Você está na página 1de 2

IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL "A EDUCAÇÃO MEDICALIZADA: DESVER O MUNDO, PERTURBAR OS SENTIDOS"

Salvador - Bahia
1 a 4 de Setembro de 2015

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES SOB A ÓTICA DE


USUÁRIOS DA ATENÇÃO BÁSICA: A INFLUÊNCIA DA MEDICALIZACAO
SOCIAL

AMANDA MARIA VILLAS BÔAS RIBEIRO, Universidade Estadual de Feira


de Santana- UEFS

SHEILA SANTA BARBARA CERQUEIRA, Universidade Estadual de Feira de


Santana- UEFS

NÍDIA OLIVEIRA BEZERRA, Universidade Estadual de Feira de Santana-


UEFS

INTRODUÇÃO: O termo “medicalização” faz referência a processos de transformação


artificial de questões não médicas em problemas médicos, com uma tendência a
relacionar os adoecimentos aos problemas da “máquina humana”, atrelado a uma
intensa desvalorização dos modos de vida e de outras questões que influenciam o
processo saúde-doença (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2011; TESSER;
BARROS, 2008), dificultando o desenvolvimento das ações de promoção da saúde e
prevenção de doenças. Uma alternativa a esse processo é o incentivo a pluralização
terapêutica, com o uso das chamadas práticas integrativas e complementares em saúde
(PIC). Tais práticas possuem abordagens em saúde a partir da percepção do ser humano
como um ser integral, não identificando barreiras entre corpo, mente e espírito,
apontando para uma concepção ampliada do processo saúde-doença. OBJETIVO:
Discutir a visão dos usuários dos serviços de saúde das Unidades de Saúde da Família
acerca de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde e a influência da
medicalização social na mesma. METODOLOGIA: Estudo de abordagem qualitativa,
de natureza exploratória em que os participantes foram usuários dos serviços de saúde
das Unidades de Saúde da Família. A coleta de dados foi realizada em setembro de
2014, através da entrevista semi-estruturada e analisada a partir da técnica de análise de
conteúdo. Por se tratar de uma pesquisa envolvendo seres humanos, o projeto de
pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo
CAAE25167313.0.0000.0053, número do parecer 505.011.
RESULTADOS/DISCUSSÕES: O estudo revelou que os usuários desconhecem as
práticas integrativas e complementares de um modo geral (homeopatia, acupuntura,
termalismo), e quando há o conhecimento, esse é mais evidente acerca das Plantas
Medicinais e chás. Isto pode estar relacionado a fatores socioeconômicos e culturais,
como a forma de transmissão dos conhecimentos (familiar e oral), e ao poder
hegemônico da biomedicina alopática em detrimento da valorização das PIC. Este
desconhecimento generalizado relacionado às PIC decorre da cultura alopática
hegemônica, fruto de um processo histórico-cultural que encara o corpo humano como
uma máquina, tornando os problemas de saúde como simples “defeitos” que merecem
reparos ou consertos, supervalorizando os procedimentos mecanizados e a
medicalização social. CONCLUSÕES: Demonstrou-se a real necessidade de planejar e
executar ações de educação em saúde direcionadas aos usuários dos serviços de saúde

FÓRUM SOBRE MEDICALIZACAÇÃO DA EDUCAÇÃO E DA SOCIEDADE


IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL "A EDUCAÇÃO MEDICALIZADA: DESVER O MUNDO, PERTURBAR OS SENTIDOS"
Salvador - Bahia
1 a 4 de Setembro de 2015

do SUS, objetivando a ampliação de conhecimentos e aceitação das PIC.


REFERÊNCIAS: TESSER, C.D. Medicalização Social e Atenção à saúde no SUS. IN:
Medicalização Social e Atenção à saúde no SUS. São Paulo: Hucitec, 2010. Cap 1, p.
11-31. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Subsídios para Campanha
Não à Medicalização da Vida, Medicalização da educação. Buenos Aires, 04 de junho
de 2011. Disponível em:
<http://site.cfp.org.br/wpcontent/uploads/2012/07/Caderno_AF.pdf>. Acesso em: 2 nov.
2013.

FÓRUM SOBRE MEDICALIZACAÇÃO DA EDUCAÇÃO E DA SOCIEDADE

Você também pode gostar