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08/05/2012

Propriedades Mecânicas dos Metais

MAM0411 • Conteúdo
– Tensão e deformação (definição e correlação)

Ciência dos Materiais


– Módulo de elasticidade, limite de escoamento, resistência à tração,
alongamento, ductilidade, tenacidade
– Dureza (macro e micro)

Tema 6
Propriedades Mecânicas dos Materiais
Parte 1

Profa. María Cristina Moré Farias


2

Por que estudar propriedades mecânicas? Como são medidas as propriedades mecânicas

• Materiais em serviços estão sujeitos a forças (avião, • Experimentos de laboratório padronizados


automóveis, etc.)
– (ASTM; www.astm.org)
– Conhecer o material
– Natureza da carga aplicada
– Projetar (sem deformação excessiva e sem falha)
• Tração, compressão, cisalhamento, torção
• Conhecer como são medidas as várias propriedades
• Constante, flutuante
mecânicas e o que estas representam
– Duração da aplicação da carga
• Necessárias para projeto de estruturas/componentes
mecânicos (deformação aceitável / evitar falhas) • Fração de segundos, anos

– Condições ambientais

• Temperatura
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Ilustração de como uma carga de Ilustração da deformação de


tração/compressão produz o cisalhamento/torcional
alongamento/contração

Tração
Compressão
Torção
Cisalhamento

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Tensão e Deformação – Tensão e Deformação


Ensaio de Tração
• O comportamento mecânico de um • Resultado de um ensaio de tração é
material reflete a relação entre a um registro da carga em função do
deformação e carga aplicada
• O comportamento mecânico pode ser alongamento
verificado por meio de um ensaio de
• Carga-deslocamento são dependentes
tensão-deformação
– A amostra é deformada até a sua fratura do tamanho da amostra
mediante uma carga de tração
gradativamente crescente que é aplicada – Normalização da carga e do
na direção uniaxial ao longo do eixo mais alongamento para minimizar efeitos dos
comprido de um corpo-de-prova
fatores geométricos
• Tensão de engenharia
• Deformação de engenharia

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Tensão e Deformação Tensão e Deformação –


Ensaio de Compressão
Tensão de engenharia (s)

F • O ensaio de compressão é conduzido de maneira semelhante


s Carga instantânea aplicada (N)
A0 (temperatura, velocidade de deformação, material, ambiente) à do
ensaio de tração, porém a força aplicada é compressiva (contração)
Área da seção transversal inicial (m2)
• O cálculo de s e é similar ao do ensaio de tração;
Tensão de engenharia ou Tensão (MPa); 1 MPa = 106 N/m2
força/tensão/deformação de compressão (negativa)
Deformação de engenharia ( ) e • Muitos materiais têm comportamento sob tração e sob compressão
Comprimento instantâneo (m) semelhantes, exceto muitos polímeros e compósitos
l l  l
e  i 0
l0 l0 Comprimento inicial (m)

Deformação de engenharia ou Deformação


(adimensional ou %) 9 10

Tensão e Deformação – Tensão e Deformação –


Ensaio de Compressão Ensaios de Cisalhamento
• O ensaio de compressão é utilizado para • Ensaio de Cisalhamento
– Estudo do comportamento do material sob deformações grandes
F
e permanentes;

– Estudo de materiais frágil sob tração (baixa straçao; trincas); A0
indústria de construção civil (considerando, também, o teor de
água contido nos corpos-de-prova); cerâmicas
– Estudo estatístico do comportamento mecânico de diferentes Tensão de
materiais, concreto, madeira, compósitos, materiais frágeis cisalhamento
– Estudo paramétrico de processos de conformação, laminação,
forjamento, extrusão, etc.   tan
– Análise do modo de deformação (flambagem, cisalhamento,
abaulamento)
Deformação de
cisalhamento
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Propriedades Elásticas Deformação Elástica


sz l0x
• Deformação elástica: a peça retorna à sua forma original ez lz / 2
após liberada a carga aplicada
 lz / 2
2 l0 z lx / 2
• Tensão e deformação são proporcionais entre si (Lei de
Hooke) ex lx / 2

s=Ee 2 l0 x
Módulo de Elasticidade ou
Módulo de Young (GPa); 1 GPa = 109 N/m2 = 103 MPa
e e l0z

  x  y
Resistência à separação de átomos adjacentes
(forças de ligação interatômicas)
ez ez
Descarga
Rigidez do material
Tensão

Inclinação =
Módulo de elasticidade z y
Coeficiente de Poisson
Rigidez do material na direção
Carga perpendicular à direção de
aplicação da carga
Deformação
13 sz 14x

Relação entre Coeficiente de Poisson e


Deformação Elástica Módulo Elástico

Elástica linear
E  2G(1  )
Elástica não linear
   G
G

Onde G = módulo de cisalhamento

Deformação Reversível
lei de Hooke
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Exercício Propriedades Plásticas


• Deformação plástica: a peça sofre uma deformação
Uma tensão de tração deve ser aplicada ao longo do eixo do permanente após liberada a carga aplicada
comprimento de uma barra cilíndrica de latão, que tem um • Tensão e deformação não são proporcionais entre si
diâmetro de 10 mm. Determine a magnitude da carga s = K en Coeficiente de encruamento

necessária para produzir uma variação de 2,5x10-3 mm Constante de proporcionalidade

no diâmetro se a deformação é puramente elástica. O Elástico Plástico

se
módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson do latão são,
respectivamente, 97 GPa e 0,34. P
Escoamento

Tensão
aumento relativamente grande na deformação,
acompanhado por uma pequena variação na tensão

Deformação
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Diagrama tensão-deformação Comportamento elástico


Propriedades Plásticas convencional  Deformação reversível
 Relação linear entre tensão e deformação
Ex. Aço
s
 Propriedades
 Limite de proporcionalidade (LP)
Limite de Escoamento (MPa)  Limite de elasticidade
se Resistência à deformação plástica

P LRT Comportamento plástico


Escoamento
Tensão

 Deformação irreversível
imperceptível  Relação não linear entre tensão e
TR deformação
Limite de elasticidade
 Escoamento
Escoamento LE
Limite de escoamento
Deformação superior Nítido LP  Encruamento
0,002 (discordâncias) Encruamento Estricção  Estricção
se
Limite de escoamento  Propriedades
Tensão

inferior  Tensão ou limite de escoamento (LE)


 Limite de resistência à tração (LRT)
e  Tensão de ruptura (TR)
Comportamento elástico Comportamento plástico
Deformação
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Propriedades de Tração Propriedades Plásticas


• Ductilidade
– Grau de deformação plástica suportado pelo material até a fratura
• Material frágil (experimenta pouca deformação)
• Material dúctil (experimenta considerável deformação)
– Utilidade em projetos e em operações de fabricação
lf : Comprimento
Alongamento final após fratura
Frágil l0 : Comprimento
 l  l0 
Dúctil AL   f   100 (%) inicial
 l0 

Tensão
E: limite de escoamento (LE) Estricção (redução de área)

M: limite de resistência à tração (LRT);  A  Af 


tensão máxima que pode ser suportada RA   0   100 (%)
 A0 
Af : Área final após fratura
F: tensão na ruptura (TR) ; deformação na fratura ou Deformação
alongamento total (eT)
21 A0 : Área inicial 22

Resiliência Tenacidade • Tenacidade


• Resiliência – Capacidade de um material de
– Capacidade do material de absorver energia até a fratura
absorver energia durante a • Fatores que afetam a
deformação e devolve-la após o tenacidade
descarregamento – Geometria do corpo-de-prova
sl • Módulo de Resiliência (Ur) – Método de aplicação da carga
– Energia de deformação por
unidade de volume necessária
Frágil
Área sob a curva se de para submeter um material à Área sob a curva se de
engenharia calculada tensão, desde o estado inicial engenharia até o ponto Dúctil
até o escoamento (sem carga) até o escoamento de fratura

Tensão
el

el U r   s de Tenacidade
0

1 1  s  1 s l2
U r  s le l  s l  l  
Material resiliente possue
LE elevado e E pequeno Material tenaz exibe resiliência e ductilidade
2 2 E 2 E Deformação
[J/m3] 23 24

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Propriedades Mecânicas Típicas de Tensão Verdadeira e


Metais e Ligas Deformação Verdadeira

Liga Módulo do Coeficiente Limite de Limite de Ductilidade,


F
metálica elasticidade, E de Poisson, escoamento, LE resistência, LR AL sv 
(GPa)  (MPa) (MPa) (%) Ai
Alumínio 69 0,33 35 90 40
li
Cobre 110 0,34 69 200 45
e v  ln
l0
Latão 97 0,34 75 300 68
(70Cu-30Zn
s v  s (1  e )
Níquel 207 0,31 138 480 40 e v  ln(1  e )
Aço 207 0,30 180 380 25
s v  Ke vn
Titânio 107 0,34 450 520 25

25 26

Comportamento Elástico após Exercício


Deformação Plástica
Dentre os materiais listados na tabela abaixo,
(a) Qual irá apresentar a maior redução percentual em
área? Explique
(b) Qual é o mais resistente? Explique
(c) Qual é o mais rígido? Explique

Material LE (MPa) LRT (MPa) eT TR (MPa) E (GPa)


A 310 340 0,23 265 210
B 100 120 0,40 105 150
C 415 550 0,15 500 310
D 700 850 0,14 720 210
E Fratura antes do escoamento 650 350

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Exercício Dureza
• Resistência à deformação localizada
Um corpo-de-prova cilíndrico fabricado em aço e com (ao risco ou à formação de uma marca
diâmetro inicial de 12,8 mm é ensaiado sob tração até a permanente)
sua fratura, obtendo-se uma tensão de engenharia na – Área, profundidade ou largura da
fratura de 460 MPa. Se o diâmetro de sua seção impressão residual (marca ou risco)
medida e correlacionada com um valor
transversal no momento da fratura é de 10,7 mm, numérico (dureza do material)
determine: – Vários métodos de dureza com aplicações
específicas recomendáveis
– Faixa de cargas de 100 N – 0,1 mN
(a) A ductilidade em termos da redução percentual na – Penetradores com formato padronizado
área – Condições específicas de pré-carga e
(b) A tensão verdadeira na fratura carga
– Correlação entre dureza e resistência
mecânica
– Tabela de conversões de durezas

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Métodos para determinar a dureza Dureza por risco

• Habilidade de um material de riscar outro material ou de ser riscado


por outro sólido
• Dureza por risco
• Pouco utilizado nos materiais metálicos

• Maior aplicação no campo da mineralogia


• Dureza dinâmica por rebote • Ensaios de dureza por risco

– Dureza Mohs

– Diamante (10) risca todos o outros minerais


• Dureza quase-estática por penetração
– Zafira (9) risca os que seguem

– Talco - Silicato de Magnésio (1)

– Metais (4 - 8)
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Dureza por rebote Dureza por penetração (ou indentação)

• Energia de deformação consumida para formar a marca • É uma medida da deformação plástica essencialmente e da

deformação elástica em menor extensão


• Altura alcançada no rebote de um êmbolo com ponta de diamante

• Ensaios de dureza por rebote


• Calculada pela carga máxima dividida pela área da impressão
– Dureza Shore

• Peças grandes • Depende do tempo de carregamento, temperatura e de outras

• Ensaios em campo condições do meio de operação

• Altas temperaturas

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Faixas de cargas do ensaio de Macrodureza convencional


indentação Brinell (# HB)
Macrodureza Microdureza Nanodureza • Indentador esférico
• Aço temperarado (HBs)
100 N 10 N 10 mN 1 mN 0,1 mN • WC (HBw)
500 mm 2 - 20 mm 5 - 20 nm • Ensaio
– 1 – 15 s
– Tabela de valores
Independente da carga Dependente da carga • ASTM E-10-93/ NBR 6394
Deformação plástica Influência significativa da • Aplicações 2P
deformação elástica HB  0 ,102
predominante – Componentes fundidos, forjados e ( D )( D  D 2  d 2 )
laminados
P (N)
D (mm2)

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Macrodureza convencional Macrodureza convencional


Rockwell (# HR”C”) Vickers (# HV)
• Indentador
– Esfera de aço
• Indentador
– Cone de diamante – Pirâmide de diamante
• Ensaio
• Ensaio
– Comum
– Superficial – HV independe da carga

– Tabela de valores – Tabelas de conversão


• ASTM E-18-94/ NBR 6671 • NBR 66-72
0 ,102  2  2 P  sen (  / 2 )
• Aplicações HR  ( C 1  C 2 )  ( p  p0 ) HV 
• Aplicações d2
– Metais(ferrosos, não P
ferrosos, forjados fundidos), Profundidade de penetração é – Metais  0 ,189
d2
plásticos, borracha, madeira correlacionada a um número – Corpos-de-prova finos,
(leitura direta na escala da P (N; kfg)
– Superfícies pequenos e irregulares HV (kfg/mm2) ou GPa
máquina) D (mm2)
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Correlação entre dureza e resistência Conversão de dureza Rockwell em


mecânica dureza Brinell
• Dureza Brinell • Dureza Vickers 2P
HB  0 ,102
– Estimativa da resistência de um ( D )( D  D 2  d 2 )
material – A dureza pode também ser
correlacionada com o limite de
– Correlação usada quando não se
proporcionalidade
dispõe de um máquina de
HR  ( C 1  C 2 )  ( p  p0 )
ensaio de tração ou situação
inversa
s p  b HV
– Aplicável para HB < 380
b ≈ 0,3 – 3,0
P  P0
s u a HB HR  C 1  C 2
D ( HB )
a ≈ 3,6 – 5,20

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Tabela de conversões de dureza Microdureza convencional


Vickers e Knoop
• Determinação da dureza de pequenas áreas do corpo-de-
prova
Rockwell C Brinell Vickers
– Gradiente de dureza de camadas superficiais (tratamento térmico),
HRC HB HV
revestimentos, tintas
65 739 832
– Microconstituintes
50 481 513
– Zona termicamente afetada (ZTA) em soldas
25 253 266
– Materiais frágeis (vidro)

• Ensaio
– Penetradores de diamante
– Microscópio óptico
– Cargas menores que 1 kgf
41 42

Microdureza convencional
Microdureza de microconstituintes
Vickers e Knoop
HV (50 gf)
HV 0,5
Knoop
A B C

Vickers

(d1:d2=1:1) (l:b = 7:1) D E A – Bainita - 458 HV


B – Austenita - 434 HV
0 ,102  2  2 P  sen (  / 2 ) P P 14 ,23 P C – Martensita - 539 HV
HV  HK   
d2 Ap l 2 c l2 D – Carboneto M7C3 -1730 HV
P
 0 ,189 E – Perlita - 390 HV
d2
43 44

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Resumo Resumo
Propriedades Mecânicas dos Materiais Propriedades Mecânicas dos Materiais
• Metais • Metais (cont.) • Dureza por penetração

– Propriedades plásticas – Rockell


– Tensão e deformação (ensaio de tração)
• Escoamento – Brinell
• Tensão e deformação de engenharia • Relação tensão-deformação
• Limite de escoamento – Vickers
• Tensão e deformação verdadeiras
• Coeficiente de encruamento – Knoop
• Curva tensão-deformação • Limite de resistência à
tração • Correlação dureza – resistência
– Propriedades elásticas
• Ductilidade/Fragilidade mecânica
• Relação tensão-deformação – Alongamento
– Estrição
• módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson
• Resiliência
• Relação entre coeficiente de Poisson e módulo de elasticidade • Tenacidade

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Bibliografia
• Callister, W.D.; “Ciência e Engenharia de Materiais:
Uma Introdução”. 7ed., 2002.
– Cap. 6 p. 98-128

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