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UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE ENGENHARIA

TEXTO DE APOIO

1. Leia o texto que se segue.

XANANA, O COMBATENTE

José Alexandre Gusmão nasceu em Mahatuto (Timor), em 1946. Teve várias


ocupações, empregos e desempregos, até o destino lhe reservar uma outra causa e
um outro nome: Xanana Gusmão, combatente da liberdade por Timor.

Estudou no Seminário Jesuíta, mas a religião “dava-lhe sono”. Tentou o liceu,


tentou diversos trabalhos, de pescador a escriturário, de operário de construção a
topógrafo.

Foi só quando o silêncio e o terror se abateram sobre Timor Leste que Xanana
se vai juntar à guerrilha da Fretelin, ao lado de Nicolau Lobato. Em 1981, a I
Conferência Nacional da Fretilin elege Xanana Gusmão como presidente do seu
Conselho Revolucionário.

À parte os portugueses que seguem o desenrolar dos acontecimentos em


Timor com mais atenção, o mundo só ouvirá verdadeiramente falar de Xanana
Gusmão quando ele é preso em Díli, através de uma denúncia anónima que leva os
indonésios até à casa onde estava escondido. Passara-se exactamente um ano sobre o
massacre do cemitério de Santa Cruz, e os indonésios pensavam que talvez Xanana
pudesse ser seduzido e utilizado como arma de contrapropaganga que contrariasse o
efeito nefasto que as imagens do massacre de civis num cemitério tinham causado
no mundo inteiro.

Num primeiro tempo, Xanana pareceu prestar-se ao jogo. Apareceu a apelar à


rendição e à aceitação da integração de Timor na Indonésia, quase chegando a
denunciar o papel da Igreja Católica na Resistência. Aqui e lá não faltou quem
acreditasse na rendição do herói, quem lhe chamasse traidor – e até verdadeiros
traidores, como Abílio Araújo, se apressavam a atirar mais lama para cima do que
supunham ser já um cadáver.

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Todos eles desconheciam, porém, uma outra faceta do guerrilheiro: a de
estratego político e diplomático brilhante. Xanana manteve a farsa do traidor até ao
último dia do julgamento, permitindo que os indonésios aceitassem a presença de
jornalistas na sala. E, no último dia, levantou-se e serenamente denunciou, um por
um, todos os crimes da Indonésia. Foi condenado à morte, depois comutada em
vinte anos de prisão.

Com a sua captura, desaparecia de cena a personagem que fazia lembrar Che
Guevara e entrava em cena alguém que mostrava ter aprendido a lição de Nelson
Mandela. Despido o camuflado de guerrilheiro, vestindo um fato e gravata, Xanana
tornou-se no preso mais estranho do mundo, recebendo na sua prisão de Cipinang
embaixadores, ministros, governantes estrangeiros.
In Grande Reportagem, 1999, Nº 103 (adaptado)

1.1. Na sua opinião, quais são as partes principais que compõem este texto?
1.2. Justifique a reposta dada em (1.1).
1.3. Seleccione, em cada uma das partes em que dividiu o texto, duas frases que
fornecem informação essencial.
1.4. Diga por que razão Xanana manteve a sua farsa até ao último dia do julgamento.
1.5. Tendo em consideração as respostas dadas nos números anteriores, faça o
resumo do texto em análise.

2. PRODUÇÃO ORAL: Exposição Oral e Debate


2.1. A EXPOSIÇÃO ORAL
A exposição consiste na apresentação de tudo quanto se refere a uma questão ou
problema com vista a que os destinatários adquiram um conhecimento global. Ela pode
ser oral ou escrita (Rei, 2000: 109).

Qualidades de uma exposição (fundamentalmente escrita)

o Ordem: ligação lógica das ideias.


o Clareza: a linguagem deve ser simples; recurso a exemplos, explicação de
palavras, uso de gestos, gráficos e outros meios que tornam perceptível a
informação.

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o Rigor: garantia da exactidão na recolha e apresentação dos dados, documentando
a informação através da citação das fontes.

Outros aspectos característicos

o Uso de estruturas impessoais;


o Ausência de juízos de valor e de apreciação.

Estrutura de uma exposição

o Introdução
 O expositor/orador procura prender a atenção do auditório e despertar-
lhe o interesse;
 Introduz o assunto ao auditório;
 Delimita o tema; designa, define os termos que usa.
o Desenvolvimento
 Corpo da exposição, que deve ser dividida em partes simples;
 Não se deve dividir em demasia, sob pena de deturpar a unidade;
 Os dados devem ser apresentados de forma coerente.

Critérios de desenvolvimento (na prática, só se adopta um critério, e não todos


ao mesmo tempo)

 Desdobramento cronológico;
 Argumento das ideias por oposição lógica;
 Fixação de um ponto de maior interesse, do qual se desce gradualmente;
 Disposição da matéria em forma de problema proposto ao auditório.

o Conclusão
 É a consolidação e o resumo das ideias essenciais, incutindo-as no
auditório com vista a ficarem retidas permanentemente para os fins
desejados;
 Pode ser em forma de um resumo rápido;

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 Podem destacar-se os pontos principais do que foi exposto;
 Pode igualmente citar-se uma personalidade de destacável prestígio.

PARA FAZER UMA EXPOSIÇÃO ORAL

1. Escolha do tema
2. Estruturação das ideias
o Identificar/seleccionar ideias mais importantes/relevantes;
o Organizar a lista de ideias em função de uma lógica bem definida;
o Ilustrar as ideias com exemplos/imagens concretos: os exemplos não
constam do guião.
3. Preparação do guião escrito da exposição

Guião de uma exposição oral

1. Introdução

o (captação do auditório – não se regista no guião);


o Objectivos da exposição.
2. Desenvolvimento da exposição

o Desdobramento cronológico;
o Associação lógica das ideias;
o Escolha de um tópico apenas (o mais importante) e o seu desenvolvimento
gradativo.
3. Conclusão (esta pode ser desenvolvida adoptando uma das seguintes alternativas, e
não todas)

o Resumo das ideias apresentadas


o Destaque dos aspectos mais importantes
o Citação incisiva de um autor

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2.2. O DEBATE

O debate é o acto de examinar um tema entre duas ou mais pessoas através do diálogo,
explicando cada uma os seus pontos de vista com o propósito de tentar chegar a
algumas conclusões (Assunção & Rei, 1998).

No debate, os interlocutores actuam num plano de igualdade e liberdade na exposição


das suas opiniões, defendendo-as com argumentos convincentes, mas sem as impor à
força aos outros.

Actividade: Supondo que pretende participar num debate sobre a clonagem humana,
extraia do texto que se segue (i) os argumentos a favor desta prática, e (ii) os
argumentos contra.

A clonagem humana

Para conseguirmos certa clareza talvez seja interessante perguntarmos para que
utilizaríamos a clonagem humana. Algumas respostas serão provavelmente as seguintes:
na pesquisa científica, a clonagem favoreceria em muito o estudo embriológico e o
conhecimento mais preciso do desenvolvimento de certas capacidades ou incapacidades
humanas; no uso terapêutico, a clonagem ajudaria na obtenção de tecidos e órgãos para
transplantes, provavelmente sem problemas da imuno-compatibilidade, além de material
genético para pesquisas visando o tratamento de várias doenças graves (...); no uso em
reprodução humana artificial, a clonagem auxiliaria muitos casais e mesmo indivíduos
que não podem ter filhos ou descendentes genéticos, como em certos casos graves de
esterilidade, e, em outro aspecto importante, a clonagem propicia aos médicos a
possibilidade de aumentar as chances de gravidez no caso de apenas uma fecundação in
vitro ter sido obtida, ou mesmo de analisar mais detalhadamente o embrião gerado in
vitro, fazendo cópias geneticamente idênticas para biópsias.

Neste último caso e nos dois primeiros (pesquisa e seu uso terapêutico), os embriões
seriam destruídos, e estes embriões são seres humanos. Isso coloca em questão o valor
da vida, particularmente da vida humana, além dos valores da liberdade científica, da
dignidade dos sujeitos envolvidos em pesquisa e dos benefícios da biotecnologia, na
discussão do assunto da clonagem. No caso do uso reprodutivo, supondo a segurança
plena da técnica para todos os envolvidos, reproduziríamos seres humanos que seriam
gémeos monozigóticos dos doadores da célula utilizada para a clonagem, mas com uma
temporalidade vital diferente da do seu dador (ao mesmo tempo irmã ou irmão
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biológico, mãe ou pai social). Isso coloca em questão os valores da autonomia e da
responsabilidade reprodutiva.

(Excerto do texto de Alcino Eduardo Bonella - Adaptado)

Bibliografia consultada

Câmara Jr., J. M. (2009). Manual de expressão oral e escrita (26ª ed.). Petrópolis:
Editora Vozes.

Campbel, J. (1993). Técnicas de expressão oral. Lisboa: Editorial Presença.

Rei, J. E. (2000). Curso de redacção II: O texto. Porto: Porto Editora.

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