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DIREITO

ADMINISTRATIVO
AGENTES PÚBLICOS
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Sumário

1. Conceito4

2. Classificação4

a) Agentes políticos4

b) Servidor estatal4

b.1) Servidor público4

b.2) Servidor de ente governamental de direito privado5

b.3) Particulares em colaboração:5

3. Acessibilidade/Admissão6

- Requisitos do Concurso7

- Reserva de vagas para pessoas com deficiência10

- Psicotécnico10

- Prazo de Validade11

- Nomeação12

- Estabilidade14

- Sistema Remuneratório16

Teto Remuneratório18

Subtetos19

- Competência para julgamento das ações20

- Acumulação (art. 37, XVI e XVII e art. 38, ambos da CF)20

4. Seguridade Social22

1. Aposentadoria dos servidores públicos24

2. Regime Próprio de Previdência Social – RPPS26

2.1 Proventos26

2.2 Emendas Constitucionais – Histórico26

3. Aposentadoria Voluntária34

4. Aposentadoria Especial34

5. Regime Complementar43

5. ESTUDO DA LEI Nº 8.112/9044

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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1. Agente público44

2. Regime jurídico único50

3. Cargo público55

4. Emprego público57

5. Função57

6. Cargo de confiança (cargo em comissão)58

7. Cargo Público – Classificação:59

8. Formas de Provimento60

9. Direitos66

1. Remuneração e vencimento66

2. Vantagens75

2.1. Indenizações76

2.2. Gratificações e adicionais78

3. Férias79

4. Licenças80

5. Afastamentos81

6. JURISPRUDÊNCIA SOBRE SERVIDOR PÚBLICO:94

7. APOSENTADORIA DO SERVIDOR PÚBLICO


.................................................................................................77

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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ATUALIZADO EM 21/05/2017

AGENTES PÚBLICOSi

1. Conceito

Todo aquele que exerce função pública, com ou sem remuneração, seja de forma
temporária ou permanente.

2. Classificação

a) Agentes políticos
Aqueles que manifestam a vontade do Estado. Estão no comando de cada um dos
poderes. Comando do poder executivo, legislativo e judiciário. Ex. Prefeito e vice, Governador e
Vice, auxiliares imediatos do poder executivo (Ministros de Estado, Secretário estaduais e
municipais). Poder Judiciário – magistrados, membros do MP. STF diz que são agentes políticos
não pelas escolhas, mas pela manifestação da vontade estatal. Há divergência doutrinária.
Ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas. Agente político é titular de cargo público, por
isso estão no regime jurídico administrativo (chamado de regime legal e também de regime
estatutário) – não significa dizer que vão seguir a lei 8112, mas que há previsão em lei (ex.
LOMAN, Executivo - CF).

b) Servidor estatal
É todo aquele que atua no Estado, seja na administração direta ou indireta. Se ele presta
serviço em pessoa jurídica de direito público é servidor público. Se atua em pessoa jurídica de
direito privado (EP/SEM) é chamado de servidor de ente governamental de direito privado.

b.1) Servidor público


O texto original falava em regime jurídico único. A EC 19/98 instalou o regime múltiplo
(dependia da lei de criação – se criasse cargo seria estatutário, se fosse emprego - CLT). O STF
decidiu em sede cautelar (ADI 2135) que essa regra (Art. 39) é formalmente inconstitucional.

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Voltamos ao regime jurídico único. Os efeitos são ex nunc. A partir do julgamento não pode mais.
O regime jurídico tem que ser único naquela ordem política. União – regime jurídico único.

b.2) Servidor de ente governamental de direito privado


Titular de emprego. Regime trabalhista/CLT/contratual. É empregado. Equiparação ao
serviço público – I. Teto remuneratório, salvo no caso em que não há repasse para custeio. II.
Prestam concurso público. III. Estão sujeitos ao regime de não acumulação. IV. Sujeitos à lei
8429/92 – improbidade administrativa. V. sujeitos a lei penal – art. 327 CP. VI. Remédios
constitucionais.

Dispensa – imotivada, diferentemente do servidor público. TST súmula 390 – não tem
estabilidade art. 41. OJ 247. ECT dispensa motivada. STF () – esses empregados não tem
realmente estabilidade do art. 41, mas se a EP/SEM for prestadora de serviço público, elas terão
regime híbrido – concurso público – dispensa motivada (processo administrativo). Se entro com
impessoalidade e isonomia, saio da mesma forma.

Dica:
# regime legal, regime jurídico administrativo, estatutário = cargo público =
PJDPúblico.
# regime contratual, regime trabalhista, celetista = emprego = PJDPúblico* e
PJDPrivado**.

*PJDPúblico = Servidor Público ou Empregado Público


**PJDPrivado = Servidor de Ente Governamental de Direito Privado ou
Empregado

b.3) Particulares em colaboração:


Equiparam-se aos servidores. Concurso público.

Categorias:

 Requisitados ex. mesário, jurado, serviço militar obrigatório


 Voluntário ex. agente honorífico ( HELY), sponte própria
 Prestam serviços em concessionárias e permissionárias

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 Delegação de função art. 236 CP
 Particulares que praticam atos oficiais ex. saúde, ensino

3. Acessibilidade/Admissão

É ampla. Brasileiros mais estrangeiros na forma da lei EC 19/98. Concurso público1 –


processo seletivo que privilegia a meritocracia, em homenagem ao princípio da impessoalidade e
da isonomia.

Obs.: diferencia-se do concurso modalidade de licitação que serve para escolha de


trabalho técnico, artístico, científico, em que a contraprestação é um prêmio.

* Exceções ao concurso:
→ mandatos eletivos;
→ cargos em comissão – livre nomeação e exoneração;
→ contrato temporário – excepcional interesse público (art. 37, IX, CF);
→ agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art.
198, CF);
→ hipóteses expressas na CF:
* Ministro do STF (Nomeação de Cunho Político);
* Cargos nos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE);
* Quinto Constitucional;
* Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas;

Obs.: a CF fala que os agentes comunitários de saúde e agentes de combate às


endemias se submetem a processo seletivo. A hipótese em comento foi regulamentada pela Lei
n. 11.350/2006, que dispõe que será um processo seletivo de provas, ou provas e títulos. Logo,
uma crítica é feita: se a CF não falou em processo seletivo simplificado e a lei regulamentadora
fala em processo seletivo de provas ou provas e títulos, não seria, então, caso de concurso

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A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa em sede de concurso público: “Os candidatos em
concurso público não têm direito à prova de 2ª (segunda) chamada, nos testes de aptidão física, em razão de
circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo contrária disposição editalícia”.
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público? Não é o que tem prevalecido. O que prevalece é que, de fato, não se trata de concurso,
mas processo seletivo.

*#DIZERODIREITO
O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição
da Lei nº 8.935/94, ela já tinha plena eficácia e o concurso público era obrigatório como
condição não apenas para ingresso na atividade notarial e de registro, como também nos casos
de remoção ou permuta. As normas estaduais que admitem a remoção na atividade notarial e
de registro independentemente de prévio concurso público, são incompatíveis com o art. 236, §
3º, da Constituição, razão pela qual não foram por essa recepcionadas. O prazo decadencial de
5 anos, de que trata o art. 54 da Lei nº 9.784/99, não se aplica à revisão de atos de delegação
de serventias extrajudiciais editados após a CF/88, sem o atendimento das exigências
prescritas no seu art. 236. Assim, se uma pessoa assumiu uma serventia notarial ou registral
sem concurso público após a CF/88, este ato poderá ser anulado mesmo que já se tenham
passado mais de 5 anos. A decisão que anula o ato de investidura em serventia notarial e
registral sem concurso público não viola o direito adquirido nem a segurança jurídica. STF. 1ª
Turma. MS 29415/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em
27/09/2016 (Info 841).

- Requisitos do Concurso:
Deve haver previsão na lei da carreira;
Compatibilidade com as atribuições do cargo;
Previsão no edital.

Informativo 538 STF Maio/2014

*Não é possível a aplicação retroativa da regra de limitação de títulos de pós-graduação trazida


pela Resolução CNJ nº 187/2014 para concursos abertos antes dela, sob pena de afronta à
segurança jurídica. A criação de critério “ad hoc” de contagem de títulos de pós-graduação,
depois da abertura da fase de títulos, implica violação à segurança jurídica. O STF também
entendeu que não foi legítima essa nova interpretação dada pela comissão do concurso de não
mais aceitar diplomas de especializações cursadas simultaneamente. Isso porque a redação
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originária da Resolução 81/2009/CNJ não previa qualquer limitação para a contagem de títulos
de especialização, muito menos dispunha sobre formas de evitar a sobreposição e acumulação
de certificados. Logo, esse novo critério imposto pela banca, depois de o concurso ter se
iniciado, ofendeu o princípio da impessoalidade, pois permitiu o favorecimento de alguns
candidatos em detrimento de outros. STF. 1ª Turma. MS 33.406/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio,
rel. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 6/9/2016 (Info 838).

*#OUSESABER: O STJ já decidiu que destoa dos princípios da proporcionalidade e


razoabilidade o ato que exclui do certame candidato que possui nome negativado em
cadastro de restrição creditícia, já que nem ações penais ou inquéritos policias em curso como
regra possuem o condão de eliminar o candidato, com maior razão a simples inscrição no
SPC/SERASA também não detém essa capacidade. Vejamos julgado:
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. INABILITAÇÃO NA FASE DE INVESTIGAÇÃO
SOCIAL. EXISTÊNCIA DE INQUÉRITOS POLICIAIS, AÇÕES PENAIS EM ANDAMENTO OU
INCLUSÃO DO NOME DO CANDIDATO EM SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. É desprovido de razoabilidade e
proporcionalidade o ato que, na etapa de investigação social, exclui candidato de
concurso público baseado no registro deste em cadastro de serviço de proteção ao
crédito. (RMS 30.734/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
20/09/2011, DJe 04/10/2011)

*#OUSESABER: É legal a impossibilidade de recurso contra alterações nos gabaritos


preliminares prevista em concursos públicos? Firmado com supedâneo na orientação
jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça tem-se que é
LÍCITA a regra editalícia que veda a interposição de novo recurso administrativo contra o
gabarito definitivo porque não viola o princípio do contraditório e, tampouco, do amplo
direito de defesa. Deve-se considerar que já foi elaborado um gabarito provisório, no qual os
candidatos poderem se insurgir contra as posições adotadas pela banca. Vejamos entendimento
do STF sobre o tema:
1. A modificação de gabarito preliminar, anulando questões ou alterando a alternativa correta,
em decorrência do julgamento de recursos apresentados por candidatos não importa em
nulidade do concurso público se houver previsão no edital dessa modificação.
2. A ausência de previsão no edital do certame de interposição de novos recursos por
candidatos prejudicados pela modificação do gabarito preliminar não contraria os
princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. (Negritei). (MS 27260,
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Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno,
julgado em 29/10/2009, DJe-055 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010 EMENT VOL-02395-
02 PP-00454 RTJ VOL-00216- PP-00332)

# EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.


DECISÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA QUE INVALIDOU CRITÉRIO
ESTABELECIDO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE PERNAMBUCO PARA AFERIÇÃO DE
TÍTULOS DE ESPECIALIZAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO VOLTADO À OUTORGA DE
DELEGAÇÕES DE NOTAS E REGISTROS. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA.
1. A criação de critério ad hoc de contagem de títulos de pós-graduação, após a abertura
da fase de títulos e da apresentação dos certificados pelos candidatos, constitui flagrante
violação ao princípio da segurança jurídica e da impessoalidade.
2. Impossibilidade de aplicação retroativa da Resolução nº 187/2014 do CNJ ao presente
concurso, em respeito à modulação dos efeitos efetuada pelo CNJ e aos precedentes desta
Corte sobre a matéria.
3. Denegação da segurança, com revogação da liminar anteriormente deferida e prejuízo dos
agravos regimentais. MS N.33.406-DF. REDATOR P/ O ACÓRDÃO: MIN. ROBERTO
BARROSO (Info 846)

Súmulas:

Limite de Idade = é possível limitação de idade para fins de concurso público, conforme
art. 7°, XXX, da CF, além de compatibilidade com a natureza das atribuições do cargo (Súmula
683, STF). Saliente-se que o art. 7°, XXX, da CF, prevê que a limitação da idade deve estar
prevista em lei.
Repercussão Geral – RE 600885: a discussão tinha como base o art. 142, §3°, X, da CF,
que exige que os requisitos devem estar previstos em lei, enquanto a Lei n. 6.880/80 prescreve
que os requisitos devem estar previstos em regulamento. O STF decidiu que a referida lei não foi
recepcionada pela nova norma constitucional. Contudo, o STF modulou os efeitos da decisão da
não recepção da lei, com manutenção dos concursos fundados em regulamento (art. 10, da Lei
n. 6.880) até o dia 31 de dezembro de 2011.

Súmula nº 683, STF: o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em
face do art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo
a ser preenchido.
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- Reserva de vagas para pessoas com deficiência:

*Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência
para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos. STJ. Corte Especial.
Aprovada em 04/11/2015.

*#OUSESABER: A CF/88, sobre o tema da previsão de reserva de vagas para pessoas com
deficiência, dispõe: Art. 37 (...) VIII — a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
No âmbito federal, foram estabelecidas regras no art 5º, parágrafo segundo, da Lei 8.112/90 e do
art. 37 do Decreto 3.298/99. Cumpre à cada Estado editar normas também para assegurar tal
reserva de vagas para as pessoas com deficiência. Quanto ao enquadramento portador de
surdez unilateral nas vagas para deficientes, a súmula do STJ foi editada com base no Decreto
3.298/99, editado para regulamentar a Lei 7.853/99, a qual dispõe sobre a Política Nacional para
a Integração das Pessoas com Deficiência. Em seu art. 4º, o Decreto assim define a deficiência
auditiva: Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes
categorias: II — deficiência auditiva — perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis
(dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
(Redação dada pelo Decreto nº 5.296/2004). Pelo fato, então, de o decreto estabelecer que deve
ocorrer a perda bilateral, e não apenas a unilateral, e em razão do princípio da legalidade,
não deve o portador de surdez unilateral concorrer nas vagas reservadas às pessoas com
deficiência, segundo o STJ.
*#OUSESABER: O STF entendeu que: “não há qualquer violação a direito líquido e certo por
parte da autoridade coatora em selecionar os candidatos melhores classificados em número
razoável, como ocorreu no presente caso, para prosseguimento nas demais fases do certame,
não se observando, no caso, qualquer afronta o percentual de 5% legalmente previsto, para
reserva de vagas destinadas aos portadores de deficiência. (Ag.Reg. em MS 30.195/DF).
Resumidamente, é plenamente possível haver a imposição de cláusula de barreira para
prosseguimento em fases subsequentes de concurso público, ainda que se trate de
candidatos portadores de necessidades especiais.

- Psicotécnico: previsão em lei + critérios objetivos + garantia de recurso

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Súmula nº 686, STF: só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato
a cargo público.

Súmula nº 684, STF: “é inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a


concurso público”.

Súmula nº 685, STF: é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo
que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

Súmula nº 266, STJ: o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido
na posse e não na inscrição para o concurso público.

É legal a cláusula de edital que prescreva que as atividades do cargo de perito


datiloscopista são de nível médio, desde que, à época da publicação do edital do concurso para
o referido cargo, haja previsão legislativa estadual nesse sentido. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS
32.892-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/12/2015 (Info 576).
Ainda que o requisito da idade mínima de 18 anos conste em lei e no edital de concurso
público, é possível que o candidato menor de idade aprovado no concurso tome posse no cargo
de auxiliar de biblioteca no caso em que ele, possuindo 17 anos e 10 meses na data da sua
posse, já havia sido emancipado voluntariamente por seus pais há 4 meses. STJ. 2ª Turma.
REsp 1.462.659-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1º/12/2015 (Info 576).

- Prazo de Validade
Prazo de validade é de até 02 anos, prorrogável por uma única vez, e por igual
período. A prorrogação deve ser dar durante o prazo de validade. A decisão de prorrogação é
discricionária (conveniência e oportunidade do interesse público).
Não há direito adquirido à prorrogação do prazo de validade. Assim, o STF decidiu
que a prorrogação pode ser revogada, desde que o prazo não tenha começado a fluir.

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- Nomeação
A regra é de que o candidato tem mera expectativa de direito à nomeação. Porém,
em algumas hipóteses, o candidato tem direito subjetivo à nomeação. Vejamos:

1. Preterição do Candidato (Súmula 15, STJ)


2. Administração celebra vínculos precários
3. Aprovação dentro do número de vagas (RG – RE 598099)
4. Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada
por parte da administração nos termos acima. STF. Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 (repercussão geral) (Info 811)

INFO. 753, STF - 2015


CONCURSO PÚBLICO: A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial
de caráter provisório não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a
exigência de prévia aprovação em concurso público (art. 37, II, da CF/88), valor constitucional
que prepondera sobre o interesse individual do candidato, que não pode invocar, na hipótese, o
princípio da proteção da confiança legítima, pois conhece a precariedade da medida judicial.
Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram o cargo
público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. STF. 1ª Turma. RMS
31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 17/11/2015
(Info 808). STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014
(repercussão geral) (Info 753).

O mero surgimento de vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo não gera
direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado fora do número de vagas, cabendo a ele
demonstrar, de forma inequívoca, que houve preterição arbitrária e imotivada por parte da
administração pública. No caso concreto, o STF entendeu que isso não ficou comprovado.
Assim, para o Tribunal, a situação não se enquadra nas hipóteses previstas no RE 837311/PI.
STF. 1ª Turma. RMS 31478/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 9/8/2016 (Info 834).

INFO. 567, STJ - 2015


Situação 1: o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital de
concurso público tem direito subjetivo à nomeação quando o candidato imediatamente anterior
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na ordem de classificação, aprovado dentro do número de vagas, for convocado e manifestar
desistência. Ex: eram 10 vagas e João passou em 11º lugar; ocorre que o 10º colocado foi
convocado e desistiu de assumir; João tem direito subjetivo de ser nomeado. Em suma, tem
direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital,
mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos
classificados em colocação superior. Situação 2: o candidato aprovado fora do número de vagas
previstas no edital de concurso público tem direito subjetivo à nomeação quando o candidato
imediatamente anterior na ordem de classificação, embora aprovado fora do número de vagas,
for convocado para vaga surgida posteriormente e manifestar desistência. Ex: João fez um
concurso público para o cargo de Procurador do Estado, cujo edital previa 10 vagas, tendo sido
aprovado e, na classificação final, ficou em 12º lugar. Os 10 candidatos aprovados nas primeiras
posições foram nomeados e empossados. Um ano depois, é aprovada uma lei criando uma nova
vaga para o cargo de Procurador do Estado. Pedro, o candidato aprovado em 11º lugar no
concurso, foi convocado para tomar posse no cargo, mas, por ter outros interesses, acabou
desistindo de assumir. STJ. 1ª Turma. AgRg no ROMS 48.266-TO, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 18/8/2015 (Info 567). STJ. 1ª Turma. AgRg noRMS 41.031-PR, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 18/8/2015 (Info 567).
- Exceções: O STF, ao analisar o tema em sede de repercussão geral, identificou
hipóteses excepcionais em que a Administração pode deixar de realizar a nomeação de
candidato aprovado dentro do número de vagas, desde que se verifique a ocorrência de uma
situação com as seguintes características (RE 598.099/MS, Pleno, DJe de 3/10/2011):
 Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional devem
ser necessariamente posteriores à publicação do edital do certame público;
 Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias extraordinárias,
imprevisíveis à época da publicação do edital;
 Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente
graves, implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de
cumprimento efetivo das regras do edital;
 Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de
nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode
adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar
com a situação excepcional e imprevisível.
- O candidato aprovado fora do número de vagas não tem direito subjetivo à nomeação,
mesmo que surjam ou sejam criadas vagas durante o prazo de validade do concurso. Assim, o

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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fato de terem sido criados novos cargos enquanto ainda vigente o concurso não obriga, por si só,
a Administração a nomear o candidato aprovado fora do número de vagas. Somente existe
direito subjetivo à nomeação dos candidatos aprovados dentro do número de vagas inicialmente
previsto no instrumento convocatório, restando à Administração o exercício do seu poder
discricionário para definir pela conveniência de se nomear os candidatos elencados em cadastro
de reserva. Tampouco obriga, a princípio, a administração a prorrogar o prazo de validade do
concurso, ato discricionário, submetido ao juízo de oportunidade e conveniência administrativas.
(STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1263916/PR, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 14/08/2012).
- Exceção: O candidato aprovado fora do número de vagas do edital adquire direito
subjetivo à nomeação caso consiga comprovar que: surgiram novas vagas durante o prazo de
validade do concurso público; e existe interesse da Administração Pública e disponibilidade
orçamentária para preencher essas vagas.

- Estabilidade

Aquisição

Previsão legal – art. 41, CF.

Requisitos (EC n. 19/98):

Prévia Aprovação em Concurso Público

Nomeação em Cargo Efetivo

03 anos de exercício

Avaliação Especial de Desempenho

Obs.: estabilidade para emprego público é uma matéria divergente. Contudo, prevalece
o entendimento de que somente titulares de cargos efetivos possuem estabilidade, ou seja, a
partir da EC n. 19/98 os empregados públicos perderam o direito a adquirir estabilidade.

Perda

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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Avaliação Periódica de Desempenho (EC 19/98) – Regulamentação por LC

Processo Administrativo Disciplinar

Processo Judicial com Transito em Julgado

Racionalização da Máquina Administração (art. 169, CF).

* Estágio Probatório

Redação original da CF/1988 – 2 anos de exercício para adquirir estabilidade.

Art. 20, da Lei n. 8.112/90 – 24 meses (estágio probatório).

EC n. 19/98 – 3 anos de exercício para adquirir estabilidade (art. 41, CF).

Se a estabilidade e estágio probatório forem reconhecidos como institutos


dependentes, ambos devem ter o mesmo prazo, ou seja, 03 anos. Para quem adota essa visão,
o art. 20, da Lei n. 8.112/90, não foi recepcionado pela nova regra da CF trazida pela EC n.
19/98 (não é materialmente competente) – AGU, STF, STJ.

Se a estabilidade e estágio probatório forem reconhecidos como institutos


independentes, ambos podem ter prazos distintos, permanecendo a estabilidade alcançada em
03 anos e o estágio probatório com duração de 24 meses. Logo, quem adota essa posição
entende que o art. 20, da Lei n. 8.112 foi recepcionado pela CF – Congresso Nacional.
Art. 19 do ADCT da CF/88 O ADCT da CF/88 previu que os servidores públicos que
estavam em exercício há pelo menos 5 anos quando a Constituição Federal foi promulgada,
deveriam ser considerados estáveis mesmo que não tivessem sido admitidos por meio de
concurso público. Desse modo, quem ingressou no serviço público, sem concurso, até
05/10/1983 (5 anos antes da CF/88) e assim permaneceu, de forma continuada, tornou-se
estável com a edição da CF/88. Trata-se, contudo, de regra excepcional e que somente vigorou
para esses casos.
Veja a redação do dispositivo:

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Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data
da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido
admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço
público. (...) § 2º — O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e
empregos de confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo
tempo de serviço não será computado para os fins do "caput" deste artigo, exceto se se tratar de
servidor. § 3º — O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos
termos da lei.

*O art. 19 do ADCT da CF/88 previu que os servidores públicos que estavam em exercício há
pelo menos 5 anos quando a Constituição Federal foi promulgada, deveriam ser considerados
estáveis, mesmo não tendo sido admitidos por meio de concurso público. Desse modo, quem
ingressou no serviço público, sem concurso, até 05/10/1983 e assim permaneceu, de forma
continuada, tornou-se estável com a edição da CF/88. É inconstitucional Constituição estadual
ou lei estadual que amplie a abrangência do art. 19 do ADCT e preveja estabilidade para
servidores públicos admitidos sem concurso público mesmo após 05/10/1983 (5 anos antes da
CF/88). STF. Plenário. ADI 1241/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2016 (Info 840). O
STF decidiu, contudo, modular os efeitos da decisão. A Lei 6.697/94, do RN, foi declarada
inconstitucional. Logo, como consequência dessa decisão, todos os servidores públicos que
estivessem nessa situação deveriam ser exonerados imediatamente. Ocorre que o STF
entendeu que isso iria gerar graves consequências para o funcionamento da Administração
Pública estadual que, de uma hora para outra, ficaria privada de centenas de servidores. Diante
disso, a Corte decidiu que a decisão somente teria eficácia a partir de 12 meses contados da
data da publicação da ata de julgamento. Nesse período, haverá tempo hábil para a realização
de concurso público, nomeação e posse de novos servidores, evitando-se, assim, prejuízo à
prestação do serviço público de ensino superior na URRN. Além disso, o STF ressalvou dos
efeitos da decisão os servidores que já estejam aposentados e aqueles que, até a data de
publicação da ata do julgamento, tenham preenchido os requisitos para a aposentadoria. Em
outras palavras, se a pessoa se aposentou (ou reuniu os requisitos para se aposentar com base
na Lei 6.697/94), ela terá direito de continuar aposentada (ou se aposentar) mesmo essa lei
tendo sido declarada inconstitucional.

- Sistema Remuneratório

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


17
Modalidades

a) Remuneração (Vencimentos) = Salário Base (Vencimento) + Parcela Variável

b) Subsídio = Parcela Única

→ Chefes do Executivo e Vices, Auxiliares Imediatos do Poder Executivo;

→ Membros do Poder Legislativo – SF, DF, DE, Vereadores;

→ Membros da Magistratura e Membros do MP;

→ AGU, Procuradores e Defensores;

→ Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas;

→ Polícias
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA: O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível
com o pagamento de terço de férias e décimo terceiro salário. Os agentes políticos, como é
o caso dos Prefeitos e Vice-Prefeitos, não devem ter um tratamento melhor, mas também não
podem ter uma situação pior do que a dos demais trabalhadores. Se todos os trabalhadores em
geral têm direito a um terço de férias e têm direito a décimo terceiro salário, não se mostra
razoável que isso seja retirado da espécie de servidores públicos (Prefeitos e Vice-Prefeitos).
STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgado em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).

Obs.: procuradores municipais não são remunerados por subsídios.

Obs.: cargos de carreira PODEM receber subsídios.

Obs.: é possível o pagamento fora do subsídio das verbas indenizatórias (diárias, ajuda
de custo, transporte) e as verbas do art. 39, §3°, CF2 (art. 7°, CF).

2
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
quando a natureza do cargo o exigir.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


18
A fixação e modificação da remuneração devem ser feitas por meio de lei.

Exceções:

i) Congresso Nacional fixa por meio de Decreto Legislativo a remuneração dos seus
membros, do Presidente e Vice Presidente da República e Ministros de Estados (art. 49, CF).

ii) Câmara Municipal fixa por meio de Decreto Legislativo a remuneração dos seus
membros.

Teto Remuneratório

O teto remuneratório foi inserido pela EC n. 19/98. Criou, porém, apenas o teto
geral que é o valor recebido pelos ministros do STF.

A EC n. 41/03 criou subtetos. Vejamos (art. 37, XI, CF):

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e


empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como
limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder
Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


19
Subtetos

i) Âmbito da União = Ministro do STF

ii) Âmbito dos Estados

Poder Executivo = Governador


Poder Legislativo = Deputado Estadual
Poder Judiciário = Desembargador (90,25% do subsídio do Ministro do STF)

* ADI 3854 = 90,25% é limite de remuneração do cargo de desembargador.

Obs.: promotor, procurador de justiça, procurador de estado e defensores públicos


estaduais possuem como subteto o subsídio do desembargador.

iii) Âmbito dos Municípios = Prefeito

*#OUSESABER: O STF, no julgamento do ARE 652777, em sede de repercussão geral,


entendeu ser POSSÍVEL a publicação pela Administração Pública dos vencimentos de
servidores públicos na Internet, inclusive por meio de relação nominal. Confira-se: Ementa:
“CONSTITUCIONAL. PUBLICAÇÃO, EM SÍTIO ELETRÔNICO MANTIDO PELO MUNICÍPIO DE
SÃO PAULO, DO NOME DE SEUS SERVIDORES E DO VALOR DOS CORRESPONDENTES
VENCIMENTOS. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico
mantido pela Administração Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos
correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. 2. Recurso extraordinário conhecido e
provido”. A controvérsia relaciona-se ao embate entre o direito fundamental ao acesso à
informação e o direito fundamental à inviolabilidade da intimidade e da vida privada. Entendeu a
Suprema Corte que as informações em questão são de INTERESSE DA COLETIVIDADE,
estando a sua divulgação em consonância com o PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE que rege a
Administração Pública. O agente público, ao ingressar nos quadros da Administração, tem a sua
esfera de privacidade MITIGADA, não podendo pretender gozar da mesma proteção dada ao
cidadão comum.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


20
*SERVIDORES PÚBLICOS. PISO SALARIAL NACIONAL DE PROFESSORES. A Lei nº
11.738/2008, em seu art. 2º, § 1º, ordena que o vencimento inicial das carreiras do magistério
público da educação básica deve corresponder ao piso salarial profissional nacional, sendo
vedada a fixação do vencimento básico em valor inferior, não havendo determinação de
incidência automática em toda a carreira e reflexo imediato sobre as demais vantagens e
gratificações, o que somente ocorrerá se estas determinações estiverem previstas nas
legislações locais. STJ. 1ª Seção. REsp 1.426.210-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 594).

- Competência para julgamento das ações


Se o servidor for do regime legal (estatutário) a justiça comum é competente.
Se o agente é do regime contratual (celetista) a justiça trabalhista é competente.

A discussão voltou a surgir com a EC n. 45/04 (art. 114, I, CF). Contudo, na ADI 3395, o STF
reafirmou que o estatutário é da justiça comum e celetista da justiça do trabalho. E os contratos
temporários? O STF (Repercussão Geral – RE 573.202) decidiu que os contratos temporários
são regidos por regime jurídico administrativo especial. Logo, a competência para julgamento é
da justiça comum.

- Acumulação (art. 37, XVI e XVII e art. 38, ambos da CF)

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange


autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

Atividade + Atividade = horário compatível + teto remuneratório + hipóteses da


atividade.

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando


houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no
inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


21
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com
profissões regulamentadas;

INF/STF 747 acumulação de cargos

*Não é possível a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da carga horária referente
aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. STJ. 2ª Turma. REsp
1.565.429-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/11/2015 (Info 576).
*#OUSESABER: A acumulação de cargos públicos remunerados pode resultar em jornada
superior a 60h semanais? A proibição de acumulação de cargos públicos remunerados e suas
exceções estão postas na CF: Art. 37. XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o
disposto no inciso XI. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98) a) a de
dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de
dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
Pergunta: e se essa acumulação resultar em jornada superior a 60h semanais, seria
possível a acumulação? Consoante entendimento do STJ, MS 19.336-DF, e inclusive
modificando entendimento anterior, é vedada a acumulação de cargos públicos quando a soma
da carga horária referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de sessenta horas
semanais. Razões: 1) Necessidade de interpretação de modo restritivo da acumulação; 2)
Atendimento ao princípio da eficiência; 3) Necessidade de manutenção da higidez física e
mental do servidor.
Aposentado + Aposentado= hipóteses da atividade.
Aposentado + Atividade
a) hipóteses da atividade;
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
22
b) mandato eletivo;
c) cargo em comissão
d) anterior EC 20/98 – direito adquirido para acumulação interior
Atividade + Mandato Eletivo

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no


exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de
seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários,
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo,
seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para
promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores
serão determinados como se no exercício estivesse.

4. Seguridade Social

A União manterá plano de seguridade para os seus servidores e dependentes.


Compreendem as seguintes garantias: o servidor terá direito à aposentadoria, ao auxílio
natalidade (concedido pelo nascimento do filho, inclusive natimorto e parto múltiplo – quantia
equivalente ao menor vencimento do serviço público, acrescido de 50% por nascituro), ao salário
família (cônjuge ou companheiros, filhos até os 21 anos de idade ou estudante até 24 anos, ou
filho inválido em qualquer idade), licença para tratamento de saúde do servidor* (com base em
perícia médica, sem prejuízo da remuneração), licença maternidade (durante 120 dias, com
remuneração a contar do primeiro dia do 9º mês ou do dia do parto em nascimento prematuro,
podendo a licença ser prorrogada por mais 60 dias, a pedido da servidora. Em caso de natimorto

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


23
ou aborto, a servidora tem licença gestante por 30 dias. A amamentação pode ser realizada em
1h de descanso), licença paternidade (5 dias).

*A licença que exceder a 120 dias no período de 12 meses, a contar do primeiro dia de
afastamento, é preciso ser analisada por junta médica.

*#IMPORTANTE: O art. 210 da Lei nº 8.112/90, assim como outras leis estaduais e municipais,
prevê que o prazo para a servidora que adotar uma criança é inferior à licença que ela teria caso
tivesse tido um filho biológico. De igual forma, este dispositivo estabelece que, se a criança
adotada for maior que 1 ano de idade, o prazo será menor do que seria se ela tivesse até 1 ano.
Segundo o STF, tal previsão é inconstitucional. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: Os prazos
da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo
valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível
fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada. STF. Plenário. RE 778889/PE,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/3/2016 (repercussão geral) (Info 817). “Não existe
fundamento constitucional para tratar de forma desigual a mãe gestante e da mãe adotante,
assim como não há razão para diferenciar o adotado mais velho do mais novo. Desse modo, se
a Lei prevê o prazo de 120 dias de licença-gestante, com prorrogação de mais 60 dias, tal
prazo (inclusive com a prorrogação) deverá ser garantido à mulher que adota uma
criança (não importando a idade).”

Há também licença por acidente em serviço, tendo o servidor direito a remuneração


integral e ao tratamento.
O servidor tem direito à assistência à saúde e garantia de condições individuais e
ambientais satisfatórias de trabalho.
O dependente tem direito a pensão vitalícia e temporária, auxilio reclusão, auxilio funeral e
assistência à saúde.

Apenas concursos federais! As pessoas que tenham participado de operações bélicas durante
a Segunda Guerra Mundial, assim como seus dependentes, possuem direito a uma pensão
especial prevista no art. 53, II e III, do ADCT da CF/88 e na Lei 8.059/90.A pensão especial é
devida ao ex-combatente. Quando ele morre, a pensão é revertida para os seus dependentes
(art. 6º da Lei). O art. 5º da Lei 8.059/90 prevê o rol de dependentes que têm direito ao benefício
e nele não inclui o menor sob guarda. Mesmo com essa omissão, o STJ entendeu que, na
hipótese de morte do titular de pensão especial de ex-combatente, o menor de 18 anos que
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
24
estava sob sua guarda deve ser enquadrado como dependente para efeito de recebimento da
pensão especial. Isso porque o art. 33, § 3º do ECA prevê que a guarda confere à criança ou
adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários. Além disso, dispensa-se o exame de eventual dependência econômica, visto ser
presumida por força da guarda do menor pelo instituidor do benefício. STJ. 1ª Turma. REsp
1.339.645-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 3/3/2015 (Info 561). STJ. 2ª Turma. REsp
1.550.168- SE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/10/2015 (Info 572).

*A CF/67 e a CF/88 (antes da EC 20/98) não proibiam que o militar reformado voltasse ao
serviço público e, posteriormente, se aposentasse no cargo civil, acumulando os dois proventos.
Ex: João foi reformado como Sargento do Exército em 1980. Voltou ao serviço público e se
aposentou como servidor da ABIN (órgão público federal), concedida em 1995. Essa acumulação
de proventos é possível. O art. 11 da EC 20/98 proibiu, expressamente, a concessão de mais de
uma aposentadoria pelo regime de previdência dos servidores civis. No entanto, este dispositivo
não vedou a cumulação de aposentadoria de servidor público com proventos de militar. Sendo
possível a cumulação de proventos, é também permitido que o dependente acumule as duas
pensões. Ex: Em 1996, João faleceu e Maria, sua esposa, passou a receber duas pensões por
morte, uma decorrente de cada vínculo acima explicado. STF. 2ª Turma. MS 25097/DF, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 28/3/2017 (Info 859)

1. Aposentadoria dos servidores públicos

Existem dois regimes: o regime próprio de previdência social e regime geral de


previdência social.
O RGPS está previsto nos artigos. 201 e seguintes da CF – administrado pelo Ministério
da Previdência e mantido pelo INSS. Quem estuda esse regime é o direito previdenciário.
Quem se aposenta pelo RGPS são os empregados privados, assim como os
empregados públicos (pessoa jurídica de direito público – celetista), os servidores de entes
governamentais de direito privado (administração pública indireta de direito privado – sociedade
de economia mista e empresa pública), os contratados temporariamente e os titulares de cargos
em comissão.
A questão da aposentadoria dos cargos em comissão foi discutida na ADI 2024 – o STF
manteve a orientação de que tais cargos se submetem ao RGPS, apesar de serem estatutários.
Por sua vez, o RPPS está previsto no art. 40 da CF. É estudado pelo Direito
Administrativo.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
25
Quem se aposenta pelo RPPS são os servidores públicos titulares de cargos efetivos e
vitalícios.

Obs.: os notariais são particulares que colaboram com o Estado. Assim, não perdendo a
qualidade de particular, recebem apenas delegação de função (art. 236, CF), e, portanto, se
aposentam pelo RGPS. Estão fora, inclusive, da aposentadoria compulsória.

*Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos
titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes
de cargo público efetivo e não recebam remuneração proveniente dos cofres
públicos. STF. Plenário. RE 647827/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
15/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).

Obs.: os militares de âmbito federal possuem um regime diferenciado próprio (nem


RPSS, nem RGPS) – eles não se aposentam propriamente, mas entram em reserva
remunerada. O custeio é realizado completamente pelo Estado.

*O servidor que trabalhou como "aluno-aprendiz" pode utilizar este período como tempo
de serviço para fins de aposentadoria? Sim, no entanto, para isso é necessário que ele
apresente certidão do estabelecimento de ensino frequentado. Tal documento deve
atestar a condição de aluno-aprendiz e o recebimento de retribuição pelos serviços
executados, consubstanciada em auxílios materiais diversos. Com a edição da Lei nº
3.353/59, passou-se a exigir, para a contagem do tempo mencionado, a demonstração de
que a mão de obra foi remunerada com o pagamento de encomendas. O elemento
essencial à caracterização do tempo de serviço como aluno-aprendiz não é a percepção
de vantagem direta ou indireta, mas a efetiva execução do ofício para o qual recebia
instrução, mediante encomendas de terceiros. Como consequência, a declaração emitida
por instituição de ensino profissionalizante somente comprova o período de trabalho caso
registre expressamente a participação do educando nas atividades laborativas
desenvolvidas para atender aos pedidos feitos às escolas. STF. 1ª Turma. MS 31518/DF,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2017 (Info 853).

A redação originária do art. 192, I, da Lei nº 8.112/90 previa que o servidor público
federal, ao se aposentar, deveria receber, como proventos, a remuneração da classe
superior a que pertencia. Esse art. 192 foi revogado em 1997 pela Lei nº 9.527.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


26
Determinado Juiz Federal completou os requisitos para se aposentar em 1994. No
entanto, optou por continuar trabalhando até 2010, quando pediu a aposentadoria. O STF
entendeu que, como ele preencheu os requisitos para se aposentar em 1994, ou seja,
antes da Lei nº 9.527/97, ele teria direito à regra prevista no art. 192, I, da Lei nº 8.112/90.
Logo, ele, ao se aposentar como Juiz Federal, tem direito de receber os proventos como
se fosse Desembargador Federal (classe imediatamente superior àquela em que ele se
encontrava posicionado). STF. 1ª Turma. MS 32726/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso,
red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2017 (Info 853).

2. Regime Próprio de Previdência Social – RPPS

O ato de aposentadoria é ato complexo, pois depende de duas manifestações de


vontades que ocorrerão em dois órgãos diferentes. Depende da manifestação da Administração
a que está vinculado o servidor + a manifestação do Tribunal de Contas.
Súmula Vinculante nº 3: nos processos perante o tribunal de contas da união
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
Em tese, o tribunal de contas não precisaria dar contraditório e ampla defesa ao
administrado, que já era garantido perante a Administração. Temperando a vinculante n. 3,
recentemente, o STF fez uma revisão da interpretação da súmula, entendendo que se o tribunal
de contas demorar demais para julgar a matéria deverá dar ao administrado contraditório e
ampla defesa (passados 05 anos) – j. MS 24781.

2.1 Proventos

Quando o servidor se aposenta (se torna inativo) passa a receber proventos.


A contagem do tempo não pode ser feita em duplicidade. A contagem de tempo é
feito pelo tempo de contribuição – regime contributivo.
Ademais, o princípio da reciprocidade vai permitir que o que foi contribuído para o
RPPS poderá ser aproveitado no RGPS (e vice versa).

2.2 Emendas Constitucionais – Histórico

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


27
→ No texto original de 1988
Para o servidor público se aposentar bastava preencher um único requisito: tempo
de serviço.
A CF não falava em limite de idade e tempo de contribuição.

→ EC n. 20∕98
A EC n. 20∕98 substituiu o tempo de serviço, passando a tratar como requisitos para
aposentadoria o limite de idade e o tempo de contribuição.
Instituiu o regime contributivo de repartição simples. Ou seja, todos contribuem para
a mesma conta, e, todos retiram da mesma conta.

Obs.:
Os servidores que na data da emenda n. 20/1998 já preenchiam os requisitos para
aposentadoria foi reconhecido a eles o direito adquirido de se aposentar pela regra antiga.
Por outro lado, os servidores que entraram no serviço público após a EC 20/98 devem se
aposentar de acordo com a regra nova (idade + tempo de contribuição).
É importante salientar que a regra nova também atinge quem entrou no serviço antes da
EC n. 20/98, mas na data desta não tinha atingido os requisitos para aposentadoria – não há
direito adquirido a regime legal. Com efeito, foi criada uma regra de transição (facultativa) para
estes servidores (art. 8, da EC n. 20).

Regra de transição (art. 8 da EC n. 20/98):

Aplicável, facultativamente, aos servidores que entraram antes da EC n. 20/98, mas que
não preenchiam os requisitos da regra velha.

* Idade (intermediária) – 53 anos, homens; 48 anos, mulher.


* Tempo de contribuição + Pedágio

Proventos integrais:
35 anos de contribuição, homens; 30 anos de contribuição, mulher.
Pedágio: 20% do que faltava para o servidor se aposentar na data da emenda.

Ex.: servidor do sexo masculino que na data da emenda já tinha contribuído por 15 anos.
Faltavam 20 anos de contribuição. O pedágio corresponde a 04 anos (20% sobre 20 anos de
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
28
contribuição). Assim, para se aposentar o servidor precisará ter 53 anos e 39 anos de
contribuição (35 anos de contribuição + 04 anos de pedágio).

Proventos proporcionais:
30 anos de contribuição, homem; 25 anos de contribuição, mulher.
Pedágio: 40 % sobre o tempo que faltava para o servidor se aposentar.

Ex.: servidor do sexo masculino que na data da emenda já tinha contribuído por 15 anos.
Faltavam 15 anos de contribuição. O pedágio corresponde a 06 anos (40% sobre 15). Assim,
para se aposentar o servidor precisa ter 53 anos e 36 anos de contribuição.

Abono de permanência da EC n. 20:

Tem natureza de isenção de contribuição e foi concedido aos servidores que na data da EC n.
20/98 já preenchiam os requisitos, mas continuaram trabalhando. Evitar a debandada geral.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊCIA: A ocupação de novo cargo dentro da estrutura do Poder


Judiciário, pelo titular do abono de permanência, não implica a cessação do benefício. Ex:
determinada pessoa ocupa o cargo de Desembargador do Trabalho e está recebendo abono de
permanência; se ela for promovida ao cargo de Ministro do TST, terá direito de continuar
recebendo o abono, não sendo necessário completar cinco anos no cargo de Ministro para
requerer o benefício. STF. 1ª Turma. MS 33424/DF e MS 33456/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 28/3/2017 (Info 859)

Modalidades de Aposentadoria3

3
1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus
proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos
75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de
2015)

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


29

As emendas seguintes não alteraram os requisitos para concessão de


aposentadoria.

1. Aposentadoria por invalidez: proventos proporcionais, salvo se decorrente de


acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável4, na forma
da lei.

*Os efeitos financeiros das revisões de aposentadoria concedida com base no art. 6º-A da EC
41/2003, introduzido pela EC 70/2012, somente se produzirão a partir da data de sua
promulgação (30/3/2012). STF. Plenário. RE 924456/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (Info 860).
Atenção: não confundir direito a proventos integrais com direito à integralidade: Quando
se diz que o servidor tem direito a proventos integrais, o que se está afirmando é que esse
benefício não será calculado com base no tempo de contribuição do servidor. Se a
aposentadoria é com proventos proporcionais, significa dizer que no cálculo incidirá uma fórmula
matemática que consiste no número de anos de contribuição efetivamente cumpridos dividido
pelos anos de contribuição exigidos para se aposentar com proventos integrais. Isso fará com
que a aposentadoria com proventos proporcionais seja inferior à aposentadoria com proventos
integrais. Vale ressaltar, no entanto, que dizer que a aposentadoria será com proventos integrais
não significa afirmar que o valor do benefício será igual à remuneração que era recebida pelo
servidor na atividade. Quando se fala em direito à integralidade, ou princípio da integralidade, aí
sim o que se está afirmando é que o servidor terá direito a 100% da remuneração da ativa, ou
seja, o benefício será igual ao que ele recebia na atividade.
Como se vê, portanto, a EC 41/2003 endureceu o tratamento para os servidores que se
aposentarem por invalidez, mesmo que decorrente de doença grave. Os proventos, mesmo

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco
anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de
contribuição, se mulher; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

4
A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa: “É taxativo o rol de doenças graves na Lei do Regime
Jurídico Único para efeito de aposentadoria por invalidez permanente com proventos integrais.”
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
30
sendo "integrais" (e não proporcionais), devem ser calculados com base na média aritmética dos
80% dos maiores salários de contribuição. Isso faz com que o servidor, a depender do caso,
tenha uma grande diminuição no momento da aposentadoria. Viram como proventos integrais é
conceito diferente de integralidade?
Posteriormente, foi editada a EC 70/2012 prevendo que: - se o servidor ingressou no serviço
público antes da EC 41/2003 e - tornou-se inválido após a EC 41/2003 - ele terá novamente
direito à integralidade (terá direito de receber a aposentadoria no mesmo valor da última
remuneração em atividade). Importante chamar a atenção para o fato de que a EC 70/2012
restabeleceu o direito à integralidade, mas não de forma geral e sim apenas para aqueles
servidores que ingressaram antes da EC 41/2003. Assim, o que ela fez foi prever uma regra de
transição:  Para aqueles que ingressaram no serviço público até a EC 41/2003: foi restabelecido
o direito à integralidade, ou seja, a aposentadoria por invalidez, em caso de doença grave, será
igual ao valor da última remuneração em atividade (não importando quando ocorreu a invalidez).
 Para aqueles que ingressaram no serviço público após a EC 41/2003: continuam sem ter direito
à integralidade. Os proventos serão calculados com base na média dos 80% dos maiores
salários de contribuição. Essa previsão do art. 2º da EC 70/2012 que proibiu o pagamento
retroativo é válida? SIM. A retroatividade não é possível sem a indicação de uma fonte de custeio
para fazer frente aos novos gastos, pois pode representar um desequilíbrio atuarial com
implicações negativas no pacto federativo. É proibida a aplicação retroativa de norma
previdenciária sem fonte de custeio. Trata-se do chamado princípio da contrapartida, que tem por
objetivo garantir a situação econômico-financeira do sistema de Previdência. Esse princípio
vincula tanto o legislador quanto o administrador público, responsável pela aplicação das regras.
Dessa forma, a regra prevista na parte final do art. 2º da EC 70/2012 é válida e deverá ser
aplicada.

2. Aposentadoria compulsória: 70 anos de idade – proventos proporcionais.

#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA
Qual é a idade da aposentadoria compulsória no serviço público?

ANTES DA EC 88/2015:
70 anos (para todos os casos).

DEPOIS DA EC 88/2015:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


31

• REGRA: continua sendo 70 anos.


Os servidores públicos, sejam eles federais, estaduais ou municipais, de qualquer dos Poderes,
incluindo magistrados de Tribunais de 2ª instância, continuam se aposentando
compulsoriamente aos 70 anos de idade.

• EXCEÇÃO 1: a Lei Complementar poderá prever que a aposentadoria compulsória seja


ampliada para 75 anos, segundo critérios que ela fixar e para todos ou determinados cargos do
serviço público.

Veja a nova redação do inciso II do § 1º do art. 40 dada pela EC 88/2015:


§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão
aposentados (...):
(...)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;

Essa parte final do inciso II é norma constitucional de eficácia limitada, dependendo de lei para
produzir todos os seus efeitos.

• EXCEÇÃO 2: para os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do
TCU a idade da aposentadoria compulsória já é agora 75 anos mesmo sem Lei Complementar.
A regra já está produzindo todos os seus efeitos.

Veja o art. 100 que foi acrescentado no ADCT da CF/88 pela EC 88/2015:
Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da
Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do
Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos
de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.

PLS 274/2015
Com o objetivo de regulamentar essa parte final do inciso II do § 1º do art. 40 da CF/88 (acima
transcrito), o Senador José Serra (PSDB/SP) propôs projeto de lei complementar (PLS 274/2015)
ampliando para 75 anos a aposentadoria compulsória de todos os servidores públicos.
O projeto foi votado e aprovado pelo Congresso Nacional, tendo sido encaminhado para sanção
da Presidente da República.

VETO AO PROJETO APROVADO


Ocorre que a Presidente da República VETOU o PLS 274/2015 aprovado, conforme mensagem
publicada no Diário Oficial da União de 23/10/2015.
As razões invocadas para o veto foram jurídicas, tendo a Presidente afirmado que o projeto
aprovado seria inconstitucional porque a iniciativa para tratar sobre o tema seria exclusiva do
chefe do Poder Executivo, nos termos do art. 61, § 1º, II, da CF/88.

DERRUBADA DO VETO
Em 01/12/2015, o Congresso Nacional decidiu rejeitar (derrubar) o veto, nos termos do art. 66, §
4º da CF/88.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


32
Como o veto não foi mantido, o projeto foi novamente enviado para a Presidente da República
(art. 66, § 5º), que o promulgou, transformando-o na Lei Complementar nº 152/2015, que iremos
agora analisar.

LEI COMPLEMENTAR Nº 152/2015

O que prevê a LC 152/2015?


Determina que a idade da aposentadoria compulsória passa a ser de 75 anos para todos os
servidores públicos.

Quem está abrangido pela LC 152/2015? Quais entes?


A aposentadoria compulsória aos 75 anos vale para:
I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações;
II - os membros do Poder Judiciário;
III - os membros do Ministério Público;
IV - os membros das Defensorias Públicas;
V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas.

A LC 152/2015 aplica-se também aos servidores policiais, ou seja, integrantes da Polícia


Civil, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal? Eles também terão direito de se
aposentar somente aos 75 anos?
SIM. O art. 3º da LC 152/2015 revogou o inciso I do art. 1º da LC 51/85, que trata sobre a
aposentadoria dos servidores públicos policiais. Com isso, eles também passam a se aposentar
compulsoriamente com 75 anos. Compare:

Idade da aposentadoria compulsória dos integrantes da Polícia Civil,


da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal
Antes da LC 152/2015 ATUALMENTE
65 anos 75 anos

Regra especial para os servidores do Serviço Exterior Brasileiro


A LC 152/2015 previu uma regra especial de transição para os diplomatas e servidores do
Itamaraty que trabalham no exterior, como oficiais e assistentes de chancelaria. Veja:
Art. 2º (...) Parágrafo único. Aos servidores do Serviço Exterior Brasileiro, regidos pela Lei nº
11.440, de 29 de dezembro de 2006, o disposto neste artigo será aplicado progressivamente à
razão de 1 (um) ano adicional de limite para aposentadoria compulsória ao fim de cada 2 (dois)
anos, a partir da vigência desta Lei Complementar, até o limite de 75 (setenta e cinco) anos
previsto no caput.

O servidor aposentado compulsoriamente receberá proventos integrais ou proporcionais?


Proporcionais ao tempo de contribuição.

Como vimos acima, o projeto que deu origem à LC 152/2015 foi vetado pela Presidente da
República em 23/10/2015, tendo o veto sido rejeitado e a LC 152/2015 publicada em
04/12/2015. Diante disso, indaga-se: os servidores que foram obrigados a se aposentar
compulsoriamente aos 70 anos depois do veto (23/10/2015) e antes da LC (04/12/2015)
poderão pedir para retornar ao serviço público sob o argumento de que o veto foi
derrubado?

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


33
NÃO. A aposentadoria compulsória se perfaz no momento do implemento da idade e o ato
administrativo que formaliza a concessão é meramente declaratório. Em outras palavras, a
pessoa se aposenta compulsoriamente no dia em que completa a idade-limite.
Some-se a isso o fato de que a rejeição de um veto não produz efeitos retroativos. A rejeição de
um veto obriga que o projeto aprovado seja promulgado, transformando-se em lei. No entanto,
essa lei somente passa a vigorar quando publicada. Assim, a LC 152/2015 somente entrou em
vigor no dia 04/12/2015, data de sua publicação. Apenas neste dia foi instituída a aposentadoria
compulsória aos 75 anos para os servidores públicos em geral.
Concluindo: o servidor que completou 70 anos no dia 03/12/2015 está aposentado
compulsoriamente, independentemente de qualquer outra providência por parte da
Administração Pública. O ato administrativo de concessão da aposentadoria somente irá declarar
esse fato já ocorrido. Por outro lado, quem completou 70 anos de idade no dia 04/12/2015 pode
continuar no serviço publico até atingir 75 anos.

A LC 152/2015 é uma lei editada pelo Congresso Nacional. Ela poderia ter tratado sobre a
aposentadoria de servidores dos Estados, do DF e dos Municípios?
SIM. A Lei Complementar mencionada pelo art. 40, § 1º, II, da CF/88 (com redação dada pela
EC 88/2015) deveria ser realmente, como o foi, uma lei complementar nacional, ou seja, editada
pelo Congresso Nacional.
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que, embora a competência para legislar
sobre a previdência dos servidores públicos (RPPS) seja concorrente, a União tem a
competência para editar a lei complementar que funcionará como norma de caráter nacional para
regulamentar a matéria.

ADI PROPOSTA PELA AMB E ANAMATRA


No mesmo dia em que foi publicada, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em
conjunto com a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra),
ingressaram com uma ADI no STF contra a LC 152/2015
(http://www.amb.com.br/novo/?p=25780)
O ponto questionado pelas entidades refere-se à aposentadoria compulsória dos membros do
Poder Judiciário.
Segundo trecho da petição inicial, “Na parte que toca aos magistrados, não poderia o Poder
Legislativo ou o Poder Executivo dar início à proposta legislativa de lei complementar ou
ordinária para tratar do limite de idade de aposentadoria”.

*Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra da


aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge apenas os ocupantes
de cargo de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de
nomeação a cargo em comissão. Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não
há óbice constitucional a que o servidor efetivo, aposentado compulsoriamente, permaneça no
cargo comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação
e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a
Administração. STF. Plenário. RE 786540/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2016
(repercussão geral) (Info 851).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não viola o princípio da isonomia o implemento de regra de


transição de aposentadoria dos servidores integrantes do Serviço Exterior Brasileiro (Lei nº
11.440/2006), como está previsto no parágrafo único do art. 2º da LC 152/2015, considerando-se
as peculiaridades da carreira, as necessidades do Estado e a ordem constitucional vigente. STJ.
1ª Seção. MS 22.394-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 9/11/2016 (Info 596)

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


34
3. Aposentadoria Voluntária
→ 10 anos no serviço público e 05 anos no cargo público.
→ Com proventos integrais:
Homens = 60 anos de idade + 35 anos de contribuição.
Mulheres, 55 anos de idade + 30 anos de contribuição.
→ Com proventos proporcionais (não há limite de contribuição)
Homens = 65 anos de idade.
Mulheres = 60 anos de idade.

4. Aposentadoria Especial

*#OUSESABER: Cuidado com a pegadinha: Segundo entendimento do STF (MI 833/DF), é


sim possível que o legislador venha a estabelecer o direito à aposentadoria especial aos
oficiais de justiça, com base no art. 40, § 4º, II, da CF/88. O que NÃO existe – e aí está a
pegadinha – é um direito subjetivo dos oficiais de justiça a essa aposentadoria especial,
tendo em vista que apenas EVENTUALMENTE estão expostos a situações de risco no
exercício de suas funções. Há, portanto, DISCRICIONARIEDADE do legislador quanto à
edição de lei complementar que garanta esse direito aos oficiais, não se podendo falar em
omissão se tal lei não for elaborada. De outro lado, se fosse o caso de uma atividade perigosa
por sua própria natureza, com periculosidade INERENTE ao ofício (ex. policiais), aí sim haveria o
dever do legislador de elaborar uma lei garantindo o direito à aposentadoria especial, sob pena
de ser caracterizada uma omissão inconstitucional.

4.1. Professor com exclusividade no magistério no ensino infantil, fundamental e médio.


Com proventos integrais
Homens = 55 anos de idade e 30 anos de contribuição.
Mulheres = 50 anos de idade de 25 anos de contribuição.

Obs.: a matéria está disciplinada na Lei n. 11.301∕2006. A questão foi objeto de controle
de constitucionalidade (ADI 3772). Consolidou-se a constitucionalidade de que o professor não
perde a exclusividade quando exerce também atividades dentro da escola (ex. diretor,
coordenador).

4.2 Aposentadoria especial acrescentada pela EC. 47∕05

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


35

Obs.: ainda dependem de regulamentação.


Servidor com Deficiência.
Servidor que exerça atividade de risco.
Servidor que exerça atividade em condições especiais (saúde e integridade física).

→ EC n. 41∕03
31 de dezembro de 2003.
Tramitava ao mesmo tempo a PEC paralela para emendar a EC n. 41/03.
Manteve o sistema contributivo de repartição simples.
Acrescentou a contribuição dos inativos.
Inserção de forma expressa do princípio da solidariedade – art. 40, caput, da CF5.
Cotização dos entes.
* Revogação do princípio da integralidade.
Inserção do princípio da média da vida laboral (art. 40, §1º, 3º e 17°).

Obs.: o período de remuneração utilizada para média da vida laboral apenas será
contabilizado quando houver incidência de contribuição. Assim, se houver isenção em
determinado período, este não será utilizado para cálculo da média da vida laboral.
* O princípio da paridade (princípio do espelho) foi substituído pelo princípio da
preservação do valor real (conservação do valor aquisitivo).

Art. 40, § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-


lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos
em lei.

Teto de proventos igual ao do RGPS (R$ 4.159,00)

A EC n. 20/98 já tratava de regime complementar a ser implementado por LC.


Por sua vez, a EC n. 41/2003 substituiu a regra acima, exigindo para a criação de regime
complementar lei ordinária.

5 Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e
solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
36
Assim, apesar da previsão do teto já existir, a sua aplicação estava condicionada à criação
de regime complementar, que foi instituído, por sua vez, pela Lei n. 12.618/2012 (ordinária).
Vale salientar que o regime complementar depende da criação de fundações.

Obs.: o legislador criou o regime complementar por lei ordinária, bem como seu
regramento. Assim, já há discussão no STF (ADI 4893) acerca da sua constitucionalidade, pois,
muitos ensinam que correta está a criação por lei ordinária, mas o seu regramento deveria ser
realizado por lei complementar – suposta violação do art. 40, §15º e 202, CF.

Contribuição dos inativos

Art. 40, § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e


pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o
limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao
estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.

Art. 149, § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão


contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício
destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não
será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da
União.
Devem pagar contribuição os inativos anteriores ou posteriores a EC n. 41/2003 que
superem o teto da RGPS, ou seja, a base de cálculo é 11% apenas sobre o que ultrapassar o
limite do RGPS.

Obs.: como dito acima a contribuição atinge os aposentados antes e depois da EC, pois
não há direito adquirido a regime legal (ADI 3105).

Servidores que na data da EC n. 41/03 já preenchiam os requisitos seguem a regra


velha. Servidores que entraram após a EC n. 41/03 devem observar a regra nova.

Duas Regras de Transição:


Aqueles que entraram antes da EC n. 41/03
Aqueles que entraram antes da EC n. 20/98 (revogou o art. 8º, da EC n. 20/98).
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
37

→ EC n. 47/2005 (PEC Paralela)

Trouxe uma nova transição (alternativa) para quem entrou antes da EC n. 20/98.
Criou a aposentadoria especial (deficiente, atividade de risco e atividades que coloquem
em risco a integridade e saúde) – essa matéria depende de LC que ainda não foi regulamentada.
Assim, os servidores que desenvolvem atividade em condições especiais discutem essa
questão e levam a matéria ao STF. O STF discutiu essa matéria no MI 721 e 758 esclarecendo
que enquanto a matéria não for disciplinada, deve ser aplicada para tais servidores a lei do
regime geral de previdência social (Art. 57, §3º, da Lei n. 8.213/916).
Porém, o administrador não tem como aplicar aregra, pois não está adequada a Lei n.
8.213
.
→ EC n. 70

Nova regra de transição.


Os servidores que ingressaram no serviço público até 31 de dezembro de 2003 tem a
possibilidade de aposentadoria por invalidez com integralidade e paridade.

Cenário Atual –
Regras de Transição
1. Regra Velha (Art. 8º, da EC n. 20/98) – serve para aqueles que entraram antes da EC
20/98.
2. Regra Nova – serve para aqueles que entraram após a EC n. 20/98.
3. Regra de Transição

a) art. 8, da EC n. 20/98.
b) art. 2º, da EC n. 41/2003 - servidores que entraram antes da EC n. 20/98.
Revogou o art. 8, da EC 20.

Idade:

6 § 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o


Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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53 anos de idade - homem
48 anos de idade - mulher

Contribuição para Aposentadoria Integral:


35 anos de contribuição – homem
30 anos de contribuição – mulher
+ Pedágio de 20% do que faltava para aposentadoria na data da emenda.
* sem integralidade e sem paridade

Redutor constitucional:
A cada ano que o servidor antecipar na idade (60/55 anos) sofrerá desconto na
remuneração (até 2005 – desconto de 3,5% por ano, a partir de 2006 – desconto de 5% por
ano).

c) art. 3º, da EC n. 47/05 - servidores que entraram antes da EC n. 20/98.


* com integralidade e paridade.
A cada ano que se ultrapassa no limite da contribuição (35/30 anos) desconta-se
um ano de idade (60/55 anos).

d) art. 6º, da EC n. 41/2003 – servidores que entraram antes da EC n. 41/2003.


* com integralidade e paridade, desde que respeitados os seguintes requisitos:
→ 20 anos no serviço público, 10 anos na carreira e 05 anos no cargo.
→ 60 anos de idade, 35 de contribuição: homem.
→ 55 anos de idade, 30 anos de contribuição: mulher.

Obs.: o servidor pode garantir integralidade e paridade mesmo com mudança de cargo
desde que não haja interrupção.

e) EC n. 47/200 criou, ainda, a aposentadoria especial (deficiente, atividade de risco e


atividades que coloquem em risco a integridade e saúde).

*#DIZER O DIREITO: #JURISPRUDÊNCIA:

SÚMULA VINCULANTE 33-STF:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


39
Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime Geral de Previdência
Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, inciso III, da
Constituição Federal, até edição de lei complementar específica.

ENTENDENDO O SENTIDO DA SV 33-STF:

O que é aposentadoria especial?


Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do beneficiário são mais
favoráveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas.

Quem tem direito à aposentadoria especial no serviço público?

Onde estão previstos os


Quais servidores têm direito? requisitos e condições mais
favoráveis?
Professores exclusivos do magistério infantil e dos
Na própria CF/88.
ensinos fundamental e médio (art. 40, § 5º).
Servidores que sejam portadores de deficiência (art.
40, § 4º, I).
Servidores que exerçam atividades de risco (art. 40,
A CF exige que seja editada
§ 4º, II).
uma lei complementar.
Servidores que exerçam atividades sob condições
especiais queprejudiquem a saúde ou a integridade
física (art. 40, § 4º, III).

Logo, com exceção dos professores, a CF/88 exige a edição de uma LEI COMPLEMENTAR
definindo os critérios para a concessão da aposentadoria especial aos servidores públicos. A Lei
deverá, inclusive, elencar as carreiras que se encontram em situação de risco ou cujas
atividades prejudiquem a saúde ou integridade física.

Essa lei complementar já foi editada?


NÃO.

O que acontece, já que não existe a LC?


Como ainda não há a referida lei complementar disciplinando a aposentadoria especial do
servidor público, o STF reconheceu que o Presidente da República está em “mora legislativa” por
ainda não ter enviado ao Congresso Nacional o projeto de lei para regulamentar o art. 40, § 4º, III
da CF/88.

Diante disso, o STF, ao julgar o Mandado de Injunção n.° 721/DF (e vários outros que foram
ajuizados depois), determinou que, enquanto não for editada a LC regulamentando o art. 40, §
4º, III, da CF/88, deverão ser aplicadas, aos servidores públicos, as regras de aposentadoria

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


40
especial dos trabalhadores em geral (regras do Regime Geral de Previdência Social - RGPS),
previstas no art. 57 da Lei nº 8.213/91.

Assim, se o servidor público exerce suas atividades em condições insalubres, poderá requerer
aposentadoria especial e a Administração Pública deverá analisar o requerimento com base nos
requisitos do RGPS trazidos pelo art. 57 da Lei n.° 8.213/91. Veja o que diz a referida Lei:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao
segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a
lei.
§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa renda
mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício.

Logo, os servidores públicos que exerçam atividades sob condições especiais que prejudiquem a
sua saúde ou integridade física (art. 40, § 4º, III da CF/88) terão direito de se aposentar com
menos tempo de contribuição que os demais agentes públicos.

Ex: a CF/88 prevê que o servidor homem possa se aposentar, voluntariamente, com 60 anos de
idade e 35 anos de contribuição (art. 40, § 1º, III, a da CF/88). No entanto, se o servidor público
tiver trabalhado durante 25 anos sob condições insalubres, poderá ter direito à aposentadoria
especial, nos termos do art. 40, § 4º, III da CF c/c o art. 57 da Lei nº 8.213/91.

Vale ressaltar que a SV 33-STF somente trata sobre a aposentadoria especial do servidor
público baseada no inciso III do § 4º do art. 40 da CF/88 (atividades sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física), não abrangendo as hipóteses do incisos I
(deficientes) e II (atividades de risco).

Em rápidas linhas, é esse o sentido da SV 33-STF.

Espero que eu tenha conseguido me desincumbir do dever de ser claro e que você tenha
entendido, mas reconheço que não é um assunto fácil.

Agora, se você quiser/precisar aprofundar um pouco mais o tema, continue lendo abaixo. Faço,
porém, um alerta: vai ficar mais difícil.

APROFUNDANDO O TEMA:

As regras do RGPS aplicam-se aos servidores públicos apenas “no que couber”
A SV 33-STF afirma expressamente que as regras do RGPS sobre aposentadoria especial
aplicam-se ao servidor público, no que couber. Em outras palavras, nem todas as normas do
RGPS serão cabíveis para a aposentadoria especial do servidor público.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


41
Um importante exemplo de regra que é válida para a aposentadoria especial no RGPS, mas não
se aplica aos servidores públicos é a CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM TEMPO
COMUM.

Imagine a seguinte situação:


A lei prevê a aposentadoria especial para aqueles que trabalharam durante 25 anos em
condições insalubres.
Maria trabalhou, em uma empresa privada, durante 20 anos em atividades especiais (trabalho
exposto a radiação) e 6 anos em atividade comum (não insalubres). Logo, não terá direito à
aposentadoria especial, que exige 25 anos de atividades especiais para o caso de radiação (item
1.1.4 do Decreto nº 53.831/64).

Poderá ela somar os 20 anos de atividades insalubres com os 6 anos de atividades


comuns? SIM.

Ao converter estes 20 anos de atividades especiais em tempo de atividades comuns,


haverá algum tipo de acréscimo (contagem de tempo diferenciada)?
SIM. O tempo de trabalho exercido sob condições especiais consideradas prejudiciais à saúde
ou à integridade física será convertido em “tempo comum” (exercido em atividade comum) e
nesta conversão vão ser aplicados alguns índices matemáticos que farão com que o tempo se
torne maior. Ex: 20 anos = 7.300 dias de tempo comum. No entanto, como esses 20 anos foram
prestados em atividade especial, para serem convertidos em tempo comum, eles devem ser
multiplicados por 1,2. Assim, teremos 7.300 x 1,2 = 8.760.
Logo, 7.300 dias trabalhados sob o regime especial podem se transformar em 8.760 dias caso
este período de tempo especial seja convertido em tempo comum.

No exemplo que demos acima, Maria trabalhou 20 anos (7.300 dias) em atividades especiais e 6
anos (2.190 dias) em atividade comum. Logo, não conseguirá a aposentadoria especial (que
exige 25 anos de atividade especial).
Maria irá, então, somar os períodos para ver se consegue a aposentadoria comum (não
especial).
Os 7.300 dias trabalhados irão virar 8.760 dias.
Dessa forma, ela irá somar 8.760 + 2.190 = 10.950 dias (30 anos) para fins de aposentadoria.

Onde está previsto este índice de conversão de 1,20?


Os índices de conversão de “tempo especial” em “tempo comum” estão previstos no art. 70 do
Decreto nº 3.048/99. Ressalte-se que há outros índices, além deste de 1,20 e eles irão variar de
acordo com a atividade especial (obs: há muitas polêmicas sobre isso, mas elas não interessam
para o que estamos discutindo aqui).

Feitos os esclarecimentos acima, indaga-se: os servidores públicos que exerçam


atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física (art.
40, § 4º, III da CF/88) podem se valer destes índices para fazer a conversão do “tempo
especial” trabalhado em “tempo comum”?

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


42
NÃO. O STF afirmou que não se extrai da norma contida no art. 40, § 4º, III da CF/88 que exista
o dever constitucional de que o Presidente da República e o Congresso Nacional editem uma lei,
em favor dos servidores públicos, prevendo contagem diferenciada para quem trabalhou parte de
sua vida em atividades insalubres e, ao final, averbe (registre e some) este período de forma
maior para fins de aposentadoria.

Em outras palavras, para o STF, o art. 40, § 4º, III não garante necessariamente aos servidores
este direito à conversão com contagem diferenciada de tempo especial em tempo comum. O que
este dispositivo garante é apenas o direito à “aposentadoria especial” (com requisitos e critérios
diferenciados).

Dessa feita, não se pode aplicar as regras de conversão do tempo especial em tempo comum,
previstas para os trabalhadores em geral (RGPS), para os servidores públicos, considerando que
a lei que vier a ser editada regulamentando o art. 40, § 4º, III da CF/88 não estará obrigada a
conceder este fator de conversão aos servidores. Foi assim que decidiu o STF. Confira:

(...) A concessão do mandado de injunção, na hipótese do art. 40, § 4º, da Lei Fundamental,
reclama a demonstração pelo Impetrante do preenchimento dos requisitos para a aposentadoria
especial e a impossibilidade in concrecto de usufruí-la ante a ausência da norma
regulamentadora.
2. O alcance da decisão proferida por esta Corte, quando da integração legislativa do art. 40, §
4º, inciso III, da CRFB/88, não tutela o direito à contagem diferenciada do tempo de serviço
prestado em condições prejudiciais à saúde e à integridade física.
3. Não tem procedência injuncional o reconhecimento da contagem diferenciada e da averbação
do tempo de serviço prestado pelo Impetrante em condições insalubres por exorbitar da
expressa disposição constitucional. Precedentes. (...)
STF. Plenário. MI 3788 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/10/2013.
Daí, o enunciado da SV 33 dizer, corretamente, que aplicam-se ao servidor público, no que
couber, as regras do RGPS.

INFORMAÇÃO ADICIONAL: APOSENTADORIA ESPECIAL DE DEFICIENTE E LC 142/2013

A SV 33-STF somente trata sobre a aposentadoria especial do servidor público baseada no


inciso III do § 4º do art. 40 da CF/88 (atividades sob condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física).

Infelizmente, as hipóteses de aposentadoria especial de servidores deficientes (inciso I) e que


exercem atividades de risco (inciso II) não foram objeto da SV.

Vale ressaltar que, no dia 09/11/2013, entrou em vigor a LC 142/2013, regulamentando o § 1º do


art. 201 da CF/88 no tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do RGPS.

Em princípio, o regime jurídico da LC 142/2013 não se aplicaria aos servidores públicos, porque
a referida Lei é restrita ao RGPS (trabalhadores em geral, filiados ao regime administrado pelo
INSS). No entanto, como a Lei Complementar de que trata o art. 40, § 4º, I, da CF/88 ainda não
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
43
foi editada, o STF, em um mandado de injunção, reconheceu que o Presidente da República está
em “mora legislativa” por ainda não ter enviado ao Congresso Nacional o projeto de lei para
regulamentar o art. 40, § 4º, I da CF/88 (aposentadoria especial para servidores deficientes).
Com base nisso, determinou que sejam aplicadas aos servidores públicos portadores de
deficiência os critérios e condições previstos nesta LC 142/2013. Nesse sentido: STF MI 5126-
DF, DJe 02/10/2013.

5. Regime Complementar
Inserido pela Lei n. 12.618/2012.
O teto de proventos passa a ser aplicado para os servidores que entraram no
serviço após a criação das fundações do regime complementar.
O teto somente será aplicado aos servidores que entrarem a partir da criação da
fundação do regime complementar – 11% sobre o teto do RGPS. Se ele quiser receber mais do
que o teto, contribuirá para o regime complementar.
A contribuição pelo servidor para o regime complementar não tem limite.
Por sua vez, o ente público também contribui para o regime complementar, porém,
com o limite de 8,5% sobre a parcela que exceder o teto.
Os servidores anteriores ao regime complementar podem aderir ao este no prazo
de 24 meses da criação.

Obs.: a mudança de cargo após a instituição do regime complementar garante ao


servidor que fuja do teto (e do regime complementar) se não houver interrupção.

Entidades Fechadas de Previdência Complementar

Possuem caráter de fundação pública com regime jurídico de direito privado. A ADI 4893
discute a natureza das entidades.
Cada Poder terá a sua fundação. Contudo, por ato conjunto das autoridades, os Poderes
podem reunir os servidores. Ex.: fundação do executivo e legislativo no âmbito federal.
Essas fundações compõem a administração indireta.
O quadro de pessoal das fundações é de empregado (CLT + Concurso).
Possuem Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal.
A gestão é feita pela Diretoria Executiva (composta por representantes dos poderes e
servidores ocupantes de cargos efetivos escolhidos pelos pares)
A sede dessa fundação para o âmbito federal é o DF.
Ex.: FUNPRESP (Executivo) e FUNPRESP (Judiciário).
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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5. ESTUDO DA LEI Nº 8.112/90

1. Agente público

Dois são os requisitos para a caracterização do agente público: um, de ordem objetiva,
isto é, a natureza estatal da atividade desempenhada; outro, de ordem subjetiva: a investidura
nela. (C.A)
Agente público é aquele que exercefunção pública, seja de forma temporária ou
permanente, com ou sem remuneração, independentemente do tipo de vínculo.
Na classificação dos agentes públicos temos:

i. Agentes políticos: representam a vontade do Estado, comandam cada um dos


Poderes. Estão sujeitos a regime legal (regime jurídico-administrativo), exemplo: chefe do Poder
Executivo (Presidente, Governador e Prefeito), auxiliar imediato do Poder Executivo (Ministros,
Secretários), membros do Poder Legislativo, magistrados, membros do Ministério Público,
Conselheiros dos Tribunais de Contas. Não se submetem à Lei nº 8.112/90

Celso Antônio não inclui magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais de
Contas na categoria dos agentes políticos; também não o faz José dos Santos Carvalho Filho,
que os chama de servidores especiais; R.F. já os integra.
“Apesar das divergências doutrinárias, entendo acertado o posicionamento de Hely, para
quem os agentes políticos são os componentes do governo nos seus primeiros escalões, no
exercício de atribuições constitucionais. Em tal categoria se enquadram os Chefes do Executivo
e seus auxiliares diretos, os membros do Legislativo, do Judiciário, do Ministério Público e dos
Tribunais de Contas, bem como os representantes diplomáticos. Celso Antônio e Maria Sylvia
adotam uma posição mais restrita, incluindo como agentes políticos apenas os Chefes do
Executivo e seus auxiliares diretos, além dos membros do Legislativo” - extraído do roteiro de
estudo n. 8, de autoria do Des. Luiz Alberto Gurgel de Faria.
A designação ‘servidor público’, já hoje, tem alcance mais restrito do que dantes. Não é
mais adequada para abarcar também os empregados das entidades da Administração Indireta
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
45
de Direito Privado, porquanto sob a rubrica constitucional ‘Dos servidores públicos’ (que
substituiu, desde a Emenda Constitucional 19, de 4.6.98, a rubrica ‘dos servidores públicos
civis’), é visível que só estão considerados os integrantes de cargo ou emprego nas pessoas
jurídicas de Direito Público.
Apesar da divergência doutrinária, o STF, no RE 228.977, entendeu que eles são agentes
políticos.

ii. Servidor estatal: é todo aquele que atua na Administração Direta ou Indireta.
Subdivide-se em servidor público (atua em pessoa jurídica de direito público. pode ser estatutário
ou celetista) e servidor de ente governamental de direito privado (atua em pessoa jurídica de
direito privado – são titulares de emprego, com regime trabalhista, CLT). O empregado público
está excluído da incidência da Lei nº 8.112/90.

1. [servidores públicos] compreendem as seguintes espécies:


a. Servidores titulares de cargos públicos na Administração Direta
(anteriormente denominados funcionários públicos), nas autarquias e fundações
de Direito Público da União, dos Estados, do DF e dos Municípios, assim como
no Poder Judiciário e na esfera administrativa do Legislativo;
b. Servidores empregados das pessoas supra-referidas. (C.A)
c. Temporários

2. [Servidores das pessoas governamentais de Direito Privado] são os empregados de


empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações de Direito Privado instituídas
pelo Poder Público, os quais estarão todos, obrigatoriamente, sob regime trabalhista. (C.A)É O
EMPREGADO PÚBLICO.

ATENÇÃO: EMPREGO PÚBLICO – CELETISTA – ÀS VEZES SE REFERE AOS SERVIDORES


DA ADM DIRETA QUE OBEDECEM À CLT E OUTRAS VEZES AOS EMPREGADOS DA ADM,
INDIRETA.

Tratando da Lei 9.962/00 – empregado público da ADM DIRETA: O contrato só pode ser
rescindido quando houver: 1) prática de falta grave, tal como relacionado no art. 482, da CLT; 2)
acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; 3) necessidade de redução de
quadro, no caso de excesso de despesa, como previsto no art.169 da CF; 4) insuficiência de
desempenho apurada em processo administrativo. Essas regras indicam que não só ficou
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
46
excluída a hipótese de resilição unilateral do contrato por parte do Estado-empregador, não
sendo assim aplicável nesse aspecto o art.479 da CLT, mas também que é vinculada à atividade
da União no que tange às hipóteses de desfazimento do vínculo: em nenhuma hipótese a
rescisão contratual poderá dar-se ao mero alvedrio da Administração Federal, decorrente de
valoração de conveniência e oportunidade.
A lei exclui da observância de tais exigências a extinção dos contratos de servidores
firmados com base na regra da autonomia da gestão, de que trata o art.37, §8º. CF. Significa
dizer que é mais frágil o vínculo trabalhista nesta hipótese e que, em relação a tais contratações,
será viável o exercício do direito à resilição unilateral do contrato pela União, ainda quando o
motivo tenha fundamento em razões de natureza discricionária.
O dirigente de empresa pública ou sociedade de economia mista (pessoas qualificadas
como de Direito Privado), ainda quando sejam elas meramente exploradoras de atividade
econômica, também podem ser enquadrados como ‘autoridade’ no que concerne a atos
expedidos para cumprimento de normas de Direito Público a que tais entidades estejam
obrigadas, como, ‘exempli gratia’, os relacionados às licitações públicas que promovem. (C.A).
Nesse sentido, temos a Súmula n. 333 do STJ: Cabe mandado de segurança contra ato
praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração


direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para
o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
I - o prazo de duração do contrato; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade
dos dirigentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - a remuneração do pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

O STF entende que a despeito de o empregado público de prestadora de serviço público


não gozar de estabilidade sua demissão deve ser motivada, como noticiado no Informativo nº
6997

7 Servidores de empresas públicas e sociedades de economia mista, admitidos por concurso público,
não gozam da estabilidade preconizada no art. 41da CF, mas sua demissão deve ser sempre motivada. Essa
a conclusão do Plenário ao, por maioria, prover parcialmente recurso extraordinário interposto pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT contra acórdão do TST em que discutido se a recorrente teria o dever
de motivar formalmente o ato de dispensa de seus empregados. Na espécie, o TST reputara inválida a despedida
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
47

iii. Particular em colaboração: exerce função pública (exemplo: mesários,


jurados, particulares voluntários, concessionário, delegados de função, etc).Esta
terceira categoria de agentes é composta por sujeitos que, sem perderem sua
qualidade de particulares – portanto, de pessoas alheias à intimidade do aparelho
estatal (com exceção única dos recrutados para o serviço militar) – exercem função
pública, ainda que às vezes em caráter episódico. (C.A)

obs. Q – a súmula vinculante 13 – nepotismo - não alcança os serviços extrajudiciais de


notas e registros – CLT. Podem ser funcionários de cartórios.

obs. contratação por tempo determinado. Tratando do art. 37, IX, CF: IX - a lei
estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público; diz a Constituição que a lei estabelecerá os casos
de contratação desses servidores. Assim dizendo, só se pode entender que o constituinte
pretendeu caracterizar essa relação funcional como de natureza contratual. Não obstante essa

de empregado da recorrente, ao fundamento de que “a validade do ato de despedida do empregado da ECT está
condicionada à motivação, visto que a empresa goza das garantias atribuídas à Fazenda Pública” [...] o dever de
motivar o ato de despedida de empregados estatais, admitidos por concurso, aplicar-se-ia não apenas à
ECT, mas a todas as empresas públicas e sociedades de economia mista que prestariam serviços públicos,
em razão de não estarem alcançadas pelas disposições do art. 173, § 1º, da CF, na linha de precedentes do
Tribunal..

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


48
qualificação, a lei instituidora do regime certamente poderá incluir algumas normas que mais se
aproximem do regime estatutário. O que não poderá, obviamente, é fixar outra qualificação que
não a contratual. O STJ, aliás, já teve a oportunidade de decidir, em processo de conflito de
competência, que esse tipo de contratação ‘não revela qualquer vínculo trabalhista disciplinado
pela CLT’, sendo, pois, da Justiça Federal a competência para dirimir questão de pagamento de
verbas quando for ré a União Federal8.

8 CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. SERVIÇO EXCEPCIONAL DE


INTERESSE PÚBLICO. REGIME ESTATUTÁRIO. CONFIGURAÇÃO. CONTRATO REGIDO PELAS NORMAS DE
DIREITO PÚBLICO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Compete à Justiça Federal processar e julgar
ação ordinária proposta por servidor público federal, contratado por prazo determinado, nos termos da legislação
que disciplina a contratação para atender excepcional interesse público.2. Tendo o agente sido contratado por
tempo determinado, para suprir necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX, CR), não
compete à Justiça do Trabalho processar e julgar a ação, eis que a relação jurídica estabelecida entre as partes
deve ser regida pelas normas de Direito Administrativo e não pelas normas de Direito do Trabalho. Precedentes do
STJ.Conflito conhecido para declarar competente oJuízo Federal da 2ª Vara de Ponta Grossa-PR, o suscitante. (CC
79.007/PR, Rel. MinistroCARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 12.09.2007, DJ 01.10.2007 p. 210)

O STF definiu o tema:Repercussão Geral: Contratação Temporária e Competência da Justiça


Comum:
O Tribunal, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do
Tribunal Superior do Trabalho - TST que entendera ser competente a Justiça do Trabalho para julgar
pretensão deduzida pela recorrida, admitida como professora, pelo Estado do Amazonas, sob o regime de
contratação temporária prevista em lei local (Lei 1.674/84). Na espécie, a recorrida ajuizou reclamação
trabalhista, na qual pleiteia o reconhecimento de vínculo trabalhista e as verbas dele decorrentes, ao
fundamento de que teria sido contratada pelo regime especial da Lei 1.674/84, mas que, em decorrência
das prorrogações sucessivas desse contrato, esse vínculo teria se transmudado automaticamente num
vínculo celetista. Aplicou-se a orientação fixada pelo Supremo em vários precedentes no sentido de que
compete à Justiça Comum estadual processar e julgar causas instauradas entre a Administração Pública
e seus servidores submetidos ao regime especial disciplinado por lei local editada antes da CF/88 com
fundamento no art. 106 da CF/67, na redação que lhe conferiu a EC 1/69. Asseverou-se que esse
entendimento foi reafirmado em inúmeros precedentes, já sob a égide da vigente Carta Magna. Enfatizou-
se, ademais, que várias decisões vêm sendo prolatadas no sentido de que o processamento de litígio
entre servidores temporários e a Administração Pública perante a Justiça do Trabalho afronta a decisão
do Pleno na ADI 3395 MC/DF (DJU de 10.11.2006), na qual referendada cautelar que suspendeu
liminarmente toda e qualquer interpretação conferida ao inciso I do art. 114 da CF, na redação dada pela
EC 45/2004, que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas que sejam
instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem
estatutária ou de caráter jurídico-administrativo. RE 573202/AM, rel. Min. Ricardo Lewandowski,
21.8.2008. (RE-573202).
Repercussão Geral: Contratação Temporária e Competência da Justiça Comum - 2
Mencionou-se, também, o que afirmado no julgamento da Rcl 5381/AM (DJE 8.8.2008), no sentido
de que, depois da decisão proferida na ADI 2135 MC/DF (DJE de 7.3.2008), que suspendera os efeitos
da EC 19/98 para retornar ao regime jurídico único, não haveria como, no sistema jurídico-administrativo
brasileiro constitucionalmente posto, comportar esse tipo de contratação pelo regime da CLT. Por fim,
asseverou-se que a prorrogação indevida no contrato de trabalho de servidor temporário não
transmuda esse vínculo original, de natureza tipicamente administrativa, num vínculo trabalhista.
Aduziu-se que a prorrogação do contrato, nessas circunstâncias, seja ela expressa ou tácita, em que se
opera a mudança do prazo de vigência deste, de temporário para indeterminado, pode até ensejar
nulidade ou caracterizar ato de improbidade, com todas as consequências que isso acarreta, mas não
alterar a natureza jurídica do vínculo. Vencido o Min. Marco Aurélio que afirmava que a competência seria
definida pela causa de pedir e pelo pedido, e, tendo em conta que, no caso, a recorrida ajuizara uma
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
49

Funcionário de fato é aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem
aparência de legalidade. Em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da
segurança jurídica e do princípio da presunção de legalidade dos atos administrativos reputam-
se válidos os atos por ele praticados, se por outra razão não forem viciados.

Os agentes de fato podem ser agrupados em duas categorias: os agentes necessários; e


os agentes putativos.Teoria da aparência – convalidação – terceiro de boa-fé.

a. Agentes necessários são aqueles que praticam atos e executam


atividades em situações excepcionais, como, por exemplo, as de emergência, em
colaboração com o Poder Público e como se fossem agentes de direito.
b. Agentes putativos são que desempenham uma atividade pública na
presunção de que há legitimidade, embora não tenha havido investidura dentro do
procedimento legalmente exigido.

Note-se, porém, que o agente de fato jamais poderá usurpar a competência funcional dos
agentes públicos em geral, já que este tipo de usurpação da função pública constitui crime
previsto no art. 328 do Código Penal.Usurpação de função – se passar por um agente público –
ato inexistente.
O servidor Público trabalha na pessoa jurídica de direito público, especificamente, na
Administração Direta, autarquias e fundações públicas de direito público.

reclamação trabalhista, evocando, a partir do princípio da realidade, a existência do vínculo empregatício,


reputava ser da Justiça do Trabalho a competência para dirimir o conflito de interesses. Outros
precedentes citados: RE 130540/DF (DJU de 18.8.95); RE 102358/MG (DJU de 28.9.84); RE 136179/DF
(DJU de 2.8.96); RE 215819/RS (DJU de 28.5.99); RE 367638/AM (DJU de 28.3.2003); CJ 6829/SP (j. em
15.3.89); Rcl 4903 AgR/SE (DJE de 8.8.2008). RE 573202/AM, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.8.2008.
(RE-573202
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
50

2. Regime jurídico único

Regime jurídico é o conjunto de regras de direito que regulamentam determinada relação


jurídica.
A Constituição Federal, na sua redação originária, estabelecia que os servidores deveriam
estar submetidos a regime jurídico único. No Brasil, predominou o regime estatutário, mas em
alguns Estados foi escolhido o regime celetista. A União escolheu o regime estatutário,
promulgando a Lei nº 8.112/90.
Em 1998 foi introduzida no Brasil a EC nº 19, que alterou o art. 39, CF, abolindo o regime
jurídico único. Foi autorizado o regime múltiplo, de acordo com a lei de criação. A definição do
regime passa a ser estabelecida através da lei de criação (se criar cargo o regime será
estatuário, se criar emprego o regime é celetista). Então, em uma mesma pessoa jurídica poderia
haver dois regimes.
[para titulares de cargos] No liame da função pública, composto sob a égide estatutária, o
Estado, ressalvadas as pertinentes disposições constitucionais impeditivas, deterá o poder de
alterar legislativamente o regime jurídico de seus servidores, inexistindo a garantia de que
continuarão sempre disciplinados pelas disposições vigentes quando de seu ingresso. (C.A). É
entendimento pacífico no STF a inexistência de direito adquirido a regime jurídico.
Que atividades seriam estas, passíveis de comportar regime trabalhista, se a lei assim
decidir? Só poderiam ser aquelas que – mesmo desempenhadas sem as garantias específicas
do regime de cargo – não comprometeriam os objetivos em vista dos quais se impõe o regime de
cargo como sendo o normal, o prevalente.
Não se ignora que foram admitidas levas de servidores sob regime de emprego para
funções diversas das indicadas e que não comportariam dito regime. Cite-se, a guisa de
exemplo, a Lei 9.986, de 18.7.00, que inconstitucionalmente estabeleceu o regime de emprego
público para o pessoal das agências reguladoras (suspensão na ADIn 2.310-1-DF, Rel. Min.
Marco Aurélio).
Contudo, o STF decidiu na ADI 2135, em sede cautelar, que o art. 39 padecia de
inconstitucionalidade formal (vício de procedimento). Assim, o texto originário voltou a vigorar,
definindo, novamente, o regime jurídico único, seja celetista, seja estatutário. A decisão cautelar,
em regra, tem efeitos ex nunc.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


51
A Lei nº 8.112/90 é aplicada a servidor público titular de cargo 9. Tratando-se de emprego,
o regime será trabalhista, contratual, regido pela CLT.

Regime estatutário
 Pluralidade normativa – cada ente com o seu
 Relação não contratual – não há direito à inalterabilidade da situação funcional
 Iniciativa de lei de competência privativa do chefe do executivo
 Desafia lei ordinária e não complementar
 Competência da Justiça Comum – Estadual ou Federal

Regime Trabalhista
 Unicidade normativa – todos os entes obedecem a CLT
 Natureza contratual
 Ocorrendo alteração para o regime estatutário (é opção do servidor), deve o ente
respeitar todos os direitos funcionais adquiridos pelo servidor sob o regime celetista.
 Competência da Justiça do Trabalho

Regime de emprego público – lei federal 9.962/00


 Nada mais é senão a aplicação do regime trabalhista comum às relações entre
Administração e servidor trabalhista. Aplicação primária da lei e subsidiária da CLT.
 Incidência: PESSOAS FEDERATIVAS, AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS
FEDERAIS.
 Prévia aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos
 Rescisão contratual – falta grave; acumulação ilegal; insuficiência de desempenho
apurada em processo administrativo. Não há hipótese de resilição unilateral, como na CLT.

ATENÇÃO: NÃO CONFUNDIR COM O EMPREGADO PÚBLICO DAS SEM E EP – SÓ


HÁ INCIDÊNCIA DA CLT.

9 Crítica de Celso Antônio à Lei 8.112: Aliás, a sobredita lei não apenas instituiu tal regime como o geral,
aplicável a quaisquer servidores púbicos titulares de cargo público na órbita da União, mas, também, conforme
dantes se disse, inconstitucionalmente, colocou sob sua égide servidores não concursados que haviam sido
admitidos pela legislação trabalhista e transformou seus empregos em cargos públicos, independentemente do
tempo de serviço que tivessem (art.243 e §1º.) Nisto afrontou, à generala, tanto o art.37, II, da Constituição, que
exige o concurso público de provas ou de provas e títulos para acesso a cargos públicos, quanto ofendeu
ostensivamente o art.19 e §1º. do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Este último conferiu estabilidade
à data da promulgação da Constituição, mas não autorizou mudanças em seu regime jurídico e muito menos
permitiu sua preposição em cargos públicos, pois, pelo contrário, estabeleceu que sua efetivação dependeria de
concurso público.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
52

Regime especial – temporários

 Depende de lei própria do ente federativo


 Prazo determinado + necessidade tem de ser temporária + interesse público
excepcional
 É um contrato administrativo de caráter funcional
 Não revela qualquer vínculo trabalhista – Justiça comum
 Se não houver a lei – relação de emprego - Justiça do Trabalho
 Longa permanência do vínculo temporário (sucessivas prorrogações) – STF diz que
não vira relação de emprego. Continua sendo competente a Justiça Comum.
 A união publicou a sua lei – 8.745: calamidade, surtos endêmicos, assistência e
emergências em saúde pública, recenseamentos, admissão de professores estrangeiros.

Informativo 740 STF

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


53

*Lei que prevê hipóteses genéricas de contratação temporária é inconstitucional. Lei que autoriza
contratação temporária para projetos educacionais ordinários é inconstitucional. O STF afirmou
que, em tese, é possível a contratação temporária por excepcional interesse público (art. 37, IX,
da CF/88) mesmo para atividades permanentes da Administração (como é o caso de
professores). No entanto, o legislador tem o ônus de especificar, em cada circunstância, os
traços de emergencialidade que a justificam. As alíneas "a, b, c, d, e" preveem a contratação
temporária caso o titular se afaste para gozar de licenças ou para fazer cursos de capacitação. O
STF reputou que tais hipóteses são constitucionais já que elas descrevem situações que são
alheias ao controle da Administração Pública, ou seja, hipóteses que estão fora do controle do

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


54
Poder Público e que, se este não tomasse nenhuma atitude, poderia resultar em
desaparelhamento transitório do corpo docente. Logo, para tais situações está demonstrada a
emergencialidade. A alínea "f" previa que poderia haver a contratação temporária para suprir
"outros afastamentos que repercutam em carência de natureza temporária". O STF entendeu
que esta situação é extremamente genérica, de forma que não cumpre o art. 37, IX, da CF/88. O
parágrafo único do art. 3º autoriza a contratação temporária para que a Administração Pública
pudesse implementar "projetos educacionais, com vista à erradicação do analfabetismo,
correção do fluxo escolar e qualificação da população cearense". O STF entendeu que esta
previsão também é inconstitucional porque estes são objetivos corriqueiros (normais, ordinários)
da política educacional. Desse modo, esse tipo de ação não pode ser implementado por meio de
contratos episódicos (temporários), já que não constitui contingência especial a ser atendida.
STF. Plenário. ADI 3721/CE, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 9/6/2016 (Info 829).

*São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88, a autorização legislativa genérica
para contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações
temporárias. STF. Plenário. ADI 3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/3/2017 (Info
858).

*#OUSESABER: O STJ decidiu pela possibilidade de cumulação de proventos de aposentadoria


de emprego público com remuneração proveniente de exercício de cargo temporário, conforme
consta do informativo n° 559. Conforme aduz o artigo 118, §3°, da Lei 8.112/90, tem-se por
proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
55
na atividade. Pois bem, o Tribunal Cidadão enfatizou que a vedação contida nesse
dispositivo diz respeito apenas à acumulação de proventos de aposentadoria com
remuneração de cargo ou emprego público efetivo, categorias nas quais não se insere a
função pública exercida por força de contratação temporária, a qual é preenchida via
processo seletivo simplificado, nos moldes da Lei 8.745/1993. A esse respeito, é importante
destacar que este diploma normativo estabelece, em seu artigo sexto, a proibição de contratação
de “servidores temporários” que já sejam servidores da Administração direta ou indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como de empregados ou
servidores de suas subsidiárias e controladas, veja-se: Art. 6º É proibida a contratação, nos
termos desta Lei, de servidores da Administração direta ou indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, bem como de empregados ou servidores de suas subsidiárias
e controladas.
Por último, o STJ destacou que o empregado público pertence ao RGPS, não se aplicando,
portanto, o disposto no § 10 do art. 37 da CF, segundo o qual: "É vedada a percepção
simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma
desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre
nomeação e exoneração".

3. Cargo público

É a mais simples e indivisível unidade de competência.Submete-se ao regime legal


(regime jurídico-administrativo), sendo criado por lei, com número certo, denominação própria e
competência definida em lei. O cargo só está presente na pessoa jurídica de direito público. Os
serviços auxiliares do Poder Legislativo não são criados por lei, apenas por resolução da Casa
Legislativa.
Nomeação é o ato administrativo que materializa o provimento originário.
Acerca da ascensão e transferência, vide Súmula 685 do STF (É inconstitucional toda
modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual
anteriormente investido.). Em face do art. 37, inciso II, o STF já se manifestou pela
inconstitucionalidade de algumas formas de provimento derivado, tais como a ascensão e a
transferência, o que resultou na revogação dos incisos III e IV do art. 8º da Lei nº 8.112/90
(extraído do roteiro de estudo n. 9, de autoria do Des. Luiz Alberto Gurgel de Faria).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


56
No liame da função pública, composto sob a égide estatutária, o Estado, ressalvadas as
pertinentes disposições constitucionais impeditivas, deterá o poder de alterar legislativamente o
regime jurídico de seus servidores, inexistindo a garantia de que continuarão sempre
disciplinados pelas disposições vigentes quando de seu ingresso. É entendimento pacífico no
STF a inexistência de direito adquirido a regime jurídico.

Obs: Criação, extinção e transformação de cargos – competência do CN.

Extinção quando vagos – decreto do Chefe do Executivo

Transformação sem aumento de despesa é mera reorganização administrativa – não


precisa de lei.

CD e SF – resolução sem sanção do Presidente

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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4. Emprego público

É a unidade de competência com encargo (núcleo de encargo permanente). O regime é


contratual, trabalhista, regido pela CLT. Pode aparecer em pessoa jurídica de direito público ou
de direito privado.
Empregos públicos são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem
preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los, sob relação trabalhista, como, aliás,
prevê a Lei 9.962, de 22.2.2000. Quando se trate de empregos permanentes na Administração
direta ou em autarquia, só podem ser criados por lei, como resulta do art.61, §1º., II, a. Nas
pessoas de Direito Privado da Administração Indireta, isto é, nas empresas públicas e
sociedades de economia mista e fundações governamentais de Direito Privado, só há
empregos.

5. Função

É um conjunto de atribuições e responsabilidades atribuídas a um servidor. Também é


criada por lei. Atualmente, na CF, a uma função especial permitida de confiança, servindo à
direção, cheia ou assessoramento. A função de confiança só pode ser atribuída aos que tem
cargo efetivo.
As funções públicas são plexos unitários de atribuições, criados por lei, correspondentes a
encargos de direção, chefia ou assessoramento, a serem exercidas por titular de cargo efetivo,
da confiança da autoridade que as preenche.
As atribuições decorrentes da função de confiança resultam em acréscimo remuneratório,
devido as maiores responsabilidades. É por isso que alguns denominam de função gratificada.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


58
Todo cargo tem função, mas nem toda função pressupõe cargo.

Obs. servidor que realiza outras funções não designadas para o seu cargo – desvio de
função

6. Cargo de confiança (cargo em comissão)

Também é utilizado para direção, chefia e assessoramento, podendo ser exercido por
qualquer pessoa, atendidos os requisitos mínimos. É cargo de livre nomeação e livre exoneração
(ad nutum). A Constituição reservou um número mínimo para que sejam nomeados os servidores
de carreira para garantir a continuação do serviço público.

OBS. NOMENCLATURAS (O SAMBA DO CRIOULO DOIDO).

 Função gratificada, gratificação de função, função de confiança – são funções


específicas de direção, chefia ou assessoramento que acarretam uma vantagem pecuniária. Só
pode ser exercida por servidores ocupantes de cargo efetivo.
 Cargo em comissão, função comissionada, cargo de confiança– podem ser
ocupados por servidores ocupantes de cargo efetivo ou não.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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7. Cargo Público – Classificação:

 Quanto à posição estatal

a) Cargo de carreira: é o cargo que possui plano de ascensão funcional; 1ª


classe, 2ª classe.
b) Cargo isolado: não há oportunidade de crescimento na carreira.

 Quanto à sua vocação para retenção (garantia de permanência)

a) Cargo em comissão: ocupação provisória. Baseado na confiança, de livre


nomeação e exoneração. Não há garantia de permanência;
b) Cargo efetivo:ocupação permanente. Depende de concurso público e há
garantia de permanência. É pressuposto para estabilidade. Se o servidor tem cargo
efetivo é preciso de processo administrativo ou judicial ou avaliação negativa de
desempenho (EC 19/98)
c) Cargo vitalício: a perda do cargo vitalício depende de processo judicial
(magistrados, membros do Ministério Público e Conselheiros dos TC).Pode ser por
processo administrativo se for antes dos dois anos. A vitaliciedade é estabelecida na CF e
somente por EC pode ser criada nova hipótese.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


60

8. Formas de Provimento

Provimento significa o preenchimento do cargo público. Pode ser subdividido em duas


categorias: provimento originário e provimento derivado.

i. Provimento Originário – não há vínculo anterior com o mesmo estatuto.


ii. Provimento Derivado Vertical - (é aquele em que há plano de elevação funcional,
com ascensão na carreira), exemplo: promoção. Derivado – há vínculo anterior com o mesmo
estatuto.
iii. Provimento Derivado Horizontal (há mudança de cargo, mas sem elevação
funcional), exemplo: readaptação.
iv. Provimento Derivado por Reingresso (é o retorno do servidor para a mesma
carreira)

Súmula 685: É INCONSTITUCIONAL TODA MODALIDADE DE PROVIMENTO QUE


PROPICIE AO SERVIDORINVESTIR-SE, SEM PRÉVIA APROVAÇÃO EM
CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO SEU PROVIMENTO, EM CARGO QUE NÃO
INTEGRA A CARREIRA NA QUAL ANTERIORMENTE INVESTIDO.

Formas de provimento:

a) Nomeação: atribuição de um cargo a um servidor. Com a posse, há aceitação do


cargo com o compromisso de bem servir. É nesse momento que a relação jurídica é
constituída (investidura- POSSE). O servidor tem 30 dias para tomar posse, que se não for
feita no prazo legal, ficará sem efeito. Após, o servidor tem 15 dias para entrar em exercício
(com o exercício passa a ter direito à remuneração).Se não o fizer, o servidor será exonerado.
O candidato nomeado tem direito à posse (Súmula 16 STF). Há nomeação para cargo efetivo
e há nomeação para cargo em comissão.
b) Promoção: sai de uma classe para outra no âmbito da sua carreira. Obsascensão –
servidor vai da maior classe de sua carreia para a menor de carreira diversa. Transferência –
servidor vai para classe de mesmo nível em carreira diversa. NÃO é mais possível ocorrer a
transferência nem a ascensão.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


61
Obs.cessão de servidor – empréstimo temporário. É discricionário. Não há direito
subjetivo do servidores. Pode ser com ônus (ele paga a remuneração) ou sem ônus
para o cedente (cessionário arca com a remuneração).

c) Reintegração: acontece quando comprovada a ilegalidade da desinvestidura do


servidor (exemplo: ilegalidade da demissão). O retorno pode ocorrer por processo judicial ou
administrativo para cargo de origem. Se o cargo for transformado, o servidor vai retornar para
o resultado da transformação. Vai receber todas as vantagens do período em que esteve
afastado (art. 28, da Lei nº 8.112/90);

d) Recondução: acontece quando ocorrer a reintegração do antigo ocupante do cargo


ou quando for inabilitado no estágio probatório de outro cargo. O servidor retornará ao cargo
anterior (de origem) se estiver vago, caso esteja ocupado retornará para cargo equivalente
vago. Não havendo cargo equivalente vago, ele ficará em disponibilidade e será remunerado
proporcionalmente ao tempo de serviço (art. 29, da Lei nº 8.112/90);A reintegração e a
recondução são garantias do servidor estável, OU SEJA, não sendo estável ele pode ser
exonerado caso o servidor volte por meio da reintegração.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


62

e) Aproveitamento: é o retorno do servidor em disponibilidade. O servidor fica em


disponibilidade quando o seu cargo é extinto por ser considerado desnecessário. É
disponibilidade remunerada. (art. 30 a 32, da Lei nº 8.112/90);

Obs.disponibilidade

 Extinção do cargo (lei) OU declaração de desnecessidade (STF - lei).


 Incidência – servidores: estatutários e trabalhistas (empregados públicos)
 Efeitos: servidor percebe remuneração proporcional ao tempo de serviço (e não
ao tempo de contribuição) + dever da Administração em promover o seu
aproveitamento em cargo compatível.

f) Reversão: acontece quando insubsistentes os motivos da aposentadoria por


invalidez, declarado por junta médica.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


63
Também cabe reversão a pedido do servidor, mas no interesse da Administração (art. 25,
da Lei nº 8.112/90) – acrescentado por MP de 2001. José considera inconstitucional.

Não cabe mais a readmissão.

g) Readaptação: servidor ocupa cargo diverso que se compatibiliza com a limitação


ocorrida em sua capacidade física ou psíquica.
São formas de reingresso – reintegração, reversão e aproveitamento.

Formas de Deslocamento
Ficam dentro do mesmo quadro. Diferentemente do provimento derivado.
1. Remoção: é o deslocamento do servidor de acordo com as necessidades do
serviço. Pode ser uma remoção de ofício ou a pedido (art. 36, da Lei nº 8.112/90);]

*#OUSESABER: No EREsp 1.157.628-RJ, julgado em 07/12/2016 e publicado no DJe de


15/02/2017, a Corte Especial do STJ decidiu que: "A 'teoria do fato consumado' não pode ser
aplicada para consolidar remoção de servidor público destinada a acompanhamento de cônjuge,
em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja perdurado por
vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do julgamento de mérito".
No mesmo sentido, o STJ já havia se manifestado no acórdão paradigma, o AgRg no REsp
1.453.357-RN, segundo o qual "a teoria do fato consumado visa preservar não só interesses
jurídicos, mas interesses sociais já consolidados, não se aplicando, contudo, em
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
64
hipóteses contrárias à lei, principalmente quando amparadas em provimento judicial de
natureza precária".

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para


consolidar remoção de servidor público destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese
que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja perdurado por vários anos
em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do julgamento de mérito. Em outras
palavras, se a pessoa consegue uma decisão provisória garantindo a ela a remoção e,
posteriormente, esta decisão é revogada, esta remoção terá que ser desfeita mesmo que já
tenha se passado muitos anos. Não se aplica a "Teoria do Fato Consumado" em relação a atos
praticados sob contestação das pessoas envolvidas, que o reputam irregular e manifestam a
existência da irregularidade nas vias adequadas, ainda que, pela demora no transcurso do
procedimento destinado à apuração da legalidade do ato, este gere efeitos no mundo concreto.
Verificada ou confirmada a ilegalidade, o ato deve ser desfeito, preservando-se apenas aquilo
que, pela consolidação fática irreversível, não puder ser restituído ao status quo ante. Se a
Administração Pública, mesmo após a decisão liminar, continuou questionando no
processo a legalidade da remoção do servidor/autor, não se pode aplicar a teoria do fato
consumado, devendo o ato ser desfeito, salvo se tivesse havido uma consolidação fática
irreversível (ou seja, se não fosse mais possível voltar ao "status quo ante"). STJ. Corte
Especial. EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/12/2016 (Info 598).

2. Redistribuição: deslocamento do servidor em razão de uma reorganização


dos quadros (normalmente quando extingue órgão ou entidade), art. 37, da Lei nº
8.112/90.
3. Substituição: depende da Lei de Organização da carreira (art. 38 e 39, Lei nº
8.112/90);
Desinvestidura:
a) Demissão: é pena, sanção pela prática de infração grave;
b) Exoneração: o servidor deixa o cargo, é um desligamento sem caráter
punitivo. Ocorre a pedido do servidor; ou quando o servidor tomou posse em 15 dias e
não entrou em exercício; ou exoneração “ad nutum” nos cargos em comissão; ou quando
for inabilitado no estágio probatório; ou nos casos de excesso de despesa com pessoal
(art. 169, CF); ou na acumulação ilegal de cargos, escolhendo o servidor o cargo que quer
permanecer.Se estiver de boa-fé haverá exoneração, se ficar comprovada a má-fé será
demitido.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
65
Com a desinvestidura ocorre a vacância do cargo (art. 33, da Lei nº 8.112/90).
Hipóteses de vacância
 Exoneração
 Demissão
 Promoção
 Readaptação
 Aposentadoria
 Falecimento do servidor

O filho de membro do Ministério Público do Trabalho tem, em razão da mudança de domicílio de


seu pai para tomar posse no cargo de Desembargador Federal do Trabalho, direito a ser
transferido para instituição de ensino superior congênere, nos termos do art. 49 da Lei nº
9.394/96, c/c art. 1º da Lei nº 9.536/97. STJ. 2ª Turma. REsp 1.536.723-RS, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 13/10/2015 (Info 571).

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação
aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas
federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os
referidos limites.

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado
na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
adotarão as seguintes providências: I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas
com cargos em comissão e funções de confiança;
II - exoneração dos servidores não estáveis.

Atualmente vige a Lei Complementar 101, de 4.5.2000, conhecida como Lei de


Responsabilidade Fiscal, cujo art.19 fixou, para a União, o limite de tais dispêndios [despesa
com pessoal ativo e inativo, nos termos do art.169 da CF] em 50% da receita corrente líquida (a
qual é definida no art.2º., IV, dessa lei), e para Estados, DF e Municípios em 60%. (C.A)

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


66
A determinação da perda dos cargos por parte dos servidores estáveis, com indenização
correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço, parece-nos flagrantemente
inconstitucional, por superar os limites do poder de emenda. (C.A)

#OUSESABER: O que é desenquadramento no Direito Administrativo? Em tempos de crise


financeira e orçamentária em alguns Estados da Federação, faz-se necessário falar em
desenquadramento, que nada mais é do que a exoneração de servidores públicos, com o
espoco de adequar as despesas com pessoal ao limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ressalta-se que se trata de medida dura e que, portanto, a CF veda a criação de cargo,
emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos,
bem como prevê uma indenização para os servidores estáveis à época da exoneração.

9. Direitos

1. Remuneração e vencimento

 Direito à remuneração (vencimentos) - Subdivide-se em duas modalidades


diferentes: remuneração/vencimentos (vencimento/salário base + parcela variável*) ou
subsídio (parcela única). O subsidio é auferido pelos chefes do Executivo, vices e
auxiliares imediatos, membros do Poder Legislativo, magistrados, membros do Ministério
Público, ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas, AGU, policiais e cargos de
carreira organizados com elevação funcional. Fora do subsídio, é admitido o pagamento
de garantias do art. 39, §3º, CF, e das verbas indenizatórias (exemplo: diária, transporte
etc.).
*Depende das condições de cada servidor.
Incorporações: vantagem percebida por determinado tempo que é incorporado ao
vencimento base.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


67

§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX,
XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos
diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da
lei;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do
normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da
lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


68
A Emenda Constitucional nº 19/98 criou o teto remuneratório (parâmetro do Ministro do
STF) e a Emenda Constitucional nº 41/03 criou o subteto remuneratório de cada esfera de poder.

obs. A EC 41/03 mandou que fossem reduzidas todas as remunerações que


ultrapassassem o teto, desrespeitando o direito adquirido. STF considerou constitucional.

# TETO REMUNERATÓRIO As vantagens pessoais do servidor também devem respeitar o teto,


mesmo que sejam anteriores à EC 41/2003. STF. Plenário. RE 606358/SP, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 18/11/2015 (repercussão geral) (Info 808).

INF/STF - 747 julho/2014.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


69

Súmulas Vinculantes nº 4, 6 e 15.


Súmula Vinculante 4: Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de
empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
Súmula Vinculante 6: Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior
ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público
não incide sobre oabono utilizado para se atingir o salário mínimo.
Súmula Vinculante 16: Osartigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da
Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
Súmula Vinculante 20: A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-
Administrativa – GDATA, instituída pela Lei nº 10.404/2002, deve ser deferida aos inativos
nos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de
fevereiro a maio de 2002 e, nos termos do artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº 10.404/2002, no
período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se
refere o artigo 1º da Medida Provisória no 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60
(sessenta) pontos.

# SUSPENSÃO CAUTELAR DE GRATIFICAÇÃO SUPOSTAMENTE INDEVIDA Durante o


processo administrativo instaurado para apurar a legalidade de determinada gratificação, a
Administração Pública pode determinar, com fundamento no poder cautelar previsto no art. 45 da
Lei nº 9.784/1999, a suspensão do pagamento da verba impugnada até a decisão definitiva do
órgão sobre a sua validade no âmbito do procedimento aberto. STF.2ª Turma.RMS 31973/DF,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/2/2014 (Info 737).

Irredutibilidade da remuneração (art. 37, XV, CF; art. 41, §3º - estendeu aos servidores
públicos regidos pela legislação trabalhista – emprego público). A remuneração não pode ser
reduzida, salvo para adequação ao teto. Não se incluem as gratificações e adicionais de caráter
transitório.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


70
# Lei estadual de 2007 fixou aumento na remuneração dos servidores públicos estaduais. A Lei
entrou em vigor na data de sua publicação, mas estabeleceu que os efeitos financeiros desse
aumento seriam contados somente a partir do primeiro dia do ano seguinte. Ocorre que, antes
que chegasse a data prevista como início do reajuste, a referida Lei foi revogada por uma outra.
O STF entendeu que esta Lei revogadora é inconstitucional por violar o direito adquirido (art. 5º,
XXXVI, da CF/88) e o princípio da irredutibilidade dos vencimentos (art. 37, XV). A Lei que
concedeu o reajuste entrou em vigor na data de sua publicação. Apenas os efeitos financeiros é
que foram postergados para o dia 1º/1/2008. No momento em que a Lei entrou em vigor, os
servidores passaram a ter direito adquirido ao reajuste, ainda que os efeitos financeiros somente
fossem em data futura. STF. Plenário. ADI 4013/TO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
31/3/2016 (Info 819).

O art. 1º da Lei nº 10.698/2003 concedeu reajuste aos servidores públicos federais de todos os
Poderes, porém em percentuais diferentes. A diferença entre o maior e o menor reajuste foi de
13,23%. Os servidores que receberam o menor percentual alegaram que o mencionado art. 1º
representou uma revisão geral anual, tendo, no entanto, violado o art. 37, X, da CF/88,
considerando que foi feita com índices diferentes, o que não é permitido por esse dispositivo
constitucional. Diante disso, pediram que fosse concedida a incorporação dos 13,23% em sua
remuneração. A 1ª Turma do TRF1 (órgão fracionário do Tribunal) concedeu a incorporação
pedida. Para o STF, esta decisão violou as súmulas vinculantes 10 e 37. A 1ª Turma do TRF1,
mesmo sem dizer isso expressamente, fez um controle de constitucionalidade do art. 1º da Lei nº
10.698/2003 concluindo que este dispositivo incidiu em inconstitucionalidade por omissão parcial.
No entanto, como se trata de órgão fracionário do TRF, houve violação ao art. 97 da CF/88 e da
SV 10: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de
tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte." Além disso, houve violação da
SV 37: "Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob fundamento de isonomia." STF. 2ª Turma. Rcl 14872, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 31/5/2016 (Info 828).

*O término da incorporação dos 11,98%, ou do índice obtido em cada caso, oriundo das perdas
salariais resultantes da conversão de cruzeiro real em URV, na remuneração do servidor, deve
ocorrer no momento em que a carreira passa por uma restruturação remuneratória. STJ. 3ª
Seção. EREsp 900.311-RN, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/2/2017 (Info 598).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


71

Salário mínimo – remuneração não pode ser inferior.

Obs. revisão remuneratória – lei específica, anual, geral.


- Ausência de lei – incondicionalidade por omissão, mas não pode o Judiciário determinar
a revisão.
- Índico de reajuste – Súmula 681 STF

- revisão geral x específica.

STF – Informativo 721


Conversão monetária: competência e irredutibilidade de vencimentos
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
72
O direito de servidor público a determinado percentual compensatório em razão de
incorreta conversão do padrão monetário — de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor - URV
— decorre exclusivamente dos parâmetros estabelecidos pela Lei 8.880/94, e o quantum
debeatur deve ser apurado no momento da liquidação de sentença. Ademais, esse percentual
não pode ser compensado ou abatido por aumentos remuneratórios supervenientes e deve
incidir até reestruturação remuneratória de cada carreira, que, ao suprimir o índice, não poderá
ofender o princípio da irredutibilidade de vencimentos. Essa a conclusão do Plenário, que proveu
parcialmente recurso extraordinário no qual se discutia a conversão dos vencimentos de
servidora pública estadual, tendo em conta a diferença de padrões estabelecidos entre a Lei
8.880/94 e a Lei 6.612/94, do Estado do Rio Grande do Norte. No mérito, explicou-se que a Lei
8.880/94, instituidora do Plano Real, regulara a conversão do Cruzeiro Real em URV, parâmetro
viabilizador da criação do Real. Afirmou-se que, no momento da conversão, inúmeros servidores
públicos teriam sido prejudicados em decorrência dos critérios adotados, haja vista o decréscimo
em seus vencimentos. Destacou-se haver casos específicos em que o prejuízo teria sido ainda
maior, em decorrência de leis estaduais que teriam modificado os parâmetros de conversão
firmados pela lei nacional. Sublinhou-se o art. 22, VI, da CF (“Art. 22. Compete privativamente à
União legislar sobre: ... VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais”) e
aduziu-se que essa competência privativa da União seria tema pacífico. Asseverou-se que a Lei
8.880/94 trataria de sistema monetário, ao passo que seu art. 28 cuidaria da conversão da
remuneração de servidores públicos de maneira geral, e não apenas federais. Assim, salientou-
se o caráter nacional dessa norma. Concluiu-se que estados-membros e municípios não
estariam autorizados a legislar sobre a matéria em detrimento do que previsto na Lei 8.880/94.
Demonstrou-se que esse entendimento estaria de acordo com a jurisprudência da Corte. No
caso, apontou-se que a Lei potiguar 6.612/94 não poderia ter disciplinado a conversão do padrão
monetário a ser observado em relação aos servidores estaduais de forma distinta daquela
disposta na Lei 8.880/94. Portanto, seria formalmente inconstitucional. Assim, a Corte declarou,
incidenter tantum, a inconstitucionalidade da referida Lei 6.612/94, do Estado do Rio Grande do
Norte.
Reputou-se que a simples conversão de padrão monetário seria distinta de aumento da
remuneração, pois naquele caso os vencimentos permaneceriam no mesmo patamar, conforme
precedentes do STF. Assim, nos termos do art. 169, § 1º, I e II, da CF, a concessão de vantagem
ou aumento de remuneração é que dependeriam de prévia dotação orçamentária. No particular,
não se cuidaria de qualquer dessas duas hipóteses, porquanto a incorporação do índice
compensatório representaria apenas medida a evitar perda remuneratória, e não acréscimo nos
vencimentos. Rememorou-se que o índice de 11,98% fora reconhecido aos servidores federais
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
73
no âmbito do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público (ADI 2323 MC/DF, DJU de
20.4.2000). No caso do Executivo Federal, por exemplo, o servidor não teria direito ao aludido
percentual, nos termos do que já decidido pela Corte. Sublinhou-se que o direito a diferença
decorrente da conversão do Cruzeiro Real em URV incidiria quando o cálculo considerasse valor
discrepante do correspondente à data do efetivo pagamento, conforme também já reconhecido
pelo STF. Explicitou-se que a incorporação de determinado índice decorrente de conversão
equivocada seria medida legítima e necessária, sob pena de a supressão originar ofensa ao
princípio da irredutibilidade da remuneração dos servidores públicos. Eventual exclusão do índice
durante período em que não alterada a estrutura remuneratória do servidor representaria medida
ofensiva ao direito adquirido. Consignou-se que esse índice seria devido em decorrência de
equívoco na conversão da moeda, o que não impediria seu acúmulo com índice de aumento
posterior concedido a servidores para assegurar poder de compra. Entretanto, a incorporação do
índice compensatório não poderia subsistir quando a carreira tivesse sofrido reestruturação, pois
o percentual não poderia permanecer indeterminadamente. Assim, por exemplo, com a entrada
em vigor da Lei 10.475/2002, a reestruturar as carreiras dos cargos efetivos da Justiça Federal,
os valores das parcelas decorrentes de decisões administrativas e judiciais teriam sido
absorvidos pela nova tabela de vencimentos. Nesse sentido, a possibilidade de o regime jurídico
de servidor público sofrer alterações obstaria a tese de que o montante compensatório devesse
ser mantido indefinidamente. Portanto, seria correto vedar a compensação desse percentual com
aumentos supervenientes concedidos a servidores públicos. RE 561836/RN, rel. Min. Luiz Fux,
25 e 26.9.2013.

A CF veda a equiparação e a vinculação da remuneração do servidor (art. 37, XIII, CF) –


vinculação à remuneração de outro cargo ou vinculação ao salário mínimo. A remuneração é
fixada por lei.
Descontos: falta sem motivo justificado (é possível a compensação de faltas); atrasos
(proporcional ao atraso), consignação em folha de pagamento (a critério da administração e com
autorização do servidor), débito ao erário (débito do servidor pode ser até cinco vezes o valor da
remuneração – prazo de 60 dias para o pagamento se for demitido ou exonerado. Se não for
pago nesse prazo será inscrito na dívida ativa).
A remuneração do servidor não pode ser objeto de penhora, arresto e sequestro, salvo se
for débito alimentar.
Obs. Pagamento com atraso = dívidas de valor – correção monetária e juros de mora.
Sobre os juros não incide I.R. (natureza indenizatória).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


74
Obs. Pagamento a maior = é descabido o desconto, quando constatada a boa fé do
servidor.

*GREVE: A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação


decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão
do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O
desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta
ilícita do Poder Público. (STF, Info 845).

*Não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do


servidor público dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de
greve. STJ. 2ª Turma. RMS 49.339-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 6/10/2016 (Info
592)

*#OUSESABER: A greve é um direito entabulado constitucionalmente, no artigo 37, inciso VII, da


CF/88. Trata o citado artigo de norma constitucional de eficácia limitada, pois inexiste para o
agente público lei regulamentando o procedimento para a instauração de greve. Diante da
omissão legislativa, o STF pacificou o entendimento, por meio dos MIs n. 708, 670, aplicando
analogicamente a Lei nº 7783/1989 ao caso, visando a efetivar este direito. De acordo com o
novel entendimento do Supremo à luz do REXT 693456/RJ, o desconto em folha de pagamento
dos servidores públicos passa a ser consectário lógico da suspensão do vínculo funcional
decorrente da instauração dos movimentos grevistas. Não se deve admitir que, na reivindicação
de direitos, o movimento paredista prejudique as atividades de outros setores e extirpe os
cidadãos dos direitos fundamentais que circundam o exercício pleno de suas atividades. Assim,
a possibilidade do desconto passa a ser regra geral, sendo despicienda a prévia
decretação de ilegalidade da greve para tal fim, somente sendo vedado quando a
paralisação dos serviços for decorrente de conduta ilícita imputável ao Poder Público,
como o atraso de salários. Em que pese a prevalência que deve ser conferida às soluções
consensuais dos conflitos em torno do direito de greve, NÃO há norma cogente à luz da
legalidade estrita (art.37/CF/88) que vincule o Poder Público em condicionar eventual desconto
dos dias não trabalhados por servidores grevistas à frustração prévia de medidas
compensatórias ofertadas, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal. (RE
693456/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 27/10/2016) Neste sentido, entende-se que a compensação
dos dias não trabalhados como meio mais brando que o desconto salarial está no âmbito
da discricionariedade administrativa, sendo portanto terreno insindicável ao Poder
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
75
Judiciário. Por fim, é imperioso salientar que não se mostra razoável a possibilidade de
desconto em parcela única sobre a remuneração dos dias parados e não compensados
provenientes do direito de greve, sendo legítimo o parcelamento nas folhas de pagamento
vindouras, conforme entendimento recente do STJ. (RMS 43.339-SP).

2. Vantagens

 Vantagens: podem ser indenizações (não se incorpora à remuneração do


servidor) ou gratificações e adicionais.
O valor de cada verba indenizatória será fixado em regulamento.

*Concursos federais: Independentemente da categoria profissional, todos os servidores da


União, civis e militares, e os empregados de entidades paraestatais de natureza autárquica que
operam, de forma habitual, diretamente com raios X e substâncias radioativas, próximo às fontes
de irradiação, têm o direito à redução da duração máxima da jornada de trabalho de 40 para 24
horas semanais prevista no art. 1º da Lei nº 1.234/50. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.569.119-
SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


76
2.1. Indenizações

Na verdade, não são vantagens. Não integram a remuneração. Não incide I.R. nem
contribuição social.
a) Ajuda de custo é a indenização paga ao servidor quando é deslocado no
interesse da Administração Pública. É paga durante o período de 03 meses. Restituir se
não se deslocar em 30 dias.

#INF. 569 - STJ


A fixação de limitação temporal para o recebimento da indenização prevista no art. 51, I,
da Lei 8.112/1990, por meio de normas infralegais, não ofende o princípio da legalidade. STJ. 1ª
Seção. REsp 1.257.665-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 8/10/2014 (recurso
repetitivo) (Info 569).
- O art. 52 da Lei nº 8.112/90 determina de forma expressa que os critérios para a
concessão da ajuda de custo sejam regulamentados por norma infralegal. Confira: Art. 51.
Constituem indenizações ao servidor: I - ajuda de custo; (...) Art. 52. Os valores das
indenizações, assim como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos em
regulamento.

b) Diária: se o deslocamento é eventual ou temporário, o servidor tem direito à


diária (compensar o afastamento da sede de forma transitória). A diária depende de
regulamento, de regra da carreira.
c) Transporte: é uma verba indenizatória por estar o servidor executando o
serviço com o carro pessoal. Destina-se a compensar as despesas com a utilização de
veículo próprio para prestação do serviço. Ex. Oficial de Justiça.
d) Auxílio-moradia: serve para compensar despesas com aluguel ou hotel. Nem
todas as carreiras têm direito ao auxílio-moradia. É pago no prazo de um mês da
comprovação da despesa. Art. 60-B, Lei nº 8.112/90. Limitado a 25% da remuneração do
servidor. Se tiver apartamento funcional, o servidor tem que fazer uso dele.

#OUSESABER: O auxílio alimentação se estende aos servidores inativos? NÃO!!!! A


resposta da controvérsia em comento - que já era objeto da súmula 680 do STF - foi
recentemente cristalizada na súmula vinculante n. 55 segunda a qual "o direito ao auxílio
alimentação não se estende aos servidores inativos". Isso se dá em razão do auxílio ter
natureza de verba indenizatoria "propter officium", posto que se destina a cobrir os custos de
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
77
alimentação que o servidor deve arcar durante a jornada de trabalho. Assim, não há razão
jurídica para fundamentar a sua extensão para os inativos. A mesma lógica já foi usada pelo
STF para afastar pleito de procuradores de justiça aposentados que desejavam seguir
recebendo auxílio moradia na inatividade, muito embora a SV se limite ao auxílio refeição.

Súmula vinculante 55: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores


inativos.
STF. Plenário. Aprovada em 17/03/2016, DJe 28/03/2016.
Obs.: trata-se da conversão em súmula vinculante da antiga súmula "comum" 680 do STF.

#INFO. 839/STF – 2016


Servidor que recebeu auxílio-moradia apresentando declaração falsa de que havia se mudado
para outra cidade terá que ressarcir o erário e devolver os valores recebidos mesmo que já se
tenha passado mais de 5 anos desde a data em que o pagamento foi autorizado. STF. 1ª Turma.
MS 32.569/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em
13/09/2016 (Info 839).
Vejamos os comentários do Dizer o Direito:
Quais os argumentos invocados pelo STF para a decisão? Os Ministros ficaram divididos.
A 1ª Turma do STF é composta por 5 Ministros, que votaram assim:  Ministros Marco Aurélio e
Luiz Fux: votaram pela concessão do mandado de segurança com base no princípio da
segurança jurídica e por não vislumbrarem a ocorrência de má-fé da servidora.  Ministro Edson
Fachin: votou pela denegação do mandado de segurança. Defendeu que deveria ser aplicado o
art. 37, § 5º da CF/88, que, em sua visão, prevê a imprescritibilidade das ações de ressarcimento
propostas pelo Estado contra o agente que tenham causado prejuízos ao erário. Além disso,
afirmou que analisar se a servidora estava ou não de boa-fé é algo que significa reexame de
fatos e provas e, portanto, não pode ser tratado em mandado de segurança, sendo necessária a
propositura de uma ação ordinária.  Ministros Roberto Barroso e Rosa Weber: votaram pela
denegação do mandado de segurança. Sustentaram, no entanto, uma tese diferente do Min.
Fachin. Para os Ministros Barroso e Weber, no caso concreto ficou caracterizada a evidente má-
fé da servidora, considerando que ela já residia em Brasília (DF) há muitos anos e simulou que
havia se mudado do Rio de Janeiro para lá com o objetivo de receber o benefício. Assim, como
ficou provada a má-fé, não se aplica o prazo de 5 anos do art. 54, caput, da Lei nº 9.784/99 por
causa da parte final do dispositivo: Art. 54. O direito da Administração de anular os atos

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


78
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
Não confundir com o que foi decidido no RE 669069/MG: No RE 669069/MG, um julgado
que foi bastante comentado, o STF decidiu que é "é prescritível a ação de reparação de danos à
Fazenda Pública decorrente de ilícito civil." (STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 3/2/2016. Info 813). Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um
dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá ajuizar a ação no
prazo prescricional previsto em lei. Vale ressaltar, entretanto, que essa tese não alcança
prejuízos que decorram de atos de improbidade administrativa que, até o momento, continuam
sendo considerados imprescritíveis (art. 37, § 5º). Desse modo, o caso decidido no RE
669069/MG, por envolver "ilícitos civis" não se aplica à situação acima explicada, que tratava de
uma conduta administrativa da servidora que, em tese, poderia até mesmo configurar
improbidade administrativa.

2.2. Gratificações e adicionais

As gratificações e adicionais incorporam-se ao vencimento do servidor, nos casos e


condições indicados em lei.
a) Gratificação por função de direção, chefia e assessoramento: a função de
confiança depende de lei específica e define o seu valor.
b) Gratificação natalina: 1/12 da remuneração mensal do servidor por cada mês
trabalhado. O pagamento deve ser feito até o dia 20 de dezembro de cada ano. É possível
receber o 13º salárioparcelado.
c) Adicional por atividade insalubre, perigosa e penosa: o trabalho deve ser
habitual nessas condições especiais. É preciso de lei específica para regulamentar a
situação.
d) Adicional por serviço extraordinário (hora extra): é remunerada com
acréscimo de 50%. O horário extraordinário não pode ser realizado todos os dias, tem que
ser feito fora do normal. A hora extra é limitada por duas horas a cada jornada.
e) Adicional noturno: é o horário entre as 22h às 05h. É paga com acréscimo de
25% da hora normal. A hora trabalhada corresponde a 52,30 da hora normal.
f) Adicional de férias: corresponde a 1/3 da remuneração do período das férias.
g) Gratificação por encargo de curso ou concurso: pago ao servidor que
ministra curso (instrutor), compõe a banca examinadora de concurso ou é fiscal do
concurso.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
79

HORA EXTRA. GRATIFICAÇÃO NATALINA. SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS.


O adicional pela prestação de serviço extraordinário (hora extra) não integra a base de
cálculo da gratificação natalina dos servidores públicos federais, pois não se enquadra no
conceito de remuneração do caput do art. 41 da Lei n. 8.112/1990. , Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 28/9/2010.
Não há garantia à continuidade de recebimento de adicional por tempo de serviço em
percentual superior àquele previsto em legislação posterior sob o fundamento de direito
adquirido. STF. Plenário. MS 22423/RS, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Gilmar
Mendes, julgado em 26/11/2015 (Info 809).

3. Férias

30 dias de férias, podendo ser acumulada por no máximo dois períodos, salvo casos
previstos em lei específica. Se o trabalho é realizado com Raio-X ou substâncias radioativas é
concedido 20 dias consecutivos de férias a cada seis meses, sendo vedada a acumulação.
O período aquisitivo é de 12 meses e o pagamento das férias deve ser feito com 2 dias de
antecedência do início do período de férias. O pagamento das férias também pode ser feito de
forma parcelada, em até três parcelas, a pedido do servidor e no interesse da Administração
Pública.
Em caso de exoneração, o servidor tem direito à indenização do período de férias,
recebendo proporcionalmente ao tempo trabalhado (1/12 para cada mês de exercício).
A interrupção das férias do servidor pode ocorrer por calamidade pública, por comoção
interna, para trabalhar no Júri, em caso de serviço militar, justiça eleitoral ou necessidade do
serviço declarada pelo chefe.

INFO. 566, STJ - 2015


Maria, servidora pública, estava grávida. A criança nasceu em março/2015. A partir daí,
ela começou a usufruir a licença-maternidade (que é de 180 dias). Em setembro/2015, a
servidora retornou ao trabalho. Quando voltou a trabalhar, Maria foi até o departamento de
recursos humanos do órgão e explicou o seguinte para a diretora do setor: "minhas férias
estavam marcadas para julho/2015. Ocorre que neste período eu estava de licença-maternidade.
Logo, minhas férias foram interrompidas e eu quero agora remarcar esse período de férias
referente a julho/2015 para dezembro/2015." O pedido de Maria poderá ser aceito? NÃO. A Lei
nº 8.112/90 não assegura à servidora pública o direito de usufruir, em momento posterior, os dias
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
80
de férias já gozados em período coincidente com o da licença à gestante. Ao contrário do que
afirma Maria, houve sim o gozo das férias, ainda que ao mesmo tempo em que ela fazia jus à
licença-maternidade, visto que a referida licença não é causa interruptiva das férias. STJ. 2ª
Turma. AgRg no RMS 39.563-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/8/2015 (Info
566).

4. Licenças

i. Licença por doença em pessoa da família: doença de cônjuge, companheiro,


pais e filhos, madrasta, padrasto, enteado ou dependente (registrado no assento
funcional). A cada período de 12 meses, tem direito à licença de 60 dias, consecutivos
ou não, mantida a remuneração do servidor; e até 90 dias, consecutivos ou não, sem
remuneração. O início do período de 12 meses é computado a partir da data de
concessão da primeira licença.
ii. Licença por afastamento do cônjuge ou companheiro deslocado por
interesse da Administração Pública: o cônjuge ou companheiro foi deslocado para
outro ponto do território nacional ou do exterior ou para exercício de mandato eletivo.
Sem remuneração. É possível exercício de cargo provisório.
iii. Licença para serviço militar: depende lei específica e, após a conclusão do
serviço militar, o servidor tem até 30 dias para descanso, mas sem remuneração.
iv. Licença para atividade política: é concedida da escolha na convenção
partidária até a véspera do registro da candidatura, sem remuneração. Após o registro
da candidatura até 10 dias depois da eleição, a licença é concedida pela Justiça
Eleitoral, com remuneração.
v. Capacitação: a cada 5 anos, o servidor poderá gozar de licença de até 3
meses para participar de curso de capacitação profissional, recebendo a sua
remuneração.
vi. Licença para tratar de interesses particulares: é concedida por até 3 anos,
sem remuneração. Não pode ser concedida durante o estágio probatório. O vínculo
subsiste.
vii. Licença para mandato classista: é concedida para o exercício de mandato
em órgão de representação de classe (confederação, federação, associação de classe
de âmbito nacional, sindicato, entidade de fiscalização profissional ou gerência de

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


81
sociedade cooperativa constituída por servidores). A licença tem o prazo de duração
do mandato, sem remuneração. A reeleição só é admitida uma única vez.

5. Afastamentos

a) Servir em outro órgão ou entidade: para cargo em comissão, função de


confiança ou em hipóteses previstas em lei específica. O ônus da remuneração é do
cessionário, mantendo o ônus do cedente quando as demais questões. Se o servidor for
para empresa pública ou sociedade de economia mista, quem vai pagar é o órgão
cedente, mas garante-se o reembolso por parte do cessionário.
b) Para mandato eletivo: se afasta e depois retorna ao cargo de origem.
c) Participação em curso de pós-graduação (stricto sensu): depende do tipo de
programa exercido (afastamento por 03 anos para o mestrado, desde que conte com três
anos de exercício no cargo; afastamento de 04 anos para o doutorado ou pós-doutorado,
desde que conte com quatro anos de exercício no cargo).
d) Para estudo ou missão no exterior: concedido por até 04 anos, devendo
voltar ao serviço por tempo igual ao que ficou afastado.

 Concessões
a) Um dia de folga em caso de doação de sangue.
b) Dois dias de folga para o alistamento eleitoral.
c) Oito dias em caso de casamento ou de falecimento de cônjuge,
companheiro, pais, madrasta, padrasto, filhos, enteados, menor sob sua guarda, irmãos.
d) Direito a horário especial, previsto para o servidor estudante, com regime de
compensação de horas.
e) Direito a horário especial, previsto para o servidor portador de deficiência,
não sendo necessário o regime de compensação de horas.
f) Direito a horário especial quando o servidor tem cônjuge, filho ou dependente
deficiente, com regime de compensação de horas.
g) Direito a horário especial para servidor que participa de curso ou concurso
(instrutor, participante de banca examinadora ou fiscal).
h) O servidor tem direito à matrícula em instituição congênere, independente de
vaga, quando é deslocado por interesse da Administração Pública. Essa concessão se
estende ao cônjuge, aos filhos e enteados e ao menor sob sua guarda.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


82

SERVIDORES FEDERAIS COM DIREITO A HORÁRIO ESPECIAL

O servidor terá que


Situação fazer
compensação?

SIM
Será exigida
1) Servidor que for ESTUDANTE
compensação de
(deverá ser comprovada a incompatibilidade
horário, respeitada
entre o horário escolar e o da repartição)
a duração semanal.

2) Servidor com DEFICIÊNCIA


NÃO precisa
(deverá ser comprovada a necessidade por junta
compensar.
médica oficial)

NÃO
3) Servidor que tiver CÔNJUGE, FILHO
(novidade da
ou DEPENDENTE com DEFICIÊNCIA.
Lei 13.370/2016)
SIM
4) Servidor que atuar como INSTRUTOR em curso de Será exigida
formação, de desenvolvimento ou de treinamento compensação de
regularmente instituído no âmbito da administração horário a ser
pública federal. efetivada no prazo
de até 1 ano
SIM
5) Servidor que participar de BANCA EXAMINADORA
Será exigida
ou de comissão para exames orais, para análise
compensação de
curricular, para correção de provas discursivas, para
horário a ser
elaboração de questões de provas ou para julgamento
efetivada no prazo
de recursos intentados por candidatos.
de até 1 ano

*#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei nº 13.370/2016 alterou o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112/90. A


alteração imposta foi a seguinte:

Antes da Lei 13.370/2016 *ATUALMENTE

O servidor que tivesse CÔNJUGE, Com a mudança, o servidor que tenha


FILHO ou DEPENDENTE com CÔNJUGE, FILHO ou DEPENDENTE
DEFICIÊNCIA já possuía direito a com DEFICIÊNCIA possui direito a
horário especial, mas precisava fazer horário especial, sem necessidade
compensação de horário. de fazer compensação.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


83
*As regras acima alteradas pela Lei 13.370/16 aplicam-se aos servidores públicos
estaduais e municipais? Depende. Os servidores públicos estaduais ou municipais só
terão direito a horário especial nas condições acima expostas se isso for previsto na
respectiva lei estadual ou municipal. Exemplo: a Lei Complementar 053/2001, do Estado de
Roraima, concede aos servidores públicos estaduais regras de horário especial semelhantes às
que estão previstas na legislação federal. Vale ressaltar que, se não houver previsão na
respectiva lei, entendo que o servidor público estadual ou municipal não terá direito a
horário especial, não sendo possível invocar, por analogia, a Lei nº 8.112/90, sob pena de
violação à autonomia administrativa dos entes.

 Tempo de Serviço
A apuração é feita em dias, convertida em anos, sendo considerado um ano o período de
365 dias. Existem duas regras diferentes: a) período computado para todos os efeitos (exemplo:
exercício de uma vantagem); b) período computado apenas para fins de aposentadoria
(exemplo: algumas licenças; trabalho exercido na iniciativa privada; tiro de guerra). Art. 102 e
103, Lei nº 8.112/90.
É vedada a contagem cumulativa de serviço prestado no exercício de cargos distintos.

 Direito de petição
É o direito de pedir e obter uma resposta. O prazo prescricional tem como termo inicial a
ciência do ato ou publicação da decisão e é de 05 anos no caso de demissão, cassação ou que
afetem direitos patrimoniais e créditos da relação de trabalho. Para os demais casos, o prazo é
de 120 dias.
Obs. se a ADM reconhece o débito após o prazo prescricional, considera-se como ato de
renúncia. Em consequência, o prazo prescricional conta do ato do reconhecimento–STJ/2012.

ALGUNS ACÓRDÃOS:

1. OMISSÃO DE LEI PREVENDO REVISÃO GERAL ANUAL. NÃO CABIMENTO DE


INDENIZAÇÃO

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TUTELA ANTECIPADA EM AÇÃO


RESCISÓRIA. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL. REVISÃO GERAL ANUAL DA REMUNERAÇÃO.
ART. 37, X, DA CF/88. PROJETO DE LEI DE INICIATIVA PRIVATIVA DO PRESIDENTE DA

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


84
REPÚBLICA. OMISSÃO LEGISLATIVA. DANO MATERIAL. INCABIMENTO. PRESENTES OS
REQUISITOS AUTORIZADORES DA TUTELA.

1 - A recomposição das perdas inflacionárias na remuneração dos servidores públicos


federais depende de iniciativa de projeto de lei do Presidente da República (art. 37, X, da
CF/88).

2 - O Supremo Tribunal Federal, em recentes decisões, tem acolhido Reclamações no


sentido de que, não cabendo ao Judiciário cominar prazo para o exercício da iniciativa privativa
do Chefe do Poder Executivo Federal para lei de reajuste anual da remuneração dos servidores
públicos da União, não pode também condenar este ente federativo ao pagamento de
indenização por danos morais ou patrimoniais decorrentes da mora.

3 - Precedentes do Pleno desta Corte favoráveis à rescisão, por ofensa a literal


disposição de lei: AR 6028/CE, Rel. Des. Fed. Rogério Fialho Moreira, AR 5714/AL, Rel. Des.
Federal Manoel de Oliveira Erhardt, AR 5504/RN, Rel. Des. Fed. Luiz Alberto Gurgel de Faria.

Tribunal Regional Federal - 5ª Região, Data do Julgamento: 09/11/2011, Órgão


Julgador: Pleno Relator: Desembargador Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho (Convocado)

2. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO. CRITÉRIOS PARA EXTENSÃO A INATIVOS


COM DIREITO À PARIDADE. ADMINISTRATIVO, CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL.
PRELIMINARES REJEITADAS. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO. GDAFTA.
PRESCRIÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO STJ. PARIDADE ENTRE ATIVOS E INATIVOS.
POSSIBILIDADE ENQUANTO A VANTAGEM NÃO TIVER NATUREZA PROPTER LABOREM.

1. A pretensão exposta na inicial não é pela concessão de aumento de vencimento não


previsto em lei, mas pela extensão aos servidores inativos da mesma pontuação da GDATFA
conferida aos servidores em atividade, em respeito ao princípio constitucional da isonomia.
Embora a parte autora já receba a gratificação objeto da demanda, pleiteia o pagamento em
montante superior, bem como as diferenças financeiras pelo irregular pagamento. Preliminares
de impossibilidade jurídica do pedido e de ausência de interesse processual rejeitadas.

2. Tratando-se o caso dos autos de uma típica relação jurídica de trato sucessivo, estão
prescritas tão somente as parcelas anteriores ao quinquênio antecedente ao ajuizamento da
ação, nos termos da Súmula nº 85 do STJ.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


85
3. Em respeito ao disposto no art. 40, parágrafo 8º, da Constituição Federal, no período
em que a GDATFA ainda não tinha caráter propter laborem, ante a inexistência de norma
regulamentadora dos critérios de avaliação dos servidores - entre a edição da Lei nº
10.484/2002 e do Decreto nº 5.008/2004, os aposentados e pensionistas fazem jus à GDATFA
nas mesmas condições pagas aos servidores em atividade.

4. Só após a edição do Decreto nº 5.008/2004, quando a GDATFA perdeu o seu caráter


de generalidade e impessoalidade, recuperando a natureza propter laborem, é que deveria a
gratificação ser paga aos aposentados e pensionistas com base no regramento previsto no art.
5º da Lei nº 10.484/2002.

5. Em 2005, com a edição da Medida Provisória nº 216/2004, posteriormente convertida


na Lei nº 11.090/2005, restou estabelecido que, após a conclusão dos efeitos financeiros do
primeiro ciclo de avaliação - realizado em função do Decreto nº 5.008/2004 -, a GDATFA
perderia novamente seu caráter propter laborem, pois deixava de ser paga em função de efetiva
avaliação de desempenho e passaria a ser paga aos servidores da ativa no valor
correspondente a 80 pontos.

6. Apenas em março de 2010, por força do Decreto nº 7.133/2010, a Administração


finalmente regulamentou de forma sistemática e contínua os critérios de avaliação de
desempenho institucional e individual. Somente após os resultados destas avaliações é que
poderão ser atribuídos critérios diferenciados para pagamento da GDATFA aos servidores ativos
e inativos, sem que se configure ofensa à regra da paridade.

7. Na hipótese dos autos, considerando que as parcelas anteriores a 17/11/2005 estão


fulminadas pela prescrição, deve ser reconhecido o direito do autor, servidor público
aposentado, a partir desta data, a receber a GDATFA no valor correspondente a 80 pontos, e,
após o processamento das primeiras avaliações determinadas pelo Decreto nº 7.133/2010, nos
termos da atual redação do art. 5º da Lei nº 10.484/2002, descontadas as parcelas já
percebidas.

8. No tocante ao pagamento das diferenças das parcelas atrasadas, deve incidir


correção monetária conforme o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na
Justiça Federal, desde quando as parcelas se tornaram devidas. A partir do dia 30/06/2009, os
juros e a correção monetária devem ser computados de acordo com o art. 1º-F da Lei nº

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


86
9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009, observando-se que os juros de mora
são devidos apenas a partir da citação.

Tribunal Regional Federal - 5ª Região, data do Julgamento: 12/01/2012 Órgão Julgador:


Primeira Turma Relator: Desembargador Federal Frederico Pinto de Azevedo (Convocado).

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROVENTOS DE


APOSENTADORIA. SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NO EXTINTO DNER. DNIT.
SUCESSOR DO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVO AO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.
PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. JULGAMENTO
PELO STJ EM RECURSO REPETITIVO. JUÍZO DE ADEQUAÇÃO (ART. 543-C, PARÁGRAFO
7º, II, DO CPC). PRECEDENTE DO DISTINTO STF. AUSÊNCIA DE VÍCIOS. REDISCUSSÃO.
DESCABIMENTO.

1. Os embargos de declaração não são meio próprio ao reexame da causa, devendo


limitar-se ao esclarecimento de obscuridade, contradição ou omissão, in casu, inexistentes no
acórdão embargado.

2. Matéria do recurso foi devidamente analisada, com motivação clara e nítida. Questões
enfrentadas conforme as legislação e jurisprudência.

3. Deveras apreciado que:

- "o colendo STJ, ao julgar o REsp nº 1244632/CE, Rel. Min. Castro Meira, DJe
13/09/2011, submetido ao regime do art. 543-C do CPC, decidiu que:

- 'o servidor aposentado do extinto DNER, ainda que passe a integrar o quadro de
inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventos a retribuição
dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora
do DNER, não havendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade. Precedentes;

- não é dado ao Poder Público criar subterfúgio para deixar de cumprir regramento
expresso existente no Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União (arts. 189
e 224) que impõe a paridade de vencimentos e proventos entre os servidores ativos e inativos e
pensionistas;

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


87
- assim, o fato de ter a lei transferido ao Ministério dos Transportes a responsabilidade
pelo pagamento dos inativos do extinto DNER não pode tornar sem efeito a norma que
determina a paridade entre ativos e inativos oriundos do mesmo quadro de pessoal, ainda que
atualmente estejam vinculados a entidades distintas por força de legislação superveniente.'

- precedente do Pretório Excelso no RE nº 549931/PE na mesma esteira."

4. Desnecessário o exame dos arts. 113 e 117 da Lei nº 10.233/01, 1º e 3º da Lei nº


11.171/05 e 61, parágrafo 1º, II, "a", da CF/88, pois a decisão impugnada basilou-se em matéria
pacificada nos colendos STF e STJ.

5. Embargos de declaração não-providos.

(PROCESSO: 20068100002570501, EDAC392902/01/CE, RELATOR:


DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO NAVARRO, Terceira Turma, JULGAMENTO:
10/10/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 16/10/2013 - Página 215)

STF – Informativo 721


REPERCUSSÃO GERAL
Gratificação de desempenho a ativos e inativos
Os servidores inativos e pensionistas do Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas - DNOCS têm direito à Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder
Executivo - GDPGPE, prevista na Lei 11.357/2006, em percentual igual ao dos servidores ativos,
até a implantação do primeiro ciclo de avaliação de desempenho. Com base nessa orientação, o
Plenário, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que discutida, à luz dos
artigos 2º; 40, § 8º; 61, § 1º, II, a; e 169, parágrafo único, da CF, a constitucionalidade de se fixar
pagamento de gratificação de desempenho nos mesmos patamares a ativos e inativos. Na
espécie, o acórdão recorrido estabelecera que, enquanto não adotadas as medidas para a
avaliação de desempenho dos servidores em atividade, a gratificação revestir-se-ia de caráter
genérico. O Tribunal destacou que, embora a mencionada gratificação tivesse sido prevista com
base no trabalho individualmente desenvolvido pelo servidor, norma de transição teria disposto
que, independentemente da avaliação e até que esta ocorresse, seriam atribuídos aos
servidores, indistintamente, oitenta pontos, de um máximo de cem. Referida pontuação também
seria concedida aos pensionistas, aos que tivessem se aposentado de acordo com a regra de
transição e àqueles que preenchessem os requisitos para a aposentadoria quando da publicação
da EC 41/2003.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


88
Aduziu-se que o acórdão recorrido não conflitaria com a Constituição porque, no período
a anteceder a avaliação dos servidores, a gratificação revestiu-se de natureza linear, a ser
observada de forma abrangente para ativos e inativos. Asseverou-se que, inexistente a avaliação
de desempenho, a Administração não poderia conceder vantagem diferenciada entre servidores
ativos e inativos porque não configurado o caráter pro laborefaciendo da GDPGPE.Pontuou-se
que, adotadas as medidas para as referidas avaliações, seria possível tratar diferentemente
ativos e inativos dentro dos critérios legais. Fixou-se, como termo final do direito aos oitenta por
cento pelos inativos e pensionistas, a data em que implementado o primeiro ciclo avaliativo.

RE 631389/CE, rel. Min. Marco Aurélio, 25.9.2013. (RE-631389)

3. REMOÇÃO E UNIDADE FAMILIAR. INTERPRETAÇÃO RESTRITA DA LEGISLAÇÃO


FEDERAL DE SERVIDORES.

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. REMOÇÃO PARA LOCALIDADE


ONDE RESIDE O GRUPO FAMILIAR. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS.
IMPOSSIBILIDADE.

1. Apelado, escrivão da Polícia Federal, nomeado para exercer suas funções junto à
Superintendência Regional do Amapá, tendo tomado posse em 04 de junho de 1997. Esposa,
também servidora pública, lotada no Hospital da Universidade Federal do Ceará - UFC- desde
19 de janeiro de 1995, que não logrou ser liberada para acompanhá-lo, sob a justificativa de
carência de pessoal. O servidor então requereu, administrativamente, a sua remoção para a
Superintendência da Polícia Federal em Fortaleza/CE, o que foi negado. Impetrou, assim,
Mandado de Segurança, que tramitou na 8ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, tendo
sido concedida a liminar (em 1998), a qual culminou na sua remoção para a capital
Cearense.Em 2007, a liminar foi cassada, tendo sido determinado o seu retorno imediato ao
órgão de origem, o que ocorreu em 29 de agosto de 2007.

2. O servidor, mais uma vez, buscou administrativamente obter sua remoção definitiva
para a cidade de Fortaleza/CE, sob a alegação de necessidade de manter a unidade do núcleo
familiar, eis que durante os 10 (dez) anos que permeou a concessão da liminar e a sua
cassação, nasceram suas três filhas, crianças em idade escolar.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
89
3. Pedido novamente indeferido pela Administração, o que motivou o casal a intentar a
presente ação, com base na manutenção da integridade do núcleo familiar, nos termos do art.
226 da Carta Magna e interpretação extensiva do art. 36, III, 'a', da Lei nº 8.112/90.

4. Inexistência de violação à coisa julgada, eis que a presente ação tem causa de pedir
diversa.

5. A remoção do servidor público federal, a pedido, independentemente do interesse da


Administração Pública, só é possível nas hipóteses elencadas nas alíneas "a" a "c", do art. 36,
da Lei nº 8.112/90.

6. Situação do Autor/Apelado que não se subsume as hipóteses legais de remoção.


Cuida-se de investidura primária de candidato aprovado em concurso público, ato caracterizado
pela voluntariedade do cidadão e não pelo interesse da Administração. Cônjuge que também
não foi deslocada no interesse da Administração, sendo sua lotação em Fortaleza-CE
decorrente também de primeira investidura em cargo público.

7. Em que pese não se desconhecer a devida importância e a proteção constitucional


dispensada às entidades familiares, inclusive pelo 'caput' do art. 226, da CF/88, faz-se
necessário consignar que tais garantias não detêm caráter absoluto, de modo a se sobrepor às
normas objetivas que regem o regime jurídico dos servidores público federais.

ACÓRDÃO - AC464383/CE (08/05/2012) Origem: Tribunal Regional Federal - 5ª


RegiãoData do Julgamento: 26/04/2012 Relator: Desembargador Federal Frederico Dantas
(Convocado

4. RECONHECIMENTO DO DIREITO AO TEMPO DE SERVIÇO EM CONDIÇÕES


ESPECIAIS

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. PRELIMINARES: DECADÊNCIA E


SENTENÇA EXTRA PETITA. MANDADO DE INJUNÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. MOTORISTA.
RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS. PERÍODO
COMO ESTATUTÁRIO. LEI COMPLEMENTAR. POSSIBILIDADE.

1. Cuida-se de remessa obrigatória e de apelação cível interposta pela UFPB contra a


sentença que, rejeitando a preliminar de decadência, concedeu a segurança para determinar
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
90
que a autoridade administrativa competente proceda à análise da situação fática do impetrante,
à luz dos arts. 57 e 58 da Lei 8.213/91, e do respectivo regulamento, para fins de aferimento do
exercício laboral sob condições especiais, com a conseqüente averbação do tempo adicional
conforme o resultado da apuração administrativa (fl. 81/82).

(...)

5. (...) "As questões discutidas neste mandado de segurança giram em torno da


possibilidade de os efeitos do julgado no Mandado de Injunção nº 1.554/DF, ajuizado por
Sindicato, serem ampliados para pessoas que integram a categoria beneficiada, mesmo que não
sejam filiadas ou associadas da entidade autora daquela ação constitucional."

6. (...)"O impetrante, embora não seja sindicalizado, pertence à categoria dos


trabalhadores das Universidades brasileiras (fls. 13 e seguintes), o que, por si só, já lhe garante
o direito de ser beneficiado pela decisão favorável proferida no Mandado de Injunção nº
1.554/DF, em que se reconheceu a mora legislativa em dar concretude ao art. 40, parágrafo 4º
da Constituição Federal, determinando-se às autoridades administrativas competentes que
procedam à análise da situação fática dos substituídos, para fins de aposentadoria especial, à
luz do art. 57 da lei 8.213/1991."

7. (...) "Ou seja, é descabida a exigência da UFPB, contida no Parecer DLCP nº


547/2012, exarado com base na Orientação Normativa nº 10/2010, no sentido de que o
impetrante deve apresentar cópia da decisão proferida no Mandado de Injunção nº 1.554/DF na
qual conste o seu nome como substituído."

8. (...)" O art. 40, parágrafo 4º, da CF veda a possibilidade de concessão de


aposentadoria a servidor público com a adoção de critérios diferenciados, salvo se houver o
exercício exclusivo de atividades em condições especiais, ou seja, de atividades que
prejudiquem a saúde ou a integridade física, assim definidas em Lei Complementar. Em função
desse dispositivo, servidores públicos que desempenharam suas atividades exclusivamente sob
condições especiais provocaram a jurisdição da Corte Suprema, através de Mandados de
Injunção, requerendo a declaração da omissão parlamentar, bem como a aplicação da Lei
8.213/91 (RGPS) a seus benefícios."

9. "Foi diante desse contexto que o STF, nos autos do MI 721/DF, reconheceu a
omissão do Parlamento na regulação do art. 40, parágrafo 4º, CF, impondo, neste caso, a

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


91
aplicação do art. 57, parágrafo 1º, da Lei 8.213/91, à servidora impetrante. Posteriormente,
houve inúmeros pronunciamentos iterativos nessa mesma linha.(...)"

10. (...) "A matéria é pacífica, portanto. E, tratando-se de decisões plenárias da Suprema
Corte, a quem cabe dar a última palavra em matéria constitucional, é recomendável que o
entendimento seja prestigiado pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário."

Apelação e remessa obrigatória improvidas.

(PROCESSO: 00072226120124058200, APELREEX28733/PB, RELATOR:


DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA, Primeira Turma, JULGAMENTO:
17/10/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 24/10/2013 - Página 35)

5. SERVIDOR PÚBLICO, DESVIO DE FUNÇÃO. EXISTÊNCIA DE DIREITO Á


INDENIZAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO À INDENIZAÇÃO QUANDO A ASSUNÇÃO DE
CARGO COMISSIONADO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA.

ADMINISTRATIVO. DESVIO DE FUNÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO DE NÍVEL MÉDIO


EXERCENDO ATRIBUIÇÕES DE MAIOR COMPLEXIDADE. NÃO COMPROVAÇÃO DO
DESVIO EM PERÍODO DE DESEMPENHO DE FUNÇÃO COMISSIONADA. PAGAMENTO DAS
DIFERENÇAS SALARIAIS APENAS NOS DEMAIS PERÍODOS. APELAÇÃO PROVIDA EM
PARTE.

1. A hipótese é de apelação interposta pelo DNOCS contra o capítulo da sentença que


julgou procedente o pedido formulado por coautor de indenização por desvio de função, em
razão de ter percebido remuneração de nível médio e desempenhado funções de nível superior.

2. São devidas as diferenças salariais decorrentes do desvio de função do servidor


público, sob pena de locupletamento indevido da Administração, mas, desde que, efetivamente
se verifique o exercício das atribuições essenciais de um cargo, por pessoa investida em cargo
distinto. Precedentes do STJ: ADRESP 200802837556, NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, STJ
- QUINTA TURMA, DJE DATA:25/10/2010; AGA 200700765081, NILSON NAVES, STJ - SEXTA
TURMA, DJE DATA:24/05/2010; EDRESP 200802161869, MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE DATA:19/06/2009.
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92
3. Quando há a assunção de um cargo comissionado ou função gratificada por parte do
servidor, sendo ele remunerado por esta atribuição, não há que se falar em indenização pelo
exercício de cargo distinto, já que ocorre a remuneração pelo exercício do cargo comissionado
ou da função gratificada.

4. In casu, não há desvio de função durante o período em que o apelado percebeu


gratificação pelo desempenho de função de direção, apenas havendo que se reconhecer o
desvio de função pelo desempenho de atribuições de nível superior (Engenheiro) quando não
recebeu remuneração correspondente à atividade exercida.

ACÓRDÃO - Tribunal Regional Federal - 5ª Região data do Julgamento: 10/04/2012


Segunda Turma Relator: Desembargador Federal Walter Nunes da Silva Júnior (Convocado)
PENSÃO VITALÍCIA À VIÚVA DE EX-PREFEITO
STF – Informativo 696, 2ª Turma
Lei municipal que concedera à viúva de ex-prefeito, falecido no curso do mandato,
pensão vitalícia equivalente a 30% dos vencimentos por ele percebidos, encontra base material
de apoio na Constituição. Essa a conclusão da 2ª Turma que, por maioria, proveu recursos
extraordinários interpostos contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
que, em ação civil pública proposta pelo Ministério Público estadual, considerara imoral e lesiva
ao patrimônio público a mencionada norma local. Na espécie, o acórdão recorrido condenara
solidariamente o prefeito que sancionara a lei, os vereadores que a aprovaram e a viúva a
restituir ao erário os valores recebidos.
Asseverou-se que, não obstante a mencionada lei local não se revestir de normatividade
geral, não haveria empecilho constitucional a que fossem editadas leis de efeitos concretos ou
mesmo individualizados. Destacou-se que, em determinados casos, apenas lei em sentido formal
seria instrumento apto a dispor sobre certas matérias, inclusive pensões especiais. Afastou-se
alegação de nulidade formal da lei pelo só fato de dispor sobre situação concreta. Ponderou-se
que, na espécie, tanto a petição inicial, quanto os atos decisórios das instâncias ordinárias teriam
se limitado a considerar “imoral” a lei por ter conferido tratamento vantajoso a uma pessoa, sem
qualquer juízo sobre a razoabilidade ou não, em face das circunstâncias de fato e de direito, da
concessão do privilégio. Aduziu-se que se lei concessiva de tratamento privilegiado a
destinatários específicos fosse considerada imoral, seriam inconstitucionais, por exemplo, as leis
que estabelecessem isenções fiscais. Verificou-se que, em hipóteses como a dos autos, aplicar-
se-ia a imunidade, no que tange a opiniões, palavras e votos de vereadores. Pontuou-se que,
embora se tratasse de lei somente em sentido formal, sem densidade normativa geral e abstrata,

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


93
não deixaria de ser norma, submetida ao correspondente processo legislativo próprio, com
aprovação da Câmara de Vereadores e sanção do Prefeito. Vencida a Min. Ellen Gracie,
relatora, que conhecia em parte dos recursos e, na parte conhecida, negava-lhes provimento. O
Min. Teori Zavascki participou da votação por suceder ao Min. Cezar Peluso, que pedira vista
dos autos. RE 405386/RJ, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki,
26.2.2013. (RE-405386)

Seguridade Social

A União manterá plano de seguridade para os seus servidores e dependentes.


Compreendem as seguintes garantias: o servidor terá direito à aposentadoria, ao auxílio
natalidade (concedido pelo nascimento do filho, inclusive natimorto e parto múltiplo – quantia
equivalente ao menor vencimento do serviço público, acrescido de 50% por nascituro), ao salário
família (cônjuge ou companheiros, filhos até os 21 anos de idade ou estudante até 24 anos, ou
filho inválido em qualquer idade), licença para tratamento de saúde do servidor* (com base em
perícia médica, sem prejuízo da remuneração), licença maternidade (durante 120 dias, com
remuneração a contar do primeiro dia do 9º mês ou do dia do parto em nascimento prematuro,
podendo a licença ser prorrogada por mais 60 dias, a pedido da servidora. Em caso de natimorto
ou aborto, a servidora tem licença gestante por 30 dias. A amamentação pode ser realizada em
1h de descanso), licença paternidade (5 dias).
*A licença que exceder a 120 dias no período de 12 meses, a contar do primeiro dia de
afastamento, é preciso ser analisada por junta médica.
Se a servidora adotar criança com até 1 ano, tem licença de 90 dias, se tiver mais
de 1 ano, terá licença de 30 dias.
Há também licença por acidente em serviço, tendo o servidor direito a remuneração
integral e ao tratamento.
O servidor tem direito à assistência à saúde e garantia de condições individuais e
ambientais satisfatórias de trabalho.
O dependente tem direito a pensão vitalícia e temporária, auxilio reclusão, auxilio
funeral e assistência à saúde.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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6. JURISPRUDÊNCIA SOBRE SERVIDOR PÚBLICO:

DENÚNCIA ANÔNIMA É possível a instauração de processo administrativo com base em


“denúncia anônima”? SIM. Segundo o STJ, não há ilegalidade na instauração de processo
administrativo com fundamento em denúncia anônima, por conta do poder-dever de autotutela
imposto à Administração e, por via de consequência, ao administrador público. STJ. 2ª Turma.
AgRg no REsp 1307503/RR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 06/08/2013.

PROVA EMPRESTADA É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova


emprestada validamente produzida em processo criminal? SIM. A jurisprudência do STJ e do
STF são firmes no sentido de que é admitida a utilização no processo administrativo de “prova
emprestada” do inquérito policial ou do processo penal, desde que autorizada pelo juízo criminal
e respeitados o contraditório e a ampla defesa. STJ. 1ª Seção. MS 17.472/DF, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, julgado em 13/6/2012. Este “empréstimo” da prova é permitido mesmo que o
processo penal ainda não tenha transitado em julgado? SIM. É possível a utilização, em
processo administrativo disciplinar, de prova emprestada validamente produzida em processo
criminal, independentemente do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Isso
porque, em regra, o resultado da sentença proferida no processo criminal não repercute na
instância administrativa, tendo em vista a independência existente entre as instâncias. STJ. 2ª
Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013 (Info 521).

UTILIZAÇÃO NO PAD DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA DECRETADA NO JUÍZO


CRIMINAL É possível utilizar, em processo administrativo disciplinar, na qualidade de “prova
emprestada”, a interceptação telefônica produzida em ação penal, desde que devidamente
autorizada pelo juízo criminal e com observância das diretrizes da Lei nº 9.296/1996. (Lei de
Interceptação Telefônica). STJ. 1ª Seção. MS 16.146-DF, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em
22/5/2013. (não divulgado em Info)
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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DEFESA TÉCNICA Súmula Vinculante nº 5 do STF: A falta de defesa técnica por advogado no
processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.

AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES FINAIS Após o relatório ter sido produzido pela comissão, ele
deverá ser apresentado ao servidor processado para que este possa impugná-lo? Existe
previsão na Lei nº 8.112/90 de alegações finais a serem oferecidas pelo servidor após o relatório
final ter sido concluído? NÃO. Segundo entende o STJ, NÃO é obrigatória a intimação do
interessado para apresentar alegações finais após o relatório final de processo administrativo
disciplinar. Isso porque não existe previsão legal nesse sentido. STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF,
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013. (Info 523) IMPOSSIBILIDADE DE
APROVAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL POR SERVIDOR QUE PARTICIPOU DAS
INVESTIGAÇÕES O servidor que realizou a sindicância pode também determinar a instauração
de processo disciplinar, designando a comissão processante, e, ao final dos trabalhos, aprovar o
relatório final? NÃO. O STJ decidiu que o servidor que participou das investigações na
sindicância e concluiu que o sindicado havia cometido a infração disciplinar, tanto que
determinou a instauração do PAD, não pode, posteriormente, ser a autoridade designada para
aprovar o relatório final produzido pela comissão no processo administrativo, uma vez que ele já
formou seu convencimento no sentido da culpabilidade do acusado. STJ. 3ª Seção. MS 15.107-
DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 26/9/2012 (Info 505).

APLICAÇÃO DA PENA DE DEMISSÃO, EM PAD, PELA PRÁTICA DE IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA É possível a demissão de servidor por improbidade administrativa em
processo administrativo disciplinar. Infração disciplinar grave que constitui ato de improbidade é
causa de demissão do servidor, em processo administrativo, independente de processo judicial
prévio. STJ. 3ª Seção. MS 14.140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/9/2012 (não
divulgado em Info).

SERVIDOR JÁ PUNIDO NÃO PODE SER NOVAMENTE JULGADO PARA AGRAVAR SUA
PENA Depois do servidor já ter sido punido, é possível que a Administração, com base na
autotutela, anule a sanção anteriormente cominada e aplique uma nova penalidade mais
gravosa? NÃO. A decisão administrativa que põe fim ao processo administrativo, à semelhança
do que ocorre no âmbito jurisdicional, possui a característica de ser definitiva. Logo, o servidor
público já punido administrativamente não pode ser julgado novamente para que sua pena seja
agravada mesmo que fique constatado que houve vícios no processo e que ele deveria receber
uma punição mais severa. Assim, a anulação parcial do processo administrativo disciplinar para
adequar a penalidade aplicada ao servidor, consoante pareceres do órgão correspondente,
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
96
ensejando aplicação de sanção mais grave ofende o devido processo legal e a proibição da
reformatio in pejus. STJ. 3ª Seção. MS 10.950-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
23/5/2012 (não divulgado em Info). Tal posicionamento tem por base a Súmula 19 do STF, que
dispõe: “É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em
que se fundou a primeira.” INTIMAÇÃO DO PROCESSADO Em processo administrativo
disciplinar não é considerada comunicação válida a remessa de telegrama para o servidor
público recebido por terceiro. STJ. 3ª Seção. MS 14.016-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 29/2/2012.

EXCESSO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DO PAD É pacífica a jurisprudência do STJ no


sentido de que o excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar não
gera, por si só, qualquer nulidade no feito. O excesso de prazo só tem o condão de macular o
processo administrativo se ficar comprovado que houve fundado e evidenciado prejuízo, pois não
há falar em nulidade sem prejuízo (pas de nulitésansgrief). STJ. 2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013 (Info 521).

NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO CASO DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR


Deve ser aplicada a penalidade de demissão ao servidor público federal que obtiver proveito
econômico indevido em razão do cargo, independentemente do valor auferido (no caso, eram
apenas R$ 40,00). Isso porque não incide, na esfera administrativa, o princípio da insignificância
quando constatada falta disciplinar prevista no art. 132 da Lei 8.112/1990. STJ. 1ª Seção. MS
18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 523).

PAD E DESTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO Deve ser aplicada a penalidade de


destituição de cargo em comissão na hipótese em que se constate que servidor não ocupante de
cargo efetivo, valendo-se do cargo, tenha indicado irmão, nora, genro e sobrinhos para
contratação por empresas recebedoras de verbas públicas, ainda que não haja dano ao erário ou
proveito pecuniário e independentemente da análise de antecedentes funcionais. STJ. 1ª Seção.
MS 17.811-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/6/2013 (Info 526).

PRESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA Para infrações disciplinares praticadas por


servidores públicos: A regra geral do prazo prescricional para a punição administrativa de
demissão é de 5 anos, nos termos do art. 142, I da Lei nº 8.112/90, entre o conhecimento do fato
e a instauração do processo administrativo disciplinar. Quando o servidor público comete
infração disciplinar também tipificada como crime, somente se aplicará o prazo prescricional da
legislação penal se os fatos também forem apurados em ação penal. Se não há notícia de
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
97
apuração criminal, deve ser aplicado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos, previsto no art. 142,
I da Lei nº 8.112/90. Para outras infrações administrativas apuradas pela Administração Pública:
Aplica-se o mesmo raciocínio acima exposto. Desse modo, a pretensão punitiva da
Administração Pública em relação à infração administrativa que também configura crime em
tese, somente se sujeita ao prazo prescricional criminal quando instaurada a respectiva ação
penal. STJ. 1ª Turma. REsp 1.116.477-DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em
16/8/2012 (Info 502).

TERMO INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL Para que o prazo prescricional tenha início, é
necessário que a irregularidade praticada pelo servidor chegue ao conhecimento da autoridade
competente para instaurar o PAD ou o prazo já se inicia caso outras autoridades do serviço
público saibam do fato? O prazo de prescrição da pretensão punitiva estatal começa a fluir na
data em que a irregularidade praticada pelo servidor tornou-se conhecida por alguma autoridade
do serviço público, e não, necessariamente, pela autoridade competente para a instauração do
processo administrativo disciplinar. STJ. 1ª Seção. MS 20.162-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves
Lima, julgado em 12/2/2014 (Info 543).

ART. 170 DA LEI 8.112/90 É INCONSTITUCIONAL O art. 170 da Lei nº 8.112/90 é compatível
com a CF/88? NÃO. O art. 170 da Lei nº 8.112/1990 é INCONSTITUCIONAL. Para o STF, esse
dispositivo viola os princípios da presunção de inocência e da razoabilidade, além de atentar
contra a imagem funcional do servidor. STF. Plenário. MS 23262/DF, rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 23/4/2014 (Info 743).

Tema muito importante!!! Pode ser cobrado também na prova discursiva: Art. 170. Extinta a
punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos
assentamentos individuais do servidor.

INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS Não deve ser paralisado o curso de processo


administrativo disciplinar apenas em função de ajuizamento de ação penal destinada a apurar
criminalmente os mesmos fatos investigados administrativamente. As esferas administrativa e
penal são independentes, não havendo falar em suspensão do processo administrativo durante o
trâmite do processo penal. STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado
em 8/5/2013 (Info 523).

CONDENAÇÃO PELO TRIBUNAL DE CONTAS INDEPENDE DO RESULTADO DO PAD Se o


servidor público responder a processo administrativo disciplinar e for absolvido, ainda assim

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


98
poderá ser condenado a ressarcir o erário, em tomada de contas especial, pelo Tribunal de
Contas da União. STF. 1ª Turma. MS 27867 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18/9/2012 (Info 680).

PAD É INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA As


punições aplicáveis no PAD são independentes em relação às sanções determinadas na ação
judicial de improbidade administrativa, não havendo bis in idem caso o servidor seja punido nas
duas esferas. STJ. 1ª Seção. MS 15.848/DF, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 24/04/2013.

POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO IMEDIATA DE PENALIDADE IMPOSTA EM PAD


Determinado servidor público federal recebeu pena de demissão em processo administrativo
disciplinar contra si instaurado. O servidorinterpôs recurso administrativo com a decisão
proferida. Ocorre que, antes mesmo de ser julgado o recurso, a Administração Pública já cessou
o pagamento da remuneração do servidor e o afastou das funções. É possível que a sanção
aplicada seja desde logo executada mesmo que ainda esteja pendente recurso interposto no
âmbito administrativo? SIM. É possível o cumprimento imediato da penalidade imposta ao
servidor logo após o julgamento do PAD e antes do julgamento do recurso administrativo cabível.
Não há qualquer ilegalidade na imediata execução de penalidade administrativa imposta em PAD
a servidor público, ainda que a decisão não tenha transitado em julgado administrativamente.
STJ. 1ª Seção. MS 19.488-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/3/2015 (Info
559).

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E SÚMULA VINCULANTE 14 STF A SV 14 NÃO


pode ser aplicada para os casos de sindicância, que objetiva elucidar o cometimento de
infrações administrativas. Pela simples leitura da súmula percebe-se que a sindicância não está
incluída em seu texto já que não se trata de procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária. STF. 1ª Turma. Rcl 10771 AgR/RJ, rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 4/2/2014 (Info 734).

As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não


configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da
Administração Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições
normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente para assuntos e
matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo
das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


99
administrativo. STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015
(Info 576)

“Diante do trânsito em julgado de sentença penal condenatória que decreta a perda do


cargo público, a autoridade administrativa tem o dever de proceder à demissão do servidor ou à
cassação da aposentadoria, independentemente da instauração de processo administrativo
disciplinar, que se mostra desnecessária. Isso porque qualquer resultado a que chegar a
apuração realizada no âmbito administrativo nãoterá o condão de modificar a força do decreto
penal condenatório.
2. Em conseqüência, nesses casos, não há falar em contrariedade aodevido processo legal e
́ ios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, já plenamente exercidos nos
aos princip
rigores da lei processual penal, tampouco na ocorrência de prescrição da pretensão punitiva do
Estado ou de bis in idem, sendo esta última oriunda de eventual apuração, na esfera
administrativa, do ilić ito praticado.
3. Do administrador não se pode esperar outra conduta, tendo em vista a possibilidade de, em
tese, incidir no crime de prevaricação ou de desobediência, conforme for apurado, segundo os
arts. 319 e 330 do Código Penal. O fato poderá, ainda, constituir ato de improbidade
administrativa, conforme art. 11, II, da Lei 8.429/92.

4. Qualquer modificação dos efeitos da sentençacondenatória, bem como a extensão de


qualquer benefício ou vantagem, deve ser buscada e solucionada na própria esfera penal. Em
mandado de segurança impetrado contra ato que, em cumprimento à sentença que decreta a
perda da funçãopública, aplica a servidor público a pena de cassação de aposentadoria, não
cabe a reforma da decisão proferida no juiź o criminal. (RMS 22.570/SP, Rel. Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 18/03/2008, DJe 19/05/2008)”

Não constitui requisito legal para a concessão de pensão por morte à companheira que a união
estável seja declarada judicialmente, mesmo que vigente formalmente o casamento. Assim, é
possível o reconhecimento de união estável de pessoa casada que esteja comprovadamente
separada judicialmente ou de fato, para fins de concessão de pensão por morte, sem

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


100
necessidade de decisão judicial neste sentido. STF. 1ª Turma. MS 33008/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 3/5/2016 (Info 824).

“A exoneração de servidor público aprovado em concurso público e ainda em estágio probatório


não prescinde do procedimento administrativo específico, descabendo, contudo, a instauração
de processo administrativo disciplinar com todas as suas formalidades”. (Informativo 418 do STJ)

“A sindicância prescinde de contraditório ou ampla defesa, visto ser procedimento inquisitorial


prévio à acusação e ao PAD, fase a tramitar sem a presença obrigatória de acusados.(atenção:
essa conclusão somente ocorrerá no caso de sindicância investigativa, ou seja, aquela que
conclui pelo arquivamento, ou pela instauração do PAD. Se for hipótese de sindicância
investigativa e punitiva, aquela que aplica pena de advertência ou pena de suspensão de até 30
dias, será necessário respeitar o contraditório e a ampla defesa” (Informativo 419 do STJ)

STJ: Não é nulo processo administrativo disciplinar – PAD conduzido por servidores que
não possuam estabilidade no atual cargo que ocupam, desde que já tenham adquirido a
estabilidade no serviço público. A Lei n. 8.112/1990, ao disciplinar o exercício do servidor em
estágio probatório (art. 20, §§ 3º, 4º e 5º, Lei n. 8.112/1990) não veda sua participação em
comissão de sindicância ou disciplinar. MS 17.583-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 12/9/2012. 1ª SEÇÃO. INFO 504.

Apenas o presidente da Comissão (e não os demais membros) precisarão ser ocupantes de


cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do
indiciado. Terceira Seção. MS 14.797-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/3/2012.

INFO. 565, STJ – 2015


O art. 170 da Lei n. 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a infração disciplinar,
é possível que a prática dessa conduta fique registrada nos assentos funcionais do servidor. O
STF e STJ entendem que esse art. 170 é INCONSTITUCIONAL por violar os princípios da
presunção de inocência e da razoabilidade. STF. Plenário. MS 23262/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
101
julgado em 23/4/2014 (Info 743). STJ. 1ª Seção. MS 21.598-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 10/6/2015 (Info 564).
- Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações
puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em
comissão; II – em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III – em 180 (cento e oitenta) dias, quanto
à advertência.
- O status de inocência deixa de ser presumido somente após decisão definitiva na seara
administrativa, ou seja, não é possível que qualquer consequência desabonadora da conduta do
servidor decorra tão só da instauração de procedimento apuratório ou de decisão que reconheça
a incidência da prescrição antes de deliberação definitiva de culpabilidade.

DIREITO ADMINISTRATIVO. INAPLICABILIDADE DA APOSENTADORIA


COMPULSÓRIA POR IDADE ASERVIDOR PÚBLICO OCUPANTE
EXCLUSIVAMENTE DE CARGO EM COMISSÃO.

Não é aplicável a regra da aposentadoria compulsória por idade na hipótese


de servidorpúblico que ocupe exclusivamente cargo em comissão. Com efeito, a
regra prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, cujo teor prevê a aposentadoria compulsória
do septuagenário, destina-se a disciplinar o regime jurídico dos servidores efetivos,
não se aplicando aos servidores em geral. Assim, ao que ocupa exclusivamente
cargo em comissão, aplica-se, conforme determina o § 13 do art. 40 da CF, o regime
geral de previdência social, no qual não é prevista a aposentadoria compulsória por
idade. , Rel. Min. Castro Meira, DJe 26/4/2013.

DIREITO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DO


INTERESSADO APÓS O RELATÓRIO FINAL DE PAD.

Não é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações


finais após o relatório final de processo administrativo disciplinar. Isso porque não

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


102
existe previsão legal nesse sentido. Precedentes citados: RMS 33.701-SC, Primeira
Turma, DJe 10/6/2011; e MS 13.498-DF, Terceira Seção, DJe 2/6/2011. , Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 8/5/2013.

DIREITO ADMINISTRATIVO. UTILIZAÇÃO DE INTERCEPTAÇÃO


TELEFÔNICA EM PAD.

É possível utilizar, em processo administrativo disciplinar, na qualidade de


“prova emprestada”, a interceptação telefônica produzida em ação penal, desde que
devidamente autorizada pelo juízocriminal e com observância das diretrizes da Lei
9.296/1996. Precedentes citados: MS 14.226-DF, Terceira Seção, DJe 28/11/2012; e
MS 14.140-DF, Terceira Seção, DJe 8/11/2012. , Rel. Min. Eliana Calmon, julgado
em 22/5/2013.

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS.


PROFISSIONAIS DE SAÚDE. ART. 37, XVI, "C", DA CF/88. COMPATIBILIDADE DE
HORÁRIOS. LIMITAÇÃO OBJETIVA. AUSÊNCIA DE AMPARO LEGAL. AFRONTA À
CONSTITUIÇÃO. AFERIÇÃO DA COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS APÓS O ATO DE
APOSENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SEGURANÇA JURÍDICA. NÃO PROVIMENTO.

1. A Constituição Federal prevê a hipótese de acumulação de dois cargos ou empregos


privativos de profissionais de saúde, havendo compatibilidade de horários e observância ao teto
remuneratório do funcionalismo público.

2. Por padecer de amparo legal e afrontar a Constituição da República, não pode prevalecer a
estipulação, pela União, de uma carga horária máxima de 60 (sessenta) horas semanais,
devendo ser analisado em cada caso se o exercício das atividades passíveis de serem
acumuladas na Administração Pública sofre o empecilho decorrente da incompatibilidade de
horários. (Precedentes do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e deste
Tribunal).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


103
3. Na hipótese vertente, o cancelamento do ato de aposentação da apelada, para que esta
pudesse optar pela redução da carga horária, implicaria em grave ofensa à segurança jurídica,
tendo em vista o exercício dos dois cargos conjuntamente por mais de vinte e cinco anos, sem
que a Administração aferisse a compatibilidade de horários. Nesse diapasão, tendo a servidora
passado à inatividade, tal questionamento, feito somente agora, afigura-se inoportuno.

4. Apelação e remessa oficial desprovidas. (PROCESSO: 00062811420124058200,


APELREEX26401/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL EDÍLSON NOBRE, Quarta
Turma, JULGAMENTO: 05/03/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 07/03/2013 - Página 340)

No caso em que o servidor público foi impedido irregularmente de acumular dois cargos públicos
em razão de interpretação equivocada da Administração Pública, o Estado deverá ser
condenado e, na fixação do valor da indenização, não se deve aplicar o critério referente à teoria
da perda da chance, e sim o da efetiva extensão do dano causado, conforme o art. 944 do CC.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.308.719-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/6/2013
(Info 530).

Importante!!! Os herdeiros devem restituir os proventos que, por erro operacional da


Administração Pública, continuaram sendo depositados em conta de servidor público após o
seu falecimento. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.387.971-DF, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 15/3/2016 (Info 579). - O STJ possui entendimento pacífico no sentido de
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
104
que é incabível a restituição ao erário dos valores recebidos de boa-fé pelo servidor público em
decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da Administração Pública.
Em virtude do princípio da legítima confiança, o servidor público, em regra, tem a justa
expectativa de que são legais os valores pagos pela Administração Pública, porque jungida à
legalidade estrita. Assim, diante da ausência da comprovação da má-fé no recebimento dos
valores pagos indevidamente por erro de direito da Administração, não se pode efetuar
qualquer desconto na remuneração do servidor público, a título de reposição ao erário. STJ. 1ª
Seção. REsp 1.244.182-PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/10/2012 (recurso
repetitivo). - Súmula 249 do TCU: É dispensada a reposição de importâncias indevidamente
percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro
escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade
legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade
do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais. - Vale ressaltar, no entanto,
que, segundo a posição majoritária no STJ, este mesmo entendimento deve ser aplicado nos
casos em que o servidor recebe as quantias indevidas por força de erro operacional da
Administração.” (...) Esta Corte firmou entendimento no sentido de não ser devida a devolução
de verba paga indevidamente a servidor em decorrência de erro operacional da Administração
Pública, quando se constata que o recebimento pelo beneficiado se deu de boa-fé, como no
caso em análise. (...)”. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1560973/RN, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 05/04/2016. - Os salários ou proventos do servidor possuem natureza alimentar
somente em relação ao próprio servidor. Se ele já morreu, tais valores são considerados como
herança e herança não é remuneração nem aposentadoria. Logo, não é uma verba alimentícia.
Pelo princípio da saisine, com a morte, houve a transferência imediata da titularidade da conta
bancária da falecida aos seus herdeiros e os valores que foram nela depositados (por erro) não
tinham mais qualquer destinação alimentar. Logo, por não se estar diante de verbas de
natureza alimentar, não é nem mesmo necessário analisar se os herdeiros estavam ou não de
boa-fé ao sacar o dinheiro. A boa-fé aqui não importa. Os herdeiros têm o dever de restituir as
quantias porque eles não possuem nenhum direito sobre as verbas. O fundamento aqui para
que ocorra a devolução está baseado no princípio da proibição do enriquecimento sem causa,
previsto no art. 884 do CC.

MATERIAL EXTRA:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


105
2.12. Regime Previdenciário do Servidor Estatutário. Normas e Princípios Constitucionais. O Novo Regime
Previdenciário.
2.12.1. Normas e Princípios Constitucionais do Regime Previdenciário dos Servidores Públicos.
Base normativa: art. 40 da CFRB/88 e as alterações promovidas pelas ECs 03/1993,
20/1998, 41/2003 e 47/2005.
EC 03/1993: passou a exigir contribuição dos servidores públicos ao RPPS. Antes, o
benefício previdenciário concedido ao servidor público era tido como um benefício de natureza
estatutária ou administrativa e dependia apenas do vínculo funcional e do tempo de serviço
prestado ao Estado. Por isso, não se exigia contribuição.
Art. 40, da CRFB/88: trata do regime de previdência social aplicável aos titulares de cargos efetivos
da União, Estados, DF e Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. O RPPS não contempla
servidores públicos ocupantes apenas de cargos em comissão (art. 40,§ 13, da CFRB/88), os
servidores temporários contratados com base no art. 37, inciso IX , da CFRB/88(art. 40,§ 13, da
CFRB/88) e titulares de serventias extrajudiciais (notários e registradores) (STF,Plenário, ADI
4639/GO e ADI 4641/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 11/03/2015).
O regime tem caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do servidor ativo,
do ente público, dos inativos e dos pensionistas, observados os critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. Não importa apenas o tempo de serviço do
servidor, mas o tempo de efetiva contribuição, sendo vedado ao legislador o estabelecimento
de algum tempo de contribuição fictício.
A contribuição da União é regulamentada na Lei 10.887/2004: corresponde ao dobro
da contribuição do servidor ativo, cuja arrecadação será contabilizada em conta específica. A
União deverá cobrir, ainda, eventuais insuficiências financeiras para pagamento dos benefícios.
Contribuição dos servidores ativos: A contribuição social do servidor público ativo de qualquer
dos Poderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, para a manutenção do respectivo
regime próprio de previdência social, será de 11%, incidentes sobre a sua remuneração (art. 4º
da Lei 10.887/2004).
Não é possível a instituição de alíquotas progressivas para a contribuição previdenciária
dos servidores públicos para o RPPS, sob pena de ofensa ao princípio da vedação à
utilização de qualquer tributo com efeito de confisco (STF, RE 346197 AgR/DF, 1ª Turma,Rel.
Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 16/10/2012).
Contribuição dos aposentados e pensionistas: obrigatória a partir da EC 41/2003. A
contribuição incide sobre aposentadorias e pensões, concedidas pelo RPPS, que superem o
limite máximo para os benefícios do RGPS, com percentual igual ao estabelecido para os
servidores ativos (11%). É constitucional a cobrança de contribuição previdenciária sobre
aposentadorias e pensões do RPPS, não havendo que falar em direito adquirido, de modo que
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
106
todos devem se sujeitar ao novo regramento, inclusive aqueles já beneficiários de
aposentadorias e pensões, quando da entrada em vigor da EC 41/2003 (STF, ADI 3105/DF,
Rel. Min. ELLEN GRACIE Rel. p/ Acórdão Min.CEZAR PELUSO, julgamento em 18/08/2004;
e ADI 3128/DF, Rel. Min. ELLEN GRACIE Rel. p/ Acórdão Min. CEZAR PELUSO, julgamento
em 18/08/2004).
O art. 4º da EC 41/03: estabelecia uma contribuição maior para os que já fossem
aposentados ou pensionistas ou tivessem direito adquirido ao benefício, ao tempo de sua
publicação: a contribuição incidiria sobre o que ultrapassasse 50% do teto do RGPS para
beneficiários dos Estados, Distrito Federal e Municípios e 60%, para os da União. Para o STF,
essa discriminação é inconstitucional, devendo a contribuição ser idêntica, em qualquer
caso, e incidir sobre aquilo que ultrapassar o teto do RGPS. As alíquotas cobradas pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios, tanto de seus servidores quanto de seus aposentados e
pensionistas não poderão ser inferiores à cobrada pela União (art. 149, §1º,da CFRB/88, com
redação dada pela EC 41/2003).
Aposentado ou pensionista portador de doença incapacitante: a contribuição incidirá
apenas sobre as parcelas de aposentadorias em pensões que superem o dobro do teto do
RGPS, na forma da lei(art. 40, §21, da CFRB/88, incluído pela EC 47/2005).
Abono de permanência (art. 40, §19, incluído pela EC 412003): O servidor que
completar os requisitos para aposentadoria voluntária não proporcional (art. 40,§1º, inciso III, a),
da CFRB88), mas que decidir continuar em atividade, fará jus a um abono correspondente à
dispensa do pagamento da contribuição previdenciária. Também, têm direito a esse abono (EC
41/2003) os servidores que: a) ingressaram no serviço público antes da EC 20/1998 e que,
podendo requerer aposentadoria voluntária, nos termos da regra de transição prevista no art. 2º
da EC 41/2003, não o façam; b) tinham direito adquirido à aposentadoria na data da publicação
da EC 41/2003 e permaneçam na ativa.
É vedada a existência de mais de um regime próprio para os titulares de cargos
efetivos e de mais de uma unidade gestora (art. 40,§20, da CFRB/88) no âmbito de cada ente
federado, à exceção do regime de previdência dos militares, que deve ser disciplinado em lei
própria.
Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta
Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de
previdência previsto neste artigo(art. 40, §6º, da CFRB/88).
É vedada a adoção de critérios diferenciadores para concessão de aposentadoria
para os abrangidos pelo RPPS, ressalvados os definidos em lei complementar para os
servidores: a) portadores de deficiência; b) que exerçam atividades de risco; c) cujas atividades
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
107
sejam exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade física. (art.
40,§4º, da CFRB/88).
2.12.2. Cálculo dos Benefícios
2.12.2.1. Aposentadorias do RPPS
A lei em vigor no momento da concessão da aposentadoria é que definirá o valor
dos proventos (STF, RE 359043-AgR, Rel. Min. Min. Eros Grau, julgado em 03/10/2006, 2ª
Turma).
Espécies de aposentadoria:
1) Aposentadoria por invalidez (art. 40, § 1º,inciso I da CFRB/88): Ocorre quando o
servidor público for acometido por uma situação de invalidez permanente, atestada por laudo
médico, que demonstre que ele está incapacitado de continuar trabalhando.
Proventos: em regra, o servidor aposentado por invalidez receberá proventos
proporcionais ao tempo de contribuição. Exceção: ele terá direito a proventos integrais se a
invalidez for decorrente de: a) acidente em serviço;b) moléstia profissional; ou c) doença grave,
contagiosa ou incurável, na forma da lei. A concessão de aposentadoria por invalidez com
proventos integrais exige que a doença incapacitante esteja prevista em rol taxativo da
legislação de regência. O art. 41, § 1º, I, da CFRB/88 é claro ao exigir que a lei defina as
doenças e moléstias que ensejam aposentadoria por invalidez com proventos integrais. Logo,
esse rol legal deve ser tido como exaustivo (taxativo) (STF, Plenário. RE 656860/MT, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado em 21/08/2014).Na esfera federal, o art 186, §1º, da Lei 8112/1990
estabelece o rol (taxativo) de doenças consideradas graves, contagiosas ou incuráveis para
efeitos de aposentadoria por invalidez.
Forma de cálculo dos proventos da aposentadoria por invalidez: os proventos serão
calculados tendo como base as contribuições dos servidores e sua apuração considerará a
média aritmética simples das maiores remunerações, utilizadas como base para as contribuições
do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado, correspondentes a 80% (oitenta
por cento) de todo o período contributivo (Lei 10.887/2004). Todos os valores de remuneração,
considerados para o cálculo dos proventos, serão devidamente atualizados na forma da lei (art.
40,§17, da CFRB/88). Os proventos não podem exceder a remuneração do servidor no cargo
em que se deu a aposentadoria.
Aposentadoria por invalidez e EC 70/2012: a) os servidores efetivos que tenham
ingressado no serviço público até a data da publicação da EC 70/2012 (31/12/2012) terão os
proventos de sua aposentadoria por invalidez calculados com base na remuneração do
cargo efetivo em que se der a aposentadoria; e não das demais contribuições vertidas para o
RGPS ou RPPS; e b) as aposentadorias por invalidez dos servidores que ingressaram no serviço
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
108
público depois da data da publicação da EC 70/2012 (31/12/2012) serão revistas na mesma
proporção e na mesma data, sempre que a remuneração dos servidores ativos for modificada
(princípio da paridade), sendo esta regra aplicável às pensões por morte decorrentes dessas
aposentadorias.
2) Aposentadoria voluntária (art. 40, § 1º,inciso III, da CFRB/88): Ocorre quando o
próprio servidor público, mesmo tendo condições físicas e jurídicas de continuar ocupando o
cargo, decide se aposentar. A aposentadoria voluntária pode ser com proventos integrais ou
proporcionais, dependendo do tempo de contribuição que o servidor tiver no serviço público.
2.1) Aposentadoria voluntária por idade: idade de 65 anos, se homem, ou de 60, se
mulher. Os proventos serão proporcionais ao tempo de contribuição.
2.2) Aposentadoria voluntária por idade e tempo de contribuição: Para fazer jus a
essa aposentadoria é necessário: a) tempo mínimo de 10 anos de efetivo exercício no serviço
público; b) tempo mínimo de 5 anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria; e c)30
anos de contribuição, se mulher, e 35 anos de contribuição, se homem ; e d) 55 anos de idade,
se mulher, e 60 anos de idade, se homem. Os proventos serão integrais. Quanto ao item “b)”,
não é necessário que os cinco anos de efetivo exercício no cargo efetivo em que se dará a
aposentadoria sejam ininterruptos (STF, RE 591467-AgR,Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
10/04/2012).
Forma de cálculo dos proventos da aposentadoria voluntária: Os proventos serão
calculados tendo como base as contribuições dos servidores e sua apuração considerará a
média aritmética simples das maiores remunerações, utilizadas como base para as contribuições
do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado, correspondentes a 80% (oitenta
por cento) de todo o período contributivo (Lei 10.887/2004). Todos os valores de remuneração,
considerados para o cálculo dos proventos, serão devidamente atualizados na forma da lei (art.
40,§17, da CFRB/88).Os proventos não podem exceder a remuneração do servidor, no cargo
em que se deu a aposentadoria.
3) Aposentadoria compulsória (art. 40, § 1º,inciso II, da CFRB/88): Atingida
determinada idade, o servidor público, independentemente de ainda possuir condições físicas e
mentais de continuar exercendo o cargo, deve ser obrigatoriamente aposentado. Há aqui uma
presunção absoluta de que, a partir daquela idade, o rendimento físico e mental do servidor
público sofre um decréscimo e, por razões de interesse público, ele será aposentado, mesmo
que, por sua vontade, ainda quisesse continuar no serviço público.
Idade limite: a EC 88/2015 aumentou de 70 para 75 anos a idade limite para a
aposentadoria compulsória. A EC 88/2015 aumentou imediatamente para 75 anos a idade da
aposentadoria compulsória para os cargos de Ministros do STF, dos Tribunais Superiores
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
109
e do TCU, independentemente de qualquer intermediação legislativa (art. 100 ao ADCT).A EC
88/2015 autorizou que fosse editada Lei Complementar aumentando para 75 anos a idade da
aposentadoria compulsória para os demais servidores públicos. Em 03/12/2015, foi publicada a
LEI COMPLEMENTAR Nº 152/2015 aumentando a idade da aposentadoria compulsória
para 75 anos de todos os servidores públicos de todos os poderes dos entes federados.
Princípio da integralidade: garantia de que o servidor público, quando se aposentasse,
receberia o mesmo valor que já auferia na sua última remuneração. Tal garantia foi extinta pela
EC 41/2003.
Forma de cálculo dos proventos da aposentadoria compulsória: os proventos serão
proporcionais e calculados na forma da Lei 10887/2004.
Aposentadoria especial do servidor público: como ainda não foi editada a lei
complementar regulamentadora do art. 40, §4º, inciso III, da CFRB/88, o STF firmou
entendimento de que: “Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime
geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º,
inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.”(Súmula
Vinculante 33). Esta súmula abrange apenas as hipótese em que o servidor trabalhou
exposto a condições especiais prejudiciais à sua saúde e a integridade física; não sendo
aplicável aos casos do servidor com deficiência ou que trabalhou exposto a atividades de risco.
Conversão do tempo especial em comum para aposentadoria do servidor público:
a Súmula Vinculante 33 não garantiu aos servidores o direito à conversão do tempo
especial em comum para fins de aposentadoria. Para o STF, não se extrai da norma contida
no art. 40, § 4º, inciso , III da CFRB/88 o dever constitucional de que o Presidente da República e
o Congresso Nacional editem uma lei prevendo contagem diferenciada para quem trabalhou
parte de sua vida em atividades insalubres e, ao final, averbe (registre e some) este período de
forma maior para fins de aposentadoria(STF, MI 3162 ED/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 11/09/2014).
Aposentadoria do servidor com deficiência: Foi editada a Lei Complementar
142/2013, regulamentando a aposentadoria especial para os segurados com deficiência filiados
ao RGPS. Entretanto, não existe ainda manifestação dos Tribunais Superiores sobre a aplicação
dessa lei complementar aos servidores públicos com deficiência.
Aposentadoria do professor: Ao professor que comprove exclusivamente tempo de
efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou no
ensino médio, haverá redução e cinco anos tanto na idade quanto no tempo de contribuição,
para homens e mulheres. Tempo de serviço prestado fora da sala de aula: são consideradas
funções de magistério aquelas exercidas por professores e especialistas em educação no
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
110
desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação
básica, incluídas, além da docência, as de direção e unidade escolar e as de coordenação e
assessoramento pedagógico, na forma do art. 1º da Lei 11301/2006, norma validada pelo
STF(ADI 3.772, julgada em 29/10/2008). A Súmula 726 do STF (“Para efeito de aposentadoria
especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula.”) não
se aplica, pois, àqueles que desempenham funções de direção e unidade escolar e as de
coordenação e assessoramento pedagógico.
2.12.2.2. Pensão por morte do RPPS
A pensão por morte é um benefício previdenciário concedido aos dependentes do
servidor público quando este morre, desde que preenchidos os requisitos legais. Com a EC
41/2003, foi criado um “redutor” para as pensões que superem o teto do RGPS. A renda
corresponderá ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido ou o total de sua
remuneração no cargo efetivo em que se deu o óbito, até o limite máximo estabelecido para os
benefícios do RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite. Esta nova regra
aplica-se às pensões concedidas com base em óbitos ocorridos a partir de 21/06/2004, data em
que entrou em vigor a Lei 10887/2004, em homenagem ao princípio tempus regit actum. A EC
41/2003 também extinguiu o princípio da paridade, o qual consistia numa garantia que os
servidores públicos aposentados possuíam segundo a qual todas as vezes que havia um
aumento na remuneração recebida pelos servidores da ativa, esse incremento também deveria
ser concedido aos aposentados. Assim, o princípio da paridade enunciava que os proventos
deveriam ser iguais à remuneração da ativa. Os pensionistas (os dependentes dos servidores
públicos falecidos beneficiados com pensão por morte) também tinham direito à paridade. A
regra da paridade estava prevista no art. 40, § 8º, da CFRB/88, incluído pela EC 20/1998. No
lugar da paridade instituiu-se o chamado “princípio da preservação do valor real”, previsto no
art. 40, § 8º, da CFRB/88, segundo o qual os proventos do aposentado devem ser
constantemente reajustados para que seja sempre garantido o seu poder de compra. Em
homenagem ao princípio tempus regit actum, os pensionistas de servidor falecido após a EC
41/2003, em regra, não têm direito à paridade com servidores em atividade. Exceção: fazem jus
à paridade os pensionistas de servidor falecido posteriormente à EC 41/2003 caso a situação do
instituidor da pensão se enquadre na regra de transição prevista no art. 3º da EC 47/2005(STF,
Plenário, RE 603580/RJ com repercussão geral, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
20/05/2015).
2.12.3.As regras de transição
As principais regras de transição são:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


111
APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (por tempo e idade)
Art. 2º da EC 41/03
Ingresso no Serviço Público anterior à EC. Nº 20, completando as
exigências após a EC 41.

Categorias HOMEN MULHERES


S
Critérios Integral Integral
Idade Mínima 53 anos 48 anos
Tempo Mínimo no 05 anos 05 anos
cargo
Tempo de 35 anos 30 anos
Contribuição
Tempo de pedágio 20% 20% sobre o
sobre o tempo tempo faltante para
faltante para completar o tempo de
completar o contribuição em
tempo de 16/12/98
contribuição em
16/12/98
Tempo Mínimo no -0- -0-
Serviço Público
Redução dos Aplicaçã Aplicação do
proventos para cada ano o do FATOR FATOR REDUTOR,
antecipado, nos termos do REDUTOR, para para cada ano que
art. 2º da EC. 41/03 cada ano que faltar para atingir a
faltar para atingir idade de 60 anos,
a idade de 60 homem e 55, mulher:
anos, homem e 3,5% (para quem
55, mulher: 3,5% completar os requisitos
(para quem até dez/05) e 5% )para
completar os quem completar a
requisitos até partir de 1º/jan/06)
dez/05) e 5%)

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


112
para quem
completar a partir
de 1º/jan/06)

Base de Cálculo Médias Médias das


das Contribuições a partir
Contribuições a de jul/94
partir de jul/94
Forma de Reajuste Sem Sem paridade
paridade

Os Magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais


de Contas, se homem, terão o tempo de serviço até 16/12/98 contado
com acréscimo de 17%.

Magistério, na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio,


se homem, terá o tempo de serviço até 16/12/98 contado com acréscimo
de 17%. Se mulher, o acréscimo será de 20%.

Ressalvada a opção pela Regra Geral do Artigo 40 da


Constituição Federal

ABONO DE PERMANÊNCIA para o servidor que, a partir de


01/01/04, tenha completado as exigências para a aposentadoria (quadro
acima), e optou por permanecer em atividade, até completar a exigência
para a compulsória - §5º, art. 2º da EC 41.

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (por tempo e idade)


Art. 6º da EC 41/03
Ingresso no Serviço Público anterior à EC. Nº 41, completado as
exigências a partir de 01/01/04.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


113

Categorias HOMENS MULHERES


Critérios Integral Integral
Idade Mínima 60 anos 55 anos
Tempo Mínimo 05 anos 05 anos
no cargo
Tempo de 35 anos 30 anos
Contribuição
Tempo Mínimo 10 anos 10 anos
de Carreira
Tempo Mínimo 20 anos 20 anos
no
Serviço Público
Base de Última Última
Cálculo Remuneração Remuneração
Forma de Com Com paridade
Reajuste paridade

Nas Aposentadorias ESPECIAL de Magistério, será reduzido 5


anos na Idade e no Tempo de Contribuição - § 5º do art. 40 da CF.

Ressalvada a opção pela Regra Geral do art. 40 da CF, ou pela


Regra de Art. 2º da EC. 41.

APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (por tempo e idade)


Art. 3º da EC 47/05
Ingresso no serviço público até 16/12/98, completando as
exigências a partir de 01/01/2004.

FÓRMULA 85/95

Categorias HOMENS MULHERES


Critérios Integral Integral
Tempo 25 anos 25 anos

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


114
Mínimo no
Serviço
Público
Tempo
Mínimo de 15 anos 15 anos
Carreira
Tempo
05 anos 05 anos
Mínimo no Cargo
Tem Tem
po de Ida po de I
Cont de Con dade
Tempo ribuição tribuição
36 59 31 5
4
37 58 32 5
Idade 3
38 57 33 5
2
39 56 34 5
1
40 55 35 5
0
41 54 36 4
9
Base de Última Última
Cálculo remuneração remuneração
Forma de Com paridade Com paridade
Reajuste

Na tabela acima, no que se refere tempo/Idade, aplicou-se a


REDUÇÃO de IDADE prevista no art. 3º, III da EC 47/05, relativamente
aos limites do art. 40, § 1º, III, alínea “a”, da CF, de um ano de idade
para cada ano de contribuição que exceder o tempo mínimo previsto
(não aplicável para benefícios especiais, ex.: professores).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


115

Fórmula 85/95 – Significa que, cumprido o estabelecido no


quadro acima, o tempo de contribuição + idade, deve ser = 85 para
mulheres e = 95 para homens.

Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pela Regra Geral


do art. 40 da CF ou pelas Regras estabelecidas pelos arts. 2º e 6º da EC.
41/03.

Revisão de benefício previdenciário concedido pelo RPPS: O prazo para que o


servidor público proponha ação contra a Administração Pública pedindo a revisão do ato de
sua aposentadoria é de cinco anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/1932. Após esse
período ocorre a prescrição do próprio fundo de direito (STJ. 1ª Seção. Pet 9.156-RJ, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, julgado em 28/05/2014).
2.12.3. O sistema de previdência complementar
A previsão para instituição de um regime de previdência complementar foi trazida
pela EC 20/98, que acrescentou o §14 ao art. 40 da CFRB/88. Ao instituir o regime de
previdência complementar para os servidores de cargos efetivos, a União, Estados, Distrito
Federal e Municípios poderão fixar o limite máximo do RGPS para o pagamento de
aposentadorias e pensões do RPPS. Esse regime de previdência complementar: a) deverá ser
instituído por lei de iniciativa do Poder Executivo; b) será instituído por intermédio de entidades
fechadas; c) terá natureza pública; e d) somente poderá adotar modalidade de contribuição
definida.
Para os servidores que tiverem ingressado antes da criação do regime de
previdência complementar só se aplicará este regime mediante prévia e expressa opção. Aos
servidores que mudarem de cargo efetivo não será aplicado o novo regime, desde que não
ocorra interrupção do vínculo funcional com qualquer ente federado, visto que não há qualquer
restrição constitucional nesse sentido.
No âmbito federal, foi editada a Lei 12.618/2012 instituindo a previdência
complementar dos servidores efetivos federais da Administração Direta e Indireta de todos os
Poderes da União.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


116

i
Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas,
referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos
de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de
atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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