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RESUMO
Este artigo tem por objetivo demonstrar a importância da utilização do processo como
instrumento de pacificação dos conflitos sociais, isto é, dos conflitos de interesses dos
cidadãos que buscam o poder jurisdicional do Estado com o fito especial de serem resolvidos
os seus problemas. Mas, cabe esclarecer, no presente trabalho, que o processo judicial
brasileiro carece de efetividade. O excesso de processos, a falta e o despreparo de
magistrados, a inadequação dos procedimentos, são algumas das razões apontadas para
explicar a inefetividade do processo judicial. A efetividade é um elemento fundamental para
que o processo apresente respostas satisfatórias aos que procuram o Estado-Juiz, além de
propiciar a paz social.
INTRODUÇÃO
No processo, a lide é resolvida por um terceiro, denominado juiz, o qual dele participa
na qualidade de órgão estatal, investido de jurisdição, devendo o mesmo se manter imparcial e
eqüidistante dos interesses das partes. Ao Magistrado incumbirá o papel de aplicar a lei, ou seja,
dizer o direito conforme o caso sub judice.
Contudo, o juiz, para proporcionar uma decisão justa, satisfatória e efetiva, precisa
analisar criticamente os objetivos sociais das normas a serem aplicadas aos litígios, posto que o
processo também representa o efetivo exercício da cidadania, garantido constitucionalmente.
Vale lembrar que o processo é composto por um conjunto de atos coordenados que
visam a justa composição da lide; os atos processuais são praticados pelo magistrado, figura
proeminente no processo, e pelas partes (através de seus procuradores), pelos auxiliares da justiça,
pelos colaboradores eventuais (peritos, intérpretes), devendo todos contribuir com o bom
andamento das ações judiciais.
Mas, para que o processo alcance tal objetivo, necessita ser utilizado como instrumento
de realização da justiça, sendo que, para isto, o seu resultado deve assegurar à parte vitoriosa o
pleno gozo da específica utilidade a que faz jus segundo o ordenamento jurídico e com o mínimo
dispêndio de tempo e dinheiro.
II - O ESCOPO DO PROCESSO
Como se percebe, o processo se realiza para que a lide seja resolvida de forma justa.
Nele, o Estado-juiz aplica o direito ao caso concreto, de modo a devolver a paz à sociedade.
Por isso mesmo, é que o processo é um instrumento a serviço da paz social, ou seja, o
Estado legisla, julga e executa buscando evitar ou eliminar os conflitos de interesses.
Como as lides envolvem pessoas das mais diversas classes sociais, muitas das
quais sem as mínimas condições de arcar com as despesas do processo, é dever do
Estado proporcionar-lhes as condições necessárias à salvaguarda de seus interesses,
não só criando os órgãos encarregados de prestar a jurisdição, mas, sobretudo, o
acesso a esses órgãos, seja pessoalmente, seja através de seus advogados, seja de
serviços de assistência judiciária para esse fim. (ALVIM : 2004, p. 33)
Essa assistência jurídica gratuita prestada à parcela mais carente da sociedade reforçou o
direito de acesso à justiça, assegurado constitucionalmente (art. 5º, XXXV, C.F/88), fazendo, ainda,
com que um maior número de pessoas fossem abrangidos pela tutela jurisdicional do Estado, além
de contribuir para que o processo atinja um de seus principais objetivos: a proporcionalização da
paz social, mediante a resolução dos conflitos.
Luiz Rodrigues WAMBIER e Teresa Arruda Alvim WAMBIER (2003, p.63), também
traçaram comentários acerca desse direito assegurado no art. 5º, XXXV da Carta Constitucional:
De outro modo, não se deve esquecer a importância da obediência à ordem legal dos
atos processuais, posto que tal obediência garante às partes o direito ao contraditório e a ampla
defesa, possibilitando assim, o convencimento do juiz para que o mesmo possa aplicar o direito,
realizando a justiça.
Ademais, o processo deve oferecer ao detentor do direito, aquilo que ele tem o direito
de obter, sendo que as decisões proferidas pelos magistrados devem basear-se não apenas nos fatos
apresentados em juízo, mas também nos princípios éticos, valores sociais, nas interpretações feitas
pelos tribunais e no ideal de justiça. Destarte, o magistrado deve conhecer com certa profundidade
o direito, a doutrina e a jurisprudência dominante, a fim de que, dotado de cultura jurídica, possa
gerenciar o trâmite do processo, impedindo a realização de atos processuais desnecessários e,
conseqüentemente, fazendo com que a demanda seja solucionada com eficiência, além de devolver
à sociedade o bem-estar turbado pela existência dos litígios.
Por outro lado, cabe salientar que o uso adequado de medidas cautelares constitui
poderoso instrumento capaz de assegurar os bons resultados das decisões e medidas definitivas que
virão. A exemplo, a prisão do devedor de alimentos, a do depositário infiel, a aplicação de multas
diárias (astreintes) para àqueles que descumprirem suas obrigações de fazer e de não–fazer,
concorrem para que o processo cumpra com rapidez e integralmente as suas funções.
As ações coletivas também facilitam o acesso à Justiça em sua plenitude, posto que
tutelam interesses comuns de um grande número de pessoas. Tais ações viabilizam o direito a uma
prestação jurisdicional célere, justa e eficaz, tal como estampado no art. 5º, XXXV, da Lei
Fundamental.
Além das medidas mencionadas acima, foram criados os Juizados Especiais Cíveis e
Criminais para que efetivamente, apresentassem resultados em tempo real para as causas dos menos
afortunados.
Os “fracos” passaram a ter o poder de chamar os ricos aos tribunais para reclamar
direitos violados. Imprimiu-se agilidade nos serviços judiciários, pois as questões de menor valor
passaram a ter solução no prazo médio de 30(trinta) a 120(cento e vinte) dias.
A própria Constituição Federal assegura o direito a uma ordem jurídica justa. Esta
ordem impõe uma decisão efetiva, adequada e, também, tempestiva, ou seja, o pronunciamento
judicial deve ser dado dentro de um prazo razoável, sob pena de descaracterização de sua justiça.
Por outro lado, deve-se frisar que o Estado no desempenho de suas funções, atua de
forma ilegal, dando causa a infinitas demandas e, deliberadamente, acaba usufruindo os
mecanismos disponíveis no ordenamento jurídico para viabilizar o retardamento das soluções dos
litígios em que é parte interessada.
... o Estado prefere uma justiça mais célere para o povo, mas a mais lenta possível
para si próprio, quando demandado como réu. Nos processos em que tem interesse,
procura agilizar além do necessário o procedimento como acontece com as
cobranças das suas dívidas fiscais. (ALVIM : 2004, p. 60).
Como detentor exclusivo da incumbência de resolver os conflitos e da prestação da
tutela jurisdicional, deve o Estado, pois, de forma a atingir maior efetividade e presteza no
mecanismo jurisdicional, procurar, desde que não desrespeitados o direito ao contraditório e a
ampla defesa, agilizar o desenrolar do processo, satisfazendo os cidadãos que necessitam do amparo
estatal. É preciso, ainda, que os litigantes não permaneçam por um grande período em juízo
discutindo situação que permite solução rápida.
O processo precisa realmente ser ágil, eficiente e confiável, capaz de realizar no menor
tempo possível a sua tarefa de solucionar litígios, pois os efeitos do tempo sobre o processo
impedem que as partes obtenham resultados satisfatórios, além de fazer com que as partes
“desperdicem” alguns anos de sua vida, muitas vezes com uma única causa. O tempo é,
indubitavelmente, o grande inimigo daquele que busca a reparação ou proteção de seu direito. Já
dizia CARNELLUTTI que “o tempo é um inimigo do direito, contra o qual o juiz deve travar uma
guerra sem tréguas.”
Toda pessoa tem direito a que sua causa seja examinada eqüitativa e publicamente
num prazo razoável, por um tribunal independente e imparcial instituído por lei,
que decidirá sobre seus direitos e obrigações civis ou sobre o fundamento de
qualquer acusação em matéria penal. (Revista Jurídica Consulex 134 : p. 23, 2002).
Art. 5º.....
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Por outro lado, o sistema recursal brasileiro também precisa ser reformado
urgentemente, haja vista que o grande número de incidentes e recursos à disposição das partes, o
exagerado formalismo do Código de Processo Civil, sem considerar a deficiente estrutura judicial,
lesa o direito daquele que procura no processo, um meio de concretização da justiça.
Pode-se, dizer que a tutela jurisdicional dos direitos e dos interesses legítimos não é
efetiva se não é obtida rapidamente, pois a falta de celeridade processual acarreta prejuízos
incalculáveis para as partes, sendo que, o processo não atinge seu escopo maior, ou seja, a resolução
dos conflitos de interesses de maneira justa.
V - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A mera elaboração de leis, como regras abstratas e gerais, ainda está longe de cumprir a
função do Direito na sua inteireza. É necessário completá-las por meios de instrumentos destinados
a assegurar a sua estrita observância, em nome da liberdade e dos direitos de cada um na órbita da
convivência social.
É fundamental ainda, que o magistrado cumpra com sua função dentro do processo, de
modo que aplique com efetividade e transparência o direito a que faz jus cada cidadão. Para tanto,
o juiz do século XXI não pode mais, em nome da imparcialidade, ser espectador inerte do digladiar
das partes. Deve, o mesmo, com consciência, honestidade e preparo intelectual exercer em
plenitude o seu papel de presidente do processo, atuando e velando pela rápida solução do litígio:
prevenindo e reprimindo atos contrários à dignidade da justiça, indeferindo diligências protelatórias
– já que é ele o destinatário da prova – e punindo o abuso de direito como, aliás, lhe asseguram os
arts. 18, 125, I, II e III, 129, 130 e 131 do CPC e os arts. 251 e 497 do CPP.
Embora já tenham ocorrido alguns avanços, tais como a criação dos Juizados Especiais,
a possibilidade de concessão da tutela antecipatória, aplicação de sanções aos atos atentatórios à
justiça, dentre outros, muito ainda há de se fazer a fim de que o processo torne-se capaz de realizar
justiça e garantir a paz social.
RESUMEN
Este articulo tiene por objetivo demostrar la importancia de la utilización del proceso como
instrumento de pacificación de los conflictos sociales, es decir, de los conflictos de interes de
los ciudadanos que buscan el poder jurisdicional del Estado con el fin especial de seren
resueltos sus problemas. Pero cabe aclarar en el presente trabajaro que el proceso judicial
brasileño necesita de efectividad. La grand cantidad de procesos, la falta y el despreparo de
magistrados, la inadecuación de los procedimientos, son algunas de las razones apuntadas
para explicar la inefectividad del proceso judicial. La efectividad es un elemento fundamental
para que el desarrollo presente respuestas satisfactorias a los que buscan el Estado-Juez,
además de propiciar la paz social.
REFERÊNCIAS
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