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ANSIEDADE INFANTIL:

COMO A FAMÍLIA PODE


AJUDAR A SUPERAR?
SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................. 3

ANSIEDADE NORMAL VERSUS EXAGERADA.................................................. 5

OS MEDOS E SUAS FASES.................................................................................... 8

AMBIENTE FAMILIAR..............................................................................................12

NÃO MINIMIZE O SOFRIMENTO DA CRIANÇA.............................................14

A FAMÍLIA COMO APOIO NA SUPERAÇÃO DA ANSIEDADE....................17

CONCLUSÃO............................................................................................................. 20

SOBRE A ESCOLA DA INTELIGÊNCIA.............................................................. 22


INTRODUÇÃO
Crianças têm uma natureza ansiosa — se entendermos
a ansiedade, a priori, não como uma manifestação
negativa, ou sinônimo de estresse, por exemplo. A
excitação pelo que está por vir é um sinal de apetite
sadio pela vida, próprio dos seres em processo de
descoberta e experimentação do mundo.

Entretanto, é possível que, em algum momento


do caminho e pela ação de alguns gatilhos, essa
ansiedade venha a se transfigurar em sofrimento e
INTRODUÇÃO comprometer o bem-estar da criança.

Pensando nisso, este e-book pretende ser um pequeno


Você já ouviu falar em medo da separação? Em guia para auxiliar as famílias a diferenciarem o que
crianças pequenas, o medo de se desapegar dos seria uma ansiedade natural da exagerada nas crianças;
familiares, que são suas primeiras referências de a entenderem o medo e suas fases no desenvolvimento
afetividade e comportamento, é uma etapa natural do infantil e a aprenderem a importância de um ambiente
desenvolvimento infantil. Quando você vai deixar a familiar seguro e positivo no enfrentamento deste
criança na escola, por exemplo, ela chora e diz que não problema.
quer que você vá? A ansiedade é um dos fatores que
podem motivar essa atitude. Esperamos que a leitura lhe seja proveitosa!

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ANSIEDADE NORMAL VERSUS EXAGERADA
Isso é facilmente observável no comportamento das
crianças, que adoram as brincadeiras de esconder
e revelar (como tampar o rosto e destampar), e se
entusiasmam à espera de uma festinha de aniversário
ou de uma viagem de férias.

ANSIEDADE Mas, e a ansiedade exagerada? Com diferenças


bem marcadas, ela se caracteriza por um quadro de
NORMAL VERSUS sentimentos complexos, como apreensão e preocupação
em relação ao futuro, associados a sensações físicas
EXAGERADA como falta de ar e palpitações cardíacas. Neste caso,
ao contrário de desejar o futuro, pelas promessas de
alegria que ele carrega, a criança passa a temê-lo.
A ansiedade normal, como dissemos na introdução, pode
se manifestar na expectativa prazerosa da criança por A ansiedade excessiva, ao contrário do que muita
algum evento ou experiência. Freud, em Além do princípio gente pensa, não é uma exclusividade dos adultos e
do prazer (1920), formulou a teoria sobre a antecipação atinge “hoje” pelo menos 13 em cada 100 crianças e
gozosa da criança no movimento do jogo de carretel (em adolescentes.
alemão, fort da, que, em tradução livre, significam “fora”
e “aqui”), brincadeira comum entre as crianças daquele Identificar a sua manifestação exige atenção
tempo. Observando a antecipação do júbilo de seu neto e acompanhamento por parte da família,
no momento em que o carretel, preso a uma linha, saía de verificando em que medida os sentimentos de
seu campo de visão, Freud constatou que a promessa do ansiedade estão afetando o comportamento e a
deleite poderia ser mais prazerosa que o deleite em si. vida da criança.

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ANSIEDADE NORMAL VERSUS EXAGERADA

A angústia exacerbada em relação ao futuro, novos


ambientes e experiências pode vir acompanhada de
alguns sintomas, como:

»» dores de cabeça frequentes; A ansiedade infantil pode estar associada a traumas, às


cobranças do mundo contemporâneo (que levam, por
»» náuseas e vertigens; exemplo, ao medo de errar), muitas vezes já presentes
no seio da própria família e do ambiente escolar, ou a
»» vômitos; experiências de depreciação, como o bullying.

»» diarreias; Ainda que o tratamento e o diagnóstico devam ser


feitos por um psicólogo ou psiquiatra, a parceria entre
»» falta de ar ou dificuldade para respirar; família, escola e sociedade é valiosa para contornar
a dificuldade, aferir suas causas e propor ações de
»» palpitações; suporte à criança. Não percamos de vista que ela é um
espelho da dinâmica das relações familiares e sociais,
»»  ificuldade em se concentrar ou em se manter
d as quais modelam muito a subjetividade.
concentrado;
Adiante, vamos abordar as fases do medo e como
»» agressividade ou raiva acentuadas; um ambiente familiar pode ajudar na superação da
ansiedade infantil.
»» medo excessivo ou injustificado.

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OS MEDOS E SUAS FASES
O que diferencia a criança do adulto, nesse caso, é a
maneira como cada um lida com o medo.

Se uma criança está aterrorizada por acreditar na


existência de um monstro embaixo de sua cama,
não adianta dizer que ele não existe, o que mais
comumente os adultos fazem diante de seus
medos pessoais.

Porém, acolher e legitimar o medo da criança é


o primeiro passo para lhe transmitir segurança
e ajudá-la a superá-lo. É também uma forma de
OS MEDOS E autorizá-la a transcender seus limites e explorar o
desconhecido, que é a matriz básica de todos os medos,
SUAS FASES independentemente de como os nomeamos.

Da mesma forma, menosprezar ou ridicularizar o medo


O medo é uma experiência fundante e trabalha a favor da criança pode torná-lo ainda mais vivo e fazer com
da vida, já que é responsável por acionar o instinto de que você desperdice uma oportunidade rica de pôr a
autopreservação. O medo exagerado, no entanto, pode ser descoberto uma camada mais profunda de um alegado
um fator limitante e grande motor da ansiedade, seja na medo do bicho-papão, do escuro, da prova de amanhã,
criança ou no adulto. da professora, etc.

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OS MEDOS E SUAS FASES

DOS 7 AOS 11 MESES

Some-se a isso que muitos dos sentimentos Dos 7 aos 11 meses, a criança já aprendeu
que as crianças, ainda que inconscientemente, a decodificar parte dos estímulos externos,
manifestam, podem ser uma tentativa de portanto, já não se assusta mais com tanta
despertar a atenção amorosa dos pais, a qual facilidade quanto nos primeiros meses de vida.
podem não estar obtendo, suficientemente, de Por começar a reconhecer a familiaridade em
outra forma. O medo é um exemplo. rostos que vê todos os dias, passa a ter medo de
desconhecidos.
Os medos infantis passam por várias fases, de
acordo com a faixa etária. A seguir, você vai 1 ANO
conhecer os mais comuns em cada uma.
Com 1 ano de vida, o pequeno já é capaz de
ATÉ OS 6 MESES reconhecer seus familiares e compreender o quão
importantes eles são para sua sobrevivência.
Até os 6 meses, a criança ainda é muito pequena É deles que vêm a comida e a proteção para a
para reconhecer e significar as ameaças ao seu maioria dos perigos. Nessa fase, começa o medo
redor. Por isso, é comum que se assuste com da ausência, que vai persistir por alguns anos e
barulhos altos, que geram a sensação de perda frequentemente se manifesta mais intensamente
de segurança. nos primeiros momentos da experiência escolar
da criança.

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OS MEDOS E SUAS FASES

2 ANOS 5 ANOS

Aos 2 anos, a criança já consegue entender que toda Com 5 anos, os medos são mais concretos, porque a
ação tem uma reação, embora ainda não saiba muito criança já tem um repertório maior de conhecimento do
bem por quê. O medo de barulhos impactantes como o mundo. Machucar-se, por exemplo, é uma das principais
do trovão é comum, e a criança começa a fantasiar. Por causas de temor.
isso, criaturas imaginárias passam a fazer parte daquilo
que ela teme, assim como objetos muito grandes e Ladrões, trovões, animais de estimação e se
ruidosos, como trens e aspiradores de pó. perder dos pais têm bastante impacto nas crianças
dessa idade.
DOS 3 A 4 ANOS
DOS 6 AOS 10 ANOS
Dos 3 aos 4 anos de idade, a imaginação já está a pleno
vapor e é, ao mesmo tempo, a melhor amiga e inimiga Dos 6 aos 10 anos, apesar de já ter desenvolvido
da criança. Máscaras e rostos cobertos, como os de um senso de realidade mais concreto, a criança
palhaços, podem aterrorizá-la, assim como a escuridão, ainda possui uma imaginação muito mais viva que
fantasmas e monstros imaginários. Nessa fase, a criança a de um adulto. Por isso, teme bruxas, fantasmas
ainda tem muito medo de ficar sozinha, portanto, a e tempestades. O medo de dormir sozinha ou de
perda dos pais pode ser uma recorrente fantasia. que algo aconteça ao pai e à mãe também seguem
frequentes nesta faixa etária.

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AMBIENTE FAMILIAR
Assim, mobilize sua família para fazer do lar um refúgio
de calma e positividade, a salvo das perturbações
AMBIENTE FAMILIAR externas, para que a criança se sinta apoiada e
autorizada a manifestar seus sofrimentos. Nesse sentido,
evite endossar práticas como comparações, juízos de
Quando fica perceptível que a ansiedade da criança valor, enxovalhos e manifestações de desrespeito e
extrapola o natural, é hora de analisar as causas que intolerância em família.
podem ter levado a isso. O ambiente familiar tem um papel
fundamental, pois é nele que a criança passa a maior parte As dicas que se seguem podem ajudar você a transformar
do seu tempo, forma suas primeiras noções da realidade, o contexto familiar, de maneira que as causas da
inaugura sua capacidade de sentir e se relacionar. ansiedade possam ser conhecidas e, assim, gerenciadas:

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NÃO MINIMIZE O SOFRIMENTO DA CRIANÇA
POSITIVE AS EXPERIÊNCIAS

Caso perceba que a criança fica ansiosa demais antes


de fazer algo que não gosta, como ir ao dentista ou
tomar uma vacina, tente comunicar o compromisso
apenas na véspera, para que ela sofra menos com
fantasias e antecipações. Seja como for, permita que
ela vivencie o estranhamento e o medo, buscando
sempre positivar a experiência, seja transformando o
dentista em personagem de uma história, ou desviando
o foco da criança dos possíveis desconfortos,
NÃO MINIMIZE conversando com ela sobre o passeio que vocês farão
depois, por exemplo.
O SOFRIMENTO
OUÇA SUAS ANGÚSTIAS
DA CRIANÇA
Ignorar o problema, achando que assim ele irá
desaparecer, é ilusório. Busque manter um ambiente
Se a criança sofre com cenários negativos, imaginários aberto para dialogar a respeito das preocupações da
ou não, converse com ela. Tente entender a raiz de suas criança, sem cobranças e julgamentos. Tente entender
preocupações, explique por que não é necessário se sentir o que causa a ansiedade do pequeno e fortalecer
assim, mas não minimize ou negue o sofrimento dela. nele a confiança no apoio da família e de todos
Apenas procure mostrar outra perspectiva que a ajude a ao redor dele para enfrentar as situações temidas,
encarar a experiência sob um novo ângulo. independentemente dos resultados.

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NÃO MINIMIZE O SOFRIMENTO DA CRIANÇA

CRIE ROTINAS

Rotinas são a base da vida das crianças:


trazem segurança, facilitam a assimilação
das experiências e o contato com o novo,
e, por isso, funcionam como antídotos
para a ansiedade e o medo.

Criar rotinas para as crianças não


significa colocá-las em loop totalmente
blindado aos imprevistos e mudanças,
mas gradualmente vai construindo nelas
uma estrutura socioemocional para lidar
com o dinamismo da realidade.

EVITE EXPOR A CRIANÇA


NA FRENTE DE FAMILIARES
E AMIGOS

Uma criança estressada e ansiosa deixa a Considerar a ansiedade ou qualquer outro sofrimento psicológico como
família preocupada, é claro. Mas tente não sinônimo de fraqueza, ou mesmo um distúrbio que põe em xeque a dita
abordar o assunto com outros membros competência da criança para a vida, aumentará o sofrimento dela, que
da família diante dela, tampouco se culpabilizará pelo que sente e poderá passar a se perceber como
repreendê-la por esse motivo. diferente ou inferior às demais pessoas.

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A FAMÍLIA COMO APOIO NA SUPERAÇÃO DA ANSIEDADE
TRANSMITA SEGURANÇA

Caso tenha de se afastar por um tempo ou sair sem


a criança, avise a ela aonde vai e quando voltará.
Estabeleça horários com folga, para evitar que
imprevistos a deixem insegura.

A FAMÍLIA COMO FAÇA DA DESPEDIDA ALGO NATURAL

APOIO NA Quando for se despedir da criança, lembre a ela de


que se verão novamente em X horas. Combinar uma
SUPERAÇÃO atividade de lazer para mais tarde, por exemplo, pode
desviar o foco da ansiedade negativa e gerar uma
DA ANSIEDADE ansiedade positiva.

Alguns pais sentem dificuldade de se despedir,


Como dissemos, as crianças espelham o comportamento buscando evitar o choro ou a tristeza da criança,
da família. Um ambiente familiar estressado e confuso contudo, esse tipo de comportamento pode gerar
aumenta as chances de elas replicarem esses estados de ainda mais fantasias nela, que se sentirá insegura
espírito. Portanto, fique atento a como seu comportamento e passará a desconfiar a todo momento que os
as está influenciando. pais podem abandoná-la.

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A FAMÍLIA COMO APOIO NA SUPERAÇÃO DA ANSIEDADE

NÃO AMEACE IR EMBORA

Esta é talvez uma das dicas mais importantes


aqui. Nunca use sua presença como forma
de ameaçar, dizendo à criança que, se ela se
comportar mal, você irá embora. Ainda que
no tom de brincadeira, isso pode ter impactos
sérios no psiquismo infantil, que, como você viu,
naturalmente teme a perda dos pais e dos entes
queridos.

ELIMINE ESTÍMULOS AMBIENTAIS


NEGATIVOS

Especialmente se a criança está na fase de


experimentar medos concretos, evite assistir a
telejornais ou a programas sensacionalistas na
sua presença. Isso não significa alienar a criança,
mas não permitir que conteúdos de violência,
por exemplo, cheguem a ela sem qualquer filtro.
Lembre-se de que, do contrário, você poderá estar
estimulando a imaginação dela a pintar cenários
negativos, que só darão força à ansiedade e às
posturas mentais negativas.

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CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
O risco faz parte da vida e a ansiedade também. Mas para
que a realidade e suas dificuldades não venham a ser
encaradas como sofrimentos pela criança, você deve estar
atento aos ambientes em que ela está inserida, a começar
pelo familiar. Transmita segurança, aconchego e firmeza
a ela, buscando positivar o olhar sobre as experiências,
abrindo escuta a suas angústias e unindo esforços entre
família, escola e sociedade. E, se necessário, não hesite em
contar com ajuda profissional.

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A Escola da Inteligência é um programa educacional que tem por objetivo a educação
socioemocional no âmbito escolar.

As metodologias foram elaboradas a partir da Teoria da Inteligência Multifocal elaborada pelo Dr.
Augusto Cury e têm uma visão integrada da escola, atingindo alunos, professores e a família.

O eixo da metodologia do programa é a inteligência emocional, que busca desenvolver habilidades


nos alunos, pais e professores como empatia, resiliência, responsabilidade, disciplina, confiança,
segurança, etc.

As atividades entram na grade curricular ou extracurricular do aluno, preparando-o melhor para o


processo de aprendizagem, sociabilidade e crescimento pessoal, alcançando melhor qualidade de
vida em geral.

Para conhecer mais sobre o projeto, acesse nosso site.

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