ponto de
vista fático, ou dos contornos fáticos dos dois tribunais. Os contornos fáticos são similares, alguns
dizem que tem que ser decisão de mesma base fática (mas é equivocado, porque seria
litispendência). Precisa de similaridades fáticas significativas nas decisões, para poder sustentar que
o resultado do julgamento deveria ser o mesmo em ambas as decisões.
Interessante transcrever trechos de decisões fazendo análise desses trechos. Demonstrando
que há similitude entre elas. Apesar de haver essa similitude os tribunais divergiram quanto ao
resultado/solução. Esse cotejo analítico é imprescindível, precisa de demonstração clara da
similitude fática e divergência jurídica. Não esperar que o ministro perceba a divergência
intuitivamente.
Quando a divergência é algo notório, questão objeto de divergência dos tribunais, mitiga-se
essa divergência. Mesmo que o cotejo não tenha sido feito de modo minudente, admite-se a
apreciação por esse tribunal. Se for possível compreender o que a parte quis dizer, analisa-se o
mérito.
A revisão de algumas manifestações jurisprudenciais e de alguns verbetes de súmulas de
jurisprudência de tribunais de justaposição: Verbete 7 da súmula que diz que não cabe recurso
especial para exame de prova. Verbete 5 da súmula que não cabe reexame para ...contratual.
A possibilidade de rever aspectos fáticos do processo, não quer dizer que não se deva detalhar
os aspectos fáticos desse processo, porque é com base nisso que o tribunal superior dará solução
adequada ao caso. O CPC diz que compete a esses tribunais julgar causa e aplicar direito ao caso.
Esse verbete de nº 7 não pode ser obstáculo ao conhecimento dos fatos e dimensão fática do
processo. O que não se admite é que os tribunais superiores diga como existente fatos não
existentes.
Quanto ao verbete 5: a discussão estaria vedada quanto a discussão de fatos subjacentes
aquela cláusula. Mas se está diante de cláusula contratual com reflexos normativos importantes, não
há porque o STJ deixar de analisar. Pois pode ter importância geral para a sociedade. Nesses casos
não há porque o STJ deixar de avaliar essa cláusula contratual. Precisa ver a dimensão desses
verbetes.
Se esses recursos esp. e ext. servem de oportunidade para tribunais superiores, em trabalho
colaborativo com o legislador, definir o direito, entende-se que esses tribunais não podem analisar
todas as questões.

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