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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS (TJDFT)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL PARA ANALISTA JUDICIÁRIO E OFICIAL


DE JUSTIÇA (TEORIA E EXERCÍCIOS)
BIZU
PROF: RICARDO GOMES

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS (TJDFT)

Prezados Alunos!
Esses são nossos BIZUS (Dicas) de Noções de Processo Civil –
Analista Judiciário do TJDFT!
Rumo à aprovação neste maravilhoso concurso do TJDFT-2013!
Desejo a todos sucesso em seus estudos!
Agora vamos lá!
Bons estudos...
Ricardo Gomes

BIZUS

Destacam-se abaixo as formas mais conhecidas para composição dos


litígios:
1. AUTOTUTELA – a solução do conflito é realizada por simples
imposição de uma vontade sobre a outra. Esta forma de resolução das
contendas sociais remonta aos tempos antigos, quando o Estado não
se mostrava presente, obrigando ao lesado a defender-se
pessoalmente contra eventual ofensor. Nos tempos atuais ainda
temos resquícios dessa espécie primária de composição dos litígios,
como por exemplo: Legítima Defesa Penal (art. 23 do Código
Penal); Desforço imediato nas ações possessórias (arts. 1.210 e
1.467-1471); Estado de Necessidade Penal, entre outros tantos
casos.
2. AUTOCOMPOSIÇÃO – é a busca amigável entre as partes
inicialmente conflitantes, sem a imposição de vontades de um parte
sobre a outra, para por fim ao combate de interesses. É uma forma de
solução do conflito pelo consentimento dos litigantes em sacrificar
suas intenções parciais em prol de uma solução final para o embate.
São 3 Formas de Autocomposição:
a. Transação – na transação ambas as partes renunciam a
parcela de suas pretensões (autor renuncia de parte de seus
pedidos e réu reconhece parcialmente a procedência das
alegações do autor). Resumo: concessões mútuas na
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“O homem não é outra coisa senão seu projeto, e só existe à medida que se realiza”. - Jean Paul Sartre
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busca de uma solução comum para ambas as partes.


b. Submissão – é o reconhecimento jurídico do pedido do autor
pelo réu, isto é, o réu reconhece de forma livre as alegações do
autor, entregando sem resistência o quanto por ele solicitado.
c. Renúncia – é a desistência do autor, lesado em seu direito, de
continuar na busca da efetivação de sua pretensão. Neste caso
o autor é que abre mão de seu direito.
3. ARBITRAGEM – é uma técnica de solução dos litígios por meio da
participação de um TERCEIRO não interessado na causa
(imparcial), que decidirá, a pedido das partes, o conflito entre elas
estabelecido. A Arbitragem é regulada pela Lei nº 9.307/1996, sendo
por natureza voluntária (escolha das partes, nunca por imposição) e
somente poderá ser contratada por pessoas capazes para solução
de direitos patrimoniais disponíveis.
Cláusula Compromissória – prévia e abstrata
definição de arbitragem futura.
Compromisso Arbitral – posterior e concreta
definição de arbitragem atual.
4. JURISDIÇÃO – etimologicamente, significa “dizer o direito”, pois vem
de “juris” (direito) e “dictio” (dizer). Em linguagem simples, a
jurisdição é a forma do ESTADO, por meio da autoridade judicial, de
dizer o direito ao caso posto.
O conceito de jurisdição guarda 3 (três) vertentes diversas, que vale
detalhar para melhor entendimento:
o Jurisdição como Poder – a jurisdição é exercido de forma
monopolista, ou seja, o Estado chama para si a responsabilidade
de solucionar os conflitos sociais que a ele são reclamados,
transformando-se em Poder Estatal de decidir os conflitos a ele
apresentados. A jurisdição como poder é manifestação da
capacidade do Estado de impor suas decisões jurisdicionais sobre o
caso concreto das partes. Aqui é o Estado com sua “mão de ferro”.
o Jurisdição como Função Estatal – a jurisdição é uma das
funções ou finalidades do Estado, a de pacificação social e
realização da justiça no caso concreto.
o Jurisdição como Atividade – a jurisdição também pode ser
conceituada como os atos materiais e visíveis (atos do processo
judicial no plano prático) desenvolvidos pelos Juízes, investidos
pelo Estado no poder de julgar.

A jurisdição tem 3 (três) grandes objetivos:


1. Objetivo Jurídico – aplicar o direito previsto na Lei (nas normas
jurídicas) ao caso concreto.
2. Objetivo Social – pacificar a sociedade, promovendo o bem comum
e eliminando os conflitos existentes.
3. Objetivo Político – realizar a justiça, afirmar o poder jurisdicional e
preservar os direitos fundamentais do homem.

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“O homem não é outra coisa senão seu projeto, e só existe à medida que se realiza”. - Jean Paul Sartre
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A Jurisdição pode ser classificada em 2 (duas) principais espécies, que


passamos a detalhar:
o Jurisdição Contenciosa – é a jurisdição propriamente dita, sendo
a atividade estatal exercida pelo Poder Judiciário, consistente no
poder de dizer o direito no caso concreto, solucionando as lides em
substituição aos interesses das partes.
o Jurisdição Voluntária – consiste na integração e fiscalização
de negócios firmados entre particulares. Há muita discussão na
doutrina acerca da natureza da Jurisdição Voluntária, se também
seria ou não propriamente uma Jurisdição (se não seria uma mera
Administração Pública de interesses privados).
Resumo do entendimento acerca da Natureza Jurídica da Jurisdição
Voluntária:
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA
É atividade ADMINISTRATIVA É atividade JURISDICIONAL
NÃO há Jurisdição Há Jurisdição
NÃO há Processo, mas mero Há Processo
Procedimento
NÃO há Partes, mas Interessados Há Partes
Não há Coisa Julgada Há Coisa Julgada
NÃO há LIDE Pode haver LIDE
Juiz é Administrador Público Juiz é Juiz

Peculiaridades do Processo de Jurisdição Voluntária:


o São legitimados para dar início ao Processo de Jurisdição
Voluntária o INTERESSADO e o Ministério Público;
o O CPC determina a INTERVENÇÃO obrigatória do Ministério
Público em TODOS os procedimentos de Jurisdição Voluntária.
o Há uma relativização do princípio da legalidade estrita no âmbito
dos procedimentos de Jurisdição Voluntária. O art. 1109 do CPC
que o Juiz não é obrigado a observar o critério da legalidade
estrita, podendo pautar seus atos na equidade e na solução mais
conveniente e oportuna ao caso.
Após a definição das Teorias do Conceito do direito de Ação, vale frisar
suas principais características, para fins de memorização:
• Direito Público Subjetivo – direito de agir, provocando a atuação
da tutela jurisdicional (relação entre Autor e Estado-Juiz –
relação processual);
• Direito Autônomo – a natureza do direito de Ação (relação
processual) é distinta da natureza do direito material (relação
material: Autor e Réu) afirmado em juízo pela parte;
• Direito Abstrato – a existência do direito de Ação independe da
efetiva existência do direito material. O sujeito de direito
poderá interpor Ação, mesmo na hipótese de não restar

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resguardado o seu direito pleiteado na Justiça.


São 3 (três) os ELEMENTOS básicos das Ações (sigla PCP):
1. PARTES – Autor e Réu. São os que efetivamente participam da
relação jurídica processual, triangularizada com a figura do Juiz,
mediante o contraditório.
2. CAUSA DE PEDIR – constitui-se dos fatos e dos
fundamentos jurídicos do pedido do autor ao Juiz. Nada mais
é do que a descrição dos fatos envolvidos, bem como dos
respectivos efeitos jurídicos deles decorrentes. A Causa de Pedir
é dividida pela doutrina em duas (aplicação da Teoria da
Substanciação):
i. Causa de Pedir Remota (Fática) – relaciona-se com o fato, sendo
apenas a descrição fática da lide, com indicação da efetiva e concreta
lesão ou ameaça de lesão ao direito do autor. O fato terá repercussões
jurídicas, por isso precisa ser delimitado e descrito.
ii. Causa de Pedir Próxima (Jurídica) – é a descrição das consequências
jurídicas decorrentes do fato alegado. Não é necessária a descrição do
fundamento legal preciso que dê sustentáculo ao pedido, basta a
enunciação das próprias consequências jurídicas (isto é, não precisa
mencionar em que lei, artigo, dispositivo de norma, etc, encontra-se o
direito requerido). Não há esta necessidade porque o Juiz conhece o direito
(Princípio do iura novit cúria). O que importa é o autor mencionar qual a
consequência jurídica do fato.
3. PEDIDO (OBJETO) – é a parte final da Ação, consistente na
solicitação ao Estado-Juiz da prestação da tutela jurisdicional,
obrigando ao réu o respeito à pretensão do autor.
Para a doutrina, o pedido divide-se em 2:
• Pedido Imediato – é exigência formulada contra o Estado-
Juiz de prestação da tutela jurisdicional; ou seja, é a
providência jurisdicional ou espécie tutela jurisdicional
solicitada pelo autor.
• Pedido Mediato – é o pedido do autor para que o réu
submeta-se à pretensão de direito material do autor, isto é,
trata-se do bem jurídico pretendido.
Condições da Ação:
1. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO – o pedido do autor
não pode ser vedado pelo ordenamento jurídico brasileiro.
Qualquer pedido do autor que seja contrário à lei, será reputado
como juridicamente impossível de sequer ser apreciado pelo
Poder Judiciário. É preciso que o pedido possa ser atendido, ou
seja, que o pedido seja juridicamente viável.
2. INTERESSE DE AGIR – o interesse de agir depende de dois
aspectos relevantes:
a. Necessidade/Utilidade da Ação – o processo deve ser o
meio necessário, além de qualquer outro, para que o autor
possa ter por satisfeita a sua pretensão. Isto é, o órgão
judiciário não pode ser utilizado como mais uma forma do
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autor “resolver seu problema”, devendo ser o único caminho


existente para solução do conflito. O Judiciário não é órgão
de simples consulta pelo autor, devendo atuar apenas e tão
somente quando não houver outra forma de dirimir a lide. O
processo deve ser o meio necessário e útil para a parte ter o
seu conflito resolvido.
b. Adequação da Ação – a ação proposta pelo autor deve ser
a adequada para o caso apresentado (o procedimento
iniciado pela Ação deve ser o correto, adequado e previsto
na norma processual). Não há como o cidadão interpor uma
Ação Popular quando for caso de Mandado de Segurança.
3. LEGITIMIDADE PARA A CAUSA (AD CAUSAM) – é a
relação que o titular do direito material tem com o direito
processual, que só poderá ser aferida no caso concreto do
processo, nunca em abstrato (é a pertinência subjetiva do autor
com o direito material controvertido). O autor deve ser o titular
da pretensão proposta em juízo, bem como, o réu deve ser
aquele que efetivamente se sujeitará à eventual sentença de
procedência da ação (Legitimidade do Autor e do Réu –
Legitimação Ativa e Passiva).
A Legitimidade Ad Causam poderá ser:
a) Legitimidade Ordinária – quando os próprios titulares
do direito pleiteado são os autores da demanda. Na
legitimação ordinária há coincidência entre o legitimado e
o sujeito da relação jurídica discutida em juízo. Significa
que se alguém vai a juízo e é titular do interesse próprio,
então ele é o legitimado ordinário. Essa é a regra.
b) Legitimidade Extraordinária (Substituição
Processual) – quando a lei autoriza terceiros a atuarem
em juízo em nome próprio, mas na defesa de interesse
alheio (interesse do titular do direito), em substituição do
legitimado ordinário.
Registro três peculiaridades da Relação Jurídica Triangular entre o Juiz e
as Partes:
O Juiz fica entre as Partes, como autoridade pública competente
para dirimir o conflito, demonstrando o distanciamento e como a
figura independente que separa os dois polos da relação
processual.
O Juiz fica equidistante do Autor e do Réu, demonstrando a
Imparcialidade do Magistrado (Princípio Processual
Constitucional da Imparcialidade), sem o vínculo direto com as
partes, em igualdade de distanciamento.
Muitos também conceituam esta relação como ANGULAR, pois no
Triângulo há um ângulo exatamente na figura do JUIZ.
O processo agrega os seguintes sujeitos:
Sujeitos PARCIAIS: as PARTES do Processo (Autor e Réu)
Sujeito IMPARCIAL: o JUIZ
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Para o sujeito ser autor e réu em um Processo Judicial (ser sujeito


processual) é necessário o preenchimento dos requisitos processuais mínimos a seguir
listados:
1. Capacidade de Ser PARTE – terá capacidade de ser parte
no processo todo aquele que for um Sujeito de Direito. O
conceito de Sujeito de Direito confunde-se, em regra, com a
definição de personalidade civil (ser sujeito de direitos e
obrigações na órbita do Direito). Assim, todo Sujeito de
Direito em sentido amplo tem capacidade de ser parte em
algum processo. Mas quem são, de fato, os Sujeitos de
Direito? Resposta: toda pessoa natural (física/humana) ou
jurídica, bem como os entes despersonalizados (espólio,
herança jacente e vacante, massa falida, condomínio,
sociedades sem personalidade jurídica, órgãos públicos, etc)
e o nascituro (embrião pendente de nascimento). Todos
esses têm, em tese, capacidade de ser Parte no Processo
Judicial, têm aptidão para adquirir direitos e contrair
obrigações na vida civil.
2. Capacidade de Estar em Juízo (Capacidade Processual
ou Legitimidade ad processum) – é a capacidade de
exercitar os direitos em juízo, isto é, a capacidade de fato de
estar em juízo. Só pensar que, apesar de todos os sujeitos
de direito ostentarem status suficiente para adquirem
direitos, nem todos podem pleitear por conta própria seus
direitos na esfera judicial. Exemplo: uma criança de 5 ANOS
não pode interpor uma Ação Judicial sem a representação de
seus genitores ou responsáveis (representantes legais). A
criança possui capacidade ser parte (é sujeito de direito e
possui direitos), mas não tem capacidade de estar em juízo
por conta própria.
O Ministério Público deveria permear todos os espaços estatais, em todos
os Entes Federados (União, Estados, DF e Municípios) e todas as Justiças
Especializadas (Justiça Federal/Eleitoral, do Trabalho, Militar). Desse modo,
seguindo a metodologia de alguns países estrangeiros, o Ministério Público
brasileiro foi organizado do seguinte modo:
a) O Ministério Público da UNIÃO (MPU), que por sua vez
compreende os seguintes ramos:
1. Ministério Público Federal (MPF);
2. Ministério Público do Trabalho (MPT);
3. Ministério Público Militar (MPM);
4. Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
b) Os Ministérios Públicos dos ESTADOS (MPE).
O MP atua como parte de 2 formas diversas:
• quando figura como representante do Estado (órgão de
representação do Estado, na defesa do interesse público), será
considerado a Parte Titular do direito. Exemplo: quando
interpõe Ação rescisória, Ação de Nulidade de casamento,
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requerimento de Jurisdição Voluntária.


quando atua com legitimidade extraordinária (substituto

processual) para ajuizar as respectivas ações de sua competência
previstas em lei (Ex: Ação Civil Pública, Mandado de Segurança,
Ação Civil ex delicto, pedido de interdição, ação de investigação de
paternidade, etc), defendendo em nome próprio interesse alheio.
Entre outras hipóteses legais, cabe ao MP intervir como Fiscal da Lei nos
seguintes processos:
• causas em que há interesses de INCAPAZES – o MP deve
intervir diante da hipossuficiência das partes incapazes (absoluta
ou relativamente incapazes, na forma do art. 3 e 4 do Código
Civil);
• causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela,
curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e
disposições de última vontade – estes são interesses
especialmente tutelados pelo Estado (questões envolvendo o
Estado, capacidade das pessoas e direitos hereditários);
• nas ações que envolvam:
o litígios coletivos pela posse da terra rural;
o demais causas em que há interesse público evidenciado
pela natureza da lide ou qualidade da parte.
O MP na sua atividade como Fiscal da Lei (custus legis) ostentará
prerrogativas semelhantes às das partes, entre elas:
a. terá vista dos autos depois das Partes, sendo intimado de
todos os atos do processo – direito de vista dos autos do
processo e de ser intimado;
b. poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em
audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao
descobrimento da verdade – poderes instrutórios
similares aos das partes.

Cabe ao Juiz na condução dos processos a ele incumbidos os seguintes


DEVERES:
1. assegurar às partes igualdade de tratamento – isonomia no
tratamento das partes (dever de imparcialidade);
2. velar pela rápida solução do litígio – celeridade no julgamento e
deslinde da demanda;
3. prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da
Justiça;
4. tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.
Características do Impedimento e da Suspeição:
IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO
Fato mais gravoso Fato menos gravoso

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Pode ser arguido a qualquer tempo do Somente poderá ser arguido até o início
processo, inclusive após a coisa julgada, do julgamento. Se não arguido,
por meio de Ação Rescisória (art. 485, precluirá o direito, sendo abarcado pela
II, do CPC). É questão de ordem coisa julgada.
pública que não preclui.
Hipóteses legais objetivas, comprovadas Hipóteses legais subjetivas que
de plano. dependem de provas.
Presunção absoluta (juris et de jure) Presunção relativa (juris tantum) de
de parcialidade do Juiz. parcialidade do Juiz.

Sentença Terminativa, SEM resolução do mérito do Processo (Art.


267 do CPC):
a. quando o Juiz indeferir a petição inicial;
b. quando ficar parado durante mais de 1 ANO por
negligência das partes;
c. quando, por não promover os atos e diligências que lhe
competir, o AUTOR abandonar a causa por mais de 30
DIAS;
d. quando se verificar a ausência de pressupostos de
constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo;
e. quando o Juiz acolher a alegação de perempção,
litispendência ou de coisa julgada;
f. quando não concorrer qualquer das condições da ação,
como a possibilidade jurídica, a legitimidade das
partes e o interesse processual;
g. pela convenção de arbitragem;
h. quando o AUTOR desistir da ação;
i. quando a ação for considerada intransmissível por
disposição legal;
j. quando ocorrer confusão entre AUTOR e RÉU;

Sentença Definitiva, COM resolução do mérito do Processo (Art.


269 do CPC):
a. quando o Juiz ACOLHER ou REJEITAR o pedido do autor;
b. quando o Réu reconhecer a procedência do pedido;
c. quando as Partes transigirem (transação);
d. quando o Juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
e. quando o AUTOR renunciar ao direito sobre que se
funda a ação.**
Recebe a denominação “Acórdão” o julgamento proferido pelo órgão
colegiado do Tribunal, que resume a decisão (“voto”) dos Membros da Corte.
As Sentenças e os Acórdãos deverão ser redigidos com observância de
3 (três) requisitos essenciais:
1) RELATÓRIO – é o histórico dos fatos que ocorreram no processo,
contendo resumo da Petição Inicial, da Defesa, dos principais

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incidentes do processo e das provas produzidas. É uma parte


descritiva da decisão judicial, que consiste numa exposição
circunstanciada de toda a marcha do procedimento, de forma
sucinta e objetiva.
2) FUNDAMENTAÇÃO – o Juiz expõe as razões do convencimento
(motivação), os motivos pelos quais vai decidir em determinado
sentido (acolhimento ou não do pedido do autor).
3) DISPOSITIVO ou CONCLUSÃO – parte que contém a efetiva
Decisão. É nesta parte que o Juiz resolve as questões que lhe
foram submetidas, com o acolhimento ou rejeição do pedido do
autor, ou mesmo extinguindo o processo sem julgamento de
mérito (Sentença Terminativa).

Resumo:
SENTENÇAS:
o Põem fim à Fase de Conhecimento, decidindo ou não o mérito do
Processo (questão principal);
o Terminativa – SEM resolução de mérito - Art. 267 – faz coisa
julgada formal;
o Definitiva – COM resolução de mérito – Art. 269 - faz coisa
julgada formal e material;
o Cabe o Recurso de Apelação.
DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS:
o Decidem questões incidentes (acessórias) sem por fim à Fase
de Conhecimento;
o Cabe o Recurso de Agravo.
Determina o art. 189 do CPC que o Juiz deve praticar seus atos dentro de
um limite temporal, assim resumido:
o Decisões (Decisões Interlocutórias e Sentenças) – 10 DIAS
o Despachos de Expediente – 2 DIAS
As Cartas expedidas entre Magistrados são de 3 Espécies diversas:
o Carta PRECATÓRIA – expedida entre Juízes ou Tribunais de
mesma hierarquia ou mesmo grau jurisdicional (Exemplo: de um
Juiz de uma Comarca para o Juiz de outra Comarca, do mesmo ou
de outro Estado; de um Tribunal para outro Tribunal);
o Carta de ORDEM – expedida de um Tribunal para um Juiz a ele
vinculado. A Carta é de Ordem, pois existe uma relação de
hierarquia entre o Tribunal e o Juiz (ordem “de cima para baixo”).
o Carta ROGATÓRIA – expedida para autoridade judiciária
estrangeira (ato a ser realizado no exterior).
Deprecante X Deprecado...
a) Juízo Deprecante, Ordenante, Rogante - quem expede a Carta
Precatória, de Ordem ou Rogatória.
b) Juízo Deprecado, Ordenado, Rogado – quem recebe a Carta
Precatória, de Ordem ou Rogatória para cumprimento.
Os Atos Processuais estão sujeitos a vícios com três ordens diversas,
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que resumo brevemente:


1. Inexistência – atos processuais inexistentes são aqueles
impossíveis sequer de ocorrer e de gerar qualquer efeito jurídico
prático. Exemplo: Sentença prolatada por um Delegado ou por um
Promotor.
2. Nulidade Absoluta - os atos que não respeitam os requisitos
essenciais previstos em lei em razão do interesse público são
nulos de pleno direito. Exemplo: desrespeito ao contraditório e à
ampla defesa; ausência de citação do réu; parcialidade do Juiz,
etc.
3. Nulidade Relativa – decorre da não observância da forma
prevista em lei para o ato processual, mas que não é impeditiva
para a produção dos efeitos jurídicos do ato, salvo se a parte
alegar prejuízo. A nulidade relativa visa proteger o interesse
privado. Se a parte entende que não foi violado, o vício será
convalidado, precluindo o direito de alegá-lo posteriormente.
Exemplo: incompetência relativa do Juiz; recolhimento a menor
das custas processuais; publicação de ato processual com equívoco
na nomenclatura da parte, etc.

Segundo o CPC, somente será considerada proposta a Ação quando:


• Petição Inicial for Despachada pelo Juiz – esta é a regra,
quando for juízo único;
• Ação for Distribuída, quando houver + 1 Vara.
O processo inicia-se para o RÉU quando? Somente com a sua CITAÇÃO
VÁLIDA! Por meio da Citação o réu é chamado para integrar o processo, passando a
existir formalmente para ele.
A Citação do Réu é um ato processual de extrema relevância, que gera
diversos efeitos processuais (Prevenção, Litispendência e Litigiosidade da coisa) e
efeitos materiais (constituição em mora do devedor e interrupção da prescrição).
Regra: é possível alterar a Ação até o Saneamento do Processo, que a
fase processual onde o Juiz fixa os pontos controvertidos e determina a produção de
provas. Nesta fase o processo já deve estar com maior estabilidade. Esta alteração
deve obedecer às seguintes regras:
• Antes da citação do RÉU, o Autor poderá modificar normalmente
sua Ação (alterar pedido, causa de pedir, etc).
• DEPOIS da citação do RÉU, o Autor poderá alterar a Ação, mas
somente com o consentimento do Réu.
Nos casos de suspensão do Processo por questões prejudiciais a
suspensão não poderá ser superior a 1 ANO. Com a finalização do prazo, o Juiz
deve determinar que o processo volte ao seu rumo normal.
Sentença Terminativa, SEM resolução do mérito do Processo (Art. 267
do CPC):
a. quando o Juiz indeferir a petição inicial;
b. quando ficar parado durante mais de 1 ANO por
negligência das partes;

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c. quando, por não promover os atos e diligências que lhe


competir, o AUTOR abandonar a causa por mais de 30
DIAS;
d. quando se verificar a ausência de pressupostos de
constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo;
e. quando o Juiz acolher a alegação de perempção,
litispendência ou de coisa julgada;
f. quando não concorrer qualquer das condições da ação,
como a possibilidade jurídica, a legitimidade das
partes e o interesse processual;
g. pela convenção de arbitragem;
h. quando o AUTOR desistir da ação;
i. quando a ação for considerada intransmissível por
disposição legal;
j. quando ocorrer confusão entre AUTOR e RÉU;

Extinção do processo COM resolução de mérito por meio de Sentença


Definitiva (Art. 269 do CPC):
a. quando o Juiz ACOLHER ou REJEITAR o pedido do autor;
b. quando o Réu reconhecer a procedência do pedido;
c. quando as Partes transigirem (transação);
d. quando o Juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
e. quando o AUTOR renunciar ao direito sobre que se
funda a ação.**
Como exceção, admite-se pedido NÃO certo e NÃO determinado, o
chamado Pedido GENÉRICO, que é aquele indeterminável no momento da
propositura da Ação. Ações lícitas com pedidos Genéricos:
1. Ações Universais, quando o autor não puder individualizar os
bens demandados – refere-se às universalidades de fato ou de
direito. Ex: direito de herança não é possível a individualização.
2. quando não for possível determinar, de modo definitivo, as
conseqüências do ato ou do fato ilícito – ocorre quando se
formula uma ação judicial de responsabilidade civil, na qual se
sabe da ocorrência do dano e do dever de indenizar, mas a real
quantificação do dano será auferida no decorrer do processo.
3. quando a determinação do valor da condenação depender de ato
que deva ser praticado pelo réu – Exemplo: ação de
prestação de contas.
Requisitos para a Cumulação de pedidos:
o compatibilidade entre os pedidos – devem ser compatíveis
entre si;
o o mesmo juízo deve ser o competente para julgar todos os
pedidos;
o o procedimento deve ser adequado para todos os pedidos; se os
procedimentos a serem seguidos forem distintos, admite-se a

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“O homem não é outra coisa senão seu projeto, e só existe à medida que se realiza”. - Jean Paul Sartre
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cumulação se a ação seguir o procedimento ordinário.


Se no processo forem citados vários Réus (2 ou + Réus), caso de
Litisconsórcio Passivo, o prazo para resposta poderá ser Comum (igual para todos)
ou em DOBRO, de acordo com a seguinte regra:
o Prazo Comum – todos os Réus possuírem o mesmo Procurador
– todos terão 15 DIAS para a resposta;
o Prazo em DOBRO – os Réus possuírem diferentes Procuradores
– todos terão 30 DIAS para a resposta.
Este ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica de
forma indistinta a todos os Réus, pois estão fora de tal obrigatoriedade:
• o Advogado Dativo;
• o Curador Especial;
• o órgão do Ministério Público.

Preliminares de Mérito (Defesas Processuais):


1) inexistência ou nulidade da citação – é defesa dilatória, pois
deve-se abrir prazo para a regularização da falta de citação, bem
como o comparecimento espontâneo do réu supre a falta de
citação. Somente se não for realizada a citação dentro do prazo
concedido é que o processo será extinto sem resolução de mérito.
2) incompetência absoluta – é defesa dilatória porque compete ao
juízo absolutamente incompetente declinar de sua competência e
remeter os autos ao juízo competente. A arguição da
incompetência relativa é por meio de Exceção, enquanto que a
incompetência absoluta deve ser formulada na própria
Contestação.
3) inépcia da petição inicial – é defesa peremptória, pois gera a
extinção do processo sem resolução de mérito.
4) perempção - é defesa peremptória, pois gera a extinção do
processo sem resolução de mérito.
5) Litispendência - é defesa peremptória, pois gera a extinção do
processo sem resolução de mérito.
6) coisa julgada - é defesa peremptória, pois gera a extinção do
processo sem resolução de mérito.
7) Conexão – é defesa dilatória, pois visa a mera reunião de 2 ou +
processos.
8) incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de
autorização – são defesas dilatórias, pois podem ser sanadas tais
irregularidades. Somente se não o forem é que geram a extinção
do processo sem resolução de mérito.
9) convenção de arbitragem – é defesa peremptória, pois gera a
extinção do processo sem resolução de mérito.
10) carência de ação - é defesa peremptória, pois gera a
extinção do processo sem resolução de mérito.
11) falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige
como preliminar – é defesa dilatória, pois admite correção da falta

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de caução ou de prestação, salvo se não for regularizado o feito


pelo autor no prazo fixado pelo Juiz.
Procedimentos da Audiência de Instrução e Julgamento:
1) Abertura pelo Juiz, com Pregão Oficial das Partes e Advogados;
2) Tentativa de conciliar as partes – sempre se deve tentar conciliar
as partes; se não conseguir:
3) Juiz fixa os pontos controvertidos, sobre os quais a prova incidirá;
4) Colheita de provas na seguinte ordem:
a. o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos
de esclarecimentos;
b. o depoimentos pessoais das partes (1º AUTOR e depois
o RÉU);
c. inquiridas as testemunhas arroladas pelo Autor e pelo
RÉU.
5) Debates Orais dos Advogados do Autor e do RÉU, bem como ao
órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de 20
MINUTOS para cada um, prorrogável por 10 MINUTOS, a critério
do juiz. Se houver litisconsórcio Ativo ou Passivo, o prazo será de
30 MINUTOS, mas divididos entre as partes. Se houver Opoente
(apresentação Oposição por terceiro), este falará em 1º lugar e
depois os Opostos (Autor e Réu da Ação Principal) por 20
MINUTOS.
Se as Questões forem complexas os Debates Orais podem ser
substituídos por Memoriais (Alegações ou Razões Escritas).
6) Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o Juiz proferirá a
sentença desde logo ou no prazo de 10 DIAS.
Efeitos da Revelia:
1. Efeito Material - presunção de veracidade dos fatos afirmados
pelo autor; se o Réu não contestar, os fatos alegados pelo Autor
serão reputados como verdadeiros.
2. Efeito Processual – desnecessidade de intimação do réu da
prática de atos processuais. O réu revel SEM ADVOGADO não
será mais intimado da prática de atos processuais se não tiver
comparecido em juízo para defender-se, no entanto, poderá
intervir no processo a qualquer tempo. Neste caso, receberá o
processo no estado em que se encontrar, sem direito à repetição
de atos processuais. Se o Réu possuir Advogado, a intimação
será obrigatória!
A despeito da eventual ocorrência da revelia do réu (não comparecimento
do réu para defender-se), NÃO incidirão os efeitos da Revelia nos seguintes casos:
1. se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação –
em caso de litisconsórcio passivo (+ de 1 Réu), se pelo menos 1
dos Réus contestar a ação, os outros são beneficiados, não
ocorrendo os efeitos da revelia sobre os demais;
2. se o litígio versar sobre direitos indisponíveis – são direitos não
patrimoniais ou patrimoniais, mas de titularidade de incapaz.
3. se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento
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público, que a lei considere indispensável à prova do ato –


hipótese em que o documento público é da substância do ato.
Exemplo: Escritura Pública para comprovação da efetiva venda de
um imóvel; sem esse documento, não como comprovar o ato.
Há determinados fatos que INDEPENDEM de provas, a seguir listados:
1. Notório – são fatos de conhecimento do “homem-médio”,
conhecidos ordinariamente por qualquer pessoa. Exemplo:
Carnaval com Trios Elétricos ocorre em Salvador/BA; o Sol nasce
no leste e se põe no oeste, etc.
2. afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária –
uma das partes admite e reconhece a verdade dos fatos alegados
pela outra;
3. admitidos, no processo, como incontroversos – os fatos podem
tornar-se incontroversos por confissão tácita, pela ocorrência da
revelia ou por o réu não ter impugnado específicamente na
Contestação.
4. em cujo favor milita presunção legal de existência ou de
veracidade (Provas Legais ou decorrentes de Lei) – Ex: o Ato
Administrativo praticado pela Administração Pública tem o atributo
da presunção de veracidade; até que a parte prove o contrário, o
ato administrativo “está com a verdade”, gozando de presunção de
veracidade e precisa provar sua correção.
O ônus da prova é atribuído ao Autor e ao Réu, de acordo com o seu
direito:
1. ao AUTOR, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
2. ao RÉU, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor.
Não será possível (será NULA) a convenção que distribui de maneira
diversa o ônus da prova quando:
1. recair sobre direito indisponível da parte;
2. tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do
direito.

A Confissão poderá ser:


• Espontânea – realizada pela parte de forma autônoma,
diretamente pela parte ou por mandatário (procurador com
poderes especiais);
• Provocada – realizada pela parte no depoimento pessoal.
A Confissão poderá ser:
1. Judicial – de forma espontânea ou no depoimento pessoal
(provocada).
2. Extrajudicial – realizada fora do processo, por meio escrito ou
oral, perante a parte contrária ou terceiros.

Vamos aos vícios das Sentenças:


• Sentença Extra Petita – quando o Juiz decide de forma
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diversa da que foi postulada pela parte. A sentença será


totalmente nula porque foi exarada fora do pedido da parte (extra
pedido; fora do pedido). O pedido da parte resta intocado, pois o
Juiz decidiu de forma totalmente estranha ao pedido. Exemplo: o
autor pede A e o Juiz concede B; autor pede danos emergentes e o
juiz concede apenas lucros cessantes.
• Sentença Ultra Petita – o Juiz decide além do que foi pedido (o
Juiz dá mais do que foi pedido) Exemplo: o autor pede A e o Juiz
concede A e B; autor pede danos emergentes e o juiz concede os
danos emergentes e os lucros cessantes. Neste caso, a Sentença
será anulada apenas na parte que extrapolou o pedido (nulidade
da parte ultra pedido).
• Sentença Citra Petita – o Juiz decide aquém do pedido (decide
menos do que foi requerido; decisão parcial dos pedidos).
Exemplo: o autor pede A e B e o Juiz concede apenas B; autor
pede danos emergentes e lucros cessantes o juiz concede apenas
os danos emergentes. Para grande parte da doutrina, a Sentença
citra petita é nula integramente.
A doutrina classifica a coisa julgada em duas vertentes:
• Coisa Julgada FORMAL – imutabilidade do efeito formal de
extinção dentro do próprio processo, pelo fato de a sentença
não estar mais sujeita a nenhum recurso ordinário ou
extraordinário. A coisa julgada formal impede o novo julgamento
ou reexame da sentença dentro do mesmo processo. Todas as
sentenças transitadas em julgado geram este efeito de extinção do
processo, tanto as sentenças definitivas quanto as terminativas.
As Sentenças terminativas fazem apenas coisa julgada formal, pois
não analisam o mérito da questão.
• Coisa Julgada MATERIAL – imutabilidade dos efeitos materiais
da sentença de mérito, que impede o reexame da questão
discutida dentro e fora do processo. A sentença de mérito
transitada em julgado tem força de lei nos limites da lide e das
questões decididas no processo. A coisa julgada material torna
imutável a sentença dentro e fora processo, portanto, englobando
a coisa julgada formal.
Somente as Sentenças Definitivas fazem coisa julgada formal +
material, pois geram a indiscutibilidade da decisão dentro e fora do
processo.
NÃO fazem coisa julgada:
• os motivos, mesmo que sejam importantes para determinar o
alcance da parte dispositiva da sentença – os motivos são as
razões de fato e de direito (fundamentos). Estes não se tornam
imutáveis, pois os mesmos fatos ou fundamentos jurídicos podem
servir de embasamento para qualquer demanda, em qualquer
processo, não precluindo suas alegações em um único processo.
• a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença
– isso porque a interpretação conferida para os fatos pode ser
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alterada de acordo com a circunstância fática e com o tempo


decorrido. Não existe uma verdade absoluta e imutável.
• a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no
processo – as questões jurídicas podem ser decididas de forma
principal ou incidente. Se a questão for principal, a decisão fará
coisa julgada material; se a questão for meramente incidente, não
fará coisa julgada material, mas apenas formal (somente dentro do
processo). Com isso, a questão prejudicial decidida incidentemente
no processo não poderá ser contestada no mesmo processo, mas
poderá ser atacada em qualquer outro.
Hipóteses legais de sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição:
• Sentença proferida CONTRA a União, o Estado, o Distrito
Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações
de direito público – toda Sentença contra a Fazenda Pública está
sujeita a reexame necessário!
• Sentença que julgar procedentes, no todo ou em parte, os
embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública
(art. 585, VI, do CPC) – para entender, merece a contagem da
questão de trás para frente: a Fazenda Pública tem direito de
executar o réu inadimplente, com dívida inscrita na dívida ativa;
com a interposição da execução, o réu poderá embargar esta
execução; se o Juiz julgar procedente estes embargos do réu,
estará decidindo CONTRA a Fazenda Pública; nesse sentido, mais
uma vez, esta sentença estará sujeita ao duplo grau de jurisdição.
Hipóteses excepcionais, de não sujeição ao duplo grau de jurisdição,
mesmo quando houver condenação contra a Fazenda Pública:
1. Quando a condenação, ou o direito controvertido, for de valor
certo até 60 Salários-Mínimos, bem como no caso de
procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa
de até 60 Salários-Mínimos.
2. Quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário
do STF ou em súmula o STF ou do tribunal superior
competente.

Não pode haver sentença ilíquida nos processos de rito sumário, nas
causas de danos causados em acidente de veículo de via terrestre e de cobrança de
seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo (Cf. art. 275, II, ‘d’
e ‘e’ do CPC).
Na liquidação NÃO é possível mais discutir de novo a lide ou modificar a
sentença que a julgou. O assunto tratado é apenas o cálculo e a finalização do valor já
consolidado na sentença.
Da decisão de liquidação caberá Agravo de Instrumento, por ser
uma decisão interlocutória.
A Liquidação da Sentença poderá ser realizada por 3 (três) modalidades
diversas:
• Liquidação por Cálculo Aritmético – requerida pelo credor

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quando o cálculo aritmético for sem complexidade (caso seja


cálculo com complexidade, será realizada Liquidação por
Arbitramento).
• Liquidação por Arbitramento – requerida quando a determinação
do valor depender de conhecimento técnico específico (perícia)
ou quando for determinado por Sentença ou Convencionado pelas
partes;
• Liquidação por Artigos – quando for necessária nova instrução
probatória, com alegação e prova de fato novo.

A liquidação de sentença e a execução de título judicial (cumprimento de


sentença) deixaram de ser processos autônomos e se transformaram em FASES,
etapas, módulos, procedimentos posteriores à sentença. Este é o chamado
Sincretismo processual pelos processualistas mais modernos.
Hoje existem 3 (três) fases do processo:
1. reconhecimento do direito (processo de conhecimento);
2. quantificação do direito (processo de liquidação de sentença);
3. satisfação do direito (processo de execução).

O Cumprimento de Sentença poderá ser Provisório ou Definitivo:


• Execução Definitiva – sentença transitada em julgado;
• Execução Provisória - sentença impugnada mediante recurso ao
qual não foi atribuído efeito suspensivo (sentença com efeitos
plenos e em vigor, apesar do recurso interposto).
Condições legais para interposição do recurso adesivo:
• será interposto perante a autoridade competente para admitir o
recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder
(prazo das contrarrazões do recorrido);
• será admissível na Apelação, nos Embargos Infringentes, no
Recurso Extraordinário e no Recurso Especial;
• não será conhecido, se houver desistência do recurso principal,
ou se for ele declarado inadmissível ou deserto.
Regra básica e inicial a ser memorizada:
• De Sentença cabe APELAÇÃO;
• De Decisão Interlocutória cabe AGRAVO;
Os Recursos são interpostos da decisão de instância inferior (A quo)
para instância superior (Ad Quem):
• Juízo A Quo – instância inferior recorrida;
• Juízo Ad Quem – instância superior a ser recorrida.

Modalidades de Execução, a depender da natureza do título:


• Título Executivo Judicial – Cumprimento de Sentença;
• Título Executivo EXTRAjudicial – Ação Autônoma de Execução.
São causas de NULIDADE da Execução de Título executivo
extrajudicial as seguintes hipóteses:
1. se o título executivo extrajudicial não corresponder a
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obrigação certa, líquida e exigível (obrigação já confirmada e


definida como devida; já contabilizada e já vencida);
2. se o devedor não for regularmente citado;
3. se instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrido o
termo, nos casos de hipóteses de relação jurídica condicional ou a
termo.
Procedência ou Improcedência dos Embargos do Devedor:
• Embargos Improcedentes – o exeqüente apenas levanta a coisa.
• Embargos Procedentes – a coisa retorna ao executado, sendo
extinto o processo.
O procedimento de expropriação dos bens do devedor abrange as
seguintes formas legais:
• Adjudicação em favor do exequente;
• alienação por iniciativa particular;
• alienação em hasta pública;
• usufruto de bem móvel ou imóvel.
NÃO serão expropriados (estão fora de qualquer possibilidade de
execução) os bens impenhoráveis ou inalienáveis.
São considerados por lei como absolutamente IMPENHORÁVEIS:
1. os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário (ex:
contrato), não sujeitos à execução;
2. os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a
residência do executado (ex: sofás, geladeiras, etc), salvo os de
elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida (ex: piano para lazer,
coleção de armas, etc);
3. os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do
executado, salvo se de elevado valor;
4. os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações,
proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao
sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador
autônomo e os honorários de profissional liberal – esta
impenhorabilidade NÃO se aplica no caso de obrigação de
prestação de alimentos (pensão alimentícia)!
5. os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os
instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao
exercício de qualquer profissão (Ex: computador utilizado pelo
Advogado para o exercício de suas atividades);
6. seguro de vida;
7. os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas
forem penhoradas;
8. a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família;
9. os recursos públicos recebidos por instituições privadas para
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência

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social;
10.até o limite de 40 salários mínimos, a quantia depositada em
caderneta de poupança.
11.os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da
lei, por partido político.

• Os Embargos do Executado serão rejeitados liminarmente nas


seguintes hipóteses:
o quando intempestivos;
o quando inepta a petição;
o quando forem os Embargos manifestamente
protelatórios.

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