O livro que eu vou apresentar chama-se “A Selva” e foi escrito por
Ferreira de Castro. José Maria Ferreira de Castro nasceu em Oliveira de Azeméis dia 24 de maio de 1898 e faleceu no Porto dia 29 de junho de 1974. Aos 12 anos, ele emigrou para o Brasil, onde o seu trabalho numa plantação de borracha durante os próximos quatro anos seriam a inspiração para o seu livro mais famoso, A Selva. Este livro foi escrito em apenas 8 meses e é uma obra que serviu de exorcismo ao autor, não só pelas dificuldades por ele passadas e narradas, mas e principalmente, pela exposição ao mundo da difícil e desumana vida levada por aqueles que retiravam (e retiram) borracha na selva amazónica. Este livro foi publicado em 1930 e foi adaptado para um filme em 2002. Esta obra é baseada na experiência pessoal do escritor. O enredo desenrola-se na Amazónia, numa exploração de seringal (exploração de borracha), centrando-se na personagem Alberto, um jovem português de 26 anos estudante de Direito. Alberto é obrigado a ir viver para Belém do Pará com o seu tio Macedo, irmão da mãe de Alberto, supostamente seu protetor. No entanto, como Alberto tinha ficado desempregado, o seu Tio recusa-se a sustentá-lo e dá uma sugestão a Alberto para este ir para o seringal. Alberto acaba por aceitar e desloca-se para o seringal Paraíso, localizado na Amazónia. É neste lugar onde as dificuldades ultrapassam o imaginável e onde Alberto irá perceber o sentido da vida. Depois de dias de viagem pela região, o rapaz chega ao local de trabalho e tem como mestre Firmino que lhe ensina tudo sobre o trabalho de extração de borracha. Até aí, o livro foi bastante aborrecido, mas começa a tornar-se mais interessante a partir do momento em que as vivências do português, na exploração das seringueiras se vão alternando. Inicialmente, sente-se ameaçado pelos índios que consideravam os exploradores intrusos das suas terras e pelos animais selvagens da Amazónia, e para além disso o trabalho de extração de borracha é-lhe bastante doloroso. Mais tarde, impressiona-se negativamente com o tratamento dados aos trabalhadores do seringal e com as situações de escravidão em que vivem. Estes trabalhadores chegavam à Amazónia iludidos pelo sonho de enriquecer facilmente, devido às promessas que lhes eram feitas. Iam em busca de sonhos, na tentativa de subir na vida mas quando chegavam ao seringal viam que a realidade era outra porque as condições de trabalho eram desumanas e o salário era péssimo. Estas situações mórbidas às quais os trabalhadores eram obrigados a trabalhar são denunciadas por Ferreira de Castro nesta obra. Por último, e após um longo período de adaptação e árduo trabalho, Alberto passa a cuidar do armazém do seringal, que é de propriedade de Juca Tristão. No exercício dessa nova atividade, ele passa a ter contato direto com o patrão Juca Tristão, com os seus funcionários e com sua bela mulher, Dona Yayá, que cada vez mais desperta interesse em Alberto. Logo, os dois acabam por se ver inesperadamente apaixonados e envolvidos, numa relação que acaba por ser muito perigosa, dado o contexto em que vivem. Pessoalmente, não gostei muito do livro, achei aborrecido e não percebi muito bem a história. Para conseguir entender minimamente tive de ver o filme, que está na internet. Embora não tenha gostado da história em si, gostei do Alberto visto que lutou pelos seus direitos, por uma vida mais justa e mais igualitária. Gostei também da forma como Ferreira de Castro conseguiu descrever as injustiças sociais sofridas pelos trabalhadores da Amazónia através da obra, ao mesmo tempo em que abordava os factos que ocorreram durante a sua permanência lá, e em como tentou defender os direitos humanos, e mais propriamente o direito dos trabalhadores. Nesta obra, Ferreira de Castro expõe muito bem a relação desonesta existente entre o patrão e os seringueiros, demonstrando a exploração e escravatura encoberta. Concluindo, não recomendo, de todo, o livro, porque acho que é muito difícil alguém da nossa faixa etária gostar ou achar interessante, visto que não se trata de um livro propriamente atual.