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Estado de Santa Catarina

Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão


Instituto Geral de Perícias
Instituto de Análises Laboratoriais
Laboratório de Genética Forense

ANEXO I

REGRAS PARA COLETA, ACONDICIONAMENTO, PRESERVAÇÃO E


ENCAMINHAMENTO DE MATERIAIS BIOLÓGICOS PARA ANÁLISE
BIOLÓGICA.

1) DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
I. Qualquer material que se destine à análise de DNA deverá,
desde sua coleta até seu encaminhamento final, ser tratado de
forma especial; de acordo com os procedimentos de coleta,
acondicionamento e preservação, contidos nesta Portaria, a fim
de evitar degradação e contaminação das amostras.
II. Durante qualquer coleta de material biológico, bem como sua
manipulação em qualquer fase do exame, é indispensável a
utilização de luvas descartáveis, que deverão ser trocadas a cada
amostra manipulada/coletada. Em locais de crimes, no interior
dos laboratórios e, nas unidades do IML; o uso de máscaras,
toucas, sapatilhas e jalecos é necessário; para que se evite
contaminação exógena.
III. Todos os instrumentos e materiais utilizados durante a coleta,
deverão ser preferencialmente descartáveis, e estar estéreis. No
caso de instrumentos e materiais não descartáveis, a fim de
evitar mistura de amostras biológicas, não deverá ser utilizado o
mesmo instrumento para coleta de diferentes amostras. Antes de
reutilizar tais instrumentos, estes devem ser perfeitamente limpos
e esterilizados a fim de evitar contaminações exógenas nas
amostras.

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IV. Todo material úmido, acondicionado em saco plástico, após a
coleta, só deverá permanecer neste tipo de embalagem pelo
tempo máximo de 2 (duas) horas e após este período, deverá ser
seco ao abrigo da luz solar direta e em local desprovido de
insetos e de agentes contaminantes diversos, tais como: saliva,
pêlos, sangue, sujidades excessivas, etc. Após a secagem, tal
material deverá ser devidamente acondicionado em embalagem
de papel podendo permanecer à temperatura ambiente, pelo
tempo necessário ao seu envio para o local de depósito de
evidências biológicas ou de realização de exames.
V. Durante as coletas deverão ser evitadas evidências biológicas
contaminadas com: terra, vegetais, alimentos e outros materiais
de origem orgânica.

2) EVIDÊNCIAS RELACIONADAS A LOCAIS DE CRIME E


INSTRUMENTOS CORRELATOS
a) Sangue, Esperma e Saliva (forma líquida):
Os fluidos líquidos deverão ser colhidos através de dispositivos próprios para
coleta deste tipo de material, composto por haste longa, flexível, com ponta de
algodão, denominada suabe ("swabs") ou gaze, estéreis. Estes deverão secar,
preferencialmente, a temperatura ambiente em local ventilado e abrigado da
luz solar, no entanto, conforme a necessidade, os suabes poderão ser
acondicionados em caixa própria para este fim, ou na falta desta, poderão ser
acondicionados em envelope de papel escuro (pardo) e armazenados em
geladeira (sob refrigeração), a quatro graus Celsius (4° C). Para períodos mais
prolongados de armazenagem, os mesmos poderão ser congelados (-20°C)
para melhor conservação.
b) Urina e outros liquidos:
I. Deverá ser colhida a maior quantidade possível, com seringa ou pipeta
plástica descartáveis, transferidos para frasco próprio e armazenados sob
refrigeração a quatro graus Celsìus (4° C). Para períodos mais prolongados de

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armazenagem os mesmos poderão ser congelados ( -20°C) para melhor
conservação.
c) Fluidos líquidos impregnados em vestes ou em objetos:
As vestes ou os objetos umedecidos por manchas de fluidos biológicos
deverão ser secos em temperatura ambiente, em local ventilado e protegido
da luz solar direta, acondicionados em envelope de papel escuro ou caixa de
papelão apropriados, e armazenados sob refrigeração, até sua entrega ao
laboratório (obedecendo aos prazos de entrega fixados por esta Portaria).
d) Fluidos Secos (sangue, esperma, urina, saliva e outros):
I. Evidências de material biológico seco, contidos em pequenas áreas de
vestes ou em pequenos objetos, deverão, quando possível, ser
enviados em sua totalidade para análise no NGF.
II. No caso destas evidências serem encontrados em grandes objetos ou
superfícies não absorventes como metais, paredes e móveis, a mancha
de material biológico deverá ser retirada com o auxílio de uma lâmina de
bisturi ou espátula própria para raspagem ou, ainda, com o uso de
suabe umedecido em água destilada ou soro fisiológico, estéreis e,
neste último caso; proceder-se-á necessariamente, após a coleta, a
secagem do material.
III. No caso das evidências estarem contidos em objetos que possam ser
cortados como carpetes, tapetes e madeira, o fragmento com a mancha
deverá seir recortado com o auxílio de tesoura ou bisturi estéril; sendo o
segmento retirado prontamente acondicionada em embalagem própria e
mantido sob refrigeração até sua entrega ao laboratório.
IV. Toda evidência de material biológico seca, independentemente do
método utilizado para sua coleta, deverá ser acondicionada
isoladamente em envelope de papel escuro ou caixa de papelão própria,
ficando armazenada sob refrigeração.

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e) Pêlos e Cabelos:
I. Sejam as evidências individuais ou em tufos, se misturadas com fluidos
e tecidos corpóreos, os pêlos ou cabelos, com bulbos, deverão ser
separados do líquido que o envolve.
II. Devem ser evitadas evidências desprovidas de bulbos (raízes), cujo
exame dependa da extração diferenciada de DNA (DNA-mitocondrial),
face à dificuldade e custo deste tipo de análise.
III. No caso de evidências úmidas, o material deverá ser seco em
temperatura ambiente, ao abrigo da luz solar e em local ventilado e, em
qualquer tipo de evidência, cada grupo de pêlos ou cabelos deverá ser
acondicionado separadamente em envelope de papel escuro e
acondicionado sob refrigeração (4º C)
IV. Estas especificações também servem para o caso de cadáveres,
despojos e vítimas vivas no IML.
f) Fezes e Vômitos:
I. Devem ser coletados com auxílio de espátulas e acondicionados em
pote coletor universal. As amostras podem ser armazenadas em
geladeira (sob refrigeração), a quatro graus Celsius (4°C). Para
períodos mais prolongados de armazenagem, os mesmos poderão ser
congelados (-20°C) para melhor conservação.
g) Tecidos, órgãos, dentes e ossos:
I. Deverão ser retirados fragmentos de tecidos, órgãos e ossos com a
utilização de material estéril, evitando-se mistura de evidências. Estes
deverão ser acondicionados isoladamente em pote coletor universal
próprio, e armazenados em congelador (-20°C).
II. Os dentes deverão ser integros e removidos, sempre que possível, com
suas respectivas raízes, e preferencialmente: 2 (dois) molares, 2 (dois)
pré-molares e 2 (dois) incisivos; perfazendo um total de 6 (seis)
elementos dentais. Na impossibilidade da extração de tal quantidade,
remover a maior quantidade possível.
III. Como regra geral de preservação do material biológico a ser analisado,
não deve, em hipótese alguma, ser utilizada água oxigenada,

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substâncias cáusticas (como soda) ou clarificantes (como água
sanitária), para limpeza de ossos ou dentes. Da mesma forma, parafina,
álcool ou formol, não devem ser utilizados na conservação de vísceras,
músculos, ossos ou de qualquer outro tecido. O material deve ser
apenas congelado de forma asséptica.

3) AMOSTRAS POST-MORTEM E EM VÏTIMAS VIVAS (EM CASOS DE


CRIMES SEXUAIS)
I. As evidências e amostras da vítima deverão ser sempre coletadas em
duplicata.
II. Além da coleta de sangue para identificação da vítima, deverão ser
colhidas, com a utilização de suabe, evidências do interior da vagina,
ânus, boca, auréolas, mamilos e possíveis vestígios contidos sob as
unhas.
III. Sêmen contido na face, ou outras áreas do corpo, também pode ser
colhido com suabe umedecido em água destilada ou soro fisiológico
estéreis.
IV. Após secagem, cada suabe deverá ser isoladamente acondicionado e
armazenado sob refrigeração (4°C).

4) AMOSTRAS-REFERÊNCIA (DE ORIGEM CONHECIDA)

a) Em vivos (Peritos Médicos-legistas e/ou Pessoal Técnico Treinado)


I. Precedendo-se a coleta de material, a vítima ou seus familiares, o
suspeito ou suspeitos a serem identificados deverão fornecer por
escrito seu consentimento de doação, lavrado em um "Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido" que seguirá junto às amostras para
a aceitação do material a ser analísado.
II. O suabe oral da vítima ou seus familiares, do suspeito ou suspeitos,
devem ser colhidos necessariamente em duplicata. Este deve ser
cuidadosamente friccionada na mucosa oral do indivíduo de forma a
coletar o máximo de material possível; cada um deverá ser

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isoladamente acondicionado em sua própria embalagem e armazenado
sob refrigeração (4°C).
III. No caso de violência sexual em que haja a necessidade de coletar
pêlos, é recomendado que se retire de 10 (dez) a 20 (vinte) pêlos
pubianos e 10 (dez) fios de locais diferentes da cabeça, todos com
bulbos. Eles devem ser acondicionados em envelopes de papel.

b) Em cadáveres (Peritos Médicos-legistas):


I. Amostras sangüíneas colhidas post-mortem podem sofrer problemas de
contaminação e degradação do material para análise. Assim sendo,
recomenda-se, quando possível, a retirada de sangue por punção
cardíaca ou, ainda, de vaso de grosso calibre. Esta, amostra deverá ser
acondicionada em tubo com EDTA como anticoagulante e mantidas
sob refrigeração (4ºC). Havendo impossibilidade de retirada de sangue
por punção cardíaca, os orgãos ideais para análise em ordem de
preferência, são: coração (3cm3), terço superior do fêmur, baço (3cm3),
rim (3cm3) e fígado (3cm3).
II. No caso de cadáveres carbonizados, em decomposição ou decompostos,
poderão ser retirados como amostras, conforme o caso, fragmentos de
fígado, músculos, tufos de fios de cabelos com bulbo, coágulos de
sangue contidos nas cavidades e nos órgãos, dentes e ossos,
preferencialmente como crista ilíaca, fêmur ou costela. Nos
carbonizados deverão, preferencialmente, ser colhidas as amostras de
tecidos menos comprometidas pela ação térmica.
III. Cada amostra deverá ser colhida isoladamente e, de acordo com o seu
tipo, preservada e acondicionada conforme as normas aqui dispostas
para cada tipo específico de material e armazenadas em congelador (-
20°C).

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