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Dano social.
Uma visão tripartida da teoria da reparação do
dano no âmbito cível como mecanismo de
efetividade da tutela jurisdicional nas demandas
recorrentes
Cristiana Campos Mamede Maia

Publicado em 06/2016. Elaborado em 06/2016.

Com a massificação das relações humanas, alguns ilícitos passaram a ser recorrentes, incentivando a criação da
função pedagógica da indenização. É neste ponto que nasce a necessidade de novos meios de reparação que
permitam coibir esses ilícitos.

INTRODUÇÃO.

O trabalho ora proposto enfoca a temática do quantum indenizatório co-relacionando o com a efetividade das
decisões judiciais no âmbito das ações de temática recorrente no judiciário brasileiro, sendo certo que o tema é cada
vez mais presente no meio doutrinário e que ganha relevo com a tramitação no Congresso Nacional do Projeto de Lei
da Câmara nº 3880 de 2012, o Projeto da instituição do Dano Social no ordenamento pátrio.

Por esse motivo, o presente estudo buscou analisar a estrutura clássica do sistema indenizatório brasileiro, em que o
histórico jurisprudencial demonstra que o medo do enriquecimento sem causa baliza o quantum indenizatório
tolhendo seus objetivos precípuos.

A presente discussão é relevante por abordar um aspecto importante da decisão judicial, a sua efetividade, sendo
especialmente relevante nos casos recorrentes. Ademais, a efetividade da decisão judicial também colabora para
melhorar a imagem do judiciário perante a sociedade.

Ao longo do artigo, serão analisados os seguintes tópicos: os diferentes tipos de indenizações por dano, a
possibilidade de requerimento do Dano Social na tutela individual e a forma como se deve compatibilizar tal atuação
com os princípios processuais constitucionais e os dispositivos legais. O estudo que se pretende realizar seguirá a
metodologia do tipo bibliográfica e histórica, qualitativa, parcialmente exploratória e parcialmente descritiva.

Portanto, o presente estudo visa divulgar a idéia de Dano Social espelhada no PL 3880/2012, trazendo-o como
sugestão de solução para problemática da reincidência dos ilícitos, nascidos da massificação das relações sociais.
Além de possibilitar a real aplicação das três funções da reparação do Dano defendidas por nossos Tribunais, quais
sejam: o aspecto compensador, ligado a idéia de Dano Moral; o aspecto reparador, ligado a idéia de Dano Material e
o aspecto pedagógico, ligado a idéia do que chamaremos de Dano Social, visando a construção de uma solução que
traga uma maior efetividade ás decisões judiciais nas ações individuais recorrentes e repetitivas que abarrotam o
judiciário brasileiro.

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1. UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DAS FUNÇÕES DE REPARAÇÃO CIVIL

O art. 944[1], do Código Civil Brasileiro, estabelece a necessidade de quantificar a indenização pela extensão do dano
sofrido. O referido artigo consagra o princípio da restitutio in integrum, pelo qual o dano deve ser integralmente
reparado, com a reposição da vítima ao estado em que se encontrava antes da lesão ou, em não sendo possível a
restauração da situação anterior, através de um equivalente monetário, atendendo por conseguinte o artigo 5º, inciso
V[2] da CRFB, no que tange a exigência da reparação integral do dano.

Todavia, na prática o arbitramento dos valores a título de Danos Morais pelo judiciário, sempre seguiu os critérios no
qual o valor arbitrado deve ser condizente com a situação do lesado, esquecendo-se, muitas vezes, de analisar as
condições do lesante, o que a nosso ver só acarreta em um incentivo ao causador do dano, que continua a cometer o
ilícito uma vez que os tribunais ao limitarem o caráter punitivo-pedagógico do Dano Moral, o descaracterizam, o que
gera o “enriquecimento sem causa” do lesador, e indiretamente atingem toda a sociedade, além de trazer a
insegurança e a desmoralização ao sistema judiciário brasileiro.

O ressarcimento por danos gerados visa permitir a efetividade do processo, ou seja, a entrega da tutela jurisdicional
pretendida pela parte[3].

MARINONI[4] sustenta que o direito a uma prestação jurisdicional efetiva está insculpido no artigo 5°, inciso XXXV, da
CRFB[5], que traz o princípio do acesso à justiça. Segundo o autor citado, o direito a uma prestação jurisdicional
efetiva é um direito fundamental, sendo, portanto, constitucionalmente protegido.

MARINONI atribui à efetividade dois sentidos. Para ele, a efetividade em sentido estrito seria “o direito ao provimento
e aos meios executivos capazes de dar efetividade ao direito substancial”[6]. Já em sentido lato, a efetividade deve
ser entendida como a tutela jurisdicional tempestiva e, em alguns casos, a possibilidade de ser preventiva.

Como direito fundamental, a efetividade exige a existência de meios adequados que permitam ao Poder Judiciário
identificar as pretensões legítimas que merecem a tutela estatal e  a sua eficaz proteção.

Historicamente convencionou-se a existência de três tipos indenizatórios por danos, sendo identificados pela origem
de suas causas, quais sejam:

O dano material, também conhecido como dano patrimonial é o dano passível de quantificação matemática, por ser
mais palpável que os demais tipos, e por esse motivo foi a primeira espécie a ser aceita na história da
responsabilidade civil. Já o dano moral, por muito tempo não foi aceito nos tribunais, visto a dificuldade de quantifica-
lo, sendo constitucionalmente consagrado no Brasil em 1988 com o advento da Constituição Cidadã.

O dano moral, em um primeiro momento, abarcava todos os dados não patrimoniais, e com o evoluir da
jurisprudência brasileira, o dano moral passou a ter outras funções além da ressarciotória, como a chamada função
punitivo-pedagógica, que nasceu na tentativa de incorporar no direito brasileiro a ideia dos “punitive damages”
americano.

Com o evoluir da jurisprudência a ideia de unificar diversas funções em um único instituto foi sendo questionado,
principalmente no que tange o dano estético. Assim, conforme vem sendo delineado pela jurisprudência brasileira, o
dano estético passou a ser considerado como dano autônomo de caráter não patrimonial, distinto do originário dano
moral.

Segundo Tereza Ancona Lopez[7], dano estético pode ser conceituado da seguinte maneira: “qualquer modificação
duradoura ou permanente na aparência externa de uma pessoa, modificação esta que lhe acarreta um “enfeamento”
e lhe causa humilhações e desgostos, dando origem, portanto, a uma dor moral”.

Em relação ao dano estético, a doutrina defende que este possui duas dimensões, a ontológica- que é a
desfiguração da aparência externa; e a dimensão sociológica, na qual o lesado estará sujeito a rejeição e desprezo
social. Assim, pode-se afirmar que o dano estético seria um dano moral agravado pela permanência da situação
danosa e por isso foi retirado da seara do dano moral.

O presente trabalho defende a necessidade de se retirar o caráter punitivo do dano Moral, identificando neste uma
quarta espécie de dano merecedora de ressarcimento, o chamado Dano Social.

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2. A CELEUMA NO JUDICIÁRIO BRASILEIRO

No direito brasileiro, o dano é elemento indispensável à responsabilidade civil. Tal indispensabilidade adveio do
Direito francês, pela célebre fórmula de Henri Lalou “pas de préjudice, pas de responsabilité civile”[8].

Deve-se salientar que a existência de Dano sempre está ligada a uma existência de antijuricidade, sendo necessária
a existência de instrumentos hábeis à satisfação do lesado, pois “seria escandaloso que alguém causasse mal a
outrem e não sofresse nenhum tipo de sanção; não pagasse pelo dano inferido”[9]. Bem como a falta de reparação
seria uma afronta à própria Constituição brasileira, que prevê que a todo ato ilícito que gere um dano, corresponde a
um dever de reparar, conforme prevê o artigo 05º, X da CRFB:

“Art. 05º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e


a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;”

Quando tratamos da necessidade de indenização o dano é o elemento mais importante da responsabilidade civil,
visto que não é possível falar em recompensa ou em compensar se não puder se provar a existência de um dano[10].

Nesse sentido, o dano se configura como sendo a agressão ou a violação de um direito, seja este material ou
imaterial, que venha a causar dano a outrem, seja por dolo ou culpa, gerando uma diminuição do valor do bem
juridicamente protegido.

Com a massificação das relações humanas e o surgimento dos contratos de adesão, principalmente no âmbito
consumerista viu-se a necessidade de que a indenização tivesse um cunho pedagógico com o intuito de evitar a
repetição de demandas pelos mesmos atos danosos que são diariamente reiterados.

É nesse ponto que a função pedagógica mistura-se com a função punitiva, pois a melhor forma de exigir um cuidado
maior no futuro para que tais atos ilícitos não venham se repetir é através da aplicação de uma sanção pecuniária,
que possui como objetivo o desestímulo do ofensor à repetição do ato ilícito[11]. Esse desestímulo é o que caracteriza
a chamada função pedagógica ou dissuasiva da indenização[12].

Parte da doutrina defende que tal condenação também possui uma natureza punitiva sancionatória.

Assim, a doutrina majoritária sustenta a existência de um duplo caráter da reparação civil do Dano Moral: o chamado
caráter compensatório, para assegurar e compensar o sofrimento da vítima; e ao mesmo tempo o caráter punitivo
para que o causador do dano venha a ser castigado pela ofensa que praticou. Destacando assim sua natureza de
penalidade civil em represália pelo mal causado.

De sorte que se pode concluir, que quando a vítima reclama a reparação pecuniária de Dano Moral, esta está em
verdade requerendo que lhe outorgue um meio de atenuar, em parte, sua dor e não a estipulação de um preço para
esta, posto que a dor e o sofrimento humano jamais poderão ser ressarcidos ou compensados integralmente[13].

Ocorre que tal função esbarra na vedação ao enriquecimento sem causa prevista no Código Civil Brasileiro, o que
acarreta em uma limitação do quantum debeatur a ser estipulado pelo dano sofrido, perdendo desta forma parte da
sua eficácia.

Note ainda que a aplicação errada de tais limitações acarretam por ferir a constituição que defende a totalidade do
ressarcimento do dano, bem como a reprovação do ato ilícito para que este não venha a ser reiterado novamente,
como podemos observar pela leitura do artigo 884 do Código Civil[14] que é peremptório ao dispor na cláusula geral
que “aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente
auferido.”

Assim, o enriquecimento sem causa seria a vedação ao acréscimo patrimonial à custa de outrem sem ao menos
algum fato jurídico que o justifique, demonstrando um olhar do direito tanto para o ofensor como para a vítima.

Para a doutrina pátria o enriquecimento sem causa além de apresentar uma face principiológica, também seria fonte

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de obrigações, seja de restituir tudo o que foi indevidamente locupletado, seja o de reparar o dano causado como
podemos observar na decisão da 13ª Câmara Cível da Ap. Civ. 36.495/2007 e do Resp nº 389.879-MG:

Demora irrazoável para cancelar serviços não solicitados ou que


se tornaram desnecessários, cobranças indevidas, ameaça de
negativação do nome etc., constituem práticas abusivas que
devem ser repelidas. Vão além dos meros aborrecimentos,
gerando efetiva angústia e mal-estar capaz de caracterizar o Dano
Moral em sentido amplo, cuja indenização pode ter caráter
punitivo. Entretanto, exige critério apropriado no seu arbitramento,
que deve ser feito atentando-se para a gravidade do ilícito, o
princípio da exemplaridade e o seu caráter pedagógico” (13ª
Câmara Civil, Ap. Civ. 36.495/2007).

“O valor dos danos morais, de seu turno, como tenho assinalado


em diversas oportunidades, deve ser fixado em termos razoáveis,
não se justificando que a reparação enseje enriquecimento
indevido, devendo o arbitramento operar-se com moderação,
proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte financeiro das
partes, orientando-se o julgador pelos critérios sugeridos pela
doutrina e pela jurisprudência, valendo-se de sua experiência e
bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada
caso, não deixando de observar, outrossim, a natureza punitiva e
disciplinadora da indenização”. (STJ, 4ª Turma. Resp nº. 389.879-
MG, j.16/04/2002)

No Brasil e em Portugal, a aplicação tímida do chamado caráter pedagógico-punitivo do Dano Moral nada mais foi
do que um mero “sopro” dos preceitos estadunidense na tentativa de modernizar o pensamento jurídico nos países de
tradição germânica-romanista, que não conseguiu seu efeito por colidir-se em parte com a função regulatória, dando a
falsa impressão de enriquecimento sem causa à parte lesada, quando da sua aplicação.

O art. 944 do Código Civil Brasileiro estabelece que a extensão do dano constitui a medida e o limite da indenização.
Apesar de tal dispositivo, muitos doutrinadores defendem a necessidade de uma atualização legislativa que permita a
aplicação de um caráter punitivo para a indenização por danos morais, como por exemplo, o projeto de Lei nº
6.960/2002, do deputado Ricardo Fiúza, que previa a inclusão de um parágrafo ao artigo 944 do citado diploma legal,
consagrando expressamente a indenização punitiva do Dano Moral, com a seguinte redação:

“§2º A reparação do Dano Moral deve constituir-se em


compensação ao lesado e adequado desestímulo ao lesante”.
Justifica: (...) Ao juiz devem ser conferidos amplos poderes, tanto
na definição da forma como da extensão da reparação cabível,
mas certos parâmetros devem servir-lhe de norte firme e seguro,
sendo estabelecidos em lei, inclusive para que se evite,
definitivamente, o estabelecimento de indenizações simbólicas,

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que nada compensam à vitima e somente servem de estímulo ao


agressor[15]”.

Atualmente, prevalece na doutrina e na jurisprudência brasileiras o entendimento de que a indenização pelo Dano
Moral possui uma dupla função: do lado da vítima, atua como compensação pelo dano sofrido; já enfocado o ofensor,
funciona como uma pena pelo dano causado ao lesado[16].

Esse duplo caráter foi criado na tentativa de que através das indenizações por danos morais pudesse vir a dissuadir a
conduta lesiva, porém tal teoria demonstrou-se falha ao analisarmos o que vem ocorrendo na prática:

0260072-15.2010.8.19.0001 - APELACAO 1ª Ementa DES.


TERESA CASTRO NEVES - Julgamento: 06/07/2011 - SEXTA
CAMARA CIVEL APELAÇÃO CIVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.
RELAÇÃO DE CONSUMO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
PARCELAS A SEREM DESCONTADAS NO CONTRACHEQUE.
QUITAÇÃO TOTAL. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA APÓS O
PAGAMENTO. DANO MORAL CONFIGURADO.1- Não obstante o
pagamento de todo o contrato das parcelas do empréstimo, o
nome do consumidor foi encaminhado para os cadastros restritivos
de crédito. 2- Responsabilidade objetiva contratual do Réu. 3- O
negócio firmado pelo Órgão Pagador e a Instituição Financeira é
estranho à relação jurídica discutida, não podendo ser repassado
ao consumidor o ônus de responder por uma possível falha de
terceiro. 4-Risco do empreendimento. 5- Ofensa a dignidade da
pessoa humana. 6- Prejuízo para o sustento do Autor, art. 1º, caput
e art. 5º, X da Constituição da República. 7- Falha na prestação de
serviço incidência do 14, § 1º, inciso II do C.D.C. 8- Dano Moral
configurado. 9- Quantum indenizatório fixado em R$7.000,00 (sete
mil reais). 10- Manutenção do valor que atende ao caráter punitivo
pedagógico, aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade,
além de está de acordo com os valores praticados por esta Corte
em caso semelhantes. 11- Nome do consumidor permaneceu por
mais de dois anos no rol dos maus pagadores, por contrato
devidamente quitado. 12- NEGATIVA DE SEGUIMENTO DE
AMBOS OS RECURSOS, na forma do art. 557, caput do CPC.

Ocorre que tal condenação não possui o condão de fazer mudar a realidade, simplesmente servido de estimativa de
pagamento para os ilícitos que recorrentemente são causados, perdendo totalmente o aludido caráter.

Não se pode justificar um ilícito por outro, como não se pode justificar uma inércia judiciária baseada no fantasma
doutrinário da chamada indústria do dano. O caráter dissuasivo-punitivo do Dano Moral perde completamente sua
função frente a um judiciário temeroso, e inexpressivo que insiste em manter as condenações em valores
relativamente baixos para o causador do ato lesivo, escondendo-se atrás da desculpa de que qualquer condenação
mais expressiva viria a incentivar a chamada indústria do Dano Moral. Tal atitude só serve por incentivar a
manutenção do comportamento danoso, visto que este passa a ser muito mais lucrativo do que se prontificar a evitar

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futuros ilícitos.

No Brasil, com a aplicação na prática da chamada “onda” de acesso a justiça defendida por Capelletti, viu-se
desmoronar as antigas barreiras processuais existentes, assegurando a extensa camada da população, antes
marginalizada, o efetivo acesso ao Poder Judiciário como meio de realização da Justiça. Tal ato resultou o
abarrotamento do poder judiciário, o que contribuiu para um aumento significativo do medo generalizado da chamada
“indústria do dano”.

A preocupação quanto a “industrialização”, verdadeiramente válida no campo científico, não condiz com a realidade
brasileira, posto que na maior parte dos casos julgados pelo judiciário brasileiro, o resultado das ações de danos
morais é antes frustrante que efetivamente enriquecedor.

É verdade que tais dados não excluem a valida preocupação com uma futura transformação do judiciário em uma
loteria indenizatória, como ocorreu em alguns países de common law, ao mesmo tempo não se pode querer apontar
armas a um fantasma que não ocorre no Brasil.

A chamada indústria do dano, não condiz com realidade das indenizações brasileiras, que contrariamente ao falado,
tendem a serem no mínimo irrisórias perante os mais comuns causadores de danos, principalmente na ceara
consumerista. Não sendo admissível que se condene a própria expansão do dano ressarcível sob o pretexto de estar
evitando a indústria do dano ou o enriquecimento sem causa.

O medo do incentivo a criação das chamadas “indústrias do Dano Moral” por muito tempo mitigou esse caráter
punitivo, mas tal mitigação não tem nos trazido bons frutos, visto que é notório o alto índice de reincidência nos ilícitos
geradores de danos morais:

0392037-53.2009.8.19.0001 - APELACAO 1ª Ementa DES.


TERESA CASTRO NEVES - Julgamento: 27/04/2011 - SEXTA
CAMARA CIVEL RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSUMIDOR.
COBRANÇA INDEVIDA. TELEMAR. FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO. BLOQUEIO DO SERVIÇO DE TELEFONIA. DANO
MORAL CONFIGURADO. MAJORAÇÃO. 1- Cobrança indevida de
ligações. 2- Ligações não reconhecidas. 3 Operadora que não ilidiu
a presunção veracidade que milita em favor do consumidor de que
o serviço não foi efetivamente prestado. 4- Responsabilidade
objetiva da Ré. 5- A cobrança indevida em si não gera Dano Moral,
para tanto deve haver outras conseqüência. Estas de fato se
deram, pela interrupção do serviço. 5- Autora teve sua linha
bloqueada por cinco meses. 6- Indenização fixada em R$1.000,00
(mil reais). 7- Majoração do quantum indenizatório, para R$5.000,0
(cinco mil reais) por ser mais compatível e atender ao aspecto
punitivo/educativo, observados os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, atendendo ao patamar desta Câmara. 8-
Recurso a que se dá parcial provimento.

0001978-13.2010.8.19.0210 - APELACAO 1ª Ementa  DES.


SERGIO JERONIMO A. SILVEIRA - Julgamento: 25/04/2011 -
QUARTA CAMARA CIVEL APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. TELEMAR. SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET

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NÃO SOLICITADO PELA PARTE AUTORA. COBRANÇA


INDEVIDA. SENTENÇA RECONHECEU A FALHA NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E JULGOU PROCEDENTE O
PEDIDO DETERMINANDO A DEVOLUÇÃO EM DOBRO DA
QUANTIA INDEVIDAMENTE PAGA E CONDENOU A PARTE RÉ
A PAGAR A QUANTIA DE R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS) À
TÍTULO DE DANO MORAL. APELAÇÃO DA PARTE RÉ
PUGNANDO PELA IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL.
EMPRESA NÃO COMPROVOU A INEXISTÊNCIA DE FALHA NO
SERVIÇO E REGULARIDADE DAS COBRANÇAS. DEVOLUÇÃO
DOS VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS, NA FORMA DO ART.
42, DO CDC. QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO EM
PATAMAR CONDIZENDO COM OS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA QUE
SE MANTÉM. RECURSO CONHECIDO QUE SE NEGA
SEGUIMENTO, NA FORMA DO ART. 557, CAPUT, DO CPC.

0006312-16.2007.8.19.0204 - APELACAO  1ª Ementa DES.


RONALDO ROCHA PASSOS - Julgamento: 08/08/2011 -
TERCEIRA CAMARA CIVEL – EMENTA APELAÇÃO CÍVEL.
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SERVIÇO DE
TELEFONIA FIXA. AUTORA QUE AFIRMA HAVER ADQUIRIDO
SUA LINHA TELEFÔNICA DIANTE DE UMA OFERTA DA RÉ,
TELEMAR, POR PREPOSTO EM VIA PÚBLICA, COM
EXIGÊNCIA DE APENAS IDENTIDADE E CPF, SENDO QUE,
COM APENAS QUATRO MESES DE USO, A LINHA FOI
BLOQUEADA, SEM AVISO PRÉVIO E QUALQUER
INADIMPLEMENTO, SOB O ARGUMENTO DE FALTA DA
DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA, CONCLUINDO-SE PELA
CONFIGURAÇÃO DE PROPAGANDA ENGANOSA, O QUE LHE
CAUSOU ENORME PREJUÍZO, JÁ QUE UTILIZA A LINHA PARA
CONTATOS DE TRABALHO. RELAÇÃO DE CONSUMO.
APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RÉ.DESNECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DE CULPA. ATO ILÍCITO, DANO E NEXO DE
CAUSALIDADE COMPROVADOS.DESCUMPRIMENTO PELA RÉ
QUANTO À NECESSIDADE DA NOTIFICAÇÃO PRÉVIA SOBRE
O BLOQUEIO DA LINHA E A OBRIGATORIEDADE DOS
DOCUMENTOS, BEM COMO DEMORA NA REATIVAÇÃO DA
MESMA. EVASIVAS PARA JUSTIFICAR O DESCUMPRIMENTO.
TOTAL DESCONSIDERAÇÃO COM A CONSUMIDORA.

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CONFIGURAÇÃO DO DANO MORALSENTENÇA QUE JULGOU


PARCIALMENTE PROCE-DENTE O PEDIDO.DANO MORAL.
QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO EM VALOR QUE SE
COADUNA COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE, EM RESPEITO AO CARÁTER
PREVENTIVO-PEDAGÓGICO DA SANÇÃO E TENDO EM VISTA
O POTENCIAL ECONÔMICO DA EMPRESA RÉ.SENTENÇA QUE
DEVE SER REFORMADA APENAS NO TOCANTE AO TERMO
INICIAL DA INCIDÊNCIA DOS JUROS MORATÓRIOS. RELAÇÃO
CONTRATUAL. APLICAÇÃO DO ART. 405 DO CÓDIGO CIVIL.
JUROS QUE SE CONTAM DESDE A CITAÇÃO INICIAL.MATÉRIA
DISCUTIDA NOS AUTOS QUE SE ENCONTRA PACIFICADA NA
JURISPRUDÊNCIA DESTE E. TRIBUNAL.RECURSO A QUE SE
DÁ PARCIAL PROVIMENTO, NOS TERMOS DO ART. 557, § 1º-
A, DO CPC, REFORMAN-DO-SE PARCIALMENTE A SENTENÇA
PARA DETERMINAR O TERMO A QUO DA INCIDÊNCIA DOS
JUROS MORATÓRIOS A PARTIR DA CITAÇÃO VÁLIDA.

 O remédio contra ações infundadas e abusivas que busquem especular com o instituto do Dano Moral deve ser
construído através de uma aplicação mais rigorosa das normas que tratam da litigância de má-fé, com a imposição
das respectivas sanções até mesmo de ofício, como permite os artigos 16 e 18 do CPC, e o desenvolvimento de uma
jurisprudência firme, que rejeite as pretensões desarrazoadas, bem como uma melhor análise do caso concreto, para
que com o sistemático não acolhimento de postulações dessa índole desestimule os aventureiros acarretando em
uma vertente diminuição de tais demandas[17].

O art. 944 do Código Civil[18] brasileiro estabelece a necessidade de quantificar a indenização pela extensão do dano
sofrido.

Tal dispositivo legal consagra o princípio da restitutio in integrum, pelo qual o dano deve ser integralmente reparado,
com a reposição da vítima ao estado em que se encontrava antes da lesão ou, em não sendo possível a restauração
da situação anterior, através de um equivalente monetário[19].

A aproximação do judiciário com a população através das “ondas de acesso a justiça”, bem como a flexibilização dos
conceitos de dano e a sensibilização dos tribunais as tutelas de aspectos existenciais da personalidade merecedores
de proteção, impulsionaram o Dano Moral, e junto com este verificou-se uma crescente demanda referente a “novos
danos” nos tribunais.

Na tentativa de regular a forma de valoração do chamado Dano Moral, os tribunais brasileiros, que começaram a
defender a aplicação do duplo caráter do Dano Moral, e passaram a adotar quatro critérios para sua aplicação, quais
sejam: a gravidade do dano; a capacidade econômico-social da vítima; o grau de culpa do ofensor, que pode ser
exprimido pela obtenção de lucro com ato ilícito, na qual Cavalieri Filho define como sendo aquela “decorrente da
imprudência ou negligencia grosseira”, em que o agente atua como “grosseira falta de cautela[20]”, ou seja deve ser
analisado quais foram as circunstâncias fáticas em que se deu o dano, e por fim, a capacidade econômico-social do
ofensor. Além desses, tudo deve ser sopesado à luz dos critérios constitucionais da razoabilidade e da
proporcionalidade.

 A nosso ver tais critérios norteadores não coadunam com o expresso no artigo 944 do CC, o qual declara que toda a
indenização dever-se-ia medir pela extensão do dano sofrido, porém tais critérios não levam em consideração a
extensão da lesão, mas sim as características subjetivas das partes. É verdade que não se pode avaliar precisamente

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qual seria a proporção ideal e qual seria a extensão da lesão, mas o que ocorre na prática é o arbitramento de tais
valores pelo judiciário, sempre seguindo os critérios no qual o valor arbitrado deve ser condizente com a situação do
lesado, esquecendo-se, muitas vezes, de analisar as condições do lesante, o que resulta em condenações tímidas,
visto a subjetividade de tais critérios de arbitramento.

Desta forma, pode-se dizer que a prática brasileira ao prever um duplo caráter punitivo- ressarcitório dentro de um
único instituto distancia-se do modelo norte-americano, que distingue e separa claramente o compensatory damage
do punitive damages[21].

Ocorre que a aplicação da indenização a título de danos morais, o caráter compensatório sobressai ao punitivo, pois
esta visa muito mais a reparação do mal cometido pelo ofensor ao ofendido do que a aplicação de um caráter
propriamente pedagógico, posto que a aplicação e o arbitramento do montante a título punitivo são irrisórios frente ao
poder aquisitivo do ofensor o que acarreta na ineficácia do aspecto punitivo do Dano Moral.

A doutrina e a jurisprudência têm falhado na elaboração dogmática dos novos critérios de responsabilidade civil, não
conseguindo acalmar os anseios da sociedade. Isso acarretou a necessidade de uma maior “criatividade judicial” por
parte dos tribunais na tentativa de acompanhar a necessária evolução da responsabilidade civil, visto que hoje, “a
dignidade da pessoa humana, a solidariedade social e a justiça distributiva influenciam decisivamente toda a
sistemática do dever de ressarcir, enquanto a responsabilidade civil tradicional se baseava exclusivamente na tutela
do direito de propriedade e dos demais direitos subjetivos patrimoniais[22]”.

O art. 5º, V e X, da CRFB[23] adota reparação integral do dano, seja ele patrimonial ou moral. Este último gerou uma
celeuma na doutrina pátria, posto ser impossível quantificar o dano no aspecto moral.

Desta forma o melhor critério a ser adotado seria a aplicação de uma indenização punitiva conjunta com a
indenização de ressarcimento da vítima, no qual Andrade destaca que tal medida indenizatória desempenharia um
papel de grande relevância social, ao impedir o lucro ilícito do ofensor, o que por sua vez não ocorreria com o
tabelamento das indenizações:

“A indenização compensatória, conquanto tenha aptidão para


consolar ou compensar a vítima não se preocupa em eliminar a
possível vantagem obtida pelo ofensor com a pratica do ato ilícito,
o que transforma alguns atos lesivos em um “bom negócio” do
ponto de vista econômico.[24]”

A indenização punitiva, neste aspecto, agiria como um instituto de restituição do enriquecimento sem causa, podendo
ser fundamentado no artigo 884 do Código Civil brasileiro:

“Art.884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de


outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.

Esse artigo prevê a possibilidade de pleitear tal restituição através da ação de locupletamento, que tem como
pressupostos o enriquecimento de um sujeito, o empobrecimento de outro, o nexo de causalidade entre esses fatos e
a ausência de causa para o enriquecimento[25], ocorre que na maioria das vezes quando ocorre um ilícito este atinge
não só a esfera da vítima, que será ressarcida, mas toda a sociedade, que fica sem ressarcimento, e muitas vezes na
iminência de que esse ilícito venha a se repetir com novas vítimas. Tal situação é facilmente visualizada nas relações
consumeristas, na qual muitas vezes uma empresa é reiteradamente demandada e prefere pagar o “preço”, das
indenizações dos poucos que a pleiteiam, para continuar com seus lucros escusos.

Como bem destacou ANDRADE baseado nos ensinamentos de Pontes de Miranda, “a lesão a qualquer bem da vida
empobrece a sociedade em seu conjunto, sem que isso seja necessariamente evitado pela translação dos custos

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entre os integrantes da sociedade[26]”, o que a nosso ver só acarreta em um incentivo ao causador do dano, que
continua a cometer o ilícito uma vez que os tribunais apavorados com o “fantasma do enriquecimento sem causa” só
o vêem aplicado à vitima sem contudo notarem que ao limitarem o caráter punitivo-pedagógico do Dano Moral, o
descaracterizam, causando o “enriquecimento sem causa” do lesador, que ao ser beneficiado continua a cometer o
mesmo ilícito gerando um empobrecimento de toda a sociedade, além de trazer a insegurança e a desmoralização ao
sistema judiciário brasileiro.

3. O DANO SOCIAL COMO FORMA DE EFETIVAÇÃO DAS TUTELAS.

O dano sempre foi considerado como o grande vilão da responsabilidade civil.  Tradicionalmente conceituava-se o
dano como sendo a efetiva diminuição do patrimônio da vítima, qualquer que seja a sua natureza patrimonial ou
extrapatrimonial, surgindo daí a conhecida divisão clássica do dano em material e moral.

Os artigos 186 do CC e os artigos 21, 52 CC e Súmula 227 STJ por meio de uma interpretação sistemática:

“Artigo 186 . Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Ao analisar de forma sistemática notaremos que o procedimento adotado no artigo 953 dever-se-á aplicar em todos
os casos relativos a danos, inclusive ao dano moral, que com o advento do artigo 953, parágrafo único combinado
com o artigo 944, parágrafo único do Código Civil de 2002, foi criada a possibilidade da utilização do arbitramento
deste valor pelo juiz:

“Artigo 953. Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar


prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da
indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.”

“Artigo 944. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção


entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização.”

CAVALIERI[27], dentre outros doutrinadores, acredita que o Dano Moral não pode ser, em hipótese alguma, fonte de
lucro:

 “(...)na fixação do quantum debeatur da indenização, mormente


tratando-se de lucro cessante e Dano Moral, deve o juiz ter em
mente o princípio de que o dano não pode ser fonte de lucro. A
indenização, não há dúvida, deve ser suficiente para reparar o
dano, o mais completamente possível, e nada mais. Qualquer
quantia a maior importará enriquecimento sem causa, ensejador de
novo dano. (...) o juiz, ao valorar o Dano Moral, deve arbitrar uma
quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja
compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade
e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade
econômica do causador do dano, as condições sociais do

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ofendido, e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes.”

Tal entendimento foi distorcido por alguns autores que passaram a defender a aplicação de um dano meramente
simbólico, quando não fosse possível provar a existência do dano extra-patrimonial. Conforme demonstra antiga
jurisprudência:

“(...) O recorrente viu sua compra não se concretizar em razão de a


assinatura constante de seu cartão de crédito não coincidir com a
que ostenta em sua carteira de identidade, além de não lhe ser
oportunizada outra forma para o pagamento. Daí a ação de
indenização por Dano Moral que impetrou, pedido acolhido pelo
juízo singular (indenização de R$ 182.500,00), porém refutado pelo
acórdão da respectiva apelação, dado o entendimento de que
inexistia dano a ser ressarcido, pois se tratava de mero dissabor.
Posteriores embargos de declaração foram recebidos no efeito
infringente, pois a apelação nada disse sobre a inexistência do
dano, limitando-se a, entre outros, pedir a redução do quantum da
indenização. Insurge-se, então, a recorrente contra a fixação pelo
Tribunal a quo da indenização no valor de R$ 1,00, ao fundamento
de cuidar-se de valor irrisório. Nesse contexto, a Turma não
conheceu do especial: não há violação dos arts. 186 e 927 do
CC/2002, visto que, firmado pelo acórdão recorrido não existir o
dano. Nem sequer haveria de se impor indenização, que, no caso,
perfaz-se, unicamente, em respeito aos limites impostos pela
apelação, quanto mais se os julgados colacionados pelo recorrente
(a título de ilustração, porque o REsp só veio pela letra a do
permissivo constitucional) não se amoldam à hipótese: não há que
se confundir valor irrisório de indenização, enquanto há dano, com
valor simbólico fixado pela impossibilidade de declarar inexistente
o dano por força do confinamento da prestação jurisdicional aos
limites da apelação. Precedentes citados: REsp 509.003-MA, DJ
28/6/2004, e AgRg no Ag 537.867-RJ, DJ 3/5/2004.
REsp 703.583-MA, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado
em 24/3/2009.”

Essa atitude acarretou a banalização da essência da responsabilidade civil, descredenciando o próprio Poder
Judiciário.

O pensamento de Cavalieri deve ser visto por outro ângulo. Deve-se observar a reparação do Dano sob todos os
aspectos de suas funções, principalmente a função punitivo-pedagógica.

A restauração do status quo anterior seria o ideal para a Responsabilidade Civil moderna, ocorre que com a
volatilidade das relações e dos bens humanos, é quase certo que na maioria das vezes a restauração torna-se
impossível, de forma que as compensações patrimoniais são, na prática, as mais usadas como meio de reparação

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por ato ilícito, pois estas satisfazem, na maior parte dos casos, de forma mais plena os anseios da vítima.

Ocorre, porém que no Estado Brasileiro, dentre outros Estados de Civil Law, verificamos que, jurisprudencialmente, o
valor das indenizações monetárias por danos, especialmente o Dano Moral, é, em geral, baixo. Tal fato acaba por ferir
a vítima mais uma vez, que se sente ultrajada, como se sua dignidade não merecesse a devida proteção estatal, visto
que muitas vezes tal afronta é corroborada pela postura de alguns ofensores habituais e seus representantes, que
preferem pagar uma indenização do que mudar seus hábitos danosos á sociedade. Daí podemos tirar a conveniência
de ampliar tal pagamento, ou fazê-lo acompanhar-se de medidas de retratação que efetivamente venham a
compensar o dano sofrido, seja ele patrimonial ou extra-patrimonial.

Entendemos que o Dano Moral serve para compensar o dano causado, desta forma este só teria um aspecto
compensatório, distinto do aspecto ressarcitório previsto no chamado Dano Material. Já quanto à parte punitiva
pedagógica associada ao primeiro tipo de dano, essa deveria ser posta como um terceiro dano autônomo dos demais,
posto que ela visa não somente uma advertência da não aceitação, tolerância, bem como desestimularia a
reincidência do ilícito.

Assim ter-se-ia a teoria indenizatória do dano quadripartite em: 1- indenização por Dano Moral, aquela que visa
compensar os danos causados ao patrimônio imaterial do lesado; 2- a indenização por Dano Estético, quando o
dano causado à integridade física gerar um abalo permanente, como vem defendendo a atual jurisprudência
brasileira; 3- indenização por Dano Material, sendo aquela passível de ressarcir o patrimônio material do lesado ao
status quo anterior ao ilícito praticado e, por fim, 4- a indenização por Dano Social, como chamaremos àquela que
visa compensar a sociedade pelo dano causado a esta na ocorrência de um ilícito repetidamente cometido, tendo
como escopo básico o desestímulo à reincidência deste perante a sociedade que o desaprova.

4. FORMAS DE TUTELA DO DANO SOCIAL

Os punitive damages, nos seus países de origem, em um primeiro momento, foram vistos como heróis, pois
conseguiram incentivar diversas reformas estruturais nos agentes econômicos privados, bem como dissuadir
comportamentos de desrespeito ao consumidor. 

Atualmente, prevalece na doutrina e na jurisprudência brasileiras o entendimento de que a indenização pelo Dano
Moral possui uma dupla função: do lado da vítima, atua como compensação pelo dano sofrido; já enfocado o ofensor,
funciona como uma pena pelo dano causado ao lesado.  Porém tal função tem falhado, devido ao pânico do judiciário
no incentivo da fantasmagórica indústria do dano moral.

Não se pode justificar um ilícito por outro, como não se pode justificar uma inércia judiciária baseada no fantasma
doutrinário da chamada indústria do dano. O caráter dissuasivo-punitivo do Dano Moral perde completamente sua
função frente a um judiciário temeroso, e inexpressivo que insiste em manter as condenações em valores
relativamente baixos para o causador do ato lesivo, escondendo-se atrás da desculpa de que qualquer condenação
mais expressiva viria a incentivar a chamada indústria do Dano Moral. Tal atitude só serve por incentivar a
manutenção do comportamento danoso, visto que este passa a ser muito mais lucrativo do que se prontificar a evitar
futuros ilícitos.

A aplicação de forma verdadeiramente coercitiva para o lesador teria por objetivo trazer maior efetividade e eficácia
para as sentenças judiciais.

O art. 944 do Código Civil brasileiro estabelece a necessidade de quantificar a indenização pela extensão do dano
sofrido. Tal dispositivo legal consagra o princípio da restitutio in integrum, pelo qual o dano deve ser integralmente
reparado, com a reposição da vítima ao estado em que se encontrava antes da lesão ou, em não sendo possível a
restauração da situação anterior, através de um equivalente monetário.  Esse artigo respeita ainda os preceitos
constitucionais do artigo 5º CR que dispõe pela reparação integral do dano, porém com tantas limitações atribuídas a
função punitiva-pedagógica do dano moral, tem-se o desrespeito reiterado a essência deste artigo.

Para solucionar a celeuma aqui apresentada, entendemos que o melhor critério a ser adotado seria a aplicação de
uma indenização com suas funções separadas.

Assim, o aqui chamado Dano Social seria o dano auferido por toda a sociedade, pelo cometimento reiterado de um

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ato ilícito que acarreta no movimento abusivo da máquina jurídica, passível de ser indenizado, uma vez que a
reiteração do ilícito gera a transcendência do dano da esfera pessoal do ofendido, vindo a atingir a esfera social, que
conforme os preceitos legais estampados nos artigos 186, 187 e 944 do CC c/c 5º, X da CRFB também merece ser
indenizado.

Doutrinariamente divide-se a legitimidade em ordinária e extraordinária. A primeira ocorre quando há coincidência


entre a legitimação de direito material e a legitimidade para estar em juízo. Essa é a regra geral prevista no artigo 6º
do CPC, e caracteriza tradicionalmente as ações de interesses individuais, onde o próprio lesado defende os seus
interesses que foram afetados.

Desta forma, entendemos que a legitimidade das partes para pleitear a indenização social juntamente com os demais
tipos de indenizações seria: ordinária, no que se refere a legitimidade para pleitear indenização de danos morais e
materiais decorrentes do ato ilícito praticado para si mesmo; e extraordinária quando pleiteasse a reparação do Dano
Social, visto que estaria pleiteando em seu nome um direito que é inerente a toda a sociedade; e por fim poderia
afirmar haver uma certa presentatividade na legitimação extraordinária, por esse indivíduo está inserido na própria
sociedade, sendo inclusive parte desta, visto uma aplicação da chamada “teoria do órgão” analogicamente.

A teoria do Dano Social trata de um ressarcimento a própria sociedade in personae, e por isso este poderia vir a ser
pleiteado por quaisquer dos lesados em concreto, em ação individual que vise ressarcir os danos que também
atingiram a esfera do pleiteante. Deste modo ter-se-ia um caráter difuso da proteção social, onde um lesado poderia
pleitear não só o ressarcimento para si mesmo como também para a coletividade mor a qual este faz parte, ou seja,
para a própria sociedade sem prejuízo de eventual tutela coletiva com escopo idêntico ou maior; o que, nesse caso,
ocorreria a chamada continência das ações, bem como a aplicação do artigo 94 do CDC, quando necessário, levando
a extinção da ação individual, distinguindo-se neste ponto das tutelas coletivas.

No direito comparado temos o caso canadense Whiten v. Pilot Insurance Co., no qual a Suprema Corte do Canadá
indica alguns princípios que poderiam servir de orientação para o valor a ser arbitrado a título de Dano Social no
Brasil.

O primeiro ponto destacado pela corte canadense é a necessidade de se ter em mente a natureza excepcional da
aplicação dos punitive damages originários, aqui comparados ao Dano Social. Assim, o dano social apenas deve ser
imposto nos casos de arrogância, malícia, arbitrariedade ou conduta altamente reprovável do agente, evitando a
banalização do instituto como ocorreu com o seu precursor o dano moral.

O segundo ponto refere-se a necessidade do quantum indenizatório arbitrado ser proporcional ao grau de
reprovabilidade do ato lesivo, devendo ser considerado o grau de vulnerabilidade da vítima, e a vantagem ou proveito
obtido pelo agente no atuar ilícito, bem como o poder econômico do ofensor e o efeito multiplicador das demandas.

Por fim, para evitar-se a temerária “indústria do dano”, na aplicação do chamado Dano Social, o montante fixado a
este título deverá ser revertido para a própria sociedade, não integrando o patrimônio do lesado individualmente, mas
sim ao patrimônio social, sendo destinado a um fundo estatual específico de finalidade vinculada a ser definida em lei
estadual.

Na esteira da hipótese acima levantada, será mister uma reforma do pensamento jurídico Brasileiro para que
possamos atingir uma maior celeridade e efetividade da prestação jurisdicional. Essa reforma no pensamento jurídico
já está ocorrendo aos poucos, podendo esta ser comprovada pelos recentes julgados que alteraram, inclusive, a
nossa interpretação constitucional, nos levando a acreditar, cada vez mais, que mesmo nossa Constituição só vale
por aquilo que os juízes dizem que ela vale, pois esta nada mais é senão a leitura que o Poder Judiciário faz de sua
letra e de seu conteúdo.

Acreditamos que a teoria do Dano Social aqui apresentada, agasalha-se na interpretação sistemática do ordenamento
jurídico brasileiro, atendendo a efetivamente a aclamada função punitiva das indenizações além de dissuadir os ilícito
reiterados, sem, contudo, gerar o temido enriquecimento sem causa. Por fim, a aplicação da presente teoria traria as
sentenças maior eficácia, auxiliando o judiciário a retirar-se do ciclo vicioso de condenações em ações rotineiras e
ineficazes por serem inexpressivas perante o poder econômico destes infratores recorrentes.

Aplicando tais preceitos estar-se ia compatibilizando a ideia do Dano Social com os princípios processuais

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constitucionais e os dispositivos legais vigentes no direito brasileiro.

CONCLUSÃO.

Procurou-se demonstrar com o presente artigo que, a função pedagógica da indenização não deve ser relegada a um
segundo plano, sendo instrumento necessário para atender os preceitos constitucionais da proporcionalidade do
quantum indenizatório frente ao dano causado, sendo possível a atuação do juiz ser balizada pelos princípios
constitucionais e legais sem gerar enriquecimento desproporcional a qualquer das partes.

Ademais, sabe-se que a teoria do dano social, aqui defendida, não é a solução única dos problemas da efetividade do
processo, mas apenas um meio disponível para se buscar a máxima efetividade da atividade jurisdicional, que é um
direito fundamental.

Assim, não deve ser permitida sua utilização pelo juiz em qualquer caso, sem a devida análise dos seus efeitos. Não
compete ao juiz, em sua atuação funcional, tentar corrigir todos os desacertos do mundo, mas deve, quando possível
emitir soluções aos problemas sócias e não meras sentenças sem qualquer força efetiva.

Logo, não pode o juiz utilizar a condenação por Dano Social para qualquer caso, posto que arbitrário. Tampouco,
deve o juiz deixar de aplica-la por excesso de formalismo, apego à literalidade da lei, ou mesmo timidez na hora de
decidir.

Por ser um instrumento de grande valia para garantir o acesso à justiça e o direito fundamental à efetividade da
decisão judicial, os institutos aqui mencionados devem ser bem empregados, na construção de uma justiça melhor.

REFERÊNCIAS

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VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. vol. IV. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

Notas de Texto:

[1] Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
eqüitativamente, a indenização.

[2] Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...)V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;

[3] Sobre o tema, Barbosa Moreira leciona que “será efetivo o processo que constitua instrumento eficiente de
realização do direito material”.

[4] MARINONI apud DUARTE, F. C. (Coord.). In: Tutela de urgência e risco: em defesa dos direitos fundamentais.
Curitiba: Juruá, 2005, p.74-75.

[5] Art. 5°, inciso XXXV, da CRFB - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

[6] MARINONI apud DUARTE. Ibid.

[7] LOPEZ, Tereza Ancona. “O Dano Estético”. Editora Revista dos Tribunais. 3ª edição – 2004; página 46.

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[8] LALOU, Henri Apud SCHREIBER, Anderson. Novos Paradigmas da Responsabilidade Civil. São Paulo: Atlas,
2009, p. 100.

[9] SANTOS, Antonio Jeová. Dano moral indenizável, p.62.

[10] MELO, Nehemias Domingos de. Dano Moral Problemática do Cabimento à fixação do Quantum. São Paulo:
Atlas, 2011, p.55.

[11] MELO, Nehemias Domingos de. Dano Moral Problemática do Cabimento à fixação do Quantum. São Paulo:
Atlas, 2011, p.109 a 110

[12] SCHREIBER, Anderson. Novos Paradigmas da Responsabilidade Civil. São Paulo: Atlas, 2009, p. 203 a 204.

[13] MELO, Nehemias Domingos de. Dano Moral Problemática do Cabimento à fixação do Quantum. São Paulo:
Atlas, 2011, p.12.

[14] Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente
auferido, feita a atualização dos valores monetários. 

[15] FIÚZA, Ricardo. O novo Código Civil e as propostas de aperfeiçoamento, p.118.

[16] ANDRADE, André Gustavo de. Dano Moral e Indenização Punitiva- Os Punitive Damages na Experiência do
Common Law e na Perspectiva do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p.151.

[17] No mesmo sentido vide: ANDRADE, André Gustavo de. Dano Moral e Indenização Punitiva- Os Punitive
Damages na Experiência do Common Law e na Perspectiva do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009,
p.277.

[18] Art.944 do CC. “A indenização mede-se pela extensão do dano.”

[19] ANDRADE, André Gustavo de. Dano Moral e Indenização Punitiva- Os Punitive Damages na Experiência do
Common Law e na Perspectiva do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p.140-141.

[20] CAVALIERI FILHO, Sergio. Op. Cit., p.57.

[21] ANDRADE, André Gustavo de. Dano Moral e Indenização Punitiva- Os Punitive Damages na Experiência do
Common Law e na Perspectiva do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p.204-205.

[22] TEPEDINO, Gustavo. A evolução da responsabilidade civil no direito brasileiro e suas controvérsias na atividade
estatal, in Temas de direito civil. Cit p, 194.

[23] Art. 5º CRFB- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...) V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;(...) X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

[24] ANDRADE, André Gustavo de. Dano Moral e Indenização Punitiva- Os Punitive Damages na Experiência do
Common Law e na Perspectiva do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p.246-248.

[25] ANDRADE, André Gustavo de. Dano Moral e Indenização Punitiva- Os Punitive Damages na Experiência do
Common Law e na Perspectiva do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p.246-248.

[26] ANDRADE, André Gustavo de. Dano Moral e Indenização Punitiva- Os Punitive Damages na Experiência do
Common Law e na Perspectiva do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p.245.

[27] CAVALIERI FILHO, Sérgio. In Programa de Responsabilidade Civil, 2ª edição, 3ª tiragem, Ed. Malheiros.

Autor

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Cristiana Campos Mamede Maia


Advogada, Sócia do Garcia Abreu Advogados Associados e Pesquisadora da FGV-Rio; Pós-
Graduada em: Direito Público pela Escola de Magistratura do Rio de Janeiro - EMERJ (2016); em
Direito do Estado e Regulação pela Fundação Getúlio Vargas-FGV/Rio (2013); Direito Processual
Civil pela Universidade Candido Mendes- IAVM (2010); Especialista em Direito Imobiliário pela Universidade Candido
Mendes-UCAM (2008); Bacharel em Direito pela Universidade Candido Mendes-UCAM (2011).

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